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Como o neurodesenvolvimento pode influenciar a vida de crianças

neuroatipicas de 0 a 12 anos

Gabrielle Silva Gobbo1


Gabriel José Dias (orientador)2

RESUMO

O objetivo geral deste estudo foi compreender e discutir sobre as fases do


neurodesenvolvimento infantil e entender a sua importância em crianças
neuroatipicas. Como objetivos específicos foram definir sobre a importância do
neurodesenvolvimento, demonstrar a influência do neurodesenvolvimento em
crianças neuroatipicas e as contribuições e o papel do profissional de psicologia. A
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica. O neurodesenvolvimento é um
processo crítico que começa na concepção e continua ao longo da vida. Para
crianças neuroatípicas, esse processo pode ter um impacto significativo em muitos
aspectos de suas vidas. Durante os primeiros anos de vida, o cérebro está se
desenvolvendo rapidamente, criando as conexões neurais necessárias para a
aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo, social e emocional. No entanto, para
crianças neuroatípicas, essas conexões podem ser diferentes das de crianças
neurotípicas, o que pode levar a desafios em áreas como linguagem e comunicação,
habilidades motoras, habilidades sociais e emocionais e habilidades acadêmicas.
Crianças com transtornos do espectro autista, por exemplo, podem ter dificuldades
em entender e expressar linguagem de maneira típica. Crianças com paralisia
cerebral ou outras desordens que afetam o movimento podem ter dificuldades com a
coordenação motora e a mobilidade. Crianças com transtornos do espectro autista
ou TDAH podem ter dificuldades em compreender e se relacionar com outras
pessoas de maneira típica. Crianças com dislexia ou outras dificuldades de
aprendizagem podem ter dificuldades em ler, escrever ou fazer cálculos.

Palavras-chave: Neurodesenvolvimento. Crianças neuroatípicas. Desenvolvimento


saudável. Intervenções terapêuticas. Suporte familiar.

1 INTRODUÇÃO

O tema deste estudo aborda questões sobre como o neurodesenvolvimento


pode influenciar a vida de crianças neuroatipicas de 0 a 12 anos de idade. Pois as
patologias relacionadas ao neurodesenvolvimento vêm ganhando cada vez mais
espaços no mundo atual e na vida da sociedade, pois quando não são reconhecidos
de maneira precoce poderá causar prejuízos importantes na vida do indivíduo,
incluindo em sua vida social, escolar e familiar.

1 Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Piracicaba/SP.


2 Orientador(a). Docente do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Piracicaba/SP.
Crianças neuroatipicas, que apresentam desvios ou atrasos no
desenvolvimento, podem enfrentar desafios significativos em várias áreas da vida.
Diante disto, a pergunta que este estudo buscou responder foi: Como o
neurodesenvolvimento pode influenciar o desenvolvimento de crianças neuroatipicas
de 0 a 12 anos?
As contribuições o qual a pesquisa realizada trouxe trazer para a sociedade e
para profissionais será como reconhecer e desenvolver as habilidades necessárias,
mostrando como é importante cada processo do desenvolvimento do cérebro em
crianças neuroatipicas. O neurodesenvolvimento merece ser investigado pois há
crianças que demoram mais que outras para desempenhar algumas atividades e
alcançar os marcos relacionados ao desenvolvimento como andar, subir e descer,
reconhecer as pessoas, atividades cognitivas, a entender e obedecer a comandos e
socializar.
O objetivo geral deste estudo foi compreender e discutir sobre as fases do
neurodesenvolvimento infantil e entender a sua importância em crianças
neuroatipicas. Como objetivos específicos foram definir sobre a importância do
neurodesenvolvimento, demonstrar a influência do neurodesenvolvimento em
crianças neuroatipicas e as contribuições e o papel do profissional de psicologia.
O estudo foi estruturado em três seções, incluindo esta introdução. A segunda
seção apresenta a metodologia da pesquisa, e os resultados e discussões. A
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, e os resultados e discussões,
aborda questões sobre a importância do neurodesenvolvimento, demonstrar a
influência do neurodesenvolvimento em crianças neuroatipicas e as contribuições e o
papel do profissional de psicologia. O estudo encerra-se com as considerações
finais, e o apontamento das fontes bibliográficas utilizadas na construção da
pesquisa.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Metodologia

