DISSERTAÇÃO Angelo Antônio Paula da Cunha

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 90

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA

ANGELO ANTONIO PAULA DA CUNHA

VANTAGENS COMPETITIVAS NOS ESTADOS DO NORDESTE:


uma análise da dinâmica do emprego no período de 2006 a 2017

CARUARU

2019
ANGELO ANTONIO PAULA DA CUNHA

VANTAGENS COMPETITIVAS NOS ESTADOS DO NORDESTE:


uma análise da dinâmica do emprego no período de 2006 a 2017

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Economia da Universidade Federal de
Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Economia.

Área de concentração: Economia Regional

Orientadora: Prof.ª Drª. Lucilena Ferraz Castanheira Corrêa


Coorientadora: Prof.ª Drª. Roberta de Morais Rocha

CARUARU

2019
Catalogação na fonte:
Bibliotecária – Paula Silva - CRB/4 - 1223

C972a Cunha, Angelo Antonio Paula da.


Vantagens competitivas nos estados do Nordeste : uma análise da dinâmica do
emprego no período de 2006 a 2017. / Angelo Antonio Paula da Cunha. – 2019.
89 f.; il.: 30 cm.

Orientadora: Lucilena Ferraz Castanheira Corrêa.


Coorientadora: Roberta de Moraes Rocha.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Programa de
Pós-Graduação em Economia, 2019.
Inclui Referências.

1. Economia regional. 2. Planejamento regional (Brasil, Nordeste). 3. Emprego


(Teoria econômica) (Brasil, Nordeste). 4. Concorrência (Brasil, Nordeste). 5.
Desenvolvimento econômico (Brasil, Nordeste). 6. Produtividade do trabalho (Brasil,
Nordeste). I. Corrêa, Lucilena Ferraz Castanheira (Orientadora). II. Rocha, Roberta de
Moraes (Coorientadora). III. Título.

CDD 330 (23. ed.) UFPE (CAA 2019-189)


ANGELO ANTONIO PAULA DA CUNHA

VANTAGENS COMPETITIVAS NOS ESTADOS DO NORDESTE:


uma análise da dinâmica do emprego no período de 2006 a 2017

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Economia da Universidade Federal de
Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Economia.

Aprovado em: 11/06/2019.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Profª. Drª. Lucilena Ferraz Castanheira Corrêa (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________________
Profª. Drª. Roberta de Moraes Rocha (Co-Orientadora)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________________
Profº. Drº. Klebson De Lucena Moura (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________________
Profº. Drº. Márcio Micelli Maciel de Sousa (Examinador Externo)
Universidade Federal de Pernambuco
Aos meus pais, Dênio e Suzana e meu irmão Marcos, base fundamental.

A Henrique Menezes, Wendell Henrique, Eggleston Patrício, Andreza Ferreira,


Lindomayara França e Larissa Assis Silva, amigos indispensáveis nessa jornada.
AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus, que esteve e está ao meu lado dando-me forças
para enfrentar os obstáculos que surgem pela vida. Aos meus pais e meu irmão que
sempre me apoiaram nos estudos. Agradeço a CAPES pela concessão da bolsa de
estudo referente ao período do Mestrado.
A minha Orientadora, Prof. Dra. Lucilena Ferraz, pelo auxilio e paciência no
processo de construção deste trabalho, principalmente na construção da revisão histórica
deste trabalho, e a minha Co-Orientadora Prof. Dra. Roberta Rocha, por todo o
ensinamento e auxilio na construção desta dissertação.
Ao Programa de Pós-Graduação em Economia deixo meus agradecimentos em
nome de dois amigos que fiz na Secretaria do programa: Robson Penedo e Jordana Lira.
A todos os professores do programa, pois eles são responsáveis pelo
conhecimento e sucesso que adquiri no período do Mestrado como estudante.
Especialmente agradeço aos professores Klebson Humberto, Jorge Viana, Leandro
Coimbra, pelo ensino, orientações em artigos e estágio à docência fora dos horários de
aula.
Não podia deixar de agradecer aos amigos e companheiros de classe que desde o
começo desta jornada estão firmes e aos que não puderam continuar até a conclusão do
curso: Jorge Severino, Renato Chaves, Larissa de Assis, João Pedro, Rodrigo Julião,
Edvaldo Landulfo, Drailton, Bruno, Leonardo e Valdeir Monteiro.
RESUMO

Pode-se mencionar que os desafios regionais no Brasil estão diretamente relacionados


com aspectos estruturais, onde é possível identificar um cenário de acentuadas
desigualdades tanto no âmbito social, como no que tange a concentração de renda,
realidade esta identificada desde sua formação territorial. Diante dessa perspectiva, o
atual trabalho tem como objetivo central analisar a dinâmica do emprego dos nove
estados da região Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, no período de 2006-2017 centrando em 18
setores da economia nordestina. Nesse sentido, serão utilizados dados extraídos da
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), bem como fará uso do método shift-
share versão de Esteban-Marquillas. A utilização desse método se mostra como
importante instrumento para identificar se houve vantagem ou desvantagem competitiva
no setor a nível estadual em relação ao mesmo setor na esfera regional. Os resultados
sinalizam crescimento do trabalho nos estados nordestinos no período de análise e
corroborando com o resultado positivo da componente estrutural nos estados
nordestinos e com os investimentos realizados no período, proporcionando vantagem
competitiva especializada, ao setor da Construção e de Água e Esgoto e, vantagem
competitiva não especializada em setores ligados diretamente e indiretamente a estes
setores como Atividades Financeiras. Além disso, os resultados indicam que os setores
com menor crescimento produtivo foram os que mais absorveram mão de obra. Estas
evidências sugerem que os investimentos em infraestrutura realizados na região
Nordeste, como os de habitação e os incentivos fiscais dados às empresas na região
tiveram uma repercussão positiva sobre a dinâmica estrutural do emprego nos setores
dos estados nordestinos.

Palavras-chave: Economia regional. Planejamento regional. Nordeste. Shift-share.


ABSTRACT

It can be mentioned that the regional challenges in Brazil are directly related to
structural aspects, where it is possible to identify a scenario of marked inequalities both
in the social sphere and in what concerns the concentration of income, a reality that has
been identified since its territorial formation. In view of this perspective, the present
work has as main objective to analyze the employment dynamics of the nine states of
the Northeast region: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí,
Rio Grande do Norte and Sergipe in the period 2006-2017 focusing on 18 sectors of the
Northeastern economy. In this sense, data extracted from the Annual Social Information
Report (RAIS) will be used, as well as using the shift-share method of Esteban-
Marquillas version. The use of this method is shown as an important instrument to
identify if there was competitive advantage or disadvantage in the sector at the state
level in relation to the same sector in the regional sphere. The results indicate the
growth of the work in the Northeastern states in the period of analysis and corroborated
with the positive result of the structural component in the Northeastern states and with
the investments made in the period, providing a specialized competitive advantage to
the Construction and Water and Sewage sector and, competitive sector in sectors
directly and indirectly linked to these sectors as Financial Activities. In addition, the
results indicate that the sectors with the lowest productive growth were the ones that
most absorbed labor. These evidences suggests that investments in infrastructure carried
out in the Northeast region, such as housing and tax incentives given to companies in
the region, had a positive impact on the structural dynamics of employment in the
sectors of the Northeastern states.

Keywords: Economics regional. Regional planning. Northeast. Shift-share.


LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1– Participação do Nordeste no PIB do Brasil....................................... 25

Gráfico 2– Participação da Agricultura e Indústria na Região Nordeste............. 31

Gráfico 3– PIB per capita e Produtividade do Trabalho Nordeste 2006-2015... 48


LISTAS DE QUADROS

Quadro 1– Análise do Shift-Share para o Crescimento do Emprego


do Nordeste e seus Estados (em %)................................... 64
LISTAS DE TABELAS

Tabela 1– População e Renda das Regiões Nordeste e Centro-Sul em 1956..... 23


Tabela 2– Índices de Produção Agropecuária e Industrial................................. 24
Tabela 3– Investimentos Privados em Infraestrutura e FNE nas
Sub-Regiões Nordeste....................................................................... 34
Tabela 4– Concentração do Emprego nas Regiões do Brasil............................. 43
Tabela 5– Distribuição do emprego nos estados do Nordeste de 2006-2017..... 46
Tabela 6– Decomposição da Produtividade do Trabalho
Nordeste (2006-2015)........................................................................ 50
Tabela 7– Possíveis Efeitos de Alocação........................................................... 61
Tabela 8– Efeito Alocação para o Nordeste e para seus Estados 2006-2017..... 67
LISTA DE SIGLAS

ADENE Agência de Desenvolvimento do Nordeste


AL Alagoas
APL Arranjo Produtivo Local
BA Bahia
BB Banco do Brasil
BNB Banco do Nordeste do Brasil
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CE Ceará
CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
CODENO Conselho de Desenvolvimento Econômico do Nordeste
CONVIVER Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do
Semiárido
DCE Desvantagem Competitiva Especializada
DCNE Desvantagem Competitiva Não Especializada
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra a Seca
FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste
GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste
IAA Instituto do Açúcar e Álcool
IOCS Inspetoria de Obras contra as Secas
MA Maranhão
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PAG Plano de Ação Governamental
PAS Plano Amazônia Sustentável
PB Paraíba
PD Plano Diretor
PDCO Plano Estratégico de Desenvolvimento do Centro Oeste
PDFF Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira
PDNE Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste
PDSA Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido
PE Pernambuco
PED Programa Estratégico de Desenvolvimento
PI Piauí
PIB Produto Interno Bruto
PIN Programa Nacional de Integração
PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida
PND Plano Nacional de Desenvolvimento
PNDR Programa Nacional de Desenvolvimento Regional
PPA Plano Plurianual de Investimentos
PPP Parcerias Públicas Privadas
PROALCOOL Programa Nacional do Álcool
PROHIDRO Programa de Aproveitamento de Recursos Hídricos
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PROTERRA Programa de Redistribuição de Terras e Incentivos á Agricultura
do Norte e Nordeste
RN Rio Grande do Norte
SE Sergipe
SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
VCE Vantagem Competitiva Especializada
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

1.1 Objetivo Principal 19

1.2 Objetivos Específicos 19

1.3 Estrutura do Trabalho 19

2 O CONTEXTO HISTÓRICO DA REGIÃO NORDESTE EM DIREÇÃO


DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 20

2.1 Período Desenvolvimentista 22

2.2 O Período Militar e o Desenvolvimento Regional 27

2.3 O Desenvolvimento Regional frente uma “Agenda liberal”


a partir dos anos de 1980 até o início dos Anos 2000 32

2.4 Retomada dos Planos de Desenvolvimento Regional 33

3 EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO


E CONCENTRAÇÃO DO EMPREGO 38

3.1 Mudanças Estrutural e Produtiva 38

3.2 Concentração do Emprego nas Regiões do Brasil 40

4 REVISÃO DA LITERATURA DO SHIFT-SHARE 52

5 METODOLOGIA 56

5.1 Modelo shift-share 56

5.2 Limitações do shift-share 58

5.3 Aprimoramento do Modelo 60

5.4 Dados 62

6 ANÁLISE E RESULTADOS 63

7 ANÁLISE CONCLUSIVA 71

REFERÊNCIAS 73

APÊNDICE A - MODELO Shift-Share APRESENTADO


POR CARVALHEIRO (2003) 82
APÊNDICE B – TABELAS SETORIAIS DO SHIFT-SHARE 84
15

1 INTRODUÇÃO

A produtividade é fundamental para realocação de fatores nas diferentes


atividades econômicas. Entender o comportamento desta variável é crucial para
compreender a renda que os países alcançam. Dado que a produtividade do trabalho é
um importante fator que reflete a geração de produto por trabalhadores e, por
conseguinte o crescimento e desenvolvimento das regiões. Nesse sentido, vale ressaltar
que estudos sobre a produtividade têm-se apresentado bastante recorrente na literatura,
principalmente os que centram essa condição – produtividade – como sendo um grande
desafio a ser enfrentado para combater as acentuadas disparidades entre regiões.
Acentua-se, por exemplo, a análise dos indicadores de produtividade total dos
fatores (ver Menezes (2014); Negri e Cavalcante (2014) e Messa (2014)); índices de
desigualdades de renda (Azzoni (1997); Cavalcante (2003) e Monasterio (2011));
modelos de crescimento econômico (Solow (1956); Romer (1986) e Arrow (1962)) e
estudos que trazem métodos tradicionais na análise regional e urbana (Stilwell (1969);
Esteban-Marquillas (1972); Monte et all (2013) e Galeano et all (2012)).
Dentre esses mecanismos tradicionais, o método shift-share destacado
primeiramente por Dunn (1960), busca decompor a produtividade em três componentes
a fim de explicar o crescimento do emprego regional como um melhor desempenho
quando comparado ao crescimento do emprego nacional.
Diante dessa perspectiva, é importante ressaltar que no Brasil os desafios
regionais estão diretamente relacionados com aspectos estruturais, onde é possível
identificar um cenário de acentuadas desigualdades tanto no âmbito social, como no que
tange a concentração de renda e concentração produtiva identificada desde sua
formação territorial. Esses problemas estruturais são resultantes da acentuada
concentração das atividades econômicas que tinham como o sujeito principal o
desenvolvimento do país, que de certa forma atuaram no sentido de aumentar a
disparidade de produtividade entre as regiões Nordeste e Sudeste. (TAVARES (1989);
FURTADO (1968); ARAÚJO (1997); ARAÚJO E SANTOS (2009) e SANTOS
(2011))
Partindo desse contexto, é importante pontuar que o período anterior aos anos de
1930, a atividade produtiva era fortemente concentradas em atividades de cunho
agrícola e extrativista, tendo como variável de dinamismo da economia o setor
16

exportador. E a partir dessa década, a busca pelo crescimento econômico interno passa
a ter como foco um modelo diametralmente oposto, ou seja, passa a ter como cerne um
modelo de desenvolvimento para dentro, onde o motor da dinâmica da economia centra
em uma Industrialização Substituição de Importação (ISI) 1.
É importante ressaltar que as concentrações das atividades produtivas,
principalmente as industriais, se fizeram predominantemente na região Sudeste,
culminando numa trajetória ascendente no que se refere à concentração de renda em
detrimento as regiões menos favorecidas do país, como por exemplo, as regiões Norte e
Nordeste, respectivamente (TAVARES, 1989). Diante dessa perspectiva, é importante
pontuar que diversos autores destacam que o processo de industrialização regionalmente
concentrado na região Sul e Sudeste despontou como fator acelerador para o
agravamento das diferenças inter-regionais no país. (FURTADO, 1968; ARAÚJO,
1997; ARAÚJO E SANTOS, 2009; SANTOS, 2011).
No entanto, a pauta “desequilíbrio regional” ganha espaço na agenda de governo
com maior ênfase a partir do final dos anos 19502, como afirma Santos (2011).
Segundo o autor, em décadas posteriores, o interesse não era só em reduzir
desigualdades econômicas, era também enfrentar os graves problemas sociais que
tinham características estruturais e que precisavam ser defrontados. Esse enfrentamento
se deu principalmente através de várias tentativas via Planos3 de Desenvolvimento
Regional a nível federal.
Nesse sentido, ao discorrer de uma retrospectiva sobre as primeiras ações
governamentais no Brasil para o enfrentamento dos problemas advindos da grave
desigualdade regional, pode-se citar a criação do Grupo de Trabalho para o
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), transformada em Conselho de
Desenvolvimento do Nordeste (Codeno) e em 1959, é criada a Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) 4 em substituição aos dois órgãos (GTDN e
CODENO).

1
A Industrialização de Substituição de Importação (ISI) tinha como objetivo estimular o consumo das
famílias (C) e os investimentos privados (I) no mercado interno através da industrialização.
2
Foi com a criação do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) que são
apontados os pontos de estrangulamentos e soluções para o crescimento da economia nordestina.
3
Planos Diretores, Plano Estratégico de Desenvolvimento, Programa de Integração Nacional, Plano de
Desenvolvimento do Nordeste... dentre outros.
4
Foi idealizada no Governo do Presidente Juscelino Kubitschek, tendo à frente o economista Celso
Furtado como parte do programa desenvolvimentista então adotado.
17

Posteriormente, podem-se citar os anos de 1964 nos governos militares, onde as


políticas de desenvolvimento para a região Nordeste passam a ter como objeto principal
o chamado “desenvolvimento de integração nacional”, com os investimentos
direcionados para os “polos de concentração”, tais como: Complexo Petroquímico de
Camaçari na Bahia, do Complexo Cloroquímico de Alagoas, do Complexo Industrial
Portuário de Suape em Pernambuco, do Polo Siderúrgico do Maranhão, do Complexo
Industrial de Base de Sergipe, do Polo Têxtil e de Confecções de Fortaleza em Ceará,
do Complexo Agroindustrial do Médio São Francisco em Petrolina, do Polo de
Fruticultura Irrigada do Vale do Açu em Rio Grande do Norte (LIMA, 1994).
No entanto nos anos de 1980, é visto uma inflexão na agenda para Políticas de
Desenvolvimento Regional, onde se verifica que quase todos os “programas de cunho
regional” foram extintos, sendo reduzidos os poderes das superintendências regionais,
como a SUDENE. Nesse momento os estados e municípios passam a serem os
provedores de políticas regionais (COLOMBO, 2012).
No entanto, mesmo sendo identificada uma forte disparidade de desenvolvimento
entre as regiões, as diretrizes dessas políticas regionais e dos investimentos
contribuíram nos últimos para uma transformação desse cenário principalmente ao
atacar os problemas regionais de forma mais direta e objetiva.
No ano de 2001 é criada a Agência Nacional de Desenvolvimento do Nordeste
(ADENE)5, pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso. No ano de 2007, com o
discurso pela retomada das políticas regionais pelo então Presidente Luís Inácio Lula da
Silva, é recriada a SUDENE, e através da Lei Complementar nº 125, de 03 de Janeiro de
2007, onde emergia como missão institucional o discurso de “promover o
desenvolvimento includente e sustentável de sua área de atuação e a integração
competitiva da base produtiva regional na economia nacional e internacional”.
Diante desse aspecto, com o objetivo de promover uma política regional integrada
a níveis inter e intra-regional, é implementado o Programa de Desenvolvimento
Regional (PNDR). O PNDR foi constituído em duas fases, cujo objetivo centrava em
promover investimentos nos pontos de estrangulamento da economia brasileira
promovendo assim um crescimento integrado e resgatando a visão de polos de
crescimento, ou seja, os Arranjos Produtivos Locais (APLs). Em 2007 é criado o
5
Foi criada pela Medida Provisória nº 2.146-1, de 04 de maio de 2001, alterada pela Medida Provisória nº
2.156-5, de 24 de agosto de 2001 e instalada pelo Decreto nº 4.126, de 13 de fevereiro de 2002. A
ADENE substitui a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE.
18

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), também constituído em duas fases,


com o intuito de investimentos principalmente em infraestrutura e concessão de crédito
habitacional a fim de estimular a economia.
Como serão detalhados em capítulos posteriores, de acordo dados da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS) dos 11 milhões de empregos gerados no Brasil
52% concentrava-se na região Sul no ano de 2006. Em 2017 a mesma região foi
responsável por 49%, enquanto a região Nordeste manteve participação de 18% do
emprego formal no período considerado.
Esse movimento pode ser visto, quando se analisa o período entre os anos de
2003-2015, dentro do Programa de Desenvolvimento Regional (PNDR), onde a região
Nordeste apresentou uma taxa de crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de
6,9% contra 6,2% do Brasil, passando a representar 14% do PIB brasileiro e registrando
18% do emprego total (MENDES e NETO, 2011).
No entanto, mesmo diante desses indicadores conjunturais favoráveis a região
Nordeste, nos dias atuais ainda é identificada no país uma forte disparidade de
desenvolvimento entre as regiões.
É importante ressaltar que durante esse período, as políticas de desenvolvimento
regional tiverem como cerne na sua concepção em grande maioria a proposta de atração
de um grande contingente de empresas principalmente em relação à atividade industrial,
dando destaque às alimentícias, farmacêuticas e automobilísticas, que foram atraídas por
políticas creditícias, tais como: subsídios fiscais e de crédito. Tal processo culminou na
busca pela qualificação de capital humano na região, impactando de forma positiva em
várias áreas, como na educação, saúde, cultura, etc. É importante também ressaltar, que
o estímulo à economia da região, além dos fatores mencionados anteriormente, teve
como fator importante os recursos de transferências diretas, o Programa Bolsa Família.
Para o Nordeste mesmo com maior disponibilidade de dados a níveis geográficos
e setoriais, ainda são poucos os trabalhos que analisam a produtividade do trabalho
nordestina e em seus estados a nível setorial. Além disso, na maioria dos estudos que
utilizam o índice shift-share para o Nordeste o estudo é de apenas decompor a
produtividade nos três componentes do método. No entanto a presente pesquisa se
diferencia dos estudos já existentes ao utilizar o método shift-share proposto por
Esteban-Marquillas (1972) que é capaz de captar vantagem ou desvantagem competitiva
nos setores de cada estado, pela introdução do efeito alocação.
19

Diante do exposto, fica clara a importância de pesquisas que centram no objetivo


de identificar os resultados de políticas de desenvolvimento regional no país. Nesse
sentido, as políticas direcionadas diretamente para a região Nordeste vêm se apresentar
com instrumentos canalizadores para a redução da pobreza e da concentração de renda
tão presente junto à sociedade local.

