DISSERTAÇÃO Angelo Antônio Paula da Cunha
DISSERTAÇÃO Angelo Antônio Paula da Cunha
DISSERTAÇÃO Angelo Antônio Paula da Cunha
CARUARU
2019
ANGELO ANTONIO PAULA DA CUNHA
CARUARU
2019
Catalogação na fonte:
Bibliotecária – Paula Silva - CRB/4 - 1223
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Profª. Drª. Lucilena Ferraz Castanheira Corrêa (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________________
Profª. Drª. Roberta de Moraes Rocha (Co-Orientadora)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________________
Profº. Drº. Klebson De Lucena Moura (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________________
Profº. Drº. Márcio Micelli Maciel de Sousa (Examinador Externo)
Universidade Federal de Pernambuco
Aos meus pais, Dênio e Suzana e meu irmão Marcos, base fundamental.
Inicialmente agradeço a Deus, que esteve e está ao meu lado dando-me forças
para enfrentar os obstáculos que surgem pela vida. Aos meus pais e meu irmão que
sempre me apoiaram nos estudos. Agradeço a CAPES pela concessão da bolsa de
estudo referente ao período do Mestrado.
A minha Orientadora, Prof. Dra. Lucilena Ferraz, pelo auxilio e paciência no
processo de construção deste trabalho, principalmente na construção da revisão histórica
deste trabalho, e a minha Co-Orientadora Prof. Dra. Roberta Rocha, por todo o
ensinamento e auxilio na construção desta dissertação.
Ao Programa de Pós-Graduação em Economia deixo meus agradecimentos em
nome de dois amigos que fiz na Secretaria do programa: Robson Penedo e Jordana Lira.
A todos os professores do programa, pois eles são responsáveis pelo
conhecimento e sucesso que adquiri no período do Mestrado como estudante.
Especialmente agradeço aos professores Klebson Humberto, Jorge Viana, Leandro
Coimbra, pelo ensino, orientações em artigos e estágio à docência fora dos horários de
aula.
Não podia deixar de agradecer aos amigos e companheiros de classe que desde o
começo desta jornada estão firmes e aos que não puderam continuar até a conclusão do
curso: Jorge Severino, Renato Chaves, Larissa de Assis, João Pedro, Rodrigo Julião,
Edvaldo Landulfo, Drailton, Bruno, Leonardo e Valdeir Monteiro.
RESUMO
It can be mentioned that the regional challenges in Brazil are directly related to
structural aspects, where it is possible to identify a scenario of marked inequalities both
in the social sphere and in what concerns the concentration of income, a reality that has
been identified since its territorial formation. In view of this perspective, the present
work has as main objective to analyze the employment dynamics of the nine states of
the Northeast region: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí,
Rio Grande do Norte and Sergipe in the period 2006-2017 focusing on 18 sectors of the
Northeastern economy. In this sense, data extracted from the Annual Social Information
Report (RAIS) will be used, as well as using the shift-share method of Esteban-
Marquillas version. The use of this method is shown as an important instrument to
identify if there was competitive advantage or disadvantage in the sector at the state
level in relation to the same sector in the regional sphere. The results indicate the
growth of the work in the Northeastern states in the period of analysis and corroborated
with the positive result of the structural component in the Northeastern states and with
the investments made in the period, providing a specialized competitive advantage to
the Construction and Water and Sewage sector and, competitive sector in sectors
directly and indirectly linked to these sectors as Financial Activities. In addition, the
results indicate that the sectors with the lowest productive growth were the ones that
most absorbed labor. These evidences suggests that investments in infrastructure carried
out in the Northeast region, such as housing and tax incentives given to companies in
the region, had a positive impact on the structural dynamics of employment in the
sectors of the Northeastern states.
1 INTRODUÇÃO 15
5 METODOLOGIA 56
5.4 Dados 62
6 ANÁLISE E RESULTADOS 63
7 ANÁLISE CONCLUSIVA 71
REFERÊNCIAS 73
1 INTRODUÇÃO
exportador. E a partir dessa década, a busca pelo crescimento econômico interno passa
a ter como foco um modelo diametralmente oposto, ou seja, passa a ter como cerne um
modelo de desenvolvimento para dentro, onde o motor da dinâmica da economia centra
em uma Industrialização Substituição de Importação (ISI) 1.
É importante ressaltar que as concentrações das atividades produtivas,
principalmente as industriais, se fizeram predominantemente na região Sudeste,
culminando numa trajetória ascendente no que se refere à concentração de renda em
detrimento as regiões menos favorecidas do país, como por exemplo, as regiões Norte e
Nordeste, respectivamente (TAVARES, 1989). Diante dessa perspectiva, é importante
pontuar que diversos autores destacam que o processo de industrialização regionalmente
concentrado na região Sul e Sudeste despontou como fator acelerador para o
agravamento das diferenças inter-regionais no país. (FURTADO, 1968; ARAÚJO,
1997; ARAÚJO E SANTOS, 2009; SANTOS, 2011).
No entanto, a pauta “desequilíbrio regional” ganha espaço na agenda de governo
com maior ênfase a partir do final dos anos 19502, como afirma Santos (2011).
Segundo o autor, em décadas posteriores, o interesse não era só em reduzir
desigualdades econômicas, era também enfrentar os graves problemas sociais que
tinham características estruturais e que precisavam ser defrontados. Esse enfrentamento
se deu principalmente através de várias tentativas via Planos3 de Desenvolvimento
Regional a nível federal.
