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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PSICOPEDAGOGIA
DEPARTAMENTO DE PSICOPEDAGOGIA

ISRAEL DIAS DA SILVA FILHO

UM OLHAR SISTÊMICO: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

JOÃO PESSOA
2014
ISRAEL DIAS DA SILVA FILHO

UM OLHAR SISTÊMICO: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao Curso de Bacharelado em Psicopedagogia
do Centro de Educação da Universidade
Federal da Paraíba – UFPB, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Bacharel
em Psicopedagogia.

Orientador(a): Profª. Drª. Geovanní Soares


de Assis.

JOÃO PESSOA
2014
S586i Silva Filho, Israel Dias da.

Um olhar sistêmico: diagnóstico e intervenção psicopedagógica


/ Israel Dias das Silva Filho. – João Pessoa: UFPB, 2014.

72f.

Orientador: Geovanní Soares de Assis

Monografia (graduação em Psicopedagogia) – UFPB/CE

1. Sistemas. 2. Intervenção psicopedagógica.


3. Assessoramento. I. Título.

UFPB/CE/BS CDU: 37+159.9 (043.2)


Dedico este trabalho aos meus pais Maria do Carmo e Israel (in
memoriam) por ter me proporcionado o meu corpo, templo e
veículo necessário para a expressão da minha individualidade na
caminhada infinita da vida.
Agradeço a Força Incriada (Deus Pai Mãe) pelo dom da vida. Aos meus pais, Israel
Dias da Silva (in memoriam) e Maria do Carmo Silva, pelo aprendizado. Agradeço a
todos os meus irmãos, sobrinhos, amigos, companheiros de todas as horas. Á todos os
educadores que passaram na minha vida, pela orientação, pelo incentivo e paciência.
Aos discentes e docentes do Curso de Psicopedagogia pela oportunidade de
compartilharmos saberes. Aos docentes e discentes dos projetos de pesquisa e extensão,
o meu carinho, minha admiração e o meu muito obrigado. À equipe gestora e técnica da
escola onde foi realizada a pesquisa, pela oportunidade que me foi dada. Aos pais,
professores, funcionários e, principalmente, às crianças da escola pela acolhida.
"É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal
maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática”.

Paulo Freire
RESUMO

A presente monografia descreve a experiência de um processo de pesquisa-ação realizada em uma


Escola Pública, localizada no Bairro dos Novais – João Pessoa – Paraíba – Brasil. Tivemos como
objetivo geral descrever a contribuição da intervenção psicopedagógica numa perspectiva
sistêmica ao processo educativo e aos sistemas que se inter-relacionam com o aprender. A visão
sistêmica que estrutura a linha de raciocínio disposta nessa pesquisa e que embasa a formulação
teórico-prática da intervenção psicopedagógica mostra que é possível promover uma intervenção
que respeite a realidade da instituição pesquisada e ao mesmo tempo promova mudanças que
resgate o ser humano, na sua integridade, como sujeito que interage nos diversos sistemas
envolvidos com a aprendizagem. Quando abordamos a intervenção psicopedagógica estamos
relatando sobre um processo avaliativo que se concretiza com uma demanda de assessoramento.
Entendemos que para o assessoramento é necessário uma visão global que leve em conta a
situação atual e o projeto educativo da instituição com a finalidade de promover seu
desenvolvimento. Nesta pesquisa, pretendemos na prática, auxiliar educadores, pais e aprendentes
a se comunicarem e se ajudarem para dinamizar a aprendizagem, colocando os sujeitos envolvidos
na pesquisa-ação como autores responsáveis pelas ações desenvolvidas, apresentando dados e
informações relevantes sobre o trabalho de intervenção psicopedagógica no contexto educacional.
Inicialmente apresentando o mapeamento institucional, descrevendo e caracterizando o campo
onde foram realizadas as ações interventivas, identificando o diagnóstico e as propostas que foram
desenvolvidas na intervenção psicopedagógica. Após o mapeamento, discutimos a partir do
referencial teórico, a contribuição da intervenção psicopedagógica para o processo educativo e
para os sistemas que se inter-relacionam com o processo do aprender. Logo após a fundamentação
teórica, foi descrito as atividades desenvolvidas na instituição escolar onde se realizou a
intervenção psicopedagógica. Tratou-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa,
metodologicamente o trabalho foi desenvolvido por meio da pesquisa-ação, para concretizá-la,
utilizamos os procedimentos de pesquisa bibliográfica, que favoreceram a fundamentação teórica,
aplicamos para intervenção a observação direta intensiva do contexto institucional, como também,
registros em um diário de bordo e a utilização de um protocolo de observação para coleta de
dados. A fundamentação teórica deste trabalho está vinculada à Teoria Geral de Sistemas, a
Psicopedagogia, o Psicopedagogo e a Intervenção Psicopedagógica. Para obtenção dos dados
foram descritas as atividades interventivas com a equipe técnica-pedagógica, docentes, pais e
discentes da turma do 4º ano da manhã que contribuíram nas ações desenvolvidas. Os dados
revelaram que os participantes obtiveram crescimento pessoal e profissional, resgataram a
autoestima, superaram suas dificuldades, aconteceu também, o reconhecimento dos valores e
potenciais existentes em cada um, através das ações nas quais estavam inseridos dentro da
instituição. O estudo revelou ainda que tais ações focadas na Teoria Geral dos Sistemas e no olhar
psicopedagógico, promoveram interrelações com a família e com os aprendentes. A intervenção
confirmou a existência de ações positivas na escola, por meio de projetos implantados no decorrer
do período proposto, comprometidos com a aprendizagem e persistindo ativamente na
participação dos pais na vida escolar dos filhos.

Palavras-chave: Sistemas. Intervenção Psicopedagógica. Assessoramento. Aprendizagem. .


ABSTRACT

This monography describes the experience of a research-action process performed at a Public


School located at Bairro dos Novais, João Pessoa, Paraíba, Brazil. It is about the general
contribution of a systemic psicopedagogic intervention applied in the context of the
educational process and the systems that interrelate with learning. The systemic view that
structures arranged in this line of reasoning that supports the research and theory - practice
psicopedagogic intervention, formulation shows that it is possible to promote an intervention
that respects the reality of the research institution and at the same time promote changes that
rescue humans in its integrity as a subject that interacts in various systems involved with
learning. When we address the psicopedagogic intervention we are reporting on an evaluation
process that takes place with support and assistance. For the assistance it is required a wider
vision that takes into account the individual situation and the educational project of the
institution. In this research, we intend to in practice, assist educators, parents and learners to
communicate and help themselves to increase learning, placing the subjects involved as
authors responsible for the actions carried out by presenting data and relevant information
about the work of the psicopedagogic intervention in the educational context. Firstly showing
institutional mapping, describing and characterising the field where the intervention took
place, identifying the diagnosis and proposals which were developed for the intervention.
After mapping, we discuss the theoretic reference for the educational process and for the
systems that interrelate with the learning process. After the fundamentals of the theory we
describe the activities carried out in the school where the intervention took place. This is a
descriptive study of qualitative approach. Methodologically the study was developed through
research-action utilising the bibliographic procedures that favour the theoretical foundation,
then we applied for the intervention the intensive direct institutional context in addition to
records from a diary and also use of an observation protocol for data collection. The
theoretical grounds for this work is linked to the General System Theory, Psicopedagogy, the
Psychopedagogists and Psicopedagogic Intervention. To obtain the data we have described
the interventional activities with the technical-pedagogic team, the school, parents and
students of the morning fourth grade class that contributed to the actions developed. The data
revealed that the participants have obtained personal and academic growth, the rescue of self
esteem, the overcoming of difficulties and recognition of the values and potential that exist in
each one. The study also shows that such actions focused on The General System Theory and
the Psicopedagogic input promoted interrelations with the family and with the learners. The
intervention confirmed the existence of positive actions at school shown through projects
implemented during the agreed period that were committed to learning and with active
encouragement of parents participating in the school life of their children.

Key words: Systems. Psicopedagogic Intervention. Assistance. Learning.


SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................... X

ÍNDICE DE QUADROS ......................................................................................................... X

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 14

2.1 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS .................................................................................. 14

2.2 A PSICOPEDAGOGIA, O PROCESSO EDUCATIVO E OS SISTEMAS QUE SE


INTER-RELACIONAM COM O APRENDER ...................................................................... 17

2.3 O PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL E O PROCESSO DE INTERVENÇÃO ....... 23

3 TRILHA METODOLÓGICA ............................................................................................ 29

3.1 DESENVOLVIMENTO..................................................................................................... 29

3.2 PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 31

3.3 INSTRUMENTO ............................................................................................................... 31

3.4 MAPEAMENTO DA INSTITUIÇÃO-DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO


CAMPO DE PESQUISA ......................................................................................................... 32

3.5 DIAGNÓSTICO E PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .................................................... 35

3.6 OBSERVAÇÃO EM CAMPO ........................................................................................... 35

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS MATERIAIS ................................................................ 37

4.1 INTERVENÇÃO ................................................................................................................ 37

4.2 AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 54

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 56

ANEXOS ................................................................................................................................. 58

ANEXO A1 .............................................................................................................................. 59

ANEXO A2 .............................................................................................................................. 70
ÍNDICES DE FIGURAS

Figura 1 – Circularidade da Pesquisa-ação ............................................................................. 30

Figura 2 – Foto Escola Pública................................................................................................ 32

Figura 3 – Foto Apresentação da Proposta de Intervenção ..................................................... 39

Figura 4 – Foto Quadro de Planejamentos e Reuniões............................................................ 40

Figura 5 – Foto Entrega dos planos e instrumento psicossocial .............................................. 40

Figura 6 – Foto Roda de conversa com os alunos do 4º ano A manhã ................................... 41

Figura 7 – Foto do TDE – Teste de escrita e matemática na sala ........................................... 42

Figura 8 – Foto Teste de leitura TDE ...................................................................................... 43

Figura 9 – Foto Construção da Escrita a partir de modelos .................................................... 44

Figura 10 – Foto Jogo de Palavras .......................................................................................... 45

Figura 11 – Foto Ditado de palavras utilizando as tecnologias ............................................... 45

Figura 12 – Foto Atividade com o JOGOLEM ....................................................................... 46

Figura 13 – Foto Apresentação dos Jogos ............................................................................... 47

Figura 14 – Foto Oficina Psicopedagógica ............................................................................. 48

Figura 15 – Foto Reuniões de Pais e Mestres.......................................................................... 48

Figura 16 – Foto Leitura de livro digitalizado – O menino que aprendeu a vê ....................... 49

Figura 17 – Foto Educando Sentimentos................................................................................. 50

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Planejamento para intervenção psicopedagógica ................................................. 38


1 INTRODUÇÃO

Na atualidade reconhecemos os avanços na universalização da educação e essa


adquire um papel importante na sociedade moderna. Porém, percebemos um crescente
descompasso entre os modelos tradicionais de ensino e as novas abordagens existentes nos
meios científicos considerando, sobretudo o sujeito como protagonista na construção da
aprendizagem. Em meio a essa realidade é preciso desenvolver um assessoramento que
permita mudanças e inovações apropriadas. Identificamos diversas teorias e perspectivas que
buscam explicar os problemas ou dificuldades de aprendizagem relacionadas ao rendimento
escolar dos aprendentes e ao mesmo tempo perceber o esforço que o sistema educacional tem
demonstrado para direcionar ações e melhorias na qualidade do ensino, sobretudo nas
instituições educacionais da rede pública.
Algumas concepções teóricas atribuem à problemática do desempenho escolar as
características biológicas, psicológicos e sociais do sujeito epistêmico, outras enfocam as
variáveis do contexto de aprendizagem, sobretudo as características do educador. Outros
aspectos como os sociopolíticos da educação são relevantes, atribuindo o desempenho do
aprendente às condições políticas, econômicas e culturais que influem sobre o contexto
institucional e sobre o processo de ensino. O fracasso escolar também é atribuído a fatores
presentes no processo de ensino aprendizagem e nas relações professor-aluno.
Em sua complexidade e multiplicidade identificamos visões isoladas de um todo que
traz suas explicações pertinentes, porém, parciais sobre esse processo. A problemática existe e
precisamos buscar novas teorias que contribuam para que ao avaliarmos o problema,
possamos intervir de forma significativa respeitando a singularidade do sujeito epistêmico e
suas inter-relações com o aprender. Desta forma utilizamos a teoria sistêmica para
fundamentar nosso trabalho, no sentindo de compreender qual a relevância dessa abordagem
para a intervenção psicopedagógica e se seus referenciais possibilitam um assessoramento
psicopedagógico integral, inter e multidisciplinar. Uma intervenção dentro de um contexto
determinado deve valorizar a globalidade dos sujeitos envolvidos que interagem em outros
contextos como: a família, a escola, a sala de aula, grupos e a comunidade onde se encontra
inserido.

