Ananias - Sistema Linfático

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 20

LABORATÓRIO 15

Módulo: Exames Bioquímicos

Tema:
Sistema Linfático &
Análise Laboratorial do Perfil Cardíaco

Discente: Ananias José Siane

Docentes:
Sandra Sathane
Fátima Pambo

Maputo, Junho de 2022


ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................................................... I
RESUMO ...................................................................................................................................................... II
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1
1.1. Objectivos ..................................................................................................................................... 1
1.1.1. Objectivo Geral: .................................................................................................................... 1
1.1.2. Objectivos Específicos: ......................................................................................................... 1
2. SISTEMA LINFÁTICO ....................................................................................................................... 2
2.1. Conceito ........................................................................................................................................ 2
2.2. Funções do Sistema Linfático ....................................................................................................... 2
2.3. Estrutura e Constituição do Sistema Linfático .............................................................................. 2
2.3.1. Linfa ...................................................................................................................................... 3
2.3.2. Vasos linfáticos ..................................................................................................................... 3
2.3.3. Ductos linfáticos ................................................................................................................... 3
2.3.4. Órgãos linfáticos ................................................................................................................... 4
2.4. Circulação Linfática ...................................................................................................................... 6
2.5. Principais Patologias do Sistema Linfático ................................................................................... 7
3. ANÁLISE LABORATORIAL DO PERFIL CARDÍACO ................................................................... 8
3.1. Creatina-quinase (CK) .................................................................................................................. 9
3.2. Creatina Quinase Fração MB (CK-MB) ..................................................................................... 10
3.3. Troponinas .................................................................................................................................. 11
3.4. Mioglobina .................................................................................................................................. 11
3.5. Lactato Desidrogenase ................................................................................................................ 12
4. CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 14
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 15
6. ANEXOS ............................................................................................................................................ 16
LISTA DE ABREVIATURAS

ADP – Adenosina difosfato

AST – Aspartato aminotranferase

ATP – Adenosina trifosfato

CK-BB – Creatinoquinase fração BB

CK-MB – Creatinoquinase fração MB

CK-MM – Creatinoquinase fração MM

CMD – Cardiomiopatia dilatada

CMDO – Cardiomiopatia dilatada oculta

CMH – Cardiomiopatia hipertrófica

c-TnC – Troponina cardíaca C

c-TnI – Troponina cardíaca I

c-TnT – Troponina cardíaca T

DNA – Ácido desoxirribonucleico.

EA – Estenosa aórtica

ICC – Insuficiência cardíaca congestiva

ICSM – Instituto de Ciências de Saúde de Maputo.

IR – Insuficiência renal

LDH – Lactado desidrogenase

PCR – Polymerase Chain Reaction.

pH – Potencial hidrogeniónico.

RNA – Ácido ribonucleico.

I
RESUMO

O sistema linfático é constituído por uma vasta rede de vasos linfáticos, que se distribuem por
todo o corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos capilares sanguíneos, filtrando-o
e reconduzindo-o à circulação sanguínea. O mesmo destaca-se como parte importante do sistema
imunológico, produzindo e liberando linfócitos e outras células de defesa que combatem
bactérias, vírus, parasitas e fungos, ajudando na prevenção de diversos tipos de doenças, como
câncer, gripe e resfriado.

A função e a relação do sistema linfático com o sistema circulatório se justificam na dificuldade


que as grandes moléculas do líquido tecidual têm para penetrar nos capilares sanguíneos. Dessa
forma, é necessário que os capilares linfáticos sejam mais calibrosos que os capilares sanguíneos.

A insuficiência circulatória aguda provoca alterações celulares que podem variar desde discretas
perdas de algumas propriedades da membrana até a morte celular. No decorrer destas
modificações algumas substâncias intracelulares ganham o espaço intersticial e a circulação na
corrente sanguínea, resultando em aumento transitório dos níveis circulantes. Estas substâncias
incluem a aspartato aminotranferase (AST), a mioglobina, a creatina quinase (CK), a
desidrogenase láctica (LDH), as troponinas, entre outras. Elas são utilizadas para avaliar os
distúrbios cardíacos.

