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CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO REAL

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

BIANCA NASSAR

PANCREATITE AGUDA IDIOPÁTICA EM CÃO DA RAÇA YORKSHIRE – RELATO


DE CASO

GUARAPUAVA-PR

2022
BIANCA NASSAR

PANCREATITE AGUDA IDIOPÁTICA EM CÃO DA RAÇA YORKSHIRE – RELATO


DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Medicina
Veterinária do Centro Universitário Campo
Real, como parte das exigências para a
conclusão do Curso de Graduação em
Medicina Veterinária.

Professor Orientador: Helton Felipe


Stremel

GUARAPUAVA- PR

2022
FICHA CATALOGRÁFICA
TERMO DE APROVAÇÃO

Centro Universitário Campo Real


Curso de Medicina Veterinária
Relatório Final de Estágio Supervisionado
Área de estágio: Clínica médica e cirúrgica de pequenos animais.

PANCREATITE AGUDA IDIOPÁTICA EM CÃO DA RAÇA YORKSHIRE – RELATO


DE CASO

Acadêmico: Bianca Nassar


Orientador: Helton Felipe Stremel
Supervisor: Renata Severo Perez

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado e aprovado com nota


____________ (__, __) para obtenção de grau no Curso de Medicina Veterinária, pela
seguinte banca examinadora:

Prof. (a) orientador (a): Helton Felipe Stremel

Prof. (a): Patrícia Diana Schwarz

Prof. (a): Yana Fonseca

Novembro de 2022
Guarapuava- PR
Dedico este trabalho aos meus pais Janete de Jesus Bonassoli e Luiz Paulo Nassar,
minhas bases, que sempre me apoiaram e incentivaram a estudar e buscar ser
melhor. Aos meus avós, os quais sempre mostraram seu orgulho e incentivo a mim.
Dedico também ao meu namorado, Geovane Schulze Lopes, o qual sempre me fez
ir atrás dos meus sonhos e acreditou no meu potencial, as minhas queridas amigas
da graduação Ana Luiza Paschoal Costa e Fernanda Cristina de Mello, por toda
paciência, carinho e risadas as quais compartilhamos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por estar comigo durante todo o tempo da faculdade
e por ter me dado a energia para cumprir com minhas obrigações.

Aos meus pais, Janete e Luiz Paulo por todo apoio, conselhos amor e dedicação a
mim prestados.

A minha mãe, por ser meu exemplo em tudo o que faz, por ser a mulher guerreira e
forte, que nunca se deixa abalar e ser minha base, por sempre saber demonstrar seu
amor, carinho e cuidado.

Aos meus avós, os quais sempre estiveram presentes nesta caminhada. Em especial
ao meu avô Auri, o qual sempre esteve comigo e sempre demonstrou seu orgulho e
interesse, gostaria muito de tê-lo comigo neste momento, saudades.

Agradeço imensamente ao Professor Helton, meu orientador, chefe e amigo, por todos
os inúmeros ensinamentos, conselhos e risadas. Se hoje eu amo a clínica médica, a
culpa é sua.

Ao meu cachorro Ted, que foi cobaia durante a faculdade, paciente e amigo, que sabe
amar e demonstrar amor em todos os seus jeitinhos, por sua companhia em todas as
noites dedicadas a este trabalho.

A minhas amigas e companheiras de sala de aula, Ana Luiza e Fernanda, por nunca
me deixarem desistir, por todas as noites de trabalhos e estudos sem fim, pelas
risadas e choros, festas e noites de cachorro-quente.

Ao meu namorado, Geovane por ser meu companheiro nos momentos bons e ruins,
por mesmo não sendo sua área favorita de trabalho, ir trabalhar comigo nos finais de
semana e me ajudar a cuidar dos animais.

Ao departamento veterinário RealVet, onde tive o prazer de ser monitora e


acompanhar a rotina durante um ano, por tudo o que aprendi, tanto na veterinária
como pessoalmente.

Aos veterinários os quais tive o prazer de conhecer e acompanhar durante a


faculdade, obrigada por todos os ensinamentos a mim passados, vocês com certeza
fizeram toda a diferença.
Tenha em você todos os sonhos do
mundo e conquiste cada um. Sabemos o
que somos, mas não sabemos o que
podemos ser.”
(William Shakespeare)
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Clínica Veterinária Alegrepet ................................................................................ 13


Figura 2. Radiografia em cão da raça Pastor Alemão, macho, 7 anos, submetido a
colocefalectomia. ................................................................................................................. 18
Figura 3. Ulcera de córnea, causada por trauma em cão da raça Shih-tzu, realizado o
procedimento de flap de córnea. .......................................................................................... 19
Figura 4. Passagem de sonda nasogastrica para nutrição enteral em felino com Lipidose
hepática. .............................................................................................................................. 19
Figura 5. Celiotomia exploratória e retirada de tumor em região de duodeno, com aderência
a órgãos próximos, em cão da raça Cone Corso, com dois anos de idade. ......................... 20
Figura 6. Representação da localização do pâncreas e a sua relação anatómica com os
restantes órgãos da cavidade abdominal, na espécie canina. ............................................. 23
Figura 7. Posição de prece. ................................................................................................ 28
Figura 8. Imagem ultrassonográfica do pâncreas normal de um cão, indicado por setas
brancas. ............................................................................................................................... 32
Figura 9. Imagem ultrassonográfica do pâncreas acometido por pancreatite aguda ........... 38
Figura 10. Aplicação de laseterapia ILIB, para auxilio no tratamento de pancreatite aguda. 39
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Atendimentos acompanhados durante o estágio no período de 01 de agosto à 29


de outubro de 2022. ............................................................................................................. 15
Tabela 2. Avaliações diagnósticas acompanhadas no estágio ............................................ 16
Tabela 3. Afecções dermatológicas. .................................................................................... 16
Tabela 4. Afecções no sistema musculo esquelético. .......................................................... 16
Tabela 5. Afecções oftalmológicas ...................................................................................... 17
Tabela 6. Afecções pulmonares e cardíacas. ...................................................................... 17
Tabela 7. Afecções no sistema digestório. .......................................................................... 17
Tabela 8. Afecções do sistema urinário. .............................................................................. 17
Tabela 9. Afecções do sistema reprodutor. ......................................................................... 18
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AINE – Anti inflamatório não esteroidal

ALT – Aminotransferase

AST – Aspartato aminotransferase

BID – Duas vezes ao dia

CCK – Colescistocinina

CID – Coagulação intravascular disseminada

FA – Fosfatase alcalina

DM – Diabete mellitus

ECC – Escore de condição corporal

HAC – Hiperadrenocorticismo

ILIB – Intravascular laser Irradiation of Blood

IPE – Insuficiência pancreática exócrina

IV – Intravenoso

LPC – Lipase pancreática canina

KG – Quilograma

MG – Micrograma

NE – Nutrição enteral

OH – Ovariohisterectomia

PC – Pancreatite crônica

PH – Potencial Hidrogênionico

SC – Subcutâneo

SID – A cada 24 horas


SIR – Resposta inflamatória sistêmica

TGI – Trato gastrointestinal

U.I – Unidades Internacionais


RESUMO

O presente Trabalho mostra as atividades desenvolvidas do período de 01 de agosto


a 29 de outubro de 2022 na Clínica Veterinária Alegrepet, dentro da disciplina de
estágio obrigatório e TCC. As atividades desenvolvidas foram na Área de Clínica
Médica e Cirúrgica de pequenos animais sob a orientação do professor Helton Felipe
Stremel e supervisão da médica veterinária Renata Severo Perez. Neste trabalho
serão descritas as atividades realizadas no Estágio, além da descrição da Clínica
Veterinária Alegrepet, a descrição e revisão bibliográfica do caso clínico
acompanhado. O pâncreas é um órgão importante para o metabolismo animal, sendo
sua função principal a secreção de enzimas as quais auxiliam na absorção de
nutrientes e vitaminas pelo sistema digestório e hormônios os quais auxiliam na
regulação do metabolismo. A pancreatite é uma doença bastante comum na clínica
de pequenos animais. Pode-se apresentar a pancreatite como aguda ou crônica,
ambas se não tratadas podem levar o animal a óbito. Os sinais clínicos apresentados
são bastante inespecíficos, como vómitos, inapetência e dores abdominais. O
diagnóstico é feito com base em exames laboratoriais e de imagem, como a dosagem
da enzima lipase e a ultrassonografia. O tratamento se baseia no uso de analgésicos,
protetores gástricos, nutrição adequada, antibióticos se necessário e suplementação
nutricional.