Nesse sentido, ao discorrer de uma retrospectiva sobre as primeiras ações
governamentais no Brasil para o enfrentamento dos problemas advindos da grave
desigualdade regional, pode-se citar a criação do Grupo de Trabalho para o
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), transformada em Conselho de
Desenvolvimento do Nordeste (Codeno) e em 1959, é criada a Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) 4 em substituição aos dois órgãos (GTDN e
CODENO).
1
A Industrialização de Substituição de Importação (ISI) tinha como objetivo estimular o consumo das
famílias (C) e os investimentos privados (I) no mercado interno através da industrialização.
2
Foi com a criação do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) que são
apontados os pontos de estrangulamentos e soluções para o crescimento da economia nordestina.
3
Planos Diretores, Plano Estratégico de Desenvolvimento, Programa de Integração Nacional, Plano de
Desenvolvimento do Nordeste... dentre outros.
4
Foi idealizada no Governo do Presidente Juscelino Kubitschek, tendo à frente o economista Celso
Furtado como parte do programa desenvolvimentista então adotado.
17
6
Cabe ressaltar que existem diversas variações do método que não serão discutidos neste trabalho.
20
7
Os autores ainda citam alguns grupos industriais que germinaram a partir do período do café no Brasil ,
tais como: as indústrias Matarazzo ; o Grupo Votorantim; Gerdau abriu sua primeira oficina de fundição
em 1901, etc.
8
Em 1919 passou a ser chamada de Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS).
21
sertões, sendo este período conhecido como a chamada “fase hidráulica” (BRASIL.
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, 2013). Em se tratando de políticas de cunho
assistencialistas, essa iniciativa pouco mudou a carência daquela população,
especialmente porque se tratava de um programa que pretendia garantir o acesso à água,
mas não a outros objetivos que pudessem romper com a dependência econômica da
região (ALVES, 2011).
Esse cenário de secas prolongadas no Nordeste é identificado como uma realidade
constante, castigando as lavouras agrícolas da região. Na busca em amenizar esse
problema crônico, em 1932 e 1942 dão início a um momento importante para as
Políticas de Desenvolvimento Regional. Neves (2001), afirma que em 1932 pela
primeira vez a intervenção do Estado brasileiro em período de seca ocorreu de forma
coordenada e centralizada. É nesse momento que as ações emergenciais e pesquisas
sobre a região, visavam não só acumular água para os períodos de secas, levando em
conta aspectos sociais atrelados à seca como fontes geradoras da economia, tais como:
sistema agrário, precária infraestrutura e investimentos básicos como saúde e educação
(FURTADO, 1984). Para o autor, essas características da região eram desprezadas
tomando apenas a seca como única causa do subdesenvolvimento da região Nordeste.
Em 1942 a seca assola novamente o Nordeste estimulando uma onda migratória para a
região Sudeste, na busca de trabalho e melhores condições de vida.
Colombo (2012) ressalta que no Governo Getúlio Vargas foi criado instituições
de intervenção regional como o Instituto do Cacau na Bahia (BA) em 1931, o Instituto
do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1933 e o Instituto Nacional do Sal em 1940. Além da
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), na busca de atender o Nordeste
na distribuição de energia em 1945.
Nesse momento, os pontos de estrangulamento da região Nordeste começam a
tomar contornos rígidos, quando se identifica que a região precisa de alternativas para
poder sair do subdesenvolvimento em que se encontrava, ou seja, precisaria tentar focar
em caminhos que trilhassem para uma atividade industrial, pois assim ficaria menos
dependente da agricultura. Nesse sentido, Vidal (2001), identifica que o Nordeste tomou
algumas iniciativas em busca dessa industrialização, porém sempre se encontrava em
desvantagem em relação a outras regiões do país, por exemplo, no que se refere ao
parque fabril, onde este se encontrava antiquado e despreparado para competir com a
indústria nascente do Centro-Sul.
22
9
Machado et all (2017) chama de Medidas de Salvação políticas para combater a seca até 1945; até 1959
Desenvolvimento Planejado e a partir de 1970 Programas Institucionais.
10
Mais conhecido como Furtado, foi o economista chefe por de trás do GTDN.
11
Segundo Santos e Olivier (2008), com o intuito de formular as ideias que tratavam de pontos de
estrangulamentos dos países subdesenvolvidos da América Latina que buscaram identificar tanto os
problemas resultantes da tardia industrialização da periferia, impulsionada no pós-segunda guerra, como
suas raízes provenientes de períodos históricos anteriores, para se chegar ao desenvolvimento, em 1948 é
Em 1948 é criada a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).
23
Nesse sentido, para Viana (2006) essas ações como forma de política protecionista
com objetivo de proteger as indústrias nacionais, acabaram por gerar transferências
internas de recursos que desfavoreceram o Nordeste, aumentando assim, as disparidades
entre as regiões.
taxa média anual de 2,8%, pouco mais da metade de seu crescimento correspondente do
setor industrial que foi de 5,2%. Enquanto no Centro-Sul a taxa média de crescimento
da agropecuária foi de 3,6% e do setor industrial de 7,7%, conforme tabela 2 (BRASIL.
G.T.D.N, 1967). Os dados expostos demonstram que a região Nordeste apresentou uma
média de crescimento menor nos dois setores se comparados com a região Centro-Sul,
22,22% e 32,47%, respectivamente.
