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CENTRO EDUCACIONAL SESI-024, TATUÍ

Isabelly Xavier

As três formas de teatro

TATUÍ – SP

2024
CENTRO EDUCACIONAL SESI-024, TATUÍ

Isabelly Xavier

As três formas de teatro

Prof.º LUCAS GREGORIO SOARES

“Trabalho apresentado à escola SESI-024 de


Tatuí, disciplina de Educação Física sob
orientação do Prof.º LUCAS GREGORIO
SOARES”.

TATUÍ – SP

2024
Sumário

1. Introdução ........................................................................................................... 4

2. Contexto Histórico............................................................................................... 5

3. Diferenças entre as Técnicas .............................................................................. 7

4. Conclusão ........................................................................................................... 9

5. Referências....................................................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO

O teatro sempre desempenhou um papel importante na história da arte,


servindo como local de entretenimento, educação e pensamento social. Neste
contexto, Augusto Boal tornou-se um dos escritores mais inovadores do século XX,
demonstrando novas formas de desenvolver e apreciar a arte teatral. Suas criações
transformam o espectador em um participante ativo, quebrando o estereótipo do
percurso e convidando o espectador a interagir diretamente com esses conflitos
apresentados no palco. As obras de Boal trouxeram à tona o drama e o aproximaram
das questões sociais e políticas da época.

Os métodos criados por Boal – o teatro oprimido, o teatro invisível e o teatro


fórum, surgiram num período de grande oposição política no Brasil e em outros países
da América Latina. Durante o período da ditadura militar brasileira (1964-1985), as
restrições e a perseguição ideológica limitaram as oportunidades para a criatividade
artística e intelectual. Neste contexto, Boal apresenta um teatro acessível,
democrático e social. A sua abordagem não só questiona os sistemas de poder dentro
da arte, mas também é uma ferramenta de resistência e consciência dos períodos
opressivos da história.

O Teatro Oprimido funciona como um método abrangente, reunindo práticas


que possibilitam a análise crítica da realidade e a busca por alternativas de
enfrentamento de opressões. Entre essas práticas, destacam-se o Teatro Invisível,
que integra o cotidiano de forma disfarçada, e o Teatro Fórum, que oferece um espaço
participativo para o público propor soluções para conflitos sociais. Essas técnicas
refletem a preocupação de Boal em transformar o teatro em uma experiência coletiva,
inclusiva e transformadora, rompendo com as barreiras tradicionais entre ator e
espectador.

Dessa forma, este trabalho busca explorar o contexto histórico em que essas
técnicas foram desenvolvidas, além de analisar suas características e diferenças. Por
meio dessa análise, é possível compreender a relevância das contribuições de
Augusto Boal para o teatro e para a sociedade, demonstrando como sua metodologia
continua a influenciar movimentos artísticos, educacionais e sociais em todo o mundo.
2. CONTEXTO HISTÓRICO

As técnicas teatrais idealizadas por Boal surgiram durante uma era de grandes
mudanças sociais e políticas no Brasil e no mundo, onde houve lutas por democracia,
movimentos de resistência e repressões autoritárias. Boal nasceu no Rio de Janeiro
em 1931. Ele foi moldado pelo ambiente acadêmico no Brasil, por suas experiências
no exterior, nomeadamente nos EUA e na Europa, onde estudou dramaturgia e se
familiarizou com o teatro épico de Bertold Brecht e o realismo social. Essas
referências, juntamente com os pensamentos pedagógicos de Freire, permitiram que
ele formasse uma perspectiva sobre o lugar do teatro na sociedade como uma
ferramenta educativa e ativista.

No Brasil e mais especificamente no Teatro de Arena de São Paulo, que foi um


foco renovador do teatro brasileiro, Boal apresentou-se na década de 60. Nessa
época, o país atravessava os primeiros anos da ditadura militar, uma época de
autoritarismo no controle da política, da censura e da repressão nos mais diversos
níveis. Nesse sentido, Boal entendia que a dramaturgia, voltada para o autor e o
encenador, tinha que se alterar nesta transição para o público que estava em luta
política e social. Ele começou a construir práticas que aproximavam o público da
performance, permitindo que eles se envolvessem na ação e nas possíveis resoluções
dos conflitos apresentados.

Na década de 1970, o Teatro Oprimido surgiu como uma resposta direta aos
produtos da desigualdade e da opressão vividos em diversos contextos. Vivenciando
a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, Boal desenvolveu uma forma de trabalhar
que quebra a definição de formalismo e tenta criar um espaço de diálogo e
empoderamento. O sistema expandiu-se rapidamente e tornou-se uma ferramenta de
resistência não só no Brasil, mas também em outros países latino-americanos onde o
sistema político é dominado pelo poder e pela tortura.

No exílio, após a perseguição do governo militar brasileiro, Boal continuou a


melhorar suas opiniões. Nessa época fundou o Teatro Invisível e o Fórum de Teatro.
O teatro invisível surgiu como forma de transcender as estatísticas, os problemas
sociais nos espaços públicos sem regras de funcionamento, permitindo ao público
interagir direta e indiretamente com a quantidade certa de utilização que foi
encontrada. O teatro surge como uma cultura utilizada nas sociedades conhecidas
que incentiva as pessoas a participarem na busca de soluções para os problemas da
opressão.