1.1 Objetivo Principal

Analisar a dinâmica do emprego da região Nordeste e nos seus respectivos


estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte e Sergipe, no período de 2006-2017, através do método shift-share6 para 18
setores.

1.2 Objetivos Específicos

 Pontuar as discussões sobre as políticas de desenvolvimento regional


para a região Nordeste;
 Verificar a evolução da produtividade do trabalho e a concentração do
emprego nos setores econômicos da região Nordeste;
 Identificar os setores que apresentaram alguma vantagem competitiva
especializada na região e/ou em seus estados, através do shift-share.

1.3 Estrutura do Trabalho

A dissertação está dividida em sete capítulos incluindo esta introdução. No


seguinte são contextualizados os planos para o desenvolvimento regionais direcionados
para o Nordeste. No capítulo 3, uma breve evolução das mudanças estruturais no
Nordeste. No quarto capítulo apresentar-se-á a revisão da literatura do método shift-
share. No capítulo 5 é demonstrada a metodologia utilizada para distinção dos efeitos
nos setores da economia nordestina. Nos dois últimos capítulos, serão apresentados os
principais resultados e as analises conclusivas.

6
Cabe ressaltar que existem diversas variações do método que não serão discutidos neste trabalho.
20

2 O CONTEXTO HISTÓRICO DA REGIÃO NORDESTE EM


DIREÇÃO DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO
REGIONAL

No fim do século XVII despontavam os dois principais sistemas econômicos na


região Nordeste, o açucareiro e o criatório, com concentração principalmente no litoral
dessa região. Ao pontuar sobre o primeiro, é importante ressaltar que com o declino
dessa atividade, foi possível verificar a eclosão de novas atividades, como por exemplo,
a expansão do ciclo da mineração. Esse processo é registrado na região Sudeste e se dá
no início do século XVIII, resultando na transformação do centro econômico e político
brasileiro, em particular no estado de Minas Gerais. Já em meados do século XIX, o
café emerge como grande dinamizador da economia nacional, o Vale do Paraíba –
Estado de São Paulo - e o litoral do Rio de Janeiro, regiões que passam a assumir o
papel central da dinâmica econômica do país (FURTADO, 1984, p. 203). Além da
atividade econômica centrada no café, é importante ressaltar que a partir de 1885, nessa
mesma região, é identificada a “formação dos primeiros focos de produção industrial no
Brasil” (LACERDA et.al., 2006, p. 49) 7.
Diante desse movimento, essas regiões passaram a serem as catalizadoras de
grande atenção por parte do Estado brasileiro, tanto política como econômica e, no lado
diametralmente oposta foi colocada à região Nordeste, que passa a ser vista apenas
como uma região em que o cenário climático era desastroso, pois a seca castigava toda
produção agrícola e, por conseguinte a pobreza emergia de forma perversa abrangendo
quase a totalidade de sua população.
Na busca por uma solução para amenizar essa realidade, a seca, no ano de 1909 é
criada a Inspetoria de Obras contra as Secas (IOCS8), que em 1945 viria a ser chamada
de Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). O referido órgão
federal foi o primeiro criado com o objetivo de sistematizar o combate às secas que
afligiam a região Nordeste, se dedicando inicialmente à construção de açudes e à
perfuração de poços na região, na premissa de que a água traria o desenvolvimento aos

7
Os autores ainda citam alguns grupos industriais que germinaram a partir do período do café no Brasil ,
tais como: as indústrias Matarazzo ; o Grupo Votorantim; Gerdau abriu sua primeira oficina de fundição
em 1901, etc.
8
Em 1919 passou a ser chamada de Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS).
21

sertões, sendo este período conhecido como a chamada “fase hidráulica” (BRASIL.
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, 2013). Em se tratando de políticas de cunho
assistencialistas, essa iniciativa pouco mudou a carência daquela população,
especialmente porque se tratava de um programa que pretendia garantir o acesso à água,
mas não a outros objetivos que pudessem romper com a dependência econômica da
região (ALVES, 2011).
Esse cenário de secas prolongadas no Nordeste é identificado como uma realidade
constante, castigando as lavouras agrícolas da região. Na busca em amenizar esse
problema crônico, em 1932 e 1942 dão início a um momento importante para as
Políticas de Desenvolvimento Regional. Neves (2001), afirma que em 1932 pela
primeira vez a intervenção do Estado brasileiro em período de seca ocorreu de forma
coordenada e centralizada. É nesse momento que as ações emergenciais e pesquisas
sobre a região, visavam não só acumular água para os períodos de secas, levando em
conta aspectos sociais atrelados à seca como fontes geradoras da economia, tais como:
sistema agrário, precária infraestrutura e investimentos básicos como saúde e educação
(FURTADO, 1984). Para o autor, essas características da região eram desprezadas
tomando apenas a seca como única causa do subdesenvolvimento da região Nordeste.
Em 1942 a seca assola novamente o Nordeste estimulando uma onda migratória para a
região Sudeste, na busca de trabalho e melhores condições de vida.
Colombo (2012) ressalta que no Governo Getúlio Vargas foi criado instituições
de intervenção regional como o Instituto do Cacau na Bahia (BA) em 1931, o Instituto
do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1933 e o Instituto Nacional do Sal em 1940. Além da
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), na busca de atender o Nordeste
na distribuição de energia em 1945.
Nesse momento, os pontos de estrangulamento da região Nordeste começam a
tomar contornos rígidos, quando se identifica que a região precisa de alternativas para
poder sair do subdesenvolvimento em que se encontrava, ou seja, precisaria tentar focar
em caminhos que trilhassem para uma atividade industrial, pois assim ficaria menos
dependente da agricultura. Nesse sentido, Vidal (2001), identifica que o Nordeste tomou
algumas iniciativas em busca dessa industrialização, porém sempre se encontrava em
desvantagem em relação a outras regiões do país, por exemplo, no que se refere ao
parque fabril, onde este se encontrava antiquado e despreparado para competir com a
indústria nascente do Centro-Sul.
22

Diante dessa perspectiva, a partir da criação da SUDENE começa a emergir uma


nova postura9 sobre a pauta pela busca do fim do subdesenvolvimento da região
Nordeste, centrando como um dos pilares, o fortalecimento do setor industrial na região.

2.1 Período Desenvolvimentista

A imagem de um Nordeste “pré – SUDENE”, como chama Santos (2011), é de


uma região com pobreza em sua totalidade, baixo rendimento nas atividades agrícolas e
industriais, domínio político de uma burguesia agrícola coronelista, migrações, carcaças
de bois pela caatinga e muita seca.
Segundo Alves (2011), a construção de políticas para atender as frequentes crises
econômicas do Nordeste decorrentes do problema climático e também da pobreza
produzida socialmente por séculos de manutenção da concentração de renda, indicava a
necessidade de uma ação mais permanente para a região que não conseguia manter-se
sem a presença do Estado. Nesse instante, a análise precisaria levar em consideração
uma perspectiva que o problema estava além da seca e dos problemas sociais resultantes
desse fator. Além de buscar para o centro da discussão a infraestrutura e a capacidade
econômica da região.
Nesse sentido, Celso Furtado10 mostra que a política adotada pelo Estado
brasileiro no governo Juscelino Kubitschek se mostrava positiva para a região Centro-
Sul, no entanto, desfavorecia a região Nordeste. Como mostram Araújo e Santos (2009),
Furtado monta todo um raciocínio sobre a natureza das trocas inter-regionais, usando o
arcabouço teórico-conceitual cepalino 11 que ajudara na defesa da sua teoria. Pois, para
Furtado, o Nordeste, a região periférica do país, acabava sendo penalizado nas duas
pontas da relação com a região central do país - Centro-Sul - seja via transferência do
capital produtivo e via consumo, dois caminhos que acabavam por favorecer o
desenvolvimento da segunda em detrimento do atraso da primeira.

9
Machado et all (2017) chama de Medidas de Salvação políticas para combater a seca até 1945; até 1959
Desenvolvimento Planejado e a partir de 1970 Programas Institucionais.
10
Mais conhecido como Furtado, foi o economista chefe por de trás do GTDN.
11
Segundo Santos e Olivier (2008), com o intuito de formular as ideias que tratavam de pontos de
estrangulamentos dos países subdesenvolvidos da América Latina que buscaram identificar tanto os
problemas resultantes da tardia industrialização da periferia, impulsionada no pós-segunda guerra, como
suas raízes provenientes de períodos históricos anteriores, para se chegar ao desenvolvimento, em 1948 é
Em 1948 é criada a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).
23

Nesse sentido, para Viana (2006) essas ações como forma de política protecionista
com objetivo de proteger as indústrias nacionais, acabaram por gerar transferências
internas de recursos que desfavoreceram o Nordeste, aumentando assim, as disparidades
entre as regiões.

No relatório que precedeu o surgimento da Superintendência do


Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), o grupo coordenado por Celso
Furtado indicou que um dos principais problemas da economia nordestina,
nos anos de 1940 e 1950, era a tendência do capital produtivo ir em direção
ao Centro-Sul do Brasil, devido ao maior dinamismo industrial e à eficiência
do capital implantado naquela região, proporcionando um aumento na
lucratividade dos investimentos. No início da década de 1960, a SUDENE,
em seus primeiros anos, destinou recursos federais para o desenvolvimento
da logística e para a área de recursos naturais, impulsionando o
desenvolvimento econômico dessa região nas décadas seguintes
(GONÇALVES E ARAÚJO, 2015, p 194 Apud ARAÚJO, 2000).

Diante dessa perspectiva, o surto desenvolvimentista do governo JK, tendo como


cerne a industrialização intensiva concentrada na região Sudeste, resultou num cenário
que acabou por agravar ainda mais a desigualdade regional. (FURTADO (1984),
SANTOS (2011), JOAQUIM (2008), MONTIBELER et. al. (2011), GUMIERO (2014)
E STEINBERGER (1988)). Conforme tabela 1, é possível verificar a disparidade da
renda entre as regiões Nordeste e Centro-Sul.

Tabela 1 - População e Renda das Regiões Nordeste e Centro-Sul em 1956

População Renda Total Renda per capita


Região
(Milhões) (Bilhões de Cr$) (Cr$)
Nordeste 18.714 102,2 5,461
Centro-Sul 37.185 636,9 17,151
BRASIL 60.080 764,1 12,718
Fonte: BRASIL. G.T.D.N (1967, p.15).

Em uma análise comparativa, é possível observar que no ano de 1956 a renda


per capita da região Nordeste era aproximadamente 68% menor do que da região
Centro-Sul e 57% menor do que a registrada para o Brasil.
E quando se observa as atividades onde os setores são mais dinâmicos entre
1948 e 1956, é possível ressaltar a agropecuária e a indústria. E nesse sentido identifica-
se que nos anos em análise foi observado que a agropecuária nordestina cresceu a uma
24

taxa média anual de 2,8%, pouco mais da metade de seu crescimento correspondente do
setor industrial que foi de 5,2%. Enquanto no Centro-Sul a taxa média de crescimento
da agropecuária foi de 3,6% e do setor industrial de 7,7%, conforme tabela 2 (BRASIL.
G.T.D.N, 1967). Os dados expostos demonstram que a região Nordeste apresentou uma
média de crescimento menor nos dois setores se comparados com a região Centro-Sul,
22,22% e 32,47%, respectivamente.

Tabela 2 - Índices de Produção Agropecuária e Industrial


AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA
Anos
Nordeste Centro-Sul Nordeste Centro-Sul
1948 100 100 100 100
1949 102,8 104,1 101,1 105,3
1950 107,5 107,8 103,9 118,8
1951 88,2 114,8 110,5 132,3
1952 95,9 123,5 113 141,9
1953 98 121,1 121,3 148,2
1954 114,1 129,6 128,6 160,7
1955 118,7 137,5 142,5 168
1956 125,2 132,4 149,8 181,2
Fonte: BRASIL. G.T.D.N (1967, p.23)

Nesse sentido, o GTDN conclui que: “A disparidade de níveis de renda existente


entre o Nordeste e o Centro-Sul do país constitui, sem lugar a dúvida, o mais grave
problema a enfrentar na etapa presente do desenvolvimento econômico nacional”
(GTDN, 1959, p. 7).
Diante dessa perspectiva, a busca pelo desenvolvimento, teria que trilhar os
caminhos da industrialização como forma de desenvolvimento e na busca pela
superação do desemprego principalmente na zona urbana dos grandes centros urbanos
do país (TAVARES, 1989).
Vale ressaltar a importância que, segundo Furtado (1963), o desenvolvimento
brasileiro indicava que as desigualdades provocadas pelo isolamento e pela atuação de
fatores ligados ao comércio internacional, podem ser agravadas por medidas tomadas
visando ao próprio desenvolvimento do país. Como dito antes as políticas nos anos 50
25

provocaram fortes transferências de renda ·das regiões com um saldo de exportação,


como é o caso do Nordeste, para aquelas com saldo de importação, como o Centro-Sul,
considerado em conjunto. Como consequência dessa política, podemos ver no gráfico 1
abaixo que a participação do Nordeste na renda do país declinou de 11,84% em 1950,
para 10% em 1955.

Gráfico 1 - Participação do Nordeste no PIB do Brasil

13.00%

12.50%

12.00%

11.50%

11.00%

10.50%

10.00%
1957
1950

1951

1952

1953

1954

1955

1956

1958

1959

1960

1961

1962

1963
Fonte: O Autor (2019) a partir de dados do IPEADATA.

Como resultado do relatório da GTDN, foi criado a SUDENE, um órgão


planejador e coordenador das atividades, públicas e privadas, a fim de reduzir a
vulnerabilidade promovendo crescimento e desenvolvimento a partir de investimentos
em todos os setores econômicos na região Nordeste, mas que contemplam também parte
do estado de Minas Gerais e do estado de Goiás (GO). Mais do que propor
planejamentos regionais, a SUDENE, segundo Colombo (2012), visava á superação da
política local da região, buscando reduzir o poder das oligarquias rurais, fortalecendo os
governos nordestinos.
Assim como demonstrado no Gráfico 1, o Nordeste melhorou a sua participação
em todos os anos, a partir de 1956, com exceção de 1958, ano caracterizado por forte
seca. Como mostra Furtado (1963, p. 84), a recuperação que tem a economia nordestina
observada a partir de 1959, após a seca de 1958, não resulta apenas das políticas
cambiais. Para explica-la é necessário ter em conta os fortes investimentos realizados
26

para a região Nordeste submetidos pela Secretaria Executiva do Conselho de


Desenvolvimento do Nordeste-CODENO ao Grupo Coordenador ao serem executados
quatro planos diretores divididos nos anos de 1961 – 1973, a fim de atingir os objetivos
da política social, representando assim a fase de dinamismo e ascensão da
superintendência.
O I Plano Diretor (1961–1963) propunha como diretrizes básicas: a)criação de
uma infraestrutura em serviços de energia elétrica e investimentos em transportes
(rodoviário, ferroviário e portuário); b)aproveitamento racional dos recursos hídricos;
c)reestruturação da economia agrícola por meio de uma melhor utilização de terras nas
zonas úmidas e semiáridas, pelo aproveitamento da irrigação fazendo-as resistente as
secas, além de abertura de novas fronteiras agrícolas no Maranhão, nos vales úmidos, na
faixa irrigável dos grandes rios e nas bacias dos açudes (SUDENE, 1966A, p. 24);
d)política de industrialização via incentivos fiscais e financeiros para implantação de
indústrias de base a fim de integrar e reequipar indústrias locais; e)realocar excedentes
populacionais da região, sobretudo do semiárido para os vales úmidos, no Maranhão e
no Sul da Bahia; f)saúde pública e educação de base.
Para a execução do I Plano Diretor, principalmente, da industrialização da região,
Segundo Gumiero (2014), foram utilizados medidas fiscais para estimular a vinda das
indústrias para a região Nordeste foram feitas medidas fiscais de a) concessão de
câmbio favorecido ou autorização para o licenciamento de importação isento de
cobertura cambial para importação de equipamentos agrícolas; b) isenção de impostos à
importação de equipamentos de indústrias de base e de alimentação; c) investimentos e
financiamentos atribuídos pelo BNDE e BNB. O principal instrumento fiscal foi o
denominado Artigo 3412, utilizado como uma ferramenta de incentivos fiscais às
empresas nacionais para instalação delas no Nordeste.
Como resultado dos investimentos do I Plano Diretor da SUDENE, tem-se a
instalação da fábrica para produzir manufaturas de sisal para exportação (PB, BA e PE);
Moinho de trigo em Alagoas; Fábrica de Negro de Fumo (BA); Fábricas de tubos
galvanizados e eletrodutos (PB); Equipamentos para expansão da indústria de
mineração (RN); Equipamentos para construção de fábrica de soda cáustica elotrolítica
e de fosfato de cálcio (PE); Instalação de um grande conjunto de produtos alimentícios
(BA, CE e PB). (SAMPAIO, 1999).

12
Que em 1974 passa a ser chamado de FINOR – Fundo de Investimento do Nordeste.
27

Colombo (2012) ressalta que este desenvolvimento alicerçado na industrialização


e desenvolvimento da região Nordeste não foi capaz de resolver nem as desigualdades
regionais, nem mesmo o desemprego e a pobreza, objetivos do projeto
desenvolvimentista inicial.

2.2 O Período Militar e o Desenvolvimento Regional

Como mostra Colombo (2012), o II Plano Diretor (1963-1965) trazia


modificações no sistema de incentivos fiscais, ampliando a participação de empresas
que não fossem 100% nacionais. Abria-se o precedente para a entrada de capitais
estrangeiros, os quais poderiam oferecer maiores vantagens ao impedir a estagnação de
projetos aprovados pela SUDENE, uma vez que o financiamento exclusivo para
empresas nacionais em meio à crise existente era inviável.
As diretrizes deste novo plano seguiram a do anterior, mas novas áreas foram
comtempladas como educação, a fim de reduzir o analfabetismo e ampliar oferta de uma
mão de obra qualificada para os projetos da região, e melhorias nas condições básicas
de vida pelo barateamento de habitação popular e serviços públicos de água potável e
saneamento. (SUDENE, 1966B).
Sua política industrial deu continuidade às diretrizes definidas no I plano com:
reequipar a indústria têxtil nordestina, a fim da substituição de seus equipamentos
obsoletos poderá ter uma maior participação no mercado, construção de uma grande
salina no Rio Grande do Norte (RN) para produção de sal, oportunidades de
investimentos para empresários na região, produção de mamona, óleos vegetais,
curtume e instalação de uma siderúrgica na Bahia. (SUDENE, 1966B)
Para o aperfeiçoamento do fator humano, educação de base, sugeriu: a)ampliação
do sistema educacional do Nordeste, com aumento das matrículas no ensino primário;
b)ampliação e reequipamento da rede de escolas técnicas e industriais de nível médio;
c)ampliação e reequipamento da rede de escolas agrícolas de nível médio; d)melhoria de
ensino técnico de nível superior; e)formação de pessoal destinado aos Estados e
Municípios; g)formação de pessoal para a SUDENE. (SUDENE, 1966B, p. 31).
Para programas de nível técnico e superior foram objetivos: aumentos das escolas
e reestruturação das formações técnico-científicos do Nordeste. Para tanto se deu com
incentivo à criação de novos cursos superiores de Agronomia, Veterinária e Engenharia;
e com expansão de vaga para a pós-graduação em universidade existente no Nordeste -
28

Ceará, Recife e Bahia; aperfeiçoamento do ensino e pesquisa no setor de Ciências


Básicas (Física, Matemática e Química) como medida que antecede a criação de futuros
Institutos e melhoria do ensino da Universidade Rural de Pernambuco para a formação
de docentes para Escolas Agrícolas de nível médio da região.
No entanto, com Golpe Militar de 1964, o II Plano Diretor (1963-1965) sofreu
modificações e profundas reestruturações foram feitas na economia brasileira. Nesse
sentido, em relação às políticas regionais, o regime militar direcionou melhoria da
agricultura na região Nordeste a fim de que houvesse uma maior produtividade neste
setor, voltando a olhar a seca como entrave ao desenvolvimento e passou a direcionar
políticas para estados mais desenvolvidos do Nordeste (COLOMBO, 2012).
Em 1966 é lançado o Plano Decenal de Desenvolvimento Econômico e Social,
mas como afirma Steinberger (1988) nunca foi aplicado. O Plano Decenal possuía um
capitulo a respeito do desenvolvimento regional que foi afirmado no Plano Estratégico
de Desenvolvimento (PED) em 1968 onde o desenvolvimento regional foi
compreendido como elemento essencial para desenvolvimento global.
Em 1966, o III Plano Diretor que tinha como objetivos: a) aumentar renda per
capita nordestina em 7%; b) promover integração espacial e setorial da economia
nordestina, integrando-a cada vez mais na economia brasileira; c) criar oportunidades de
empregos, a fim de absorver a população ativa e modificar a estrutura dos setores
secundário e terciário; d) elevar produção primária, no sentido de aumentar oferta de
alimentos, matérias-primas e ampliar o setor e e) melhorar acesso aos benefícios do
desenvolvimento a todos. (SUDENE, 1966 C, p. 14). Segundo Santos (2011) o III Plano
difere dos demais devido à conservação dos recursos humanos da região 13.
O período de 1968-1973, conhecido como “Milagre Econômico”, deu
continuidade, principalmente, aos projetos de irrigação da agricultura para o
abastecimento alimentar. Nesse período também temos a aprovação do IV Plano Diretor
da SUDENE, cujos objetivos, como destaca Colombo (2012), começou a se chocar com
os objetivos nacionais do governo, especialmente o artigo que propunha a participação