Palavras-chave: Pâncreas. Idiopático. Pancreatite.


SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA E PERÍODO DE ESTÁGIO ......................................... 13


1.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO ........................................................................ 13
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO ............................................... 14
2.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ................................................................................... 14
2.2 CASUÍSTICA ................................................................................................................. 15
3 REFERÊNCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 22
3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 22
3.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS ................................................................. 23
3.3 ETIOLOGIA ................................................................................................................... 24
3.4 FISIOPATOLOGIA ......................................................................................................... 25
3.4.1 Pancreatite aguda ..................................................................................................... 25
3.4.2 Pancreatite crônica ................................................................................................... 26
3.5 EPIDEMIOLOGIA .......................................................................................................... 27
3.6 SINAIS E SINTOMAS .................................................................................................... 27
3.7 DIAGNÓSTICO .............................................................................................................. 29
3.7.1 Exame clinico ............................................................................................................ 29
3.7.2 Hemograma e bioquímicos ...................................................................................... 29
3.7.3 Imunoreatividade a tripsina...................................................................................... 30
3.7.4 Urinálise..................................................................................................................... 30
3.7.5 Histopatológico ......................................................................................................... 31
3.7.6 Exames de imagem ................................................................................................... 31
3.8 TRATAMENTO .............................................................................................................. 32
3.8.1 Proteção gástrica ...................................................................................................... 32
3.8.2 Fluidoterapia ............................................................................................................. 33
3.8.3 Antieméticos ............................................................................................................. 33
3.8.4 Analgesia ................................................................................................................... 34
3.8.5 Nutrição ..................................................................................................................... 34
3.8.6 Antibioticoterapia ..................................................................................................... 35
3.8.7 Cirurgia ...................................................................................................................... 35
3.8.8 Laserterapia .............................................................................................................. 35
3.8.9 Prognóstico ............................................................................................................... 36
4 RELATO DE CASO .......................................................................................................... 37
5 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 44
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 45
CAPÍTULO I – DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO
13

1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA E PERÍODO DE ESTÁGIO

1.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

O estágio Curricular foi realizado na Clínica Veterinária Alegrepet, no período


de 01 de agosto a 29 de outubro de 2022, com carga horária semanal de 30 horas,
totalizando 400 horas obrigatórias.
A Clínica foi fundada em 2012, situa-se na rua Coronel Lustosa, nº 942, Centro
(Figura 1), na cidade de Guarapuava-PR. Seu horário de funcionamento é de segunda
a sexta feira das 9h00min às 18h e no sábado das 9h00min às 13h00min.
O atendimento é feito voltado somente a pequenos animais, como: clínica e
cirurgia geral, vacinação, exames de radiografia, ultrassonografia, ecocardiograma,
eletrocardiograma com apoio de veterinários volantes e internamento. A clínica conta
com dois médicos veterinários, a médica veterinária Renata Severo Perez e o médico
veterinário Lucas José Paluski formado pelo Centro Universitário Campo Real.
A responsável pela clínica e também supervisora de estágio é a médica
veterinária Renata Severo Perez, formada pela Universidade da Região da Campanha
em Alegrete-RS URCAMP, mestre em ciências veterinárias pela Universidade
Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO.

Figura 1. Clínica Veterinária Alegrepet

Fonte: Autora (2022).


14

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO

2.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

Durante o estágio na Clínica Veterinária Alegrepet, foi acompanhada a rotina


de clínica médica e cirúrgica na área de pequenos animais, sempre sob a supervisão
dos médicos veterinários atuantes no local.
As atividades realizadas durante o estágio eram o acompanhamento de
consultas, onde era possível auxiliar no exame físico, contenção dos animais para
exames e coleta de materiais biológicos (sangue, urina e raspado de pele). Era de
responsabilidade dos estagiários a limpeza das baias e gaiolas dos animais internados
ou em hotel, administração de medicamentos e auxílio em procedimentos cirúrgicos,
de rotina ou emergência.
Em procedimentos cirúrgicos era possível auxiliar as cirurgias em geral que
ocorriam na clínica, onde os estagiários eram encarregados de montar o centro
cirúrgico antes do procedimento com os equipamentos necessários e organizá-lo
novamente após o término, ajudar na anestesia e nos cuidados com o pós-operatório
do paciente.
Na clínica foi possível acompanhar a realização exames de Radiografia,
Ultrassonografia, Ecocardiograma e Eletrocardiograma, realizados por médicas
veterinárias atuantes como volantes na cidade, onde a principal função era a
contenção dos animais. A maioria dos exames realizados eram radiografias e
eletrocardiograma, como exame pré-operatório dos animais com suspeita de alguma
patologia, mas também eram realizados bastante exames para diagnóstico de fraturas
ou alterações pulmonares.
As principais atividades realizadas eram as vacinações, nos cães eram feitas
principalmente com a vacina V10 (Vanguard Plus®), sendo a primeira dose realizada
aos 45 dias de vida e outras duas doses a cada 21 dias, posteriormente realizado o
reforço anual; a da raiva (Nobivac®), com a primeira dose aos seis meses de vida e
depois realizado o reforço anual; A de Giárdia (Zoetis®) com a primeira dose aos seis
meses de vida e depois feito o reforço anual e também a vacina para gripe canina
(Pneumodog®), feita por via oral após a oitava semana de vida do animal e
posteriormente realizado o reforço anual. Nos felinos era realizada a aplicação da
vacina V5 (Zoetis®), a partir dos 60 dias de vida, repetida aos 21 e 30 dias, depois
15

aplicação anual e também a vacina da raiva (Nobivac®), a partir dos 6 meses e depois
o reforço anual.
Dentre os procedimentos cirúrgicos mais acompanhados encontram-se a
tartarectomia, a ovariohisterectomia (OH), a orquiectomia e a exérese de tumores.

2.2 CASUÍSTICA

Durante o período de 01 de agosto a 29 de outubro de 2022 na Clínica


Veterinária Alegrepet, foram acompanhados 17 procedimentos cirúrgicos, 39
imunizações, 51 consultas, 45 exames de imagem e 14 internamentos.
Entre os procedimentos cirúrgicos acompanhados os principais foram
ovariohisterectomia eletiva (OH), orquiectomia eletiva, limpeza de tártaro, alguns
casos chamaram atenção como a radiografia de uma colocefalectomia realizada em
um cão atropelado (Figura 2), uma ulcera de córnea causada por trauma em um cão,
onde foi realizado o procedimento de flap oftálmico (Figura 3), passagem de sonda
nasogastrica em felino acometido por Lipidose hepática (Figura 4) e Celiotomia
exploratória em cão, onde no procedimento foi retirado um tumor em região de
duodeno, aderido a órgãos próximos (Figura 5).
As tabelas abaixo mostram os atendimentos, exames e procedimentos
cirúrgicos realizados durante o período de estágio, separados entre si de acordo com
o sistema acometido.
Tabela 1. Atendimentos acompanhados durante o estágio no período de 01 de agosto à 29 de
outubro de 2022.

Atendimentos acompanhados durante o estágio


Atendimentos Caninos Felinos
Clínico 41 10
Cirúrgico 15 2
Eutanásia 2 0
Internamento 11 2
Laserterapia 7 0
Transfusão de sangue 1 1
Quimioterapia 2 0
Vacinas 29 10

Total 108 25

Fonte: Autora (2022).


16

Tabela 2. Avaliações diagnósticas acompanhadas no estágio.

Avaliações diagnósticas acompanhadas no estágio


Procedimentos Caninos Felinos
Coleta de sangue 21 5
Coleta de urina 2 0
Eletrocardiograma 7 0
Radiografia 17 3
Raspado de pele 1 1
Snaptest cinomose 1 0
Snaptest Fiv/felv 0 4
Ultrassonografia 15 3

Total 64 16

Fonte: Autora (2022).

Tabela 3. Afecções dermatológicas.