II
1. INTRODUÇÃO

O corpo humano é formado por um conjunto de órgãos que agrupados, dão origem aos sistemas
responsáveis pelo funcionamento e equilíbrio do organismo. Dentre estes, o sistema linfático é
responsável por remover fluidos em excesso dos tecidos, absorver ácidos graxos e transporte
subsequente da gordura para o sistema circulatório, agindo paralelamente ao sistema
cardiovascular.

As doenças do aparelho circulatório, principalmente as cardiovasculares vêm sendo consideradas


casos de saúde pública, e maiores responsáveis pelo aumento do número de mortalidade,
segundo a organização mundial da saúde, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 30%
de mortes no mundo.

Dessa forma, o presente trabalho procura descrever sucintamente o sistema linfático, desde os
conceitos básicos que concorrem para a sua melhor compreensão, até as prováveis patologias
associadas. Em complementaridade, debruça-se ainda ao longo do trabalho, sobre a análise
laboratorial do perfil cardíaco, como forma de se edificar a ponte estreita de conhecimento entre
a Anatomia e a Bioquímica Clínica, decorrente do módulo em estudo para o curso de Técnico de
Laboratório do Instituto de Ciências de Saúde de Maputo (ICSM).

1.1.Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral:

 Descrição do Sistema Linfático e análise laboratorial do Perfil Cardíaco.

1.1.2. Objectivos Específicos:

 Conceitualizar e caracterizar o Sistema Linfático e Linfa;


 Descrever as funções, estrutura e fisiologia do Sistema Linfático;
 Identificar as principais Patologias dos Sistemas Linfático e Cardíaco;
 Avaliar os principais marcadores Bioquímicos do Perfil Cardíaco.

1
2. SISTEMA LINFÁTICO

2.1.Conceito

O sistema linfático é um sistema de drenagem auxiliar do sistema circulatório. O mesmo é


constituído por uma rede complexa de órgãos linfóides, linfonodos, ductos linfáticos, tecidos
linfáticos, capilares linfáticos e vasos linfáticos que produzem e transportam o fluido linfático
(linfa) dos tecidos para o sistema circulatório, ou seja, é constituído por uma vasta rede de vasos
semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se distribuem por todo o corpo e recolhem o líquido
tissular que não retornou aos capilares sanguíneos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação
sanguínea.

2.2.Funções do Sistema Linfático

O sistema linfático é uma parte importante do sistema imunológico, produzindo e liberando


linfócitos e outras células de defesa que combatem bactérias, vírus, parasitas e fungos, ajudando
na prevenção de diversos tipos de doenças, como câncer, gripe e resfriado.

O sistema linfático apresenta ainda as seguintes funções:

 Colectar e filtrar o excesso de líquido do corpo, através da linfa, e, depois, transferi-lo


para o sangue;
 Absorver a gordura do intestino e transportar para o sangue, contribuindo para produção
de linfócitos e desenvolvimento da imunidade;
 Transportar e remover resíduos e células “com defeito” do organismo.

2.3.Estrutura e Constituição do Sistema Linfático

O sistema linfático é composto por células, vasos, tecidos e órgãos, que desempenham variadas
funções. Os principais componentes desse sistema incluem:

2
2.3.1. Linfa

É um líquido transparente, esbranquiçado (algumas vezes amarelado ou rosado), alcalino e de


sabor salgado, que circula pelos vasos linfáticos. Cerca de 2/3 de toda a linfa derivam do fígado e
do intestino. Sua composição é semelhante à do sangue, mas não possui hemácias, apesar de
conter glóbulos brancos dos quais 99% são linfócitos. No sangue os linfócitos representam cerca
de 50% do total de glóbulos brancos.

 Função: a linfa ajuda a drenar o excesso de água e resíduos do organismo, além de


transportar os glóbulos brancos para todo o corpo, ajudando a combater infecções.