13
Mas o regime militar provocaria alterações profundas na SUDENE, que em 1967, é incorporada ao
Ministério Extraordinário para a Cooperação dos Organismos Regionais (MECOR) transformado,
posteriormente, em Ministério do Interior (MINTER), que assumiu as responsabilidades do
desenvolvimento regional incorporando além da SUDENE as Superintendências de Desenvolvimento
Regional: Superintendência da Região Sul (SUDESUL); Superintendência da Região Centro-Oeste
(SUDECO); Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e Superintendência do Vale do
São Francisco (SUVALE) o Banco Nacional da Habitação (BNH) e outras instituições. (CARVALHO,
2014; BRASIL PAEG, 1964 e COLOMBO, 2012).
29

dos empregados nos lucros das empresas beneficiadas pelos incentivos da SUDENE.
(SUDENE, 1968, p. 19).
Em 1969 o Ministério do Planejamento e Coordenação Geral instituiu o I Plano
Nacional de Desenvolvimento (I PND), como mostra Steinberger (1988), a estratégia de
desenvolvimento regional do plano estava baseada na política nacional de integração
que buscava desenvolver o Nordeste sem prejudicar o crescimento do Centro-Sul. Não
enfatizava uma política regional, mas uma integralização de todas as regiões, que previa
a articulação de polos regionais aproveitando os recursos de cada região, e não olhando
apenas para uma só região, Nordeste. Neste sentido os Planos Diretores da SUDENE
foram absorvidos pelo I PND e o IV Plano Diretor deu espaço ao Plano de
Desenvolvimento do Nordeste dando ênfase à implantação de um centro dinâmico de
produção industrial nordestina e uma maior integração desta região com a economia
brasileira (SANTOS, 2011; COLOMBO, 2012).
É a partir de 1970, segundo Machado et al. (2017), que os programas de
desenvolvimento regional passaram a impulsionar a agricultura irrigada no país. Para a
continuidade destas políticas foi elaborado o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II
PND) em 1975, que tinha como objetivo a continuação de uma maior integração das
regiões do país e um maior investimento no progresso científico e tecnológico brasileiro
a fim de ganhar um maior espaço no comércio internacional. (BRASIL II PND, 1974).
Neste período a intervenção do Estado foi feito pela criação dos programas
especiais de desenvolvimento regionais, a fim de complementar a política de integração
nacional e voltada para o desenvolvimento rural de áreas selecionadas para a
transformação de uma moderna agropecuária nordestina. Dentre os programas
especiais14 Steinberger (1988, p. 124) destaca:

Programa de Desenvolvimento de Ações Integradas do Nordeste


(Polonordeste) criado em 1974; Programa Especial de Apoio ao
Desenvolvimento da Região Semi-Árida do Nordeste (Projeto Sertanejo),
criado em 1976; Programa Especial de Apoio às Populações das zonas
Canavieiras do Nordeste (Procanor). criado em 1980; Programa de
Aproveitamento de Recursos Hídricos do Nordeste (PROHIDRO), criado em
1979; Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia
(Polamazônia). criado em 1974; Programa de Recuperação Sócio-Econômica
do Nordeste Paraense (Pronorpar), criado em 1976; Programa Integrado de
Desenvolvimento do Noroeste do Brasil (PoIonoroeste) criado em 1981;
Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro), criado em 1975;
Program:1 Especial de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso

14
Para mais detalhes de alguns programas ver Colombo (2012), Sampaio (1999) e Matos (2002).
30

(Promat), criado em 1977; Programa especial de Desenvolvimento do Estado


de Mato Grosso do Sul (Prosul), criado em 1977; Programa Especial de
Controle da Erosão do Solo no Noroeste do Paraná (Pronoroeste). criado em
1975; Programa Especial do Oeste do Paraná (Prodopar), criado em 1975:
Programa Especial da Lagoa Mirim (Promirim), criado em 1980; Programa
Especial do Norte Fluminense (Prodenor), criado em 1974.

Vale destacar a importância de três programas, dois no sentido de integração entre


regiões e na tentativa de uma reforma agraria, são os Programas Nacionais de
Integração (PIN)15 e Programa de Redistribuição de Terra e de Estímulo à Agroindústria
do Norte e Nordeste (PROTERRA)16. E um no sentido de reduzir a dependência do
petróleo17, na busca de um substituir o combustível derivado do petróleo pelo álcool,
como nova fonte energética. Com esse objetivo é criado o Programa Nacional do Álcool
(PROÁLCOOL) que atuou principalmente no Nordeste devido ao clima favorável à
produção da cana-de-açúcar18.
No desenvolvimento industrial além dos destacados anteriormente, no II PND
destacam-se:

Implantação do Polo Petroquímica do Nordeste, com a execução dos projetos


das Centrais de Matérias-Primas, de Utilidades e de Manutenção, assim como
dos projetos subsidiários (downstream). E implantação do Complexo
Mineral-Petroquímica Regional, no esquema Salvador-Aracaju-Maceió.
Implantação, em articulação com esse complexo, do Pólo de Fertilizantes do
Nordeste, compreendendo Fosfatados, Nitrogenados e Potássicos. Complexo
Metal-Mecânico e Eletro-Mecânico, abrangendo as Indústrias Mecânicas, de
Material Elétrico e Eletrônico, e as de Metais Não-Ferrosos (cobre, alumínio,
magnésio metálico). Fortalecimento dos pólos de indústrias tradicionais,
principalmente dos Têxteis-Confecções e Couros-Calçados. (BRASIL II
PND, 1974, p. 62).

Segundo Colombo (2012) nos anos 1979, foi elaborado o III Plano Nacional de
Desenvolvimento (III PND), em meio a uma crise econômica não foi executado, mas
para sua complementação foi criado o Programa de Aproveitamento de Recursos

15
O PIN compreende principalmente a construção da Transamazônica, para interligar a Amazônia com o
Nordeste, a fim de uma maior colonização da região Norte e criar uma infraestrutura para o transporte
agrícola dos vales úmidos do Nordeste.
16
O PROTERRA busca atuar no apoio ao pequeno produtor com redistribuição de terras a fim de
aumentar a produtividade do setor agrícola com financiamentos de projetos à longo prazo e baixos juros.
(BRASIL. I PND, 1971).
17
Esta época é marcada pela crise mundial do petróleo.
18
Este programa buscou não só o aumento da produção do cultivo, que entre os anos de 1972 e 1982
concentrava-se 92% da produção regional de álcool nos estados da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, mas
uma modernização das usinas.
31

Hídricos (PROHIDRO) que se voltou para a problemática do armazenamento de água,


principalmente para a região Nordeste.
Como ressaltam Colombo (2012) e Araújo (1995) a lógica dos investimentos
alterou-se, sendo que os recursos financeiros foram direcionados aos estados mais
desenvolvidos da região como Pernambuco, Bahia e Ceará. Segundo Lima (1994), os
principais investimentos foram o Complexo Petroquímico de Camaçari na Bahia, do
Complexo Cloroquímico de Alagoas, do Complexo Industrial Portuário de Suape em
Pernambuco, do Polo Siderúrgico do Maranhão, do Complexo Industrial de Base de
Sergipe, do Polo Têxtil e de Confecções de Fortaleza em Ceará, do Complexo
Agroindustrial do Médio São Francisco em Petrolina, do Polo de Fruticultura Irrigada
do Vale do Açu em Rio Grande do Norte, conforme Gráfico 2.

Gráfico 2 - Participação da Agricultura e Indústria na Região Nordeste

45.00%
40.00%
35.00%
30.00%
25.00%
20.00%
15.00% 1970
10.00%
1980
5.00%
0.00%
Indústria
Indústria

Indústria

Indústria
Agricultura

Agricultura

Agricultura

Agricultura

Bahia Pernambuco Ceará Nordeste


Fonte: O Autor (2019) a partir de dados do IBGE – Estatística do Século XX.

Observa-se No Gráfico 2, que a economia nordestina teve uma mudança na


composição do PIB com aumento da participação do setor industrial que foi de 8,93%
em 1970 para 18,4% em 1980, impulsionado pelos investimentos acima mencionados,
com destaque para os estados da Bahia e Pernambuco. Pode-se observar também que
com a mudança na composição o setor da agricultura não teve muita alteração
permanecendo com cerca de 10% da participação do PIB.
32

2.3 O Desenvolvimento Regional frente uma “Agenda liberal” a partir dos


anos de 1980 até o início dos Anos 200019

Em 1987 é lançado o Plano de Ação Governamental (PAG) com objetivos de


desenvolvimento em tecnologia e recursos humanos nos setores da indústria e
agricultura, setores chaves da economia e possuía um capitulo sobre desenvolvimento
regional, contemplando as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste com foco em seus
setores produtivos (BRASIL, PAG, 1993), mas acabou por se tornar mais um plano que
não se instaurou.
É importante ressaltar que a constituição de 1988 apresentou dois elementos a
respeito das políticas regionais: (1) combate às desigualdades regionais; e (2)
fortalecimento dos estados e municípios para promover políticas regionais.
(COLOMBO, 2012, p. 156). Desta forma não convinha manter as instituições de
planejamento de políticas de desenvolvimento regional, levando ao enfraquecimento da
SUDENE.
E desta forma em 1990 é lançado o Plano Plurianual de Investimentos (PPA), que
vigorariam de 1991-1995. Matos (2002) destaca que nem todas as propostas do plano
foram executadas em decorrência da recessão gerada pelo Plano Collor de
estabilização20. Em 1996 foi aprovado o segundo PPA que vigoraria até 1999 com

19
“O liberalismo é uma doutrina político-econômica que surgiu na Europa, no final do século XVIII, em
um período de transformação visando a Liberdade, o Progresso e o Homem. Neste processo buscava-se
diminuir as desigualdades sociais, garantir os direitos naturais individuais, e a livre aquisição da posse e
dos bens, alcançando a satisfação dos desejos e necessidades da humanidade. Sendo o liberalismo, uma
doutrina que se desenvolveu em condições de grandes desigualdades sociais, seu fracasso ocorreu com a
crise pós I Guerra Mundial, quando os países europeus fracassados submeteram-se a sistemas totalitários
como o fascismo, socialismo. O liberalismo possui vertentes econômicas, políticas e sociais, que se
traduzem da seguinte forma: liberalismo econômico, que esteve muito próximo do capitalismo; o
liberalismo político rechaçava a interferência do Estado nos direitos fundamentais como à vida, à
felicidade e à liberdade; e do ponto de vista social o liberalismo preocupou-se com os direitos humanos,
apoiando ideias como eleições democráticas, direitos civis, liberdade de imprensa, liberdade de religião,
livre comércio e a propriedade privada, impedindo a opressão do Estado. O neoliberalismo, por sua vez, é
considerado por muitos, uma redefinição do liberalismo clássico” (SILVA;AMORIM: PINTO, 2016,
p.789). Nesse sentido, ressalta-se que a partir da década de 80 a corrente do pensamento econômico
mundial, denominada de “Neoliberalismo”, onde defende o afastamento do Estado da gestão da política
econômica, através da desregulamentação dos mercados, privatizações de empresas públicas e redução
dos gastos sociais, ou seja, o estado mínimo, passa a ser a corrente defendida pelos países capitalistas.
Nesse sentido, a escola austríaca de Chicago cujos maiores defensores foram Friederich A. Hayek e
Milton Friedman, onde as ideias estavam centradas no capitalismo o “laissez-faire”, passam a ser
difundidas e, foi implementado por Margaret Thatcher, no Reino Unido (1979); Ronald Reagan,
nos Estados Unidos (1980).
20
Para mais ver Giambiagi (2011).
33

investimentos em setores prioritários como energia elétrica, telecomunicação, ciências e


tecnologia, educação e setor agrícola21.
Em 1996 foi lançado o programa “Brasil em Ação” e em 1998 o “Avança Brasil”
a fim de investimentos em infraestrutura para aumento da competitividade frente ao
cenário internacional. Nestes projetos não constavam uma política regional, nem incluía
a região Nordeste diretamente, apenas que esta região se beneficiaria com o crescimento
nacional. Colombo (2012) destaca que para o Nordeste os programas foram no sentido
de resistência à seca com o PROÁGUA22 a fim de introduzir um novo modelo de
irrigação ao desenvolvimento sustentável e o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF) com o objetivo de financiar projetos que gerassem
renda para agricultores familiares e assentados da reforma agrária.
Nesse sentido foi possível observar que até o início dos anos 2000 as políticas
regionais desapareceram das agendas políticas, e a SUDENE perdeu força, dando mais
autoridade aos estados e municípios para realização de políticas regionais. Não se pode
negar a maior contribuição do período, o controle da inflação, com o Plano Real, que
teve grande influencia nos anos 2003 em diante com estímulos a investimentos na
economia brasileira (COLOMBO, 2012).

2.4 Retomada dos Planos de Desenvolvimento Regional

Silva (2015), Resende et all (2015) e Gumiero (2014), corroboram que a retomada
das políticas regionais tem início no ano de 2003 quando a ADENE elabora a proposta
da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) a qual caberiam às políticas
regionais numa primeira fase de 2003-2011, mas com uma diferente estratégia das
antigas políticas.
Instituída a PNDR I, que foi a retomada da tentativa de desenvolvimento regional,
esta já estava em discussão desde 2003 e aprovada em 2007, Alves e Neto (2014) e
Santos (2011), destacam que as superintendências de desenvolvimento regional estavam
em plena recriação, com uma atuação de autarquia especial, administrativa e
financeiramente autônoma, integrando-se ao Sistema de Planejamento e de Orçamento
Federal, vinculada ao Ministério da Integração Nacional.

21
Tendo os Planos Plurianuais aprovações para os anos de 2000-2003, 2004-2007, 2008-2011, 2012-2015
e 2016-2019.
22
Antes chamado PROHIDRO, criado em 1979.
34

Em sua primeira fase de 2008-2011, a PNDR apresentava como objetivos: 1)


reduzir as desigualdades regionais e 2) ativar as potencialidades de desenvolvimento das
regiões brasileiras, atuando nos territórios que interessam menos aos agentes do
mercado, valorizando as diversidades locais. (RESENDE et al, 2015).
Os planos de execução do PNDR23 são planos especificados em macrorregional:
no Norte foi instituído o Plano Amazônia Sustentável (PAS), no Centro-Oeste o Plano
Estratégico de Desenvolvimento do Centro-Oeste (PDCO) e na região Nordeste foi
criado o Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (PDNE). E a
nível mesorregional foram criados Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira
(PDFF), o Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semiárido
(CONVIVER), o Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido
(PDSA). O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (PDNE)
apontou pontos de estrangulamento e problemas econômicos, científicos, tecnológicos,
sociais, e ambientais, os quais foram orientações para os investimentos (MINISTÉRIO
DA INTEGRAÇÃO, PDNE, 2006, p. 42 e 43).
O conjunto ações do PDNE está apresentada nos macro-objetivos do
desenvolvimento: a) desenvolvimento e integração social; b) aumento das vantagens
competitivas do Nordeste; c) integração competitiva as economias nacional e
internacional; d) expansão da base produtiva do Nordeste; e) redução da defasagem do
Nordeste; f) integração cooperativa das sub-regiões; especificados em oito sub-regiões24
no Nordeste para a atuação do planejamento estratégico: Meio-Norte, Sertão Norte,
Ribeira do São Francisco, Sertão Sul, Litorânea Norte, Litorânea Leste, Litorânea Sul e
Cerrados.
Os investimentos25 das sub-regiões estão distribuídos como mostra o quadro
abaixo, para o período de vigência do I PNDR:

Tabela 3 - Investimentos Previstos em Infraestrutura e FNE nas Sub-Regiões Nordeste

Regiões Investimentos (em reais) Estados


Litorânea Sul 11 bilhões SE, BA e ES
Litorânea Leste 9,8 bilhões PE, PA, RN e AL
Litorânea Norte 12,05 bilhões CE, MA e PI

23
Cabe ressaltar que alguns destes planos constituem objetos de programas específicos nos Planos
Plurianuais (PPA).
24
Para mais informação a respeito da identificação das sub-regiões ver MI-PDNE (2006).
25
Para mais informação detalhada de investimentos no PNDR I, ver MI-PNDE, 2006.
35

Cerrados 1,54 bilhões MA, PI e BA


Meio Norte 75 milhões MA e PI
Ribeira do São Francisco 3,4 bilhões SE e AL
Sertão Norte 10,9 bilhões PI,CE,RN,PA e PE
Sertão Sul 1,6 bilhões SE, BA e MG
Fonte: Elaborado a partir de dados do Ministério da Integração PNDE, 2006.

Dentre estes investimentos expostos na tabela 3, cabe destacar à construção de


fábricas e indústrias nos estados do Nordeste, usinas termelétricas nos estados da Bahia
e Ceará, duplicações de BRs, porto de Suape, refinaria de petróleo e estaleiro em
Pernambuco e trechos da ferrovia Transnordestina.
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (PDSA) 26 foi
outro plano atrelado ao PNDR que também atuou no Nordeste. O PDSA tem como
objetivo o crescimento econômico regional sustentável com inclusão social e redução
das desigualdades entre o Nordeste semiárido e o restante do País.
No tocante aos investimentos para o Semiárido cabe destacar: revitalização da
Bacia do Rio São Francisco; integração de Bacias Hidrográficas (Sertão Norte);
hidrovia do São Francisco; ferrovia Transnordestina; agricultura irrigada: agronegócio e
revitalização de perímetros públicos; energia alternativa: biodiesel, gás natural e outras
fontes não-fósseis de energia; mineração; e refinaria de petróleo. (MINISTÉRIO DA
INTEGRAÇÃO, PSDA, 2005, p. 82).
Na segunda fase do PNDR os objetivos foram redefinidos: 1) sustentar uma
trajetória de reversão das desigualdades inter e intra-regionais, valorizando os recursos
endógenos e as especificidades culturais, sociais, econômicas e ambientais; e 2) criar
condições de acesso mais justo e equilibrado aos bens e aos serviços públicos no
território brasileiro, reduzindo as desigualdades de oportunidades vinculadas ao local de
nascimento e de moradia. (CASTRO, 2012).
Assim a PNDR II27 tomou como espaço prioritário de atuação já definida na
PNDR I, como alguns espaços no Sul e Sudeste, desde que classificados como de média
e baixa renda. (RESENDE et all, 2015).

26
As estratégias do PDSA estão orientadas a partir de eixos: espacial, social e econômico. O eixo espacial
se caracteriza com uma revisão da divisão do Semiárido, facilitando as ações a fim de promover o
desenvolvimento, a reorganização em três áreas é similar à divisão do PDNE com Sertão Norte, Sertão
Sul e Ribeira do São Francisco. (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, PSDA, 2005, p. 76).
27
Os eixos estratégicos foram classificados como: a) Governança – visando diálogos com os entes
federados de diferentes níveis de coordenação e execução dos planos de desenvolvimento para o combate
a desigualdade; b) Financiamento – o financiamento da PNDR II tem os mesmos instrumentos citados no
36

Outro programa de desenvolvimento importante foi o Programa de Aceleração do


Crescimento (PAC), que viria a complementar o PNDR, sendo que sua primeira fase
estava prevista para o período de 2007-2010. É importante ressaltar que o PAC
apresentou diretrizes diferentes do PNDR, pois contava com um envolvimento de ações
conjuntas entre governo e iniciativas privadas as Parcerias Públicas Privadas (PPP). As
diretrizes estavam fundamentadas nos seguintes pilares: i) investimento em
infraestrutura; ii) estímulo ao crédito e ao financiamento; ii) melhora do ambiente de
investimento; iv) desoneração e aperfeiçoamento do sistema tributário; e v) medidas
fiscais de longo prazo.
Destacando que os investimentos em infraestrutura se subdividem em logística
(rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos); energia (geração e transmissão de
energia elétrica, petróleo, gás natural e combustíveis renováveis); e infraestrutura social
(saneamento, habitação e recursos hídricos)
Para os anos seguintes o PAC foi relançado, vindo a ser chamado de PAC 2, com
vigência de 2011-2014 e para 2015-2018. Mas desta vez com diretrizes de
investimentos fundamentadas em infraestrutura: Transporte, Energia, Água e Luz para
Todos, Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e Comunidade Cidadã. (MINISTÉRIO
DAS CIDADES, slide 11).
O grande destaque no PAC 2 foram os investimentos do PMCMV28, juntos a
política monetária de estímulo ao crédito29, que aqueceram a economia com uma maior
demanda dos consumidores por produtos e pelo financiamento habitacional estimulando
emprego na construção civil. Este último é de extrema importância para alavancar a
economia emprega um contingente, de mão-obra com baixa qualificação, de

PNDR I; c) Elegibilidade dos Espaços – esses critérios permitem priorizar as áreas de atuação citadas
acima e estabelecer programas de desenvolvimento regional com prioridade aos já definidos antes,
enquanto outros podem ser definitivos ou temporariamente; d) Desenvolvimento Regional Sustentável –
este se divide em quatro vertentes estratégicas: 1) estrutura produtiva, visando um maior fortalecimento
das cadeias produtivas regionais; 2) rede de cidades – atualiza os estudos sobre as cidades brasileiras a
fim de destinar políticas eficientes que tornem mais competitivas as estruturas e aumento da capacidade
de atrair investimentos; 3) infraestrutura – projetos de infraestrutura regionalmente estratégicos em escala
macrorregional com interesse de consolidar os corredores logísticos que constituem os eixos de
desenvolvimento; e 4) educação, capacitação e P&D – expansão da rede federal de ensino superior,
profissional e tecnológico, criar e estimular pesquisas, desenvolvimento e inovação para as temáticas
estratégicas para atração de empresas inovadoras.
28
Mais detalhes dos financiamentos do PMCMV, no MINISTÉRIO DAS CIDADES (2009) - Plano
Nacional de Habitação.
29
Redução de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
37

trabalhadores que poderiam estar fora do mercado de trabalho, mas que consegue
colocação nesse setor.
No período da retomada das políticas de desenvolvimentos regionais o PIB do
Nordeste teve sua representação no PIB brasileiro com 13%, mas apresentou um
significativo crescimento nos anos de 2010-2014 com média de 11%. O setor
agropecuário nordestino participou com um percentual de 20% no valor bruto do PIB, o
setor da indústria com 11% e o de serviços com 12%, refletindo a importância do setor
agropecuário para a região.
Esse resultado reflete as políticas do PNDR e do PAC para o período. Na busca da
retomada das políticas regionais esses programas romperam com visão de que o
problema regional brasileiro se detinha apenas ao Norte e Nordeste, além de reconhecer
as desigualdades a níveis inter e intra-regionais.
Nesse sentido, as políticas públicas destinadas ao desenvolvimento regional,
principalmente à região Nordeste, com a finalidade de amenizar as disparidades
econômicas e sociais, destinaram-se a setores estratégicos a fim de aumentar a
competitividade no mercado e gerar novas oportunidades no mercado de trabalho.
38

3 EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E


CONCENTRAÇÃO DO EMPREGO

Varias foram às políticas públicas destinadas ao Nordeste nos últimos anos, a fim
de reduzir a disparidade de renda e social deste com outras regiões brasileiras. Contudo
os investimentos se direcionaram para setores estratégicos com um maior crescimento
do país pela melhoria de sua infraestrutura, e assim uma maior competitividade no
mercado. Neste contexto este capítulo busca apresentar uma revisão da literatura sobre a
produtividade do trabalho brasileira e nordestina para depois dar enfoque a
concentração do emprego e a produtividade do trabalho nos setores produtivos dos
estados do Nordeste. Diante dessa perspectiva, busca-se discutir como a teoria tem
buscado analisar os fatores de crescimento econômico, com foco nas abordagens
voltadas para análise de produtividade.