13.00%
12.50%
12.00%
11.50%
11.00%
10.50%
10.00%
1957
1950
1951
1952
1953
1954
1955
1956
1958
1959
1960
1961
1962
1963
Fonte: O Autor (2019) a partir de dados do IPEADATA.
12
Que em 1974 passa a ser chamado de FINOR – Fundo de Investimento do Nordeste.
27
13
Mas o regime militar provocaria alterações profundas na SUDENE, que em 1967, é incorporada ao
Ministério Extraordinário para a Cooperação dos Organismos Regionais (MECOR) transformado,
posteriormente, em Ministério do Interior (MINTER), que assumiu as responsabilidades do
desenvolvimento regional incorporando além da SUDENE as Superintendências de Desenvolvimento
Regional: Superintendência da Região Sul (SUDESUL); Superintendência da Região Centro-Oeste
(SUDECO); Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e Superintendência do Vale do
São Francisco (SUVALE) o Banco Nacional da Habitação (BNH) e outras instituições. (CARVALHO,
2014; BRASIL PAEG, 1964 e COLOMBO, 2012).
29
dos empregados nos lucros das empresas beneficiadas pelos incentivos da SUDENE.
(SUDENE, 1968, p. 19).
Em 1969 o Ministério do Planejamento e Coordenação Geral instituiu o I Plano
Nacional de Desenvolvimento (I PND), como mostra Steinberger (1988), a estratégia de
desenvolvimento regional do plano estava baseada na política nacional de integração
que buscava desenvolver o Nordeste sem prejudicar o crescimento do Centro-Sul. Não
enfatizava uma política regional, mas uma integralização de todas as regiões, que previa
a articulação de polos regionais aproveitando os recursos de cada região, e não olhando
apenas para uma só região, Nordeste. Neste sentido os Planos Diretores da SUDENE
foram absorvidos pelo I PND e o IV Plano Diretor deu espaço ao Plano de
Desenvolvimento do Nordeste dando ênfase à implantação de um centro dinâmico de
produção industrial nordestina e uma maior integração desta região com a economia
brasileira (SANTOS, 2011; COLOMBO, 2012).
É a partir de 1970, segundo Machado et al. (2017), que os programas de
desenvolvimento regional passaram a impulsionar a agricultura irrigada no país. Para a
continuidade destas políticas foi elaborado o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II
PND) em 1975, que tinha como objetivo a continuação de uma maior integração das
regiões do país e um maior investimento no progresso científico e tecnológico brasileiro
a fim de ganhar um maior espaço no comércio internacional. (BRASIL II PND, 1974).
Neste período a intervenção do Estado foi feito pela criação dos programas
especiais de desenvolvimento regionais, a fim de complementar a política de integração
nacional e voltada para o desenvolvimento rural de áreas selecionadas para a
transformação de uma moderna agropecuária nordestina. Dentre os programas
especiais14 Steinberger (1988, p. 124) destaca:
14
Para mais detalhes de alguns programas ver Colombo (2012), Sampaio (1999) e Matos (2002).
30
Segundo Colombo (2012) nos anos 1979, foi elaborado o III Plano Nacional de
Desenvolvimento (III PND), em meio a uma crise econômica não foi executado, mas
para sua complementação foi criado o Programa de Aproveitamento de Recursos
15
O PIN compreende principalmente a construção da Transamazônica, para interligar a Amazônia com o
Nordeste, a fim de uma maior colonização da região Norte e criar uma infraestrutura para o transporte
agrícola dos vales úmidos do Nordeste.
16
O PROTERRA busca atuar no apoio ao pequeno produtor com redistribuição de terras a fim de
aumentar a produtividade do setor agrícola com financiamentos de projetos à longo prazo e baixos juros.
(BRASIL. I PND, 1971).
17
Esta época é marcada pela crise mundial do petróleo.
18
Este programa buscou não só o aumento da produção do cultivo, que entre os anos de 1972 e 1982
concentrava-se 92% da produção regional de álcool nos estados da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, mas
uma modernização das usinas.
31
45.00%
40.00%
35.00%
30.00%
25.00%
20.00%
15.00% 1970
10.00%
1980
5.00%
0.00%
Indústria
Indústria
Indústria
Indústria
Agricultura
Agricultura
Agricultura
Agricultura
19
“O liberalismo é uma doutrina político-econômica que surgiu na Europa, no final do século XVIII, em
um período de transformação visando a Liberdade, o Progresso e o Homem. Neste processo buscava-se
diminuir as desigualdades sociais, garantir os direitos naturais individuais, e a livre aquisição da posse e
dos bens, alcançando a satisfação dos desejos e necessidades da humanidade. Sendo o liberalismo, uma
doutrina que se desenvolveu em condições de grandes desigualdades sociais, seu fracasso ocorreu com a
crise pós I Guerra Mundial, quando os países europeus fracassados submeteram-se a sistemas totalitários
como o fascismo, socialismo. O liberalismo possui vertentes econômicas, políticas e sociais, que se
traduzem da seguinte forma: liberalismo econômico, que esteve muito próximo do capitalismo; o
liberalismo político rechaçava a interferência do Estado nos direitos fundamentais como à vida, à
felicidade e à liberdade; e do ponto de vista social o liberalismo preocupou-se com os direitos humanos,
apoiando ideias como eleições democráticas, direitos civis, liberdade de imprensa, liberdade de religião,
livre comércio e a propriedade privada, impedindo a opressão do Estado. O neoliberalismo, por sua vez, é
considerado por muitos, uma redefinição do liberalismo clássico” (SILVA;AMORIM: PINTO, 2016,
p.789). Nesse sentido, ressalta-se que a partir da década de 80 a corrente do pensamento econômico
mundial, denominada de “Neoliberalismo”, onde defende o afastamento do Estado da gestão da política
econômica, através da desregulamentação dos mercados, privatizações de empresas públicas e redução
dos gastos sociais, ou seja, o estado mínimo, passa a ser a corrente defendida pelos países capitalistas.