A pesquisa bibliográfica auxiliou o levantamento dos dados e informações


sobre o tema, coletando material bibliográfico que serviram de base para o
desenvolvimento do trabalho. As buscas foram realizadas a partir da digitação em
diferentes combinações e de modo aleatório de palavras chaves como
“neurodesenvolvimento”, “desenvolvimento neurológico” e “psicologia e
neurodesenvolvimento” em bancos de dados digitais.
Os bancos de dados utilizados na procura de artigos foram a base de dados a
base de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo), o Centro Latino-
Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), a Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS) e o portal de Periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A inclusão dos artigos obedeceu a critérios como data de publicação a partir
do ano 2000, em idioma português do Brasil, inglês e espanhol. Como critérios de
exclusão, foram excluídos artigos que não atendiam aos seguintes itens: estudo com
significativo grau de importante para a pesquisa; bases teóricas claramente
especificadas; discussão dos resultados apresentada de forma coerente; relevância
da revisão da literatura apresentada na fundamentação teórica.

2.2 Resultados e Discussão

2.2.1 Neurodesenvolvimento

Segundo Cardoso et al. (2021) o neurodesenvolvimento é importante, porque


se refere ao processo de desenvolvimento do sistema nervoso e do cérebro desde a
concepção até a idade adulta. Segundo os autores, durante esse período, ocorrem
muitas mudanças importantes que afetam a maneira como as habilidades cognitivas,
emocionais e sociais se desenvolvem.
No entendimento de Cardoso et al. (2021) o desenvolvimento neurológico
adequado é fundamental para garantir que as funções cerebrais essenciais, como a
percepção sensorial, a linguagem, a aprendizagem, a memória e o pensamento
abstrato, sejam adequadamente estabelecidas. Os autores ressaltam que qualquer
alteração ou atraso no desenvolvimento neurológico pode resultar em problemas de
aprendizagem, transtornos do espectro do autismo, deficiência intelectual,
transtornos emocionais e comportamentais, e outras condições neurológicas.
Gouveia (2022) apresenta apontamentos neuropsicológicos sobre a influência
da música no neurodesenvolvimento infantil. O autor afirma que muitos estudos
sugerem que a estimulação adequada durante o período crítico do
neurodesenvolvimento pode ajudar a maximizar o potencial cognitivo e emocional da
criança, melhorando suas habilidades sociais, emocionais e de comunicação. Na
visão do mesmo autor, a importância do neurodesenvolvimento é enorme, pois afeta
diretamente o desenvolvimento e o bem-estar a longo prazo de uma pessoa. O autor
ressalta que é importante garantir que as crianças recebam um ambiente seguro,
estimulante e enriquecedor, juntamente com cuidados médicos e psicológicos
adequados, a fim de garantir um desenvolvimento neurológico saudável.

