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(Uece - adaptada) Um assunto que vem merecendo destaque e discussão em muitos

setores de nossa sociedade, nos dias atuais, é a maioridade penal. Muitos se posicionam
a favor da redução da idade mínima para que o jovem assuma a responsabilidade pelos
seus atos perante a justiça, enquanto outros se mostram contrários, como você pode
perceber lendo os textos ilustrativos sobre o tema, presentes nesta prova.

A partir da leitura destes textos ilustrativos, de apoio, e com base em seus conhecimentos
prévios, produza uma dissertação-argumentativa, em prosa e norma padrão, acerca do
tema:

A MAIORIDADE PENAL EM QUESTÃO NO BRASIL

Texto 1
(Extraído de um dos comentários de Clever Mendes de Oliveira,
frequentador do blog de Luís Nassif.)
Luís Nassif,

Penso que a análise dessa questão (a maioridade penal) deve comportar três
visões. A visão política, concernente ao modo como a sociedade e o Estado, pelos seus
representantes, consideram que se deve trabalhar a maioridade penal. A visão social, que
é também uma visão política, analisada pelos representados e não pelos representantes
como no caso da visão política propriamente dita. Aqui o que se procura saber é como a
sociedade e o Estado querem tratar a questão do adolescente, criando para si, isto é,
Estado e sociedade, o máximo de responsabilidade pelo processo civilizatório do
adolescente, ou repassando para o adolescente o mais rápido possível esta
responsabilidade. A terceira visão a considerar diz respeito à análise das ciências
médicas. A partir de que idade um adolescente está consciente da sua responsabilidade
pelos atos que pratica?
É claro que a decisão médica é mais relevante e de certo modo ela deve influir na
postura da sociedade. Se as Ciências médicas dizem que a partir de 12 anos não há nada
que se possa fazer para civilizar um adolescente, não haverá como a sociedade insistir
em uma posição que irá contra as evidências.
De todo modo, a visão política é mais decorrente da visão social do que da visão
científica. Se a sociedade quer que a juventude se sinta protegida e pertencente à
sociedade, caberá à sociedade definir como o adolescente será tratado. Se a sociedade é
solidária, ela terá todo o interesse de se colocar do lado do adolescente tentando evitar
que ele siga pelo mau caminho. Se a sociedade for individualista, ela não terá nenhum
interesse em acompanhar os passos do adolescente.
A avaliação científica da idade para assumir responsabilidade é importante e
deveria ser o primeiro caminho a ser considerado.
(Texto adaptado.)

Texto 2
Crianças e adolescentes – Juventude e participação
(Nádia de Paula – Jornal O Povo – Opinião p.7- 09.06.2015)

Nunca houve em toda a história da humanidade tantas pessoas jovens com idade
entre 10 e 14 anos. Esse é um dado do Relatório sobre a Situação da População Mundial
realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) em 2014. São 1,8 bilhão
de pessoas nessa faixa etária e, nos países em desenvolvimento que têm uma numerosa
população de jovens, esse número pode impulsionar positivamente a economia desde
que haja investimento para a juventude no que diz respeito aos direitos fundamentais
como saúde e educação, por exemplo. Investimento para a população jovem significa
investir também na participação dos adolescentes e jovens nos processos de
planejamento e avaliação das ações ou políticas públicas para a juventude. Pensar “Com”
ao invés de “Para” ou “Pelo” jovem gera autonomia, solidariedade e responsabilização. A
isso se dá o nome de Protagonismo.
A Tdh1 Brasil desenvolve nos espaços comunitários onde vivem crianças,
adolescentes e jovens, ações de protagonismo com atividades centrais para mobilizar
famílias, lideranças comunitárias, equipamentos comunitários (escolas, redes
socioassistenciais etc.) e políticas públicas através de articulações em rede, visitas
institucionais, campanhas de mobilizações sociais, com foco na prevenção da violência
juvenil, onde o adolescente/jovem é tanto vítima quanto autor. Essas atividades realizadas
conjuntamente garantindo a participação de adolescentes e jovens têm proporcionado
mudanças significativas tanto no contexto escolar quanto no contexto comunitário.
(Texto adaptado.)
1Terredes hommes Brasil é uma organização não governamental sem fins lucrativos, que
faz parte da Fondation Terre des hommes (Tdh), organização suíça com sede em
Lausanne. Tem como missão a promoção, garantia e defesa dos direitos de crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade. Criada em 1960 por Edmond Kaiser, Terre
des hommes atua em 34 países.