Nesse sentido, a escola austríaca de Chicago cujos maiores defensores foram Friederich A. Hayek e
Milton Friedman, onde as ideias estavam centradas no capitalismo o “laissez-faire”, passam a ser
difundidas e, foi implementado por Margaret Thatcher, no Reino Unido (1979); Ronald Reagan,
nos Estados Unidos (1980).
20
Para mais ver Giambiagi (2011).
33
Silva (2015), Resende et all (2015) e Gumiero (2014), corroboram que a retomada
das políticas regionais tem início no ano de 2003 quando a ADENE elabora a proposta
da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) a qual caberiam às políticas
regionais numa primeira fase de 2003-2011, mas com uma diferente estratégia das
antigas políticas.
Instituída a PNDR I, que foi a retomada da tentativa de desenvolvimento regional,
esta já estava em discussão desde 2003 e aprovada em 2007, Alves e Neto (2014) e
Santos (2011), destacam que as superintendências de desenvolvimento regional estavam
em plena recriação, com uma atuação de autarquia especial, administrativa e
financeiramente autônoma, integrando-se ao Sistema de Planejamento e de Orçamento
Federal, vinculada ao Ministério da Integração Nacional.
21
Tendo os Planos Plurianuais aprovações para os anos de 2000-2003, 2004-2007, 2008-2011, 2012-2015
e 2016-2019.
22
Antes chamado PROHIDRO, criado em 1979.
34
23
Cabe ressaltar que alguns destes planos constituem objetos de programas específicos nos Planos
Plurianuais (PPA).
24
Para mais informação a respeito da identificação das sub-regiões ver MI-PDNE (2006).
25
Para mais informação detalhada de investimentos no PNDR I, ver MI-PNDE, 2006.
35
26
As estratégias do PDSA estão orientadas a partir de eixos: espacial, social e econômico. O eixo espacial
se caracteriza com uma revisão da divisão do Semiárido, facilitando as ações a fim de promover o
desenvolvimento, a reorganização em três áreas é similar à divisão do PDNE com Sertão Norte, Sertão
Sul e Ribeira do São Francisco. (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, PSDA, 2005, p. 76).
27
Os eixos estratégicos foram classificados como: a) Governança – visando diálogos com os entes
federados de diferentes níveis de coordenação e execução dos planos de desenvolvimento para o combate
a desigualdade; b) Financiamento – o financiamento da PNDR II tem os mesmos instrumentos citados no
36
PNDR I; c) Elegibilidade dos Espaços – esses critérios permitem priorizar as áreas de atuação citadas
acima e estabelecer programas de desenvolvimento regional com prioridade aos já definidos antes,
enquanto outros podem ser definitivos ou temporariamente; d) Desenvolvimento Regional Sustentável –
este se divide em quatro vertentes estratégicas: 1) estrutura produtiva, visando um maior fortalecimento
das cadeias produtivas regionais; 2) rede de cidades – atualiza os estudos sobre as cidades brasileiras a
fim de destinar políticas eficientes que tornem mais competitivas as estruturas e aumento da capacidade
de atrair investimentos; 3) infraestrutura – projetos de infraestrutura regionalmente estratégicos em escala
macrorregional com interesse de consolidar os corredores logísticos que constituem os eixos de
desenvolvimento; e 4) educação, capacitação e P&D – expansão da rede federal de ensino superior,
profissional e tecnológico, criar e estimular pesquisas, desenvolvimento e inovação para as temáticas
estratégicas para atração de empresas inovadoras.
28
Mais detalhes dos financiamentos do PMCMV, no MINISTÉRIO DAS CIDADES (2009) - Plano
Nacional de Habitação.
29
Redução de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
37
trabalhadores que poderiam estar fora do mercado de trabalho, mas que consegue
colocação nesse setor.
No período da retomada das políticas de desenvolvimentos regionais o PIB do
Nordeste teve sua representação no PIB brasileiro com 13%, mas apresentou um
significativo crescimento nos anos de 2010-2014 com média de 11%. O setor
agropecuário nordestino participou com um percentual de 20% no valor bruto do PIB, o
setor da indústria com 11% e o de serviços com 12%, refletindo a importância do setor
agropecuário para a região.
Esse resultado reflete as políticas do PNDR e do PAC para o período. Na busca da
retomada das políticas regionais esses programas romperam com visão de que o
problema regional brasileiro se detinha apenas ao Norte e Nordeste, além de reconhecer
as desigualdades a níveis inter e intra-regionais.
Nesse sentido, as políticas públicas destinadas ao desenvolvimento regional,
principalmente à região Nordeste, com a finalidade de amenizar as disparidades
econômicas e sociais, destinaram-se a setores estratégicos a fim de aumentar a
competitividade no mercado e gerar novas oportunidades no mercado de trabalho.
