Ananias - Sistema Linfático
Ananias - Sistema Linfático
Ananias - Sistema Linfático
Tema:
Sistema Linfático &
Análise Laboratorial do Perfil Cardíaco
Docentes:
Sandra Sathane
Fátima Pambo
EA – Estenosa aórtica
IR – Insuficiência renal
pH – Potencial hidrogeniónico.
I
RESUMO
O sistema linfático é constituído por uma vasta rede de vasos linfáticos, que se distribuem por
todo o corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos capilares sanguíneos, filtrando-o
e reconduzindo-o à circulação sanguínea. O mesmo destaca-se como parte importante do sistema
imunológico, produzindo e liberando linfócitos e outras células de defesa que combatem
bactérias, vírus, parasitas e fungos, ajudando na prevenção de diversos tipos de doenças, como
câncer, gripe e resfriado.
A insuficiência circulatória aguda provoca alterações celulares que podem variar desde discretas
perdas de algumas propriedades da membrana até a morte celular. No decorrer destas
modificações algumas substâncias intracelulares ganham o espaço intersticial e a circulação na
corrente sanguínea, resultando em aumento transitório dos níveis circulantes. Estas substâncias
incluem a aspartato aminotranferase (AST), a mioglobina, a creatina quinase (CK), a
desidrogenase láctica (LDH), as troponinas, entre outras. Elas são utilizadas para avaliar os
distúrbios cardíacos.
II
1. INTRODUÇÃO
O corpo humano é formado por um conjunto de órgãos que agrupados, dão origem aos sistemas
responsáveis pelo funcionamento e equilíbrio do organismo. Dentre estes, o sistema linfático é
responsável por remover fluidos em excesso dos tecidos, absorver ácidos graxos e transporte
subsequente da gordura para o sistema circulatório, agindo paralelamente ao sistema
cardiovascular.
Dessa forma, o presente trabalho procura descrever sucintamente o sistema linfático, desde os
conceitos básicos que concorrem para a sua melhor compreensão, até as prováveis patologias
associadas. Em complementaridade, debruça-se ainda ao longo do trabalho, sobre a análise
laboratorial do perfil cardíaco, como forma de se edificar a ponte estreita de conhecimento entre
a Anatomia e a Bioquímica Clínica, decorrente do módulo em estudo para o curso de Técnico de
Laboratório do Instituto de Ciências de Saúde de Maputo (ICSM).
1.1.Objectivos
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2. SISTEMA LINFÁTICO
2.1.Conceito
O sistema linfático é composto por células, vasos, tecidos e órgãos, que desempenham variadas
funções. Os principais componentes desse sistema incluem:
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2.3.1. Linfa
Os vasos linfáticos conduzem a linfa em seu interior. Eles podem ser de três tipos: capilares
linfáticos, colectores linfáticos e troncos linfáticos. Os capilares são os menores vasos linfáticos
e possuem paredes delgadas. À medida que os capilares linfáticos percorrem o caminho para
levar a linfa para o coração, aumentam de tamanho e formam os vasos linfáticos. Esses capilares
se iniciam em fundo cego, diferentes dos capilares sanguíneos que apresentam um lado arterial e
um lado venoso. O vaso linfático é formado pela junção de vários capilares e possuem válvulas
que direccionam a linfa ao encontro dos linfonodos. Os vasos aferentes são os que chegam aos
linfonodos e os vasos eferentes são os que saem dos linfonodos.
Função: os capilares e os vasos linfáticos colectam e levam a linfa para ser filtrada nos
linfonodos. Ao final do trajecto e filtração, os vasos linfáticos liberam a linfa, já filtrada,
nos ductos torácicos, estrutura que vai do abdómen ao pescoço.
São grandes canais linfáticos, conhecidos como ducto linfático esquerdo e ducto linfático direito,
onde os vasos linfáticos esvaziam a linfa, já filtrada. Esses ductos se conectam ao coração, por
onde a linfa passa antes de retornar para a corrente sanguínea.
