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RFID sem Chip, o Código de Barras do Futuro?

Article in Revista de Tecnologia da Informação e Comunicação · October 2015


DOI: 10.12721/2237-5112/rtic.v5n2p19-24

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3 authors, including:

A. Serres Edmar Gurjao


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
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REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇ ÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 5, NO. 2, OUTUBRO DE 2015 19

RFID sem Chip, o Código de Barras do Futuro ?

Alexandre Jean René Serres1, Member, IEEE, Edmar Candeia Gurjão1, Member, IEEE, Georgina
Karla de Freitas Serres Member, IEEE
1
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Campina Grande, Brasil
Grupo de Radiometria – UFCG
E-mails: {alexandreserres, ecandeia}@dee.ufcg.edu.br, georgina.serres@gmail.com

Resumo — O custo das etiquetas é um dos fatores limitantes


para que a tecnologia RFID substitua o código de barras. Para
reduzir esse custo foram propostas as etiquetas sem chip, e nesse
texto é feita uma revisão sobre as formas mais citadas na
literatura para implementação dessas etiquetas. Os domínios do
tempo e frequência tem sido explorados na busca de obter uma
etiqueta compacta e com grande quantidade de bits. Será possível
observar que vários avanços já foram realizados, mas que há
muito ainda para ser pesquisado para obter uma etiqueta que
consiga fazer com que o RFID passe a ser o código de barras do
futuro. Fig. 1 Diagrama de um sistema RFID típico. Fonte: [5].

Palavras Chaves — RFID, etiquetas, chip, codificação. Nos sistemas RFID clássicos, a etiqueta contém dois
componentes, um chip e uma antena. O chip contém
informações de identificação (número de série ou outro tipo de
I. INTRODUÇÃO dado) que será atribuída pelo sistema ao produto a ele