3.1 Mudanças Estrutural e Produtiva

É com a obra de Adam Smith que as mudanças na estrutura produtiva são um


marco na analise econômica e temos uma melhor percepção de que a divisão do
trabalho tem grande contribuição no aumento da produção e da produtividade, ao
permitir uma maior especialização do trabalhador poupando tempo de execução da
atividade e utilizando máquinas que às vezes fazem o trabalho de três homens (SMITH,
1993).
Ricardo (1982) ao observar as terras, constatou que a produtividade das mesmas
reduz à medida que as terras mais produtivas são ocupadas tendo as terras posteriores,
uma produtividade menor, onde podemos constatar que o crescimento econômico desta
pratica é determinado pela taxa marginal decrescente.
Ao incorporar essas teorias pioneiras do crescimento econômico Ramsey (1928)
determina um nível ótimo de poupança para uma nação com modelos de otimização
para as famílias. No modelo de Solow (1956) e Koopmans (1963), temos a
representação de um modelo com taxa de poupança exógena, retornos decrescentes do
capital e a representação de um crescimento, sustentado, de longo prazo determinado
pela tecnologia exógena.
39

Nos modelos de crescimento neoclássicos Romer introduz o capital humano com


uma analise de que uma maior qualificação da mão-de-obra leva a um maior
crescimento da economia, além de introduzir a formalização entre crescimento e a
economia das ideias (JONES, 2000).
Nesse sentido, é importante ressaltar que a maior marca da mudança produtiva
para o caso brasileiro foi a partir da abertura econômica na década de 90, onde se
concentram estudos do aumento da produtividade brasileira, principalmente do setor
industrial (CARVALHEIRO, 2003; CARVALHO, 2000; SILVA 2004). Assim Rossi Jr
e Ferreira (1999) utilizam dados em painel para mostrar que existe uma forte associação
entre a abertura comercial e o aumento da produtividade industrial brasileira. Negri e
Cavalcanti (2013) concluíram que o aumento da produtividade industrial extrativa
brasileira e da agropecuária conseguiu manter a produtividade do trabalho brasileira
estável entre anos 1990-2000. Os autores ressaltaram que o primeiro, apresentou uma
produtividade superior ao da indústria de transformação no período analisado.
Já Squeff et all (2012) encontrou um crescimento razoável para a produtividade
do trabalho entre 2000-2009 com menor desempenho da indústria e maior participação
do setor agropecuário e de serviços o que indica uma convergência da produtividade
com o aumento dos setores menos produtivos, serviços e agropecuária, para o mais
produtivo, indústria. Convergência decorrente da queda da produtividade da indústria
nacional. Corroborando com essa maior participação do setor de serviços no mercado
interno tem o estudo de Menezes et all (2014) mostrando que o setor foi puxado pelas
atividades financeiras e imobiliárias e pelo aumento da produtividade do setor
agropecuário com redução da participação do emprego.
Ellery (2013) atribui o aumento da produtividade entre os anos de 2001-2011 a
elevação de preço das commodities melhorando os termos de troca. O autor ressalta que
esse crescimento nos preços das commodities foi mais importante do que a incorporação
de novas tecnologias e investimento em capital físico, premissa esta, para aumentos
significativos na produtividade do trabalho.
Enquanto Sesso Filho et all (2010) mostram que houve um deslocamento do
emprego dos setores agropecuário e industrial para setores do comércio e de serviços,
identificando um aumento de aproximadamente 7,3 milhões de pessoas ocupadas no
setor terciário.
40

Junto a estas mudanças ocorridas no Brasil fica evidente o impacto estrutural em


suas regiões. Dessa forma a abertura econômica foi percebida no Nordeste por Carvalho
(2007) que sinaliza para a participação dos setores na economia nordestina entre 1960-
1990, e concluiu que: o setor agropecuário decresceu aproximadamente 63,41%; a
indústria cresceu nesse mesmo período mais de 100% e o setor de serviços apresentou
uma evolução da ordem de 22,13%. Assim o autor destaca atividades consideradas
tradicionais na região, como os setores de serviços e de turismo, além das indústrias
têxtil, sucroalcooleira e de alimentos e bebidas, transformando a economia nordestina
mais atrativa com crescimento em indústria petroquímica e biocombustíveis.
Junior e Tavares (2011) analisaram as mudanças estruturais no Nordeste entre os
anos de 1997-2004 onde observou que as transformações seguiam o padrão nacional
com o setor de serviços tendo uma maior concentração do emprego, corroborando com
o estudo de Silva (2017) que analisou o Nordeste de 2002-2016 e observou o
crescimento da produção dos três grandes setores da economia, agropecuária, indústrias
e serviços, com taxas médias anuais de 3,1% 4,2% e 4,3%, respectivamente.
Já Varella et all (2017) mostra que a concentração do emprego formal no
Nordeste apresentou queda principalmente o ano de 2015, o que representou uma
retração de 2,56% para o Nordeste, com destaque ao estado de Pernambuco que
apresentou a maior redução dos estados nordestinos. Nos setores podem-se destacar
quedas na construção em todos os estados, a indústria de transformação com queda nos
segmentos têxteis, nos estados do Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia, a indústria
calçadista no Ceará e no Maranhão e a extrativa mineral na Bahia, Rio Grande do Norte
e Sergipe.

3.2 Concentração do Emprego nas Regiões do Brasil

Ao mencionar o mercado de trabalho, é também importante fazer uma relação


entre emprego e concentração de renda. Diante dessa perspectiva, estimativas recentes
do índice de concentração de renda, o Gini, revelam uma melhora na distribuição intra-
região, ou seja, o Nordeste passou de 0,600 para 0,516 entre 2001 e 2014, enquanto o
Brasil no mesmo período passou de 0,596 para 0,518. Com destaque para os estados
nordestinos de Pernambuco, Ceará e Alagoas, que obtiveram redução de 17% no
referido índice. Essa melhora no Nordeste brasileiro sinaliza a importância das políticas
públicas apropriadas realizadas na região como investimentos em infraestrutura física,
41

distribuição de energia elétrica, educação, habitação, saneamento, coleta de lixo e outros


investimentos que melhoraram a qualidade de vida dos que eram privados de seus
direitos.
Todo esse investimento destinado à região foi acompanhado pela expansão do
emprego no mercado brasileiro que foi da ordem de 32% entre 2006-2017, ou seja, um
aumento de 11 milhões de empregos formais, conforme tabela 4.
Verifica-se que as regiões Nordeste, Sudeste e Sul foram as que mais criaram
empregos formais, seguindo um padrão de concentração nos setores de administração
pública, comércio e indústria de transformação. Já as regiões Norte, Centro-Oeste e
Nordeste apresentaram crescimento do emprego acima da taxa nacional. Esse
significativo resultado nas regiões Norte e Centro-Oeste pode estar relacionado ao
desempenho do setor da agricultura com destaque a produção de soja que refletiu no
crescimento significativo do emprego formal dessas duas regiões representando
aumento de 125 mil empregos nas regiões, ou seja, um crescimento de 48% entre 2006-
2017. As regiões Sul e Sudeste apresentaram crescimento do emprego abaixo da taxa
nacional, podendo está relacionado ao desempenho das regiões menos desenvolvidas
que apresentaram taxas de crescimento superior.
Esse resultado corrobora com o trabalho de Monte et all (2013) que verificou no
período de 2000-2009 que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram
maiores taxas de crescimento do emprego. O autor verificou ainda que as regiões Sul e
Sudeste perderam concentração de emprego principalmente no setor de indústria de
transformação, onde essa desconcentração continuou com as políticas regionais voltadas
a elevar à renda daquelas regiões menos desenvolvidas com incentivos a instalação de
empresas e investimentos em obras públicas.
Através da Tabela 4 é possível pontuar dois cenários. O primeiro refere-se ao
crescimento do emprego formal em todos os setores da economia no período de análise,
com exceção do setor de serviços domésticos que apresentou redução de quase 70%. O
segundo cenário observado é que, a trajetória de crescimento do emprego formal em
todos os setores apresentou-se de forma uniforme para todas as regiões brasileiras
analisadas.
Os setores que mais contribuíram para o crescimento do emprego formal no país
foram atividades financeiras, atividades profissionais e cientificas e saúde humana e
42

serviços sociais, tendo os setores de serviços domésticos, agricultura e indústrias de


transformação contribuídos em menor proporção.
43

Tabela 4 - Concentração do Emprego nas Regiões do Brasil – 2006-2017


Centro-
Setores Nordeste Norte Sudeste Sul BRASIL
Oeste
Ano: 2006
AGRICULTURA 245.609 65.016 685.648 220.252 192.701 1.409.226
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 33.672 12.102 110.758 16.962 9.694 183.188
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 798.372 229.973 3.301.753 1.624.587 298.999 6.253.684
ELETRICIDADE E GÁS 18.821 9.425 48.432 23.039 9.265 108.982
ÁGUA E ESGOTO 49.497 10.729 143.525 41.109 13.323 258.183
CONSTRUÇÃO 275.125 76.132 777.537 199.583 110.336 1.438.713
COMÉRCIO 977.588 301.042 3.373.752 1.184.226 499.416 6.336.024
TRANSPORTE 207.728 69.770 944.708 283.949 102.489 1.608.644
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 177.472 38.097 650.215 189.962 79.850 1.135.596
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 58.861 15.340 394.323 100.173 56.502 625.199
ATIVIDADES FINANCEIRAS 74.280 19.710 410.295 126.645 57.513 688.443
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 8.721 1.490 43.459 11.848 3.845 69.363
ATIVIDADES PROFISSIONAIS E
66.483 18.271 357.015 82.407 31.657 555.833
CIENTÍFICAS
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS 447.816 91.889 1.767.004 368.741 210.758 2.886.208
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 2.139.817 692.791 3.060.215 948.050 908.486 7.749.359
EDUCAÇÃO 206.719 53.247 637.531 308.905 85.397 1.291.799
SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS
204.557 41.458 771.107 227.851 96.888 1.341.861
SOCIAIS
SERVIÇOS DOMÉSTICOS 1.436 445 4.424 3.024 1.281 10.610
TOTAL 6.185.903 1.792.126 18.140.168 6.170.491 2.866.561 35.155.249
Ano: 2017
AGRICULTURA 249.383 97.487 642.475 230.964 285.936 1.506.245
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 34.391 24.903 121.718 18.235 13.090 212.337
44

INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 909.117 227.961 3.335.500 1.851.673 428.631 6.752.882


ELETRICIDADE E GÁS 23.718 11.404 51.455 27.569 11.145 125.291
ÁGUA E ESGOTO 66.681 15.772 170.106 52.128 28.020 332.707
CONSTRUÇÃO 392.115 117.555 962.832 325.974 163.315 1.961.791
COMÉRCIO 1.585.766 495.056 4.613.868 1.704.130 759.394 9.158.214
TRANSPORTE 308.321 104.291 1.292.954 433.815 174.064 2.313.445
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 319.832 68.135 1.040.426 308.795 153.575 1.890.763
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 87.742 23.424 490.492 144.645 69.497 815.800
ATIVIDADES FINANCEIRAS 98.547 28.817 513.785 144.858 83.761 869.768
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 24.865 4.195 77.729 25.968 10.070 142.827
ATIVIDADES PROFISSIONAIS E
145.899 40.322 590.882 168.256 75.731 1.021.090
CIENTÍFICAS
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS 749.328 158.542 2.417.141 572.861 323.550 4.221.422
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 2.530.716 974.654 3.405.235 1.199.417 1.136.606 9.246.628
EDUCAÇÃO 411.089 108.468 1.018.411 334.336 165.251 2.037.555
SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS
379.259 86.889 1.279.512 363.756 184.770 2.294.186
SOCIAIS
SERVIÇOS DOMÉSTICOS 676 198 1.466 517 461 3.318
TOTAL 8.543.651 2.641.623 22.758.090 8.136.303 4.201.923 46.281.590
Fonte: O Autor (2019) a partir de dados da RAIS.
45

Destacando a participação da região Nordeste, observa-se que a região apresentou


aumento nos postos de trabalho com um crescimento de 38%, ou seja, um aumento de
cerca de 2 milhões de empregos formais de 2006 para 2017. Sendo também possível
identificar uma forte concentração do emprego nos setores de administração pública,
comércio e indústria da transformação, embora os setores de atividades imobiliárias e
atividades profissionais foram os que apresentaram maiores taxas de crescimento no
período.
Ao analisar por unidades da federação da região Nordeste é possível observar uma
concentração do emprego entre os três estados mais ricos da região, Bahia, Pernambuco
e Ceará, sendo possível notar que o emprego formal cresceu mais representativamente
nos estados do Maranhão e do Piauí, contudo estes estados ocupam uma pequena
parcela do emprego no Nordeste, com cerca de 7% e 5%, respectivamente.
Na tabela 5 observa-se ainda que no período de análise apenas os estados do
Ceará, Maranhão, Paraíba e Piauí apresentaram crescimento do emprego acima do
verificado para a região. O setor da agricultura apresentou crescimento nos estados da
Bahia, Piauí e Maranhão, que se mostraram os maiores produtores de soja do Nordeste
além dos investimentos de irrigação no polo frutífero de manga e uva na Bahia.
As indústrias extrativas e de transformação apresentaram crescimento do pessoal
ocupado em grande parte dos estados impulsionados pelo crédito para aquisição de
máquinas e implantação de fabricas, o que vale lembrar que a indústria extrativa é
extensiva em mão de obra. Já os setores de eletricidade e gás e água e esgoto cresceram
na maioria dos estados pelos investimentos indiretos do setor de construção e pela
implantação de termelétricas no estado de Alagoas, campos de geração de energia eólica
e combustível gás natural no Rio Grande do Norte.
Outro setor de destaque foi o setor de alojamento e alimento, pois neste período
houve crescimento do emprego e da quantidade de hotéis nos estados do Maranhão e em
Pernambuco.
46

Tabela 5 - Distribuição do emprego nos estados do Nordeste de 2006-2017


Setores AL BA CE MA PB PE PI RN SE
Ano: 2006
AGRICULTURA 10.919 87.834 22.383 18.235 15.886 54.707 4.780 21.323 9.542
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 774 13.814 2.359 591 1.533 1.886 620 8.021 4.074
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 99.522 157.235 187.833 27.428 56.392 166.016 21.059 53.508 29.379
ELETRICIDADE E GÁS 1.137 4.779 1.842 1.531 2.002 3.817 1.307 846 1.560
ÁGUA E ESGOTO 2.819 11.561 6.966 3.698 5.441 8.973 1.851 5.958 2.230
CONSTRUÇÃO 11.171 79.915 35.293 21.744 16.271 50.626 15.408 25.793 18.904
COMÉRCIO 52.807 290.694 141.324 77.328 56.454 192.264 49.936 74.039 42.742
TRANSPORTE 10.215 71.552 31.496 17.649 9.384 39.385 8.197 11.513 8.337
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 9.905 59.084 27.179 8.178 8.259 35.539 5.166 16.323 7.839
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 2.247 17.076 9.473 2.693 5.024 12.598 1.927 4.703 3.120
ATIVIDADES FINANCEIRAS 3.717 20.824 13.103 5.854 4.744 13.994 3.607 4.383 4.054
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 387 2.332 2.098 292 365 1.594 364 1.009 280
ATIVIDADES PROFISSIONAIS E
2.582 22.543 9.389 2.808 2.816 16.137 2.579 4.962 2.667
CIENTÍFICAS
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS 15.843 138.248 84.500 23.140 17.956 113.584 10.508 25.129 18.908
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 137.449 530.041 308.605 184.504 212.396 342.035 125.720 177.844 121.223
EDUCAÇÃO 10.630 56.539 35.451 10.456 16.243 35.373 17.382 15.219 9.426
SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS
10.108 65.896 28.224 11.826 10.526 40.122 13.753 12.745 11.357
SOCIAIS
SERVIÇOS DOMÉSTICOS 90 391 168 127 89 210 58 188 115
TOTAL 393.232 1.681.473 989.490 437.433 450.720 1.162.556 293.248 475.257 302.494
Ano: 2017
AGRICULTURA 10.587 93.873 22.522 20.939 13.577 51.153 8.237 17.768 10.727
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 1.134 14.752 2.701 1.464 1.253 1.596 760 7.683 3.048
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 71.769 202.433 218.554 31.880 68.772 196.017 25.447 54.337 39.908
47

ELETRICIDADE E GÁS 275 5.216 2.457 2.136 2.586 5.568 2.472 1.167 1.841
ÁGUA E ESGOTO 4.885 17.585 8.019 4.504 5.146 14.683 2.753 5.200 3.906
CONSTRUÇÃO 19.578 110.683 61.437 37.405 30.406 67.932 20.375 25.878 18.421
COMÉRCIO 84.953 434.589 256.937 145.382 102.510 294.058 88.650 113.085 65.602
TRANSPORTE 13.456 98.794 47.904 29.794 13.215 66.187 11.159 15.215 12.597
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 20.992 93.909 51.408 18.322 18.079 63.900 14.016 25.572 13.634
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 3.944 18.964 19.152 7.114 6.171 19.995 3.179 6.036 3.187
ATIVIDADES FINANCEIRAS 4.845 26.202 20.341 6.371 6.702 18.231 4.760 5.954 5.141
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 1.815 6.713 4.361 1.968 1.881 3.750 1.132 1.947 1.298
ATIVIDADES PROFISSIONAIS E
5.506 44.041 19.464 7.590 6.567 39.150 6.949 10.868 5.764
CIENTÍFICAS
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS 34.918 182.665 151.790 43.967 40.598 160.462 40.355 57.984 36.589
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 155.158 608.096 407.053 280.644 244.563 381.211 163.798 174.476 115.717
EDUCAÇÃO 21.495 98.875 68.119 24.464 43.353 78.031 22.946 33.054 20.752
SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS
19.713 108.315 54.859 27.334 20.305 79.590 25.456 19.551 24.136
SOCIAIS
SERVIÇOS DOMÉSTICOS 25 207 80 69 18 64 5 176 32
TOTAL 486.763 2.223.775 1.464.948 713.051 638.270 1.584.780 453.229 588.373 390.462
Fonte: O Autor (2019) a partir de dados da RAIS.
48

Dando continuidade na análise dos dados expostos na Tabela 5, identifica-se que


o setor da construção apresentou taxa de crescimento expressivo, mesmo que no
decorrer dos anos tenha apresentado melhores taxas, seus investimentos em construções
de habitação, infraestrutura ferroviária, infraestrutura rodoviária, proporcionaram
melhoras no setor de atividades imobiliárias e atividades financeiras.
O setor de educação que se apresentou positivo em todos os estados nordestinos,
sendo um reflexo da política de interiorização da rede federal de escolas técnicas e de
ensino superior que teve ligação com o setor de atividades profissionais e cientificas.
Por fim podemos observar que o setor de administração pública apresentou taxas
maiores nos estados do Maranhão, Ceará e Piauí, podendo ser um indicativo de que
estas regiões possuem certa dependência deste setor.
Como pode ser visto as atividades que mais absorveram mão de obra são as que
possuem em média uma baixa produtividade, corroborando com o mesmo resultado
encontrado por Menezes et all (2014) para os anos de 2000-2009.
Diante dessa perspectiva, ao analisar a concentração do emprego nos setores
econômicos brasileiros e na região Nordeste nos últimos anos, é importante ressaltar
que esse processo verificado nos setores produtivos do país sinaliza haver impacto no
indicador de produtividade desses setores. De maneira geral a produtividade será
representada como a produção do setor dividida pelo pessoal ocupado nos setores.