Afecções dermatológicas acompanhadas no estágio


Procedimentos Caninos Felinos
Exérese de tumor em coxim 1 0
Dermatite fungica 1 0
Mastectomia unilateral 1 0
Otite bacteriana 5 0
Piodermite profunda 0 1
Retirada de espinhos de ouriço 2 0
Retirada de tungiase 1 0

Total
11 1

Fonte: Autora (2022).

Tabela 4. Afecções no sistema músculo esquelético.

Afecções músculo esqueléticas acompanhadas no estágio


Procedimentos Caninos Felinos
Caudectomia 1 0
Colocefalectomia 1 0
Displasia coxofemoral canina 3 0
Herniorrafia perineal 1 0
Lesão em coluna sacral 1 0
Órtese memb. Dianteiro 1 0

Total 8 0

Fonte: Autora (2022).


17

Tabela 5. Afecções oftalmológicas

Afecções oftalmológicas acompanhadas no estágio


Procedimentos Caninos Felinos
Calázio ou cisto granulomatoso 1 0
Enucleação 0 2
Flap de terceira pálpebra 2 0

Total 3 2

Fonte: Autora (2022).

Tabela 6. Afecções pulmonares e cardíacas.

Afecções pulmonares e cardíacas acompanhadas no estágio


Procedimentos Caninos Felinos
Tosse dos canis 4 0
Traqueite 1 0
Rinotraqueite 0 1

Total 5 1

Fonte: Autora (2022).

Tabela 7. Afecções no sistema digestório.

Afecções no sistema digestório acompanhadas no estágio


Procedimentos Caninos Felinos
Celiotomia exploratória 1 0
Extração de dente 1 0
Fistula dentária 1 0
Intoxicação alimentar 3 0
Intoxicação medicamentosa 1 0
Lipidose hepática 0 1
Pancreatite 1 1
Periodontite 0 1
Tartarectomia 7 0
Verminose 1 0

Total 17 3

Fonte: Autora (2022).

Tabela 8. Afecções do sistema urinário.

Afecções do sistema urinário acompanhadas no estágio


Procedimentos Caninos Felinos
Insuficiência renal crônica 1 0
Lavagem de bexiga urinária 1 2
Mineralização renal 1 0
Diochriophyma renale 1 0
Obstrução Uretral 0 2
0
Total 4 5

Fonte: Autora (2022).


18

Tabela 9. Afecções do sistema reprodutor.

Afecções do sistema reprodutor acompanhadas no estágio


Procedimentos Caninos Felinos
Ovariohisterectomia eletiva 2 1
Orquiectomia eletiva 4 3
Maceração fetal 1 0
Piometra 1 0

Total 8 4

Fonte: Autora (2022).

O caso de pancreatite aguda foi escolhido devido a sua distinção entre os


demais casos acompanhados, mesmo sendo comum na rotina de clinica medica de
pequenos animais, a pancreatite é uma doença a qual necessita de medicações e
cuidados regrados, para que o tratamento ocorra da melhor forma, visando o bem-
estar e melhora rápida do quadro apresentado pelo animal, melhorando sua qualidade
de vida, o que evidencia a necessidade do acompanhamento de um veterinário e
comprometimento dos tutores com o terapêutica e manejos recomendados.

Figura 2. Radiografia em cão da raça Pastor Alemão, macho, 7 anos, submetido a colocefalectomia.

Fonte: Autora, (2022).


19

Figura 3. Ulcera de córnea, causada por trauma em cão da raça Shih-tzu, realizado o procedimento
de flap de córnea.

Fonte: Autora, (2022).

Figura 4. Passagem de sonda nasogastrica para nutrição enteral em felino com Lipidose hepática.

Fonte: Autora, (2022).


20

Figura 5. Celiotomia exploratória e retirada de tumor em região de duodeno, com aderência a órgãos
próximos, em cão da raça Cone Corso, com dois anos de idade.

Fonte: Autora, (2022).


21

CAPITULO II – DESCRIÇÃO TEÓRICA


PANCREATITE AGUDA IDIOPÁTICA EM CÃO DA RAÇA YORKSHIRE – RELATO
DE CASO
22

3 REFERÊNCIAL TEÓRICO

3.1 INTRODUÇÃO

O pâncreas é considerado uma glândula mista, formada por uma porção


exócrina e uma endócrina, as quais são responsáveis respectivamente pela produção
de enzimas digestivas e hormônios (CARDOSO, 2015). Tem como sua função
principal a secreção de enzimas, as quais ajudam na absorção de nutrientes,
vitaminas e minerais pelo sistema digestório, além de secretar hormônios, como a
insulina e o glucagon os quais auxiliam na regulação do metabolismo (MARCATO,
2010).
A pancreatite é uma doença frequente em cães, caracterizada por sinais
gastrointestinais discretos e intermitentes, podendo levar a perda gradual do
parênquima pancreático e das funções exócrinas e endócrinas, pode se apresentar
de forma aguda ou crônica (CÂMARA, 2018).
Segundo Nascimento (2010), a pancreatite é a doença mais comum do
pâncreas exócrino e frequentemente está na rotina da clínica médica de pequenos
animais, normalmente se apresenta com um quadro inespecífico, com alterações
gastrointestinais e em outros sistemas, exigindo cuidados e manejos específicos para
o sucesso do tratamento. De acordo com Carvalho (2019), a pancreatite pode
acometer cães e gatos, animais de meia idade ou muito idosos, tem predisposição de
ocorrer em cães das raças Terrier, Schnauzer miniatura, Labrador Retriever e Husky.
A pancreatite pode ocorrer de duas formas, aguda e crônica. A forma aguda
tende a acontecer após a ingestão de alimentos gordurosos, medicamentos ou
trauma, já a crônica acontece quando ocorre a substituição do parênquima
pancreático por fibrose levando a destruição do pâncreas, podendo causar episódios
de agudização (OLIVEIRA, 2021). Na pancreatite aguda podem ocorrer complicações
como a coagulação intravascular disseminada (CID), falência renal, arritmias
cardíacas, choque e peritonite. Já na crônica podem ocorrer alterações pancreáticas
irreversíveis (BERGOLI, 2007). As alterações sofridas na pancreatite crônica podem
levar ao desenvolvimento de outras doenças, como da diabete Mellito (DM) ou a
Insuficiência pancreática exócrina (IPE), as quais ocorrem devido à grande extensão
da inflamação do órgão (NÓBREGA, 2015).
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é a realização do relato de caso de um
paciente atendido na Clínica Veterinária Alegrepet, juntamente com uma revisão
23

bibliográfica, para adquirir maior conhecimento sobre a pancreatite em cães, desde a


anatomia, fisiologia, etiopatogenia, sinais clínicos, diagnóstico e tratamento.

3.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS

Anatomicamente o pâncreas tem relação com o estômago, fígado e o


duodeno, situando-se na curvatura cranial do duodeno (WILLIANS, 2001). O pâncreas
é uma glândula em forma de “V” invertido, se divide em lobo direito e esquerdo, sendo
o lobo direito localizado no mesoduodeno, se estendendo caudalmente até a quarta
vertebra lombar e o lobo esquerdo se situa no interior do omento maior, estendendo-
se caudalmente é a extremidade cranial do rim esquerdo (OLIVEIRA, 2009). Em cães
o ducto pancreático ventral se abre no duodeno, adjacente ao ducto biliar, o qual forma
uma elevação conhecida como papila duodenal maior (Figura 6), para a liberação de
secreções digestivas (CARDOSO, 2015).
Segundo Nascimento (2010), o pâncreas tem uma vascularização abundante,
feita através de artérias esplênicas e pancreáticas duodenais, o sangue venoso é
drenado através da veia porta hepática. De acordo com Almeida (2014), é uma
glândula mista, formada de tecido exócrino e endócrino.

Figura 6. Representação da localização do pâncreas e a sua relação anatómica com os restantes


órgãos da cavidade abdominal, na espécie canina.

Fonte: Mansfield, (2012).