R FID (Radio Frequency Identification – Identificação


por Rádio Frequência) é uma tecnologia sem fio de
extração de informação que usa rádio frequência (RF) para
associado. O chip pode para ser apenas leitura (read-only),
apenas uma escrita (write-once) ou regravável (read/write). Já
a função da antena depende do tipo de etiqueta. Segundo [6],
capturar dados codificados em tags (etiquetas especiais que existem três tipos de etiquetas com chip:
contam com uma antena e um chip) remotamente localizados
[1-3]. RFID é amplamente utilizado em bilhetes de transporte, a) Passivo: sem nenhuma fonte interna de energia. A
ingressos de shows, cobrança de pedágio, controle de estoque, corrente induzida na antena pela onda de rádio frequência
inventário, identificação militar, entre outros usos. É a provê energia suficiente para excitar o circuito integrado e
tecnologia candidata a substituir o código de barras para para a transmissão da resposta. A etiqueta envia sua resposta
rastreabilidade, pois apresenta grandes vantagens, como pelo retroespalhamento (backscattering) da portadora do
leitura concomitante de múltiplos produtos, maior alcance e leitor, que é modulada por variação de carga no chip. Desta
possibilidade de leitura mesmo que não haja linha de visão maneira, a antena tem que ser concebida tanto para captação
entre o objeto e o leitor [4]. de energia da onda enviada, como para transmissão da onda
refletida. A ausência de bateria permite o desenvolvimento de
etiquetas com pequenas dimensões, de vida útil muito longa e
de baixo custo. Por isto, a maioria das etiquetas RFID
II. SISTEMAS RFID
produzidas se enquadra nesta categoria. O alcance de leitura
Um sistema típico de RFID consiste de três componentes destas etiquetas varia de alguns milímetros para alguns metros,
principais: um leitor, que envia o sinal de interrogação, uma dependendo da aplicação.
etiqueta que contém o código de identificação e deve
responder ao sinal enviado pelo leitor, e um software, que b) Semipassivo: Similar aos passivos, porém com uma
mantém a interface e o protocolo para codificação e pequena bateria, que permite que o chip esteja sempre
decodificação da informação recebida pelo leitor para um excitado. Desta maneira as antenas são usadas exclusivamente
computador [5]. Este computador, por sua vez, pode ter acesso para a retransmissão da onda refletida. Este tipo de etiqueta
à Internet para estender a conectividade do sistema. A Figura 1 também é conhecido como passiva assistida por bateria.
ilustra e interconexão entre os componentes de um sistema
típico RFID. c) Ativo: contém uma bateria que, além de excitar o chip,
gera o sinal que é emitido. Constitui uma classe particular de
etiquetas, pois emite seu sinal permanentemente, diferenciado
do protocolo comum, no qual o envio do sinal ocorre mediante
uma solicitação.
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A tecnologia RFID foi inicialmente proposta por Stockman descontinuidades, de modo que o sinal refletido contém alguns
em seu artigo Communication by Means of Reflected Power pulsos. A informação é modulada então pela posição dos
[7]. Neste artigo, Stockman defende que alternando a carga da pulsos (PPM – pulse position modulation). Já existe uma
antena da etiqueta é possível variar a potência refletida, e etiqueta comercial com esta tecnologia, cujo substrato é do
portanto, conseguir um tipo de modulação conhecida como tipo Onda Acústica de Superfície (SAW – Surface Acoustic
modulação por variação de carga. Wave), que é um material piezoelétrico [10]. A escolha do
Para as etiquetas clássicas com chip, a comunicação pode material se justifica pela grande capacidade de codificação em
ocorrer em várias faixas de frequência: 125 kHz – 134 kHz, área bastante pequena, porém este material é muito caro, então
13,56 MHz, 860 MHz – 930 MHz, 2,45 GHz e 5,8 GHz. As o custo unitário de cada etiqueta não é reduzido.
duas frequências principais são 13,56 MHz, referenciada como A técnica de codificação no domínio da frequência, utiliza-
alta frequência (HF - High Frequency) e 860 MHz – 930 se o método de codificação espectral. O formato da antena da
MHz, referenciada como ultra ala frequência (UHF - Ultra etiqueta é desenhado de tal maneira que as frequências de
High Frequency). A frequência de 13.56 MHz foi estabelecida ressonâncias armazenam os dados a serem transmitidos. Por
mundialmente para a RFID. No entanto, as frequências UHF praticidade, é interessante que a etiqueta possa ser diretamente
variam de acordo com a região. Por exemplo, na Europa, a impressa no produto, de tal maneira que a inserção ocorra
banda RFID UHF é 868 MHz – 870 MHz. Nos Estados ainda na produção do item.