11
A presente pesquisa se enquadrou no tema da intervenção psicopedagógica e
concentrou a atenção sobre a experiência de uma Escola Púbica no processo de implantação
da pesquisa-ação desenvolvida a partir da observação, avaliação e mediação executada no
estágio em Psicopedagogia Institucional.
A fundamentação teórica foi construída a partir dos eixos temáticos sobre a teoria
geral dos sistemas (TGS); a psicopedagogia; o psicopedagogo e intervenção psicopedagógica
com base em autores como Bertalanffy (2012), Polity (2004), Bossa (2011), Beauclair (2009),
Bassedas (1996), Porto (2011), Papalia (2009), Fernández (2001), Kishimoto (2003), Weiss
(1998) e Sánchez (2004). As reflexões teóricas e práticas ligadas à intervenção
psicopedagógica e de sua contribuição ao processo educativo têm se ampliado ao longo dos
anos conforme a demanda existente nas instituições que ainda se prendem aos modelos
tradicionais de ensino gerando um descompasso entre as novas abordagens construídas nos
meios científicos que consideram, sobretudo, o sujeito como protagonista na construção da
aprendizagem.
Neste trabalho, a ênfase é descrever a contribuição da intervenção psicopedagógica
numa perspectiva sistêmica para o processo educativo e aos sistemas que se inter-relacionam
com o aprender, considerando as contribuíções existentes no campo da Psicopedagogia,
Pedagogia e da Psicologia, identificando as inter-relações da instituição com a família;
desenvolvendo relações de colaboração, interação e confiança mútua entre discentes, docentes
e mediadores técnico-pedagógicos, caracterizando os projetos desenvolvidos pela instituição
na busca pela integração dos diversos serviços oferecidos para a melhoria do processo de
ensino e aprendizagem e promovendo avaliação e intervenção psicopedagógica considerando
os processos de interação existentes do aprendente com os diversos sujeitos (docente,
discente, pais e equipe técnica-pedagógica).
A visão sistêmica que estrutura a linha de raciocínio disposta nessa pesquisa e que
embasa a formulação teórico-prática da intervenção psicopedagógica mostrou que é possível
promover uma intervenção que respeite a realidade da instituição pesquisada e ao mesmo
tempo promova mudanças que resgate o ser humano, na sua integridade, como sujeito que
interage nos diversos contextos envolvidos com a aprendizagem.
Quando se pensa em intervenção psicopedagógica, na verdade, estamos falando de
um processo avaliativo e que se concretiza com uma demanda de assessoramento. O
assessoramento às instituições requer uma visão global que leve em conta a situação atual e o

12
projeto educativo da instituição com a finalidade de promover seu desenvolvimento,
favorecendo uma educação transformadora e comprometida pela cidadania global, que
reconheça o outro e a todos nós como protagonistas na construção de mudanças favoráveis a
aprendizagem. Pressupõe-se um conjunto de ações como: diagnóstico, intervenção, avaliação
e o trabalho da instituição colocado em prática. O protagonismo do sujeito aprendente
depende de elementos como o exercício do diálogo, da democracia, da autogestão, da
cooperação da solidariedade, da valorização dos vínculos interpessoais, da aprendizagem
coletiva, do fortalecimento do sentimento de pertença e da identidade grupal. Precisamos
buscar novas teorias que contribuam para que ao avaliarmos a dinâmica escolar, sejamos
capazes de intervir de forma significativa respeitando a singularidade do sujeito epistêmico e
suas inter-relações com o aprender.
Nesta pesquisa, pretendemos na prática, auxiliar educadores, pais e aprendentes, a se
comunicarem e se ajudarem para dinamizar a aprendizagem, colocando os sujeitos envolvidos
na pesquisa-ação como autores responsáveis pelas ações desenvolvidas, apresentando dados e
informações relevantes sobre o trabalho de intervenção psicopedagógica no contexto
educacional. Inicialmente apresentando o mapeamento institucional, descrevendo e
caracterizando o campo onde foram realizadas as ações interventivas, identificando o
diagnóstico e as propostas que foram desenvolvidas na intervenção psicopedagógica. Após o
mapeamento, foi discutida a partir do referencial teórico, a contribuição da intervenção
psicopedagógica para o processo educativo e para os sistemas que se inter-relacionam com o
processo do aprender. Logo após a fundamentação teórica, foi descrito as atividades
desenvolvidas na instituição escolar onde se realizou a intervenção psicopedagógica.
Na próxima sessão seguem os referenciais teóricos que nortearam nossa pesquisa.

13
2 REFERENCIAL TEÓRICO

Na presente seção abordaremos a base teórica que serviu de aporte para o


desenvolvimento e análise das ações desenvolvidas no processo de pesquisa-ação.

2.1 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS

Analisando as novas tendências sociais, encontramos no alto das discussões atuais a


palavra “sistemas”. Esse conceito se faz presente hoje em todos os campos da ciência e no
pensamento popular. Surgiram nos últimos anos, profissões e empregos desconhecidos até
pouco tempo atrás, denominados projetos de sistemas, análise de sistemas, engenharia de
sistemas, etc, são verdadeiros centros de tecnologia e tecnocracia. As relações entre o homem
e a máquina passam a ter importância e entram também inúmeros problemas financeiros,
econômicos, sociais e políticos, tornando-se um conceito complexo e alterando
significativamente as bases do pensamento cientifico e forçando o homem a tratar com
“complexos”, “totalidades” ou “sistemas” em todos os campos do conhecimento (POLITY,
2004).
A ideia de uma “Teoria Geral dos Sistemas” foi introduzida pela primeira vez por
Ludwig Von Bertalanffy, cientista e biólogo que apresentou o conceito do pensamento
sistêmico no seminário de filosofia de Charles Morris na Universidade de Chicago em 1937
(BERTALANFFY, 2012). Sua teoria nasceu do esforço em opor-se ao modelo mecanicista-
vitalismo, por questionar um mundo fragmentado onde a ciência tradicional assumia uma
posição dualista no que diz respeito à questão ontológica da relação entre o pensamento e o
ser, princípio esse, proposto por René Descartes como sendo analítico, lógico e racional.
Apesar de contrapor a forma analítica de se fazer ciência no qual a biologia, sua área de
estudo, estava mergulhada, manteve a visão objetiva da ciência como lógica e racional.
Segundo Bertalanffy (2012, p.62) “Seu objeto é a formulação de princípios válidos para os
“sistemas” em geral, qualquer que seja a natureza dos elementos que os compõe e as relações
ou “forças‟ existentes entre eles.” Objetiva-se produzir teorias e formulações conceituais que
pudessem criar condições de aplicações na realidade empírica. Desde então, o termo sistemas
tomou tamanha amplitude que é difícil medir a dimensão e a força do seu conceito nas

14
diversas atividades do conhecimento humano. O conceito de sistemas instalou-se desde as
dimensões maquínica e cibernética, as organizações orgânicas e biológicas, ao âmbito social e
interracional.
A partir de então, apareceram novas ciências transdisciplinares que já não mais
possuíam apenas uma área do saber, mas um sistema complexo organizado em um conjunto
interativo. Segundo Sanchez-Cano e Bonals (2008), em 1950, Von Bertalanffy começava a
questionar o pensamento reducionista que estudava o sistema por aproximações parciais
orientadas pelas diferentes disciplinas.

Chegamos então a uma concepção que, por oposição ao reducionismo, podemos


denominar perspectivismo. Não podemos reduzir níveis biológico, social e do
comportamento ao nível mais baixo, o das construções e leis da física. Podemos,
contudo encontrar construções e possivelmente leis nos níveis individuais. [...] O
princípio unificador é que encontramos organização em todos os níveis. A
concepção mecanicista do mundo, considerando o jogo das partículas físicas como a
realidade última, encontrou sua expressão numa civilização que glorifica a
tecnologia física que levou finalmente às catástrofes de nosso tempo.
(BERTALANFFY, 2012, p.76)

De acordo com a sua teoria o todo é mais que o conjunto ou que a soma de suas
partes. A T.G.S. afirma que se deve estudar os sistemas globalmente, envolvendo todas as
interdependências de suas partes.
O conceito de sistema pode ser definido como um conjunto de elementos, materiais
ou não, que dependem reciprocamente uns dos outros, de maneira a formar um todo
organizado. Esta definição dá uma idéia da estrutura do sistema, apresentando-o como um
todo formado de partes interdependentes e harmônicas, que tem sua atenção voltada para o
interior do sistema, ignorando o que se passa à sua volta.
Na nova perspectiva Bertalanffy (2012), situa o sistema no entorno de um ambiente e
analisa não somente o que se passa dentro dele, mas também as trocas que se realizam entre o
sistema e o ambiente. Do ponto de vista de sua relação com o meio ambiente, o sistema pode
ser fechado ou aberto. Em linhas gerais o sistema fechado apresenta fronteiras impermeáveis
ao ambiente. No sistema aberto existe um movimento de entrada e saída de elementos através
das fronteiras. O sistema aberto recebe do ambiente, novos elementos, matéria-prima, energia,
informações (entrada) e devolve ao ambiente produtos do sistema (saída). Informações sobre
os produtos podem constituir novas entradas para o sistema (feedback), permitindo-lhe
reajustar-se para corrigir eventuais falhas no processo.

15
O dinamismo do sistema conduz a conceitos como o da “Cibernética” que estuda a
comunicação e o sistema de controle dos organismos vivos e também das máquinas. Segundo
Bertalanffy (2012, p. 43), “Cibernética é uma teoria dos sistemas de controle baseada na
comunicação (transferência de informação) entre o sistema e o meio, dentro do sistema e do
controle (retroação) da função dos sistemas com respeito ao ambiente”.
De acordo com Polity e colaboradores (2004, p. 42) “O sistema aberto tem como
característica essencial a sua organização, que é controlada pela informação e abastecida pela
energia. Este conceito põe em relevo certas propriedades dos sistemas abertos, fundamentais
à compreensão da organização e o funcionamento da instituição [...].”
As propriedades gerais são: globalidade, retroalimentação ou feedback, homeostase e
equifinalidade. Na globalidade, o sistema comporta-se não como simples conjunto de
elementos independentes, mas como um todo unido, inseparável e interdependente. Na
retroalimentação as partes do sistema unem-se por meio de uma relação circular. Na
homeostase ocorrem os feedbacks negativos ou positivos que determinam a qualidade das
relações e interações existentes no sistema, contribuindo para seu equilíbrio e transformação
(POLITY, 2004). A propriedade de equifinalidade foi sugerido por Bertalanffy como
característicos de sistemas abertos, e estabeleceu que um “sistema pode alcançar o mesmo
estado final a partir de diferentes condições iniciais e por caminhos distintos”.
Como se pôde ver o conceito central dessa nova epistemologia é a idéia de
circularidade em oposição à de causalidade linear. Neste caso a mesma autora informa que no
modelo clássico da ciência tradicional, a causalidade é considerada linear. Causa e efeito são
compreendidos quando as variáveis são alteradas gradualmente até que se isole o que produz
um evento específico. Contrariamente a esse reducionismo, a T.G.S formula que não se
encontra essa ordem clara e nítida de causa e efeito, sem que exista uma imposição artificial.
O conceito circular afirma que um todo não possui começo e fim. Os problemas existentes no
sistema bem como as responsabilidades são compartilhadas por todos que formam o sistema.
Como pesquisadores, atuamos a partir do nosso referencial teórico, da nossa visão de
realidade, de nossos instrumentos, do contexto que observamos, das informações que obtemos
dele e das interrelações existentes entre os espaços pelo os quais nos relacionamos durante
toda vida. Desta forma, encontramos espaços de funcionalidade e compreensão da teoria na
Psicopedagogia, cujo corpus teórico específico da área enfatiza essas interrelações. Não há
mais sentido nos aproximar de uma análise da realidade a partir de uma postura disciplinar

16
fechada. Para Bertalanffy (2012) o conhecimento não é uma simples aproximação da
„verdade‟ ou da „realidade‟. É uma interação entre conhecedor e conhecido, dependendo de
múltiplos fatores de natureza biológica, psicológica, cultural, lingüística, etc.
O enfoque sistêmico, originalmente concebido na biologia, bem como nas teorias da
informação e da cibernética, é hoje amplamente reconhecido como parte dos novos
paradigmas culturais que buscam uma visão integrada do homem e seu contexto.
Conforme Bertalanffy (2012) parece legítimo exigir-se uma teoria não dos sistemas de
um tipo mais ou menos especial, mas de princípios universais aplicáveis aos sistemas em
geral. O mesmo autor postulou uma nova disciplina chamada Teoria Geral dos Sistemas. Seu
conteúdo é a formulação e derivação dos princípios válidos para os “sistemas” em geral. Essa
estrutura teórica esta em processo de desenvolvido e nesse sentindo, a Teoria Geral dos
Sistemas parece ser um importante avanço no sentindo da síntese interdisciplinar e da
educação integrada.

2.2 A PSICOPEDAGOGIA, O PROCESSO EDUCATIVO E OS SISTEMAS QUE SE


INTERRELACIONAM COM O APRENDER

A Psicopedagogia é um campo de conhecimento específico recente, que surgiu a


partir dos conhecimentos trazidos da Pedagogia e da Psicologia. Por meio da Pedagogia
herdamos a praticidade desenvolvendo nossas ações a partir de um tipo de “educação formal”
ou “não formal” com suas regras, organização do conhecimento, as divisões do saber e os
métodos tradicionais. Mesmo mergulhado nessa realidade, com a chegada da Pedagogia, a
educação passou a ser, como nunca antes na história da humanidade, objeto de estudo e
reflexão. Com a Psicologia entendemos o aspecto intelectivo/cognitivo da aprendizagem que
se dá pelos processos psíquicos que facultam o entendimento ou a compreensão do objeto do
aprender. Para Muller (apud BOSSA, 2011, p. 32) é função da Psicologia:

pensar como se incrementam os conhecimentos, ou entram em contradição e são


substituídos; que leis regem estes processos; que influências afetivas e
representações inconscientes os acompanham; que dificuldades interferem ou
impedem; de que maneira é possível favorecer as aprendizagens ou tratar suas
alterações.