Texto 3
Redução da maioridade penal
(Fátima Vilanova. Doutora em Sociologia. Jornal O Povo.)

A redução da maioridade penal envolve as questões: é permitido, aos que têm 16


anos, matar, estuprar, sequestrar? Três anos de pena para estes menores em abrigos
são justos face à gravidade dos crimes? Não está em discussão se o sistema prisional
recupera ou não os criminosos, mas que eles devem ser afastados do convívio social
para que não continuem atentando contra a vida.
A redução da maioridade penal não vai diminuir a criminalidade penal, como
também a lei existente para os adultos não reduz. Mas não se pode compactuar com o
crime, deixando os delinquentes livres para agir. O que reduzirá a criminalidade é o
investimento massivo dos governos em creches escolas em tempo integral para as
populações vulneráveis, nos bairros carentes das cidades, dotando-os de infraestrutura
de esgoto, pavimentação, iluminação e lazer.
Fazer das escolas espaços atrativos de estudo e convivência, disponibilizando
reforço escolar, artes e esportes, inclusive nos finais de semana e fazer das periferias
locais dignos de viver são caminhos para a construção de uma sociedade civilizada,
pacífica. Outro ponto fundamental é “blindar” as fronteiras do país para a entrada de
armas e drogas, banindo-se o narcotráfico, causa da violência disseminada no país.
Tornar os presídios lugares de recuperação constitui outro desafio. Esta questão
deve merecer a atenção dos governos e da população. Urge que se escolarize e capacite
a mão de obra dos detentos, por exemplo, viabilizando sua participação na construção de
estradas, escolas, postos de saúde e equipamentos públicos em geral.
A remuneração deles ajudaria a cobrir os custos que representam para o Estado e
as necessidades de suas famílias. Precisamos reduzir a maioridade penal e preparar o
sistema prisional para que ele deixe de ser escola do crime, passando a ser local de
aprendizado de cidadania, garantindo-se a reinserção exitosa dos indivíduos na
sociedade, após o cumprimento das penas.
(Texto adaptado.)

Texto 4
Cora Coralina: Menor abandonado

Versos amargos para o entre três mundos.


Ano Internacional da Criança, 1979. E tu – Menor Abandonado,
és a pedra, o entulho e o aterro
De onde vens, criança? desse fosso.
Que mensagem trazes de futuro?
Por que tão cedo esse batismo impuro Quisera a tempo te alcançar,
que mudou teu nome? mudar teu rumo.
De novo te vestir a veste branca de um
Em que galpão, casebre, invasão, favela, novo catecúmeno.
ficou esquecida tua mãe?... És tanto e tantos teus irmãos
E teu pai, em que selva escura na selva densa...
se perdeu, perdendo o caminho do
barraco humilde?... Passa, criança... Segue o teu destino.
Além é o teu encontro.
Ao acaso das ruas – nosso encontro. Estarás sentado, curvado, taciturno.
És tão pequeno... e eu tenho medo. Sete “homens bons” te julgarão.
Medo de você crescer, ser homem. Um juiz togado dirá textos de Lei
Medo da espada de teus olhos... que nunca entenderás.
Medo da tua rebeldia antecipada. – Mais uma vez mudarás de nome.
E dentro de uma casa muito grande
És o lema sombrio de uma bandeira e muito triste – serás um número.
que levanto, E continuará vertendo inexorável
pedindo para ti – Menor Abandonado, a fonte poluída de onde vens.
Escolas de Artesanato – Mater et
Magister Há um fosso entre três mundos.
que possam te salvar, deter a tua E tu, Menor Abandonado,
queda... és o entulho, as rebarbas e o aterro
desse fosso.
Estou sozinha na floresta escura
e o meu apelo se perdeu inútil Acorda, Criança,
na acústica insensível da cidade. Hoje é o teu dia... Olha, vê como brilha lá
És o infante de um terceiro mundo longe,
em lenta rotação para o encontro na manchete vibrante dos jornais,
do futuro. na consciência heroica dos juízes,
no cartaz luminoso da cidade,
Há um fosso de separação o ANO INTERNACIONAL DA CRIANÇA.
(Cora Coralina. Texto adaptado.)

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