nmitsuhashi,+12MauroSilva
nmitsuhashi,+12MauroSilva
nmitsuhashi,+12MauroSilva
Introdução
Pretendemos dar alguma contribuição aos debates sobre a divisão interesta-
tal do poder de tributar a renda com argumentos jurídicos estreitamente relacio-
nados com o aprimoramento do direito internacional, principalmente do direito
internacional público, e que podem contribuir para que o direito tributário inter-
nacional possa agregar às influências de noções mais destacadamente econômicas,
como neutralidade e eficiência, o conteúdo jurídico do direito ao desenvolvimen-
to como reflexo da eqüidade e da justiça interestatal.
Relacionamos o direito tributário internacional com o direito ao desenvolvi-
mento para expressar nossa convicção de que a questão do desenvolvimento dos
países não é uma questão que depende apenas da existência de condições inter-
nas favoráveis. É também uma questão relacionada ao cenário internacional, que
tem sido, de fato, absolutamente concentrador da riqueza mundial, afirmação cla-
ramente demonstrada por todas as estatísticas mundiais de desenvolvimento so-
cial.
Essa concentração da riqueza mundial pode ser ainda mais agravada com o
crescimento do comércio eletrônico internacional, pois este faz desaparecer as tra-
dicionais conexões com o território de onde provém o consumo - residência e fonte
de produção - exigindo que sejam “pesquisados novos critérios que permitam atin-
gir o equilíbrio necessário entre as exigências de salvaguarda das instituições de
caráter econômico-jurídico e a ampla gama de oportunidades tecnológicas às quais
podem recorrer aqueles que atuam no ciberespaço”.2
A aproximação do direito tributário internacional da discussão internacional
sobre os direitos humanos, particularmente sobre o direito ao desenvolvimento,
atende à preocupação de Norberto Bobbio: “O problema grave de nosso tempo,
com relação aos direitos do homem, não é mais o de fundamentá-los, e sim o de
protegê-los”,3 acrescentando que “o problema real que temos que enfrentar, con-
tudo, é o das medidas imaginadas e imagináveis para a efetiva proteção desses
direitos”.4
1
O presente artigo é uma síntese de parte da Dissertação de Mestrado de mesmo título que foi sub-
metida, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, à banca examinadora composta pelos professo-
res doutores Luís Eduardo Schoueri (orientador), Alcides Jorge Costa e Hermes Marcelo Huck. Essa
síntese acatou as críticas da banca.
2
Cf. Associação Latino-americana de Integração. Secretaria-Geral. Estudo sobre a Situação Tributária
do Comércio Eletrônico. ALADI/SEC/Estudio 150/Rev. 2. 25 jul. 2003. Disponível em:
<http://www.aladi.org/nsfaladi/estudios.nsf>. Acesso em: 21 set. 2005, p. 68.
3
Cf. BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Cam-
pus, 1992, p. 24.
4
Cf. BOBBIO, op. cit. (nota 3), p. 37.
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 165
25
Cf. TÔRRES, Heleno. Pluritributação Internacional sobre as Rendas das Empresas. 2. ed. São Paulo: RT,
2001, p. 88.
26
Cf. TÔRRES, op. cit. (nota 25), p. 91.
27
Cf. SCHOUERI, Luís Eduardo. “Acordos de Bitributação e Lei Interna - Investimentos na Ilha da
Madeira - Efeitos da Lei nº 9.249/95”. Revista Dialética de Direito Tributário, n. 17, p. 91-127, fev. 1997,
p. 94.
28
Cf. VOGEL, Klaus. Klaus Vogel on Double Taxation Conventions: a Commentary to the OECD. UN and
Us model conventions for the avoidance of double taxation of income and capital. Boston: Kluwer
Law and Taxation Publishers, 1991, p. 6. O trecho pode ser livremente traduzido como: “Com re-
lação à questão de qual critério poderia ser aplicado na divisão entre os Estados dos tributos sobre a
renda e o capital, economista e juristas têm manifestado seus pontos de vista.”
29
Cf. SACCHETTO, Claudio. “Territorialità”. Enciclopedia del Diritto. Itália: Dott. A. Giuffrè, 1992, p.