24

A estimulação das secreções pancreáticas pode se dividir em três fases, a


fase cefálica, iniciada pela visão, olfato e antecipação pelo alimento, a fase gástrica
onde ocorre a distensão do estomago pela chegada do alimento e a fase intestinal, a
qual é considerada a mais intensa, iniciada pela distensão duodenal (CUNHA, 2017).
A parte exócrina é a maior, responsável por produzir e secretar enzimas
digestivas e bicarbonato no duodeno, essas enzimas necessitam de um pH alcalino
para realizar a digestão inicial dos alimentos, por isso ocorre a secreção simultânea
do bicarbonato de sódio (NELSON e COUTO, 2015). De acordo com Carvalho (2019),
enzimas digestivas são produzidas pelo pâncreas conforme a estimulação do
hormônio colescistocinina (CCK), produzido quando há a presença de gorduras e
aminoácidos no duodeno, as enzimas têm como função a digestão dos amidos
(amilase), triglicerídeos (lipase) e proteínas (tripsinogênio, quimiotripsinogenio e
profosfolipases).
Dentre as enzimas do suco pancreático as proteolíticas vêm de precursores
inativos conhecidos também como zimógenos os quais precisam ser ativados no
lúmen intestinal para desempenhar bem sua função. A inativação dessas enzimas
deve ser garantida para impedir a digestão do próprio órgão, isso ocorre pela presença
dos grânulos de zimogênio e a produção de inibidores de tripsina (SOUSA, 2021).
A produção endócrina do pâncreas ocorre nas ilhotas endócrinas ou ilhotas
de Langerhans, as quais são responsáveis pelo metabolismo de carboidratos, com a
produção de insulina, glucagon e gastrina (DYCE, 2010). Cada ilhota tem quatro tipos
de células: Células Beta (β) as quais tem função de produzir insulina, fazer síntese de
proteínas e lipídeos, as células alfas (α) fazem glicogenolise e gliconeogênese,
mantendo normais os níveis de glicose, células delta (δ) que sintetizam somatostatina,
responsável pelo hormônio do crescimento e células “F” que sintetizam o polipeptideo
pancreático que controla a secreção pancreática (OLIVEIRA, 2021).

3.3 ETIOLOGIA

A inflamação do pâncreas é chamada de pancreatite e essa doença, quando


não tratada pode levar a outros problemas, tais como a diabetes ou em casos mais
graves a autodestruição do órgão, podendo afetar o fígado e a corrente sanguínea, o
que provoca dores intensas e até o óbito do paciente (MACK, 2020). A pancreatite é
tida como a principal doença do pâncreas, porém estima-se que 90% dos casos de
pancreatite são classificados como idiopáticos (BERGOLI, 2007).
25

Segundo Donato (2015), a nutrição errônea, alguns fármacos, refluxo


duodenal, trauma, isquemia e fatores genéticos são causas que podem desencadear
o desenvolvimento da enfermidade.
De acordo com Carvalho (2019), a pancreatite pode acometer cães e gatos,
animais de meia idade ou muito idosos, tem predisposição de ocorrer em cães das
raças Terrier, Schnauzer miniatura, Labrador Retriever e Husky. Conforme Nelson e
Couto (2015), a predisposição genética do Schnauzer miniatura, pode ocorrer por
falha em mecanismos inativadores de enzimas, como mutação no gene produtor de
tripsina.
A diabete mellitus (DM), hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo (HAC) ou
outras doenças endócrinas tendem a aumentar o risco de pancreatite grave, porém,
não se pode excluir a hipertrigliceridémia associada a endocrinopatias, que pode ser
mais um fator de risco significativo (MARQUES, 2015).
O manejo inapropriado da alimentação, falta de exercícios físicos e obesidade
pode levar ao desenvolvimento da pancreatite em cães, apesar de não ter um
mecanismo esclarecido, comumente ocorrem relatos de animais com pancreatite
tendo dietas irregulares e sobrepeso (NASCIMENTO, 2021).
O trauma abdominal é um importante fator para o desenvolvimento de
pancreatite, como quedas, colisões ou até manipulação cirúrgica, apesar desta ser
pouco provável (CARDOSO, 2015). Segundo Oliveira (2009), a pancreatite pode ter
origem tóxica, quando causada por fármacos como as tetraciclinas, furosemida,
azatioprina, sulfonamidas entre outras.

3.4 FISIOPATOLOGIA

A pancreatite pode se dividir em aguda e crônica e tem seus critérios


baseados na medicina humana, sendo a aguda considerada aquela de início súbito e
reversível, enquanto a crônica é a inflamação continua, frequentemente subclínica do
pâncreas, normalmente acompanhada de alterações irreversíveis (SIMONETTI,
2011).

3.4.1 Pancreatite aguda

A pancreatite aguda é tida como um processo inflamatório agudo do pâncreas,


neste processo pode ocorrer o envolvimento ou não, de outros tecidos e órgãos
localizados próximo ao pâncreas, é considerada como reversível (CARVALHO, 2019).
26

Em casos mais leves a pancreatite é autolimitante, sem que ocorra comprometimento


vascular ou complicação multissistêmica pode ser considerada uma recuperação
descomplicada (MARCATO, 2010).
De acordo com Melleti (2020), a ativação do tripsinogênio pode desencadear
a pancreatite aguda, em um animal saudável essa ativação é bastante controlada
devido ao seu papel em outras enzimas, consequentemente ela não é ativada até
estar no lúmen do duodeno. Conforme cita Nelson e Couto (2015), em estado
fisiológico acontece a auto-ativação do tripsinogênio, que é convertido em tripsina e o
aumento desta auto-ativação prematura pode acarretar no desenvolvimento da
pancreatite, conduzindo a autodigestão e inflamação grave no pâncreas.
Segundo Ueda (2011), a ativação da tripsina pode além da autodestruição do
pâncreas causar inflamação e necrose da gordura pancreática, provocando peritonite
local ou generalizada. Juntamente, pode ocorrer a síndrome da resposta inflamatória
sistêmica (SRIS), envolvimento de outros órgãos e até coagulação intravascular
disseminada (CID).

3.4.2 Pancreatite crônica

Em um estudo com 200 cães a prevalência de pancreatite foi de 34%, a


análise estatística deste estudo mostrou um risco superior para raças como Cavalier
King Charles, Cocker Spaniel, Collies e Boxers (ALMEIDA, 2014). A pancreatite
crônica (PC), é tida como uma continuação da inflamação no pâncreas, que causa
danos permanentes ao órgão, causando desequilíbrios exócrinos e endócrinos
(NOBREGA, 2015).
Na pancreatite crônica ocorre a chamada degradação do parênquima, de
forma gradativa ou periódica, onde o órgão pode apresentar lesões e alterações
morfológicas, que podem causar consequências funcionais e estruturais as quais
podem levar a uma insuficiência pancreática exócrina ou diabete mellitus (SOUSA,
2021). Segundo Oliveira (2021), é normal que esses animais tenham sinais
gastrointestinais, discretos e intermitentes, muitas das vezes apresentando situações
de anorexia, vomito, hematoquezia, icterícia e dor pós-prandial, onde o diagnóstico
acontece em episódios crônicos agudizados.
27

3.5 EPIDEMIOLOGIA

De acordo com Marcato (2007), em um estudo retrospectivo para avaliação


de doenças pancreáticas em cães necropsiados, foi verificado que 13,7% dos
diagnósticos foram doenças advindas do pâncreas, sendo que a doença mais
observada foi a pancreatite. Segundo Moreira (2017), em uma avaliação de causas
de morte em cães, usando de 4844 casos apenas 17 destes foram em decorrência de
pancreatite aguda.
Segundo Rodrigues (2011), cadelas de meia idade, obesas e sedentárias,
com histórico de vômito e apatia de início súbito estão entre a maioria das ocorrências.
A nutrição errônea, alguns fármacos, refluxo duodenal, trauma, isquemia e fatores
genéticos são causas que podem desencadear o desenvolvimento da enfermidade,
apesar de ser uma doença do pâncreas exógeno, pode chegar a se tornar um distúrbio
do pâncreas endócrino caso as enzimas atinjam as ilhotas de Langerhans (DONATO,
2015).

