Monografia_CAO_Bruno_Cardoso_PorteTELA EXEMPLO
Monografia_CAO_Bruno_Cardoso_PorteTELA EXEMPLO
Monografia_CAO_Bruno_Cardoso_PorteTELA EXEMPLO
CARIACICA
2021
1
CARIACICA
2021
2
3
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 08
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 10
3 OBJETIVOS .................................................................................................... 14
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 53
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 57
8
1 INTRODUÇÃO
Já o conceito de feminicídio foi utilizado, pela primeira vez, por Diana Russel em 1976
(MENEGHEL; LERMA, 2017). O fato ocorreu no Tribunal Internacional sobre Crimes
contra as Mulheres, em Bruxelas. A ideia foi evidenciar o assassinato de mulheres
devido ao fato de serem mulheres. Tal violência seria caracterizada pelo ódio e
sentimento de propriedade sobre a mulher. Existe feminicídio, portanto, quando a
agressão envolve violência doméstica e familiar, ou quando se evidencia menosprezo
ou discriminação à condição de mulher, caracterizando-se o crime letal por razões da
condição do sexo feminino.
10
A partir dessas delimitações e perspectivas teóricas iniciais, esta pesquisa tem como
temática principal a violência contra a mulher, particularmente os feminicídios. O
feminicídio está vinculado aos mecanismos de perpetuação da dominação masculina,
profundamente enraizados na sociedade e na cultura patriarcal brasileiras. Segundo
Waiselfisz (2015), tal agressividade, lastreada por um preconceito vinculado à
fragilidade de gênero, não é um fato historicamente novo, mas talvez tão antigo quanto
a humanidade. Entretanto, o que se apresenta como mais singular e contemporâneo
é a inquietação com tal realidade, principalmente a partir do século XX, como
pressuposto para o alcance de uma sociedade mais humanitária e, portanto,
desenvolvida.
2 JUSTIFICATIVA
No estudo de Cerqueira e outros (2015) defende-se que uma das formas de se estudar
a violência intrafamiliar está no estudo dos crimes letais intencionais contra mulheres,
face a subnotificação das estatísticas relacionadas às violências não letais.
Compreendemos também, em nosso escopo de trabalho, que o feminicídio seja a face
mais estarrecedora desse prisma multifacetado, a partir da percepção de que a
violência doméstica pode ocorrer em ciclos, não necessariamente progressivos.
Para Campos (2015), em geral essas práticas violentas são caracterizadas por
comportamentos premeditados, lastreados pelo machismo culturalmente enraizado
na sociedade. Não há de se falar em provocação da vítima, mas em uma ação
consciente de subjugar o direito à independência feminina. O acolhimento da
justificativa da passionalidade nesses casos configuraria o acatamento do Estado a
crimes sexistas. Provoca a autora: qual violenta emoção ou passionalidade existiria
quando a motivação é o sentimento de posse que impede a autodeterminação
feminina?
Estudo do United Nations Office on Drugs and Crime (2018) reúne dados sobre
diferentes fenômenos criminais, entre eles, o papel das armas de fogo nas ligações
com as desigualdades e assassinatos relacionados ao gênero. O Escritório busca
apoiar ação direcionada para aprender, compreender e fortalecer a prevenção. A
investigação oferece uma visão particular sobre os assassinatos de mulheres e
meninas motivados por questão de gênero. A análise indica que esse tipo de violência
letal exige respostas personalizadas. Assassinatos cometidos por parceiros íntimos
13
Vitória, a capital do ES, em 2013, apresentou taxa de 11,8. Serra: 16,4. Vila Velha:
11,6. Cariacica: 14,8. Viana: 11,2. Fundão: 9,2 e Guarapari: 10,3. Observa-se,
portanto, que as taxas das cidades da RMGV são ainda mais elevadas que a média
do estado, motivo pelo qual este estudo se delimitará espacialmente nessa região.
