3º ANO CONTEÚDOS 3ºBIMESTRE

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APC 3º ANO JJ Estado e Legitimidade do poder

Legitimidade é um conceito amplamente utilizado nas teorias políticas para descrever os princípios que
levam os indivíduos a aceitarem a autoridade e cumprirem suas obrigações políticas. Assim, a ideia de um
processo político legítimo funciona como uma contraposição à de coerção, onde justamente o exercício
do poder é realizado por meio da força, da violência ou sem o consentimento daqueles afetados.
Além disso, se é possível falar de formas de legitimação em vários períodos da História, é
na Modernidade que o exercício do poder passa a ser submetido a autorização racional daqueles
governados, em detrimento de formas tradicionais, afetivas ou religiosas de legitimação. Essa virada tem
como ponto de partida os escritos do filósofo inglês John Locke, que preocupou-se em distinguir entre uma
autoridade de fato e uma autoridade legítima. Para ele, o ponto de partida seria um estado de natureza em
que todos os indivíduos são naturalmente e igualmente livres e onde ninguém estaria entregue à mera
vontade do outro. Como essa lei natural não seria suficiente para governar a sociedade, desenvolveu-se
o instrumento hipotético de um contrato social, onde se transfere a autoridade política para um
estado civil incumbido de realizar e garantir aquela igualdade fundamental. Ao contrário de seu
predecessor Thomas Hobbes, o contrato por si não cria a autoridade: ela está incorporada nos indivíduos
como seres portadores de razão, que, por sua vez, transfere a autoridade que existe em cada um para
uma instituição política específica. Essa ligação entre legitimação e consentimento é a chave que vai
permitir, ao longo da Modernidade a expansão da democracia e dos direitos individuais e subjetivos. Se a
filosofia pensou a legitimidade em termos dos critérios da sua legitimação, isto é, em uma chave
normativa, a sociologia de Max Weber apresentou uma perspectiva descritiva que tornou-se
profundamente influente. Para ele, o que faz um regime político legítimo é o fato de que os indivíduos
que nele se encontram possuem crenças ou uma fé que formam uma disposição a obedece r. E,
seguindo essa definição, existiram três fontes de legitimidade nas sociedades: a tradicional, onde as
pessoas justificam a submissão ao fato da ordem social existir dessa forma a muito tempo, a carismática,
onde a fé é depositada nos atributos pessoais do governante e a racional, onde os indivíduos depositam
sua crença na legalidade, sobretudo na racionalidade encerrada na própria ideia de Estado de Direito.
Desse modo, enquanto as duas primeiras formas são mais características de sociedades tradicionais ou
arcaicas, a forma racional é típica das sociedades modernas. Mas como conciliar uma abordagem
descritiva, que mostra as formas existentes de legitimação, como uma abordagem normativa, que
investigaria o que justifica a submissão às normas? Ou melhor dizendo, como diferenciar a legalidade
jurídica da legitimidade de uma ordem social? O fato de que a escravidão tenha sido legalizada no Brasil
até 1888 a coloca como um bom exemplo para pensarmos. Isso porque a ideia de legitimidade extrapola a
mera legalidade, uma vez que como mostra o exemplo, é possível que uma lei seja válida, ainda que
injusta. Dessa forma, percebe-se que a definição da legitimidade da ordem social está entrelaçada com o
próprio desenvolvimento moral da sociedade em questão e de como esses critérios morais encontram-se
universalizados e disponíveis a todos os cidadãos e cidadãs em um Estado Democrático de Direito.
(Weber, Max. Economia e Sociedade).

1- Conforme os teóricos do Estado e legitimidade do poder, o que leva os indivíduos a aceitarem a


autoridade e cumprirem suas obrigações políticas?

2- Com base no texto, qual foi o instrumento utilizado para governar a sociedade?

3- Qual é o pensamento de Max Weber sobre o regime político?