3.6 SINAIS E SINTOMAS

Os sinais clínicos da pancreatite variam de acordo com a severidade da


doença, podendo ir de um leve mal-estar até a morte súbita. Em cães a doença tende
a ter um início repentino de vômito severo, dor abdominal, anorexia, depressão,
icterícia, fraqueza, desidratação e febre (SOARES, 2009).
Devido a inflamação são liberados polipeptídios na circulação, levando a
efeitos sistêmicos, podendo atingir órgãos próximos, como estômago, duodeno e
cólon, causando a sintomatologia (OLIVEIRA, 2021). Em alguns cães, a dor
abdominal pode fazer o animal apresentar a posição de prece (Figura 7), porém este
sinal não é patognomonico, podendo estar associado a outras doenças (NELSON e
COUTO, 2015).
28

Figura 7. Posição de prece.

Fonte: Jericó, (2015).

Inicialmente o vômito nos animais ocorre para o esvaziamento gástrico,


causado pela peritonite, podendo evoluir para êmese de alimentos não digeridos e
posteriormente chegando a vômitos com bile (UEDA, 2011). Segundo Almeida (2014),
a pancreatite apresenta sinais clínicos chaves como dor abdominal e êmese, sendo
que todos os animais a apresentar tais sintomas deveriam ser cuidadosamente
investigados para uma possível pancreatite aguda.
Podem ocorrer sinais clínicos os quais indicam problemas de coagulação,
como petequeias, equimose e hematomas. Podem também ocorrer sinais de
alterações neurológicas, como convulsões, nistágmo, desorientação e outros, em
casos mais graves da doença (SIMONETTI, 2011). De acordo com Cardoso (2015),
diversos fatores contribuem para o avanço da doença, como a ativação da tripsina e
da elastase, as quais ajudam na degradação de proteases causando coagulação e
fibrinolise (CID), trombose de vasos, edema e isquemia e a ativação da fosfolipase A,
que causa a liberação de substâncias neurotóxicas, levando aos sinais neurológicos.
Em casos crônicos, os animais podem apresentar sinais gastrointestinais
leves e intermitentes, o que normalmente leva os tutores a deixar este processo se
arrastar por vários meses antes de procurar um médico veterinário, podendo piorar o
caso do animal (MARQUES, 2015). De acordo com Marcato (2010), animais com mais
de 85% do órgão acometido podem apresentar sintomas de diabetes mellito, como
poliuria, polidpsia e perda de peso. Em casos mais graves podem chegar a apresentar
até cegueira súbita.
29

3.7 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da pancreatite devido a inespecificidade dos sinais, exames e


até anormalidades clinico patológicas, sendo a inspeção laboratorial indispensável
para um diagnóstico preciso, como testes de amilase e lipase, os quais são
considerados os mais confiáveis (RODRIGUES, 2011).
De acordo com Junior (2021), a pancreatite não pode ser diagnosticada
somente com base nos sinais clínicos e histórico do animal, já que são bastante
variados e inespecíficos, é necessário realizar o descarte de outras possíveis doenças
com sinais semelhantes, como distúrbios de motilidade gastrointestinal inflamatória
ou doenças intestinais.

3.7.1 Exame clinico

Os sinais clínicos mais comuns são depressão, anorexia, vomito e em alguns


casos diarreia, porém quando se trata de um caso grave o animal pode apresentar
quadro de choque e colapso, enquanto alguns casos apresentam histórico de sinais
mais leves, com maior tempo de duração. A dor abdominal e posição de “prece” são
sinais comuns à doença (OLIVEIRA, 2009). Alguns animais podem apresentar casos
de icterícia, a qual é causada devido a colestase intra-hepática, necrose
hepatocelular, choque, colapso, petéquias ou obstrução biliar (MARCATO, 2010).

3.7.2 Hemograma e bioquímicos

Segundo Nascimento (2021), o hemograma apesar de bastante inespecífico


para a doença, pode apresentar alterações como anormalidade no hematócrito,
devido a desidratação. Pode ser encontrado no exame uma leucocitose por neutrofilia,
com desvio a esquerda, devido a ação da lipase, que promove a ativação dos
leucócitos. De acordo com Almeida (2014), o número de plaquetas normalmente não
se encontra alterado, exceto em quadros de CID, podendo haver trombocitopenia. Já
o plasma do animal pode se encontrar lipemico ou ictérico. Para um diagnóstico
precoce da doença pode ser realizado a prova de tolerância a glicose, afim de realizar
a diferenciação entre diabete mellitus tipo I e II (MOREIRA, 2017).
A análise dos bioquímicos é essencial para um diagnóstico adequado, testes
de avaliação de atividade sérica da amilase e lipase são considerados os mais
confiáveis, sendo testes de escolha (SOARES, 2009).
30

Um dos principais exames diagnósticos é a lipase pancreática canina (LPC),


a qual comercialmente é disponível em teste ELISA e atualmente é considerado o
teste mais usado para diagnóstico de pancreatite, é conhecido que a LPC é somente
produzida pelo pâncreas e pouco afetada por fatores externos, por isso considerado
um teste de alta especificidade (SOUSA, 2021).
De acordo com Câmara (2018), pode ocorrer o aumento de enzimas hepáticas
no perfil bioquímico devido a degeneração multifatorial que ocorre no fígado,
consequência da absorção de toxinas e mediadores inflamatórios, vindos de um
pâncreas doente. Segundo Cunha (2017), enzimas hepáticas como aminotransferase
(ALT) e aspartato aminotransferase (AST) geralmente se encontram alteradas,
resultantes da lesão hepática, vinda de causas como isquemia hepática, sepse ou
exposição a produtos tóxicos, o aumento da fosfatase alcalina (FA) também é
frequentemente observado.

3.7.3 Imunoreatividade a tripsina

A Imunoreatividade tipo tripsina (TLI) é um teste para identificar a presença


de tripsinogênio catiônico, tripsina, e tripsina ligada a proteases, detectadas a partir
de imunoensarios. Quando o resultado se dá a baixo do normal é característico de
insuficiência pancreática exógena e quando se encontra aumentado é indicativo de
pancreatite aguda devido a células pancreáticas lesadas (CARVALHO, 2009).
Conforme cita Nelson & Couto (2015), o teste de PLI é o que apresenta maior
sensibilidade para o diagnóstico de pancreatite. De acordo com Cardoso (2015), é um
ensaio imunológico que mensura a concentração de tripsinogênio pancreático no
sangue, este teste é bastante sensível, é proposto como indicador de dano em células
pancreáticas, uma vez que é um marcador pâncreas específico.
Em animais saudáveis, a tripsina normalmente se encontra baixa, pois sua
grande maioria é sintetizada por células acinares, durante a pancreatite uma
quantidade aumentada do tripsinogênio extravasa para o espaço vascular
aumentando sua concentração (MELETTI, 2020).

3.7.4 Urinálise

A urinálise mostra o aumento da densidade da urina, indicativo da


desidratação. É um exame muito útil permitindo diferenciar causas renais e pré-renais
de azotemia especialmente em dosagens de amilase, lipase, uréia e creatinina
31

séricas, sendo um importante diagnóstico diferencial, permitindo avaliar também o


estado geral do animal (ALMEIDA, 2014).

3.7.5 Histopatológico

A distinção de quadros de pancreatite é difícil, devido a necessidade de


histopatológica do órgão (JERICÓ, 2015). O exame é o método de diagnóstico
definitivo, permitindo a diferenciação entre pancreatite aguda e crônica, porém alguns
fatores dificultam sua realização na rotina clínica, como lesões focadas no parênquima
do órgão, facilmente perdidas na área da biopsia, necessitando de várias coletas, as
quais não são simples de realizar (NASCIMENTO, 2021).
De acordo com Marques (2015), na pancreatite crônica são encontradas
alterações consideradas como permanentes, tais como a fibrose e atrofia acinar,
enquanto a pancreatite aguda é caracterizada por não ter alterações histopatológicas
permanentes.

3.7.6 Exames de imagem

Os exames de imagem auxiliam no diagnóstico da enfermidade, dentre os


métodos disponíveis a ultrassonografia é considerada de eleição, devido a sua
sensibilidade e especificidade na visualização das estruturas desejadas (Figura 8),
porém deve ser levado em consideração a qualidade do equipamento e o profissional,
para um resultado fidedigno do exame (OLIVEIRA, 2021). A avaliação pancreática
deve fazer parte de qualquer avaliação ultrassonográfica abdominal, mesmo que não
exista suspeita, já que podem acontecer alterações em outros órgãos. A avaliação
permite trazer informações importantes, como tamanho, forma e homogeneidade do
órgão (MARCATO, 2010).
32

Figura 8. Imagem ultrassonográfica do pâncreas normal de um cão, indicado por


setas brancas.