Unidos, é de 902 MHz – 928 MHz. Essas diferenças de Uma das métrica de eficiência das etiquetas RFID sem chip
frequência impõem aos engenheiros de micro-ondas que as é a capacidade de codificação, que pode medida por área e por
etiquetas apresentem uma resposta pouco variável na banda de banda espectral. É interessante que a etiqueta possa transmitir
860 MHz a 930 MHz para utilização mundial. Caso contrário, o maior número de bits possível ocupando uma área pequena e
uma concepção diferente pode ser feita para cada região. utilizando uma baixa faixa de frequência. O máximo já
Apesar de seu potencial em relação ao código de barras, reportado foi 35 bits em uma área equivalente à de um cartão
existe um amplo mercado de trilhões de itens vendidos de crédito [11].
anualmente em aplicações de baixo custo que ainda são Uma outra questão é a faixa de frequência na qual a etiqueta
rastreados opticamente por código de barras. O grande entrave deve ser interrogada, pois esta não pode desrespeitar as
para uma ampla difusão desta tecnologia é seu alto custo em normas regulamentadoras (apesar de ainda não existir
relação ao código de barras. O motivo pelo qual o preço de nenhuma norma específica para o RFID sem chip). Desta
uma etiqueta é elevado é a utilização do chip. Uma maneira, vale a pena concentrar esforços no método de leitura
investigação profunda deste alto custo é dada em [8]. da informação das etiquetas. Os efeitos do ambiente na
O preço de uma etiqueta em torno de 10 centavos de dólar, resposta da etiqueta sem chip também é outro problema, ainda
enquanto a implementação de código de barra em um item não existem tantos estudos neste tema em relação ao RFID
custa menos de 0,1 centavo de dólar. O alto custo de produção clássico.
de uma etiqueta é basicamente devido ao projeto e ao teste do Outras questões a serem estudadas envolvem a resposta da
Circuito Integrado de Aplicação Específica (ASIC - etiqueta é sua dependência à polarização do campo incidente
Application Specific Integrated Circuit). Sabe-se que o custo [12]. Intrinsecamente, a tecnologia do RFID sem chip não é
de um ASIC é diretamente proporcional a sua área. Apesar de adequada para múltiplas leituras simultâneas. No entanto,
estudos para aumentar a densidade de transistores por unidade estudos feitos neste tema sugerem que técnicas de separação
de área, e reduzir o projeto de um chip RFID para um número temporal e espacial podem ser aplicadas para efetuar leitura
pequeno de transistores, a redução da área do chip, mesmo simultânea de diversas etiquetas. Além disso, os estudos mais
barateando seu custo de fabricação, traz limitações e recentes propõem etiquetas cuja resposta não dependa da
problemas extras, como custos adicionais de manipulação. polarização, para que não seja necessário implementar no
Esses são os motivos pelos quais é muito difícil baratear o leitor a diversidade de polarização, simplificando assim este
preço de uma etiqueta com chip. Na seção II é apresentado o dispositivo. Nas próximas seção serão apresentadas as
design da etiqueta proposta. Os resultados são discutidos na topologias mais citadas na literatura para implementação das
seção III e, finalmente encontram-se as conclusões na seção etiquetas RFID sem chip.
IV.
IV. TOPOLOGIAS DE TAGS RFID SEM CHIP NO DOMÍNIO DA
III. RFID SEM CHIP FREQUÊNCIA
Numa tentativa de baratear a tecnologia e promover sua Nesta seção, as topologias de algumas etiquetas e as
expansão, recentemente, muita atenção é dada a versão sem assinaturas por elas produzidas são descritas.
chip do RFID (chipless RFID). Neste caso, a codificação de
A. Ressoadores com fendas em anel (Slot rings)
informação é feita na assinatura eletromagnética da etiqueta.
Como não existe chip, não há protocolo de comunicação. Uma Uma das primeiras topologias desenvolvidas foram os
boa revisão dos métodos de codificação de informação e dos ressoadores com fendas em anel. Consiste, basicamente, de
aspectos práticos que precisam ser levados em consideração uma antena patch constituída de fendas ressonantes em
sobre o RFID sem chip é feita em [9]. formato de anel (Figura 2(a)) [13]. O dual desta estrutura, ou
As técnicas de codificação podem ser no domínio do tempo, seja, pistas circulares de condutores em formato de anel
da frequência ou híbridas. No primeiro caso, um pequeno (Figura 2(b)), também é bastante investigada [9]. Em [4],
pulso é enviado a etiqueta, que foi projetada contendo algumas observa-se que as ressonâncias de ordem igual ou superior à
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segunda não estão presentes no sinal retroespalhado, como