Gráfico 3 - PIB per capita e Produtividade do Trabalho Nordeste 2006-2015


210%

190%

170%

150% Per capita


Produtividade
130%

110%

90%

Fonte: Dados PIB e População do IBGE e População Ocupada RAIS. O Autor (2019).
49

Nesse sentido, o Gráfico 3 acima mostra o crescimento do PIB per capita e da


produtividade do trabalho 30 ao longo dos anos de 2006-2015, onde a região Nordeste
apresentou um deslocamento entre as duas variáveis com o primeiro crescendo a taxas
mais altas que a segunda. Os dados demonstram que a partir de 2012 pode-se observar
um maior crescimento médio da produtividade do trabalho em relação ao PIB per capita
com 8,51% e 8,33% respectivamente.
Os dados expostos indicam que os setores que mais contribuíram para o aumento
da produtividade foram os de agricultura (103%), construção (69%), atividades
financeiras (120%), indústria de transformação (91%) e comércio (86%) tendo esse
resultado pelo crescimento do produto nos setores que foi acima dos 100%. Outros
fatores que contribuíram para o bom resultado foram os investimentos de concessão de
crédito principalmente no setor da indústria de transformação para a aquisição de
máquinas, o aumento da produção de grãos (milho e soja) nos estados nordestinos e as
construções habitacionais e de infraestrutura.
Com uma análise mais detalhada do Nordeste, pode-se observar que seus estados
obtiveram um bom crescimento médio da produtividade de 7%, mesma taxa de
crescimento da produtividade brasileira, com relevância para os estados do Piauí,
Paraíba, Pernambuco e Alagoas. O setor da indústria de transformação apresentou
queda no crescimento da produtividade em quase todos os estados, com resultado
positivo apenas nos estados de Pernambuco, Paraíba e Piauí, com destaque para a
Paraíba que é grande produtora de cimento.
Já o setor da construção apresentou queda na produtividade no estado do
Maranhão devido ao crescimento do pessoal ocupado no período que foi superior a
produção do setor. E os setores do comércio e atividades financeiras apresentaram
crescimento da produtividade com destaque no comércio em Alagoas e o setor
financeiro no estado do Maranhão. Enquanto o setor de construção apresentou maior
crescimento da produtividade no Rio Grande do Norte, ressaltando os investimentos em
rodovias, construção de creches e habitação. Assim pode-se atribuir o bom desempenho
da produtividade pelo crescimento do produto que ficou acima da taxa de pessoal
ocupado no período de análise.

30
Aqui a produtividade do trabalho será apresentada como a divisão do PIB (dados IBGE) pelo pessoal
ocupado (dados RAIS).
50

Outro aspecto fundamental é ressaltado por Menezes (2014), no que se refere à


mudança estrutural na economia, ou seja, a relação entre a realocação da mão de obra
nas diferentes atividades econômicas está no fato que esse processo dos setores menos
produtivos para os mais produtivos, pode fazer com que a produtividade econômica
aumente, mesmo sem o uso de tecnologia. Para analisar a produtividade do trabalho nos
setores e os deslocamentos da mão de obra nordestina no período de 2006-2015 será
utilizada uma variação do modelo principal deste trabalho apresentado por Carvalheira
(2003) que está no apêndice B.

Tabela 6 - Decomposição da Produtividade do Trabalho Nordeste (2006-2015)

Crescimento
Efeito Efeito Efeito
da
Tecnológico Estático Dinâmico
Setores Produtivos Produtividade
(%) (%) (%) (%)
88,27 92,03 -0,54 -3,21
AGRICULTURA 103,05 8,74 -2,49 -2,57
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS -23,87 -0,67 -0,43 0,1
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 91,24 9,69 -1,71 -1,56
ELETRICIDADE E GÁS 51,5 1,82 -0,31 -0,16
CONSTRUÇÃO 69,37 4,34 1,89 1,31
COMÉRCIO 86,09 10,1 2,27 1,95
TRANSPORTE 46,94 2,9 0,74 0,35
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 91,39 2,06 0,65 0,59
ATIVIDADES FINANCEIRAS 120,41 3,78 -0,14 -0,17
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 58,98 5,43 2,94 1,73
Fonte: O Autor (2019) a partir de dados da RAIS.

A Tabela 6 sinaliza a mudança estrutural nos diferentes setores, onde se observa


que a produtividade do trabalho, caso não houvesse deslocamento da mão de obra, seria
cerca de 92% ao invés de 88%, com destaque para os setores de industrias de
transformação, atividades financeiras e agricultura, que apresentaram os maiores
crescimentos de produtividade no período.
Na verificação dos efeitos, o estático foi negativo para os setores da agricultura,
das indústrias de transformação e extrativa, eletricidade e gás e atividades financeiras
indicando que o deslocamento da mão de obra destes setores se deu em direção a setores
de menor produtividade, contribuindo para o deslocamento no setor de construção, o
que confirma a maior absorção de mão de obra por setores com baixa produtividade.
51

Já o efeito dinâmico negativo indica o deslocamento para setores que crescem


abaixo da média como o setor da construção, transporte e indústria extrativa. Tendo em
linhas gerais a mão de obra se deslocado para setores com baixa produtividade e baixo
crescimento produtivo. Corroborando com os investimentos feitos no período onde os
setores ligados à construção que tinham baixa produtividade e baixo crescimento
produtivo, começam a ganhar espaço na economia com construções de infraestrutura
portuária, rodoviária, habitação e saneamento.
Este modelo tem algumas limitações, como não observar a vantagem competitiva
dos setores em relação às outros setores. Assim para melhor análise da produtividade do
trabalho será feita uma decomposição do método shift-share, a fim de identificar os
setores que mais se destacaram, numa perspectiva de maior vantagem competitiva, na
região Nordeste. Mas antes apresentar-se uma revisão da literatura do método a ser
utilizado.
52

4 REVISÃO DA LITERATURA DO SHIFT-SHARE

A concentração e evolução do trabalho é um tema bastante abordado na literatura


de economia regional brasileira. Esse interesse pelo estudo regional tem grande
relevância na medida em que a partir de sua análise pode-se direcionar políticas
regionais de investimentos e incentivos a fim de promover crescimento econômico e um
maior dinamismo dos setores da economia. Com o processo de desenvolvimento de uma
região, ou de um país, ocorrem mudanças estruturais que acompanham o crescimento
econômico, social e político 31. Tais mudanças trazem consigo uma nova ordenação
setorial associada ao emprego, inovações tecnológicas e aumento da produtividade do
trabalho.
Nesse sentido este capítulo apresentará uma revisão organizada em ordem
cronológica dos trabalhos, a fim de dar uma ideia das varias modificações e versões
feitas por alguns trabalhos ao longo dos anos com intuito de melhorar as limitações do
método. Além disso, devido à escassez de trabalhos para o Brasil e suas regiões, será
possível observar trabalhos com aplicações variadas sem tratar do crescimento da
produtividade, mas dentro do contexto de melhorias em índices atreladas aos
investimentos de políticas públicas.
Barff e Knight III (1988) analisam o U.S.A. de 1939-1984, mais precisamente a
região da Nova Inglaterra, que utiliza além dos efeitos Nacional e Mix Indústria citados
antes, o efeito Competitivo (diferença do emprego real com o esperado de cada setor se
crescessem a taxa nacional) propondo uma análise dinâmica na aplicação do método em
anos consecutivos do período. Os autores chegam a resultados parecidos ao comparar os
dois métodos, com um efeito Mix Industrial negativo, efeitos Alocação e Nacional
positivo, no entanto ele observa que o efeito do Mix Industrial pela análise estática é dez
vezes maior comparado a análise dinâmica. O autor explica que isso ocorre devido ao
crescimento da indústria emergente em uma pequena região onde sobressaem as
políticas destinadas ao seu crescimento.
Numa perspectiva de aplicação do shift-share, temos o trabalho de Ledebur e
Moomaw (1983) que investigam o crescimento da produtividade nas regiões dos U.S.A.

31
No tocante a política, este trabalho abrange apenas os impactos e consequências econômicas sofridas
no período sem questionar atitudes e pronunciamentos políticos.
53

no setor da Indústria com efeitos Nacional e efeito Mix Industrial, onde foi observado
um crescimento da produtividade acima da nacional nas regiões no período de 1967-72,
menos na região Sul, enquanto que ao passar dos anos no período de 1972-77 é
observado que a produtividade cresceu mais no Sul do que nas outras regiões.
Com uma abordagem diferente do shift-share, Fernández et all (2004) analisam a
previsão do trabalho nos países da Áustria, Espanha e União Europeia de 1980 – 2000
nos setores da Agricultura, Industria, Construção e Serviços. Chegando a uma
constatação de que o método não apresenta bons resultados ao ser usado para
previsões32, mas o modelo ARIMA da uma melhor intuição de simulações do emprego
com cenários otimistas apresentando o setor de Serviços uma taxa positiva de
crescimento para os anos de 2004-2006.
Nazara e Hewings (2004) propôs a introdução de estruturas espaciais na análise
do método shift-share, se justificando de que a análise leva em conta que uma região
vive isolada das outras. Assim Fernández e Menéndes (2005) combina a extensão
espacial de Nazara e Hewings com o emprego homotético de Esteban-Marquillas para
uma abordagem empírica para a Espanha onde foram encontrados maiores efeitos
competitivos nos setores Agrícolas e de Construção, enquanto a Indústria e Serviços
apresentaram resultados mais baixos.
O trabalho de Kataoka (2010) utiliza o método shift-share de Esteban (2000), com
o coeficiente de variação ponderada pelo emprego ao quadrado, para o Japão pós-guerra
(1995-2005) verificando que os resultados positivos da produtividade, estão atrelados
com alocação de investimentos orientada para eficiência com investimentos em regiões
mais produtivas e por equidade que implica maior investimento em regiões de menor
produtividade.
Houve tentativas de estender o shift-share para outros campos, como a análise de
mudanças populacionais (Paris, 1970 e Franklin, 2014), análise econométrica (Mayor et
all 2007 e Gallo e Kamarianakis, 2011) e projeções (Floyd, 1973). Como pode ser visto
varias são as versões e aplicações do shift-share que foram moldadas ao longo do seu
surgimento para correção das limitações.
No Brasil muitos trabalhos buscaram mostrar, através da aplicação do método, a
produtividade do trabalho no setor industrial, mas precisamente na indústria de

32
Uma melhor discussão sobre usar o shift-share para previsões pode ser encontrada em Richardson
(1978).
54

transformação. Um destes trabalhos e o de Rocha (2007) que busca analisar a relação do


crescimento da produtividade e transformações estruturais ocorridos em 1970-2001,
período da abertura comercial brasileira. O autor identificou que não houve maior
crescimento devido às mudanças estruturais ocorridas no período devido a um maior
efeito especialização negativo das indústrias, sugerindo uma interpretação de que as
indústrias de alto crescimento da produtividade não parecem grandes geradoras de
emprego.
Outro trabalho que aborda o Brasil e o de Piacenti et all (2008) que analisam a
distribuição do emprego nos setores econômicos das regiões brasileiras no período de
1985-2000 utilizando o shift-share e outras medidas de especialização e localização,
encontrando significativas transformações nas regiões Nordeste e Sul com grande
participação da Agroindústria no Sul e do setor de Serviços e Construção no Nordeste,
as outras regiões também apresentaram bons resultados para setores da Indústria,
Serviços e Comércio. O autor corrobora com Rocha (2007) de que as transformações
não foi maior devido ao conturbado processo ocorrido no período com estabilização de
preços, abertura comercial, mudança política no câmbio e entrada de investimentos
externos diretos.
Oliveira (2011) analisa a contribuição do setor de Serviços para o Brasil,
constatando que 1980-1995 a variação da participação foi negativa, apresentando
crescimento apenas no período de 1995-2005 sendo este e o setor Agropecuário os
únicos com participação positiva. O autor destaca que nesse período o setor de Serviços
absorveu mão de obra de outros setores, contribuindo para o resultado no período
seguinte. Esse cenário muda quando feita a análise para os anos de 2002-2007 onde
todos os setores se apresentaram positivos com destaque a maior contribuição do setor
de Serviços.
Matlab et all (2012) busca mostrar o crescimento do emprego de 1981-2006 por
meio do shift-share nos estados brasileiros, chegando a resultados que mostram as
maiores taxas de crescimento em estados de regiões menos desenvolvidas que se dão
pelas vantagens comparativas e dos componentes de Mix Industrial e do efeito
Competitivo que corroboram com estudos anteriores que encontram convergência
regional, onde a atividade que antes era concentrada no Sul está mais dispersa no país.
Já Miguez e Moraes (2014) comparam a produtividade do trabalho de 1995-2009,
dos setores brasileiros com o México, E.U.A., Alemanha e China, utilizando o shift-
55

share. No setor Agropecuário o crescimento do Brasil foi significativo, mas seu valor
em nível ainda é muito baixo quando comparado com países mais desenvolvidos; e a
Indústria obteve um baixo desempenho, embora algumas atividades como celulose,
papel, impressão e publicação e produtos químicos tenham tido um bom desempenho.
Um trabalho com grande destaque é o de Galeano et all (2012) que procuram
examinara produtividade do trabalho pela intensidade tecnológica do setor industrial
para o Brasil e a região Nordeste de 1996-2007. Pelo shift-share foi averiguado que
ocorreu mudança estrutural nos setores com crescimento da produtividade influenciada
pelo componente regional, onde se pode atribuir ao resultado da abertura comercial,
choques de novas tecnologias e reconfiguração da forma de integração regional. Na
região Nordeste os autores enfatizam que além das condições favoráveis, como
incentivos fiscais, logísticas (fatores regionais e/ou locacionais), conta com o
financiamento do FNE. Assim os resultados apontam que o Nordeste modificou sua
estrutura setorial de forma a se especializar mais em setores com atividades de mais
rápido crescimento a nível nacional e menos nas de crescimento lento.
O trabalho de Lima e Simões (2010), também utilizam o shift-share e outras
medidas de especialização e localização, para as microrregiões do Nordeste no período
de 1995-2007 chegando a resultados de que as microrregiões mais dinâmicas em termos
de emprego são as que possuem maiores índices de centralidade. Ao analisar as capitais
dos estados nordestinos foi verificada vantagem competitiva especializada em setores
como extrativo mineral, minerais não metálicos, indústrias têxteis e alimentos e bebidas.
Outro trabalho com foco no Nordeste 2005-2009, é o de Monte et all (2013) que
se propõe a analisar a evolução do mercado de trabalho no período de 2000-2009 com o
shift-share de Esteban-Marquillas (1972) para 25 setores nos estados nordestinos.
Observou-se que o maior impacto do crescimento relativo do emprego formal foi
explicado pelo componente Regional, como afirma o autor, decisões de política e
problemas no plano nacional/regional afetam de forma relevante a variação do emprego.
Dentre os estados nordestinos, Pernambuco e Paraíba tiveram as menores taxas de
crescimento do emprego enquanto o estado do Maranhão registrou um bom
desempenho pela forte expansão dos setores de Serviços e Comércio, setor terciário.
Ainda para o Nordeste numa perspectiva diferente da aplicação setorial, cabe
salientar trabalhos com aplicação do método shift-share em análise das exportações
nordestinas (Viana, 2006; Xavier e Viana 2006).
56

5 METODOLOGIA

Este capítulo apresenta o método diferencial-estrutural (shift-share) aplicado na


pesquisa para captar as mudanças ocorridas na estrutura produtiva da economia
nordestina e em seus estados.

5.1 Modelo shift-share

O método shift-share é um importante instrumento de analise da estrutura


produtiva, que, como salienta Junior e Galete (2010), descreve o crescimento de uma
região ao decompor seus componentes numa análise descritiva. Segundo Souza (2009)
o crescimento das regiões deve-se a dois fatores. Um a nível regional, decorrente das
características naturais e econômicas da própria região, conferindo-a vantagens
produtivas para determinados setores. E o outro, a um fator nacional que são atividades
locais que em nível nacional estão crescendo.
Por ser de uma fácil aplicação, o método tem sido amplamente utilizado na
literatura de análise regional. E se tratando de áreas menores 33, como este trabalho que
aborda os estados, pode-se fazer as adaptações das nomenclaturas necessárias sem
alterar o modelo original atendendo suas limitações e o objetivo deste trabalho.
Cabe destacar que para utilização do método, dados sobre produção são
preferíveis, pois de acordo com Souza (2009), refletem melhor a contribuição de cada
um dos fatores no processo de produção, mas a variável, emprego tem sido utilizada
devido a disponibilidade dos dados a nível estadual. O propósito do método, segundo
Herzog e Olsen (1977), é o de decompor a variação setorial do emprego em cada região,
entre o ano inicial e o ano final, em três efeitos que medem o crescimento. Definindo,
com base em Souza (2009), a variação total do emprego do setor i no estado j (∆Eij) é
igual ao nível de emprego final menos o emprego inicial:

∆𝐸𝑖𝑗 = 𝐸𝑖𝑗 1 − 𝐸𝑖𝑗 0 (1)

33Neste trabalho nossos cálculos foram feitos com estados, logo a região da metodologia foi usada como estado e o nível nacional é
nossa região de análise.
57

A variação total do emprego do setor i do estado j pode ser expressa em termos do


emprego inicial, multiplicado por sua taxa de variação no período, como segue:

∆𝐸𝑖𝑗 = 𝐸𝑖𝑗 0 𝑒𝑖𝑗 (2)

Em que 𝑒𝑖𝑗 = [(𝐸𝑖𝑗 1 − 𝐸𝑖𝑗 0 )⁄𝐸𝑖𝑗 0 ]. Definem-se as demais taxas de variação do


emprego entre o ano inicial e o final como: total regional: 𝑒 = [(𝐸1 − 𝐸 0 )⁄𝐸 0 ] e setor i
regional: 𝑒𝑖 = [(𝐸𝑖 1 − 𝐸𝑖 0 )⁄𝐸𝑖 0 ].
Adicionadas as variáveis estrutural e diferencial, finalmente chega-se à equação
que mostra a variação real do emprego:

(𝐸𝑖𝑗 1 − 𝐸𝑖𝑗 0 ) = (𝐸𝑖𝑗 0 𝑒) + 𝐸𝑖𝑗 0 (𝑒𝑖 − 𝑒) + 𝐸𝑖𝑗 0 (𝑒𝑖𝑗 − 𝑒𝑖 ) (3)

A equação (3) mostra que a variação real do emprego (Total) do setor i no estado j
é igual à variação Teórica (Nij), primeiro termo à esquerda da equação, somado a
variação Estrutural (Pij) e a variação Diferencial (Dij); segundo e terceiro termo da
equação à esquerda, respectivamente. Segundo Souza (2009), se uma variação do
emprego total de um setor i de em estado j for maior que a variação teórica, significa
que o emprego deste setor cresceu mais que a média regional e que existem elementos
dinâmicos, internos ou externos, que atuam de forma positiva na região. Caso a variação
do emprego total seja menor que a teórica significa que não esta havendo dinamismo no
setor i do estado j, pois estará crescendo abaixo da média regional.
Para tanto, é possível observar três efeitos dessa construção:

 O efeito total será positivo quando os efeitos estrutural e diferencial forem


positivos ou quando um deles for positivo o suficiente para superar a
magnitude negativa do outro.

 O efeito Teórico corresponde à variação do emprego que o setor teria se


ele crescesse a mesma taxa da região.
58

 O efeito Estrutural ou Setorial, se positivo, indica que o setor i da


economia estadual cresceu mais do que a economia da região, tendo o
estado j esse dinamismo positivo quando o setor i estiver representado,
localizado no estado.

 O efeito Diferencial, Competitivo ou Regional, se positivo, indica que o


crescimento do setor i no estado j foi superior ao crescimento deste mesmo
setor a nível regional, ocorrendo segundo Souza (2009), porque o estado
possui vantagens locacionais especificas para a atividade i.

5.2 Limitações do shift-share

Segundo Kataoka (2012), Arcelus (1984), Galeano et all (2012) e Herzog e Olsen
(1977), a análise do shift-share tem sido amplamente difundida na literatura de
economia regional, tendo seu desenvolvimento e análise feita pelo trabalho de Dunn
(1960), fundada no modelo de localização de Daniel Creamer. Galeano et all (2012)
aponta algumas limitações34 da formulação de Dunn (1960) e Dunn e Rosenfeld (1959)
como: 1) influências exógenas sobre a região; 2) a interdependência das componentes
estrutural e regional; 3) o uso do método sob análise estática comparativa; 4)
dificuldade para identificar o impacto de mudanças na composição setorial sobre o
crescimento da região, no período de análise.
Stilwell (1969) deu enfoque à limitação de identificar impactos de mudanças
estruturais sobre o crescimento da região, no período me análise, invertendo a base de
ponderação captando mudanças no emprego da região no período em questão,
chamando essa mudança de deslocamento de modificação de proporcionalidade. O
autor aplicou a modificação para o setor industrial para diferentes regiões do Reino
Unido, demonstrando que a política regional dos anos 1960 teve efeito em garantir uma
composição industrial nas regiões menos desenvolvidas. Mesmo Stilwell tendo
resolvido o problema, seu modelo foi modificado em busca de uma melhor solução por
Chalmers (1971), que sugeriu uma maneira alternativa de medir as mudanças
industriais. Já Edwards et all (1978) reconhece as críticas de Chalmers e corrige o
deslocamento de modificação de proporcionalidade de Stilwell.