Fonte: Mattoon e Nyland, (2015).

A pancreatite aguda na ultrassonografia é indicada pela presença de


hiperecogenicidade no mesentério da topografia pancreática, aumento no tamanho e
plissamento do duodeno, além de acumulo de liquido na região. A pancreatite crônica
Apresenta diminuição no tamanho do pâncreas, com presença ou não de
hiperecogenicidade (CÂMARA, 2018).
De acordo com Nobrega (2015), não é possível realizar o diagnóstico
definitivo apenas com a radiografia abdominal, mas a mesma deve ser realizada para
a exclusão de outras possíveis afecções com sinais clínicos semelhantes, como a
presença de uma massa abdominal, peritonite ou efusão abdominal.

3.8 TRATAMENTO

O tratamento da pancreatite não apresenta protocolos definidos, sendo


baseado em tratamento dos sinais clínicos apresentados, reposição da volemia,
analgésicos, antieméticos, nutrição específica e antibioticoterapia caso necessário.
Existem outras terapêuticas, como transfusão de plasma e tratamento cirúrgico,
porém pouco realizados (JERICÒ, 2015). Segundo Simoneti (2011), os princípios do
tratamento de pancreatite aguda são repouso da glândula pancreática, inibir a
secreção do pâncreas e aumentar a microcirculação do pâncreas.

3.8.1 Proteção gástrica

A pancreatite pode favorecer a formação de úlceras gástricas, devido a


hipovolemia e peritonite recomendando-se o uso de ranitidina e Omeprazol em cães
os quais apresentam ulcerações na mucosa (SOUSA, 2021). Se houver a supressão
33

gástrica é indicado o uso de Omeprazol, o qual pode ter um efeito benéfico devido ao
bloqueio da ATPase nas células acinares do pâncreas, porém, os pacientes devem
ser monitorados para a presença de melena ou hematêmese (MANSFIELD, 2012).

3.8.2 Fluidoterapia

A fluidoterapia é indicada em quadros de desidratação e hipovolemia, as


principais soluções utilizadas para a reposição são o Ringer com lactato e o de NaCl
a 0,9%, devendo ser feita de acordo com as necessidades apresentadas pelo paciente
buscando ajustar o equilíbrio ácido básico e hidro-eletrolítico (OLIVEIRA, 2009).
Segundo Carvalho (2019), a hipovolemia pode ocorrer por hemoconcentração ou
perda de liquido pelo trato gastrointestinal ou urinário, gerando mecanismos
compensatórios como a hipotensão, em casos de choque, pode ser realizada a prova
de carga, que consiste na administração rápida de fluido, buscando a rápida
estabilização do animal.
De acordo com Nelson e Couto (2015), é de grande importância cuidar da
diurese do paciente, pois a infusão rápida em animais considerados graves, os quais
podem apresentar aumento patológico de permeabilidade, representando risco de
desenvolvimento de edema pulmonar, nestes pacientes é recomendada a
monitoração constante da taxa de fluidos e pressão venosa central. Com a resposta
inflamatória ocorre a vasodilatação periférica, causando a alta da permeabilidade
vascular e diminuição do volume intravascular, além disso ocorre a liberação do fator
depressor do miocárdio, o qual é liberado pelo pâncreas isquêmico e resulta na grave
diminuição da perfusão tecidual, levando a isquemia e hipóxia (CUNHA, 2017).
Conforme Cardoso (2015), é importante realizar a suplementação de potássio
(K) e glicose, para reposição devido a perdas por diarreia, vômito, efusões peritoneais
e/ou pleurais e inapetência.

3.8.3 Antieméticos

De acordo com Viana (2014), o controle da êmese é muito importante, não


somente pela condição a qual debilita o animal, mas por otimizar a alimentação
entérica, preferindo-se usar antieméticos de ação central, como Maropitant e
ondasetrona, por se mostrarem bastante eficazes. Atualmente não se considera o
jejum por longo tempo, sendo que em casos onde o animal não apresenta vômito não
é recomendada a retirada da alimentação por via oral, tendo como mais correto o
34

controle da êmese e como recursos para o esse controle o uso de medicamentos


antieméticos (MARQUES, 2015).
De acordo com Melleti (2020) deve ser considerado o uso de alimentação por
via parenteral ou enteral em casos onde mesmo com a terapia antiemetica houver a
persistência da êmese.

3.8.4 Analgesia

A maioria dos animais apresenta dores abdominais intensas, as quais podem


ser subdiagnosticadas por veterinários, mas deve ser controlada de maneira correta
para garantir o bem-estar animal (NASCIMENTO, 2021).
Uma variedade de medicamentos pode ser utilizada para controle da dor, tais
como Tramadol, Metadona e Fentanil, sendo que em casos mais graves podem ser
usadas a cetamina e como coadjuvante a lidocaína, por via transdermica, de uso
continuo ou em anestesia epidural (MANSFIELD, 2012). De acordo com Marcato
(2010), em casos onde os animais apresentam excitação após o uso de opioides,
pode ser usada a acepromazina, a qual tem baixas doses de efeito sedativo.
O uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) é totalmente
contraindicado, pois, além de não terem efeitos benéficos no tratamento, podem ainda
ser causadores da mesma, tendo efeitos secundários como úlceras gastrointestinais
ou até insuficiência renal (CARDOSO, 2015). Segundo Marques (2015), foi colocado
em discussão o fato de corticoides induzirem a pancreatite diretamente em cães, por
ter sido provado que mesmo aumentando a lipase sérica, não causam aumento na
lipase pancreática específica, nem provocam a inflamação do pâncreas.

3.8.5 Nutrição

De acordo com Cunha (2017), animais com pancreatite necessitam de uma


dieta equilibrada, com alta digestibilidade e baixo teor de gordura. Segundo Almeida
(2014), atualmente defende-se que animais os quais não vomitem em um prazo de
12h devem ser mantidos com a dieta por via oral, principalmente em casos de PC
onde a modificação da dieta se faz muito importante para o tratamento a longo prazo.
O manejo nutricional deve ser feito precocemente em pacientes com
pancreatite, principalmente quando se tratar de gatos com histórico de anorexia
prolongada. Alguns estudos mostram que a nutrição enteral (NE), tem benefícios em
35

alguns casos, como manutenção da motilidade e barreira gastrintestinal, aumentando


a função imune do animal (NOBREGA, 2015).

3.8.6 Antibioticoterapia

O uso de antibióticos é recomendado para animais em estados mais graves,


devido ao fato de estarem mais susceptíveis ao quadro de sepse, pneumonia e
formação de abcessos em região de pâncreas, sendo indicado o uso de antibióticos
de amplo espectro (CARVALHO, 2019). Segundo Melleti (2020), devem ser
considerados alguns critérios antes do uso de antibioticoterapia, como a presença de
infecção, suspeita clínica de infecção ou em casos onde considera-se improvável que
as barreiras imunológicas do animal superarem a infecção sem o uso de recursos.
De acordo com Cardoso (2015), a sulfa com trimetoprim, ampicilina e
fluorquinolonas como a Enrofloxacina são boas opções, por penetrarem bem no tecido
pancreático. Marques (2015), cita que a associação com o Metronidazol tem
vantagem caso exista doença inflamatória intestinal concorrente ou secundária.

3.8.7 Cirurgia

O tratamento cirúrgico em seres humanos é indicado, principalmente em


casos de retirada da parte necrosada, mas em cães com pancreatite aguda as
indicações cirúrgicas ainda não são totalmente elucidadas (SOUSA, 2021).
Raramente os riscos de uma intervenção cirúrgica superam os seus
benefícios, os quais podem ser ponderados em casos de pancreatite persistente ou
crônica, onde não se tem resposta ao tratamento médico, para confirmação do
diagnóstico ou de neoplasia, recessão ou drenagem de abcessos ou em casos de
necrose (CARDOSO, 2015).