2.3.2. Vasos linfáticos

Os vasos linfáticos conduzem a linfa em seu interior. Eles podem ser de três tipos: capilares
linfáticos, colectores linfáticos e troncos linfáticos. Os capilares são os menores vasos linfáticos
e possuem paredes delgadas. À medida que os capilares linfáticos percorrem o caminho para
levar a linfa para o coração, aumentam de tamanho e formam os vasos linfáticos. Esses capilares
se iniciam em fundo cego, diferentes dos capilares sanguíneos que apresentam um lado arterial e
um lado venoso. O vaso linfático é formado pela junção de vários capilares e possuem válvulas
que direccionam a linfa ao encontro dos linfonodos. Os vasos aferentes são os que chegam aos
linfonodos e os vasos eferentes são os que saem dos linfonodos.

 Função: os capilares e os vasos linfáticos colectam e levam a linfa para ser filtrada nos
linfonodos. Ao final do trajecto e filtração, os vasos linfáticos liberam a linfa, já filtrada,
nos ductos torácicos, estrutura que vai do abdómen ao pescoço.

2.3.3. Ductos linfáticos

São grandes canais linfáticos, conhecidos como ducto linfático esquerdo e ducto linfático direito,
onde os vasos linfáticos esvaziam a linfa, já filtrada. Esses ductos se conectam ao coração, por
onde a linfa passa antes de retornar para a corrente sanguínea.

O ducto torácico é o maior ducto linfático e apresenta uma extensão de 45 cm no indivíduo


adulto e se inicia na cisterna do quilo, que fica no abdome, na região lombar direita abaixo do

3
diafragma. O ducto linfático direito é um vaso bem menor em extensão que o ducto torácico,
apresenta 4 cm de comprimento e fica sobre o músculo escaleno anterior.

 Função: o ducto torácico colecta e conduz a maior parte da linfa do corpo para o sangue,
ajudando a manter o volume de sangue e a pressão arterial normais, além de evitar o
acúmulo de líquido, conhecido como edema. O ducto linfático direito recebe a linfa da
metade superior do lobo direito do fígado, do pulmão direito e da pleura, do lado direito
do coração, do braço direito, do lado direito da cabeça, pescoço e do tórax.

2.3.4. Órgãos linfáticos

Os órgãos linfáticos se encontram distribuídos ao longo do trajecto dos vasos linfáticos, que são
estimulados sempre que há uma infecção ou inflamação. Os principais órgãos linfáticos são:

a) Timo:

É uma glândula localizada na parte superior do tórax, que tem a função de desenvolver e
multiplicar os linfócitos T, células da medula óssea que ajudam a combater microrganismos,
especialmente nos primeiros anos de vida. O timo apresenta dois lobos e está situado
parcialmente no pescoço e no tórax, se estendendo desde a parte inferior da tireóide até a quarta
cartilagem costal. O timo cresce até o período da puberdade, depois passa a involuir até ser
substituído por tecido adiposo. Ele apresenta uma coloração cinzenta rosada, mole e lobulado,
medindo aproximadamente 5 cm de comprimento, 4 cm de largura e 6 mm de espessura.

b) Baço:

É o maior órgão linfático, localizado na região do hipocôndrio esquerdo, porém sua extremidade
cranial se estende na região epigástrica. Ele está situado na parte superior esquerda do abdómen,
acima do estômago, sendo responsável por produzir os linfócitos. Ele é mole, de consistência
muito friável, altamente vascularizado e de uma coloração púrpura escura. O tamanho e peso do
baço varia muito, no adulto tem cerca de 12 cm de comprimento, 7 cm de largura e 3 cm de
espessura.

4
Apresenta duas faces: a diafragmática (em contacto com a região inferior do diafragma) e
visceral. Na face visceral, encontra-se o hilo do baço, uma fenda onde penetram nervos e vasos,
incluindo a veia esplénica, que tem a função de drenar o sangue do baço.