34
Para mais discursões sobre as limitações ver Ashby (1968) e Houston (1967).
59

A extensão de Esteban-Marquillas (1972) foi formulada de modo a abordar o


entrelaçamento das componentes estrutural e regional, citados acima. O autor introduziu
a variável “emprego homotética” livrando-se do problema de influência da componente
Estrutural sobre a Regional, bem como agregar o efeito Alocação (especialização) que
capta a desvantagens ou vantagens competitivas nos setores de uma região. Herzog e
Olsen (1977) buscam examinar esta formulação de Esteban-Marquillas, verificando que
a técnica mostrou-se eficiente em resolver o problema de entrelaçamento das
componentes, no entanto cria-se um novo problema de ponderação e destrói as
propriedades aditivas de Stokes (1974).
Já para Mackay (1968), as mudanças estruturais e regionais são interdependentes
porque os efeitos do mix industrial podem impactar através de ligações técnicas com as
indústrias fornecedoras ou através de efeitos multiplicadores induzidos nas atividades
de serviço.
A fim de sanar a limitação do modelo com as influencias exógenas, Arcelus
(1984) introduz um componente Regional (Diferencial) a versão de Dunn e Rosenfeld
(1959), a fim de se ter um fator regional explicando a força do mercado local,
desagregando o efeito Competitivo, sendo este considerado por Haynes e Machuda
(1987) uma extensão do modelo de Esteban-Marquillas (1974). Com essa mudança o
componente Regional pretende refletir se o setor i da região j desfruta de alguma
vantagem competitiva da própria região, ou não, considerando-o como fator endógeno
para a economia da região, sendo afetados por fatores locais, regionais ou os dois tipos,
como inventivos fiscais, empréstimos de baixo custo e similares (ARCELUS, 1984, p.
6).
Com base no argumento de Stoke (1974) de que, Esteban-Marquillas (1972) ao
propor a modificação do componente competitivo, como visto acima, o mesmo perde a
propriedade aditiva de agregação e desagregação, fazendo com que o efeito competitivo
de uma região seja maior que a soma das contribuições de cada sub-região. Haynes e
Machuda (1987) e Sihag e Mcdonough (1989) procuram demonstrar que as extensões
de Arcelus e Esteban-Marquillas, respectivamente, satisfazem a propriedade aditiva.
Assim Haynes e Machuda (1987) testam 4 propriedades aditivas de simetria e
assimetria, que reside na verificação na igualdade do valor total das componentes da
extensão de Arcelus (1984), enquanto que Sihag e Mcdonough (1989) estendem o
60

modelo de Esteban-Marquillas incorporando efeitos internacionais e demonstrando que


o mesmo satisfaz a propriedade aditiva.

5.3 Aprimoramento do Modelo

No entanto, o método de análise utilizado neste trabalho consiste na aplicação da


reformulação do shift-share de Dunn (1960) feita por Esteban-Marquillas (1972) e
revisada por Herzog e Olsen (1977) 35.
Esteban-Marquillas (1972) faz uma reformulação do shift-share a fim de resolver
um dos problemas de limitação em Dunn (1960), de que os efeitos estrutural e
diferencial estarem entrelaçados, e que não leva em conta as mudanças na estrutura do
setor regional durante o período em que todas as taxas de crescimento são ponderadas
pelos níveis de emprego do ano base, não levando em consideração a mudança entre o
ano base e o ano final36.
Esteban-Marquillas (1972) reorganiza a equação (3), para resolver o problema dos
efeitos entrelaçados, introduzindo uma variável, o emprego esperado ou emprego
homotético, no lugar do emprego efetivo do período inicial no efeito diferencial. Sendo
o emprego esperado do setor i do estado j definido como:

𝐸𝑖𝑗 0∗ = 𝐸𝑗 0 (𝐸𝑖 0 ⁄𝐸 0 ) (4)

Em que 𝐸𝑖𝑗 0∗ é o emprego esperado, o 𝐸𝑗 0 é o emprego total do estado j no ano


base, 𝐸𝑖 0 é emprego total do setor i no nível da região no ano base e 𝐸 0 é o emprego
total da região do ano base. Com essa introdução do emprego esperado no efeito
diferencial, o mesmo é definido como:

𝐷𝑖𝑗 ′ = 𝐸𝑖𝑗 0∗ (𝑒𝑖𝑗 − 𝑒𝑖 ) (5)

De acordo com Souza (2009), ao substituir o emprego esperado no lugar do


emprego efetivo, do efeito diferencial, Esteban-Marquillas (1972), procurou eliminar a
influência estrutural do efeito diferencial. Essa influência estrutural foi definida como a

35
Outras versões com econometria espacial, por exemplo, poderiam ser usadas, mas essa versão foi a que
mais se adequou aos dados e ao objetivo de pesquisa.
36
Pode-se observar essa ponderação na equação (3).
61

diferença entre o efeito diferencial com o emprego efetivo e o efeito diferencial com o
emprego esperado, definida como se segue:

𝐴𝑖𝑗 = (𝐸𝑖𝑗 0 − 𝐸𝑖𝑗 0∗ )(𝑒𝑖𝑗 − 𝑒𝑖 ) (6)

A equação (6) mostra que o efeito alocação (𝐴𝑖𝑗 ) é igual à multiplicação do efeito
especialização com o efeito vantagem comparativa. O efeito alocação indica se a região
é especializada (𝐸𝑖𝑗 0 > 𝐸𝑖𝑗 0∗ ) naqueles setores que apresentam vantagens competitivas
(𝑒𝑖𝑗 > 𝑒𝑖 ). Segundo Herzog e Olsen (1977) podem surgir quatro resultados possíveis,
apresentadas na tabela 7.

Tabela 7 - Possíveis Efeitos de Alocação

Efeito Vantagem
Especialização
Descrição Alocação Competitiva
(Eij - Eij0*)
(Aij) (eij - ei)

Desvantagem Competitiva Especializada (DCE) - + -


Desvantagem Competitiva Não Especializada (DCNE) + - -
Vantagem Competitiva Não Especializada (VCNE) - - +
Vantagem Competitiva Especializada (VCE) + + +
Fonte: Herzog e Olsen (1977).

Segundo Souza (2009) as regiões mais dinâmicas são as que possuem vantagem
competitiva especializada, o setor encontra-se bem representado na região e cresce mais
na região do que a nível nacional.
Um efeito alocação positivo indica que a região é especializada na produção do
setor i e que esse setor está crescendo mais na região do que nacionalmente, na tabela
acima é representada pela VCE; ou pode indicar que a região não é especializada e que
está crescendo menos que a média nacional, DCNE. Se o efeito alocação for negativo
pode significar que a região não é especializada, mas seu setor está crescendo acima da
média nacional, VCNE; ou pode ser que a região é especializada no setor, mas está
crescendo abaixo da média nacional, DCE.
Assim a equação modificada do método shift-share de Esteban-Marquillas (1972)
é a seguinte:
62

(𝐸𝑖𝑗 1 − 𝐸𝑖𝑗 0 ) = 𝐸𝑖𝑗 0 𝑒 + 𝐸𝑖𝑗 0 (𝑒𝑖 − 𝑒) + 𝐸𝑖𝑗 0∗ (𝑒𝑖𝑗 − 𝑒𝑖 ) + (𝐸𝑖𝑗 0 − 𝐸𝑖𝑗 0∗ )(𝑒𝑖𝑗 − 𝑒𝑖 ) (7)

Em que a variação real igual à variação teórica mais a variação estrutural mais a
variação diferencial mais a variação diferencial com a eliminação da influência
estrutural.

5.4 Dados

Este trabalho usa dados sobre emprego formal que são divulgados pelo
Ministério do Trabalho (MTE) através do Relatório Anual de Informações Sociais
(RAIS) que todas as empresas formais do país são obrigadas a preencher anualmente.
O estudo contemplou os estados da Região Nordeste, Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, para um
período de análise de 2006 a 2017.
O recorte setorial baseou-se na Classificação Nacional da Atividade
Econômica (CNAE 2.0) abrangendo os setores: Agricultura, Pecuária, Produção
Florestal, Pesca e Aquicultura (Agricultura); Indústrias Extrativas; Indústria de
Transformação; Eletricidade e Gás; Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos e
Descontaminação (Água e Esgoto); Construção37 (compreende a construção de edifícios
em geral, as obras de infraestrutura e os serviços especializados para construção que
fazem parte do processo de construção); Comércio, Reparação de Veículos
Automotores e Motocicletas (Comércio); Transporte, Armazenagem e Correio
(Transporte); Alojamento e Alimentação; Informação e Comunicação; Atividades
Financeiras de Seguros e Serviços Relacionados (Atividades Financeiras); Atividades
Imobiliárias; Atividades Profissionais, Cientificas e Técnicas (Atividades Profissionais
e Científicas); Atividades Administrativas e Serviços Complementares (Atividades
Administrativas); Administração Pública, Defesa e Seguridades Social (Administração
Pública); Educação; Saúde Humana e Serviços Sociais (Saúde Humana e Serviços
Sociais); e Serviços Domésticos.

37
Será chamado de Construção Civil ao longo do trabalho.
63

6 ANÁLISE E RESULTADOS

Para melhor análise das vantagens comparativas e dos componentes da


metodologia shift-share na região Nordeste e em seus estados, este capitulo apresenta
primeiro os resultados gerais da região Nordeste como um todo e depois detalha-se para
seus nove estados afim de se ter uma visão mais clara da influência dos componentes e
das vantagens competitivas da região.
No quadro 1, pode-se observar que o efeito teórico foi o efeito com maior
participação na variação do emprego nos estados do Nordeste e em toda a região.
Ademais, conforme destaca Monte et all (2013), desta evidência pode estar relacionada
as políticas destinadas aos estados nordestinos, mas com decisões que são determinadas
a nível regional, visando o desenvolvimento da região como um todo.
O componente teórico representa o aumento do emprego que os estados teriam se
crescessem a mesma taxa de crescimento do emprego da região. Ou seja, se a variação
real do emprego formal for maior que o efeito teórico, significa que o estado apresentou
desempenho melhor que o observado na região. Pelo Quadro 1, observa-se que os
estados do Maranhão, Piauí e Ceará, apresentaram maiores crescimento do emprego
formal no período, como destacado anteriormente.
Para o Nordeste os setores que mais contribuíram38 para um efeito teórico positivo
foram o de comércio, indústria da transformação, administração pública e construção
civil. Indicando que estes setores apresentaram melhor desempenho na região Nordeste
do que se comparado como o observado para o Brasil. Constata-se que os estados
apresentaram resultados muito próximos na contribuição dos setores, para um efeito
teórico positivo.

38
Ver apêndice B.
64

Quadro 1 - Análise do Shift-Share para o Crescimento do Emprego do Nordeste e


seus Estados (em %)

Variação Real do Emprego Componentes


Estados
(Valor Absoluto)
Diferencial Estrutural Teórico
2006-2017
Nordeste 2.357.748 21% -4% 83%
Alagoas 93.531 -37% -23% 160%
Bahia 542.302 -26% 8% 118%
Ceará 475.458 22% -1% 79%
Maranhão 275.618 43% -3% 60%
Paraíba 187.549 20% -12% 92%
Pernambuco 422.224 -10% 5% 105%
Piauí 159.981 28% 3% 70%
Rio Grande do
113.116 -55% -5% 160%
Norte
Sergipe 87.968 -28% -3% 131%
Fonte: O Autor (2019)

O componente estrutural apresentou sinal positivo para os estados de


Pernambuco, Piauí e Bahia sinalizando que os setores de comércio e educação, foram os
que mais influenciaram para o componente positivo. Foi possível verificar que as essas
duas variáveis apresentaram um melhor desempenho entre os estados analisados para a
região do Nordeste, indicando que estes setores apresentam vantagem locacional nos
estados. Ou seja, esses setores possuem vantagem nos estados citados acima que fazem
com que estes possuam alguma vantagem sobre o mesmo setor em outros estados,
podendo ser maior quantidade de insumos para o comércio desses estados, boas estradas
que melhoram o comércio entre outras vantagens locacionais.
No sentido contrário, observa-se que o efeito diferencial apresentou valores
negativos para os estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e
Sergipe, indicando que em média seus setores cresceram menos nesses estados do que o
verificado para na região como um todo. É importante ressaltar, que tal fato não
significa que em alguns setores os estados mencionados se sobressaíram à região, como
65

os setores de indústria da transformação, água e esgoto, atividades imobiliárias e


educação.
Enquanto ao efeito alocação a Tabela 8 e as descrições da Tabela 7 vêm contribuir
para observar a variação do emprego de um setor em um determinado estado tendo
como referência a região. Assim sendo, identificam-se duas características:

 Vantagem Competitiva Especializada (VCE), onde verifica-se que o sinal


positivo sinaliza que o estado é especializado e seu setor apresenta um
crescimento acima do registrado para a região analisada, Nordeste
brasileiro;
 Desvantagem Competitiva Não Especializada (DCNE), tal fato se
apresenta no sentido contrário, ou seja, o estado não é especializado e que
está crescendo menos que a taxa verificada para a região estudada.

Diante dessa perspectiva, é importante ressaltar que se o efeito for negativo pode-
se ter um estado com setor crescendo acima da região, mas não especializado, vantagem
competitiva não especializada (VCNE), ou o estado ser especializado e crescendo
abaixo do registrado para a região, desvantagem competitiva especializada (DCE).
Pela Tabela 8, verifica-se que a região Nordeste apresentou vantagem competitiva
especializada em dois setores, água e esgoto e construção civil, promovendo
crescimento de emprego maior que a nível nacional nesta região e nestes setores, o que
corrobora com a análise anterior dos planos regionais destinados ao Nordeste, no
período de 2006-2017, que contemplam à atuação do PAC e do PNDR39. Diante desse
contexto, observa-se ainda que o crescimento de empregos em setores diretamente
ligados ao setor da construção civil, como é o caso do setor de atividades imobiliárias,
atividades financeiras e eletricidade e gás, apresentaram vantagem competitiva não
especializada (VCNE), significando que estes setores tiveram variação de emprego
maior na região Nordeste do que foi verificado para o Brasil.
Nos três principais estados da região Nordeste não se observa nenhum resultado
uniforme no que se refere ao efeito alocação. No estado de Pernambuco os setores que
apresentaram vantagem competitiva (VCE) foram: transporte, informação e
comunicação, atividades administrativas e saúde humana e serviços sociais. Esses
39
Com os instrumentos de redução do IPI, crédito habitacional e reduções de impostos.
66

resultados corroboram com os investimentos estruturadores implementados no estado


principalmente a partir da metade dos anos 2000, entre eles: infraestrutura rodoviária,
refinaria de petróleo, construção do porto e construções de hospitais.
67

Tabela 8 - Efeito Alocação para o Nordeste e para seus Estados 2006-2017


Setores Nordeste AL BA CE MA PB PE PI RN SE
AGRICULTURA DCNE DCNE VCE DCNE VCE DCNE DCE VCNE DCE VCNE
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS DCE VCNE VCE VCNE VCNE DCNE DCNE VCNE DCE DCE
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO VCNE DCE VCNE VCE VCNE VCNE VCE VCNE DCNE VCNE
ELETRICIDADE E GÁS VCNE DCNE DCNE VCNE VCNE VCE VCE VCE VCNE DCE
ÁGUA E ESGOTO VCE VCNE VCNE DCNE DCE DCE VCNE VCNE DCE VCNE
CONSTRUÇÃO VCE VCNE DCE VCNE VCE VCNE DCNE DCE DCE DCE
COMÉRCIO VCNE DCNE DCE VCNE VCE VCNE DCE VCE DCNE DCNE
TRANSPORTE VCNE DCNE DCE VCNE VCE DCNE VCE DCNE DCNE VCNE
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO VCNE VCNE DCE VCNE VCNE VCNE DCE VCNE DCE DCNE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO VCNE VCNE DCE VCE VCNE DCE VCE VCNE DCE DCE
ATIVIDADES FINANCEIRAS VCNE DCNE DCE VCE DCE VCNE DCE DCE VCNE DCE
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS VCNE VCNE VCNE DCE VCNE VCNE DCNE VCNE DCE VCNE
ATIVIDADES PROFISSIONAIS E
VCNE DCNE DCE DCNE VCNE VCNE VCE VCNE DCNE DCNE
CIENTÍFICAS
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS VCNE VCNE DCE VCE VCNE VCNE DCE VCNE VCNE VCNE
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DCE DCE DCNE VCNE VCE DCE DCNE VCE DCE DCE
EDUCAÇÃO VCNE VCNE DCE DCE VCNE VCE VCNE DCE VCNE VCNE
SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS
VCNE VCNE DCE VCNE VCNE VCNE VCE DCE DCNE VCE
SOCIAIS
SERVIÇOS DOMÉSTICOS VCNE DCNE VCE VCNE VCE DCNE DCNE DCNE VCE DCE
Fonte: O Autor (2019).
68

Já no Ceará, a vantagem competitiva especializada se deu nos setores da indústria


da transformação, informação e comunicação, atividades financeiras e atividades
administrativas. O maior destaque está no setor das indústrias de transformação com os
segmentos de calçados, têxteis e couros que são indústrias tradicionais da região
Nordeste, já as atividades financeiras, sinalizam estar ligadas ao Programa Minha Casa
Minha Vida que teve grande respaldo no estado, bem como estímulos fiscais para
instalações de empresas no complexo do Porto de Pecém (MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO).
Ainda para o estado do Ceará temos os setores da construção civil e transporte que
apresentaram vantagens competitivas no período de análise, porém são setores que não
se especializaram. São setores que receberam investimentos das políticas regionais antes
discutidas e ligadas diretamente com o setor do comércio que também apresentou
vantagem competitiva não especializada sendo estimulada pelo bom desempenho dos
outros setores.
Na Bahia os setores da agricultura, indústrias extrativas e serviços domésticos
apresentaram vantagem competitiva especializada. Ao setor da agricultura, atribui-se o
aumento da produção de soja que foi verificado nos últimos anos e recebeu grande
investimento das políticas regionais, além dos investimentos de irrigação no polo
frutífero de manga e uva. Além do setor de indústrias extrativas que está diretamente
ligado com os investimentos em maquinas e equipamentos e com a exploração de
petróleo (BANCO DO NORDESTE DO BRASIL 2008-2015). Já o bom desempenho
no setor dos serviços domésticos está ligado à redução do emprego deste setor, que foi
mais acentuada em outros estados. Os únicos setores ligados à construção no estado da
Bahia que apresentaram crescimento acima da média regional foram às áreas de água e
esgoto e atividades imobiliárias.
Apresentando o mesmo resultado no setor da agricultura, o estado do Maranhão
registra vantagem competitiva especializada tendo aumento da produção de grãos, como
o milho e a soja, resultados que sinalizam estar diretamente ligados aos investimentos
do PAC. Outros setores com vantagem competitiva especializada no estado foram o da
construção civil, comércio, transportes, administração pública e serviços domésticos,
tendo o transporte recebido investimentos do PAC como a hidrovia do Parnaíba,
conexão da Transnordestina e recuperações de estradas.
69

Nos estados da Paraíba e do Piauí o setor de eletricidade e gás apresentou


vantagem competitiva especializada (VCE). No primeiro estado os investimentos do
PAC se apresentaram através das usinas termelétricas a óleo e investimentos em linhas
de transmissão, no Piauí as gerações de energia eólica em três usinas no estado e redes
de transmissão se mostram como os principais investimentos propulsores para a VCE
nesse período.
Estes dois estados ainda apresentaram vantagem competitiva especializada (VCE)
nos setores de atividades profissionais, atividades administrativas, atividades
imobiliárias alojamento e alimentação e indústria da transformação. Os setores de
transporte e serviços domésticos cresceram e se apresentaram com vantagem nos
estados, contudo não se especializaram.
Os estados de Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe, foram os que
apresentaram menor dinamismo nos resultados. Sergipe apresentou vantagem
competitiva especializada (VCE) no setor de saúde humana e serviços sociais e Rio
Grande do Norte no setor de serviços domésticos, enquanto que Alagoas não apresentou
vantagem especializada em nenhum dos setores analisados.
É importante ressaltar que os referidos estados apresentam resultados parecidos
nos setores de educação e atividades administrativas com vantagem competitiva, mas
não especialização. Os setores menos dinâmicos destes estados foram o comércio,
atividades profissionais e administração pública, onde apresentaram desvantagem
competitiva.
Através dos resultados obtidos foi possível observar que para alguns estados o
dinamismo positivo do emprego se mostrou com vantagem competitiva especializada e
não especializada. Essa vantagem se deu principalmente nos setores ligados diretamente
e indiretamente ao setor da construção civil, como os setores de eletricidade e gás,
comercio, transporte, atividades financeiras e atividades imobiliárias.
Além do mais, é possível observar um aumento no setor da construção civil a
nível regional, que pode ter se mostrado como geradora de spillovers, estimulando
crescimento em outros setores, elevando a vantagem competitiva especializada na
região, no lado oposto resultando em vantagens competitivas sem especialização em
outros setores, como comercio e educação, com crescimento do emprego formal nos
estados.
70

Por um lado indicam impacto positivo das políticas do PAC e PNDR, e por outro
lado certa dependência das políticas públicas como geradoras e incentivadoras de
emprego em alguns setores como Administração Pública, podendo-se destacar uma
redução na atividade industrial que não apresentando grande dinamismo em setores que
são absorvedores de emprego como indústria de transformação e extrativa, o que é
interesse de investigação a perda de competitividades e de espaço dessas indústrias.
71

