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A IMPORTÂNCIA DA CATEQUESE PARA A VIDA DA IOBE
APÓS 40 ANOS NO BRASIL
A palavra “Catequese” vem do Grego “κατήχησις”, derivando
do verbo “κατηχέω” que significa em nossa língua "instruir a viva voz", isto é, ensinar pela palavra que se escuta. Em poucas palavras e de maneira simples, podemos entender catequese como a transmissão da fé! Neste sentido, o Catecúmeno ou o Catequizando é aquele que está no processo, no caminho de escuta e encontro com o Mestre. E, o Catequista, é o instrumento que Deus se serve, usado pelo próprio Espírito, para transmitir, através de uma pedagogia adequada e atual, o conteúdo da Verdade Revelada, o Depósito da Fé! Estudiosos da Sagrada Escritura dizem que esta palavra se encontra oito vezes no Novo Testamento: Quatro vezes na Obra lucana (Cf. Lc 1: 4; At 18:25; 21:21, 24) e quatro vezes nas Cartas de São Paulo (Rm 2:18, I Cor 14:19; Gl. 6: 6). Neste processo de transmissão da fé, podemos pensar em dois ambientes fundamentais, insubstituíveis e facilitadores: A Família e a Igreja Comunidade. Imediatamente pensamos nos protagonistas, respectivamente: Pais de um lado, e bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas e catequistas de outro. Faz sentido? A catequese, na Igreja primitiva e no tempo dos Padres da Igreja, começava no Lar. Cito dois exemplos: São Paulo, reconhece a importância da catequese familiar, ao recordar a fé transmitida ao jovem presbítero Timóteo: “Recordo-me também da fé sincera que há em ti, fé que habitou, primeiro, em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e que certamente habita em ti” (II Tim 2, 1:2). Encontrei também o testemunho de São Basílio (329-379), um dos pilares da Ortodoxia, ao testemunhar que recebeu a fé através de sua família: “Fomos ensinados e nutridos por uma mulher santa que vivia entre nós. Macrina, que aprendeu as palavras do beatíssimo Gregório. Ela conservou tudo na memória, e nos plasmava, quando ainda erámos pequeninos, através dos ensinamentos da santa religião”. Nossos pais ensinam as verdades básica da Ortodoxia aos seus filhos e netos? Sabem a maneira correta de fazerem o sinal da cruz? São levados à Divina Liturgia? Nossos filhos oram em casa conosco? Sabem o verdadeiro significado do Santo Natal e da Páscoa? Ensinamos aos pequeninos o caminho para o Céu? Eles reconhecem em nossos santos ícones o Pantocrator e a Theotókos? Eles reconhecem a história da salvação através das nossas 12 Festas? Nossos filhos já conhecem a ordem de nossas Iconostáses? Nossas famílias ortodoxas possuem seus altares de orações em seus lares? A Santa Igreja, que nasceu no Cenáculo em Pentecostes, nasceu para evangelizar! Ela continua a semear o Evangelho de Jesus no grande campo de Deus. Os filhos e filhas da Igreja, batizados e crismados, discípulos e discípulas de Jesus estão imersos no mundo como o fermento, mas, como em todos os tempos, não estão imunes de sofrer a influência das situações humanas. A Catequese, portanto, faz parte da essência e da missão da Santa Igreja, sempre e para sempre! Frequentemente, as pessoas que acedem à catequese, necessitam, de fato, de uma verdadeira conversão. Daqui parte também a necessidade de termos uma Catequese querigmática, centrada no anúncio do Amor de Deus! A Catequese é intrinsecamente ligada com toda a Ação Litúrgica e Sacramental. Já entendemos isso? Pensemos juntos na imensa riqueza da nossa Liturgia Bizantina que é simplesmente maravilhosa. Alguém pode ser tocado e evangelizado ao participar ativamente da Divina Liturgia. A catequese litúrgica pode e deve ser uma excelente e oportuna foram de encontro e preparação aos sacramentos, sobretudo aos catecúmenos, e favorecendo uma compreensão e uma experiência mais profunda da liturgia. Um ministro do altar zeloso ou um catequista cheio do Espírito Santo pode utilizar-se da Divina Liturgia para explica o conteúdo das orações, o sentido dos gestos e dos sinais, educa à participação ativa, à contemplação e ao silêncio. A Divina Liturgia é uma Catequese Viva! A