Artigo: Técnicas para o Levantamento de Seio Maxilar

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CADERNOS DE ODONTOLOGIA DO UNIFESO

v. 5, n.2 (2023) | ISSN 2674-8223


ARTIGO CIENTÍFICO

TÉCNICAS PARA O LEVANTAMENTO DE SEIO


MAXILAR: REVISÃO DE LITERATURA
TECHNIQUES FOR MAXILLARY SINUS LIFTING: LITERATURE REVIEW

Raysa do V. Rocha1; Mônica M. Labuto2


RESUMO:
A cirurgia de elevação do seio maxilar com enxerto ósseo é um procedimento que tem sido realizado
como alternativa de manutenção óssea visando viabilizar a instalação de implantes em pacientes que não têm
a quantidade óssea maxilar posterior suficiente para tal procedimento. No entanto, essa área é delicada para
instalação de implantes devido à sua baixa densidade e pouca disponibilidade óssea devido às reabsorções da
crista alveolar e a pneumatização do seio maxilar. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura
sobre o procedimento de levantamento de seio maxilar. A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura
estruturada nas bases de dados eletrônicas: Lilacs, Pubmed/MedLine, SciELO e Google acadêmico, por pu-
blicações indexadas no período de 2016-2021, em texto completo e nos idiomas português e inglês, sobre as
características, biomateriais mais utilizados, indicações, contraindicações e possíveis complicações do proce-
dimento de levantamento de seio maxilar, a fim de determinar se esse é um procedimento viável na rotina da
clínica odontológica. Como resultado foi discutido o levantamento de seio maxilar que é visto como um dos
principais meios para ganho ósseo no momento da reabilitação oral. Foi concluído que é de extrema importân-
cia o conhecimento da anatomia, histórico do paciente, uma boa seleção dos biomateriais e materiais utilizados
para que assim se alcance o sucesso cirúrgico.
Descritores: Implantes dentários; Levantamento do Assoalho do Seio Maxilar; Substitutos ósseos.

ABSTRACT:
Maxillary sinus lift surgery with bone graft is a procedure that has been performed as an alternative for
bone maintenance in order to enable the installation of implants in patients who do not have enough posterior
maxillary bone for such a procedure. However, this area is delicate for implant placement due to its low density
and low bone availability due to alveolar crest resorptions and maxillary sinus pneumatization. The objective
of this work is to carry out a literature review on the maxillary sinus lift procedure. The methodology used was
a literature review structured in the electronic databases: Lilacs, Pubmed/MedLine, SciELO and Academic
Google, by publications indexed in the period 2016-2021, in full text and in Portuguese and English, on the
characteristics, most used biomaterials, indications, contraindications and possible complications of the ma-
xillary sinus lift procedure, in order to determine if this is a viable procedure in the routine of the dental clinic.
As a result, the maxillary sinus lift was discussed, which is seen as one of the main means for bone gain at the
time of oral rehabilitation. It was concluded that it is extremely important to know the anatomy, patient history,
a good selection of biomaterials and materials used in order to achieve surgical success.
Keywords: Dental implants; Lifting the floor of the maxillary sinus; Bone substitutes.

1 Acadêmica do 10º período do Curso de Graduação em Odontologia do Unifeso – 2022.2.


2 Docente do Curso de Graduação em Odontologia do Unifeso, Especialista em Programa de Saúde da Família, Especialista em
Processos de Mudanças em Serviços de Saúde, Especialista em Docência Superior e Preceptora da IETC.