pode ser observado na Figura 3, na qual está ilustrada a
resposta da estrutura da Figura 2(a) e onde percebe-se a
ausência total de harmônicas. Outra vantagem é que, devido à
simetria da estrutura, a assinatura eletromagnética é a mesma
independente da polarização da onda incidente. No entanto,
quando comparada à técnica de curva de preenchimento
espacial [6], esta técnica apresenta a vantagem de que o
tamanho da estrutura não cresce linearmente com o aumento
de bits, visto que o aumento de bits acarreta apenas o aumento
de fendas, não necessariamente aumento da superfície da
etiqueta, como visto na Figura 9.

Fig. 5 Resultado das simulações das diferentes etiquetas da figura 9. (a)


Etiquetas 11111111 e 00000000; (b) Etiquetas 10101010 e 01010101. Fonte:
Fig. 2 (a) Antena patch circular carregada de uma fenda ressonante em [13].
formato de anel. Fonte: [13]; (b) Estrutura dual à (a). Fonte: [5].
B. Ressoadores em Espira com Antenas Monopolos
Uma outra topologia apresentada é, atualmente, a estrutura
mais referenciada nos trabalhos científicos sobre RFID sem
chip. Trata-se dos Ressoadores em Espira com Antenas
Monopolo apresentados em [8] e [11]. Utilizando esta técnica,
os autores conseguiram codificar 35 bits em uma área
equivalente a de um cartão de crédito (8.6 cm x 5.4 cm). O
princípio de funcionamento desta estrutura é esboçado na
Figura 11. As antenas são usadas para receber o sinal do leitor
e retransmitir o sinal de volta para o mesmo depois de ter sido
modulado pelo circuito multi-ressoante. O multi-ressoador é a
combinação de diversas seções que filtram o sinal, provendo
uma modulação tanto em magnitude quanto em fase.

Fig. 3 Resposta da onda retroespalhada pela estrutura da figura 7(a). Fonte:


[13].

Fig. 4 Projeto de etiquetas referentes a diferentes números binários. (a)


11111111; (b) 00000000; (c) 10101010 e (d) 01010101. Fonte: [13].
Fig. 6 Diagrama de bloco da etiqueta RFID sem chip proposto em [8].
As respostas das etiquetas representadas na Figura 4 são
mostradas na Figura 5. A análise da resposta destas etiquetas A Figura 7 mostra um exemplo de um circuito de três bits
torna explícita uma das desvantagens deste método: a utilizando espiras ressoantes em uma linha de transmissão do
assinatura eletromagnética das etiquetas ocupa uma banda tipo Guia de Onda Coplanar (CPW - Coplanar Waveguide).
passante significativamente maior. Para codificar 8 bits, são Cada espira funciona como um filtro rejeita-faixa projetado
necessários 9 GHz (1,125 GHz/bit). para ressoar em uma frequência específica. A frequência em
que a ressonância ocorre depende do tamanho total da espira.
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A ressonância introduzida pelo filtro rejeita-faixa introduz A vantagem de curto-circuitar as espiras em vez de eliminá-
uma atenuação de magnitude e um salto de fase no sinal que las por completo é a possibilidade de permitir a impressão do
passa pela linha de transmissão. Ao chegar no leitor, o bit que projeto com todas as espiras curto-circuitadas e, apenas na
se refere a esta ressonância é identificado pela mudança fase de codificação, os curtos-circuitos são eliminados por um
abrupta de amplitude e fase. laser ou outra tecnologia similar.

Fig. 7 Circuito multi-ressoante de 3-bits em uma linha de transmissão CPW.


Fonte: [8].

O resultado da simulação da resposta do circuito da Figura


7 é mostrado na Figura 8. É notável que cada espira provê uma
ressonância clara entre 2 e 2,5 GHz. As ressonâncias estão
separadas em frequência em aproximadamente 200 MHz.
Fig. 10 Efeito da remoção da ressonância do espiral através de curto-circuito.
Também são claros na Figura 8 os saltos em fase causados por Fonte: [8].
cada espira. Cada pico mínimo de magnitude e salto em fase
são associados a um bit enquanto a ausência dos dois é A etiqueta proposta por [8] é mostrado na Figura 11. A
associada a outro bit. etiqueta foi impressa em Taconic TF- 90, cuja permissividade
relativa é de 2,9, espessura de 90µm e tangente de perdas
0,0028.
A resposta da etiqueta é mostrada na Figura 17. Constata-se
que esta etiqueta codifica 0,333 bits/cm2 e apresenta banda de
0,26 GHz/bit.

Fig. 8 Perdas de inserção e fase de transmissão do multi-ressoador de 3 bits


da Figura 12. Fonte: [8].