305.
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 169
30
Cf. MOREIRA JUNIOR, Gilberto de Castro. Bitributação Internacional e Elementos de Conexão no Mo-
delo de Convenção da OCDE em Matéria de Rendimento e Capital. Tese (Doutorado em Direito). São
Paulo: Universidade de São Paulo, 2002, p. 133.
31
Cf. XAVIER, op. cit. (nota 20), p. 239-40. Sobre o abandono do critério da nacionalidade e sua uti-
lização atualmente por Estados Unidos, México e Filipinas, ver: SCHOUERI, Luís Eduardo. “Di-
reito Tributário Internacional. Acordos de Bitributação. Imposto de Renda: Lucros Auferidos por
Controladas e Coligadas no Exterior. Disponibilidade. Efeitos do artigo 74 da Medida Provisória
nº 2.158-35 - Parecer”. In: COSTA, Alcides Jorge; SCHOUERI, Luís Eduardo (Coords.). Direito
Tributário Atual, v. 16. São Paulo: Dialética, 2001, p. 146-160 (p. 164). A inclusão do México entre
os países que ainda utilizam o critério da nacionalidade é corroborada por Carlos M. Giuliani Fon-
rouge em: FONROUGE, op. cit. (nota 18), p. 332. Manuel Pires acrescenta que em Portugal a naci-
onalidade é elemento relevante para a taxa militar, sendo esta um tributo substitutivo do serviço
militar, o que lhe forneceria razão suficiente para estar ligado à nacionalidade (cf. PIRES, Manuel.
Da Dupla Tributação Jurídica Internacional sobre o Rendimento. Lisboa: Centro de Estudos Fiscais, 1984,
p. 259). Na mesma obra do autor português, encontramos a apreciação dos argumentos a favor e
contra o critério da nacionalidade (p. 254-9).
32
Cf. XAVIER, op. cit. (nota 20), p. 23
33
Cf. XAVIER, op. cit. (nota 20), p. 25.
34
UDINA, Manlio. Il Diritto Internazionale Tributario. Padova: Cedam, 1949, p. 58.
170 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
35
Cf. XAVIER, op. cit. (nota 20), p. 24.
36
Cf. SCHOUERI, op. cit. (nota 27), p. 92.
37
Cf. XAVIER, op. cit. (nota 20), p. 29.
38
Não fazemos distinção, para este trabalho, entre residência e domicílio, pois, conforme alertou-nos
Heleno Tôrres, “a distinção entre residência e domicílio para o Direito Tributário Internacional é
desprovida de sentido”, tendo ocorrido pela prática internacional uma “uniformização terminoló-
gica, com a preferência pelo conceito de residência” (cf. TÔRRES, op. cit. (nota 25), p. 127). Nesse
sentido, Manuel Pires ressalta que nas modernas convenções fiscais ocorreu uma substituição da
utilização do termo domicílio pelo termo residência (cf. PIRES, op. cit. (nota 31), p. 222). Entendendo
haver relevância na distinção entre os dois conceitos, encontramos em: XAVIER, op. cit. (nota 20),
p. 252-5.
39
Cf. PIRES, op. cit. (nota 31), p. 220.
40
Cf. VOGEL, Klaus. “Worldwide vs. Source Taxation of Income - a Review and Reevaluation of Ar-
guments”. In: McLURE, Sinn, Musgrave et. al. Influence of Tax Diferencials on International Competiti-
veness, [S.l.]: Kluwer, [19—?], p. 117-166, (p. 127-8).
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 171
41
Para o aprofundamento da discussão sobre o sentido de fonte ver: PINTO, Dale. E-commerce and
Source-based Income Taxation. Doctoral Series, v. 6. Amsterdam: International Bureau of Fiscal Do-
cumentation, 2002, p. 47-56; VASCONCELOS, Roberto França. Tributação do Comércio Eletrônico
Internacional. Tese (Doutorado em Direito). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002, p. 145-7;
VOGEL, op. cit. (nota 40), p. 127-36.
42
Cf. XAVIER, op. cit. (nota 20), p. 269. Ver também PIRES, op. cit. (nota 31), p. 234-5; VASCONCE-
LOS, op. cit. (nota 41), p. 151.