A autora expressa que é função da Pedagogia pensar o que é educar, o que é ensinar
e aprender; como se desenvolvem estas ações; como incidem subjetivamente os sistemas e
17
métodos educativos; quais os problemas que intervém no surgimento de transtornos de
aprendizagem e fracasso escolar; que sugestões são propostas para a mudança.
A Psicopedagogia campo teórico e prático, situada além dos limites dessas
disciplinas (Pedagogia e Psicologia) evoluiu centrada no interesse de integrar experiências e
vivências profissionais vinculadas a uma práxis em busca de um corpo teórico próprio.
Encontrou muito de seus aportes teóricos na integração de vários campos do conhecimento,
objetivando ter uma compreensão mais integradora do processo da aprendizagem humana.
Consolidar pontes entre disciplinas, é, e será condição inerente a natureza da Psicopedagogia
e a coloca em posição privilegiada neste final de século, em que a divisão taxativa entre
ciências, própria do positivismo, perde lugar e ao mesmo tempo também a coloca em uma
situação de complexidade, estimulando o debate e a consolidação de perspectivas
epistemológicas para suas práticas e problemas.
O campo de atuação da Psicopedagogia foi se ampliando, pois inicialmente
caracterizava-se somente no aspecto clínico. Hoje pode ser aplicado no segmento escolar e
ainda em segmentos hospitalares, empresariais e em organizações que trabalhem gestão de
pessoas. Sua ação dependerá da modalidade a que se destina sua prática seja na atuação
clínica, institucional ou teórica, assumindo cada uma delas, características específicas.

Ao delimitar o campo de atuação do trabalho psicopedagógico, deve-se, no entanto,


diferenciar essas modalidades de atuação especificando as suas tarefas. Dessa forma,
o trabalho psicopedagógico na área preventiva é de orientação no processo ensino-
aprendizagem, visando favorecer a apropriação do conhecimento pelo ser humano,
ao longo da sua evolução. Esse trabalho pode se dar na forma individual ou na
grupal, na área da saúde mental e da educação. (BOSSA, 2011, p.47)

A Psicopedagogia1 tem como objeto de estudo a aprendizagem humana, e nasceu da


necessidade de compreender o processo de aprendizagem dos sujeitos envolvidos nos diversos
sistemas que se interrelacionam com o aprender. Para Bossa (2011, p.24), “o objeto central de
estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem
humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio
(família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento”.
Dessa forma Beauclair (2009) elucida que para entendermos o que vem a ser
Psicopedagogia, é de fundamental importância perceber que nos defrontamos com um

1
Ver regulamentação da profissão e atuação da Psicopedagogia, o Projeto de Lei (PCL 31/2010) de autoria do
Senador Cyro Miranda.

18
“espaçotempo”, complexo e rico ao mesmo tempo, gerador de muitas angústias, por não
conseguirmos darmos conta da totalidade que se apresenta, de modo variado, a cada um de
nós.
A psicopedagogia campo de estudo que está se estruturando e por ser uma área nova
do conhecimento busca outras áreas para fundamentar sua prática. Diferentes abordagens
teóricas contribuem com seus enfoques para a construção de um referencial teórico que
explique esse processo e sustente práticas que tornem compatíveis as demandas sociais e o
desenvolvimento dos indivíduos.
Segundo Bossa (2011, p.40):

[...] Devido à complexidade do seu objeto de estudo, são importantes à


Psicopedagogia conhecimentos específicos de diversas outras teorias, as quais
incidem sobre os seus objetos de estudos, por exemplo:
* a Psicanálise encarrega-se do mundo inconsciente, das representações profundas,
operantes por meio da dinâmica psíquica que se expressa por sintomas e símbolos,
permitindo-nos levar em conta a face desejante do homem;
* a Psicologia Social encarrega-se da constituição dos sujeitos, que responde as
relações familiares, grupais, institucionais, em condições socioculturais e
econômicas especificas e que contextuam toda a aprendizagem;
* a Epistemologia e Psicologia Genética se encarregam de analisar e descrever o
processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros e
com os objetos;
* a Linguística traz compreensão da linguagem como um dos meio que caracterizam
o tipicamente humano e cultural: a língua enquanto código disponível a todos os
membros de uma sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e histórico
de acesso a estrutura simbólica;
* a Pedagogia contribui com as diversas abordagens do processo ensino
aprendizagem, analisando-o do ponto de vista de quem ensina;
* fundamentos da Neuropsicologia, possibilitando a compreensão dos mecanismos
cerebrais que subjazem ao aprimoramento das atividades mentais, indicando-nos a
que correspondem, do ponto de vista orgânico, todas as evoluções ocorridas no
plano psíquico.

Nesse sentindo a psicopedagogia não é um saber fechado, mas um saber dinâmico e


aberto. Diversos autores evidenciam que é uma área interdisciplinar e por possuir essa
característica, delimita seu próprio objeto de estudo e pesquisa, requisito fundamental da
interdisciplinaridade. Atualmente, interdisciplinaridade é sinônimo de desafios. Em nossas
pesquisas teóricas não encontramos consenso sobre a definição dessa temática. Concluímos
ser um termo que não tem significado único, mas percebemos implícita uma nova postura da
psicopedagogia diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca da totalidade do
conhecimento, do homem como ser integral. Para Beauclair (2009, p. 22) “Nossa atualidade
nos desafia a superação de uma visão restrita de vida, mundo e aprendizagem”.

19
O sujeito é entendido como aquele indivíduo que está sempre aprendendo, possuidor
de um corpo biológico e características próprias que influencia e é influenciado pelo meio
onde está inserido. Aprendemos com o outro, na família, na escola e na sociedade.
Entende-se por meio, os espaços que determinam o “movimentar” dos sujeitos
envolvidos nos diversos sistemas por onde interage.
Rosnay (apud BASSEDAS et al. , 1996, p.8) define um sistema como um conjunto
de elementos em interação dinâmica e organizados em função de uma finalidade. O indivíduo
está imerso em uma realidade onde coexistem diversos sistemas, cada um com suas regras,
estrutura e ideologia. Este modelo sistêmico amplia nosso conceito de aprendizagem, pois se
dá de forma relacional e interdependente. Todos os sujeitos envolvidos no processo ensino
aprendizagem são responsáveis pelos resultados das aprendências e ensinagens. É preciso que
se veja, tanto o ensinante quanto o aprendente, às famílias de ambos, a escola, o próprio
contexto social, como todos os envolvidos neste processo, como co-responsáveis pela
aquisição do aprender.

A autonomia dos seres vivos é uma alternativa à posição representacionista. Por


serem autônomos, eles não podem se limitar a receber passivamente informações e
comandos vindos de fora. Não „funcionam‟ unicamente segundo instruções externas.
Conclui-se, então, que se os considerarmos isoladamente eles são autônomos. Mas,
se os virmos em seu relacionamento com o meio, torna-se claro que dependem de
recursos externos para viver. Desse modo, autonomia e dependência deixam de ser
opostos inconciliáveis: uma complementa a outra. Uma constrói a outra e por ela é
construída, numa dinâmica circular. (MATURANA; VARELA, 2001, p.14)

Nesta dinâmica circular podemos compreender o aprender a partir de um olhar


sistêmico e que esse processo ocorre nas interações do sujeito epistêmico nos diversos
subsistemas por onde interage. A família, a escola, o aprendente, os mediadores formam um
sistema. Das instituíções sociais existentes, a escola se destaca pela sua importância. De
acordo com a teoria sistêmica a escola é vista como um sistema aberto que divide
responsabilidades e funções. Segundo Bassedas e colaboradores (1996, p.26) “A escola, como
instituição social, pode ser considerada de forma ampla e, de acordo com a teoria sistêmica,
como um sistema aberto que compartilha funções e que se interrelaciona com outros sistemas
que integram todo o contexto social”. Concordamos com Porto (2011) que a escola, não é
apenas o espaço escolar, mas o espaço da vida.

20
O modo como os diferentes contextos ou ambientes nos quais se desenvolve a vida
do aprendente, podem vincular-se entre si mediante o intercâmbio, tanto entre os instrumentos
utilizados como entre as pessoas que participam nele.
As ações educativas da escola não podem ocorrer sem a participação dos pais. A
família como um dos sistemas envolvidos, precisa contribuir para que seus filhos alcancem
proficiência na aprendizagem. Para isso, é preciso que a família cumpra sua função. De
acordo com Bassedas e colaboradores (1996, p.33), “A família como sistema possui uma
função psicossocial de proteger os seus membros e uma função social de transmitir e
favorecer a adaptação à cultura existente”. Em outro momento, à escola compete ampliar os
processos formativos através da modalidade de ensino, já que o Estado e a sociedade espera
que ela cumpra o seu papel.

Num outro nível, a sociedade outorga à escola a missão de educar e instruir os


alunos, visando à sua integração da forma mais plena possivel como seres
individuais e com critério próprio para abordar assuntos diferentes, tanto aqueles
relativos à maturidade pessoal como os referentes à sua integração social. Assim, a
escola não pode agir independentemente; existe um outro sistema mais aprangente,
que é a administração do Estado, dentro do qual ela está inserida e que é o que
propõe os objetivos mínimos que cada aluno deve atingir ao concluir o ensino
obrigatório”. (BASSEDAS et al., 1996, p.27).

A educação deve ser entendida como um processo necessário ao desenvolvimento


integral do sujeito envolvido no processo do aprender. Nos dias atuais se faz necessário que as
diferenças individuais devam ser aceitas e trabalhadas durante o processo de aprendizagem.
Teorias como a de Piaget e Vigotsky demonstram que o conhecimento é uma constante e
efetiva construção, que sempre parte das concepções prévias do educando, do seu cotidiano,
das suas dúvidas e de seus problemas. Porto (2011, p.18), afirma que: “Para Piaget, o homem
é um sistema aberto”. A interação existente entre o ambiente e o sujeito proporciona a
construção da inteligência. Papalia (2009, p.76), acentua que: “Piaget acreditava que o
desenvolvimento cognitivo inicia com uma capacidade inata de se adaptar ao ambiente”.
Vigotsky foi além de Piaget, via o crescimento do cognitivo como um processo cooperativo.
De acordo com as palavras de Vigotsky (apud Papalia, 2009, p.82), “[...] as crianças
aprendem através da interação social”.
O papel do professor na construção da inteligência cognitiva é de suma importância,
sendo necessário que os mesmos na escola interajam de forma determinante nas relações do

21
aprender e nas construções interpessoais, já que o professor hoje é considerado um mediador
que pertence e age em diferentes subsistemas.

O papel solicitado do professor na situação de ensino e aprendizagem é o de uma


atuação constante, com intervenções para todo o grupo de aula e para cada um dos
alunos em particular. Isto é bastante difícil, e, ainda mais, quando é somada a
demanda que fazemos de que se deve observar sistematicamente, o processo que os
alunos desenvolvem durante a aprendizagem, para poder intervir no mesmo com
uma ajuda educativa adequada. [...] É necessário que as orientações sejam situadas
num ponto justo e que se encaixem no estilo e no momento dos professores e da
escola, para irem avançando rumo a uma maior compreensão e domínio do processo
educativo. (BASSEDAS et al., 1996, p.30)

Ser um educador não é fácil, requer muitos requisitos, e um dos principais desafios
enfrentados, é o de conservar o interesse dos aprendentes nas atividades educativas
apresentadas na sala de aula. É de grande valor que o educador inovador, esteja sempre
inteirado e que construa o processo de aprendizagem, sempre sendo um elo entre o aluno e a
comunidade. Seu compromisso deve pautar-se com a construção das competências sociais,
pessoais e tecnológicas dos alunos, tornando-se parceiro neste processo.
Nesta perspectiva, o trabalho psicopedagógico é proposto para prevenir as possíveis
dificuldades de aprendizagem que possam surgir durante o processo educativo nas relações
com outros contextos envolvidos, seja na família, na escola ou na comunidade, bem como,
junto à equipe docente da escola, assessorando e colaborando na dinâmica do trabalho
pedagógico. A prática psicopedagógica pode ser preventiva ou clínica, dependendo do
problema surgido no trabalho psicopedagógico, que segundo Bossa (2011, p.24), “No
trabalho preventivo, a instituição, enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem é objeto
de estudo da psicopedagogia, uma vez que são avaliados os processos didático-metodológicos
e a dinâmica institucional que interferem no processo de aprendizagem”.
A prática psicopedagógica preventiva considera o sujeito em seu desenvolvimento,
enquanto um ser educável, focalizando as possibilidades do aprender de forma mais ampla,
possibilitando trabalhar as necessidades individuais a partir de um enfoque preventivo. Para
Rubinstein (apud BOSSA, 2011, p. 22):

Em um primeiro momento a psicopedagogia estava voltada para a busca e o


desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores de
dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remediação e desta forma
promover o desaparecimento do sintoma. Ainda, a partir do momento em que o
foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a relação
que o aprendiz estabelece com a mesma, o objeto da psicopedagogia passa a ser
mais abrangente: a metodologia é apenas um aspecto no processo terapêutico, e o

22
principal objetivo é a investigação de etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem
como a compreensão do processamento da aprendizagem considerando todas as
variáveis que intervêm nesse processo.

Os problemas de aprendizagem se associam paralelamente ao desenvolvimento das


sociedades, a escola foi impondo exigências, ampliando o número de acesso e ao mesmo
tempo inúmeros processos de inadaptação para os sujeitos envolvidos. Considerando apenas
os métodos eficazes que serviam para a maioria e criando processos excludentes de seleção e
segregação, desrespeitando a modalidade de aprendizagem do sujeito que para Fernández
(apud BOSSA, 2011, p. 26), “Todo sujeito tem sua modalidade de aprendizagem, ou seja,
meios, condições e limites para conhecer”.

2.3 O PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL E O PROCESSO DE INTERVENÇÃO

O psicopedagogo institucional a partir de sua construção teórica poderá contribuir


para auxiliar nos processos formativos do processo de ensino, respeitando a modalidade de
aprendizagem de cada sujeito, ajustando os métodos e a corrente pedagógica utilizada pela
instituição.
Para Fonseca (1995, p.9),
As crianças não podem continuar a ser vítimas de métodos por mais populares que
sejam. Temos que ajustar as condições internas de aprendizagem, isto é, as
condições da criança (o que pressupõe um estudo aprofundado do seu
desenvolvimento biopsicossocial) às exigências das tarefas educacionais, ou seja, às
condições externas da aprendizagem, ou melhor, às condições de ensino inerentes ao
professor e ao sistema de ensino, ou seja, aos seus processos de transmissão cultural.