Segundo publicação de Cerqueira e outros (2018), em 2017 o ES foi o 5º estado com
maior taxa de homicídios de mulheres (6,7), quando a média do país foi de 4,1 mortes
para cada grupo de 100.000 mulheres, e o único estado da Região Sudeste a figurar
entre os 15 mais violentos. Justificam-se, portanto, a relevância e a delimitação
espacial do estudo a partir da teoria introdutória e dos dados previamente analisados.
3 OBJETIVOS
4 REVISÃO TEÓRICA
Chayney (2021) aponta que várias teorias relacionadas à geografia do crime foram
desenvolvidas ao longo dos anos, que juntas explicam por que os padrões espaciais
e temporais do crime não são aleatórios. Essas perspectivas teóricas incluem
explicações em nível médio para o crime (ou seja, no nível do bairro) e explicações
micro geográficas do crime (ou seja, na rua, no contexto doméstico ou local mais
específico). Na reunião das principais teorias da análise criminal, portanto, reside o
desenvolvimento de uma avaliação contínua sobre como diferentes técnicas podem
favorecer de maneira prática, com informações para as atividades operacionais,
investigativas e atividades de policiamento estratégico e na prevenção ao crime.
Para Porter (1983), na jornada para o crime, a teoria do padrão de crime e o princípio
do mínimo esforço fornecem uma estrutura para a compreensão da paisagem espacial
do crime. Os espaços de conscientização referidos na teoria do padrão de crime são
compostos por diferentes estruturas que fornecem um padrão de mudança de
oportunidades para se cometer ofensas, dependendo do pano de fundo ambiental - o
social, psicológico (grifo nosso), econômico, paisagem física e temporal pela qual o
agressor passa.
Segundo Arruda (2002) é na psicologia social que a representação social adquire uma
teorização, provocada por Moscovici (1978). A psicologia social versa sobre as
representações sociais a partir da relação indivíduo-sociedade, com perspectiva
orientada pela cognição. Essa teorização serve de instrumento para outros campos,
como a saúde e os estudos sobre violência a partir de propostas teóricas
diversificadas.
Arruda (2002) ainda afirma que o trabalho de Moscovici surge nos anos 1960 na
França e destaca-se pela originalidade da proposta. Sua pesquisa é voltada para
fenômenos marcados pelo subjetivo e por metodologias inabituais para a psicologia
da época.
Para Arruda (2000), as ciências sociais dos anos 1970 observaram uma quebra
epistemológica provocada pelas ideias de conteúdo político do movimento feminista a
respeito do gênero, patriarcado e machismo. A teoria feminista rompeu com a
perspectiva baseada na teoria de condicionamento dos papéis da condição feminina,
generalizado para todas as mulheres, apenas por suas características biológicas. Tal
interesse pelas desigualdades entre os sexos desestabilizou abordagens anteriores e
abriu espaço para a criação de outras formas de simbolização cultural dos gêneros.
O estudo de Meneghel e outros (2003), por exemplo, abordou temas como relação
entre pais e filhos, estereótipos e papéis de gênero, conjugalidade, limites a
comportamentos abusivos, corpo, sexualidade e estratégias de enfrentamento à
violência. Segundo essa análise, a violência é uma estrutura constante da existência
humana e está presente em praticamente todas as classes sociais, culturas e
sociedades. Há, portanto, uma conexão estreita entre a agressão e as relações sociais,
visto que o controle da violência é um robusto indicador de desenvolvimento de uma
sociedade, não por acaso pressuposto do Estado Democrático de Direito.
Amâncio (1993) expõe que, como as outras ciências sociais, a psicologia social não
escapou à revolução oferecida pelo movimento feminista no meio acadêmico nos anos
1970. O modelo masculino da análise entre as diferenças entre os sexos foi duramente
criticado, proporcionando o desenvolvimento de novas investigações que vieram a pôr
em dúvida alguns conceitos e teorias universais. O efeito cientificamente mais
relevante dessa mudança foi o desenvolvimento de estudos sobre as mulheres, com
a criação de departamentos universitários no âmbito da psicologia social, fenômeno
americano que levantou o debate acerca de ideias que vinham ao encontro do que se
desenvolvia na psicologia social europeia.