As principais funções do baço são as de reserva de sangue, para o caso de uma hemorragia
intensa, destruição dos glóbulos vermelhos do sangue e preparação de uma nova hemoglobina a
partir do ferro liberado da destruição dos glóbulos vermelhos.

c) Linfonodos:

Os linfonodos são pequenas glândulas encontradas em regiões como axila, virilha e pescoço que
são responsáveis por filtrar a linfa, removendo bactérias, vírus e células cancerígenas, além de
produzirem e armazenarem células brancas (linfócitos) que tem efeito bactericida, ou seja, são
células que combatem infecções e doenças. Existem cerca de 400 gânglios no homem, dos quais
160 encontram-se na região do pescoço. Quando ocorre uma infecção, podem aumentar de
tamanho e ficar doloridos enquanto estão reagindo aos microrganismos invasores. Eles também
liberam os linfócitos para a corrente sanguínea. Possuem estrutura e função muito semelhantes às
do baço.

d) Tonsilas:

As tonsilas são pequenas estruturas linfoides localizadas na região de cabeça e pescoço. Essas
estruturas podem ser de três tipos que são tonsila faríngea, tonsila palatina e tonsila lingual. Elas
são responsáveis por produzir células do sistema imune e auxiliar na protecção contra
microrganismos.

 Tonsilas Palatinas (Amígdalas): a tonsila palatina encontra-se na parede lateral da parte


oral da faringe, entre os dois arcos palatinos. Produzem linfócitos.

 Tonsila Faríngea (Adenóides): é uma saliência produzida por tecido linfático,


encontrada na parede posterior da parte nasal da faringe. Esta, durante a infância, em
geral se hipertrofia em uma massa considerável conhecida como adenóide.

 Tonsila Lingual: está localizada na parte posterior do dorso lingual, por trás do sulco
terminal da língua.

5
Imagem 1: Constituição do Sistema Linfático. (Fonte: Sobotta, (2008)).

2.4.Circulação Linfática

A circulação linfática é responsável pela absorção de detritos e macromoléculas que as células


produzem durante seu metabolismo, ou que não conseguem ser captadas pelo sistema sanguíneo.

6
O sistema linfático colecta a linfa, por difusão, através dos capilares linfáticos, e a conduz para
dentro do sistema linfático. Uma vez dentro do sistema, o fluido é chamado de linfa, e tem
sempre a mesma composição do que o fluido intersticial.

Ao contrário do sangue, que é impulsionado através dos vasos pela força do coração, o sistema
linfático não é um sistema fechado e não tem uma bomba central. A linfa depende
exclusivamente da acção de agentes externos para poder circular. A linfa move-se lentamente e
sob baixa pressão devido principalmente à compressão provocada pelos movimentos dos
músculos esqueléticos que pressiona o fluido através dele. A contracção rítmica das paredes dos
vasos também ajuda o fluido através dos capilares linfáticos. Todos os vasos linfáticos têm
válvulas unidireccionadas que impedem o refluxo, como no sistema venoso da circulação
sanguínea.

2.5.Principais Patologias do Sistema Linfático

Algumas situações podem provocar alterações no funcionamento do sistema linfático, resultando


em doenças, como:

a) Filariose: também conhecida como elefantíase, é uma das principais doenças do sistema
linfático, sendo causada pelo parasita Wuchereria bancrofti, que é transmitido para as
pessoas por meio da picada do mosquito do género Culex sp. Nessa doença, o parasita
atinge os vasos linfáticos e bloqueia o fluxo da linfa, causando inchaço do órgão que teve
sua circulação obstruída.

b) Câncer: alguns tipos de câncer podem acontecer nos vasos e órgãos da circulação
linfática, como o linfoma, um tipo de câncer onde a multiplicação dos linfócitos é
aumentada, comprometendo a circulação linfática e resultando na formação do tumor,
podendo levar a sintomas, como mal-estar, coceira e perda de peso.

c) Alergias: são reacções do organismo contra substâncias, como poeira, pólen e fumaça de
cigarro, podendo causar situações, como rinite alérgica, asma, conjuntivite e dermatite.
As alergias acontecem quando o organismo aumenta a produção das células de defesa

7
para tentar combater as substâncias, levando a inflamação e sintomas como espirros,
corrimento nasal, entupimento do nariz ou dificuldade ao respirar.

d) Linfonodos aumentados: isso ocorre devido a infecções, como faringite, mononucleose


ou infecção por HIV, ou ainda podem estar aumentados devido a uma infecção ou câncer.
Já a linfadenite é uma inflamação causada por microrganismos nos nódulos ou glândulas
linfáticas, que ficam aumentados e moles.