O maior problema para intervirmos na realidade pesquisada esta em


compreendermos a complexidade dinâmica da realidade e colocarmos em foco a centralidade
humana, entendendo que somos seres determinantes e determinados pelo contexto de nossas
realidades e pelas relações que conseguimos estabelecer conosco e com os outros, com o
mundo (BEAUCLAIR, 2009).
O psicopedagogo tem que considerar o momento e o grau de maturidade em que se
encontra a instituição, e entender o processo educativo dentro de um contexto realista.
Estamos inseridos em diversos sistemas que fazem parte do nosso raio de ação, por isso, a
necessidade de ampliar nosso campo de ação em relação à avaliação, diagnóstico e
intervenção nas dificuldades de aprendizagem do sujeito em relação ao processo do aprender.
Segundo Bassedas e colaboradores (1996, p.42), “O diagnóstico psicopedagógico tenta
23
aproximar e obter comunicações funcionais e operacionais entre dois sistemas fundamentais
para a criança: a família e a escola”. O psicopedagogo institucional objetiva levar o sujeito a
reintegrar-se à dinâmica escolar no seu ritmo normal, respeitando as suas capacidades em
várias áreas.
Segundo Bossa (2011, p.105) o assessoramento psicopedagógico promove:

1. o levantamento, a compreensão e a análise das práticas escolares e suas relações


com a aprendizagem;
2. o apoio psicopedagógico a todos os trabalhos realizados no espaço da escola;
3. a resignificação da unidade ensino/aprendizagem, a partir das relações que o
sujeito estabelece entre o objeto de conhecimento e suas possibilidades de conhecer,
observar e refletir, a partir das informações que já possui;
4. a prevenção de fracassos na aprendizagem e a melhoria da qualidade do
desempenho escolar.

Bossa (2011, p. 105-106) esclarece que o trabalho de assessoramento pode ser


desenvolvido em diferentes níveis, possibilitando aos educadores conhecimentos para:
1. a reconstrução de seus próprios modelos de aprendizagem, de modo que, ao se
perceberem também como “aprendizes”, revejam seus modelos de ensinantes.
2. a identificação das diferentes etapas do desenvolvimento evolutivo dos alunos e a
compreensão de sua relação com a aprendizagem;
3. o diagnóstico do que é possível ser melhorado no próprio ambiente escolar e do
que presa ser encaminhado para profissionais fora da escola;
4. a percepção de como se processou a evolução dos conhecimentos na história da
humanidade, para compreender melhor o processo de construção de conhecimentos
dos alunos;
5. as intervenções para a melhoria da qualidade do ambiente escolar;
6. a compreensão da competência técnica e do compromisso político presentes em
todas as dimensões do sujeito.
O psicopedagogo desenvolve seu trabalho entendendo que a intervenção
psicopedagógica deve abrir espaços que proporcione a construção da autoria de pensamento
dos sujeitos envolvidos na dinâmica escolar, incentivando, estimulando e motivando
ensinantes e aprendentes para que sejam participativos e criem laços e interdependência
positiva, despertando o interesse nos alunos a aprender e nos professores a vontade de ensinar.
Para isso, é preciso libertar a inteligência aprisionada, que só poderá ocorrer através do
encontro com o prazer de aprender que foi perdido.
Inannantuoni (apud FERNÁNDEZ, 2001, p.29) descreve que:

[...] a escola como instituição tende à submissão a determinadas pautas, em vez de


promover o fato artístico e a autoria da produção; não surpreende o fato de que não
conte com a possibilidade de questionar a si mesma. As repostas de que „as crianças
não leem‟, „não gostem de lê‟, „escrevem sempre as mesmas orações‟, „apresentam
muitos erros de ortografia‟, etc., sempre encontram linearmente suas causas fora do
ambiente escolar. Não servem para questionar-se dentro dele. Como a escola pode
proporcionar o surgimento de sujeitos escritores, representantes de suas ideias,

24
gestores de atos criativos? Talvez não apenas enunciando-os formalmente em
objetivos e/ou expectativas de sucesso. Talvez possibilitando que os docentes
possam mostrar-se como modelos de autoria de pensamento e de palavra, como
sujeitos que possam desmontar seus „duendes e suas princesas‟, porque, como
pretender que o aluno que vai à escola seja um sujeito construtor de suas próprias
aprendizagens, se não se outorga ao docente que, como ensinante, se encontre com
sua autoria?

Intervir numa escola não significa anular a regra já estabelecida, o ritmo adotado. A
intervenção sim, investiga as diversidades e as diferenças que estão moldadas na instituição.
Ao psicopedagogo cabe refletir, analisar e intervir mediante a forma de aprendizagem
aplicada pelos educadores. Com base no relato de Fernández (2001, p.35) “A psicopedagoga
ou o psicopedagogo é alguém que convoca todos a refletirem sobre sua atividade, a
reconhecer-se como autores, a desfrutarem o que têm para dar”. Em outro momento da
intervenção, cabe analisar com atenção o desempenho dos aprendentes, que tipo de erros
serão produzidos, sempre realizando as ações junto ao professor. Nesse caso, Sisto e
colaboradores (2010, p.73) afirmam que:

A partir da observação do desempenho dos alunos em sala de aula e na análise da


sua produção, é possível verificar se apenas um ou dois alunos apresentam
dificuldades em relação a um conteúdo ou unidade específica, ou apresentam
dificuldades em relação a conjuntos de vários conteúdos.

Neste caso, objetiva-se verificar se a intervenção deve ser individualizada ou em


grupo, a partir de relatórios ou instrumentos que auxiliem o psicopedagogo e o pedagogo nas
atividades a serem realizadas na intervenção psicopedagógica. Com relação ao diagnóstico,
Fernández (2001), considera a relação entre o aprendente e o ensinante, na qual, quando
desvendada, permite o acesso à relação do sujeito com o conhecimento, levando em conta
seus aspectos corporais, intelectuais e afetivos. A mesma autora apresenta como estratégia
diagnóstica o uso do jogo numa atividade que denomina hora de jogo psicopedagógico, na
qual, segundo ela, o espaço para jogar reflete o espaço para o aprender da criança. Para que a
criança alimente o seu impulso natural de curiosidade se faz necessário que os educadores
ofereçam diferencial nos estímulos e oportunidades, utilizando recursos diversos como:
objetos concretos, cantigas, cartazes, jogos, brincadeiras e informática. No momento em que o
educador faz uso de atividades didáticas, exemplificando o lúdico, o aprendente terá
condições de organizar-se de forma prazerosa, proporcionando-lhe horas de análise, de lógica,
de percepção sensorial, entre outros aspectos, o que facilitará os profissionais envolvidos no

25
processo de aprendizagem a fazer um melhor diagnóstico e conquistar uma melhor
intervenção, já que os educadores conseguiram atingir a meta desejada.
As atividades lúdicas resultam um maior interesse por parte dos aprendentes, fazendo
com que os mesmos aprendam espontaneamente, que tenham mais atenção e que aumente sua
autoconfiança, fazendo com que o aprendizado não seja algo cansativo, mas sim uma maneira
inovadora de aprender se divertindo. Fromberg (1987), ao discutir sobre os jogos, destaca
algumas de suas características: representam a realidade e as atitudes humanas; possibilitam a
ação no mundo (mesmo que de modo imaginário); incorporam motivos e interesses da própria
criança; estão sujeitos a regras, sejam elas explícitas ou implícitas; e tem alto grau de
espontaneidade na ação.
Alguns estudiosos em diferentes épocas têm defendido a ideia de que precisamos
promover um ensino mais lúdico e “criativo”, surgindo, assim, a noção de “brinquedo
educativo”. Os jogos educativos podem ser poderosos aliados para intervirmos nos alunos que
apresentam dificuldades na aprendizagem da leitura, escrita e matemática sem ocasionar
treinos enfadonhos e sem sentido. Brincando, por exemplo, elas podem compreender os
princípios de funcionamento do sistema alfabético e podem socializar seus saberes com os
colegas.
Kishimoto (2003, p. 37-38) mostra-nos que:

A utilização do jogo potencializa a exploração e construção do conhecimento por


contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer
a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros, bem como a
sistematização de conceitos em outras situações que não jogos.

Nas aulas onde não se aplicam os jogos, podemos incorporar na intervenção


psicopedagógica à utilização de atividades, utilizando-se do computador como recurso
mediador entre o ensinante e o aprendente construindo com o outro uma interação capaz de
promover trocas e experiências que nos desafie a construir socializações significativas,
possibilitando um acesso dinâmico e rápido na comunicação com os sujeitos envolvidos no
processo de ensino aprendizagem. Nesse sentido, temos que aprimorar meios para atender a
necessidade de dominarmos conhecimentos como esse que impõe a construção de novas
perspectivas na educação. A tecnologia educacional não resolve os problemas educativos
apresentados no ato de aprender, entretanto devemos fazer uso desse recurso como facilitador
das práticas educacionais para promover um sujeito autônomo na sua formação.

26
A informática educativa propõe um trabalho que possibilite aos sujeitos envolvidos
no processo do aprender a utilização das tecnologias como recursos facilitadores para a
aprendizagem. Segundo Weiss (1998, p.14) “A informática tornou-se uma necessidade no
mundo em que vivemos, e a escola, na missão de preparar o indivíduo para a vida, sente a
responsabilidade de não fechar os olhos para essa realidade”. A utilização do computador na
escola pode colaborar na intervenção no processo educativo, estimulando a busca do
conhecimento e a criatividade do aluno. Para o professor, sua contribuição se dá com o
aproveitamento dessa ferramenta para a construção do seu conhecimento e na identificação
das dificuldades no processo de aprendizagem. A informática pode provocar uma maior
vinculação dos alunos aos conteúdos, de forma agradável e lúdica.
Na intervenção psicopedagógica é preciso construir a partir do trabalho com a equipe
docente, projetos integrados que utilizem os recursos tecnológicos para que os conteúdos
formais possam ser mediados de forma prazerosa e dinâmica, tendo visto que o computador se
faz presente no cotidiano da criança, mesmo não estando incorporado no cotidiano da escola.
Oliveira (1996, p.113) ressalta que:

O grande desafio lançado à educação, hoje em dia, por um ambiente sociocultural


em profundas e rápidas transformações, faz com que o educador, muitas vezes
perplexo, perca seu rumo. já não consegue se afirmar, ou crer, no paradigma
tradicional, que lhe dizia o que e como fazer, fornecendo-lhe um conteúdo
programático estável e uma condução didática dele conhecida, hierarquizada. Intui,
ou mesmo, chega a compreender, que precisa dominar melhor formas de
comunicação e de expressão criativas e organizadas, sem se ater predominantemente
a conteúdos, hoje em dia, constantemente revistos e ultrapassados.

As atividades em grupo associadas à informática educativa objetiva contribuir


amenizando essa realidade, enfocando a utilização dos computadores pela educação na
construção de intercâmbios de informações, visões de mundo, hipóteses de trabalho em um
contexto cada vez mais abrangente e rico.
Segundo Sánchez (2004) a intervenção poderá ser direta ou indireta, especializada ou
não, formal ou informal, intencional ou incidental, planejada ou espontânea, global ou
específica, sistêmica ou parcial. Muitos profissionais: pedagogos, psicólogos, psicopedagogos
entre outros, usa o termo “intervenção” para fazer referência à utilização de algum
procedimento institucional ou clínico na busca de combater às dificuldades de aprendizagem.
Segundo Fernández (apud SANTOS, 2012, p.117) “a palavra „intervenção‟ esta ligada à ideia

27
de „mediação‟, onde o verbo „intervir‟ corresponde à ação de „colocar-se no meio‟, „vir entre‟
[...]”.
A intervenção psicopedagógica, seja qual for à metodologia ou marco teórico
adotado, objetiva auxiliar os sujeitos envolvidos na aprendizagem, focando o psicopedagogo,
o sujeito em suas dificuldades na construção do processo de ensino aprendizagem. Sánchez
(2004, p. 16), postula que: “o campo da intervenção psicopedagógica é entendida como
fazendo parte integral das dificuldades de aprendizagem”. Uma intervenção dentro de um
contexto determinado deve valorizar a globalidade dos sujeitos envolvidos que interagem em
outros contextos como: a família, a escola, a sala de aula, grupos e a comunidade onde se
encontra inserido.
Neste sentido, a intervenção psicopedagógica na instituição educacional torna-se
uma ferramenta essencial para a melhoria nos indicadores de aprendizagem, já que através do
planejamento e de suas ações, torna o estudo atraente e divertido por meio de atividades
planejadas e estruturadas de forma dinâmica e motivadora, dando oportunidade para os
sujeitos envolvidos no aprender (pais, educadores e educandos) desenvolverem e descobrirem
suas potencialidades.
Após a explanação do referencial teórico utilizado o próximo tópico discorrerá sobre
a metodologia utilizada.

28
3 TRILHA METODOLÓGICA

A metodologia constitui a base para o desenvolvimento da pesquisa-ação, haja vista


que tem por finalidade explicar como, onde e quando foi realizado o estudo.