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INTRODUÇÃO
Com a perda do elemento dental, o processo alveolar sofre uma reabsorção gradativa provocando o estrei-
tamento da largura da crista óssea e como consequência a diminuição da altura. A região posterior da maxila é
uma das áreas que apresenta um alto grau de dificuldade, decorrente das limitações anatômicas e densidade óssea
da região para a instalação de implante, e também devido a reabsorção (ANDRADE, FRANÇA e SILVA; 2006).
Os seios maxilares são espaços aéreos delimitados por estruturas ósseas localizadas no interior da maxila.
Muitas vezes após a extração de um elemento dentário, principalmente por causas patológicas, traumas no
rebordo, entre outros, favorece a atrofia óssea que impossibilita a instalação de implantes dentários no futuro
(TCHEMRA et al., 2021).
De acordo com Machado et al. (2019), a cirurgia de elevação do seio maxilar com enxerto ósseo é um
procedimento muito comum na prática odontológica e tem sido realizada como alternativa de manutenção
óssea visando viabilizar a instalação desses implantes em pacientes que não têm a quantidade óssea maxilar
posterior suficiente para tal procedimento.
A principal indicação para o levantamento de seio maxilar é a melhor condição para a instalação de im-
plantes em regiões posteriores da maxila que apresentam volume ósseo insuficiente, menos de 8 milímetros de
altura e 4 milímetros de largura (TOMBINI, 2007).
Atualmente existe no mercado uma grande diversidade e disponibilidade de substitutos ósseos com a ca-
pacidade de formação óssea em um curto espaço de tempo, entre eles a Fibrina Rica em Plaquetas (PRF) que
possui caráter autólogo, baixo custo e protocolo simplificado (LENZI, 2018).

OBJETIVOS

Objetivo primário
Realizar uma revisão de literatura sobre as técnicas de levantamento de seio maxilar.

Objetivos secundários
• Apresentar as técnicas utilizadas no procedimento de levantamento de seio maxilar;
• Determinar quais as indicações e contraindicações do procedimento;
• Apresentar as possíveis complicações durante e após o procedimento.

REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com Peterson (2000) a formação do seio maxilar acontece no período embrionário a partir
da invaginação do meato da cavidade nasal para dentro do osso da maxila, sendo o primeiro dos seios a ser
formado. Após o nascimento, o seio maxilar se expande por pneumatização para o processo alveolar em de-
senvolvimento e se estende anterior e inferiormente da base do crânio, acompanhando o crescimento da maxila
e o desenvolvimento da dentição.
O seio maxilar é o maior seio paranasal, fica localizado no osso maxilar e possui formato de pirâmide.
Suas medidas são variáveis, porém possui, em média, 30 a 40 mm de comprimento, com 15 a 20 mm de largura
e 10 a 15 mm de profundidade, podendo ainda serem classificados em pequenos (com capacidade em torno de
2 cm), médios (8 a 12 cm) ou grandes (cerca de 25 cm) (PIKOS, 1999; FERRAZ, 2013).

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Figura 1 – Anatomia do seio maxilar

Fonte: Kischner (2005).

As principais funções do seio maxilar são aquecer o ar, aliviar o peso do complexo craniofacial e fornecer
ressonância à voz, e evoluiu como assistente para o resfriamento das veias intra e extracranianas. O seio maxi-
lar produz muco com lisossomas e imunoglobulinas, e sua membrana de revestimento, denominada membrana
de Schneider, é responsável pela saúde do seio maxilar através da associação dos linfócitos e da imunoglobu-
lina presentes na membrana e na cavidade sinusal (FERRAZ, 2013).

1. Levantamento do seio maxilar


Segundo Misch (1988) a região do seio maxilar perde osso mais rápido, resultando em reabsorção verti-
cal e horizontal do osso alveolar devido à falta de estímulo. Quando se tem a ausência dos molares superiores
temos uma pneumatização do seio por reabsorção óssea em poucos meses. A base do seio maxilar diminui
a altura óssea remanescente em pacientes desdentados há longo tempo, dificultando ou mesmo impedindo a
instalação de implantes osseointegrados. Misch classificou a densidade óssea em 4 grupos baseada nas carac-
terísticas do osso cortical e trabecular, sendo eles: D1 – Presença de osso cortical denso; D2 – Osso cortical
poroso denso e osso trabecular denso; D3- Osso cortical poroso e fino e osso trabecular fino; D4 – Quase não
existe osso cortical e o osso trabecular fino ocupa quase todo o volume do osso.

Figura 2 – Classificação da densidade óssea de Misch

Fonte: Quicoli (2006).

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Para que seja possível a reabilitação da área posterior da maxila é necessário que se tenha uma quantidade
óssea suficiente e a diminuição desse volume ósseo decorre de diversos fatores como traumas ou patologias,
reabsorção devido às extrações e também à pneumatização do seio maxilar (ALMEIDA et al., 2006).