2.2.2 A importância do neurodesenvolvimento

Segundo Tales (2022) a importância do neurodesenvolvimento está


relacionada as habilidades motoras, cognitivas, e psicossociais de uma criança,
sendo iniciado no período gestacional. Segundo o mesmo autor, o processo envolve
também o sistema nervoso, o qual tem a capacidade de captar, interpretar, transmitir
estímulos pelo organismo se tornando um processo natural do desenvolvimento
humano. Na visão do autor, o neurodesenvolvimento de uma criança está
relacionado há as esses aspectos como psicomotricidade, visão, linguagem,
audição, interação social, comportamento, postura. Todos esses fatores são bases
para uma criança em seu cotidiano seja na escola, familiar e social.
Silva et al. (2016) apontam que Piaget em suas pesquisas de
desenvolvimento cita que a escola necessita respeitar as etapas do desenvolvimento
da criança através de novos estímulos e novas conquistas pois assim se torna uma
relação dialética entre pessoa e objeto. Segundo os mesmos autores, para Piaget ao
estudar o desenvolvimento da criança, ele cita que a própria, é agente do seu
desenvolvimento, através da maturação do desenvolvimento central, estimulação do
ambiente físico, aprendizagem, e a tendencia do equilíbrio. Sendo assim o
desenvolvimento cognitivo começa então a partir do nascimento e evoluindo
acompanhando o crescimento e a maturidade até a fase adulta.
Ainda conforme Silva et al. (2016) ao longo do desenvolvimento infantil, o
neurodesenvolvimento foi divido em etapas: primeira infância dos 0 a 2 anos,
segunda infância dos (2 aos 6 anos), terceira infância (7 aos 11 anos) e puberdade e
adolescência (acima dos 11 anos). Na visão dos autores, a primeira infância ela se
torna importante, pois nesse tempo o desenvolvimento da criança começando no
período dos 0 aos 2 anos de idade, a partir do memento em que a criança nasce ela
começa a reconhecer a voz da mãe, já no terceiro mês o processo do
neurodesenvolvimento da criança passa a ser a brincar com as mãos, colocando
também as mãos em direção a boca, sorri e também ao sentimento de apego.
Piaget (1973) aponta que já no sexto mês a criança, reconhece que a sua
base de segurança são os seus pais, começa então o sentimento de medo e a
ansiedade de separação, nessa etapa o neurodesenvolvimento é trabalhado através
do se sentar com o apoio. E já no período do sétimo e oitavo mês, o bebê já começa
a sentar-se sem o apoio e também o surgimento das primeiras silabas, ainda sem
significado, mas já reconhece o seu nome quando chamado. Quando já estão no
nono mês, o bebê já começa dar o tchauzinho, bate palmas, nessa fase os estímulos
de andar começam a trabalhar o neurodesenvolvimento através do engatinhar,
erguer-se com apoio e a andar com o apoio das mãos.
Segundo Piaget (1973), no decimo mês ao decimo segundo mês, as palavras
surgem em alguns casos já consegue andar sozinho, colabora ao se vestir e o
surgimento da linguagem. E consequentemente quando a criança chega na idade
dos dois anos de idade, o cérebro nessa fase funciona de forma progressiva, até o
órgão funcionar-se por inteiro, fazendo parte desse processo há a autoconsciência,
compreensão e expressão da linguagem, início da socialização, desenvolvimento da
empatia, análise do que pode ou não ser feito em algumas situações. Quando a