3.8.8 Laserterapia

A terapia por meio do ILIB (Intravascular Laser Irradiation off Blood), também
chamada de Laserterapia ou terapia de fotobiomodulação, faz uso de luz não ionizante
ou infravermelha para estímulos sistêmicos por meio da aplicação na artéria radial.
Podendo ser utilizada isoladamente ou em parceria com outros tratamentos
(MENEZES, 2021).
Segundo Conceição (2007), a Laserterapia é uma opção de terapia eficaz e
segura, por não apresentar contraindicações e nem efeitos colaterais significativos.
36

No pâncreas atua com a proteção das células beta, minimizando a intensidade da


agressão dos radicais livres. De acordo com Simões (2021), o laser tem efeitos de
fotobiomodulação, como o aumento na produção de ATP, indução na produção de
antioxidantes celulares, permite o relaxamento muscular, estimula a reparação de
tecidos, promove a circulação sanguínea e aumenta a excreção de radicais livres,
tendo efeito sobre agentes infecciosos tanto em feridas como em órgãos.

3.8.9 Prognóstico

De acordo com Moreira (2017), o prognóstico de pancreatite vai de reservado


a mal, sendo que normalmente a doença tem um curso clinico demorado e
imprevisível. Sendo que casos onde o paciente tem outras doenças concomitantes o
prognóstico tende a ser mal.
37

4 RELATO DE CASO

No dia 27 de agosto de 2022, foi atendido na Clínica Veterinária Alegrepet,


um cão, macho, castrado, da raça Yorkshire, com 4 anos de idade e pesando 5,100
kg, com escore de condição corporal (ECC) de 4 em uma escala de 1 a 5. Durante a
anamnese a tutora relatou que o cão foi atacado por outro cão, da raça Pastor
Maremano, dois dias antes da consulta. No dia do ataque o cão foi levado a outra
clínica da cidade, onde foi realizado a enucleação do olho direito e a orquiectomia.
Por conhecer a veterinária da clínica Alegrepet há bastante tempo a tutora decidiu
realizar a continuação do tratamento com ela.
Ainda no dia da primeira consulta foi realizada a limpeza dos locais operados
e exame de ultrassonografia oftálmica no olho esquerdo, que se encontrava
edemaciado e com hiperemia conjuntival onde foi visto que o olho estava com sua
anatomia normal, sem lesão ou rompimento. A terapêutica utilizada no pós operatório
do animal foi de Carprofeno, como medicação anti inflamatória na dose de 2,2 mg/kg
(Carproflan® 25 mg1), via oral, a cada 12h durante 15 dias, Tramadol devido a dor
causada pelas lesões cirúrgicas e trauma, na dose de 4mg/kg (Tramadon® 100mg2),
a cada 8 horas durante 5 dias e antibioticoterapia com Clindamicina na dose de
5mg/kg (Climbacter® 150mg3), a cada 12 horas durante 10 dias. No dia 29 de agosto
a tutora relatou a veterinária por mensagem de texto que o animal apresentava
vômitos seguidos, então a Dra. Renata recomendou que o pet fosse levado a clínica
para avaliação, porém a tutora optou por esperar. Durante os dias até que o animal
fosse levado a clínica a tutora continuou informando que o animal mantinha quadro
de vômitos frequentes.
Já no dia 08 de setembro foi realizada a reavaliação do animal, onde o mesmo
apresentava diminuição do edema e hiperemia oftálmicas, porém, não movimentava
corretamente o membro posterior esquerdo, apresentando déficit de propriocepção e
reflexo de dor profunda diminuídos, devido ao possível trauma na coluna.
No dia 12 de setembro a tutora relatou que o animal apresentava vômito,
perda do apetite e desconforto abdominal, então foi feita a coleta de sangue para uma
melhor avaliação do animal, foi notado uma leucocitose reativa com desvio a esquerda
e também a creatinina elevada, onde o resultado foi de 2,2 mg/dL sendo o valor de

1 Agener União, saúde animal. Princípio ativo: Carprofeno. Concentração: 25mg.


2 Cristália. Princípio ativo: Cloridrato de Tramadol. Concentração: 100mg.
3 Agener União, saúde animal. Princípio ativo: Clindamicina. Concentração: 150mg.
38

referência de 0,5 a 1,8 mg/dL, podendo ser indicativa de lesão renal aguda, então foi
solicitado o exame de ultrassonografia para a melhor avaliação do animal.
No outro dia (13 de setembro), foi realizada a ultrassonografia do animal, onde
foi visto um pâncreas com aumento de volume e hiperecogênico, indicativo de
pancreatopatia – pancreatite aguda, no exame também foi visto o mesentério
hiperecogênico que é sugestivo de processo inflamatório por peritonite (Figura 09), a
ultrassonografia também revelou os rins em topografia normal e formato preservado,
com perda parcial de definição corticomedular renal bilateral, sugestivo de
nefropatia.Ainda no mesmo dia foi realizado a coleta de sangue para exame de
amilase e também hemograma, a enzima amilase mostrou um resultado bastante
alterado, onde o valor obtido foi de 10.660 U. I/L, sendo o valor de referência de 500
a 1500 U. I/L.
Figura 9. Imagem ultrassonográfica do pâncreas acometido por pancreatite aguda

Fonte: Silva, 2022.

Após obtermos o resultado dos exames foi realizada a internação do animal,


onde o mesmo recebeu fluidoterapia intensa com soro fisiológico 0,9%, para reverter
o quadro de insuficiência renal aguda, buscando normalizar o equilíbrio hídrico do
animal e a formação de urina mantendo a homeostase do corpo. Após isso foi indicado
que o animal permanecesse internado, para um melhor acompanhamento do quadro,
porém os tutores optaram por manter o animal em casa, mas leva-lo a clínica
diariamente para aplicação de medicação intravenosa (IV), até a alta do mesmo. Foi
então decidido o tratamento para o caso, sendo este Ceftriaxona 30mg/kg,
39

(Ceftriaxona® 1g4) IV, a cada 12 h (BID) até novas recomendações e Metronidazol


15ml, (Midazofarma® 500mg 5 ) IV, BID durante cinco dias, para o quadro de
leucocitose e peritonite apresentados pelo animal. Foram usados também o Tramadol
2 mg/kg, (TRAmadon® 50mg6) IV, a cada 12h, para tratamento da dor abdominal
ocasionada pela pancreatite, Hipervit 1ml/animal (Hipervit® 20.000mcg7) a cada 24h
(SID), para suplementação, devido a inapetência, Omeprazol 1mg/kg (Oprazon®
40mg 8 ), IV, SID, até novas recomendações, para a proteção gástrica devido a
possíveis efeitos tóxicos da pancreatite e Cerenia 1 mg/kg (Cerenia® 10,000 mg/ml9)
subcutâneo (SC) a cada 24 h para controle da êmese. Além das medicações, foi
iniciado o tratamento nutricional, onde foi recomendado o uso de alimentação com
ração específica para o trato gastrointestinal e também a retirada de petiscos e
alimentos gordurosos.
A partir da data de início do tratamento voltado a pancreatite traumática
aguda, foram iniciadas em conjunto seções de laser terapia ILIB (Figura 10), a qual
tem efeito sistêmico, controlando prevenindo doenças, no animal foram realizadas
secções a cada 48h, auxiliando na melhora do quadro do animal.
Figura 10. Aplicação de laseterapia ILIB, para auxilio no tratamento de pancreatite aguda.

Fonte: Autora, 2022.

4 Eurofarma. Princípio ativo: Ceftriaxona Sódica. Concentração: 1g.


5 Farmace. Princípio ativo: Metronidazol. Concentração: 500mg/100ml.
6 Cristália produtos químicos, farmacêuticos, LTDA. Princípio ativo: Cloridrato de Tramadol.