Figura 3 – Pneumatização do seio maxilar

Fonte: Doro (2016).

O levantamento de seio maxilar foi primeiramente apresentado por Tatum em 1976. Posteriormente,
em 1988, Wood e Moore incluíram modificações a técnica já idealizada. A cirurgia de levantamento de seio
maxilar tem como principal objetivo aumentar o volume ósseo na região que não apresenta quantidade óssea
suficiente e a qualidade é desfavorável. Hoje, o levantamento de seio maxilar é um recurso muito utilizado para
a reconstrução óssea da região posterior da maxila em pacientes que apresentam contraindicações a instalação
de implantes osseointegráveis (DORO, 2017).
Atualmente dispõe-se de duas técnicas cirúrgicas a Técnica de Abertura da Janela Lateral e a Técnica de
Elevação Atraumática do Seio Maxilar com Osteótomo de Summers, sendo que o que vai definir a escolha da
técnica é a quantidade de osso alveolar remanescente (FERREIRA, 2007; TCHEMRA et al., 2021).

2. Técnicas Cirúrgicas para o levantamento de seio maxilar

2.1 Técnica de Abertura da Janela Lateral


A Técnica de Abertura da Janela Lateral tem o objetivo de aumentar a altura do seio maxilar, colocan-
do-se para isso enxerto abaixo da membrana do seio. Sendo esse procedimento indicado para casos de ossos
remanescentes com menos de 5 mm e mais de 2 mm de altura óssea subsinusal (OMAGARI et al., 2005). Essa
técnica permite um ganho em altura vertical entre 5 e 12 mm (ANDRADE et al., 2006). Dependendo da condi-
ção anatômica da área, o acesso poderá ser realizado pela crista do rebordo ou através da janela lateral em um
ou dois estágios cirúrgicos (PIRES, 2012).
De acordo com Dinato et al. (2007) e Mazaro et al. (2013), o tamanho da osteotomia a ser realizada
depende principalmente da área protética a ser reabilitada e da presença de dentes adjacentes. A elevação da
membrana é realizada com o auxílio de curetas de diferentes formatos e tamanhos até tornar-se completamente
descolada da parte inferior, lateral e posterior do seio. A osteotomia, na parede medial do seio maxilar, pode ser
realizada com instrumentos rotatórios ou com piezoelétrico ultrassônico. A instalação dos implantes pode ser
realizada no mesmo ato cirúrgico, desde que haja uma altura mínima de 5 mm de osso remanescente, e quando
não se puder realizar no mesmo instante, deve ser realizada em um segundo ato cirúrgico.

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Figura 4 – Técnica de Abertura da Janela Lateral

Fonte: https://www.sorridere.net/tratamentos/cirurgia-oral/sinus-lift-levantamento-seio-maxilar/

O levantamento da membrana é realizado com curetas semelhantes à anatomia do seio maxilar, para uma
posição mais orbital, determinando a cavidade que será preenchida pelo enxerto. Com quantidade e qualidade ós-
seas suficientes para estabilizar o implante, o mesmo pode ser instalado na mesma fase (OMAGARI et al., 2005).

2.2 Técnica de Elevação Atraumática do Seio Maxilar com Osteótomo de Summers


A Técnica de Elevação Atraumática com Osteótomos ou Técnica de Summers, foi descrita em 1994, onde
se utilizava um conjunto de osteótomos de diferentes diâmetros para preparar o local de inserção do implante.
É considerada uma técnica menos invasiva do que a Técnica de Abertura da Janela Lateral pois desloca o osso
alveolar para dentro da cavidade sinusal, elevando o assoalho, periósteo e a membrana sinusal. É mais con-
servador e menos invasivo, pois se introduz o instrumento suavemente na membrana sinusal. É indicada para
locais que apresentem altura mínima entre 5 a 6 mm, sendo possível somente devido à baixa densidade óssea
da região, possibilitando um ganho de 4 mm de altura (ANDRADE et al., 2006).