3.1 DESENVOLVIMENTO

A pesquisa quanto aos objetivos é descritiva e quanto à discussão dos dados é


qualitativa. O trabalho foi realizado metodologicamente por meio da pesquisa-ação. Para
Michel (2009, p.43) “neste tipo de pesquisa, o pesquisador se envolve tanto na análise crítica
do problema, quanto na implantação das soluções; ele é autor da análise e parte do problema”.
O envolvimento do pesquisador na ação é parte integrante da pesquisa. Todos os participantes
se integram cooperando e participando na solução de um problema coletivo. Malheiros (2011)
afirma que a pesquisa-ação tem como propósito intervir no fenômeno estudado em um
determinado contexto para em seguida avaliar os resultados obtidos. A ação originada pela
busca de solução para os problemas reais situa o intervencionismo como ponto central das
novas pesquisas em educação.
A escolha da metodologia da pesquisa-ação deu-se por opção de uma orientação
teórica concreta que levasse em consideração as sutis e variáveis relações que ocorrem dentro
e fora da instituição, como também a teoria sistêmica para descrever as relações e os
intercâmbios que ocorrem na escola durante o processo de intervenção psicopedagógica.
Como Chizotti (2011, p. 84) afirma: “A intervenção torna-se indispensável para identificar as
teorias em uso, contrapô-las e modificá-las para, finalmente, avaliar os efeitos das mudanças
dos comportamentos dos participantes”.
Segundo Thiollent (2003, p. 14):

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e


realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou
do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

A pesquisa-ação se estrutura em três etapas distintas: Diagnóstico, Intervenção e


Avaliação. O Diagnóstico pretende estabelecer o levantamento da situação, dos problemas e
das eventuais ações do campo de pesquisa. Nesta etapa o pesquisador deve identificar as
29
expectativas, os problemas da situação, as características dos sujeitos envolvidos e outros
aspectos que fazem parte do diagnóstico. O pesquisador coleta todas as informações
disponíveis. Após o levantamento de informações, o pesquisador estabelece os objetivos da
pesquisa, considerando os problemas emergentes, o campo de observação e os sujeitos que
estarão focalizados no processo de investigação. O tema da pesquisa deve ser definido de
acordo com o problema prático e a área do conhecimento a ser abordada. Segundo Thiollent
(2003, p.51) “um tema que não interessa a população não poderá ser tratado de modo
participativo”. Assim, se estabelece uma problemática através da colocação dos problemas
que se pretende resolver em um campo teórico e prático. A Intervenção é a fase na qual o
pesquisador formula hipóteses a respeito de possíveis soluções para o problema encontrado na
pesquisa. Para Thiollent (2003, p57) “Trata-se de hipóteses sobre o modo de alcançar
determinados objetivos, sobre os meios de tornar a ação mais eficiente e sobre a avaliação dos
possíveis efeitos, desejados ou não”. Desta forma, na pesquisa-ação é necessário que haja uma
relação entre o saber formal e o saber informal, de forma que pesquisadores e participantes
evoluam no processo de aprendizagem através da intervenção realizada. A etapa final da
pesquisa-ação é a Avaliação, que consiste na concretização da pesquisa através da realização
de uma ação planejada. Segundo Thiollent (2003, p.70) “a ação corresponde ao que precisa
ser transformado para realizar a solução de determinado problema”. Deve haver o retorno da
informação aos grupos envolvidos na pesquisa, para fazer conhecer os resultados da pesquisa
e contribuir para a tomada de consciência sobre o tema pesquisado.

Pesquisação

Diagnóstico Intervenção

Avaliação

Figura 1 – Circularidade da Pesquisa-ação


Fonte: Autor da pesquisa
30
3.2 PROCEDIMENTO

Para concretização dessa pesquisa-ação utilizou-se dos procedimentos de pesquisa


bibliográfica, que favoreceram a fundamentação teórica. Aplicaram-se para essa intervenção a
observação direta intensiva do contexto educacional, como também, registros em um diário de
bordo e a utilização de um protocolo de observação para nortear a coleta de dados de acordo
com o tema da pesquisa. Logo após, realizamos o planejamento das ações interventivas
realizadas na escola objetivando auxiliar a ação pedagógica dos professores, a participação
dos pais nas tarefas escolares dos filhos. A intervenção foi realizada numa escola municipal
de ensino infantil e fundamental, na cidade de João pessoa.

3.3 INSTRUMENTO

O protocolo de observação (Anexo A1) foi construído através de aulas introdutórias e


expositivas que foram realizadas no Curso de Psicopedagogia com discussões teóricas sobre o
que consiste a observação e como se dá a percepção dos autores escolares. O protocolo de
observação é dividido em (04) quatro tópicos, são eles: Tópico I: Identificação da
Instituição/Campo de pesquisa; Tópico II: A Escola; Tópico III: A Sala de Aula e o Tópico IV:
Observação dos Aspectos Pedagógicos e Relacionais. Cada tópico é formado por perguntas
norteadoras para o roteiro da observação da instituição.
O tópico I objetiva coletar dados referentes à identificação da Instituição Educacional
onde será realizada a pesquisa; O tópico II tem a finalidade de descrever a estrutura física da
Instituição, seus ambientes, sua organização e sua funcionalidade, bem como, o contexto
sociocultural em que a Comunidade Escolar estar inserida; O tópico III estabelece a análise
dos aspectos estruturais com relação ao processo de ensino aprendizagem, adaptações dos
alunos, hábitos de higienização e organização, assiduidade e gênero que predomina na sala e
por fim o tópico IV que estabelece a observação dos aspectos relacionados à atuação da
instituição, quais os Programas e Projetos desenvolvidos, da atuação dos educadores e as
interações relacionais dos sujeitos envolvidos.

31
A seguir descrevem-se as informações referentes ao mapeamento da instituição, o
diagnóstico e a proposta de intervenção, o instrumento utilizado para coleta de dados e o
planejamento do trabalho desenvolvido na instituição pesquisada.

3.4 MAPEAMENTO DA INSTITUIÇÃO – DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO


CAMPO DE PESQUISA

A Instituição pesquisada é uma escola pública municipal que iniciou suas atividades
em março de 1977, no governo do Prefeito Damásio Franca. O alvará de funcionamento
consta da data de 29 de dezembro de 1978. A Escola tem como Ato de Criação o Nº: 2.188 de
16 de outubro do ano de 1991, onde foi criada no Município de João Pessoa as Escolas
Municipais de 1º Grau, na administração do Prefeito Carlos Alberto Pinto Mangueira. Este
decreto tem sua vigência retroativa, a 28 de novembro do ano de 1988, a mesma tem esse
nome em homenagem ao ilustre Professor Doutor João Medeiros que dedicou a maior parte
da sua vida à prática de educar e cuidar, sobretudo do desenvolvimento educacional das
comunidades as quais ele teve a oportunidade de trabalhar. Esta sob a direção da psicóloga, a
Sra. Fátima Aparecida Alves de Sousa Chaves, graduada, em Psicologia e especializada em
Psicologia Escolar e dos adjuntos, o Srº. Ricardo Sergio dos Santos, graduado em Educação
Física e especializado em Gestão Escolar, e a Sra. Eliete Francisca de Lima, graduada em
Pedagogia e especializada em Processos de Aprendizagem.

Figura 2 – E.M.E.I.F Profº. João Medeiros – Fonte: Autor da pesquisa


A Estrutura Funcional da Instituição Educacional compreende os seguintes núcleos
de atividades: Serviço Administrativo; Serviço Técnico-Pedagógico; Instituições Auxiliares;
32
Serviços de Assistência ao Estudante.
A escola conta com: o Conselho Escolar, Fiscal e a Unidade Executora Denominada
de Caixa Escolar Integração e Democracia CNPJ: 01.912.986/0001-39, que movimenta toda a
parte financeira da escola. Em seu art. 14, II, a Lei de Diretrizes e Bases (2010), enfoca que na
gestão democrática do ensino público da educação básica, as normas serão definidas,
pautando-se no princípio da participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.
Oferece a comunidade, três modalidades de ensino: Educação Infantil, Ensino
Fundamental I e Educação de Jovens e Adultos - EJA. Seu funcionamento ocorre no turno
diurno pela manhã, no horário de 07:00h às 11:30h; a tarde, de 13:00h às 17:30h e no turno
noturno de 18:30h às 22:00h.
Caracteriza-se por ser uma comunidade escolar composta por crianças e adolescentes
entre a faixa etária de 04 a 14 anos, jovens e adultos. A escola está envolvida com o processo
de aprendizagem das crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos acolhidos, contribuindo
para o seu desenvolvimento integral.
A Instituição educacional possui uma boa estrutura física. O ambiente apresenta uma
higienização adequada para o acolhimento dos aprendentes. Nas suas rotinas educativas pode
contar com diversos materiais tecnológicos e pedagógicos. Todos se encontram em perfeita
condição e são utilizados cotidianamente nas atividades. De acordo com o Referencial
Curricular para a Educação Infantil (1998, p.71):

Os materiais constituem um instrumento importante para o desenvolvimento da


tarefa educativa, uma vez que são um meio que auxilia a ação das crianças. Se de
um lado, possuem qualidades físicas que permitam a construção de um
conhecimento mais direto e baseado na experiência imediata, por outro lado,
possuem qualidades outras que serão conhecidas apenas pela intervenção dos
adultos ou de parceiros mais experientes. As crianças exploram os objetos,
conhecem suas propriedades e funções e, além disso, transformam-nos nas suas
brincadeiras, atribuindo-lhes novos significados.

A instituição esta inserida em um contexto de extrema desigualdade sociocultural. Os


educandos acolhidos pela escola apresentam aspectos psicossociais bem variados, algumas
expressam extrema carência afetiva e outras, agressividade, algumas expressam aversão à
violência e outros demonstram fascínio por ela.
O contexto das famílias é bem diferenciado. Existem inúmeros pais que mal
conseguem ler e vários que não são alfabetizados.

33
A comunidade escolar é composta por educadores em sua maioria prestadores de
serviço, com nível superior completo. Todos os funcionários apresentam excelente conduta,
estão envolvidos e compromissados com o processo ensino aprendizagem.
A unidade de ensino desenvolve os seguintes Programas: Mais Educação, com as
oficinas extracurriculares (letramento, capoeira, canto coral, teatro, percussão e judô);
Educação de Jovens e Adultos (EJA), Saúde na Escola, Escola Que Protege e PDDE; e os
seguintes Projetos: Educando Sentimentos, Família Colorida, Viajando nas Asas da Leitura,
Elos (Prevenção ao Uso de Drogas, Bullying e Trânsito), Ginástica Rítmica, Xadrez, Banda
Marcial, Dança, Identidade Ambiental e Ano Cultural.
O Programa Mais Educação desenvolve ações voltadas para a saúde física, mental e
emocional dos alunos da escola, em parceria com o Programa Saúde na Escola que
juntamente com o PSF da comunidade faz o acompanhamento nutricional e da saúde bucal
dos aprendentes, bem como, desenvolve a socialização dos alunos através das oficinas
realizadas no contra turno, possibilitando aos aprendentes participarem de atividades
extracurriculares.
Através do Programa Escola que Protege a Instituição trabalha habilidades de
relacionamentos interpessoais e capacidade de realizar trabalhos em grupos com interação,
respeito, senso critico, autoconfiança e pleno conhecimentos dos direitos, deveres e
conservação do patrimônio da Instituição. Proporciona a toda comunidade escolar um
trabalho sistematizado de prevenção ao uso de drogas e valorização da vida através da
parceria com o Projeto Elos.
A Instituição busca resgatar os valores, o significado de disciplina, inclusão,
convivência harmônica respeitando as diferenças, amor próprio e amor ao próximo, através da
parceria com o Projeto Bullying. Trabalha a educação ambiental através do projeto Identidade
Ambiental. Proporciona a formação de identidade, através do resgate histórico da nossa
cultura, do descobrimento dos talentos da nossa terra, da capacidade de interação e
protagonismo, através do desenvolvimento do Projeto Ano Cultural. Todos os recursos dos
projetos são mantidos pelo Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação – FNDE.

34
3.5 DIAGNÓSTICO E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO.

A instituição disponibilizou para a pesquisa-ação vários recursos pedagógicos,


permitindo que as aulas apresentadas pelos professores aos aprendentes fossem na sua grande
parte harmônica e favorável, portanto, a instituição ainda encontra-se presa a conteúdos
formais das disciplinas, sendo necessária uma intervenção para que sejam construídas
atividades em classe que sejam mais prazerosas para os aprendentes. Bassedas e
colaboradores (1996, p.29), afirma que: “O professor tem a responsabilidade de estimular o
desenvolvimento de todos os seus alunos pela aprendizagem de uma série de diversos
conteúdos, valores e hábitos”.
Segundo Carneiro (2012, p.246): “No cumprimento do que estabelece o Art. 9º, inc.
IV da LDB, o MEC elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais/PCN´s para o Ensino
Fundamental, buscando sinalizar referências nacionais comuns ao processo educativo”.
Existem os Temas Transversais que podem dinamizar o processo de aprendizagem se forem
trabalhados com objetividade no currículo.
Além dos conteúdos formais do ensino é preciso trabalhar de forma integrada os
conhecimentos significativos que façam parte do cotidiano do sujeito aprendente.
A participação dos pais ainda é muito restrita, resumindo-se apenas a eventos
relacionados a reuniões de pais e datas comemorativas na escola. No Brasil, a própria
Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Nº 9.394 de
20 de dezembro de 1996 no seu Art. 1º expressa que:
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar,
na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
(LDB, 2010, p.7)

Os pais precisam efetivamente estar presentes na aprendizagem dos educandos, já


que os educadores em sua maioria apontam uma necessidade de percebê-los no auxílio das
atividades escolares dos filhos.

3.6 OBSERVAÇÃO EM CAMPO

O trabalho de observação institucional apresentou dados e informações relevantes


sobre a observação psicopedagógica realizada no contexto da pesquisa-ação. A observação é a

35
primeira etapa no processo de intervenção no âmbito institucional, para isso se faz necessário
um planejamento e tempo para sua execução.

O estudo observacional pressupõe um sólido planejamento já que, em paralelo ao


levantamento de dados, é imperativo garantir a redução das impressões subjetivas,
além de se ter clareza sobre o fenômeno que se deseja observar. Exatamente por isso
a observação é um método que se aplica a quase todas as pesquisas em educação,
mas requer tempo e conhecimento para ser realizada de forma correta.
(MALHEIROS, 2011, p.190).