Existe, na verdade, uma concepção dominante de pessoa que exclui não somente as
mulheres, mas também outras categorias sociais. É necessário compreender as
representações associadas a diversas categorias sociais para entender que as formas
de legitimação da discriminação que atingem determinados grupos sociais são
definidas também por outras razões, entre elas o sexo (AMÂNCIO, 1993).
Nos estudos de Minayo (2005), também encontramos essa relação entre machismo e
violência. Avaliando os óbitos por homicídios, os homens são a grande maioria de
vítimas e também de agressores. Aprofundando as vulnerabilidades para o consumo
de drogas, os homens também correspondem à maioria dos usuários. Há uma
desvantagem masculina presente em relação à quase todas as causas específicas de
mortalidade por causas externas, quando comparada à situação feminina, inclusive
21
quando medida por expectativa de vida: é em média no Brasil oito anos menor em
relação à mulher. O autor também aponta para uma visão arraigada no patriarcalismo,
no masculino ritualizado como o lugar da ação, da decisão, da chefia da rede de
relações familiares e da paternidade como sinônimo de provimento material. Como
consequência, o masculino é investido significativamente com a posição social de
agente do poder da violência, havendo, historicamente, uma relação direta entre as
concepções vigentes de masculinidade e o exercício do domínio de pessoas.
Lima e outros (2008), em seu trabalho sobre homens, gênero e violência contra a
mulher, realizaram uma reflexão sobre a incorporação dos homens e da perspectiva
de gênero nos esforços de prevenção e atenção à violência contra as mulheres. Seu
artigo apresenta alguns conceitos e dados sobre a violência contra as mulheres e
descreve um panorama sobre a conexão entre gênero, saúde e masculinidades.
Analisam trabalhos que abordam os temas homens e violência contra as mulheres e
apresentam algumas ações voltadas à prevenção dessa forma de violência junto à
população masculina. Segundo o autor, propostas intervencionistas para homens
autores de violência não são o melhor nem o único caminho para eliminar a violência
contra as mulheres. Porém, sua pesquisa aponta que quando integradas com outras
ações dirigidas às mulheres, podem ser um importante meio para promover a
igualdade de gênero e diminuir a violência.
Todo o referencial teórico até aqui discutido servirá de lastro inicial no campo da
psicologia social para a melhor compreensão dos processos psicossociais que estão
envolvidos na complexa análise criminal e no entendimento dos fatores que permeiam
a violência contra a mulher. Particularmente, esse substrato teórico favorecerá a
compreensão criminal dos feminicídios, pesquisa que buscará compreender esse
fenômeno na Região Metropolitana de Vitória.
A DHPM foi criada em 2010 e atende à toda Região Metropolitana. Foi a primeira
Delegacia implementada no Brasil com a finalidade de apurar especificamente os
crimes contra a vida praticados contra as mulheres. Atualmente a taxa de elucidação
de crimes da DHPM está em torno de 70% (SECRETARIA DA SEGURANÇA
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL, 2018).
Análise qualitativa
(DHPM)
Homicídios de mulheres
ocorridos na RMGV Definição dos
Categorização Feminicídios
(GEAC) (características
criminais)
Mesmo os dados brutos não contêm os nomes das vítimas. Reserva-se o direito de
divulgar análises apenas por categorias a fim de evitar qualquer possibilidade de
25
identificação das vítimas. Concatenamos, portanto, nossa coleta aos nossos objetivos
respeitando-se as questões éticas desta pesquisa.
Serão apresentadas na próxima Seção os dados das análises dos homicídios em seus
aspectos globais, nacionais, estaduais e metropolitano.
Figura 2 – Mapa das taxas de homicídios na população em geral por país em 2017
Figura 4 – Mulheres mortas por parceiros íntimos ou outros membros da família por
continente, em 2017. Número absoluto e taxa por 100.000 mulheres.
O estudo (UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME, 2019) aponta que
na verdade o assassinato de mulheres e meninas relacionado ao gênero está
começando a ser compreendido no que se refere à análise criminal. Entretanto, a
pesquisa consegue apontar que os assassinatos de mulheres e meninas relacionados
ao gênero podem ser evitados por meio de uma melhor coordenação entre serviços
prestados pelo estado, e também por meio do engajamento de homens na
desconstrução dessa realidade.