7 ANÁLISE CONCLUSIVA

Este trabalho teve como objetivo principal analisar a dinâmica do emprego da


região Nordeste e nos seus respectivos estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, no período de 2006-2017,
através do método shift-share para 18 setores, identificando aqueles que apresentaram
vantagem competitiva especializada na região e nos seus nove estados.
O efeito teórico foi o que mais contribuiu para a mudança estrutural ocorrida no
período analisado se apresentando positivo para a região Nordeste e teve resultado
significativo nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará que apresentaram maiores
crescimento do emprego formal no período. Esse efeito teórico positivo foi responsável
por explicar a maior parte da variação do emprego formal na região e nos estados
citados. O efeito diferencial também foi positivo representando que os setores da região
Nordeste cresceram em média acima do nacional, observando o mesmo efeito para os
estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Paraíba.
Pode-se observar que a maior mudança no emprego se da com a absorção da mão
de obra pelas atividades que possuem em média uma baixa produtividade. Nesse sentido
a economia do Nordeste apresentou uma vantagem competitiva especializada nos
setores de construção civil e água e esgoto, dois setores ligados aos estímulos
habitacionais.
Outros setores apresentaram vantagem competitiva não especializada, como
atividades financeiras e imobiliárias, comércio, educação, transporte e indústria de
transformação. Essa vantagem competitiva não especializada pode ser verificada nos
estados e se da pelos investimentos em infraestruturas em rodovias, incentivos fiscais
para instalações de indústrias no Nordeste e interiorização das Universidades.
No que tange aos estados, o setor da Agricultura se destacou nos estados da Bahia
e do Maranhão pelos investimentos agrícolas são através da produção de grãos,
principalmente milho e soja, fazendo com que nestes estados o setor tenha se destacado
apresentando vantagem competitiva especializada. Outros estados que tiveram
resultados em comum foram os de Pernambuco e Piauí que apresentaram vantagem
72

competitiva no setor de Eletricidade e Gás que corresponde aos estados que tiveram
maior crescimento do emprego nesse setor, superando o crescimento da região.
Ainda que não invalide os resultados encontrados, se faz pertinente à explicitação
de algumas limitações acerca do modelo shift-share utilizado neste trabalho, referente
ao não detalhamento e não observação de mudanças na estrutura econômica da região.
Diante desse contexto, é importante ressaltar que as ações e execuções de políticas
de desenvolvimento regional especificamente para a região Nordeste se apresentaram ao
longo do período analisado, como forte instrumento de produtividade do trabalho e
dinamizador da infraestrutura econômica e social dessa região, não se pode negar que o
cenário foi favorável, mas corroborando com Araújo (1995), grande é a dependência
desta região de ações de gestores públicos a nível federal, seja com investimentos ou
por meio de geração de emprego.
Sendo assim o resultado encontrado reforça a necessidade de que a política de
desenvolvimento regional não deve visar uma concentração de atividades econômicas
numa localidade para não acarretar em aumento dos custos sociais, como uma
desigualdade regional, no caso da nossa análise, nordestina com disparidades dentro da
própria região. Cabe à política de desenvolvimento principalmente através de medidas
fiscais, evitar estes problemas. (FURTADO, 1963).
Em relação a perspectivas futuras desta pesquisa, pretende-se incluir uma análise
econométrica com o proposito de enfrentar certas limitações do shift-share, captando o
impacto das políticas sobre a região e verificando o porquê a produtividade e a
concentração do emprego são maiores em determinada região, verificar o impacto do
crescimento dessas mudanças estruturais no crescimento da região e o tentar identificar
os fatores regionais e/ou locais que afetam as regiões com uma analise mais detalhada
em nível de divisão do CNAE 2.0.
73

REFERÊNCIAS

ALVES, Adriana Melo; ROCHA, NETO. A nova Política Nacional de


Desenvolvimento Regional–PNDR II: entre a perspectiva de inovação e a persistência
de desafios. Revista Política e Planejamento Regional, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p.
311, 2014.

ALVES, Vicente Eudes Lemos. As Políticas Estatais e as Transformações


Econômicas e Sócio-Espaciais no Nordeste Brasileiro: de região-problema à
recente área de atração de investimentos. 2011.
ARAÚJO, Tânia Bacelar de. Nordeste, nordestes: que nordeste. Federalismo no
Brasil: Desigualdades Regionais e Desenvolvimento, 1995.
ARAÚJO, Tania Bacelar de; SANTOS, Valdeci Monteiro dos. Desigualdades regionais
e Nordeste em formação econômica do Brasil. 2009.
ARAÚJO, Tarcisio Patricio de; SOUZA, Aldemir do Vale; LIMA, Roberto Alves de.
Nordeste: economia e mercado de trabalho. Estudos avançados, v. 11, n. 29, p. 55-77,
1997.
ARCELUS, Francisco J. An extension of shift‐share analysis. Growth and change, v.
15, n. 1, p. 3-8, 1984.

ASHBY, Lowell D. The shift and share analysis: a reply. Southern Economic Journal,
p. 423-425, 1968.

AZZONI, Carlos R. Concentração regional e dispersão das rendas per capita estaduais:
análise a partir de séries históricas estaduais de PIB, 1939-1995. Estudos econômicos,
v. 27, n. 3, p. 341-393, 1997.

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (BNB). Relatório de Gestão–FNE. 2008.


BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (BNB). Relatório de Gestão–FNE. 2009.
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (BNB). Relatório de Gestão–FNE. 2010.
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (BNB). Relatório de Gestão–FNE. 2011.
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (BNB). Relatório de Gestão–FNE. 2012.
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (BNB). Relatório de Gestão–FNE. 2013.

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (BNB). Relatório de Gestão–FNE. 2014.


BANCO DO NORDESTE DO BRASIL (BNB). Relatório de Gestão–FNE. 2015.

BARFF, Richard A.; III, PRENTICE L. KNIGHT. Dynamic shift‐share


analysis. Growth and change, v. 19, n. 2, p. 1-10, 1988.

BRASIL, Decreto nº 6.952 de 2 de setembro de 2009. Aprova o Regulamento do Fundo


de Desenvolvimento do Nordeste - FDNE, e dá outras providências. Disponível em : <
74

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6952.htm >. Acesso


em: 04 de dez de 2018. 2009

BRASIL, G. T. D. N. Uma política de desenvolvimento econômico para o


Nordeste. Recife, SUDENE, 1967.

BRASIL. Lei nº 4.239 de 27 de junho de 1963. Aprova o Plano Diretor do


Desenvolvimento do Nordeste para os anos de 1963, 1964 e 1965, e dá outras
providências, jun 1963. Disponível em:
<http://siteantigo.sudene.gov.br/conteudo/download/LEI-004239-27-06-1963.html>.
Acesso em: 14 de nov de 2018. 1963.
BRASIL. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO (Departamento Nacional de Obras Contra
as Secas). Dentre os órgãos regionais, o Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas - DNOCS se constitui na mais antiga instituição federal com atuação no Nordeste.
Disponível em: <https://www2.dnocs.gov.br/historia>. Acesso em: 04 de nov de 2018.
2013.
BRASIL. MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO ECONÔMICA.
Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) 1964-1966 (2º Edição). Disponível
em: <http://bibspi.planejamento.gov.br/handle/123456789/1073>. Acesso em 07 de nov
de 2018. 1965.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Programa de Aceleração do


Crescimento: 2007-2010. Brasília. 22 de janeiro de 2007. 82 slides. Apresentação em
Power Point. 2007.

BRASIL. Política Nacional de Desenvolvimento Regional. Sumário Executivo. 2007 A.


BRASIL. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. I Plano Nacional de
Desenvolvimento (I PND) 1972-1974. Disponível em:
<http://bibspi.planejamento.gov.br/handle/iditem/322?show=full >. Acesso em 07 de
nov de 2018. 1971.
BRASIL. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. II Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND) 1975-1979. Disponível em:
<http://bibspi.planejamento.gov.br/handle/iditem/492>. Acesso em 07 de nov de 2018.
1974.
BRASIL. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. III Plano Nacional de
Desenvolvimento (III PND) 1980-1985. Disponível em:
<http://bibspi.planejamento.gov.br/handle/iditem/493>. Acesso em 07 de nov de 2018.
1980.
CABUGUEIRA, Artur Carlos Crespo Martins. Do desenvolvimento regional ao
desenvolvimento local. Análise de alguns aspectos de política económica
regional. Gestão e Desenvolvimento, v. 9, p. 103-136, 2000.
CARVALHEIRO, Nelson. Uma decomposição do aumento da produtividade do
trabalho no Brasil durante os anos 90. Revista de Economia Contemporânea, v. 7, n.
1, p. 81-109, 2003.
75

CARVALHO, José Otamar de. Desenvolvimento regional: um problema político.


SciELO-EDUEPB, 2014.
CARVALHO, Oliveira de, Cícero Péricles et al. Nordeste: sinais de um novo padrão de
crescimento (2000/2008). Jornal Valor Econômico, v. 18, p. 07, 2007.

CARVALHO, Paulo Gonzaga M. de; FEIJÓ, Carmem Aparecida. Produtividade


industrial no Brasil: o debate recente. Indicadores Econômicos FEE, v. 28, n. 3, p.
232-255, 2000.

CASTRO, S. Nova politica nacional de desenvolvimento regional. PNDR II. In: I


Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional. Ministério da Integração
Nacional. 2012.
CAVALCANTE, Luiz Ricardo Mattos Texeira. Desigualdades regionais no Brasil: uma
análise do período 1985-1999. Revista Econômica do Nordeste, v. 34, n. 3, p. 466-
481, 2003.

CAVALCANTE, Luiz Ricardo; NEGRI, Fernanda de. Evolução recente dos


indicadores de produtividade no Brasil. Produtividade no Brasil, 2013.

CHALMERS, James A. Measuring changes in regional industrial structure: a comment


on Stilwell and Ashby. Urban Studies, v. 8, n. 3, p. 289-292, 1971.
COLOMBO, Luciléia Aparecida et al. A ascensão e queda de uma instituição: a
SUDENE no sistema federativo brasileiro. 2012.

DUNN, Edgar S. Jr. A statistical and analytical technique for regional analysis. Papers
in Regional Science, v. 6, n. 1, p. 97-112, 1960.

DUNN, Edgar S.; ROSENFELD, Félix. Une technique statistique et analytique


d'analyse régionale: Description et projection. 1959.

EDWARDS, J. Arwel; HARNIMAN, K. F.; MORGAN, J. S. Regional growth and


structural adaptation: a correction to the Stilwell modification. Urban Studies, v. 15, n.
1, p. 97-100, 1978.
ELLERY, R.; BARROS, Ricardo Paes; GROSNER, Diana. Determinantes da
produtividade do trabalho para a estratégia sobre sustentabilidade e promoção da classe
média. Texto do Governo Federal, Presidência da República, Secretaria de
Assuntos Estratégicos, Brasília, 2013.

ESTEBAN-MARQUILLAS, Joan M. et al. I. A reinterpretation of shift-share


analysis. Regional and urban economics, v. 2, n. 3, p. 249-255, 1972.

FERNÁNDEZ, Matías Mayor; MENÉNDEZ, Ana Jesús López. The spatial shift-share
analysis-new developments and some findings for the Spanish case. 2005.

FLOYD, Charles F. Shift and share projection models: A reformulation. The Annals of
Regional Science, v. 7, n. 1, p. 40-49, 1973.
76

FRANKLIN, Rachel S. An examination of the geography of population composition


and change in the United States, 2000–2010: insights from geographical indices and a
shift–share analysis. Population, space and place, v. 20, n. 1, p. 18-36, 2014.
FURTADO, Celso, 1920 - Formação Econômica do Brasil. Oitava edição, revista pelo
Autor. São Paulo, Editora Nacional. 1968.
FURTADO, Celso. Perspectivas da economia brasileira. 2002.
FURTADO, Celso. Plano trienal de desenvolvimento económico e social 1963–
1965. Brasília: Presidencia da República, 1963.
FURTADO, Milton Braga. Síntese da economia brasileira / Milton Braga Furtado. 3º
ed. – Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1984.
GALEANO, Edileuza Vital; WANDERLEY, Lívio Andrade; UFF, FEIJÓ, Carmem.
Produtividade do Trabalho e Intensidade Tecnológica Industrial nas Regiões do
Brasil e nos Setores do Nordeste. 2012.

GALLO, Julie Le; KAMARIANAKIS, Yiannis. The evolution of regional productivity


disparities in the European Union from 1975 to 2002: A combination of shift–share and
spatial econometrics. Regional Studies, v. 45, n. 1, p. 123-139, 2011.
GIAMBIAGI, Fabio; VILLELA, André Arruda. Economia brasileira contemporânea.
Elsevier Brasil, 2011.
GUMIERO, Rafael. O Nordeste em dois tempos: a “Operação Nordeste” e a Política de
Desenvolvimento Regional do Governo Lula. 2014.
HAYNES, Kingsley E.; MACHUNDA, Zachary B. Considerations in Extending Shift‐
Share Analysis: Note. Growth and Change, v. 18, n. 2, p. 69-78, 1987.

HERZOG JR, Henry W.; OLSEN, Richard J. Shift‐share analysis revisited: The
allocation effect and the stability of regional structure. Journal of Regional Science, v.
17, n. 3, p. 441-454, 1977.

HOUSTON, David B. The shift and share analysis of regional growth: a


critique. Southern Economic Journal, p. 577-581, 1967.

INEP, MEC. Mapa do analfabetismo no Brasil. 2003.


JARDIM, Maria Chaves; SILVA, Márcio Rogério. Programa de aceleração do
crescimento (PAC): neodesenvolvimentismo?. SciELO-Editora UNESP, 2015.
JOAQUIM, Francielen Rose et al. Plano de Metas e as conseqüências na
industrialização brasileira. 2008.
JONES, Charles I. Aplicações empíricas dos modelos de crescimento
neoclássicos. JONES, C I. Introdução à teoria do crescimento econômico. Rio de
Janeiro: Campus, p. 44-64, 2000.

JUNIOR, Carlos Alberto Gonçalves; GALETE, Rinaldo Aparecido. O método


estrutural-diferencial: aplicação da adaptação de Herzog e Olsen para a microrregião de
77

Maringá frente à economia paranaense 1994/2008. Informe Gepec, v. 14, n. 2, p. 149-


165, 2010.
JÚNIOR, De Araújo; Ignácio Tavares; TAVARES, Fernanda Braga. Mudanças
estruturais no Nordeste entre 1997 e 2004: uma análise de insumo-produto. Revista
econômica do Nordeste, v. 42, n. 4, p. 697-712, 2011.

KATAOKA, Mitsuhiko. Interregional productivity differentials: a shift-share


decomposition analysis and its application to post-war Japan. Letters in Spatial and
Resource Sciences, v. 4, n. 1, p. 1-7, 2011.

KOOPMANS, Tjalling C. et al. On the concept of optimal economic growth. Cowles


Foundation for Research in Economics, Yale University, 1963.

KUBITSCHEK, Juscelino. Programa de Metas do Presidente Juscelino Kubitschek. Rio


de Janeiro, Serviço de Documentação da Presidência, 1958.
LEDEBUR, Larry C.; MOOMAW, Ronald L. A shift‐share analysis of regional labor
productivity in manufacturing. Growth and change, v. 14, n. 1, p. 2-9, 1983.
LIMA, Ana Carolina da Cruz; SIMÕES, Rodrigo Ferreira. Centralidade e emprego na
região Nordeste do Brasil no período 1995/2007. Nova Economia, v. 20, n. 1, p. 39-83,
2010.
LIMA, Policarpo. Economia do Nordeste: tendências recentes das áreas
dinâmicas. Análise Econômica, v. 12, n. 21 e 22, 1994.
MACHADO, Tavsa Tamara Viana; DIAS, Jobson Targino; DA SILVA, Tarciso Cabral.
Evolução e avaliação das políticas públicas para atenuação dos efeitos da seca no
semiárido brasileiro. Gaia Scientia, v. 11, n. 2, 2017.

MACKAY, D. I. INDUSTRIAL STRUCTURE and REGIONAL GROWTH: A


METHODOLOGICAL PROBLEM 1. Scottish Journal of Political Economy, v. 16, n.
1, p. 129-143, 1969.

MATLABA, Valente J. et al. Classic and Spatial Shift-Share Analysis of State-Level


Employment Change in Brazil. In: Applied Regional Growth and Innovation
Models. Springer, Berlin, Heidelberg, 2014. p. 139-172.

MATOS, Patrícia de Oliveira. Análise dos Planos de desenvolvimento elaborados no


Brasil após o II PND. 2002. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

MAYOR, Matías; JESÚS LÓPEZ, Ana; PÉREZ, Rigoberto. Forecasting regional


employment with shift–share and ARIMA modelling. Regional Studies, v. 41, n. 4, p.
543-551, 2007.
MENDES, Constantino Cronemberger; NETO, Aristides Monteiro. Planejamento,
instrumentos e resultados: avaliação da compatibilidade de políticas para o
desenvolvimento do Nordeste. Texto para Discussão, Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), 2011.
78

MENEZES , Naercio Filho; CAMPOS, Gabriela; KOMATSU, Bruno. A evolução da


produtividade no Brasil. São Paulo: Centro de Políticas Públicas do Insper, 2014.
MESSA, Alexandre. Metodologias de cálculo da produtividade total dos fatores e da
produtividade da mão de obra. Produtividade no Brasil: Desempenho e
determinantes, v. 1, 2014.

MIGUEZ, Thiago; MORAES, Thiago. Produtividade do trabalho e mudança estrutural:


uma comparação internacional com base no World Input-Output Database (Wiod) 1995-
2009. Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes, v. 1, 2014.
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Plano Estratégico de
Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (PDNE). Versão para Discussão. 2006.
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Plano Estratégico de
Desenvolvimento do Semiárido (PDSA). Versão para Discussão. 2005.

MINISTÉRIO DAS CIDADES. PAC 2. O Brasil vai continuar crescendo. Apresentação


58 slides. Apresentação em Power Point. Disponível em: <http://www.pac.gov.br/sobre-
o-pac/publicacoesnacionais>. Acesso em: 06 de dez de 2018.

MINISTÉRIO DAS CIDADES. Plano Nacional de Habitação. 2009.

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO. PAC. Relatórios Regionais. Cartilhas


Estaduais. Disponível em: <http://www.pac.gov.br/sobre-o-pac/publicacoesregionais>.
Acesso em: 04 de nov de 2018.
MONASTERIO, Leonardo. Indicadores de análise regional e espacial. ECONOMIA
REGIONAL E URBANA, p. 183, 2011.

MONTE, Paulo Aguiar do; DA SILVA, José Antônio Rodrigues; GONÇALVES,


Michelle Ferreira. A Dinâmica do Emprego na Região Nordeste no Período 2000 a
2009. Revista Econômica do Nordeste, v. 44, n. 1, p. 9-26, 2013.

MONTIBELER, Everlam Elias et al. Análise Comparativa Do Plano De Metas Com O


Programa De Aceleração Do Crescimento. Contribuciones a las Ciencias Sociales, n.
2011-08, 2011.
MOREIRA, Cássio. O projeto de nação do governo João Goulart: o Plano Trienal e
as Reformas de Base (1961-1964). Produção de terceiros sobre Paulo Freire; Série
Teses, 2011.

NAZARA, Suahasil; HEWINGS, Geoffrey JD. Spatial structure and taxonomy of


decomposition in shift‐share analysis. Growth and change, v. 35, n. 4, p. 476-490,
2004.
NEGRI, de Fernanda; CAVALCANTE, Luiz Ricardo. Os dilemas e os desafios da
produtividade no Brasil. Produtividade no Brasil: Desempenho e determinantes, v.
1, p. 15-51, 2014.
79

NEVES, Frederico de Castro. Getúlio e a seca: políticas emergenciais na era


Vargas. Revista Brasileira de História, v. 21, n. 40, p. 107-129, 2001.

OLIVEIRA, C. C. Os serviços importam: análise comparativa da evolução setorial da


produtividade do trabalho no Brasil, nos EUA e na EU-15 (1980-2007): uma aplicação
do modelo Shift share. XXXIX Encontro Nacional de Economia, Foz do Iguaçú,
Paraná.[Links], 2011.

PARIS, J. D. Regional/structural analysis of population changes. Regional Studies, v.


4, n. 4, p. 425-443, 1970.

PIACENTI, Carlos Alberto; ALVES, Lucir Reinaldo; DE LIMA, Jandir Ferrera. O


perfil locacional do emprego setorial no Brasil. Revista Econômica do Nordeste, v. 39,
n. 3, p. 482-502, 2008.
RAMSEY, Frank Plumpton. A mathematical theory of saving. The economic journal,
v. 38, n. 152, p. 543-559, 1928.

RELATÓRIO, D. O. 11o balanço do PAC (2007-2010). Poder Executivo. Disponível


em:< http://www.pac.gov.br/sobre-o-pac/publicacoesnacionais >. Acesso em: 12 de dez
de 2018.
RELATÓRIO, D. O. 11o balanço do PAC (2011-2014). Poder Executivo. Disponível
em:< http://www.pac.gov.br/sobre-o-pac/publicacoesnacionais >. Acesso em: 12 de dez
de 2018.

RESENDE, Guilherme Mendes et al. Brasil: Dez Anos Da Política Nacional De


Desenvolvimento Regional (PNDR). 2015.