43
Cf. XAVIER, op. cit. (nota 20), p. 270.
44
Cf. XAVIER, op. cit. (nota 20), p. 271.
45
Cf. DORNELLES, op. cit. (nota 23), p. 206.
172 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
46
Cf. GRECO, Marco Aurélio. Internet e Direito. São Paulo: Dialética, 2000, p. 174.
47
Cf. SCHOUERI, Luís Eduardo. “Imposto de Renda e o Comércio Eletrônico”. In: COSTA, Alcides
Jorge; SCHOUERI, Luís Eduardo (Coords.). Direito Tributário Atual, v. 16. São Paulo: Dialética, 2001,
p. 146-160 (p. 156).
48
Cf. VASCONCELOS, op. cit. (nota 41), p. 151-2.
49
Cf. VASCONCELOS, op. cit. (nota 41), p. 202.
50
Cf. VOGEL, Klaus. “Tributação da Renda Mundial”. Cadernos de Direito Tributário e Finanças Públi-
cas, v. 2, n. 7, p. 133-143, abr.-jun. 1994, p. 134.
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 173
51
Cf. SACCHETTO, op. cit. (nota 29), p. 332.
52
Cf. SCHOUERI, op. cit. (nota 47), p. 155.
53
Entendemos Estado Social como “um Estado politicamente ativo, que desempenha funções distri-
butivas, que em última análise desconhece o dualismo entre estado e sociedade” (cf. FERRAZ JU-
NIOR, Tercio. “Guerra Fiscal, Fomento e Incentivo na Constituição Federal”. In: SCHOUERI, Luís
Eduardo; ZILVETI, Fernando Aurélio (Coords.). Direito Tributário: Estudos em Homenagem a Bran-
dão Machado. São Paulo: Dialética, 2001, p. 275-285 (p. 275)). Também se referindo ao Estado So-
cial ver: BALEEIRO, Aliomar. Limitações Constitucionais ao Poder de tributar. Edição revista e amplia-
da, à luz da Constituição de 1988 até a Emenda Constitucional nº 10/1996 por Misabel Abreu Ma-
chado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 8; TIPKE, Klaus. “Fundamentos da Justiça Fiscal”.
In: TIPKE, Klaus; YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e Princípio da Capacidade Contributiva. São Pau-
lo: Malheiros, 2002, p. 13-48, passim.
54
Cf. CARVALHO, op. cit. (nota 17), passim.
55
Cf. BÜHLER, Ottmar. Principios de Derecho Internacional Tributario. Trad. de Fernando Cervera
Torrejon. Madrid: Editorial de Derecho Financiero, 1968, p. 220; SACCHETTO, op. cit. (nota 29),
p. 306.
56
Cf. TÔRRES, op. cit. (nota 25), p. 94.
57
Sobre a universalidade no imposto sobre a renda ver: QUEIROZ, Luís César Souza de. Imposto so-
bre a Renda: Requisitos para uma Tributação Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 99.
58
Cf. BÜHLER, op. cit. (nota 55), p. 220.
174 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
59
Cf. SCHOUERI, op. cit. (nota 27), p. 94.
60
Cf. VOGEL, op. cit. (nota 50), p. 135.
61
Cf. PIRES, op. cit. (nota 31), p. 315.
62
Cf. PIRES, op. cit. (nota 31), p. 309.
63
Cf. DORNELLES, op. cit. (nota 23), p. 205.
64
Sobre paraísos fiscais ver: HUCK, Hermes Marcelo. Evasão e Elisão. Rotas Nacionais e Internacionais
do Planejamento Tributário. São Paulo: Saraiva, 1997.
65
Cf. COSTA, Ramon Valdes. Estudios de Derecho Tributario Internacional. Montevideo: [s.e], 1978, p.
197-8.
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 175
66
Cf. GRIZIOTTI, op. cit. (nota 11), p. 248.
67
Cf. SCHANZ, Georg von. “Zur Frage der Steuerpflicht”. 9 II Finanzarchiv 1, 4, 1982. Apud VOGEL,
op. cit. (nota 40), p. 122. Georg von Schanz referiu-se à pertinência econômica (wirstschaftliche Zu-
gehörigkeit em alemão e economic allegiance em inglês) como um princípio.