Figura 5- Osteótomo de Summers

Fonte: https://pt.slideshare.net/adrianacarrazoni/summers-alunos

Almeida et al. (2006) e Doro (2016) descrevem a Técnica de Summers como um método simples onde o
osso não é removido. O principal objetivo dessa técnica é manter a maior quantidade de osso existente na ma-
xila, empurrando a parte óssea próxima a cortical da cavidade que irá elevar o assoalho, o periósteo e a mem-
brana de seio com os osteótomos. A pressão exercida por esses instrumentos permite uma compactação óssea,
formando uma interface mais densa entre o osso e o implante, favorecendo a instalação imediata. Podendo-se
colocar ou não enxerto, ficando essa decisão a critério do cirurgião-dentista.

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Figura 6 – Técnica de Summers

Fonte: https://www.implart.com.br/tag/tecnica-de-summers/

A técnica de elevação atraumática é menos invasiva do que a técnica traumática, e portanto, mais pre-
visível, pois promove menos alterações fisiológicas e morfológicas do seio maxilar devido a menor elevação
volumétrica da membrana de Schneider (PAVELSKI et al., 2015).

3. Biomateriais no levantamento de seio maxilar


Correia et al. (2020) relataram quando se trata de materiais de enxerto ósseo, eles devem adquirir caracterís-
ticas específicas para que sejam fisiologicamente estáveis, biocompatíveis, imunologicamente inativos, não trans-
portarem doenças, serem reabsorvidos após à regeneração óssea para possibilitar a osteogênese e osteocondução.
Os biomateriais são substâncias naturais ou não que interagem com sistemas biológicos e que podem subs-
tituir qualquer tecido, órgão ou funções do corpo. O enxerto ósseo desempenha algumas funções distintas, como:
osteogênese (formação de novo tecido ósseo); osteoindução (efeito químico que conduz à diferenciação de células
produtoras de tecido ósseo designadas por osteoblastos); osteocondução (efeito físico no qual a matriz do enxerto
forma uma rede de suporte que estabelece a regeneração óssea) (MARTINS et al., 2010; DANTAS et al., 2011).
Os biomateriais precisam ter características, como: biocompatibilidade, não antigênico, não carcinogê-
nico, apresentar baixo custo e ser gradualmente substituído por tecido da área receptora. Diante disso, o osso
autógeno (biomateriais recolhidos a partir do próprio paciente tanto de locais intraorais como extraorais) é
considerado o material ideal, na medida em que contém proteínas que promovem a formação óssea, minerais
e células ósseas vitais, e apresenta rápida diferenciação de vasos do tecido ósseo original, o que determina a
viabilidade do enxerto, a formação e a manutenção de osso (MARTINS et al., 2010).
Os principais requisitos para a escolha de um biomaterial são: a biocompatibilidade (efeito do ambiente
orgânico no material e efeito do material no organismo), a biodegradabilidade (fenômeno em que o material
é degradado ou solubilizado em fluidos tissulares, desaparecendo do sítio de implantação) e a velocidade de
degradação do material (SANTOS, 2021).

4. Indicação e contraindicações do levantamento de seio maxilar


O procedimento de levantamento de seio com enxerto ósseo é indicado para pacientes cujo volume ósseo
na região da instalação do implante não é suficiente para garantir um resultado previsível a longo prazo, sendo
necessária a utilização de enxertos ósseos, biomateriais para realização do procedimento e posterior instalação
dos implantes (LENZI, 2018).
De acordo com Correia (2020) há quatro situações principais que se deve utilizar o levantamento de seio
maxilar, são elas: perda óssea após exodontia, altura óssea inferior a quantidade necessária, atrofia maxilar e
qualidade e quantidade óssea insuficiente.

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Algumas contraindicações dificultam ou impossibilitam a realização do levantamento do seio maxilar,


sendo uma cirurgia contra indicada nos seguintes casos: ápices de raízes dentárias na cavidade sinusal, doenças
imunodeficientes, doenças do seio maxilar, fumantes, rinite ou sinusites severas, tumores na dimensão do seio
maxilar, doenças periodontais, entre outras (CASALECHI et al., 2006; CORREIA, 2020).