criança chega à idade dos três anos de idade, nesse momento as atividades neurais
são muito altas e assim continua até os dez anos de idade, passando a ter maior
denominação motora.
As etapas do neurodesenvolvimento podem ocorrer em momentos diferentes
de uma criança e outra, esse fato ocorre devido o amadurecimento do cérebro
depender dos fatores biológicos e individuais do ambiente em que a criança está
inserida. Segundo Piaget (1973), a fase dos sete anos é um período em que ocorrem
as representações da realidade do próprio pensamento, criando também suas
próprias interpretações, também a fase das curiosidades dos questionamentos dos
porquês. Os estágios e períodos do desenvolvimento caracteriza a diferentes
maneiras, pois cada estágio engloba o outro e amplia, não havendo idade
determinada para cada um deles, mas sim uma sequência constante.
Segundo Piaget (1973), quando a criança está na idade dos oito anos já
contempla os entendimentos sobre as regras sociais e o senso de justiça, e também
um pensamento logico concreto. Já na idade dos doze anos, já compreende as
experiencias de outras pessoas e situações abstratas. Dessa forma mostra-se o
quão importante é a fase do neurodesenvolvimento, pois faz parte de todo o
processo de desenvolvimento de uma criança desde a gestação até a fase da sua
juventude. Sendo responsáveis pelas habilidades sensoriais e motoras,
manipulação, comunicação e linguagem, comportamentos, motricidade.
Tales (2022) aponta que as mudanças orgânicas ocorrem no desenvolvimento
da vida da criança desde de bebê até a sua idade adulta. Contudo, o autor entende
que em algumas situações ou por motivos patológicos não desencadeiam e ocorre
então a falha do processo de desenvolvimento ocorrendo então as patologias do
desenvolvimento, sendo conhecidas como, déficits de atenção, perturbações
sensoriais, deficiências motoras entre elas a paralisia cerebral, afetando as
habilidades de comunicação, perturbações de comportamento e o Transtorno do
Espectro Autista.
Os transtornos também podem ser observados no período em que a criança
ingressa na escola, sendo avaliado o seu desenvolvimento intelectual, motor e
social. O Manual de Diagnostico e Estáticos de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA,
2014), os transtornos de desenvolvimento são definidos em três etapas: início na
infância, um prejuízo ou atraso no desenvolvimento fortemente ligados à maturação
do sistema nervoso central e que apresentam um curso relativamente estável, sem
haver remissões ou recorrências, comuns em outros transtornos mentais.
Segundo Tales (2022), sendo caracterizado então por comportamentos
alteráveis, estando ela em qualquer situação, mantendo sempre determinadas
atitudes. Segundo o mesmo autor, em alguns momentos ocorre o transtorno estar
ativo e outras não. Como no caso de uma criança com a patologia de dislexia, o qual
não consegue ler nem quando está próxima aos pais e nem quando está na escola.
Sendo então considerado um transtorno neurobiológico, pois a criança tem
dificuldades no reconhecimento de palavras, soletração, os sinais aparentes são:
A identificação e intervenção precoce, segundo Tales (2022), são o segredo
do sucesso na aprendizagem de leitura. A identificação de um problema permite a
sua resolução, pois quanto mais cedo um problema for identificado mais
rapidamente se pode obter ajuda.