(KANT E SUAS DUAS LIBERDADES)

A equação entre História e Direito é solucionada em Kant na qual ele faz a distinção entre
moralidade e legalidade de modo a possibilitar a coexistência entre elas. De maneira geral,
o legado kantiano reside na consideração sobre os limites da Razão e a autonomia de suas
faculdades. Assim, Ciência, Moral e Estética (ou conhecimento, ética e arte) possuem domínios
próprios, capazes de realizar todo o potencial das faculdades humanas enquanto esferas
culturais, no interior das quais podem ainda haver subdivisões. Aquela que imediatamente
interessa aqui é a Faculdade da Razão Prática em geral em que se desenvolve a compreensão
da moral. Esta é dividida em ética e direito. Na ética, o motivo da ação é interno, ou seja, a
intenção da ação é deliberada de forma autônoma, independente de outros fatores. Já no direito,
este motivo pode tanto ser interno quanto externo, sendo que o que interessa para a análise
não é a intenção e sim a expressão da ação, sua realização ou seu fenômeno, porque pode ser
resultado de uma vontade determinada pela consciência. Kant estabelece que a relação entre
ética e direito é uma relação de subordinação, em que as ações pautadas pela autonomia do
indivíduo devem se tornar paradigmáticas em relação às ações coletivas.
Em Kant não há uma oposição entre natureza humana e vontade ou razão. Há, sim, a oposição
entre a condição do homem no estágio sem leis criadas de forma autônoma (entendido
anteriormente como estado de natureza) e o estado civil em que as possibilidades de um acordo
livre para a coexistência de liberdades várias é dado a priori. Logo, é importante salientar que no
estado civil o homem não perdeu a sua liberdade original (como em Rousseau), nem vive em um
regime mecânico de limitação recíproca (como determinam os contratualistas ingleses), mas sim
que a liberdade, entendida como autonomia e fundada na Razão, tem meios de determinar o
acordo (contrato) a partir de uma máxima que expressa um querer universal (e, assim, tanto na
relação entre indivíduos quanto entre Estados). Mas o como isso é feito, só a história ou a
existência de seres livres (e que, portanto, criam seus próprios fins e conduzem-se até eles) pode
determinar. Porque, enquanto ser finito e que pensa ou introduz no mundo um reino infinito (o
inteligível, na tentativa de construir a república cosmopolita enquanto ideia), o homem esbarra
nas suas limitações naturais. Portanto, ao que tudo indica, Kant parece pensar numa
antropologia da existência, não como uma ciência humana descritiva (crítica à psicologia
tradicional), mas como a única forma de relacionar empírico e transcendental. Essa relação
explicaria a relação entre a evolução do direito e das leis, conforme a liberdade (infinita) cria as
suas condições de existência, ou seja, uma análise do weltbürger, o cidadão do mundo, o homem
no mundo que através da linguagem constrói para si o reino dos fins como ideal da república
cosmopolita.

1- Com base no texto, quais seriam as duas liberdades em Kant para o bom convívio em
sociedade?

2- “Kant parece pensar numa antropologia da existência” qual seria o propósito dessa frase
de Kant?
3- “Kant estabelece que a relação entre ética e direito é uma relação de subordinação” Em
que sentido essa subordinação é aplicada conforme Kant?

O Estado segundo Karl Marx

Apesar de Karl Marx nunca ter feito uma análise inteiramente voltada para a política e ao direito,
há diversas referências sobre essas questões em suas obras, como por exemplo, em “O
capital”, onde ele constrói uma análise das formas da circulação e da produção tendo em conta
as instâncias do Estado e do direito. Marx alcançou patamares nunca antes explorados
pela Filosofia, relacionando os fins instrumentais que ligam a política ás condições materiais
concretas.
O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base
real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem
determinadas formas de consciência social.
Marx rompe com o ideal de que a justiça era algo perfeito. Para ele, a vida em sociedade não
tinha suas bases no contrato social, mas sim, na luta de classes.
O Estado moderno é formado de relações entre dominadores e dominados. Os senhores não
devem se apropriar da riqueza produzida pelos trabalhadores a partir do uso da força, mas sim,
por meio de vínculos, que à primeira vista são voluntários e que tem por fundamento uma
relação jurídica. Ao contrário do escravo, há uma ilusão de que o trabalhador é livre, já que
ele tem o poder de escolher quem o explorará, assim diz Marx em “O Capital”:
O escravo romano era preso por grilhões, o trabalhador assalariado está preso a seu
proprietário por fios invisíveis. A ilusão de sua independência se mantém pela mudança
contínua de seus patrões e com a ficção do contrato.
O Estado, aos olhos da sociedade serve para garantir o bem comum, a democracia , o
interesse público acima do privado, mas essa face é extremamente contrária ao que ele é
realmente, uma ferramenta que funciona para garantir a exploração capitalista. Marx não
acreditava no reformismo, para ele o capitalismo estava condenado. E que deveria haver uma
revolução que permitiria a transição do capitalismo para o socialismo. O socialismo de Marx
não era o socialismo utópico de Saint-Simon e Fourier, mas sim, um socialismo cientifico
que fazia uma análise das contradições existentes no próprio capitalismo. Porém, essas
contradições não são suficientes para que haja a superação do capitalismo, é necessária
também uma mudança nas relações de produções. Os trabalhadores deveriam ter absoluto
controle de sua produção, sem que haja uma classe dominante para explora-los. O
capitalismo usa a justiça para justificar suas regras.