A observação precisa ser realizada de forma sistemática. Moreira e Caleffe (apud


MALHEIROS, 2011, p.191):
[...] propõem as seguintes perguntas para nos orientarmos ao realizarmos um estudo
observacional:
Quais comportamentos serão observados?
Quem será observado?
Onde serão conduzidas as Observações?
Quantas observações serão feitas?
Quando as observações serão feitas?
Como as observações serão realizadas?

Estas questões buscam nortear as ações do observador para que o trabalho possa ser
desenvolvido em duas partes, a primeira descrevendo a realidade tal qual foi observada e a
segunda contendo as impressões do observador. Segundo Malheiros (2011, p.193): “A parte
descritiva deve se ater a relatar o fenômeno tal qual foi observado. Já a parte reflexiva conta
com o suporte do pesquisador, que busca discutir o que foi observado, fazendo analogias,
comparações, inferências, entre outros”.
Ao planejamento coube observar, avaliar e propor medidas de intervenção no
processo educativo dos sujeitos envolvidos com a pesquisa.

36
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS MATERIAIS

Os dados coletados foram analisados qualitativamente à luz do referencial teórico


selecionado, possibilitando assim atender os objetivos desejados. Malheiros (2011, p. 188)
afirma que: “A coleta de dados qualitativos é um processo que exige muito rigor do
pesquisador, porque a observação do fenômeno estará certamente impregnada pela história
pessoal daquele que observa”. De acordo com o autor a observação realizada em uma
pesquisa deve ser feita em duas partes: uma descritiva e uma reflexiva. A parte descritiva da
observação busca relatar exatamente o que foi visto, sem considerar as impressões do
investigador. Essas impressões comporão a parte reflexiva do processo de observação.

4.6 INTERVENÇÃO

A intervenção psicopedagógica realizada na instituição pesquisada se iniciou a partir


das ações estruturadas no período de novembro de 2012 a fevereiro de 2014.
No início da pesquisa se planejou as ações para intervenção psicopedagógica,
juntamente com a supervisão escolar, a partir das observações do protocolo de observação.
Segundo Sánchez-cano e Bonals (2011, p. 132):

[...] é preciso planejar convenientemente todos os passos que devem ser realizados
para que a coleta da informação não seja um trabalho improvisado. Poderíamos
falar, à guisa de exemplo, da descrição de tarefas tais como o estabelecimento de
calendários, a formação de observadores, a seleção de informantes, a preparação de
protocolos para a coleta de informação e, finalmente, a obtenção de informação a
partir das decisões tomadas. É muito útil nessa fase ter tabelas ou diagramas que, de
forma esquemática, nos guiem no processo e nos ajudem a fazer o acompanhamento.

Conforme o Quadro 1, a intervenção pretendeu nortear e auxiliar o trabalho


pedagógico da escola, auxiliando a equipe docente, a família, os alunos envolvidos no
processo de aprendizagem, principalmente a turma do 4º ano da manhã que contribuiu para a
realização das ações propostas na intervenção.

37
ENCONTROS ATIVIDADES

I Seminário para apresentação da proposta de intervenção e assessoramento

II Construção dos Planos (de ação, anual e de aula) e Instrumento Psicossocial

III Planejamento – Entrega dos Planos e Instrumento Psicossocial

IV Início do estudo de caso – Sala de aula 4º Ano A Manhã.

V Avaliação do desempenho dos aprendentes - TDE – Escrita e Matemática

VI Avaliação de Leitura – TDE (trabalho individual)

VII Sala - Construção da leitura e escrita a partir de modelos

VIII Atividade Ludopedagógica com jogos de palavras

IX Ditado de palavras utilizando o computador como recurso pedagógico

X Trabalhando o Jogolem – Interação e Construção da leitura e escrita

XI Construção de atividades pedagógicas para alfabetização

XII Planejamento Semanal – Oficinas de jogos

XIII Planejamento Mensal – Oficinas de instrumentos psicopedagógicos

XIV Reuniões de Pais e Mestres

XV Informática Educativa – Atividade de leitura com os pais

Quadro 1
Fonte: Autor da pesquisa

38
Figura 3 – Apresentação da Proposta de Intervenção
Fonte Autor da pesquisa
A primeira atividade desenvolvida foi à apresentação do relatório e a proposta de
intervenção através de slides à equipe educacional da escola. Foi explanado o quanto foi
importante à contribuição que a realidade institucional trouxe para prática psicopedagógica,
principalmente quando a clientela atendida se encontra em um contexto que na maioria das
vezes está envolto de desigualdades e violência. Bassedas (apud SANCHEZ-
CANO;BONALS, 2011, p. 33) assinala que:

Muitos alunos necessitam que nós, profissionais, colaboremos para responder a suas
necessidades: o aluno com algum tipo de deficiência, o imigrante, o que vive uma
situação que lhe provoca angústia por problema familiar (maus-tratos, abandono...),
o que tem dificuldades para aprender algum conteúdo educativo, o que tem
dificuldades para cumprir a normas da instituição escolar... Trata-se de alunos que se
encontram numa zona de vulnerabilidade.

Após o seminário iniciamos a construção dos planos junto à supervisão escolar


(plano de ação, plano anual, plano de aula) para nortear a ação pedagógica da equipe docente,
instrumento para levantamento psicossocial dos aprendentes, bem como, o cronograma dos
planejamentos a serem realizados no ano letivo, reuniões mensais com os pais e reuniões
semanais e mensais com os professores. Os professores trabalhavam nesse sentindo,
individualmente, e outros só entregavam seus planos no final do ano letivo dificultando o
acompanhamento pedagógico da instituição.

39
Figura 4 – Quadro de Planejamentos e Reuniões
Fonte: Autor da pesquisa
A organização dos planos2 facilitou o acompanhamento da supervisão escolar
visando uma prática mediadora e consciente para avaliar a aprendizagem dos sujeitos
envolvidos no aprender. Segundo Porto (2011, p.90), “O processo avaliativo mediador na
prática de ensino propõe ao educador uma prática consciente e refletida [...]”.

Figura 5 – Entrega dos planos e instrumento psicossocial


Fonte: Autor da pesquisa
Apresentamos no planejamento semanal dos educadores os modelos dos planos e o
instrumento para avaliação psicossocial dos aprendentes. Cada professor recebeu uma pasta
contendo os materiais construídos. Os modelos servirão para o desenvolvimento das

2
Material disponibilizado pela escola.

40
atividades propostas pelos educadores e o instrumento psicossocial servirá para o
mapeamento dos educandos focando os aspectos cognitivos, emocionais, motores e afetivos.
O processo de aprendizagem se não for bem planejado, volta de forma circular para a
instituição na indicação de evasão escolar, de repetência, nos distúrbios de aprendizagem, na
questão da indisciplina criando uma disfunção na dinâmica escolar, fatores esses, intrínsecos e
externos a sua organização.

.
Figura 6 – Roda de conversa com os alunos do 4º ano A manhã
Fonte: Autor da pesquisa
A partir dos planos construídos iniciamos um contato mais específico com a turma
do 4º ano da manhã, focando inserir os aprendentes nas ações propostas e ao mesmo tempo
buscando conhecer a forma como o professor avalia e intervêm na aprendizagem do grupo.
Desenvolvemos uma atividade de construção textual a partir do texto Quem Sou Eu, onde os
aprendentes expressaram através da escrita um pouco da sua vida pessoal. Após a construção
textual iniciamos um segundo momento onde os alunos compartilharam suas vivências na
família e na comunidade através de um diálogo com o educador. Portanto, é preciso conhecer
a diversidade existente nas vivências dessas crianças e tê-las como centro do planejamento.
Conforme Arroyo (2011, p.208):

As propostas deverão partir de uma questão primeira: quem são as crianças? Como
as vemos? Reconhecê-las sujeitos históricos e de direitos. Logo iniciar levantamento
de como vivem na concretude de seus contextos sociais, históricos, familiares, de
moradia, de saúde, de alimentação, de cuidados e proteção. Sem conhecer com o
maior detalhe quem são as crianças concretas cairemos em planejamentos de
propostas abstratas genéricas, desfocadas.

41
Quando focamos no processo de intervenção o aluno, não podemos esquecer que se
trata de um sujeito globalizado, desempenhando diferentes papéis na vida. Não podemos
perder de vista a sua história e a sua interação com outros sujeitos e com os outros sistemas
por onde interage. Tentamos assim, ampliar o nosso campo de observação, mostrando a partir
da atividade uma visão mais ampla da situação ao educador. Quando trabalhamos com um
aluno ou grupo de aluno, o que buscamos é identificar as suas necessidades educativas,
sociais e familiares.
Em relação às necessidades educativas dos educandos, utilizou-se o teste
psicométrico TDE – Teste de Desempenho Escolar, para avaliar e diagnosticar a
aprendizagem dos aprendentes na escrita e matemática. Após as explicações iniciais sobre o
TDE, aplicou-se o teste em sala, solicitando ao educador que participasse da leitura das
palavras, ditando as mesmas para os aprendentes. Com o término do ditado, adequou-se o
teste de matemática orientando os aprendentes a responderem apenas as questões que eles
soubessem resolver.

Figura 7 – Teste TDE


Fonte: Autor da pesquisa
Através dos protocolos individuais podemos mapear a turma e identificar os tipos de
erros que os aprendentes apresentam nos três subtestes. A rigor, Stein (2011, p.3) explica que:

“O TDE pode ser igualmente empregado na avaliação do desempenho de alunos de


uma escola, como um grupo. Pela aplicação do teste em indivíduos de uma amostra
representativa do grupo que se queira estudar, pode-se dimensionar quais áreas da
aprendizagem apresentam eventuais dificuldades pedagógicas e/ou didáticas.

Empregou-se individualmente o teste de leitura do TDE, para avaliar e diagnosticar o


desempenho de leitura dos aprendentes.
42
Figura 8 – Teste de leitura TDE
Fonte: Autor da pesquisa
Concordamos com Sisto e colaboradores (2010) que ao focarmos observar o
desempenho individual de cada aluno na sala, devemos analisar sua produção e verificar quais
os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem em relação a um conteúdo ou
unidade específica ou se estão em déficit em relação aos vários conteúdos.
Após o teste do TDE, analisamos que as respostas não foram significativas, os alunos
apresentaram dificuldades na escrita, principalmente por não conhecerem as palavras, já que
não fazem parte do seu cotidiano. Nos testes de matemática tiveram um melhor desempenho,
já que no seu dia a dia convivem com números por conta da necessidade de comprar algo
essencial para sua manutenção, como por exemplo, alimentos, passes escolares, etc.. Da
mesma forma se deram bem na leitura, já que os meios de comunicação facilitam uma melhor
percepção de entendimento. Por meio das correções feitas, identificamos que os erros na
escrita se davam pela mesma razão, as crianças não conheciam e nunca tiveram contato com a
construção da escrita de determinadas palavras. Iniciamos a construção da escrita a partir de
nomes próprios. Os nomes próprios foram construídos baseados nos nomes dos aprendentes.
Nesta atividade visamos desenvolver o conhecimento da linguagem a partir de
modelos conhecidos dos próprios aprendentes, respeitando a construção a partir das palavras
que fazem parte do seu contexto familiar. Segundo Teberosky (1948, p. 24) “o ambiente
familiar proporciona à criança a escrita de seu nome. Efetivamente, a maioria das crianças,
desde cinco ou seis anos, pertencentes a um meio social mais ou menos favorecido, conhecem
todas ou algumas das letras do seu nome”. Evidentemente esta atividade evoluirá para
construção de outras palavras. Foi orientado ao educador construir modelos a partir de nomes

43
próprios, listas, poemas, pequenos textos, etc.. Assim sendo, Teberosky (1948, p.28) cita que:
“A escrita a partir de modelos situa-se a meio caminho entre as atividades de interpretação e
as de produção. O caso da escrita do próprio nome é um bom exemplo para trabalhar com
modelo”.
Foi necessário esse método já que os aprendentes apresentam déficits no processo de
alfabetização, muitos demonstraram dificuldades para escrever o próprio nome e reconhecer
os tipos de letras (maiúscula e minúscula; fôrma e cursiva). Desta forma, partindo-se do
princípio de que os aprendentes conhecerão novas maneiras de exercitar seu aprendizado, com
o tempo, é necessário construir outras atividades que valorizem a escrita espontânea da
criança.

Figura 9 – Construção da Escrita a partir de modelos


Fonte Autor da Pesquisa
Na intervenção com a turma, continuamos realizando a construção da leitura de
palavras utilizando jogos de linguagem. O jogo visou estimular os educandos na construção
de palavras para compreensão do seu significado e da sua escrita. É possível jogar com as
palavras, reconhecendo as letras, construindo sílabas, formando palavras novas, etc.. De
forma geral, o jogo de linguagem estabelece a relação entre os sons e os significados. O
educador pode desenvolver instruções que de acordo com Teberosky (2009, p.41), “Os
métodos de instrução propõem as opções de começar com a palavra ou com frase. Se optamos
pela palavra, as indicações metodológicas sugerem palavras curtas, familiares e de sílabas
diretas [...]”.

44
Figura 10 – Jogo de Palavras
Fonte: Autor da pesquisa
Dando continuidade nas atividades para que os alunos desenvolvessem uma melhor
construção da escrita e a da leitura com mais autonomia, utilizamos a informática para
desenvolver a construção da leitura e escrita a partir de um ditado de palavras, utilizando o
computador e o editor de texto Word, mobilizando, com rapidez, o repertório de
correspondências grafofônicas já construído. O uso do computador foi um facilitador para
atividade, normalmente os aprendentes se motivam e interagem com o educador. Segundo
Weiss (1998, p.15), “As crianças da atualidade já nascem mergulhadas nesse mundo
tecnológico e seus interesses e padrões de pensamento já fazem parte desse universo”.