Uma maneira de codificar informação é a presença ou a


ausência de espiras, o que significa a presença ou ausência de
ressonância em uma determinada frequência, alterando assim
o bit a ser lido. No entanto, curto-circuitando as voltas de uma Fig. 11 Etiqueta RFID sem chip de 23 bits com Ressoadores em Espira e
espira, como mostra a Figura 9, provoca-se uma alteração da Antenas Monopolo. Fonte: [8].
frequência de ressonância, que passa a ocorrer fora da banda
de leitura. Essa alteração é ilustrada na Figura 10.

Fig. 9 Remoção da ressonância do espiral através de curto-circuito. Fonte:


[8]. Fig. 12 Resposta da etiqueta da Figura 16. Fonte: [8].
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V. TOPOLOGIAS DE TAGS RFID SEM CHIP NO DOMÍNIO DO


TEMPO
Nesta seção são apresentadas as etiquetas que realizam a
codificação no domínio do tempo.
A. Etiquetas SAW
As primeiras topologias de etiquetas com codificação no
domínio do tempo foram as etiquetas de onda acústica de
superfície (SAW - Surface Acoustic Wave) utilizando Fig. 13 (a) Etiqueta SAW proposta por [14] (b) Etiqueta SAW proposta por
substratos piezoeletricos como o Quartzo (SiO2) ou o Niobato [15].
de Lítio (LiNbO3). A tecnologia SAW é geralmente utilizados
para realizar filtro de RF de pequenas dimensões. Em um filtro Apesar de seu bom desempenho, hoje as etiquetas SAW não
SAW o efeito piezoelétrico é empregado para converter uma são competitivas em termos de custo, no entanto, uma patente
onda eletromagnética em onda acústica. Para isto, um par de recente estuda a possibilidade de substituir o substrato
condutores que transportam a onda eletromagnética está ligado piezoeléctrico por uma celulose específica [16], onde o arranjo
a um transdutor composto por eletrodos interconectados das fibras tenha sido modificado de modo que as ondas
depositados no substrato piezoelétrico. acústicas podem ser criadas.
As etiquetas SAW são compostas por uma antena, B. Etiquetas com linha de transmissão
geralmente de tipo dipolo, diretamente ligada a um transdutor
Alternativas, ainda em fase de pesquisa, são propostas no
eletroacústico. Uma onda, sob a forma de um curto impulso
domínio temporal. O princípio de leitura é idêntico no sentido
eletromagnético é enviado pelo leitor e é capturado pela
de que o leitor envia uma onda ultra-curta e a etiqueta
antena da etiqueta. A onda que se tornou acústica, em seguida, responde com reflexões múltiplas como um eco de radar. Os
propaga-se com uma velocidade lenta no substrato. Os substratos utilizados são mais tradicionais e de baixo custo.
refletores estão posicionados ao longo de todo o seu caminho Uma linha de atraso sobre a qual descontinuidades podem
para gerar reflexões na direção da antena. Estas reflexões são, ser induzidas por elementos localizados ou distribuídos na
por conseguinte, convertidas em ondas eletromagnéticas e re- finalidade de criar reflexões foi proposta em [16] como
irradiadas para o leitor. ilustrado na Figura 14 (a). A linha de atraso é composta de
Os refletores são elementos metálicos depositados no linha de microfita com geometria em meandros para
substrato piezoelétrico e podem assumir diferentes formas e minimizar a área total da etiqueta. Cada reflexão ocupa um
associações geométricas. A topologia de etiqueta proposta por espaço temporal de 2 ns, de modo que uma distância mínima
[14] utiliza um arranjo de transdutores como refletores, todos de 180 mm entre cada descontinuidade é necessária para evitar
ligados à antena como ilustrado na Figura 13(a). Assim, logo a superposição de pulsos. As descontinuidades são feitas por
que a onda acústica atinge um dos refletores, ela é convertida elementos capacitivos localizados. Com a sua presença, a
em uma onda eletromagnética e devolvida para a antena. A reflexão acontecerá ou não. Assim, em uma linha de atraso de
modificação da identificação (código) da etiqueta é realizada 8,2 x 3,1 cm² como podemos ver Figura 14 (b), 4 secções de
por alteração do espaçamento entre os vários transdutores. linha de atraso estão presentes, representando uma capacidade
Esta solução reduz a perda de inserção em comparação à de codificação de 4 bits. O impulso de transmissão utilizado
segunda topologia apresentada na Figura 13(b). para a medição tem uma largura de 0,5 ns, mas os autores
mencionam também um impulso com uma duração de 2 ns
Uma segunda topologia de etiquetas SAW mais comumente
para um sistema de leitura hipotética.
encontrada é utilizado um único transdutor e um arranjo de
refletores em circuito aberto [15]. Ao contrario das etiquetas
com arranjo de transdutores, as reflexões devem seguir o
caminho feito pela onda incidente na direção oposta para
voltar a ser transmitida pela antena. A codificação baseia-se
em uma modulação de posição de impulso em combinação
com a informação de fase que permite aumentar a eficiência
de codificação em uma área equivalente. A codificação é
efetuada alterando o posicionamento dos refletores sobre o
substrato. Este sistema demonstra ser eficiente, uma
capacidade de codificação da ordem de 256 bits é possível e o
seu tamanho pode ser relativamente pequeno (1x10 mm² sem
a antena). A antena usada é tipicamente um monopolo, dando
um comprimento de cerca de 30 mm a 2,45 GHz.