68
Cf. PIRES, op. cit. (nota 31), p. 315.
69
O conceito mais difundido de estabelecimento permanente é o contido no art. 5º do Modelo de
Convenção da OCDE: um lugar fixo de negócios, mediante o qual uma empresa realiza toda ou
parte de sua atividade.
176 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
sas pelos estudiosos do direito tributário internacional nas discussões sobre a divi-
são interestatal do poder de tributar a renda.
Antes de prosseguirmos, exporemos nossa compreensão sobre comércio ele-
trônico.
70
Cf. GRECO, op. cit. (nota 46), p. 78. Consultar também: PEREIRA, Alexandre Libório Dias. Comér-
cio Electrónico na Sociedade da Informação: da Segurança Técnica à Confiança Jurídica. Coimbra: Alme-
dina, 1999, p. 14-5.
71
Cf. VASCONCELOS, op. cit. (nota 41), p. 9.
72
Cf. BAPTISTA, Luiz Olavo. “Comércio Eletrônico: uma Visão do Direito Brasileiro”. Revista da Fa-
culdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 94, 1999, p. 83-100 (p. 84-5).
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 177
73
Cf. BUJANDA, Fernando Sainz de. Hacienda y Derecho. v. I, Madrid: Instituto de Estudios Políticos,
1966, p. 476.
74
Cf. FONROUGE, op. cit. (nota 18), p. 334.
75
Cf. SCHOUERI, Luís Eduardo. “Tributação e Cooperação Internacional”. Revista Fórum de Direito
Tributário, v. 2, n. 7, Belo Horizonte, jan.-fev. 2004, p. 25-54, p. 51.
76
Cf. LEE, Chang Hee. Impact of Electronic Commerce on Allocation of Tax Revenue between Developed and
Developing Countries. Organização das Nações Unidas. Secretariat. Ad hoc group of experts on in-
ternational cooperation in tax matters. ST/SG/AC.8/2003/L.9. 17. jun. 2003, parág. 43.
77
Cf. UCKMAR, Victor. “A Relevância Tributária do Comércio Eletrônico”. In: SCHOUERI, Luís
Eduardo (Coord.). Direito Tributário: Homenagem a Alcides Jorge Costa. v. II, São Paulo: Quartier La-
tin, 2003, p. 1.215-1.231 (p. 1.220-1).
78
Cf. COSTA, op. cit. (nota 65), p. 204.
79
Cf. COSTA, op. cit. (nota 65), p. 89.
178 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
84
Cf. AVI-YONAH, Reuven. International Taxation of Electronic Commerce. Ad Hoc Group of Experts on
International Cooperation in Tax Matters. Eleventh meeting. United Nations. ST/SG/AC.8/2003/CRP.9.
15-19 nov. 2003, p. 3.
85
Cf. SCHOUERI, op. cit. (nota 47), p. 154-5.
86
Cf. LEE, op. cit. (nota 76), parág. 44.
87
Cf. UCKMAR, op. cit. (nota 77), p. 1.221.
88
Cf. GRECO, op. cit. (nota 46), p. 48-51. Ver SCHOUERI, op. cit. (nota 75), p. 51-2, com interessan-
te exemplo fornecido por Reuven Avi-Yonah que ilustra a multiplicidade de jurisdições que podem
estar envolvidas no comércio eletrônico.
89
Cf. UCKMAR, op. cit. (nota 77), p. 1.221.
90
Cf. VASCONCELOS, op. cit. (nota 41), p. 18.
180 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
97
Cf. VASCONCELOS, op. cit. (nota 41), p. 17-8.
98
Cf. Associação Latino-americana de Integração, op. cit. (nota 2), p. 68.
99
Cf. Organização para o Desenvolvimento e a Cooperação Econômica. Technical Advisory Group on
Monitoring the Application of Existing Treaty Norms for Taxing Business Profits. Are the current
treaty rules for taxing business profits appropriate for e-commerce?. 26 nov. 2003. Disponível em:
<http://www.oecd.org/dataoecd/2/38/20655083.pdf>. Acesso em: 21 set. 2005, parág. 349.