5. Principais complicações cirúrgicas


Diniz et al. (2012) dizem que algumas complicações podem levar a perda total do enxerto e do implante,
estejam elas presentes antes, durante ou após a realização da cirurgia. Em razão disso é fundamental que os
aspectos anatômicos recebam máxima atenção para que não ocorram complicações pós-operatórias.
Caso o paciente apresente sinais de congestão nasal, rinite, doenças do trato respiratório, sinusite aguda,
inclinação radicular, cisto ou tumores, está indicada uma avaliação adicional e a cirurgia adiada até a elimina-
ção dos sinais e sintomas. O risco de rinossinusite pós-operatória ocorre em pacientes que sofrem de sinusite
crônica e nos casos em que grande quantidade de enxertos foi necessária, se manifesta por meio de dor loca-
lizada, dores de cabeça, inflamação de mucosa bucal oral, rinorreia e secreção nasal (MISCH, 2000; BAUM-
GARTNER, 2009; ESPÍNDOLA, 2019).
A complicação mais comum durante a cirurgia de levantamento de seio maxilar é a perfuração da mem-
brana sinusal, acometendo cerca de 7% a 44% dos casos. Isso pode levar a um aumento nas complicações
secundárias. Além disso, pode haver uma penetração bacteriana maior, o material utilizado no enxerto pode
passar pela dilaceração e penetrar no seio, podendo obstruir o óstio dificultando a drenagem, quando elas não
são tratadas previamente, há possibilidade de perda de material de enxerto uma vez que há o contato direto da
cavidade sinusal com o material inserido (MISCH, 2000; OMAGARI et al., 2005; CASALECHI, 2006).
As perfurações podem ser classificadas em:
Classe I Localizado na região adjacente à osteotomia
Classe II Localiza-se no aspecto médio da osteotomia
Classe III Localiza-se a 2/3 centrais do bordo inferior da osteotomia
Classe IV Localiza-se a 2/3 centrais do bordo inferior do local da osteotomia

Fonte: Mohan et al. (2015).

Dentre as intercorrências durante o procedimento, a mais comum é o deslocamento do implante para


dentro do seio maxilar, esses atuam como corpos estranhos causando complicações como sinusites, fístula
oroantral e até complicações mais graves como o câncer. O implante também pode deslocar-se para outros
seios, devendo ser removidos ainda que assintomáticos, para que não ocorram lesões futuras e também evite
lesões em estruturas vitais próximas (GARCIA et al., 2017).

Figura 7 – Implante dentário em área de seio maxilar

Fonte: Junior et al. (2013).

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Além dessas complicações pode ocorrer a infecção do seio maxilar, com ou sem perda do implante, for-
mação de fístula buco-sinusal ou ainda uma comunicação, abertura da linha de incisão e ainda, sinusite crônica
no pós-operatório. Cerca de 3% dos procedimentos podem levar à infecção pós cirúrgica, sendo fundamental
uma terapia sistêmica com uso de antibióticos e antiinflamatórios para que se alcance o sucesso, principalmen-
te pelo fato da área ser susceptível a infecções (OMAGARI et al., 2005; CORREA, 2020).