38
Varias foram às políticas públicas destinadas ao Nordeste nos últimos anos, a fim
de reduzir a disparidade de renda e social deste com outras regiões brasileiras. Contudo
os investimentos se direcionaram para setores estratégicos com um maior crescimento
do país pela melhoria de sua infraestrutura, e assim uma maior competitividade no
mercado. Neste contexto este capítulo busca apresentar uma revisão da literatura sobre a
produtividade do trabalho brasileira e nordestina para depois dar enfoque a
concentração do emprego e a produtividade do trabalho nos setores produtivos dos
estados do Nordeste. Diante dessa perspectiva, busca-se discutir como a teoria tem
buscado analisar os fatores de crescimento econômico, com foco nas abordagens
voltadas para análise de produtividade.
ELETRICIDADE E GÁS 275 5.216 2.457 2.136 2.586 5.568 2.472 1.167 1.841
ÁGUA E ESGOTO 4.885 17.585 8.019 4.504 5.146 14.683 2.753 5.200 3.906
CONSTRUÇÃO 19.578 110.683 61.437 37.405 30.406 67.932 20.375 25.878 18.421
COMÉRCIO 84.953 434.589 256.937 145.382 102.510 294.058 88.650 113.085 65.602
TRANSPORTE 13.456 98.794 47.904 29.794 13.215 66.187 11.159 15.215 12.597
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 20.992 93.909 51.408 18.322 18.079 63.900 14.016 25.572 13.634
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 3.944 18.964 19.152 7.114 6.171 19.995 3.179 6.036 3.187
ATIVIDADES FINANCEIRAS 4.845 26.202 20.341 6.371 6.702 18.231 4.760 5.954 5.141
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 1.815 6.713 4.361 1.968 1.881 3.750 1.132 1.947 1.298
ATIVIDADES PROFISSIONAIS E
5.506 44.041 19.464 7.590 6.567 39.150 6.949 10.868 5.764
CIENTÍFICAS
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS 34.918 182.665 151.790 43.967 40.598 160.462 40.355 57.984 36.589
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 155.158 608.096 407.053 280.644 244.563 381.211 163.798 174.476 115.717
EDUCAÇÃO 21.495 98.875 68.119 24.464 43.353 78.031 22.946 33.054 20.752
SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS
19.713 108.315 54.859 27.334 20.305 79.590 25.456 19.551 24.136
SOCIAIS
SERVIÇOS DOMÉSTICOS 25 207 80 69 18 64 5 176 32
TOTAL 486.763 2.223.775 1.464.948 713.051 638.270 1.584.780 453.229 588.373 390.462
Fonte: O Autor (2019) a partir de dados da RAIS.
48
190%
170%
110%
90%
Fonte: Dados PIB e População do IBGE e População Ocupada RAIS. O Autor (2019).
49
30
Aqui a produtividade do trabalho será apresentada como a divisão do PIB (dados IBGE) pelo pessoal
ocupado (dados RAIS).
50
Crescimento
Efeito Efeito Efeito
da
Tecnológico Estático Dinâmico
Setores Produtivos Produtividade
(%) (%) (%) (%)
88,27 92,03 -0,54 -3,21
AGRICULTURA 103,05 8,74 -2,49 -2,57
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS -23,87 -0,67 -0,43 0,1
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 91,24 9,69 -1,71 -1,56
ELETRICIDADE E GÁS 51,5 1,82 -0,31 -0,16
CONSTRUÇÃO 69,37 4,34 1,89 1,31
COMÉRCIO 86,09 10,1 2,27 1,95
TRANSPORTE 46,94 2,9 0,74 0,35
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 91,39 2,06 0,65 0,59
ATIVIDADES FINANCEIRAS 120,41 3,78 -0,14 -0,17
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 58,98 5,43 2,94 1,73
Fonte: O Autor (2019) a partir de dados da RAIS.
31
No tocante a política, este trabalho abrange apenas os impactos e consequências econômicas sofridas
no período sem questionar atitudes e pronunciamentos políticos.
53
no setor da Indústria com efeitos Nacional e efeito Mix Industrial, onde foi observado
um crescimento da produtividade acima da nacional nas regiões no período de 1967-72,
menos na região Sul, enquanto que ao passar dos anos no período de 1972-77 é
observado que a produtividade cresceu mais no Sul do que nas outras regiões.
Com uma abordagem diferente do shift-share, Fernández et all (2004) analisam a
previsão do trabalho nos países da Áustria, Espanha e União Europeia de 1980 – 2000
nos setores da Agricultura, Industria, Construção e Serviços. Chegando a uma
constatação de que o método não apresenta bons resultados ao ser usado para
previsões32, mas o modelo ARIMA da uma melhor intuição de simulações do emprego
com cenários otimistas apresentando o setor de Serviços uma taxa positiva de
crescimento para os anos de 2004-2006.
Nazara e Hewings (2004) propôs a introdução de estruturas espaciais na análise
do método shift-share, se justificando de que a análise leva em conta que uma região
vive isolada das outras. Assim Fernández e Menéndes (2005) combina a extensão
espacial de Nazara e Hewings com o emprego homotético de Esteban-Marquillas para
uma abordagem empírica para a Espanha onde foram encontrados maiores efeitos
competitivos nos setores Agrícolas e de Construção, enquanto a Indústria e Serviços
apresentaram resultados mais baixos.