100
Cf. VASCONCELOS, op. cit. (nota 41), p. 141-2.
101
Cf. VASCONCELOS, op. cit. (nota 41), p. 144.
182 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
107
Cf. PEREIRA, Antonio Celso Alves. “O Direito ao Desenvolvimento no Contexto dos Direitos Hu-
manos”. Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional, n. 77-8, p. 27-41, jan.-mar. 1992, p. 38.
108
Cf. BEDJAOUI, Mohammed. “Le Droit au Développement”. In: BEDJAOUI, Mohammed (Org.).
Droit International: Bilan et Perspectives. Paris: Éditions A. Pedone [1991?], p. 1.247-73 (p. 1.251).
109
Cf. BEDJAOUI, op. cit. (nota 108), p. 1.251.
110
Cf. PERRONE-MOISÉS, Cláudia. “Direitos Humanos e Desenvolvimento: a Contribuição das Na-
ções Unidas”. In: AMARAL JÚNIOR, Alberto; PERRONE-MOISÉS, Cláudia (Orgs.). O Cinqüente-
nário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. São Paulo: Edusp, 1999, p. 180-1.
111
Cf. PERRONE-MOISÉS, op. cit. (nota 106), p. 50.
112
Cf. SENGUPTA, Arjun. “O Direito ao Desenvolvimento como um Direito Humano”. Revista da So-
cial Democracia Brasileira, mar. 2002, p. 64-84 (p. 64-5).
113
Para acesso ao texto desse documento consultar: Organização das Nações Unidas. Assembléia Ge-
ral. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 10 dez. 1948. Disponível em:
<http://www.direitoshumanos.usp.br/counter/declaracao/declaracao_univ.html>. Acesso em: 14 set.
2005. Ver também RANGEL, op. cit. (nota 9), p. 321-45.
184 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
120
Cf. PERRONE-MOISÉS, op. cit. (nota 106), p. 52.
121
Cf. Organização das Nações Unidas. Assembléia Geral. Qüinqüagésimo quinto período de sessões.
Derecho al Desarollo: Nota del Secretario General. A/55/306. 17 ago. 2000. Disponível em:
<http://www.unhchr.ch/huridocda/huridoca.nsf/(Symbol)/A.55.306.Sp?Opendocument>. Acesso
em: 21 set. 2005, parág. 10.
122
Cf. SENGUPTA, op. cit. (nota 112), p. 69.
123
Cf. Organização das Nações Unidas. Conselho Econômico e Social. Comissão de Direitos Humanos.
Tercer Informe del Experto Indepebdiente sobre el Derecho al Desarrollo, Sr. Arjun Sengupta, presentado de con-
formidad con la resolución 200/5 de la Comissión. E/CN.4/2001/WG.18/2. 2 jan. 2001. Disponível em:
http://www.unhchr.ch/huridocda/huridoca.nsf/(Symbol)/E.CN.4.2001.wg.18.2.Sp?Opendocument>.
Acesso em: 21 set. 2005, parág. 33.
124
Cf. Organização das Nações Unidas. Conselho Econômico e Social. Comissão de Direitos Humanos.
Quinto informe del experto independiente en el derecho as desarrollo, Sr. Arjun Sengupta, presentado de conformi-
dad con la resolución 2002/69 de la Comisión. E/CN.4/2002/WG.18/6/Add.1. 31 dez. 2002. Disponível em:
<http://www.unhchr.ch/huridocda/huridoca.nsf/(Symbol)/E.CN.4.2002.wg.18.6.Add.1.Sp?Opendocument>.
Acesso em: 21 set. 2005, parág. 14.
125
Cf. PERRONE-MOISÉS, op. cit. (nota 110), p.182.
186 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
126
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 123), parág. 34.
127
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 123), parág. 35.
128
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 124), parág. 17.
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 187
129
Cf. SENGUPTA, op. cit. (nota 112), p. 83.
130
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 121), parág. 35.
131
Cf. SENGUPTA, op. cit. (nota 112), p. 82.
132
Cf. SENGUPTA, op. cit. (nota 112), p. 82.
133
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 121), parág. 26.