DISCUSSÃO
O levantamento de seio maxilar é um procedimento cirúrgico muito utilizado para que se tenha ganho de
altura óssea, utilizado principalmente na área de implantodontia.
Quanto a anatomia e função do seio, Peterson (2000) relatou que a sua formação acontece no período
embrionário, sendo um dos primeiros seios a ser formado, logo após ele se expande e se estende acompa-
nhando o crescimento maxilar. Pikos (1999) e Ferraz (2013) complementaram citando que ele é o maior seio
paranasal, com medidas variáveis entre 30 a 40 mm de comprimento, com 15 a 20 mm de largura e 10 a 15
mm de profundidade. Ferraz (2013) também citou que as principais funções são aquecer o ar, aliviar o peso do
complexo craniofacial e fornecer ressonância à voz, e evoluiu como assistente para o resfriamento das veias
intra e extracranianas.
Tanto Misch (1988) e Almeida et al. (2006) ressaltaram que a região do seio maxilar é uma região com
perda óssea mais rápida devido à falta de estímulo, e para que seja possível uma reabilitação é necessária que
se tenha uma quantidade óssea suficiente para se garantir a reabilitação.
Segundo Ferreira (2007); Doro (2016) e Tchemra et al. (2021), o levantamento de seio maxilar foi apre-
sentado por Tatum primeiramente, e posteriormente por Wood e Moore. E hoje é o recurso mais utilizado para
a reconstrução óssea da parte posterior da maxila. Ferreira (2007) e Tchemra et al. (2021) citaram as duas
técnicas cirúrgicas, a Técnica de Abertura da Janela Lateral e a Técnica de Elevação Atraumática do Seio
Maxilar com Osteótomo de Summers ressaltando que o que vai definir a escolha da técnica é a quantidade de
osso remanescente.
Tanto Omagari et al. (2005), quanto Andrade et al. (2006) ressaltaram que a Técnica de Abertura da Jane-
la Lateral objetiva aumentar a altura do seio maxilar através do enxerto ósseo, e esse procedimento é indicado
para casos de ossos remanescentes com menos de 5 mm e mais de 2 mm de altura óssea subsinusal. Dinato et
al. (2007) e Mazaro et al. (2013), sugeriram que o tamanho da osteotomia vai depender principalmente da área
protética a ser reabilitada e da presença de dentes adjacentes.
Em relação a Técnica de Elevação Atraumática com Osteótomos ou técnica de Summers, Andrade et al.
(2006) relataram que se utilizava um conjunto de osteótomos para preparar o local de inserção do implante
que é uma técnica menos invasiva e mais conservadora. Pavelski et al. (2015) e Doro (2016) complementaram
descrevendo a técnica como um método simples onde o osso não é removido com o objetivo de manter a maior
quantidade de osso existente na maxila.
Em relação aos biomateriais Correia et al. (2020) especificam que eles devem ser biocompatíveis, fisiolo-
gicamente estáveis, não transportarem doenças, serem reabsorvidos após à regeneração óssea para possibilitar
a osteogênese e a osteocondução. Martins et al. (2010) e Dantas et al. (2011) complementam citando que os
biomateriais podem substituir qualquer tecido, órgão e função, desempenhando funções de osteogênese, os-
teoindução e osteocondução. Martins et al. (2010), ainda ressalvam dizendo que o osso autógeno é o material
ideal. Em contrapartida Santos (2021) relatou que apesar dos enxertos autógenos serem utilizados de forma
padrão, os biomateriais homógenos, heterógenos e os aloplásticos têm sido amplamente estudados como uma
alternativa aos enxertos.

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Segundo Casalechi et al. (2006) e Correia (2020), as situações principais para o levantamento de seio
maxilar, são perda óssea após exodontia, altura óssea inferior a quantidade necessária, atrofia maxilar e qua-
lidade e quantidade óssea insuficiente. E, as contraindicações que dificultam ou impossibilitam são pacientes
portadores de Diabetes Mellitus, irradiados recentemente na região de maxila, ápices de raízes dentárias na
cavidade sinusal, doenças imunodeficientes, doenças do seio maxilar, fumantes, rinites ou sinusites severas,
tumores na dimensão do seio maxilar, doenças periodontais, entre outras.
Para Diniz et al. (2012) as complicações podem levar a perda total do enxerto e do implante, sejam elas
presentes antes, durante ou após a realização da cirurgia. Misch (2000), Baumgartner (2009) e Espíndola
(2019) ainda ressalvam que na presença dessas complicações a cirurgia deve ser adiada até a eliminação dos
sinais e sintomas.
Segundo Misch (2000), Omagari et al. (2005) e Casalechi (2006) a perfuração da membrana sinusal é a
mais comum. Em contrapartida Garcia et al. (2017) relatam que o mais comum é o deslocamento do implante
para dentro do seio maxilar. Omagari et al. (2005) e Correa (2020) ressalvam que 3% dos procedimentos po-
dem levar à infecção pós cirúrgica, sendo fundamental uma terapia sistêmica.

CONCLUSÃO
O levantamento de seio maxilar é hoje uma alternativa de primeira escolha para reabilitação maxilar
quando se tem reabsorção óssea posterior. É um procedimento realizado de forma rotineira, na qual o planeja-
mento toma um papel essencial antes da cirurgia.
É de extrema importância que o profissional tenha conhecimento da anatomia, histórico do paciente, uma
boa seleção dos biomateriais e materiais utilizados para que assim se alcance o sucesso cirúrgico.

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