O trabalho de Kataoka (2010) utiliza o método shift-share de Esteban (2000), com
o coeficiente de variação ponderada pelo emprego ao quadrado, para o Japão pós-guerra
(1995-2005) verificando que os resultados positivos da produtividade, estão atrelados
com alocação de investimentos orientada para eficiência com investimentos em regiões
mais produtivas e por equidade que implica maior investimento em regiões de menor
produtividade.
Houve tentativas de estender o shift-share para outros campos, como a análise de
mudanças populacionais (Paris, 1970 e Franklin, 2014), análise econométrica (Mayor et
all 2007 e Gallo e Kamarianakis, 2011) e projeções (Floyd, 1973). Como pode ser visto
varias são as versões e aplicações do shift-share que foram moldadas ao longo do seu
surgimento para correção das limitações.
No Brasil muitos trabalhos buscaram mostrar, através da aplicação do método, a
produtividade do trabalho no setor industrial, mas precisamente na indústria de
32
Uma melhor discussão sobre usar o shift-share para previsões pode ser encontrada em Richardson
(1978).
54
share. No setor Agropecuário o crescimento do Brasil foi significativo, mas seu valor
em nível ainda é muito baixo quando comparado com países mais desenvolvidos; e a
Indústria obteve um baixo desempenho, embora algumas atividades como celulose,
papel, impressão e publicação e produtos químicos tenham tido um bom desempenho.
Um trabalho com grande destaque é o de Galeano et all (2012) que procuram
examinara produtividade do trabalho pela intensidade tecnológica do setor industrial
para o Brasil e a região Nordeste de 1996-2007. Pelo shift-share foi averiguado que
ocorreu mudança estrutural nos setores com crescimento da produtividade influenciada
pelo componente regional, onde se pode atribuir ao resultado da abertura comercial,
choques de novas tecnologias e reconfiguração da forma de integração regional. Na
região Nordeste os autores enfatizam que além das condições favoráveis, como
incentivos fiscais, logísticas (fatores regionais e/ou locacionais), conta com o
financiamento do FNE. Assim os resultados apontam que o Nordeste modificou sua
estrutura setorial de forma a se especializar mais em setores com atividades de mais
rápido crescimento a nível nacional e menos nas de crescimento lento.
O trabalho de Lima e Simões (2010), também utilizam o shift-share e outras
medidas de especialização e localização, para as microrregiões do Nordeste no período
de 1995-2007 chegando a resultados de que as microrregiões mais dinâmicas em termos
de emprego são as que possuem maiores índices de centralidade. Ao analisar as capitais
dos estados nordestinos foi verificada vantagem competitiva especializada em setores
como extrativo mineral, minerais não metálicos, indústrias têxteis e alimentos e bebidas.
Outro trabalho com foco no Nordeste 2005-2009, é o de Monte et all (2013) que
se propõe a analisar a evolução do mercado de trabalho no período de 2000-2009 com o
shift-share de Esteban-Marquillas (1972) para 25 setores nos estados nordestinos.
Observou-se que o maior impacto do crescimento relativo do emprego formal foi
explicado pelo componente Regional, como afirma o autor, decisões de política e
problemas no plano nacional/regional afetam de forma relevante a variação do emprego.
Dentre os estados nordestinos, Pernambuco e Paraíba tiveram as menores taxas de
crescimento do emprego enquanto o estado do Maranhão registrou um bom
desempenho pela forte expansão dos setores de Serviços e Comércio, setor terciário.
Ainda para o Nordeste numa perspectiva diferente da aplicação setorial, cabe
salientar trabalhos com aplicação do método shift-share em análise das exportações
nordestinas (Viana, 2006; Xavier e Viana 2006).
56
5 METODOLOGIA
33Neste trabalho nossos cálculos foram feitos com estados, logo a região da metodologia foi usada como estado e o nível nacional é
nossa região de análise.
57
A equação (3) mostra que a variação real do emprego (Total) do setor i no estado j
é igual à variação Teórica (Nij), primeiro termo à esquerda da equação, somado a
variação Estrutural (Pij) e a variação Diferencial (Dij); segundo e terceiro termo da
equação à esquerda, respectivamente. Segundo Souza (2009), se uma variação do
emprego total de um setor i de em estado j for maior que a variação teórica, significa
que o emprego deste setor cresceu mais que a média regional e que existem elementos
dinâmicos, internos ou externos, que atuam de forma positiva na região. Caso a variação
do emprego total seja menor que a teórica significa que não esta havendo dinamismo no
setor i do estado j, pois estará crescendo abaixo da média regional.
Para tanto, é possível observar três efeitos dessa construção:
Segundo Kataoka (2012), Arcelus (1984), Galeano et all (2012) e Herzog e Olsen
(1977), a análise do shift-share tem sido amplamente difundida na literatura de
economia regional, tendo seu desenvolvimento e análise feita pelo trabalho de Dunn
(1960), fundada no modelo de localização de Daniel Creamer. Galeano et all (2012)
aponta algumas limitações34 da formulação de Dunn (1960) e Dunn e Rosenfeld (1959)
como: 1) influências exógenas sobre a região; 2) a interdependência das componentes
estrutural e regional; 3) o uso do método sob análise estática comparativa; 4)
dificuldade para identificar o impacto de mudanças na composição setorial sobre o
crescimento da região, no período de análise.