134
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 121), parág. 34.
135
Cf. Organização das Nações Unidas. Conselho Econômico e Social. Comissão de Direitos Humanos. Estu-
dio Preliminar del Experto Independiente en el Derecho al Desarrollo. Sr. Arjun Sengupta, sobre la incidencia de las
cuestiones económicas y financieras internacionales en el ejercicio de los derechos humanos, presentado de conformidad
con las resoluciones 2001/9 y 2002/69 de la Comisión. E/CN.4/2003/WG.18/2. 9 dez. 2002. Disponível em:
<http://www.unhchr.ch/huridocda/huridoca.nsf/(Symbol)/E.CN.4.2003.wg.18.2.Sp?Opendocument>.
Acesso em: 21 set. 2005, parág. 5.
136
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 121), parág. 17.
188 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
137
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 123), parág. 21.
138
Cf. PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes,
1996, passim.
139
Cf. PIRES, op. cit. (nota 31), p. 290.
140
Cf. Organização das Nações Unidas. Conselho Econômico e Social. Comissão de Direitos Huma-
nos. El derecho al desarrollo: la importancia y la aplicación del principio de la equidad, tanto a nivel nacional
como internacional. E/CN.4/2003/25. 30 dez. 2002. Disponível em: <http://www.unhchr.ch/huridoc-
da/huridoca.nsf/(Symbol)/E.CN.4.2003.25.Sp?Opendocument>. Acesso em: 21 set. 2005, parág. 51.
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 189
que eqüidade não deve ser interpretada em abstrato, mas associada à busca por um
resultado eqüitativo.141
Klaus Vogel usa eqüidade como sinônimo de justiça, assinalando que faz a
ponte entre o mundo da moral e o mundo do direito e advertindo que não é pos-
sível demonstrar, como se faz com fatos empíricos, que algo é eqüitativo.142
Ainda que não seja encontrada uma definição de eqüidade adotada pelas
Nações Unidas, é possível observarmos em vários instrumentos, observações e re-
comendações daquele organismo internacional referências à eqüidade. Também
nas decisões dos principais órgãos das Nações Unidas, nos informes dos peritos
internacionais designados pela Comissão de Direitos Humanos e na Declaração do
Milênio há referências à eqüidade. Particularmente nessa declaração é reconheci-
da a responsabilidade coletiva de manter os princípios da dignidade humana, a
igualdade e a eqüidade em escala mundial.143
Conforme Klaus Vogel apontou, foi o economista Richard A. Musgrave o pri-
meiro a distinguir os dois principais aspectos da discussão sobre a tributação in-
ternacional da renda: a neutralidade e a eqüidade. Ocorre que neutralidade é mais
destacadamente um aspecto econômico, enquanto eqüidade tem sido estudada há
mais de dois séculos por juristas que adquiriram conhecimento de como é estru-
turada e funciona tal idéia.144 Ocorre também que, como apontado por John Due,
todos os impostos têm alguns efeitos contrários à neutralidade.145 Ademais, não
podemos desconhecer a função retórica e ideológica do termo neutralidade, cons-
tituindo-se muitas vezes, conforme aponta o professor da Faculdade de Direito da
Universidade Nacional de Seul, Chang Hee Lee, num pacote retórico utilizado
pelos países desenvolvidos para justificar a tributação pela residência e aumentar
sua parcela na divisão do poder de tributar a renda.146
141
Cf. Corte Internacional de Justiça. Continental Shelf (Tunisia/Libyan Arab Jamahiriya). 24 fev. 1982.
Disponível em : http://www.icj-cij.org/icjwww/idecisions.htm>, Acesso em 21 set. 2005, par. 70-1.
142
Cf. VOGEL, op. cit. (nota 40), p. 152.
143
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 118), parág. 51. O texto da Declaração do Milê-
nio é expresso em afirmar que “[Nós, Chefes de Estado e de Governo] reconhecemos que, além das
responsabilidades que temos em relação às nossas sociedades, incumbe-nos a responsabilidade co-
letiva de respeitar e defender os princípios da dignidade humana, da igualdade e da eqüidade em
plano mundial.” (Cf. Organização das Nações Unidas. Assemblea General. Declaración del Milênio.