Figura 11 – Ditado de palavras utilizando as tecnologias


Fonte: Autor da pesquisa
A partir de então nos preocupamos em criar uma metodologia que estimulasse a
interação do educador com os educandos. Utilizamos o JOGOLEM – Jogo de leitura, escrita e
matemática, focando a construção de palavras a partir do imaginário das crianças. Este jogo
45
leva o aprendente a observar que a palavra é composta de sons equivalente às sílabas e que
esses sons podem se repetir em outras palavras contribuindo para que os alunos que estão com
atraso na linguagem da leitura e escrita possam desenvolver seus saberes. O JOGOLEM3 foi
construído a partir das observações da sala de aula, onde só se apresentava métodos formais e
tradicionais para a aprendizagem. Este jogo educativo facilitou de forma prazerosa a
construção da leitura e escrita e ao mesmo tempo a interação satisfatória entre ensinante e
aprendente.
Para Coll e colaboradores (1999, p.11):

“[...] os materiais curriculares devem ser diversos e diversificáveis, para que, como
peças de uma construção, permitam a cada professor elaborar seu projeto específico
de intervenção adaptado às necessidades de sua realidade educacional e à sua
personalidade. Quanto mais diversas e mais diversificáveis forem os materiais, mas
fácil será a elaboração de propostas singulares”.

Figura 12 – Atividade com o JOGOLEM


Fonte: Autor da pesquisa
Finalizamos a intervenção com a turma, construindo com a supervisão da escola uma
apostila de apoio pedagógico para as crianças que se encontram com dificuldade na leitura e
na escrita.
A partir das intervenções realizadas com a turma, sentimos a necessidade de
implantarmos oficinas ludopedagógicas e psicopedagógicas para trabalharmos os jogos
existentes na instituição e instrumentalizarmos os educadores com os recursos, já que muitos
necessitavam compreender a utilização dos recursos disponíveis e sentiam a curiosidade de
desenvolver nas salas momentos de interação com os educandos focando a construção da

3
Jogo desenvolvido pelo Autor na Disciplina de Jogos e Brincadeiras ministrada pela Profª. Márcia Paiva.

46
leitura e da escrita.

Figura 13 – Apresentação dos jogos


Fonte: Autor da pesquisa
Realizamos no planejamento dos docentes a apresentação de jogos para leitura e
escrita. Cada professor vivenciou a oportunidade de conhecer os recursos lúdicos da
instituição e tirar suas dúvidas na utilização dos jogos em sala, criar estratégias para
solucionar dificuldades de aprendizagem, sejam por motivos intrínsecos ou extrínsecos ao
sujeito aprendente. Em razão da utilização do jogo como recurso para a intervenção, Porto
(2011, p.81) afirma que:

O jogo é uma atividade criativa e curativa, pois permite à criança (re)viver


ativamente as situações dolorosas que viveu passivamente, modificando os enlaces
dolorosos e ensaiando na brincadeira as suas experiências da realidade (FREUD, vol
XX). Constitui-se em uma importante ferramenta terapêutica. Do ponto de vista
cognitivo, significa a via de acesso ao saber. No jogo, faz-se próprio o conhecimento
que é do outro, construindo o saber.

Utilizando-se os jogos no dia a dia da sala de aula, estimulam-se os aprendentes a


serem criativos atuantes e interessados no aprender, além de proporcionar uma maior
interação entre os sujeitos envolvidos no processo.
Juntamente com a equipe técnica-pedagógica da escola realizamos no planejamento
mensal dos docentes uma oficina apresentando atividades psicopedagógicas que auxiliassem
no processo educativo dos aprendentes. Dessa forma:
O professor poderá, igualmente, organizar atividades que ajudem a criança a
descobrir as possibilidades que certos materiais possuem; os jogos de grupo para
crianças mais velhas, ou os de construção para as mais novas, ensinam a dominá-lo
melhor, desenvolvendo outros níveis de competência, além de permitir verificar o
interesse da criança” (QUEIROZ, 2006, p.177).

47
Figura 14 – Oficina Psicopedagógica
Fonte: Autor da pesquisa
Após as oficinas, a partir do cronograma4 desenvolvido pela instituição, implantamos
a reunião de pais e mestres focando discutir temáticas referentes à vida escolar dos
aprendentes. Discutimos eixos temáticos como: higiene pessoal, pontualidade,
acompanhamento das atividades escolares e afetividade. O trabalho visou alcançar um
estreitamento para convencer os pais a participarem efetivamente na aprendizagem dos filhos.
De acordo com Bassedas e colaboradores (2011, p.28): “A ação educativa da escola não pode
ser desvinculada das funções educativas dos pais dos alunos, e, consequentemente, o
professor também deve manter contato com eles”.

Figura 15 – Reuniões de Pais e Mestres


Fonte: Autor da pesquisa
Visando a colaboração dos pais no acompanhamento das atividades escolares dos

4
O cronograma é planejado a cada início do ano letivo com a equipe técnica-pedagógica.

48
filhos iniciamos atividades no laboratório de informática focando a importância da leitura de
livros infantis. Os pais realizaram a leitura do livro digitalizado “O menino que aprendeu a
vê” de Ruth Rocha. Foi discutida com os pais a importância da estimulação da leitura a partir
de figuras, imagens, letras, palavras e frases simples.

Figura 16 – Leitura de livro digitalizado – O menino que aprendeu a ver


Fonte: Autor da pesquisa

4.7 AVALIAÇÃO

Conforme o diagnóstico e a proposta de intervenção, desenvolvemos a partir do


seminário ações educativas dando continuidade ao Projeto Educando Sentimentos5, que
desde março de 2011 vem norteando as ações construídas no Projeto Político Pedagógico –
P.P.P, trabalhando o respeito à diversidade e a integração família – escola e comunidade.
O projeto político-pedagógico é construído na força expansiva da diversidade
cultural dos membros da comunidade escolar juntamente com suas visões de mundo,
raças, etnias, histórias de vida e, também, da necessidade de construção da
identidade da escola, que será refletida no projeto. (MEDEL, 2008, p.4).

5
Projeto desenvolvido pelo Autor, diretora e supervisora da escola .

49
Figura 17 – Educando Sentimentos
Fonte: Autor da pesquisa
O Projeto Político Pedagógico representa de forma sistematizada, a identidade da
escola. Segundo Medel (2008, p.46): “O PPP deve ocorrer por meio de ações planejadas e
sistemáticas para que práticas fragmentadas e improvisadas sejam evitadas. Daí a concepção
do PPP como o elemento que será responsável pela sistematização do trabalho que a escola
desenvolve”. Tendo como objetivo maior formar cidadãos críticos, criativos e transformadores
da realidade através da implementação de políticas específicas que potencializem o
desenvolvimento social, em parceria com entidades e órgãos públicos.
A escola a partir das aplicações teóricas da teoria sistêmica pôde conduzir seu
trabalho integrando todos os seus projetos focando o educando nas suas construções diárias de
conhecimento alinhando-se à resolução das aulas, flexibilizando o currículo e desenvolvendo
ações que contribuíssem na problemática da participação dos pais no acompanhamento da
vida escolar dos filhos.
Os trabalhos com a família através das reuniões de pais e mestres contribuíram para
nosso entendimento prático, no sentindo de ouvir, de entender o contexto familiar, onde à
criança se encontra inserida, sem perder o foco no acompanhamento da aprendizagem. As
reuniões junto com os pais e professores nos favorecem como psicopedagogos, ajustando as
possibilidades para o melhor aproveitamento escolar do aluno, bem como, motivando os pais
a incentivarem seus filhos a participarem de outras atividades presentes na comunidade.
A partir das reuniões realizadas construímos o segundo momento do Educando
Sentimentos. No ano letivo de 2012, a instituição iniciou a segunda etapa desse Projeto, na
versão Família Colorida. O título “Família Colorida” é uma homenagem à miscigenação da
família brasileira, a diversidade religiosa, afetiva e a inclusão no seu amplo contexto. Com as
50
ações do Educando Sentimentos/Família Colorida a escola conseguiu intensificar a integração
e interação entre os contextos escolar e familiar, através de atividades sistematizadas para o
acolhimento e a inclusão da família no cotidiano escolar, na busca de benefícios no processo
psicossocial dos educandos. A instituição se esforça para facilitar a relação com o outro. A
família nesse processo é convidada a participar das atividades desenvolvidas no ambiente
escolar, como reuniões, confraternizações, datas comemorativas e reuniões de pais e mestres.
Observou-se que para cada culminância dos projetos existe a participação dos pais da
comunidade integrando educandos e educadores com suas famílias. As reuniões são
periódicas e ocorrem sempre quando há necessidade para discutir assuntos de interesse tanto
da família, como da escola.
Com o desenvolvimento do projeto Educando Sentimentos construímos uma filosofia
da Pedagogia da afetividade implantando um trabalho pedagógico onde pais, educadores e
técnicos sejam parceiros na construção da ação pedagógica da escola. A pedagogia da
Afetividade traz para fora as potencialidades do ser aprendente e possibilita a construção de
valores que ajudam significativamente no processo de ensino aprendizagem que na Instituição
observada, era prejudicada devido ao mau comportamento dos alunos. Segundo Sampaio
(2007, p.46), “Os problemas humanos não se resolvem no campo da racionalidade, mais no
nível afetivo”. Com a Pedagogia da afetividade a Instituição desenvolve um trabalho onde as
pessoas são valorizadas e compreendidas.

Para isso, faz-se imprescindível a participação de toda a comunidade escolar


(gestores, orientadores, professores, pais, alunos, funcionários e membros da
comunidade local) na discussão do trabalho pedagógico, em uma perspectiva mais
ampla, respeitando a diversidade cultural. (MEDEL, 2008, p.3)

A aprendizagem foi significativa, conhecemos melhor a dinâmica escolar,


principalmente os aspectos metodológicos aplicados no processo de ensino, e o quanto é
importante o planejamento para que cada sujeito envolvido no processo de intervenção possa
contribuir na execução das ações desenvolvidas. O trabalho em grupo é pré-requisito básico
para que o assessoramento a escola dê certo.
A partir dos modelos dos planos construídos se conheceu melhor os instrumentos
técnicos que são utilizados no planejamento de aulas pelos pedagogos. Anteriormente, tinha-
se apenas uma pequena noção dos planos desenvolvidos, mas a partir da construção dos
planos na própria escola com a supervisora, foi possível conhecer melhor quais os eixos
temáticos trabalhados em cada disciplina, como se avalia o aprendente durante todo o ano.
51
A participação nos planejamentos dos professores com oficinas de instrumentos
psicopedagógicos, como os jogos educativos na prevenção das dificuldades de aprendizagem,
contribuiu no sentindo de evitarmos em nossa prática a preocupação excessiva com o treino
de habilidades, com a memorização, com a repetição e a imitação, prática essa, muito presente
no ensino tradicional através do currículo. Para avançar é preciso romper com essa visão
fragmentada, disciplinar e ontológica, e valorizar a interdisciplinaridade que favorece aos
aprendentes se interessarem pelo aprendizado.
As ações desenvolvidas com os aprendentes desconstruíram a visão de que muitos
alunos não aprendem por que não se interessam e não se motivam. Todas as atividades
realizadas na sala de aula e em outros ambientes, como no laboratório de informática,
demonstraram uma participação da maioria dos aprendentes onde percebemos o quanto os
recursos adotados são importantes, sendo necessário o planejamento prévio, considerando
principalmente as habilidades já existentes nos aprendentes.
A partir das intervenções com os técnicos-pedagógicos, educadores e com os alunos
do 4º ano da manhã desenvolvemos em 2012 e 2013 o Projeto Viajando nas Asas da Leitura
objetivando trabalharmos a construção da leitura e da escrita. O Projeto Viajando nas Asas da
Leitura é uma proposta que visa despertar nos educandos as potencialidades da língua oral e
escrita, levando-os a ultrapassar limites contextuais e culturais, valores, novas descobertas e
novas concepções de mundo.

A perspectiva sistêmica permitiu a compreensão dos saberes e das práticas


pedagógicas, de um olhar mais profundo sobre a realidade da organização, para que
pudéssemos intervir colocando o diálogo como primeiro passo para a mudança. A partir das
ações norteadas pelo projeto político pedagógico foi possível desenvolver um trabalho que
respeitasse as limitações impostas pelo meio e concretizando um planejamento sistematizado.
A escola normalmente oferece resistência a mudanças, mantendo tanto quanto
possível, os seus padrões, sua homeostasia. Na escola se faz presente uma cadeia de feedbacks
sejam positivos ou negativos objetivando manter seu equilíbrio, principalmente quando suas
regras são quebradas pelos sujeitos envolvidos no processo de avaliação. Para que ocorram
mudanças na escola, é preciso um distanciamento do equilíbrio, ou seja, um afastamento das
normas determinadas na instituição, permitindo dessa forma que um fluxo de energia e
informações contribua para a autonomia dos sujeitos envolvidos no processo de intervenção.
Para desenvolvermos autonomia na escola é necessária a construção de feedbecks positivos,
52
no sentido de ampliarmos desvios nos padrões rígidos e imutáveis de interação que a
instituição quer manter.
A partir de uma perspectiva sistêmica adotada na intervenção, foi possível o
surgimento de contribuições para que a instituição correspondesse às demandas exigidas pela
Secretaria de Educação do município de João Pessoa a partir de um trabalho interdisciplinar.
Como resultado dessa intervenção a escola avançou além das expectativas previstas,
chegando ao mérito de ser referência e tricampeã no Projeto Escola Nota 10, como podemos
atestar através dos anexos (Anexos A2).