O combate a este tipo de homicídio requer mudanças estruturais de longo prazo que
abordem a violência doméstica através de uma abordagem holística. Isso envolve a
29
Os autores fazem referência a uma doença social que já se manifesta com frequência
e de gravidade cada vez mais nítida. A violência contra a mulher na sociedade
brasileira, entretanto, tem se tornado crescentemente objeto de estudo, o que se
reflete no avanço das pesquisas e no amadurecimento do debate coletivo sobre a
temática.
30
Ainda que haja elementos para sustentar a continuidade da diminuição dos homicídios
no Brasil, como podemos observar no Gráfico 1, algumas questões merecem atenção,
pois podem impactar no sentido contrário: a política permissiva em relação às armas
de fogo e à munição patrocinada pelo Governo Federal a partir de 2019, o aumento
da violência no campo, do incremento da violência policial, que vitimiza inclusive os
agentes aplicadores da lei, e o risco de politização das organizações da segurança
pública.
Esses homicídios, entre 2016 e 2020 (Tabela 1), foram a base para geração do mapa
de densidade (Figura 7). Para isso, foi utilizado o estimador de densidade kernel do
software ArcGis, e o mapa produzido foi o ponto de partida para o escopo da análise
alvo deste trabalho na próxima Seção.
Cachoeiro de Itapemirim 189 889 192 20,22 Pedro Canario 23 794 57 47,91
Divino de Sao Lourenco 4 516 2 8,86 Rio Novo do Sul 11 325 15 26,49
Dores do Rio Preto 6 397 5 15,63 Santa Maria de Jetiba 34 176 24 14,04
Guarapari 105 286 182 34,57 Sao Mateus 109 028 249 45,68
Desse total de 539 de mulheres assassinadas no ES, entre 2016 a 2020, a SESP
(2021) classificou como feminicídios 172 ocorrências. Ou seja, 31,91% das mulheres
assassinadas no estado no período delimitado, foram mortas por questão de gênero.
Na RMGV essa categorização é feita com base nas informações prestadas pela
Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM).
39
Divino de Sao Lourenco 2 166 2 18,47 Rio Novo do Sul 5 588 2 7,16
Dores do Rio Preto 3 171 0 0,00 Santa Maria de Jetiba 16 644 3 3,60
Das 263 mortes de mulheres por homicídio doloso ocorridas na RMGV, entre 2016 e
2020, 71, 27%, foram categorizadas pela SESP (2021), como feminicídios. O que
demonstra que no total de assassinatos de mulheres, a participação dos feminicídios
tem comportamento semelhante no estado e na RMGV (Tabela 4 e Gráfico 4).
Cariacica 52 12 23%
Fundao 9 2 22%
Guarapari 11 4 36%
Serra 83 19 23%
Viana 8 3 38%
Vila Velha 59 17 29%
Vitoria 41 14 34%
Fonte: Dados da SESP (2021). Elaborada pelo autor.