Stilwell (1969) deu enfoque à limitação de identificar impactos de mudanças
estruturais sobre o crescimento da região, no período me análise, invertendo a base de
ponderação captando mudanças no emprego da região no período em questão,
chamando essa mudança de deslocamento de modificação de proporcionalidade. O
autor aplicou a modificação para o setor industrial para diferentes regiões do Reino
Unido, demonstrando que a política regional dos anos 1960 teve efeito em garantir uma
composição industrial nas regiões menos desenvolvidas. Mesmo Stilwell tendo
resolvido o problema, seu modelo foi modificado em busca de uma melhor solução por
Chalmers (1971), que sugeriu uma maneira alternativa de medir as mudanças
industriais. Já Edwards et all (1978) reconhece as críticas de Chalmers e corrige o
deslocamento de modificação de proporcionalidade de Stilwell.
34
Para mais discursões sobre as limitações ver Ashby (1968) e Houston (1967).
59
35
Outras versões com econometria espacial, por exemplo, poderiam ser usadas, mas essa versão foi a que
mais se adequou aos dados e ao objetivo de pesquisa.
36
Pode-se observar essa ponderação na equação (3).
61
diferença entre o efeito diferencial com o emprego efetivo e o efeito diferencial com o
emprego esperado, definida como se segue:
A equação (6) mostra que o efeito alocação (𝐴𝑖𝑗 ) é igual à multiplicação do efeito
especialização com o efeito vantagem comparativa. O efeito alocação indica se a região
é especializada (𝐸𝑖𝑗 0 > 𝐸𝑖𝑗 0∗ ) naqueles setores que apresentam vantagens competitivas
(𝑒𝑖𝑗 > 𝑒𝑖 ). Segundo Herzog e Olsen (1977) podem surgir quatro resultados possíveis,
apresentadas na tabela 7.
Efeito Vantagem
Especialização
Descrição Alocação Competitiva
(Eij - Eij0*)
(Aij) (eij - ei)
Segundo Souza (2009) as regiões mais dinâmicas são as que possuem vantagem
competitiva especializada, o setor encontra-se bem representado na região e cresce mais
na região do que a nível nacional.
Um efeito alocação positivo indica que a região é especializada na produção do
setor i e que esse setor está crescendo mais na região do que nacionalmente, na tabela
acima é representada pela VCE; ou pode indicar que a região não é especializada e que
está crescendo menos que a média nacional, DCNE. Se o efeito alocação for negativo
pode significar que a região não é especializada, mas seu setor está crescendo acima da
média nacional, VCNE; ou pode ser que a região é especializada no setor, mas está
crescendo abaixo da média nacional, DCE.
Assim a equação modificada do método shift-share de Esteban-Marquillas (1972)
é a seguinte:
62
(𝐸𝑖𝑗 1 − 𝐸𝑖𝑗 0 ) = 𝐸𝑖𝑗 0 𝑒 + 𝐸𝑖𝑗 0 (𝑒𝑖 − 𝑒) + 𝐸𝑖𝑗 0∗ (𝑒𝑖𝑗 − 𝑒𝑖 ) + (𝐸𝑖𝑗 0 − 𝐸𝑖𝑗 0∗ )(𝑒𝑖𝑗 − 𝑒𝑖 ) (7)
Em que a variação real igual à variação teórica mais a variação estrutural mais a
variação diferencial mais a variação diferencial com a eliminação da influência
estrutural.
5.4 Dados
Este trabalho usa dados sobre emprego formal que são divulgados pelo
Ministério do Trabalho (MTE) através do Relatório Anual de Informações Sociais
(RAIS) que todas as empresas formais do país são obrigadas a preencher anualmente.
O estudo contemplou os estados da Região Nordeste, Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, para um
período de análise de 2006 a 2017.
O recorte setorial baseou-se na Classificação Nacional da Atividade
Econômica (CNAE 2.0) abrangendo os setores: Agricultura, Pecuária, Produção
Florestal, Pesca e Aquicultura (Agricultura); Indústrias Extrativas; Indústria de
Transformação; Eletricidade e Gás; Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos e
Descontaminação (Água e Esgoto); Construção37 (compreende a construção de edifícios
em geral, as obras de infraestrutura e os serviços especializados para construção que
fazem parte do processo de construção); Comércio, Reparação de Veículos
Automotores e Motocicletas (Comércio); Transporte, Armazenagem e Correio
(Transporte); Alojamento e Alimentação; Informação e Comunicação; Atividades
Financeiras de Seguros e Serviços Relacionados (Atividades Financeiras); Atividades
Imobiliárias; Atividades Profissionais, Cientificas e Técnicas (Atividades Profissionais
e Científicas); Atividades Administrativas e Serviços Complementares (Atividades
Administrativas); Administração Pública, Defesa e Seguridades Social (Administração
Pública); Educação; Saúde Humana e Serviços Sociais (Saúde Humana e Serviços
Sociais); e Serviços Domésticos.
37
Será chamado de Construção Civil ao longo do trabalho.
63
6 ANÁLISE E RESULTADOS
38
Ver apêndice B.
64
Diante dessa perspectiva, é importante ressaltar que se o efeito for negativo pode-
se ter um estado com setor crescendo acima da região, mas não especializado, vantagem
competitiva não especializada (VCNE), ou o estado ser especializado e crescendo
abaixo do registrado para a região, desvantagem competitiva especializada (DCE).