formação para o apostolado e para a missão é uma das tarefas principais da catequese. Como teremos comunidade vivas sem evangelizadores e adoradores? E, nossa Igreja no Brasil, após 40 anos de presença? Temos evangelizado na força do Espírito? Somos uma Igreja que acolhe e ensina a fé? Somos catequistas em nossos lares? Nossa Paróquias e Mosteiros, Capelas e Comunidade possuem catequistas apaixonados por Jesus e pelo Reino? São homens e mulheres que estão dispostos a dar a vida pela Igreja? Nossos bispos e padres são catequistas pela vida e pelas palavras? Nossos diáconos, hipodiáconos e paraclesiarcos estão prontos para catequizar os que chegam? Os convertidos à Ortodoxia encontram um caminho que alimente a fé deles ao chegarem em nossas comunidades? Aproveitamos os velórios e as bençãos em casas e comércios para evangelizarmos? Catequizamos pais, padrinhos e nubentes que nos procuram? Embora se assemelhe ao processo cognitivo do ensino, a catequese não pode ser simplesmente uma aula sobre Deus! Catequese não é aula, é encontro! Catequizar não é simplesmente ensinar, muito embora tenha no seu bojo o sentido da educação e da formação; e sim anúncio e aprofundamento da fé, um caminho vivo para o encontro pessoal com a Santíssima Trindade! Catequizar é comunicar a Pessoa Viva de Jesus Cristo no Espírito Santo para poder transformar o ser humano por dentro, de modo que a Palavra tenha eficácia histórica, na sociedade e no cosmos. A finalidade definitiva da catequese é a de fazer com que alguém se ponha, não apenas em contato, mas em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo! Vivemos tempos difíceis, em uma sociedade marcada pela diversidade de pensamento e opiniões, onde o subjetivismo e o relativismo predominam. Temos ainda, característico desta pós- modernidade, um fenômeno novo chamado “fake-News”. Alguns pensadores falam da “era da pós-verdade”, da verdade subjetiva. Outros ousam falar de uma “era pós-cristã”. Fato é que a Igreja de Cristo não pode deixar seus filhos nas trevas da ignorância. Quem de nós não lembra a constatação do profeta ainda no Antigo Testamento? “Meu povo perece por falta de conhecimento” (Oséias 4, 6). Daqui percebemos quão urgente, além da Iniciação Cristã, tão fundamental na caminhada catequética da Igreja, precisamos também pensar, planejar, falar e atuar na catequese ao matrimônio, aos jovens e adolescentes, na catequese crismal, e na catequese dos adultos, em virtude da crise em torno da fé e da constatação de que a maioria não teve acesso a um aprofundamento da fé cristã. Quando acontece os encontros de Catequese em nossas Paróquias? E, quando pensamos em nossa realidade ortodoxa, tão jovem na América Latina, precisamos ainda mais! A grande parte de nós, não recebeu a Ortodoxia nem no sangue nem no leite, migramos para a Santa Igreja Ortodoxa após uma experiência quase sempre católica romana ou evangélica. Como é necessária uma sólida catequese através da Ortodoxia e da Ortopraxia! Irmãos e irmãs, urge que nosso Projeto Arquidiocesano de Catequese se estenda em toda nossa realidade como IOBE no Brasil. Juntamente com esta oferta de processos de iniciação, absolutamente imprescindível, cada uma de nossas Comunidades Ortodoxas, se quiserem se manterem vivas e obedientes ao Senhor, devem também oferecer processos de catequese permanente para todos que frequentam nossas Igrejas. Em obediência à Palavra do Senhor, precisamos lançar as redes em todas as nossa Comunidades e Missões! A Igreja, que tem a responsabilidade de catequizar aqueles que creem, nunca se cansará de invocar o Espírito Santo pela nossa nação! E, como não pode haver intervenção de Deus sem a ação do mesmo Espírito, recordamos a todos da IOBE no Brasil as palavras de Paulo aos Coríntios, quando lhes recorda: « Eu plantei; Apolo regou; mas era Deus quem fazia crescer. Assim, pois, aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa tão somente Deus, que dá o crescimento » (1 Cor 3,6:7). Unidos! Padre Simeão do Espírito Santo, 4 de Janeiro 2023, Sinaxe dos 70 Apóstolos.