79
80 49 46
44 45
60
40
18 16 16
11 10
20 Hom Mulheres RMGV
Feminicídios
0
2016 2017 2018 2019 2020
25
20
15
10
0
2016 2017 2018 2019 2020
Cariacica 8 16 8 12 8
Fundao 1 5 0 1 2
Guarapari 4 0 2 3 2
Serra 18 20 17 14 14
Viana 2 3 1 1 1
Vila Velha 13 18 9 7 12
Vitoria 3 17 7 7 7
7
6
5
4
3
2
1
0
2016 2017 2018 2019 2020
Cariacica 5 2 2 4 1
Fundao 0 0 0 0 2
Guarapari 1 0 1 2 1
Serra 6 4 2 5 2
Viana 0 2 0 0 1
Vila Velha 5 5 4 3 0
Vitoria 1 5 2 2 4
HOMICÍDIOS FEMINICÍDIOS
MEIO UTILIZADO N Ab. % N %
ARMA DE FOGO 289 53,62% 41 23,84%
ARMA BRANCA 139 25,79% 81 47,09%
INSTRUMENTO CONTUNDENTE 30 5,57% 11 6,40%
NÃO IDENTIFICADO 23 4,27% 7 4,07%
CARBONIZAÇÃO 12 2,23% 7 4,07%
ASFIXIA 11 2,04% 6 3,49%
ESPANCAMENTO 8 1,48% 5 2,91%
ESTRANGULAMENTO 7 1,30% 4 2,33%
PAULADA 5 0,93% 2 1,16%
PEDRADA 4 0,74% 0 0,00%
ESGANADURA 3 0,56% 3 1,74%
QUEIMADURA 3 0,56% 3 1,74%
ESGORJAMENTO 2 0,37% 0 0,00%
ATROPELAMENTO 1 0,19% 1 0,58%
DECAPITAÇÃO 1 0,19% 1 0,58%
ENFORCAMENTO 1 0,19% 0 0,00%
HOMICÍDIOS FEMINICÍDIOS
MEIO UTILIZADO N % N %
ARMA DE FOGO 150 57,03% 16 22,54%
ARMA BRANCA 55 20,91% 28 39,44%
INSTRUMENTO CONTUNDENTE 15 5,70% 4 5,63%
NÃO IDENTIFICADO 11 4,18% 4 5,63%
CARBONIZAÇÃO 6 2,28% 3 4,23%
ASFIXIA 9 3,42% 6 8,45%
ESPANCAMENTO 5 1,90% 4 5,63%
ESTRANGULAMENTO 2 0,76% 1 1,41%
PAULADA 2 0,76% 1 1,41%
PEDRADA 1 0,38% 0 0,00%
ESGANADURA 2 0,76% 2 2,82%
QUEIMADURA 2 0,76% 2 2,82%
ESGORJAMENTO 1 0,38% 0 0,00%
ATROPELAMENTO 0 0,00% 0 0,00%
DECAPITAÇÃO 1 0,38% 0 0,00%
ENFORCAMENTO 1 0,38% 0 0,00%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2021).
47
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2021).
Nas Tabelas 9 e 10, a seguir, são analisadas as idades das mulheres vítimas de
homicídios e feminicídios no ES e na RMGV.
48
Participação no total
IDADE ES HOM FEM HOM FEM
0 - 10 14 1 2,60% 1,41%
11 - 15 11 1 2,04% 1,41%
16 - 20 61 4 11,32% 5,63%
21 - 25 70 11 12,99% 15,49%
26 - 30 72 12 13,36% 16,90%
31 - 35 67 8 12,43% 11,27%
36 - 40 70 15 12,99% 21,13%
41 - 50 68 7 12,62% 9,86%
> 50 74 10 13,73% 14,08%
NÃO IDENTIFICADA 32 2 5,94% 2,82%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2021).
Participação no
total
IDADE RMGV HOM FEM HOM FEM
0 - 10 6 1 2,28% 1,41%
11 - 15 4 1 1,52% 1,41%
16 - 20 36 3 13,69% 4,23%
21 - 25 35 10 13,31% 14,08%
26 - 30 36 12 13,69% 16,90%
31 - 35 32 8 12,17% 11,27%
36 - 40 35 15 13,31% 21,13%
41 - 50 26 7 9,89% 9,86%
> 50 35 13 13,31% 18,31%
NÃO IDENTIFICADA 18 1 6,84% 1,41%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2021).
49
Além da idade, a cor da pele das vítimas também foi alvo de análise desse estudo
tanto para os homicídios de mulheres, quanto para os feminicídios, no estado e na
RMGV (Tabelas 11 e 12).
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2021).
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2021).
Quando delimitamos essa análise para a RMGV, essa questão racial torna-se ainda
mais evidente. A cada dez mulheres assassinadas na região metropolitana, 8 são
pardas e pretas. Para os casos de feminicídio, 81,69% das vítimas são pardas e
pretas na RMGV.
40
35
30
25
20
15
10
0 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00
Homicídios 35 28 20 27 19 14 16 20 23 28 19 18 32 31 32 29 28 32 11 12 18 16 14 17
Feminicídios 8 11 9 13 7 6 4 7 7 5 6 9 9 11 9 8 8 8 5 3 3 7 4 5
Homicídios Feminicídios
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2021).