53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscamos, com esse trabalho, que o leitor tenha conseguido captar com clareza o
tema abordado que teve como objetivo geral, descrever a contribuição da intervenção
psicopedagógica numa perspectiva sistêmica, aprofundando-se no tema da abordagem,
observando a instituição escolar pesquisada como um sistema em constante renovação,
interação, com o olhar voltado para os vários níveis que tornam essa organização um todo, um
espaço vivo, complexo. A intervenção na instituição é um processo que através do seu
planejamento e de suas atividades possibilita uma aprendizagem lúdica, dinâmica e mediadora
focando as interações e interrelações dos sujeitos envolvidos.
Quanto aos resultados atingidos nas inter-relações com a família e com os
aprendentes, a intervenção confirmou a existência de ações positivas na escola, por meio de
projetos implantados no decorrer do período proposto, comprometidos com a aprendizagem e
persistindo ativamente na participação dos pais na vida escolar dos filhos. No entanto, nesse
contexto, percebemos a existência de fatores cruciais que limitam e dificultam o trabalho da
instituição como, por exemplo: contexto familiar diferenciado, aspectos psicossociais
variados, carência afetiva e violência doméstica que foge as ações da escola, se fazendo
necessário o encaminhamento a outros profissionais e a rede de apoio, que nem sempre
disponibilizam o retorno justo para que junto à escola possam interferir diretamente. Dessa
forma desenvolveu-se uma relação equilibrada de colaboração, interação e confiança mútua
entre discentes, docentes, pais e mediadores técnico-pedagógicos.
A partir das dificuldades encontradas, sendo o psicopedagogo um profissional
habilidoso e reflexivo que analisa, avalia e interpreta os fenômenos que precisam ser
enfrentados para que se obtenham resultados significativos que contribuam a partir de uma
visão compartilhada para que outros tomem decisões que permitam aperfeiçoar, colaborar,
discutir e chegar a acordos, é importante a aquisição do mesmo que poderá auxiliar a escola
nos atendimentos, resgatando ao ser humano a sua integridade como sujeito que interage nos
diversos sistemas envolvidos com a aprendizagem e unindo esforços para estudar o fenômeno
da aprendizagem, considerando os múltiplos fatores de natureza biológica, psicológica, social
e cultural.
Desta forma, o valor da psicopedagogia preventiva, já se encontra comprovada, em
uma dimensão institucional ao ser aceita e considerada como um diferencial para a aquisição
54
de melhorias educacionais por meio do assessoramento psicopedagógico. Vale ressaltar que a
ação psicopedagógica estabelece transformações podendo se tornar uma ferramenta no auxílio
de aprendizagem. Isso significa que conhecer o que o aprendente constrói, compreende as
dimensões das relações com a escola, com os professores, com o conteúdo, e relacioná-los aos
aspectos afetivos e cognitivos construídos principalmente no sistema familiar oportunizará
uma atuação mais concreta, firme e efetiva por parte de todos que são responsáveis
diretamente pela aprendizagem dos sujeitos.
De acordo com a perspectiva sistêmica o sujeito cognoscente não deve ser analisado
a partir de uma teoria parcial. O aprendente é uma entidade global e complexa que age em
sistemas igualmente complexos e a relevância dessa visão para o atendimento
psicopedagógico e de outros profissionais que trabalham em rede é importante, contribuindo
para que em nossa sociedade cada vez mais tenham profissionais capacitados para lidarem
com essa complexidade ao avaliar as habilidades e inabilidades do sujeito, aprendendo
também com as carências dos aprendentes para que se construa uma práxis que visualize uma
intervenção psicopedagógica mais integral, rica e multidisciplinar.
Consideramos que a atuação do Psicopedagogo na instituição visa fortalecer a
identidade dos assistidos, buscando o resgate das raízes da instituição, procurando sintonizar a
realidade que está sendo vivenciada no momento atual, buscando adequar essa organização as
reais demandas da sociedade, buscando uma compreensão do sujeito no contexto familiar,
conseguindo dessa forma chegar mais próximo da função denunciadora do sintoma que se
revela como: não querer, não conseguir, não poder aprender. Ao olhar o sujeito nos diversos
subsistemas por onde interage de forma circular estaremos responsabilizando a todos os
envolvidos, no processo de aprendizagem e identificando as rupturas que possam aí surgir,
tirando o foco do aprendiz e redistribuindo a dificuldade de aprendizagem a todos os
envolvidos no processo de intervenção.

55
REFERÊNCIAS

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56
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WEISS, A. M. L; CRUZ, M. L. R. M. A informática e os problemas escolares de
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57
ANEXO

58
ANEXO A1

59
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PSICOPEDAGOGIA

PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

Estagiário:__________________________________________________________________________

Período:___________________________________________________________________________

I - IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO/ CAMPO DE ESTÁGIO

1.1. Nome da Instituição / Endereço / Telefone/ E-mail/ Órgão Regulador/ Horários de


Funcionamento/ Modalidade de Ensino:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

1.2. Pessoa da instituição/campo de estágio responsável pela supervisão do estagiário:


_________________________________________________________________________________

1.3. Formação profissional do supervisor/ Função na escola/ Há quanto tempo trabalha na


instituição?
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

1.4. Período de vivência do estágio na instituição:


_________________________________________________________________________________

II - A ESCOLA

2.1. Estrutura Física


Número de salas de aula e condições gerais - Ex: ventilação, iluminação, carteiras:

______________________________________________________________________________

Secretaria/Direção:

É informatizada? __________________________________________________________________

60
Quantidade pessoal é suficiente? _____________________________________________________

Formação acadêmica das pessoas que trabalham no setor:

______________________________________________________________________________

Sala dos professores (Observar condições gerais):

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Cantina/Refeitório (Se houver registrar):

Estrutura e organização

Despensa

Higienização

Qualidade do alimento oferecido

Qualidade de funcionamento no processo de preparação e distribuição da merenda.

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Banheiros:

Quantidade: ____________________________________________________________________

Higiene: _______________________________________________________________________

Acessibilidade:

Banheiros: _____________________________________________________________________

Salas de aula: ___________________________________________________________________

Existem rampas? _______________________________________________________________

Comentários (Acessibilidade):

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Biblioteca (Se houver registrar):

O acervo é atualizado?____________________________________________________
61
Há empréstimo para os alunos?______________________________________________

O espaço físico é adequado para a quantidade de alunos? _____________________________


A iluminação e ventilação são adequadas? ______________________________________

Tem alguém especializado para orientar? _______________________________________

Número aproximado de alunos que utilizam a biblioteca____________________________

-Laboratório(s) de pesquisa(s) para aula(s) práticas (Se houver registrar):

Os instrumentos são adequados? ____________________________________________

A iluminação e ventilação são adequadas? ______________________________________

O espaço físico é adequado para a quantidade de alunos?___________________________

Laboratório de informática (Se houver registrar): _________________________________

Número de computadores?_________________________________________________

Os equipamentos estão em condições de uso?___________________________________

O espaço físico é adequado para a quantidade de alunos?__________________________

A iluminação e ventilação são adequadas?_____________________________________

Os alunos tem aulas periódicas de informática? _________________________________

As aulas são realizadas de acordo com o conteúdo curricular?______________________

Áreas de esportes: _____________________________________________________

Quadras, campos de futebol, piscinas – Observar condições!

_______________________________________________________________________

Pátio(s): O espaço físico e condições estão adequados?

______________________________________________________________________

Parquinho ou área de laser/ espaço para recreação (Se houver registrar):

Condições de conservação e uso dos brinquedos

Há caixa de areia?

As áreas de lazer são cobertas?

__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

62
Comentários adicionais (Estrutura física):

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.2. Comunidade Escolar


Contexto sócio cultural da comunidade onde a escola se insere:

__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

-Quantidade de funcionários na escola: porteiros(as), auxiliar de serviço, merendeiras, secretaria,


direção da escola, professores, psicólogos e/ou psicopegagos, assistente social, monitores de
informática, cuidadores:

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Número de alunos (por turno e total)? Todas as vagas foram preenchidas?

__________________________________________________________________________________

Quantidade de alunos nas salas de aula (Média aproximada):

__________________________________________________________________________________

Há na escola alunos com necessidades especiais? Quais?

__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

Índice aproximado de repetência e evasão escolar. Quais os motivos principais? Que atitudes
foram/são tomadas diante da situação?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Quantas turmas em média cada professor assume?

__________________________________________________________________________________

Há participação dos pais ou responsáveis na escola?

Qual a filosofia da escola quanto ao planejamento e capacitação de pessoal, por exemplo:

Quem realiza?

63
Quantas vezes ao ano?_______________________________

Principais queixas da escola quanto à aprendizagem dos alunos?

_____________________________________________________________________________

Em qual turma se verificam mais situações de dificuldades/problemas de aprendizagem? Cite


algumas.

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Há utilização do espaço da escola, nos finais de semana, pela comunidade escolar e circunvizinha?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Comentários adicionais:

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

2.3 Recursos Tecnológicos/Pedagógicos

Sala de vídeo ou de Projeção com Data show: Iluminação, ventilação, número de lugares, qualidade
dos acentos/ com que frequência é utilizada?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Se não houver uma sala específica de vídeo ou de Projeção com Data show registrar se a escola
dispõe de Data show, vídeo e TV e registrar a quantidade.

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Brinquedoteca (Se houver registrar):

Estrutura (espaço físico, cadeiras, mesas, ventilação, iluminação);

Jogos/brinquedos educativos;

Existem profissionais qualificados (psicopedagogos, psicólogos ou pedagogos) para atender os alunos


especiais?

__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

Se não houver brinquedoteca registrar:

64
Há jogos educativos na escola? _____________________________________________________

Se houver, registrar qual a frequência de utilização desses jogos pelos alunos e professores?
_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

Há material dourado, mapas, ábaco? ________________________________________________

Comentários adicionais:

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

III - A SALA DE AULA

3.1. Estrutura da sala


-Ventilação:___________________________________________________________________

-Iluminação:__________________________________________________________________

-Carteiras: ___________________________________________________________________

-Quadro (se é de giz, lápis, se o tamanho é adequado, etc.): ______________________________

-Data Show: __________________________________________________________________

Acústica da sala: _______________________________________________________________

Disposição das carteiras e o quadro do professor:_______________________________________

3.2. Quanto aos alunos


Há participação dos alunos na sala? _________________________________________________

Quantos alunos há na turma? _____________________________________________________

Como é a assiduidade? __________________________________________________________

Qual o gênero que predomina na turma? ____________________________________________

A distribuição dos alunos é adequada ao espaço físico? __________________________________

Higiene pessoal dos alunos: ______________________________________________________

Nível sócio econômico: _________________________________________________________

Há algum tipo de classificação para a formação das salas? ________________________________

65
Comentários adicionais:

IV - OBSERVAÇÃO DOS ASPECTOS PEDAGÓGICOS E RELACIONAIS

4.1 Observação - Atuação da instituição:

Há projetos pedagógicos inseridos dentro da escola? Quais?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Como a escola concebe/realiza o processo de inclusão de alunos especiais?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

A escola realiza estratégias para que ocorra a interação entre pais, alunos e escola? Quais? (Ex:
reuniões, confraternizações, dia solidário, gincanas...)

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Oferece atividades no contra-turno (horário oposto ao das aulas)? Quais?

A escola presta serviços à comunidade escolar como: atendimento médico, dentário, assistência
social, orientação educacional, atendimento psicológico e psicopedagógico, dentre outros? Com que
frequência?

__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

Comentários adicionais:

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

4.1 Observação - Atuação docente:

As aulas são dinâmicas?____________________________________________________

O professor demonstra dominar o conteúdo trabalhado? ___________________________


66
Tem “domínio da sala”?____________________________________________________

O professor é assíduo?______________________________________________________

Que recursos metodológicos são utilizados nas aulas?_____________________________

O professor demonstra ser organizado?_________________________________________

Há uma conexão entre aprendizagens e atividades anteriores com as desenvolvidas no momento da


aula observada?______________________________________________________________

Oferece auxilio individual? ______________________________________________________

Como é a atuação com os alunos especiais? Parece preparado?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Qual a percepção da relação que o professor estabelece com sua profissão? Parece gostar do que
faz?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Como reage frente às dificuldades dos alunos?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Quais estratégias utiliza a fim de adequar o curriculum à realidade em sala?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Consegue trabalhar de forma interdisciplinar?_________________________________________

Que estratégias utiliza a fim de promover a diminuição da evasão dos alunos da sala de aula?
__________________________________________________________________________________

Comentários adicionais:

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

67
4.1 Observação – Interação professor/aluno:

O professor leva em conta a individualidade de seus alunos?______________________________

Demonstra indícios de permissividade? Quais?________________________________________

O professor é aberto ao diálogo?___________________________________________________

Os alunos conseguem acompanhar o ritmo do trabalho do professor?_______________________

Como percebeu o vinculo afetivo entre eles?_________________________________________

Usa sua autoridade nos momentos necessários? ______________________________________

Percebeu alguma prática de Bullying? Qual (is)?_______________________________________

___________________________________________________________________________

Como são resolvidos os conflitos em sala?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Demonstram respeito um pelo outro? ______________________________________________

Nível de participação dos alunos___________________________________________________

Há construção de conhecimento?__________________________________________________

Comentários adicionais:

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

4.1 Observação – Interação aluno/aluno:

Os alunos realizam atividades em grupo? Como você as caracterizaria? (Ex: Colaborativo,


participativo...)

__________________________________________________________________________________

Procuram auxiliar colegas que expressem mais dificuldades? De que forma?

__________________________________________________________________________________

Como percebeu a interação entre os alunos com necessidades especiais e os de desenvolvimento


típico?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

68
Como se dá a vinculação afetiva? Há “grupinhos”? _____________________________________

Percebeu alguma prática de Bullying? Qual (is)?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Como se dá a interação entre gêneros?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

Há cooperação entre os alunos a fim de proporcionar um bom andamento das aulas?

Comentáriosadicionais:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

Comentários adicionais 1 – Realizar uma síntese contendo principalmente: A percepção que tiveram
da escola; O que consideraram como pontos positivos e negativos na escola e na atuação profissional
da/o professora(or):

____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Comentários adicionais 2 – Indicação de possível temática de intervenção (Breve justificativa):

69
ANEXO A2

70
71
72

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