Concentração: 50mg.
7 Vetnil. Princípio ativo: Vitamina B12. Concentração: 20.000mcg.
8 Blau Farmacêutica. Princípio ativo: Omeprazol Sódico. Concentração: 40mg.
9 Zoetis Saúde Animal. Princípio ativo: Cloridrato de Maropitant. Concentração: 10,000mg/ml.
40

Durante o período de tratamento foram realizados exames laboratoriais


semanais para acompanhamento do quadro do animal, onde no dia 03 de outubro (20
dias após o início do tratamento), foi possível notar a melhora evidente no quadro do
animal, sendo que a amilase se mostrou bastante reduzida, porém ainda fora dos
parâmetros normais sendo o resultado 2206 U. I/L e o valor de referência 500 a 1500
U. I/L. No dia 07 de outubro, foi liberada a alta do animal, o qual não apresentava mais
sinais clínicos de pancreatite.
41

5 DISCUSSÃO

Segundo Carvalho (2019) os cães da raça Yorkshire não estão entre as raças
mais acometidas pela doença. De acordo com Almeida 2014, manipulações
cirúrgicas, quedas, traumas ou atropelamentos podem resultar no escape de enzimas
do pâncreas iniciando um processo de necrose e inflamação o que condiz com o
ocorrido no caso relatado, onde o animal sofreu o ataque de outro cão, maior que ele.
De um modo geral os animais apresentam um quadro de anorexia, vômitos e
dor abdominal, sendo necessária a exclusão de outras possibilidades como distúrbios
de motilidade ou doenças inflamatórias gastrointestinais (JUNIOR, 2015). O que
condiz com o quadro do animal, onde os tutores relataram que o mesmo apresentava
vômitos, inapetência e desconforto abdominal. O diagnóstico por imagem permite
auxiliar a confirmação ou descarte de outras doenças, buscando um diagnóstico mais
acertado de pancreatite, estando de acordo com o que é relatado por Nobrega (2015).
Os exames de amilase e lipase são bons indicadores da pancreatite, porém
por ser feita a dosagem sérica das enzimas essas são consideradas com pouca
sensibilidade e especificidade (JERICÓ, 2015). Segundo Oliveira (2021), o teste de
atividade imunorreativa a lipase pancreática canina é considerada o teste clinico-
patológico mais sensível e especifico para pancreatite, principalmente na aguda, por
mencionar os níveis da lipase de origem diretamente pancreática. De acordo com
Marcato (2010), a mensuração da Imunoreatividade sérica da tripsina e do
tripsinogênio é um método que pode ser utilizado, por ser específico do tecido
pancreático, mas ainda não está disponível no Brasil. No cão do relato acima a
dosagem sérica da enzima amilase estava demasiadamente aumentado, sendo um
forte indicativo da pancreatite aguda, mas não foram realizados exames mais
específicos como o teste de Imunoreatividade a lipase.
Conforme Donato (2015), em se tratando de enfermidades pancreáticas, a
ultrassonografia é um importante exame, destacando-se a sua rapidez, segurança e
além de ser um meio diagnostico não invasivo e que causa pouco estress ao animal.
O qual foi o primeiro exame a indicar a pancreatite no animal do caso relatado.
Mack (2020), cita que o diagnóstico preciso da pancreatite somente pode ser
fechado após a realização de exame histopatológico por meio de biopsia, porém de
acordo com Soares (2009), mesmo não sendo realizado o exame histopatológico a
42

doença não pode ser descartada, devido a sintomatologia e resultado de outros


exames e prevalência na raça.
Segundo Rodrigues (2011), a etiologia da pancreatite raramente é
confirmada, mas existem alguns fatores os quais predispõem o animal ao risco, dentre
eles estão a administração de medicamentos específicos e o trauma abdominal as
quais são duas importantes possíveis causas da pancreatite no caso relatado.
O trauma abdominal é um fator importante na medicina felina, de acordo com
Cardoso (2015) em um estudo onde 34 gatos foram avaliados após passarem por
quedas de grande altura 19 foram diagnosticados com pancreatite em 12 a 24 horas
após o trauma. No caso relatado, o cão começa a apresentar sintomas característicos
da pancreatite, como a êmese cerca de 48h após o conflito com o outro animal,
trazendo essa como uma possível correlação entre o trauma e a doença apresentada.
Um dos medicamentos utilizados no pós-operatório do animal foi o Carproflan,
o qual de acordo com o descrito em bula (CARPROFLAN, 2009), pode causar efeitos
adversos no trato gastrointestinal (TGI), como a pancreatite. Spinosa (2011) cita que
o Carprofeno pode apresentar efeitos tóxicos ao TGI, quando usado de modo
prolongado, também podendo apresentar alterações em fígado e rins.
Segundo Cunha (2017), são pilares do tratamento da pancreatite a reposição
de fluidos, analgesia, antieméticos e manejo nutricional, os quais foram seguidos na
terapia do animal, foi indicado o uso por via intravenosa de antieméticos, analgésicos,
fluidoterapia nos primeiros dias e protetores gástricos. Conforme cita Nascimento
(2021), alguns pacientes com pancreatite são propensos a sepse, por isso é
recomendado o uso de antibioticoterapia de amplo espectro. No presente caso além
da pancreatite o animal apresentava uma leucocitose, sendo recomendado então o
uso da antibioticoterapia como medida terapêutica.
É esperado que com o tratamento alguns sinais clínicos sejam atenuados,
como por exemplo a diminuição da amilase, a qual mesmo fora dos parâmetros
normais, já mostrava a eficácia do tratamento realizado no presente relato, sendo
assim a terapêutica deve ter sua base na apresentação clínica do animal e se
modificar na medida que o quadro clínico se altera, visando a maior e mais rápida
recuperação do animal, que concorda com Marcato (2010). De acordo com Marques
(2015), a realização de exames seriados como foi realizado semanalmente no relato
acima é essencial para a verificação da eficácia do tratamento e identificação de
possíveis complicações pancreáticas.
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O uso da terapia integrativa como a Laserterapia foi uma parte importante no


tratamento do animal, potencializando o tratamento medicamentoso com suas
propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e sistêmica, o que está de acordo com o
que cita Simões (2021). Segundo Conceição (2007), a ILIB tem sua atuação
protegendo diretamente as células beta, evitando sua ruptura por inibir a ação dos
radicais livres, sendo benéfica ao tratamento e auxiliando na melhora mais veloz do
paciente.
O prognóstico da doença é imprevisível, onde alguns casos podem apresentar
uma recuperação total da doença enquanto outros progridem a morte, apesar da
terapia estar sendo realizada, sendo a definição da severidade da doença um a parte
essencial para a obtenção do prognóstico (ALMEIDA, 2014).
44

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estágio Curricular é de grande importância para adquirir mais conhecimento


e revisar tudo que se aprende durante a graduação, é nele que se pode vivenciar a
rotina de uma clínica veterinária de perto, onde é possível auxiliar em cirurgias e
anestesias, consultas e exames de imagem, os quais são valiosos para um
diagnóstico definitivo. É nesse período em que obtemos a maior parte da preparação
para o mercado de trabalho, aprendendo a lidar com diversas situações do cotidiano,
como perguntar responder questionamentos. Além disto, cabe ressaltar o crescimento
pessoal adquirido, aprendendo a conviver em equipe e no ambiente de trabalho.
A pancreatite é uma doença comum na clínica médica de pequenos animais,
que se caracteriza por sinais gastrointestinais, os quais podem ser discretos ou
intermitentes, podendo levar o pâncreas a uma perda de suas funções endócrinas e
exócrinas. A doença pode se apresentar de forma aguda ou crônica, podendo ser
causada por diferentes formas.
A suspeita de pancreatite deve ser simples aos olhos de um veterinário, a
importância de saber quais os principais sintomas e melhores métodos para o
diagnóstico e tratamento corretos, procurando melhorar a qualidade de vida do
paciente e buscando as melhores possibilidades de tratamento para os tutores. Neste
caso, os tutores se mostraram dispostos a cuidar do animal como o exigido pela
gravidade da doença, realizando exames e medicações necessárias todas as vezes
que necessário, o que corroborou para um tratamento eficaz. A escolha terapêutica
deste caso, proporcionou uma melhora ao quadro e ao bem-estar do animal.
O médico veterinário deve sempre buscar se atualizar, mesmo depois de
formado, trabalhar juntamente com a ética, tratar os pacientes e proprietários com
respeito e comprometimento, procurando sempre oferecer o seu melhor para garantir
a saúde e o bem-estar daqueles que lhe procuram.
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7 REFERÊNCIAS

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48

ANEXOS

Exame de sangue dia 12/09


49

Exame de sangue dia 14/09

Exame de sangue dia 03/10


50

Laudo de ultrassonografia

Imagem ultrassonográfica do rim esquerdo

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