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diafragma. O ducto linfático direito é um vaso bem menor em extensão que o ducto torácico,
apresenta 4 cm de comprimento e fica sobre o músculo escaleno anterior.
Função: o ducto torácico colecta e conduz a maior parte da linfa do corpo para o sangue,
ajudando a manter o volume de sangue e a pressão arterial normais, além de evitar o
acúmulo de líquido, conhecido como edema. O ducto linfático direito recebe a linfa da
metade superior do lobo direito do fígado, do pulmão direito e da pleura, do lado direito
do coração, do braço direito, do lado direito da cabeça, pescoço e do tórax.
Os órgãos linfáticos se encontram distribuídos ao longo do trajecto dos vasos linfáticos, que são
estimulados sempre que há uma infecção ou inflamação. Os principais órgãos linfáticos são:
a) Timo:
É uma glândula localizada na parte superior do tórax, que tem a função de desenvolver e
multiplicar os linfócitos T, células da medula óssea que ajudam a combater microrganismos,
especialmente nos primeiros anos de vida. O timo apresenta dois lobos e está situado
parcialmente no pescoço e no tórax, se estendendo desde a parte inferior da tireóide até a quarta
cartilagem costal. O timo cresce até o período da puberdade, depois passa a involuir até ser
substituído por tecido adiposo. Ele apresenta uma coloração cinzenta rosada, mole e lobulado,
medindo aproximadamente 5 cm de comprimento, 4 cm de largura e 6 mm de espessura.
b) Baço:
É o maior órgão linfático, localizado na região do hipocôndrio esquerdo, porém sua extremidade
cranial se estende na região epigástrica. Ele está situado na parte superior esquerda do abdómen,
acima do estômago, sendo responsável por produzir os linfócitos. Ele é mole, de consistência
muito friável, altamente vascularizado e de uma coloração púrpura escura. O tamanho e peso do
baço varia muito, no adulto tem cerca de 12 cm de comprimento, 7 cm de largura e 3 cm de
espessura.
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Apresenta duas faces: a diafragmática (em contacto com a região inferior do diafragma) e
visceral. Na face visceral, encontra-se o hilo do baço, uma fenda onde penetram nervos e vasos,
incluindo a veia esplénica, que tem a função de drenar o sangue do baço.
As principais funções do baço são as de reserva de sangue, para o caso de uma hemorragia
intensa, destruição dos glóbulos vermelhos do sangue e preparação de uma nova hemoglobina a
partir do ferro liberado da destruição dos glóbulos vermelhos.
c) Linfonodos:
Os linfonodos são pequenas glândulas encontradas em regiões como axila, virilha e pescoço que
são responsáveis por filtrar a linfa, removendo bactérias, vírus e células cancerígenas, além de
produzirem e armazenarem células brancas (linfócitos) que tem efeito bactericida, ou seja, são
células que combatem infecções e doenças. Existem cerca de 400 gânglios no homem, dos quais
160 encontram-se na região do pescoço. Quando ocorre uma infecção, podem aumentar de
tamanho e ficar doloridos enquanto estão reagindo aos microrganismos invasores. Eles também
liberam os linfócitos para a corrente sanguínea. Possuem estrutura e função muito semelhantes às
do baço.
d) Tonsilas:
As tonsilas são pequenas estruturas linfoides localizadas na região de cabeça e pescoço. Essas
estruturas podem ser de três tipos que são tonsila faríngea, tonsila palatina e tonsila lingual. Elas
são responsáveis por produzir células do sistema imune e auxiliar na protecção contra
microrganismos.
Tonsila Lingual: está localizada na parte posterior do dorso lingual, por trás do sulco
terminal da língua.
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Imagem 1: Constituição do Sistema Linfático. (Fonte: Sobotta, (2008)).
2.4.Circulação Linfática
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O sistema linfático colecta a linfa, por difusão, através dos capilares linfáticos, e a conduz para
dentro do sistema linfático. Uma vez dentro do sistema, o fluido é chamado de linfa, e tem
sempre a mesma composição do que o fluido intersticial.