A/RES/55/2. 13 set. 2000. Disponível em: <http://www.unhchr.ch/development/group-02.html>.
Acesso em: 29 jan. 2004, parág. 2)
144
Cf. VOGEL, op. cit. (nota 40), p. 117-8. Também Dale Pinto, professor australiano, assume tal en-
tendimento em: PINTO, op. cit. (nota 41), p. 32.
145
Cf. DUE, John F. Análisis Económico de los Impuestos en el Cuadro General de las Finanzas Públicas. Bue-
nos Aires: El Ateneo, 1968, p. 79. É o mesmo autor que nos fornece uma noção de neutralidade como
um dos “princípios essenciais de todo sistema impositivo” que estabelece que a estrutura impositi-
va deve ser concebida de tal forma que elimine toda a interferência no objetivo de uma ótima dis-
tribuição e uso dos recursos e, se possível, contribua para esse objetivo sem alterar a preferência dos
indivíduos (p. 77).
146
Cf. LEE, op. cit. (nota 76), parág. 42 e 57.
147
Consenso de Monterrey é o nome dado ao acordo da Conferência Internacional sobre o Financia-
mento do Desenvolvimento (CIFD), realizada na cidade mexicana de Monterrey de 18 a 22 de março
de 2002.
190 DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19
148
Cf. Organização das Nações Unidas. Informe de la Conferencia Internacional sobre la Financiación
para el Desarrollo. Monterrey (México), mar. 2002. A/CONF.198/11. Disponível em:
<http://www.unhchr.ch/development/group-02.html>. Acesso em: 29 jan. 2004, parág. 01-04.
149
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 148), parág. 04.
150
Cf. Organização das Nações Unidas. Secretariat. Ad hoc group of experts on international coope-
ration in tax matters. Eleventh meeting. Institucional Framework for International Tax Cooperation.
ST/SG/AC.8/2003/L.6. 19 ago. 2003, parág. 22.
151
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 148), parág. 10.
152
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 150), parág. 22.
DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 19 191
7. Considerações Finais
A adoção do critério da fonte do pagamento, com fundamento no direito ao
desenvolvimento, pode ser vista como um instrumento a ser utilizado no caminho
que deve tomar a comunidade internacional para resolver o “problema de forne-
cer garantias válidas para aqueles direitos [humanos], mas também de aperfeiçoar
o conteúdo da Declaração [Universal dos Direitos Humanos], articulando-o, espe-
cificando-o, atualizando-o, de modo a não deixá-lo cristalizar-se e enrijecer-se em
fórmulas tanto mais solenes quanto mais vazias”.155 Cientes de que “a efetivação
de uma maior proteção dos direitos do homem está ligada ao desenvolvimento
global da civilização humana”,156 também observamos que a adoção prioritária do
critério da fonte do pagamento pode servir para que o direito ao desenvolvimen-
to escape das críticas que já foram feitas à outra dimensão de direitos, a dos direi-
tos sociais, quanto à sua inexeqüibilidade.157
Encerramos com a expectativa de que a visão que oferecemos do tema tenha
colaborado para suscitar o surgimento de novas pesquisas que possam investigar
a validade de nossa proposição de que o direito ao desenvolvimento, seja pela obri-
gação de cooperação internacional surgida com a sua afirmação como direito hu-
mano de terceira dimensão, seja pelo seu conteúdo jurídico ligado à eqüidade e à
justiça, está apto a ser considerado como fundamento da adoção da fonte do pa-
gamento como critério prioritário na divisão interestatal do poder de tributar a
renda.
153
Cf. Organização das Nações Unidas, op. cit. (nota 143), parág. 06 e 13.
154
Cf. JOSEPH, Ghislain T.J. Electronic Commerce and Developing Countries. 16 dez. 2003.
ST/SG/AC.8/2003/CRP. 9/Add.1. Genebra: Organização das Nações Unidas, 2003, parág. 56-8.
155
Cf. BOBBIO, op. cit. (nota 3), p. 34.
156
Cf. BOBBIO, op. cit. (nota 3), p. 45.
157
Cf. BOBBIO, op. cit. (nota 3), p. 24.