1- Quais são as críticas feitas por Karl Marx com relação ao Estado capitalista?

2- Quais são as diferenças entre as relações de trabalho do escravismo para o trabalho


assalariado?

3- Como Marx define a luta de classes?


TEORIA DAS FORMAS (NORBERTO BOBBIO)
"Norberto Bobbio (1909-2004) foi um dos maiores politógos do século XX. Dentre sua extensa obra, deixou
uma importante contribuição à Ciência Política: seu livro Teoria Geral da Política. Já na Grécia Antiga,
um dos primeiros a tratar da política como uma prática intrínseca aos homens foi Aristóteles Assim, fazer
política pode estar associado às ações de governo e de administração do Estado.
• Para Norberto Bobbio, falar em política enquanto prática humana conduz, consequentemente, a se
pensar no conceito de poder. O poder estaria ligado à ideia de posse dos meios para se obter
vantagem (ou para fazer valer a vontade) de um homem sobre outros. Assim, o poder político
diria respeito ao poder que um homem pode exercer sobre outros
• Podemos ter poderes políticos legitimados por vários motivos, como pela tradição (poder de pai,
paternalista), despótico (autoritário, exercido por um rei, uma ditadura) ou aquele que é dado
pelo consenso, sendo este último um modelo de governo esperado.
• Conforme nos mostra Norberto Bobbio (2000), há uma tipologia moderna das formas de poder,
como poder econômico, poder ideológico e poder político, sendo que este último seria aquele
no qual se tem a exclusividade para o uso da força.
• Contudo, Norberto Bobbio também aponta que não é apenas o uso da força, mas sim seu
monopólio, sua exclusividade, que tem o consentimento da sociedade organizada. Em
outras palavras, será uma exclusividade de poder que pode ser exercida sobre um
determinado grupo social, em determinado território. O poder político não pode ter como
finalidade o poder pelo poder, pois se assim fosse perderia o sentido. Norberto Bobbio, citando
Carl Shmitt, também fala da ideia de política como relação amigo-inimigo, dizendo que “o
campo de origem e de aplicação da política é o antagonismo, e sua função consistiria na
atividade de agregar e defender os amigos e de desagregar e combater os inimigos”
• No exercício de compreensão do conceito de política, deve-se considerar que na filosofia política
moderna aquilo que é político não necessariamente coincide com o social, pois, ao longo da
história, as outras esferas da vida foram se separando do Estado, a exemplo do poder
religioso e do poder econômico. Na visão de Bobbio, a política restringe-se à esfera do
Estado, instituição esta responsável pela ordem social.
• Para Bobbio, “enquanto a filosofia política clássica está alicerçada sobre o estudo da estrutura da
pólis e das suas várias formas históricas ou ideais, a filosofia política pós-clássica caracteriza-
se pela contínua tentativa de uma delimitação daquilo que é político (o reino de César) em
relação àquilo que não é político (seja ele o reino de Deus ou o reino das riquezas), por uma
contínua reflexão sobre aquilo que diferencia a esfera da política da esfera da não política, o
Estado do não Estado...”
• Em outras palavras, se a sociedade conseguisse manter sua ordem sem o poder político
(que usa da força), ela não precisaria mais do Estado. Nesse mesmo livro, Bobbio também fala
da relação entre política e moral, uma vez que ambas estão ligadas à ação (à práxis) humana.
Porém, aquilo que fundamenta ou motiva, ou aquilo que é permitido ou proibido, nem sempre tem o
mesmo sentido para a política e para a moral.
• Segundo Bobbio, pode haver “ações morais que são impolíticas (ou apolíticas) e ações políticas
que são imorais (ou amorais)” (ibidem, p. 174), distinção esta que, aliás, já se fazia presente na
obra de Nicolau Maquiavel. Dessa forma, seria preciso considerar que existem razões e ações
do Estado que são justificadas quando por ele praticadas, mas jamais permitidas a um
indivíduo. A política seria a razão do Estado, enquanto a moral seria a razão do indivíduo.