Fig. 14 (a) Princípio de funcionamento proposto em [16] (b) Vista da linha de


atraso configurável com capacitores localizados.
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Em [17,18] foi apresentada uma solução para reduzir o [15] C.A. Hartmann, “A global saw id tag with large data capacity,”
Ultrasonics Symposium, 2002. Proceedings. 2002 IEEE, 2002, p.65-69.
comprimento das seções de linhas de atraso. Para desacelerar a [16] J. Kim, “Saw based chipless passive rfid tag using cellulose paper as
propagação de ondas, linhas de transmissão de mão esquerda substrate and method for manufacturing the cellulose paper,” WO Patent
(LH - Left Handed) são utilizadas. No entanto, linhas de WO/2008/056,848, 2008.
transmissão de LH não podem ser realizadas de forma [17] C. Mandel, M. Schussler, M. Maasch and R. Jakoby, “A novel passive
phase modulator based on lh delay lines for chipless microwave rfid
simples. Em uma linha de transmissão LH, componentes série applications,” IEEE MTT-S International Microwave Workshop on
e em paralelo são invertidos. As etiquetas apresentadas em Wireless Sensing, Local Positioning, and RFID, 2009. IMWS 2009,
[17,18] utilizam capacitores em série e indutâncias em 2009, p.1-4.
[18] M. Schuler, C. Mandel, M. Maasch, A. Giere and R. Jakoby, “Phase
paralelos conectados no plano de terra. A diminuição do modulation scheme for chipless rfid-and wireless sensor tags,” Asia
comprimento da linha é alcançada através do aumento da Pacific Microwave Conference, 2009. APMC 2009, p.229-232.
complexidade da sua implementação, o que pesa no custo final
da realização da etiqueta.

VI. CONCLUSÕES
O desenvolvimento das etiquetas RFID sem chip tem
evoluído bastante nos últimos anos, conseguindo boas relações
de bits/mm2. Diversos domínios, como apresentado no texto,
tem sido explorados na busca de aumentar a quantidade de bits
codificados. Destaca-se no texto as codificações nos domínios
da frequência e do tempo, cada uma com suas vantagens e
desvantagens, e pode-se observar que há ainda muito a se
desenvolver, e que essa é uma área de pesquisa promissora.

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[11] S. Preradovic, N.C. Karmakar, "Design of fully printable planar chipless
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