RICARDO, David; DE ECONOMIA POLÍTICA, Princípios. Tributação. Coleção Os


Economistas. São Paulo: Abril Cultural, 1982.

RICHARDSON, Harry W. The state of regional economics: a survey


article. International regional science review, v. 3, n. 1, p. 1-48, 1978.

ROCHA, Frederico. Produtividade do trabalho e mudança estrutural nas indústrias


brasileiras extrativa e de transformação, 1970-2001. Revista de Economia Política, v.
27, n. 2, p. 221-241, 2007.
ROSSI JR, José Luiz; FERREIRA, Pedro Cavalcanti. Evolução da produtividade
industrial brasileira e abertura comercial. 1999.
SAMPAIO, Elias de Oliveira. Regulação e desenvolvimento regional: uma abordagem
para o Nordeste do Brasil. Revista Econômica do Nordeste, v. 30, n. 4, p. 952-977,
1999.

SANTOS, Francisca Lia Girão; GUALDA, Neio Lucio Peres; DE CAMPOS, Antônio
Carlos. Diretrizes de desenvolvimento para o Nordeste: as ideias de Furtado frente ao
plano estratégico de desenvolvimento sustentável do Nordeste. Revista Econômica do
Nordeste, v. 44, n. 2, p. 421-436, 2013.
80

SANTOS, Gemerson Braz. Estado e desenvolvimento: a importância das políticas


de Estado no desenvolvimento sócio-econômico da região nordeste do Brasil. 2011.
147 f. TCC (Graduação) - Curso de Geografia, Instituto de Geociências, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2011.
SANTOS, Ulisses Pereira dos; OLIVEIRA, Francisco Horácio Pereira de. Três fases da
Teoria Cepalina: uma análise de suas principais contribuições ao pensamento
econômico latino-americano. Análise–Revista de Administração da PUCRS, v. 19, n.
2, 2008.

SAURIN, Valter; PEREIRA, Breno Augusto D. O Programa nacional de desestatização:


aspectos relevantes da política de privatização. Revista de Ciências da Administração,
v. 1, p. 43-59, 1998.

SIHAG, Balbir S.; MCDONOUGH, Carol C. Shift‐share analysis: The international


dimension. Growth and Change, v. 20, n. 3, p. 80-88, 1989.

SILVA, Daniele Mendes; MENEZES, Gabrielito Rauter. ANÁLISE SHIFT-SHARE:


UM ESTUDO PARA AS MESORREGIÕES MINEIRAS NO PERÍODO 2005-
2015. Revista Estudo & Debate, v. 25, n. 1, 2018.
SILVA, Danielle Barbosa Lopes da. Impacto da abertura comercial sobre a
produtividade da indústria brasileira. 2004. Tese de Doutorado.
SILVA, Maria Alessandra Nunes da. Financiamento e desenvolvimento no nordeste:
uma abordagem do FNE para o período 2010-2016. 2017. Trabalho de Conclusão de
Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

SILVA, Simone Affonso da. A PNDR e o planejamento regional brasileiro no início


do século XXI. 2015.
SMITH, Adam; DAS NAÇÕES, A. Riqueza. Coleção os Economistas. São Paulo:
Nova Cultural, p. 406, 1996.
SOLOW, Robert M. A contribution to the theory of economic growth. The quarterly
journal of economics, v. 70, n. 1, p. 65-94, 1956.

SOUZA, Nali de Jesus de, Desenvolvimento Regional. São Paulo: Atlas, 2009.
SQUEFF, Gabriel Coelho et al. Produtividade no Brasil nos anos 2000-2009: análise
das Contas Nacionais. 2012.

STEINBERGER, Marília. Política de desenvolvimento regional: uma proposta para


debates. Revista de Administração Pública, v. 22, n. 2, p. 117-129, 1988.
STEVENS, Benjamin H.; MOORE, Craig L. A critical review of the literature on shift‐
share as a forecasting technique. Journal of Regional Science, v. 20, n. 4, p. 419-437,
1980.

STILWELL, Frank JB. Regional growth and structural adaptation. Urban Studies, v. 6,
n. 2, p. 162-178, 1969.
81

STOKES, H. K. 1974. Shift-share once again. Regional and Urban Economics 4:57-
60.

SUDENE. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA ESPECIAL DE


POLÍTICAS REGIONAIS SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO
NORDESTE. Desempenho Econômico da Região Nordeste do Brasil 1960-97
(Síntese). 1999.

SUDENE. SUPERINTENDÊNCIA, DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE. I


plano diretor de desenvolvimento econômico e social do nordeste 1961-1963. Recife:
Sudene, 1966A.

SUDENE. SUPERINTENDÊNCIA, DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE. II


plano diretor de desenvolvimento econômico e social do nordeste 1963-1965. Recife:
Sudene, 1966B.
SUDENE. SUPERINTENDÊNCIA, DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE. III
plano diretor de desenvolvimento econômico e social do nordeste 1966-1968. Recife:
Sudene, 1966C.
SUDENE. SUPERINTENDÊNCIA, DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE. IV
plano diretor de desenvolvimento econômico e social do nordeste 1969-1973. Recife:
Sudene, 1968.
TAVARES, Hermes Magalhães et al. Uma experiência de planejamento regional: o
Nordeste brasileiro. 1989.

VARELA, Thaise da Costa; MEDEIROS, Pollyanna Neves de; PEREIRA, William


Eufrásio Nunes. EMPREGO FORMAL NO NORDESTE: Uma Análise da Localização
do Emprego e Características dos Trabalhadores no Período 2011-2015. Encontro
Nacional de Economia do Vale do Açu, Rio Grande do Norte. 2017.

VIANA, FRANCISCA DF; XAVIER, CLÉSIO L. Composição das Exportações da


Região Nordeste e Seus Estados: Uma Aplicação do Método SHIFSHARE para o
Período Recente. XI Encontro regional de Economia–ANPEC NORDESTE.
Fortaleza, 2006.
VIANA, Francisca Diana Ferreira et al. Inserção externa e competitividade da
Região Nordeste no período pós-abertura comercial: uma análise a partir do
Método Shift-and-Share e de indicadores de competitividade revelada. 2006.
82

APÊNDICE A - MODELO Shift-Share APRESENTADO POR CARVALHEIRO


(2003)

A técnica de análise utilizada no trabalho consistiu na adaptação da metodologia


de Bonelli (2000) utilizada por Carvalheiro (2003) aplicando o método shift-share
(Diferencial-Estrutural), que considera o Produto Interno Bruto (PIB) dos setores
analisados para o Brasil, onde o shift-share é feito para a análise de doze setores da
economia, mas neste trabalho aplicar-se-á o método Diferencial-Estrutural para cinco
setores da economia pernambucana, são eles: Indústria, Construção Civil, Comércio,
Serviços e Agricultura. O Shift-share pode ser calculado a partir da seguinte equação:

∆𝑃𝑇 = [𝑌𝑇1 ⁄𝐿 𝑇1 ] − [𝑌𝑇0 ⁄𝐿 𝑇0 ] (1.A)

A equação (1.A) representa o aumento da produtividade do trabalho, onde YT é o


produto agregado, LT é a população total ocupada e 0 e 1 representam os períodos
iniciais e finais, respectivamente.
A equação (1.A), como mostra Carvalheiro (2003) foi escrita na forma de:

∆𝑃𝑇 = ∑ 𝑆𝑖1 𝑃𝑖1 − ∑ 𝑆𝑖0 𝑃𝑖0 (2.A)

Onde na equação (2.A) Si0 e Si1 representam as participações relativas no


emprego inicial e final, respectivamente para os i setores; e P i0 e Pi1 são as
produtividades de cada setor i inicial e final, respectivamente.
A produtividade do trabalho da economia (PT), segundo Carvalheiro (2003) e
como mostrada na equação (1.A), e entendida como a produção (YT) por trabalhador
ocupado (L), podendo ser definida como a soma ponderada de cada setor i, onde S i =
Li/LT e Pi = Yi/Liem cada setor.
Segundo Cavalheira (2003) na mesma terminologia das equações anteriores,
temos que:

𝑃𝑇 = 𝑌𝑇 ⁄𝐿 𝑇 = ∑ 𝑌𝑖 ⁄𝐿 𝑇 = ∑[𝑌𝑖 ⁄𝐿𝑖 ] [𝐿𝑖 ⁄𝐿 𝑇 ] = ∑ 𝑃𝑖 𝑆𝑖 (3.A)

Numa perspectiva temporal, essa equação pode ser escrita como:

∆𝑃𝑇 = ∆[∑ 𝑃𝑖 𝑆𝑖 ] (4.A)

Portanto:

∑ 𝑃𝑇 = ∑[∆𝑃𝑖 𝑆𝑖0 ] + ∑[∆𝑃𝑖0 ∆𝑆𝑖 ] + ∑[∆𝑃𝑖 ∆𝑆𝑖 ] (5.A)

A equação (5) pode também ser escrita na forma de “taxa de crescimento”, onde
todos os termos são divididos por PT0:

∑ 𝑃𝑇 ⁄𝑃0 = ∑[∆𝑃𝑖 𝑆𝑖0 ]/𝑃𝑇0 + ∑[𝑃𝑖0 ∆𝑆𝑖 ]⁄𝑃𝑇0 + ∑[∆𝑃𝑖 ∆𝑆𝑖 ]⁄𝑃𝑇0 (6.A)

Na equação (6.B) é a equação de estudo para o método Diferencial-Estrutural


válida para análise dos setores da economia pernambucana no período estudado.
83

O primeiro termo do lado direito da equação (6.A) é chamado de efeito do


crescimento dentro dos setores, segundo Carvalheiro (2003), ou de efeito tecnológico,
medindo a contribuição do crescimento dos setores para o crescimento da produtividade
do trabalho. Caso não houvesse deslocamento da mão-de-obra, o efeito tecnológico
capta qual deveria ser a verdadeira produtividade do período.
O segundo termo do lado direito da equação (6.A) é chamado de efeito estático,
mostrando que quando o efeito estático é positivo ocorre um deslocamento de mão-de-
obra de setores menos produtivos em direção a setores com níveis mais altos de
produtividade. Quando negativo o efeito estático reflete o deslocamento da mão-de-obra
de setores produtivos para setores menos produtivos, como afirma Carvalheiro (2003)
reduzindo assim o crescimento da produtividade agregada.
O terceiro e último termo do lado direito da equação (6.A) é o chamado efeito
dinâmico, mostrando que um efeito positivo significa deslocamento do trabalho para
setores onde a produtividade está crescendo acima da média, Carvalheiro (2003).
Quando é negativo reflete o deslocamento para setores com baixa produtividade do
trabalho, não sendo capaz de manter sua participação no emprego total.
84

APÊNDICE B – TABELAS SETORIAIS DO SHIFT-SHARE

Tabela 1.B - Contribuição Setorial do Nordeste


Componentes
Setores
Diferencial Estrutural Teórico
AGRICULTURA -13135 -60824 77733
IND. EXTR. -4639 -5299 10657
IND. TRANSF. 47015 -188948 252678
ELETRICIDADE E GÁS 2080 -3140 5957
ÁGUA E ESGOTO 2897 -1378 15665
CONSTRUÇÃO 16962 12953 87075
COMÉRCIO 172741 126039 309398
TRANSPORTE 9580 25268 65744
ALIMENTAÇÃO 24342 61850 56168
COMUNICAÇÃO 10936 -684 18629
ATIV. FINANCEIRAS 4703 -3945 23509
ATIV. IMOBILIÁRIAS 6907 6476 2760
ATIV. PROFISSIONAIS 23767 34608 21041
ATIV.
ADMINISTRATIVAS 94344 65438 141730
ADM. PÚBLICA -22539 -263796 677234
EDUCAÇÃO 85031 53914 65425
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS 29527 80434 64741
SERV. DOMÉSTICOS 227 -1441 454
Total 498639 -98677 1957786
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 2.B - Contribuição Setorial de Alagoas


Componentes
Setores
Diferencial Estrutural Teórico
AGRICULTURA -500 -3994 4162
IND. EXTR. 343 -278 295
IND. TRANSF. -41558 -24128 37933
ELETRICIDADE E GÁS -1158 -138 433
ÁGUA E ESGOTO 1087 -96 1074
CONSTRUÇÃO 3657 492 4258
COMÉRCIO -706 12725 20127
TRANSPORTE -1706 1053 3893
ALIMENTAÇÃO 3142 4170 3775
COMUNICAÇÃO 594 246 856
ATIV. FINANCEIRAS -86 -202 1417
ATIV. IMOBILIÁRIAS 712 569 148
85

ATIV. PROFISSIONAIS -160 2100 984


ATIV.
ADMINISTRATIVAS 8408 4628 6039
ADM. PÚBLICA -7400 -27279 52388
EDUCAÇÃO 356 6458 4052
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS 972 4780 3853
SERV. DOMÉSTICOS -17 -82 34
Total -34898 -21450 149880
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 3.B - Contribuição Setorial da Bahia


Componentes
Setores
Diferencial Estrutural Teórico
AGRICULTURA 4689 -32128 33478
IND. EXTR. 643 -4970 5265
IND. TRANSF. 23387 -38119 59930
ELETRICIDADE E GÁS -806 -578 1822
ÁGUA E ESGOTO 2010 -393 4406
CONSTRUÇÃO -3214 3522 30459
COMÉRCIO -36952 70049 110798
TRANSPORTE -7407 7377 27272
ALIMENTAÇÃO -12570 24875 22520
COMUNICAÇÃO -6491 1870 6508
ATIV. FINANCEIRAS -1425 -1134 7937
ATIV. IMOBILIÁRIAS 64 3428 889
ATIV. PROFISSIONAIS -5430 18336 8592
ATIV.
ADMINISTRATIVAS -48665 40389 52693
ADM. PÚBLICA -18772 -105197 202024
EDUCAÇÃO -13561 34347 21550
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS -13860 31162 25116
SERV. DOMÉSTICOS 23 -356 149
Total -140645 42056 640891
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 4.B - Contribuição Setorial do Ceará


Componentes
Setores
Diferencial Estrutural Teórico
AGRICULTURA -205 -8187 8531
IND. EXTR. 292 -849 899
IND. TRANSF. 4666 -45537 71592
ELETRICIDADE E GÁS 136 -223 702
ÁGUA E ESGOTO -1365 -237 2655
CONSTRUÇÃO 11137 1556 13452
86

COMÉRCIO 27692 34055 53865


TRANSPORTE 1156 3247 12005
ALIMENTAÇÃO 2427 11443 10359
COMUNICAÇÃO 5031 1037 3611
ATIV. FINANCEIRAS 2957 -713 4994
ATIV. IMOBILIÁRIAS -1621 3084 800
ATIV. PROFISSIONAIS -1140 7637 3579
ATIV.
ADMINISTRATIVAS 10397 24686 32207
ADM. PÚBLICA 42072 -61249 117624
EDUCAÇÃO -2380 21536 13512
SAÚDE E SERV. SOCIAIS 2530 13347 10758
SERV. DOMÉSTICOS 1 -153 64
Total 103397 -5082 377143
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 5.B - Contribuição Setorial do Maranhão


Componentes
Setores Diferencia
l Estrutural Teórico
AGRICULTURA 2424 -6670 6950
IND. EXTR. 860 -213 225
IND. TRANSF. 647 -6650 10454
ELETRICIDADE E GÁS 207 -185 584
ÁGUA E ESGOTO -478 -126 1409
CONSTRUÇÃO 6415 958 8288
COMÉRCIO 19947 18634 29473
TRANSPORTE 3598 1820 6727
ALIMENTAÇÃO 3584 3443 3117
COMUNICAÇÃO 3100 295 1026
ATIV. FINANCEIRAS -1395 -319 2231
ATIV. IMOBILIÁRIAS 1135 429 111
ATIV. PROFISSIONAIS 1428 2284 1070
ATIV.
ADMINISTRATIVAS 5247 6760 8820
ADM. PÚBLICA 62435 -36618 70323
EDUCAÇÃO 3671 6352 3985
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS 5408 5593 4507
SERV. DOMÉSTICOS 9 -116 48
Total 118176 -9285 166727
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 6.B - Contribuição Setorial da Paraíba


Componentes
Setores
Diferencial Estrutural Teórico
87

AGRICULTURA -2553 -5811 6055


IND. EXTR. -313 -552 584
IND. TRANSF. 4558 -13671 21494
ELETRICIDADE E GÁS 63 -242 763
ÁGUA E ESGOTO -2184 -185 2074
CONSTRUÇÃO 7216 717 6202
COMÉRCIO 10935 13604 21517
TRANSPORTE -713 968 3577
ALIMENTAÇÃO 3195 3477 3148
COMUNICAÇÃO -1318 550 1915
ATIV. FINANCEIRAS 408 -258 1808
ATIV. IMOBILIÁRIAS 840 537 139
ATIV. PROFISSIONAIS 387 2290 1073
ATIV.
ADMINISTRATIVAS 10552 5246 6844
ADM. PÚBLICA -6633 -42154 80954
EDUCAÇÃO 11052 9867 6191
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS 789 4978 4012
SERV. DOMÉSTICOS -24 -81 34
Total 38232 -22474 171791
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 7.B - Contribuição Setorial de Pernambuco


Componentes
Setores Diferencia
l Estrutural Teórico
AGRICULTURA -4395 -20011 20851
IND. EXTR. -330 -679 719
IND. TRANSF. 6972 -40248 63277
ELETRICIDADE E GÁS 758 -462 1455
ÁGUA E ESGOTO 2595 -305 3420
CONSTRUÇÃO -4221 2231 19296
COMÉRCIO -17817 46330 73281
TRANSPORTE 7730 4061 15012
ALIMENTAÇÃO -147 14962 13546
COMUNICAÇÃO 1216 1380 4802
ATIV. FINANCEIRAS -335 -762 5334
ATIV. IMOBILIÁRIAS -795 2343 608
ATIV. PROFISSIONAIS 3737 13126 6151
ATIV.
ADMINISTRATIVAS -29597 33183 43292
ADM. PÚBLICA -23307 -67884 130366
EDUCAÇÃO 7687 21489 13482
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS 5202 18974 15292
88

SERV. DOMÉSTICOS -35 -191 80


Total -42057 21175 443107
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 8.B - Contribuição Setorial do Piauí


Componentes
Setores Diferencia
l Estrutural Teórico
AGRICULTURA 3384 -1748 1822
IND. EXTR. 127 -223 236
IND. TRANSF. 1467 -5105 8027
ELETRICIDADE E GÁS 825 -158 498
ÁGUA E ESGOTO 259 -63 706
CONSTRUÇÃO -1585 679 5873
COMÉRCIO 7648 12033 19033
TRANSPORTE -1007 845 3124
ALIMENTAÇÃO 4706 2175 1969
COMUNICAÇÃO 306 211 734
ATIV. FINANCEIRAS -25 -196 1375
ATIV. IMOBILIÁRIAS 94 535 139
ATIV. PROFISSIONAIS 1289 2098 983
ATIV.
ADMINISTRATIVAS 22772 3070 4005
ADM. PÚBLICA 15112 -24952 47918
EDUCAÇÃO -11620 10559 6625
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS -43 6504 5242
SERV. DOMÉSTICOS -22 -53 22
Total 44052 4158 111771
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 9.B - Contribuição Setorial do Rio Grande do Norte


Componentes
Setores
Diferencial Estrutural Teórico
AGRICULTURA -3883 -7800 8127
IND. EXTR. -509 -2886 3057
IND. TRANSF. -6593 -12972 20394
ELETRICIDADE E GÁS 101 -102 322
ÁGUA E ESGOTO -2826 -202 2271
CONSTRUÇÃO -10883 1137 9831
COMÉRCIO -7015 17841 28220
TRANSPORTE -1873 1187 4388
ALIMENTAÇÃO -3845 6872 6221
COMUNICAÇÃO -975 515 1793
ATIV. FINANCEIRAS 139 -239 1671
ATIV. IMOBILIÁRIAS -930 1483 385
89

ATIV. PROFISSIONAIS -21 4036 1891


ATIV.
ADMINISTRATIVAS 15936 7341 9578
ADM. PÚBLICA -35856 -35297 67785
EDUCAÇÃO 2789 9245 5801
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS -4079 6027 4858
SERV. DOMÉSTICOS 87 -171 72
Total -61886 -6141 181144
Fonte: O Autor (2019).

Tabela 10.B - Contribuição Setorial de Sergipe


Componentes
Setores
Diferencial Estrutural Teórico
AGRICULTURA 1038 -3490 3637
IND. EXTR. -1113 -1466 1553
IND. TRANSF. 6454 -7122 11198
ELETRICIDADE E GÁS -125 -189 595
ÁGUA E ESGOTO 902 -76 850
CONSTRUÇÃO -8521 833 7205
COMÉRCIO -3731 10300 16291
TRANSPORTE 223 860 3178
ALIMENTAÇÃO -493 3300 2988
COMUNICAÇÃO -1464 342 1189
ATIV. FINANCEIRAS -237 -221 1545
ATIV. IMOBILIÁRIAS 500 412 107
ATIV. PROFISSIONAIS -89 2169 1017
ATIV.
ADMINISTRATIVAS 4950 5524 7207
ADM. PÚBLICA -27651 -24059 46204
EDUCAÇÃO 2007 5726 3593
SAÚDE E SERV.
SOCIAIS 3080 5371 4329
SERV. DOMÉSTICOS -22 -105 44
Total -24357 -2953 115290
Fonte: O Autor (2019).

Você também pode gostar