Ao contrário do sangue, que é impulsionado através dos vasos pela força do coração, o sistema
linfático não é um sistema fechado e não tem uma bomba central. A linfa depende
exclusivamente da acção de agentes externos para poder circular. A linfa move-se lentamente e
sob baixa pressão devido principalmente à compressão provocada pelos movimentos dos
músculos esqueléticos que pressiona o fluido através dele. A contracção rítmica das paredes dos
vasos também ajuda o fluido através dos capilares linfáticos. Todos os vasos linfáticos têm
válvulas unidireccionadas que impedem o refluxo, como no sistema venoso da circulação
sanguínea.
a) Filariose: também conhecida como elefantíase, é uma das principais doenças do sistema
linfático, sendo causada pelo parasita Wuchereria bancrofti, que é transmitido para as
pessoas por meio da picada do mosquito do género Culex sp. Nessa doença, o parasita
atinge os vasos linfáticos e bloqueia o fluxo da linfa, causando inchaço do órgão que teve
sua circulação obstruída.
b) Câncer: alguns tipos de câncer podem acontecer nos vasos e órgãos da circulação
linfática, como o linfoma, um tipo de câncer onde a multiplicação dos linfócitos é
aumentada, comprometendo a circulação linfática e resultando na formação do tumor,
podendo levar a sintomas, como mal-estar, coceira e perda de peso.
c) Alergias: são reacções do organismo contra substâncias, como poeira, pólen e fumaça de
cigarro, podendo causar situações, como rinite alérgica, asma, conjuntivite e dermatite.
As alergias acontecem quando o organismo aumenta a produção das células de defesa
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para tentar combater as substâncias, levando a inflamação e sintomas como espirros,
corrimento nasal, entupimento do nariz ou dificuldade ao respirar.
A insuficiência circulatória aguda provoca alterações celulares que podem variar desde discretas
perdas de algumas propriedades da membrana até a morte celular. No decorrer destas
modificações algumas substâncias intracelulares ganham o espaço intersticial e a circulação na
corrente sanguínea, resultando em aumento transitório dos níveis circulantes. Estas substâncias
incluem a aspartato aminotranferase, (AST), a mioglobina, a creatina quinase (CK), a
desidrogenase láctica (LDH), as troponinas, entre outras. Essas substâncias são utilizadas para
avaliar os distúrbios cardíacos.
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Fig. 1- Cinética de CK (CPK), LDH e AST (GOT) nos dias após início dos sintomas.
A CK é uma enzima que tem sua concentração maior em regiões como músculo-esquelético,
cérebro e miocárdio. É responsável por catalisar a fosforilação reversível da creatinina pela
adenosina trifosfato (ATP). A CK tem sua subdivisão em dois dímeros M e B, a CK-MM,
advinda do músculo-esquelético, a CK-BB com predominância no cérebro e a CK-MB,
predominância miocárdica, podendo ser localizada também em músculo-esquelético.
A positividade da CK total em casos de doença cardiovascular aguda pode ser observada em 3-4
horas após os inícios da sintomatologia inicial, podendo se estender positivo por
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aproximadamente três a quatro dias (72-96 horas). Tempo de positivação superior a este sugere
investigar se houve re-infarto.
Valores de Referência:
Valores de Referência: Tanto para Homens e Mulheres, os valores devem ser menores que
25U/L.
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3.3. Troponinas
As troponinas (Tn) são proteínas que estão presentes nas células musculares do aparelho
miofibrilar do sarcómero, estrutura básica de contracção da fibra muscular esquelética e cardíaca.
Com uma isquemia severa reversível a membrana da célula miocárdica pode se tornar vulnerável
e desintegrar-se gerando vazamento temporário. Já nos danos irreversíveis os filamentos são
degenerados ocorrendo extravasamento prolongado das Tn aumentando a quantificação na
circulação sistémica. Nas suas subdivisões ou subunidades podemos encontrar a troponina l,
inibidora da actina, troponina C, que se liga ao cálcio auxiliando na contracção e a troponina T,
subunidade ligada a miosina denominada também de tropomiosina. As formas mais utilizadas
nos diagnósticos das doenças cardiovasculares agudas são a troponina T (cTnT) e a troponina I
(cTnI).