2.2.3 Transtornos
A palavra autismo que, segundo a sua etimologia, origina-se do prefixo grego
autós, denota o isolamento de uma pessoa para si mesma. O autismo foi gravado
pela primeira vez na literatura médica pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler em 1911.
Onzi e Gomes (2015) afirmam que Bleuler foi notável pelas suas contribuições para
o entendimento da esquizofrenia, classificando pessoas que apresentavam
dificuldades na comunicação e interação social com tendência ao isolamento,
resultando em um importante e categórico trabalho sobre esquizofrenia do adulto e
adolescente. Contudo, os autores afirmam que historicamente as primeiras
publicações sobre o autismo são dos psiquiatras infantis Hans Asperger (1944) e Leo
Kanner (1943).
Lima (2019) afirma que através dos estudos do médico austríaco Léo Kanner,
o autismo passa a ser tratado como um quadro clínico em 1943. Segundo este autor,
Kanner selecionou um grupo de crianças nas faixas etárias entre os 2 e 8 anos,
passando a observar de forma sistemática e cuidadosa as particularidades de seus
comportamentos, possibilitando diferenciar os distúrbios do autismo de outros
diagnósticos como psicose infantil e esquizofrenia.
Vieira e Baldin (2017) explicam que a maior parte das histórias de autismo se
inicia apenas nos anos 1940, com o trabalho de Leo Kanner que publicou seu artigo
descrevendo um novo transtorno e com a pesquisa de um pediatra, Hans Asperger,
que descreveu um transtorno semelhante, que se tornou conhecido como Síndrome
de Asperger. Para estes autores, Kanner destacou que as principais características
do autismo incluíam incapacidade de se relacionar com pessoas, falha no uso da
linguagem para fins de comunicação em situações sociais.
Santos e Vieira (2017) afirma que Kanner observou em seus estudos que as
crianças autistas são resistentes à mudanças e possuem uma preocupação
excessiva com manter tudo igual, orientação para objetos em vez de pessoas, boas
capacidades cognitivas intelectuais. Os autores apontam ainda que Kanner observou
a falta de resposta ao ambiente, rígida adesão a rotinas e tumulto emocional quando
os rituais eram perturbados, linguagem incomum que incluía tendências para repetir
a fala de respostas literais e utilização de pronomes inapropriadamente.
Tamanaha et al. (2008) afiram que a descrição do psicólogo Leo Kanner em
1943 inicialmente denominava o autismo como Distúrbio Autísticos do Contato
Afetivo, baseando em observações de 11 crianças com diagnóstico de esquizofrenia.
Segundo estes autores, a crença inicial de Kanner era que a doença fosse genética.
De acordo com estes autores, Kanner identificou algumas características que
compunham um conjunto psiquiátrico nosológico e os contrapôs com outro que já
pertencia ao desenvolvimento natural da criança.
Ainda de acordo com Tamanaha et al. (2008) em 1944 o psiquiatra e
pesquisador austríaco Hans Asperger descreveu um grupo de crianças com
comportamentos semelhantes aos descritos nos estudos de Kanner. Segundo estes
autores, Asperger observou como principais características o transtorno severo na
interação social, uso pedante da fala, desajeitamento motor e incidência apenas no
sexo masculino.
Matta (2018) afirma que historicamente foram utilizadas muitas terminologias
para nomear as pessoas com deficiência intelectual. Segundo este autor, as
concepções passaram por transformações ao longo do tempo em função das
concepções de mundo vigentes e das dinâmicas culturais de cada época, que
geraram implicações no ordenamento jurídico, social e científico. Com o passar do
tempo, essas concepções nortearam as práticas sociais no campo da educação e da
saúde.
De acordo com Mata (2018) a Deficiência Intelectual se constituiu algumas
vezes por influência de concepções inatistas, e em outras vezes por concepções
ambientalistas, tendo a partir do século XX interpretações com base na perspectiva
dialógica e cultural. O autor menciona que historicamente a identificação da pessoa
com deficiência foi utilizado termos como idiotas, imbecis, tontos, cretinos, dementes,
retardados mentais, inválidos, com necessidades educativas especiais, deficientes
intelectuais, estúpidos e amentes.
Tédde (2012) afirmam que na Grécia Antiga, os deficientes intelectuais eram
abandonados ou assassinados por não atenderem os ideais de beleza e perfeição.
Segundo estes autores, na Idade Média foram perseguidos por apresentarem sinais