e) Malformação do sistema linfático: também podem causar alterações na circulação da


linfa, podendo acontecer devido a alterações nos vasos ou gânglios linfáticos. Ao
prejudicar a circulação da linfa para a corrente sanguínea, essas situações podem causar o
linfedema, que é o inchaço gerado pelo acúmulo de linfa e líquido no corpo.

f) Lesões em órgãos do sistema linfático: lesões na medula óssea, baço e linfonodos,


causadas por pancadas ou como consequência de tratamentos com medicamentos,
também podem alterar a circulação linfática. Mulheres que passam pelo tratamento de
câncer de mama com radioterapia ou retirada dos gânglios linfáticos da região da axila,
por exemplo, podem apresentar alterações na capacidade de drenagem da linfa.

3. ANÁLISE LABORATORIAL DO PERFIL CARDÍACO

A insuficiência circulatória aguda provoca alterações celulares que podem variar desde discretas
perdas de algumas propriedades da membrana até a morte celular. No decorrer destas
modificações algumas substâncias intracelulares ganham o espaço intersticial e a circulação na
corrente sanguínea, resultando em aumento transitório dos níveis circulantes. Estas substâncias
incluem a aspartato aminotranferase, (AST), a mioglobina, a creatina quinase (CK), a
desidrogenase láctica (LDH), as troponinas, entre outras. Essas substâncias são utilizadas para
avaliar os distúrbios cardíacos.

8
Fig. 1- Cinética de CK (CPK), LDH e AST (GOT) nos dias após início dos sintomas.

3.1. Creatina-quinase (CK)

A CK é uma enzima que tem sua concentração maior em regiões como músculo-esquelético,
cérebro e miocárdio. É responsável por catalisar a fosforilação reversível da creatinina pela
adenosina trifosfato (ATP). A CK tem sua subdivisão em dois dímeros M e B, a CK-MM,
advinda do músculo-esquelético, a CK-BB com predominância no cérebro e a CK-MB,
predominância miocárdica, podendo ser localizada também em músculo-esquelético.

 CK1 ou BB – Presente fundamentalmente no tecido nervoso e também no rim, intestino e


tiróide;
 CK2 ou MB – Presente no miocárdio e no músculo liso (Esófago);
 CK3 – MM – é a forma mais abundante e encontra se em todos os tecidos, mas
essencialmente no músculo-esquelético.

O diagnóstico da CK total tem alto índice de sensibilidade (98%), porém, em aproximadamente


15% dos casos podem haver resultados falso-positivos. Podem-se citar como interferentes nesse
resultado os traumatismos músculo-esqueléticos, esforço muscular intenso e convulsões.

A positividade da CK total em casos de doença cardiovascular aguda pode ser observada em 3-4
horas após os inícios da sintomatologia inicial, podendo se estender positivo por

9
aproximadamente três a quatro dias (72-96 horas). Tempo de positivação superior a este sugere
investigar se houve re-infarto.

Preparo do paciente: Jejum mínimo de 4 horas (recomendável) e evitar actividades físicas


vigorosas 24 horas antes do teste.

Valores de Referência:

 Homens ..............15 à 160 U/L


 Mulheres ............15 à 130 U/L

Significado Clínico: Os resultados da CK total e CK-MB podem ser aplicados no diagnóstico do


infarto agudo do miocárdio, doenças musculares e acidentes vasculares cerebrais.

3.2. Creatina Quinase Fração MB (CK-MB)

A CK-MB é a isoenzima de maior predominância miocárdica, por isso, apresenta maior


especificidade e sensibilidade nos testes diagnósticos (98%). Sua positividade apresenta-se de
três a seis horas da dor precordial, podendo manter-se em tais circunstâncias por 12-24 horas e
espera-se de dois a três dias que volte a sua normalidade.

Preparo do paciente: Jejum mínimo de 4 horas (recomendável) e evitar actividades físicas


vigorosas 24 horas antes do teste.

Valores de Referência: Tanto para Homens e Mulheres, os valores devem ser menores que
25U/L.