Estas técnicas não só refletem o contexto histórico de opressão e luta pela


justiça, mas tornaram-se ferramentas universais que podem ser adaptadas a
diferentes culturas e realidades. A relevância histórica da nova obra de Boal está
diretamente ligada ao seu compromisso com a democracia do teatro e à sua crença
no poder da arte como meio de mudança social.
3. DIFERENÇAS ENTRE AS TÉCNICAS

Os meios elaborados por Augusto Boal diferem não apenas nos objetivos, mas
nos métodos de engajamento do público e nos locais de aplicação. O Teatro do
Oprimido é a metodologia subjacente que consiste em muitas práticas e é definida
pela transformação ativa do público em: 'espect-atores' que são capacitados a
participar tanto na construção quanto na resolução dos conflitos que estão sendo
encenados. Seu foco principal é criar consciência social e mudar o status quo social
por meio de esforços coletivos, sendo apropriado para comunidades, escolas e
movimentos sociais, entre outros.

De forma mais específica, o Teatro Invisível é um método mais concreto que


se distingue por encenações provocadas em locais públicos em que a audiência não
tem consciência de que assiste a uma atuação. Este tipo de encenação tem por
objetivo provocar reações espontâneas em pessoas em situações não teatrais a
problemas sociais e políticos. Esta tática se destaca na aplicação de lugares comuns,
como ruas e praças de mercado, e desfoca amplamente a linha entre teatro e vida
real, criando um cenário em que a arte é incorporada ao espaço público.

Além disso, o 'Teatro do Oprimido' tem como objetivo a participação focada na


resolução de conflitos. Apresenta uma situação de opressão sem resolução e encoraja
os membros da audiência a intervir na narrativa, alterando as ações dos personagens
ou assumindo o papel dos atores no palco. Esta é uma técnica que incorpora o que
se pode chamar de 'ensaio para a vida', na medida em que permite que os
participantes testem e experimentem maneiras alternativas de lidar com a opressão
que as pessoas enfrentam em suas comunidades. Ao contrário do Teatro Invisível
Realista, o Teatro Fórum, como é conhecido popularmente, é apresentado em locais
organizados, como teatros, escolas, centros comunitários, e a audiência está ciente
de que o evento é participativo por natureza.

Embora todas as técnicas tenham pelo menos um objetivo em comum de


assimilar os oprimidos na arte do teatro para aprimorar a transformação social, suas
diferenças residem nas formas de interação, contextos de aplicação e até mesmo nos
resultados previstos. O Teatro do Oprimido é, em si, um método abrangente, enquanto
o teatro invisível e o teatro fórum são submétodos que têm um objetivo ainda mais
específico de estimular a reflexão em espaços públicos ou buscar soluções
colaborativas em ambientes estruturados, respectivamente.
4. CONCLUSÃO

As contribuições de Augusto Boal para o teatro transcenderam os limites da


arte cênica e se consolidaram como ferramentas poderosas para a transformação
social. Suas técnicas, criadas em resposta a contextos de opressão e desigualdade,
continuam a ser aplicadas em diversos cenários contemporâneos, desde movimentos
sociais até práticas educacionais. O Teatro do Oprimido, com sua proposta de
transformar o espectador em “espect-ator”, abriu caminho para um teatro mais
democrático e inclusivo, onde a participação coletiva é central.

O Teatro Invisível e o Teatro Fórum exemplificam a capacidade de Boal de


adaptar o teatro às necessidades de diferentes públicos e espaços. O Teatro Invisível,
ao se integrar ao cotidiano sem que o público perceba estar assistindo a uma peça
teatral, desafia as estruturas convencionais da arte e promove reflexões espontâneas.
Por outro lado, o Teatro Fórum oferece um espaço seguro e colaborativo onde os
participantes podem ensaiar soluções para problemas reais, transformando o teatro
em uma ferramenta prática de conscientização e ação coletiva.

Essas técnicas surgiram em um período histórico específico, marcado por


repressão política e censura, mas sua relevância ultrapassa as barreiras de tempo e
lugar. Ao promover o empoderamento das comunidades e a análise crítica das
opressões sociais, as metodologias de Boal continuam a ser utilizadas em diversos
contextos ao redor do mundo. Sua obra serve como um lembrete do potencial
transformador da arte, tanto no âmbito individual quanto no coletivo.

Em síntese, as criações de Boal permanecem atuais e essenciais, reforçando


o papel do teatro como um espaço de diálogo, resistência e transformação. Ao
democratizar o acesso à arte e incentivar a participação ativa do público, suas técnicas
oferecem um legado valioso para enfrentar os desafios contemporâneos, reafirmando
a relevância do teatro como uma ferramenta de justiça social e fortalecimento
comunitário.
5. REFERÊNCIAS

https://augustoboal.com.br/2013/05/19/henry-thorau-teatro-invisivel/

https://augustoboal.com.br/2015/08/17/dramaturgia-do-teatro-forum/

https://www.brasildefato.com.br/2021/03/16/criador-do-teatro-do-oprimido-augusto-
boal-completaria-90-anos-nesta-terca-feira

https://hemisphericinstitute.org/pt/hidvl-collections/itemlist/category/393-boal.html

https://www.infoescola.com/artes-cenicas/teatro-do-oprimido/

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