de malformação física ou mental, e considerados como filhos de satanás, queimados
em fogueiras. Os autores sinalizam que com o advento do cristianismo, os
deficientes intelectuais também eram protegidos como inocentes de Deus, uma vez
que apresentavam a inocência e a pureza.
Segundo Carvalho (2004) no século XVII houve o interesse da ciência no
estudo da deficiência com a obra “Opera Omnia” de Nicolau Tamaturgo, atualmente
conhecido como São Nicolau e considerado como o padroeiro dos deficientes.
Segundo este autor, somente no século XIX as pessoas com deficiência intelectual
passaram a ser consideradas passíveis de serem educadas, devido ao trabalho do
médico Jean Itard, considerado o primeiro teórico de Educação Especial. O autor
salienta que atualmente, houve uma grande mudança na maneira de tratar a pessoa
com deficiência, com a abolição dos termos do passado com significados negativos.
Pessotti (1984) afirma que a Deficiência Intelectual veio substituir conotações
e termos errôneos como “débil mental”, “idiota”, “retardado mental”, excepcional,
“incapaz mentalmente”, “maluco” ou “louco”, construídos e utilizados por médicos,
em determinados períodos históricos da sociedade europeia. Segundo este autor, a
declaração dos direitos dos deficientes aprovados pela Organização das Nações
Unidas (ONU) em 1975 estabelece que os indivíduos com esta condição tenham os
mesmos direitos civis e políticos dos demais seres humanos.
Forteski et al. (2012) explicam que o Transtorno do Déficit de Hiperatividade
(TDAH) é conhecido também como Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA). Os
autores apontam que este transtorno tem uma história bem antiga, tendo pesquisas
registradas desde o século XVIII, todavia, passou a ser mais destaco recentemente.
Os autores resgatam o histórico do TDAH, relembrando pesquisas feitas em 1798
pelo médico Alexander Crichton, que incluiu a inquietação e problemas de atenção
em seus estudos, destacando os prejuízos que este transtorno causa no
desempenho escolar dos acometidos por este mal.
Já Couto et al. (2010) apontam referencias do Transtorno do Déficit de
Hiperatividade mais recentes, datadas no século XIX. Os autores apontam que as
primeiras referências aos transtornos hipercinéticos na literatura médica apareceram
no meio do século XIX e, desde então, sua nomenclatura vem sofrendo alterações
contínuas. Os autores destacam que os sintomas do TDAH se iniciam antes dos sete
anos de idade, embora a maioria seja diagnosticada após a manifestação destes por
alguns anos, podendo-se observá-los em situações como na casa, na escola ou no
trabalho.
Ainda conforme Couto et al. (2010) muitas vezes o Transtorno do Déficit de
Hiperatividade só é reconhecido quando a criança ingressa na escola, pois é o
período em que as dificuldades de atenção e inquietude são percebidas com maior
frequência pelos professores, quando comparada com outras crianças da mesma
idade e ambiente. Os autores apontam que no TDAH predominam características
marcantes de falta de atenção e dificuldade para se ater aos detalhes, os que
ocasionam erros grosseiros nas atividades, sejam elas escolares ou não apresenta
ainda uma falta de organização, o que dificulta o cumprimento de suas atividades.
Ribeiro e Melo (2018) afirmam que o diagnóstico do Transtorno do Déficit de
Hiperatividade faz-se necessário que os sintomas estejam presentes durante um
período mínimo de seis meses, em ambientes do cotidiano da criança. Os autores
apontam que para facilitar sua identificação, o distúrbio divide-se em três subtipos,
sendo o TDAH com predomínio de sintomas de desatenção, o TDAH com
predomínio de sintomas de hiperatividade e impulsividade e a combinação das duas
formas anteriores. Os autores destacam que o TDAH afeta o comportamento e
compromete o desenvolvimento nos âmbitos pessoal, familiar e escolar, onde seu
quadro patológico manifesta-se, sobretudo, no espaço institucional.
Ainda conforme Ribeiro e Melo (2018) é no ambiente educacional que o aluno
inicia suas práticas sociais, compreende valores, modelos de condutas e
desempenha suas habilidades e competências. Parra os autores, quando o aluno
demonstra dificuldades na rotina exigida na sala de aula, são identificadas pelo
profissional as suas necessidades e relatado para a equipe multidisciplinar o caso,
para assim, verificar soluções que atendam o aluno com necessidades educacionais
especiais.