Significado Clínico: As troponinas têm sido consideradas eficazes para o diagnóstico precoce de
lesão cardiovascular por sua elevada especificidade. Elas se encontram em forma detectável no
plasma após aproximadamente 3-4 horas (cTnI) e de 4-6 horas (cTnT) após a dor precordial.
As dosagens seriadas são importantes para o diagnóstico do reinfarto que pode ocorrer dentro de
28 dias do infarto incidente. Se ocorrer após 28 dias, é considerado recorrente. Medidas seriadas
de troponinas devem ser obtidas (no momento dos sintomas e 3 a 6 horas após), sendo
considerado reinfarto um incremento de 20% relativo entre essas medidas.
3.4. Mioglobina
Este marcador desenvolveu muito interesse nos ramos da pesquisa há tempos, porém estes
estudos se inviabilizavam na utilização prática na atenção de urgência e emergência, visto que no
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mercado ainda não era possível ter um exame que pudesse ser dosado de forma rápida.
Actualmente, existe a utilização de testes viáveis na prática diagnóstica quando abordamos a
mioglobina.
Significado Clínico: Os níveis de mioglobina se elevam em até 2-3 horas após o início da dor
precordial e se mantém em níveis elevados por até 12 horas, retomando seus níveis basais em 24-
36 horas. Sua especificidade pode ser posta em pauta por ter seu resultado facilmente alterado
por pessoas que pratiquem exercício físico extenuante ou alguma prática que envolva esforço
físico.
Significado Clínico: Somente a LDH1 está presente na musculatura cardíaca. Seus níveis,
quando alterados, podem ser detectáveis através de exame em sangue periférico. A LDH1 é o
foco nas pesquisas e diagnóstico de doença cardiovascular aguda. Quando há algum acidente
cardiovascular, os níveis de LDH apresentam-se alterados em aproximadamente 82-100% destes
casos, sendo que grande parte é composta de LDH1 proveniente do coração. Seus níveis no
plasma aumentam aproximadamente 8-24 horas após acometimento dos sintomas inicias da fase
aguda com ápice de actividade de 72-144 horas e retorno aos valores normais de 8 a 14dias.
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Valores de Referência (LDH):
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4. CONCLUSÃO
Através do exposto acima, resultante de uma pesquisa bibliográfica, pode-se concluir que, o
sistema linfático possui um papel fundamental no equilíbrio do corpo humano e que, apesar de o
organismo realizar a drenagem linfática de forma natural, eventualmente pode ocorrer um
desequilíbrio no funcionamento, acarretando em edema.
A função e a relação desse sistema com o sistema circulatório se justificam na dificuldade que as
grandes moléculas do líquido tecidual têm para penetrar nos capilares sanguíneos. Dessa forma,
é necessário que os capilares linfáticos sejam mais calibrosos que os capilares sanguíneos.
Os marcadores do perfil cardíaco são dosados no soro do paciente colectado em tubos com gel
separador, sem jejum prévio no acto do atendimento médico, e encaminhados para o sector de
bioquímica no qual são dosados por reacções rápidas em aparelhos automatizados. Nem todos os
marcadores são considerados específicos, podendo também estar alterados na presença de outras
patologias, sendo assim necessária a avaliação clínica do paciente e exames complementares
para um exacto diagnóstico.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F. Anatomia Orientada Para a Clínica. 4ª ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 3ª ed. Porto Alegre: Armed, 2003.
SOBOTTA, Atlas de Anatomia Humana, volume 1 / editado por R. Putz e R. Pabst, Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
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6. ANEXOS
1- Tonsilas
2- Timo
3- Baço
4- Medula óssea
5- Veia
6- Artéria
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