1- Com base no texto acima, qual é o conceito defendido por Norberto Bobbio sobre a constituição
do poder? Quais são as três formas de poder?
2- Quais são as diferenças entre as ações praticadas pelo Estado e a que é permitido pelo
cidadão?
3- Conforme Bobbio qual seria o objeto de conhecimento da Filosofia Política Pós-clássica?
Maquiavel e a autonomia da política

O intelectual Nicolau Maquiavel tratou principalmente sobre política na obra “O príncipe”, descrevendo
como o governante deveria agir e quais virtudes deveria ter a fim de se manter no poder e aumentar suas
conquistas. Maquiavel ensinou como o governante deveria agir e quais virtudes deveria ter a fim de
se manter no poder e aumentar suas conquistas Nicolau Maquiavel, nascido na segunda metade do
século XV, em Florença, na Itália, trata-se de um dos principais intelectuais do período chamado
Renascimento, inaugurando o pensamento político moderno. Ao escrever sua obra mais famosa, “O
Príncipe”, o contexto político da Península Itálica estava conturbado, marcado por uma constante
instabilidade, uma vez que eram muitas as disputas políticas pelo controle e manutenção dos domínios
territoriais das cidades e estados. Conhecer sua trajetória como figura pública e intelectual é muito
importante para que as circunstâncias nas quais este pensador pensou e escreveu tal obra sejam
compreendidas. Em suas páginas, o governante poderia aprender como planejar e meditar sobre seus
atos para manter a estabilidade do Estado, do governo, uma vez que Maquiavel conta sucessos e
fracassos de vários reis para ilustrar seus conselhos e opiniões. A legitimação do poder seria algo
fundamental para a questão da conquista e preservação do Estado, cabendo ao bom rei (ou bom príncipe)
ser dotado de virtú e fortuna, sabendo como bem articulá-las. Enquanto a virtú dizia respeito às
habilidades ou virtudes necessárias ao governante, a fortuna tratava-se da sorte, do acaso, da
condição dada pelas circunstâncias da vida. Para Maquiavel “...quando um príncipe deixa tudo por
conta da sorte, ele se arruína logo que ela muda. Feliz é o príncipe que ajusta seu modo de
proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos tempos.” (MAQUIAVEL,
2002, p. 264). Contudo, a forma como a virtú seria colocada em prática em nome do bom governo deveria
passar ao largo dos valores cristãos, da moral social vigente, dada a incompatibilidade entre esses valores
e a política segundo Maquiavel. Para Maquiavel, “não cabe nesta imagem a ideia da virtude cristã que
prega uma bondade angelical alcançada pela libertação das tentações terrenas, sempre à espera de
recompensas no céu. Ao contrário, o poder, a honra e a glória, típicas tentações mundanas, são
bens perseguidos e valorizados. O homem de virtú pode consegui-los e por eles luta” (WELFFORT,
2006, pg. 22). Assim, essa interpretação maquiaveliana da esfera política foi que permitiu surgir ideia de
que “os fins justificam os meios”, embora não se possa atribuir literalmente essa frase a Maquiavel. Além
disso, fez surgir no imaginário e no senso comum a ideia de que Maquiavel seria alguém articuloso e sem
escrúpulo, dando origem à expressão “maquiavélico” para designar algo ou alguém dotado de certa
maldade, frio e calculista. Maquiavel não era imoral (embora seu livro tenha sido proibido pela Igreja), mas
colocava a ação política (construída pela soma da virtú e da fortuna) em primeiro plano, como uma área de
ação autônoma levando a um rompimento com a moral social. A conduta moral e a ideia de virtude como
valor para bem viver na sociedade não poderiam ser limitadores da prática política. O que se deve pensar
é que o objetivo maior da política seria manter a estabilidade social e do governo a todo custo, uma vez
que o contexto europeu era de guerras e disputas. Nas palavras de Welffort (2001), Maquiavel é incisivo:
há vícios que são virtudes, não devendo temer o príncipe que deseje se manter no poder, nem esconder
seus defeitos, se isso for indispensável para salvar o Estado. “Um príncipe não deve, portanto,
importar-se por ser considerado cruel se isso for necessário para manter os seus súditos unidos e
com fé. Com raras exceções, um príncipe tido como cruel é mais piedoso do que os que por muita
clemência deixam acontecer desordens que podem resultar em assassinatos e rapinagem, porque
essas consequências prejudicam todo um povo, ao passo que as execuções que provêm desse
príncipe ofendem apenas alguns indivíduos” (MAQUIAVEL, 2002, p. 208). Dessa forma, a soberania
do príncipe dependeria de sua prudência e coragem para romper com a conduta social vigente, a qual
seria incapaz de mudar a natureza dos defeitos humanos. Assim, a originalidade de Maquiavel estaria em
grande parte na forma como lidou com essa questão moral e política, trazendo uma outra visão ao
exercício do poder outrora sacralizado por valores defendidos pela Igreja. Considerado um dos pais da
Ciência Política, sua obra, já no século XVI, tratava de questões que ainda hoje se fazem importantes, a
exemplo da legitimação do poder, principalmente se considerarmos as características do solo arenoso que
é a vida política.