Significado Clínico: Os valores de referência se encontram alterados também nos casos de


outras desordens cardíacas como: desfibrilação, insuficiência coronária, fibrilação auricular
crónica, cateterismo cardíaco, choque eléctrico, electrocauterização, electromiografia, injecções
intramusculares e massagem muscular recente podem dar falsos resultados aumentados.

O aumento da CKMB pode sugerir também: Contusão cardíaca; Cardioversão; Angioplastia


coronariana transluminal; Pericardite; Miocardite; Taquicardia supraventricular prolongada;
Cardiomiopatia; insuficiência cardíaca congestiva ou angiografia coronariana, etc.

10
3.3. Troponinas

As troponinas (Tn) são proteínas que estão presentes nas células musculares do aparelho
miofibrilar do sarcómero, estrutura básica de contracção da fibra muscular esquelética e cardíaca.
Com uma isquemia severa reversível a membrana da célula miocárdica pode se tornar vulnerável
e desintegrar-se gerando vazamento temporário. Já nos danos irreversíveis os filamentos são
degenerados ocorrendo extravasamento prolongado das Tn aumentando a quantificação na
circulação sistémica. Nas suas subdivisões ou subunidades podemos encontrar a troponina l,
inibidora da actina, troponina C, que se liga ao cálcio auxiliando na contracção e a troponina T,
subunidade ligada a miosina denominada também de tropomiosina. As formas mais utilizadas
nos diagnósticos das doenças cardiovasculares agudas são a troponina T (cTnT) e a troponina I
(cTnI).

Significado Clínico: As troponinas têm sido consideradas eficazes para o diagnóstico precoce de
lesão cardiovascular por sua elevada especificidade. Elas se encontram em forma detectável no
plasma após aproximadamente 3-4 horas (cTnI) e de 4-6 horas (cTnT) após a dor precordial.

As dosagens seriadas são importantes para o diagnóstico do reinfarto que pode ocorrer dentro de
28 dias do infarto incidente. Se ocorrer após 28 dias, é considerado recorrente. Medidas seriadas
de troponinas devem ser obtidas (no momento dos sintomas e 3 a 6 horas após), sendo
considerado reinfarto um incremento de 20% relativo entre essas medidas.

Valores de Referência: 0,02 a 0,06 ng/ml.

3.4. Mioglobina

A mioglobina é uma hemeproteína presente no músculo-esquelético e cardíaco. Sua função


fisiológica é facilitar a difusão de oxigénio na célula muscular. Seu diagnóstico é facilitado por
ser de peso molecular muito baixo, e por conta deste fato, poder ser encontrada e dosada com
maior facilidade nos casos de necrose tecidual, apresentando alta sensibilidade.

Este marcador desenvolveu muito interesse nos ramos da pesquisa há tempos, porém estes
estudos se inviabilizavam na utilização prática na atenção de urgência e emergência, visto que no

11
mercado ainda não era possível ter um exame que pudesse ser dosado de forma rápida.
Actualmente, existe a utilização de testes viáveis na prática diagnóstica quando abordamos a
mioglobina.

Significado Clínico: Os níveis de mioglobina se elevam em até 2-3 horas após o início da dor
precordial e se mantém em níveis elevados por até 12 horas, retomando seus níveis basais em 24-
36 horas. Sua especificidade pode ser posta em pauta por ter seu resultado facilmente alterado
por pessoas que pratiquem exercício físico extenuante ou alguma prática que envolva esforço
físico.

3.5. Lactato Desidrogenase

A Lactato desidrogenase (LDH) é encontrada exclusivamente no citoplasma celular e tem a


função de transferir iões de hidrogénio catalisando a oxidação reversível de lactato em piruvato.
Ela está presente em quase todas as células do organismo humano, principalmente, fígado,
miocárdio, músculo-esquelético e hemácias. A LDH se subdivide em cinco isoenzimas:

 LDH1 (Coração, rim e hemáceas);


 LDH2 (Leucócitos e músculo cardíaco);
 LDH3 (Pulmões);
 LDH4 (Rins, placenta e pâncreas e
 LDH5 (Fígado e musculatura esquelética).

Preparo do paciente: Jejum mínimo de 4 horas (recomendável) e evitar ingestão de álcool 72


horas antes do teste.