20
15
10
0
07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00
Homicídios 20 15 10 12 10 8 11 8 8 15 7 11 18 18 13 10 8 11 5 5 5 13 9 13
Feminicídios 5 4 3 4 1 4 3 2 2 2 4 5 6 4 4 0 0 4 2 1 0 5 2 4
Homicídios Feminicídios
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2021).
Das correlações obtidas podemos inferir que a porcentagem por bairro de domicílios
com renda até meio salário mínimo tem correlação positiva com a taxa de homicídios
por bairro na população em geral e a taxa nos homicídios de mulheres.
Isso significa dizer que uma maior proporção de domicílios com renda até meio salário
mínimo influencia em uma maior taxa de homicídios na população em geral.
Entretanto, o achado mais relevante se refere à força dessas correlações.
Importante destacar que essa correlação pode variar de +1 a -1, indicando correlações
totalmente positivas (aumento na variável independente gera o mesmo aumento na
variável dependente) ou totalmente negativas (aumento na variável independente
gera a mesma diminuição na variável dependente).
Podemos extrair que a baixa renda nos domicílios dos bairros da RMGV afeta
proporcionalmente mais as taxas de homicídios na população em geral do que os
homicídios de mulheres.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificamos neste estudo que de fato a violência letal contra mulheres motivada por
uma questão de desigualdade de poder entre gêneros é um problema global, cuja
preocupação é grande para a América, para o Brasil e, particularmente, para os
cidadãos e cidadãs capixabas.
Esse diagnóstico que realizamos não pretende esgotar a discussão acerca dos
feminicídios na metrópole capixaba, até porque o que desenvolvemos foi a análise
criminal do fenômeno entre 2016 e 2020.
54
A idade das vítimas mulheres foi outra descoberta relevante. Mulheres entre 21 e 40
anos são o grupo mais vulnerável de homicídios e feminicídios no ES e na RMGV. No
ES essa faixa etária representa 51,76% das vítimas de homicídios de mulheres e
64,79% dos feminicídios. Na RMGV, mulheres entre 21 e 40 anos representam
52,47% dos homicídios e 63,38% das vítimas dos feminicídios.
A cor da pele destaca-se entre nossas descobertas. No ES, a cada dez mulheres
assassinadas, sete são pardas ou pretas. Nas vítimas de feminicídios essa proporção
é ainda mais elevada: 76,74% das vítimas são pardas ou pretas. Isso significa dizer
que no estado, a cada 4 mulheres vítimas de feminicídio, mais de 3 são pardas ou
pretas. Quando delimitamos essa análise para a RMGV, essa questão racial torna-se
ainda mais evidente. A cada dez mulheres assassinadas na região metropolitana, 8
são pardas e pretas. Para os casos de feminicídio, 81,69% das vítimas são pardas e
pretas na metrópole capixaba.
Intervenções importantes têm sido feitas nos últimos anos, a fim de reverter esse
quadro de violência letal motivada por estereótipo de gênero no ambiente familiar no
ES. As taxas de homicídios de mulheres e feminicídios têm apresentado tendência de
56
- REFERÊNCIAS -
CORRADI, Consuelo et al. Theories of femicide and their significance for social
research. Current sociology, v. 64, n. 7, p. 975-995, 2016. Disponível em:
https://doi.org/10.1177%2F0011392115622256. Acesso em: 7 abr. 2021.
IJSN. Instituto Jones dos Santos Neves, 2021. Mapas produzidos em parceria com a
Coordenação de Geoespacialização.
LIMA, Daniel Costa et al. Homens, gênero e violência contra a mulher. Saúde e
sociedade, v. 17, p. 69-81, 2008. Disponível em:
https://www.scielosp.org/pdf/sausoc/2008.v17n2/69-81/pt . Acesso em: 05 mar. 2021.
PORTER, B. Mind hunters: Tracking down killers with the FBI’s psychological profiling
team. Psychology Today, v. 17, p. 44-52, 1983.