Caminhos para a construção da democracia

A base para a construção de uma relação democrática é sempre o diálogo. A interação entre as pessoas é
feita de maneira horizontal, uma relação entre iguais. Portanto, não se deve negar o outro, senão
estaremos negando a nós mesmos. Devemos (re) conhecer os direitos dos outros, pois assim os
nossos também serão reconhecidos. A liberdade das pessoas somente existe quando todos são
livres ao mesmo tempo, senão não há significado para a liberdade, nem para a autonomia. “A
democracia, modelada sobre o mercado e sobre a desigualdade, é uma farsa bem-sucedida, visto que os
mecanismos por ela acionados destinam-se apenas a conservar a impossibilidade efetiva da democracia.
Se na tradição do pensamento democrático, democracia significa: igualdade, soberania popular,
preenchimento das exigências constitucionais, reconhecimento da maioria e dos direitos da minoria,
liberdade; torna-se óbvia a fragilidade democrática no capitalismo”. (Chauí, 1997). A Educação é
compreendida como uma prática social que pode motivar outros processos sociais, admitindo a
busca pela construção de uma sociedade mais democrática, autônoma e inclusiva. Deve
estabelecer princípios que conduzam não só a formação técnico-científica, que o mundo do trabalho
solicita, mas também a formação do cidadão que uma sociedade democrática e inclusiva estabelece. Na
educação para o bem viver a relação humana necessita ser dialógica. Partindo dessa premissa, o trabalho
docente se constitui na práxis de um sujeito transformador (docente) em interação estabelecida com outro
sujeito (aluno), onde a construção de saberes e significados assinalam e direcionam o processo de
comunicação e entendimento entre ambos na direção de uma emancipação formada no ser social. A
autonomia do docente na gestão pedagógica e democrática em situações de práxis é regulada pela
postura ética e moral. A Educação deve estar empenhada com a realização da pessoa humana, a
preparação para o trabalho e o exercício pleno da cidadania. De acordo com Gilda Lück, o professor é
o gestor do conhecimento, assim como o diretor é o gestor dos processos, bem como o coordenador é o
gestor de talentos e finalmente o administrador é o gestor dos recursos. Portanto, a gestão educacional,
democrática e inclusiva, passa a ser entendida como a organização do trabalho a ser desenvolvido no
campo do conhecimento, do planejamento, da coordenação, e do acompanhamento e avaliação do
processo educativo, alocando recursos necessários para o fiel cumprimento da ação educacional. Em
uma relação democrática, o gestor deve possuir liderança, responsabilidade, autoridade e
competência. “...Um líder é alguém que se identifica e satisfaz as necessidades legítimas de seus
liderados e remove todas as barreiras para que possam servir”. “Você gerencia coisas e lidera
pessoas” (O Monge o e Executivo – James C. Hunter). Quando se fala em satisfazer necessidades, não
se fala em satisfazer vontades pessoais e individuais, fala-se em necessidades coletivas para o bem
comum. Em consequência disso, então pensar projeto, é pensar em algo construído a partir dos resultados
que se vai alcançando, sem deixar de perder de vista os objetivos e conteúdos para o qual nasceu, para
tanto, exige um olhar pesquisador, investigador, tanto do educador quanto da comunidade escolar, em
busca permanente de qualificação e de aperfeiçoamento. Ao construir um projeto, precisamos adotar a
perspectiva globalista na abordagem de problemas, buscar a flexibilidade, antevendo mudanças
em seu plano de trabalho, e manter comunicações francas e autênticas. Trabalhar com projetos é
como reger uma orquestra, onde a razão nos dá a consciência do risco e da incerteza. Trabalhar com
projetos é ter sempre em mente que estamos em uma viagem, superando obstáculos, acertando caminhos
e não em um ponto de chegada. (Amélia Hamze)

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