Significado Clínico: Somente a LDH1 está presente na musculatura cardíaca. Seus níveis,
quando alterados, podem ser detectáveis através de exame em sangue periférico. A LDH1 é o
foco nas pesquisas e diagnóstico de doença cardiovascular aguda. Quando há algum acidente
cardiovascular, os níveis de LDH apresentam-se alterados em aproximadamente 82-100% destes
casos, sendo que grande parte é composta de LDH1 proveniente do coração. Seus níveis no
plasma aumentam aproximadamente 8-24 horas após acometimento dos sintomas inicias da fase
aguda com ápice de actividade de 72-144 horas e retorno aos valores normais de 8 a 14dias.

12
Valores de Referência (LDH):

Idade (dias/anos) Masculino U/L Feminino U/L


1 à 30 dias 125 à 735 145 à 765
Até 1 ano 170 à 450 190 à 420
1 à 3 anos 155 à 345 165 à 395
4 à 6 anos 155 à 345 135 à 345
7 à 9 anos 145 à 300 140 à 280
10 à 12 anos 120 à 325 120 à 260
13 à 15 anos 120 à 290 100 à 275
16 à 18 anos 105 à 235 105 à 230
Acima de 18 anos 100 à 190 100 à 190

O quadro a seguir relaciona alguns dos marcadores descritos acima:

13
4. CONCLUSÃO

Através do exposto acima, resultante de uma pesquisa bibliográfica, pode-se concluir que, o
sistema linfático possui um papel fundamental no equilíbrio do corpo humano e que, apesar de o
organismo realizar a drenagem linfática de forma natural, eventualmente pode ocorrer um
desequilíbrio no funcionamento, acarretando em edema.

O Sistema linfático auxilia na drenagem do sistema circulatório e leva o líquido tecidual do


corpo, que recebe o nome de linfa, quando adentra nos vasos linfáticos. O sistema linfático
possui órgãos linfoides (timo, baço e linfonodos). Os linfonodos têm a função de defender o
organismo impedindo que substâncias entrem na corrente sanguínea. O baço é o maior órgão do
sistema linfoide e o timo é um órgão linfoide, sua função é produzir linfócitos, ele se desenvolve
até a idade da puberdade depois deixa de evoluir até o momento de ser substituído por tecido
adiposo.

A função e a relação desse sistema com o sistema circulatório se justificam na dificuldade que as
grandes moléculas do líquido tecidual têm para penetrar nos capilares sanguíneos. Dessa forma,
é necessário que os capilares linfáticos sejam mais calibrosos que os capilares sanguíneos.

Os marcadores do perfil cardíaco são dosados no soro do paciente colectado em tubos com gel
separador, sem jejum prévio no acto do atendimento médico, e encaminhados para o sector de
bioquímica no qual são dosados por reacções rápidas em aparelhos automatizados. Nem todos os
marcadores são considerados específicos, podendo também estar alterados na presença de outras
patologias, sendo assim necessária a avaliação clínica do paciente e exames complementares
para um exacto diagnóstico.

14
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JACOBE, S.W; FRANCONE, C.A; Anatomia e Fisiologia Humana. 5ª Ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.

JUÍZO, Meto e RAMIREZ, Lucy. EXAMES BIOQUÍMICOS: Módulo Vocacional para


Formação Inicial de Técnicos Médios de Laboratório. Ministério da Saúde (MISAU): 1ª
Edição. Maputo. 2017.

MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F. Anatomia Orientada Para a Clínica. 4ª ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

MOTTA, V. T. Bioquímica Clínica Para o Laboratório, Princípios e Interpretações.


5ª ed. São Paulo: Medbook Missau. 2009.

NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 3ª ed. Porto Alegre: Armed, 2003.

RIZZO, C, Donald. Fundamentos de anatomia e fisiologia. 3.ed. São Paulo: Cencage


Learning, 2012.

SOBOTTA, Atlas de Anatomia Humana, volume 1 / editado por R. Putz e R. Pabst, Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

15
6. ANEXOS

1- Tonsilas

2- Timo

3- Baço

4- Medula óssea

5- Veia

6- Artéria

7- Vaso linfático eferente

8- Vaso linfático aferente

16

Você também pode gostar