2.2.4 O papel do psicólogo

Segundo De Sá Riechi (2014), o papel do psicólogo no neurodesenvolvimento


de crianças neuroatipicas é fundamental, pois essas crianças apresentam desafios
únicos e complexos em relação ao desenvolvimento cognitivo, emocional e social.
Segundo o mesmo autor, o psicólogo pode ser responsável por avaliar o
desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança, identificando possíveis
atrasos ou dificuldades em áreas específicas. Ainda conforme o mesmo autor, com
base nessa avaliação, o psicólogo pode desenvolver um plano de tratamento
personalizado para a criança, que pode incluir terapia comportamental, terapia
ocupacional, intervenções educacionais e outros tipos de tratamentos.
Cardoso et al. (2021) entendem que o psicólogo também pode trabalhar com
a família da criança, fornecendo orientação e suporte em relação ao manejo das
dificuldades que a criança pode enfrentar. Segundo os autores, o psicólogo pode
ajudar a família a lidar com as emoções e estresse que podem surgir ao lidar com as
dificuldades da criança. Os autores ressaltam que o psicólogo pode trabalhar em
conjunto com outros profissionais de saúde, como neurologistas, terapeutas
ocupacionais e fonoaudiólogos, para garantir que a criança esteja recebendo uma
abordagem de tratamento integrada e eficaz.
No entendimento de Cardoso et al. (2021) o papel do psicólogo no
neurodesenvolvimento de crianças neuroatipicas é amplo e abrangente, envolvendo
avaliação, tratamento, suporte e colaboração com outros profissionais de saúde para
garantir o melhor resultado possível para a criança e sua família. Os mesmos
autores apontam que o neurodesenvolvimento é um processo complexo que começa
na concepção e continua ao longo da vida.
Santos e Zamo (2017) afirmam que durante a primeira infância, o cérebro
passa por um rápido desenvolvimento e muitas habilidades essenciais são
adquiridas durante esse período crítico. Os autores apontam que crianças
neuroatipicas, que apresentam desvios ou atrasos no desenvolvimento, podem
enfrentar desafios significativos em várias áreas da vida. No que diz respeito a
aprendizagem, os autores afirmam que crianças neuroatipicas podem ter
dificuldades em aprender novas habilidades, como falar, ler e escrever. Segundo os
autores, eles podem precisar de métodos de ensino diferentes e adaptados às suas
necessidades individuais para maximizar o aprendizado.
No que diz respeito ao comportamento de crianças neuroatipicas, Santos e
Zamo (2017) entendem que elas podem ter comportamentos que desafiam os pais,
cuidadores e professores, como agressão, impulsividade e hiperatividade. Os
autores entendem ainda que esses comportamentos podem ser controlados por
meio de terapias comportamentais e medicamentos. Além disto, os autores
ressaltam que as habilidades sociais destas crianças podem ter dificuldades em se
relacionar m seus pares e podem achar difícil compreender sinais sociais, como
expressões faciais e tom de voz. Eles podem precisar de ajuda para desenvolver
habilidades sociais e de comunicação.
Luzia e Silva (2022) entendem que a saúde mental de crianças neuroatipicas
têm um risco aumentado de problemas de saúde mental, como ansiedade e
depressão. Na visão dos autores, os pais, cuidadores e professores devem estar
atentos a esses problemas e encaminhar as crianças para tratamento, se
necessário. Os autores afirmam ainda que a autonomia destas crianças podem
achar difícil desenvolver a autonomia necessária para cuidar de si mesmas, como se
vestir e se alimentar. Eles podem precisar de ajuda para aprender essas habilidades
básicas de cuidado pessoal.
Oliveira et al. (2012) afirmam que no que diz respeito do desenvolvimento
físico das crianças neuroatipicas, estas podem ter atrasos no desenvolvimento físico,
como dificuldades em andar ou correr. Elas podem precisar de terapia física para
ajudá-las a desenvolver suas habilidades motoras. Os mesmos autores apontam que
quanto a autoestima destas crianças, estas podem se sentir diferentes de seus pares
e podem ter baixa autoestima como resultado. Os autores ressaltam que é
importante que os pais e cuidadores apoiem e incentivem as crianças a se sentirem
bem consigo mesmas e a reconhecerem suas habilidades e talentos.
No neurodesenvolvimento pode ter um impacto significativo na vida de
crianças neuroatipicas. É importante que os pais, cuidadores e professores
reconheçam as necessidades únicas dessas crianças e forneçam o suporte
necessário para ajudá- las.

3 CONCLUSÃO

O estudo discutiu as fases do neurodesenvolvimento infantil e entender a sua


importância em crianças neuroatipicas. Para tanto, definiu a importância do
neurodesenvolvimento, demonstrou a influência do neurodesenvolvimento em
crianças neuroatipicas e as contribuições e o papel do profissional de psicologia.
A pergunta do estudo foi solucionada, sobre como o neurodesenvolvimento
pode influenciar o desenvolvimento de crianças neuroatipicas de 0 a 12 anos. O
neurodesenvolvimento é um processo que começa na concepção e continua ao
longo da vida. Durante os primeiros anos de vida, o cérebro está se desenvolvendo
rapidamente, criando as conexões neurais necessárias para a aprendizagem e o
desenvolvimento cognitivo, social e emocional. No entanto, para crianças
neuroatípicas, esse processo pode ser diferente do que é típico, o que pode levar a
desafios em áreas como linguagem e comunicação, habilidades motoras,
habilidades sociais e emocionais e habilidades acadêmicas.
O neurodesenvolvimento pode ter um impacto significativo na vida das
crianças neuroatípicas, afetando áreas como linguagem, habilidades motoras,
habilidades sociais e emocionais e habilidades acadêmicas. Para minimizar esses
desafios, intervenções terapêuticas e educação especial podem ajudar a promover
um desenvolvimento saudável e bem-sucedido.
O suporte e a compreensão da família e dos cuidadores são fundamentais
para ajudar as crianças neuroatípicas a prosperar e alcançar seu potencial. Com o
apoio adequado, as crianças neuroatípicas podem superar seus desafios e alcançar
um desenvolvimento saudável e feliz.

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