Pela Tabela 8, verifica-se que a região Nordeste apresentou vantagem competitiva
especializada em dois setores, água e esgoto e construção civil, promovendo
crescimento de emprego maior que a nível nacional nesta região e nestes setores, o que
corrobora com a análise anterior dos planos regionais destinados ao Nordeste, no
período de 2006-2017, que contemplam à atuação do PAC e do PNDR39. Diante desse
contexto, observa-se ainda que o crescimento de empregos em setores diretamente
ligados ao setor da construção civil, como é o caso do setor de atividades imobiliárias,
atividades financeiras e eletricidade e gás, apresentaram vantagem competitiva não
especializada (VCNE), significando que estes setores tiveram variação de emprego
maior na região Nordeste do que foi verificado para o Brasil.
Nos três principais estados da região Nordeste não se observa nenhum resultado
uniforme no que se refere ao efeito alocação. No estado de Pernambuco os setores que
apresentaram vantagem competitiva (VCE) foram: transporte, informação e
comunicação, atividades administrativas e saúde humana e serviços sociais. Esses
39
Com os instrumentos de redução do IPI, crédito habitacional e reduções de impostos.
66
Por um lado indicam impacto positivo das políticas do PAC e PNDR, e por outro
lado certa dependência das políticas públicas como geradoras e incentivadoras de
emprego em alguns setores como Administração Pública, podendo-se destacar uma
redução na atividade industrial que não apresentando grande dinamismo em setores que
são absorvedores de emprego como indústria de transformação e extrativa, o que é
interesse de investigação a perda de competitividades e de espaço dessas indústrias.
71
7 ANÁLISE CONCLUSIVA
competitiva no setor de Eletricidade e Gás que corresponde aos estados que tiveram
maior crescimento do emprego nesse setor, superando o crescimento da região.
Ainda que não invalide os resultados encontrados, se faz pertinente à explicitação
de algumas limitações acerca do modelo shift-share utilizado neste trabalho, referente
ao não detalhamento e não observação de mudanças na estrutura econômica da região.
Diante desse contexto, é importante ressaltar que as ações e execuções de políticas
de desenvolvimento regional especificamente para a região Nordeste se apresentaram ao
longo do período analisado, como forte instrumento de produtividade do trabalho e
dinamizador da infraestrutura econômica e social dessa região, não se pode negar que o
cenário foi favorável, mas corroborando com Araújo (1995), grande é a dependência
desta região de ações de gestores públicos a nível federal, seja com investimentos ou
por meio de geração de emprego.
Sendo assim o resultado encontrado reforça a necessidade de que a política de
desenvolvimento regional não deve visar uma concentração de atividades econômicas
numa localidade para não acarretar em aumento dos custos sociais, como uma
desigualdade regional, no caso da nossa análise, nordestina com disparidades dentro da
própria região. Cabe à política de desenvolvimento principalmente através de medidas
fiscais, evitar estes problemas. (FURTADO, 1963).
Em relação a perspectivas futuras desta pesquisa, pretende-se incluir uma análise
econométrica com o proposito de enfrentar certas limitações do shift-share, captando o
impacto das políticas sobre a região e verificando o porquê a produtividade e a
concentração do emprego são maiores em determinada região, verificar o impacto do
crescimento dessas mudanças estruturais no crescimento da região e o tentar identificar
os fatores regionais e/ou locais que afetam as regiões com uma analise mais detalhada
em nível de divisão do CNAE 2.0.
73
REFERÊNCIAS
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p. 423-425, 1968.
AZZONI, Carlos R. Concentração regional e dispersão das rendas per capita estaduais:
análise a partir de séries históricas estaduais de PIB, 1939-1995. Estudos econômicos,
v. 27, n. 3, p. 341-393, 1997.
DUNN, Edgar S. Jr. A statistical and analytical technique for regional analysis. Papers
in Regional Science, v. 6, n. 1, p. 97-112, 1960.
FERNÁNDEZ, Matías Mayor; MENÉNDEZ, Ana Jesús López. The spatial shift-share
analysis-new developments and some findings for the Spanish case. 2005.
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Regional Science, v. 7, n. 1, p. 40-49, 1973.
76
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allocation effect and the stability of regional structure. Journal of Regional Science, v.
17, n. 3, p. 441-454, 1977.
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Carlos. Diretrizes de desenvolvimento para o Nordeste: as ideias de Furtado frente ao
plano estratégico de desenvolvimento sustentável do Nordeste. Revista Econômica do
Nordeste, v. 44, n. 2, p. 421-436, 2013.
80
SOUZA, Nali de Jesus de, Desenvolvimento Regional. São Paulo: Atlas, 2009.
SQUEFF, Gabriel Coelho et al. Produtividade no Brasil nos anos 2000-2009: análise
das Contas Nacionais. 2012.
STILWELL, Frank JB. Regional growth and structural adaptation. Urban Studies, v. 6,
n. 2, p. 162-178, 1969.
81
STOKES, H. K. 1974. Shift-share once again. Regional and Urban Economics 4:57-
60.
Portanto:
A equação (5) pode também ser escrita na forma de “taxa de crescimento”, onde
todos os termos são divididos por PT0:
∑ 𝑃𝑇 ⁄𝑃0 = ∑[∆𝑃𝑖 𝑆𝑖0 ]/𝑃𝑇0 + ∑[𝑃𝑖0 ∆𝑆𝑖 ]⁄𝑃𝑇0 + ∑[∆𝑃𝑖 ∆𝑆𝑖 ]⁄𝑃𝑇0 (6.A)