Fabian e Renata Rosa
Fabian e Renata Rosa
Fabian e Renata Rosa
INTRODUÇÃO
Este estudo pretende provocar uma reflexão acerca do cinema no ensino de história,
uma vez que o cinema se faz presente no cotidiano de praticamente todas as sociedades que
compõem hoje este mundo globalizado, é através dele que muitos indivíduos têm acesso à
história nacional e mundial. A história e o cinema sempre “caminharam juntos” depois que
este último surgiu, a tal ponto que se criou e consagrou o filme histórico, que atrai multidões
até o cinema, para ver representadas através de imagens e sons representações de sociedades
passadas, é como se pudéssemos através do filme trazer o passado até nós, através de cenas
que nos emocionam, dando tédio, raiva, tristeza e alegria quando olhamos a história da
humanidade apresentada pelo cinema.
Por esse fator, faz-se necessário que os docentes estejam capacitados para utilizar a
linguagem cinematográfica na sala de aula, uma vez que ela tem o “poder” de aproximar o
passado dos discentes através de seus cenários, diálogos, figurinos, ou seja, dos signos que a
compõem o que torna essencial que seu conteúdo seja abordado no âmbito escolar, mas não
de forma isolada, pois a narrativa fílmica não é um conteúdo pronto e acabado, sendo assim
devem-se utilizar outros recursos para complementar o filme, e analisá-lo de forma crítica, o
professor como mediador deve auxiliar na construção de conhecimento dos seus alunos.
Nosso foco, portanto é apresentar aos docentes sugestões metodológicas visando nortear a
utilização da linguagem cinematográfica no ensino de história, uma vez que este recurso não é
apenas um instrumento didático é também uma importante fonte histórica acerca da sociedade
que produziu o filme.
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Este artigo é o resultado de pesquisas sobre a relação cinema e história utilizados na construção do Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC), do curso de História da UNIFAP.
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Graduandas do curso de Licenciatura em História da UNIFAP.
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A diferença é que a escola tendo o professor como mediador, deve propor leituras
mais ambiciosas além do puro lazer, fazendo a ponte entre emoção e razão de
forma mais direcionada, incentivando o aluno a se tornar um espectador mais
exigente e crítico, propondo relações de conteúdo/linguagem do filme com o
conteúdo escolar. Este é o desafio. (Napolitano, 2011, p.15).
É preciso sair do lugar comum de planejar a exibição dos filmes sem estarem
articulados entre si ou apenas articulados ao conteúdo programático da disciplina. É
indispensável um planejamento coeso e metódico, articulando os filmes entre si, obedecendo
aos interesses da disciplina de História e preocupando-se com a cultura geral e audiovisual da
turma e o espaço que a película ocupa na história e linguagem cinematográfica.
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Antes do trabalho com filmes em suas aulas o professor deve informa-se sobre a
história do cinema; linguagem cinematográfica e os principais estilos e escolas
cinematográficas, desta forma o trabalho será otimizado, acrescentando qualidade ao seu
trabalho. Uma expressiva parte dos valores e das mensagens transmitidas pelos filmes se
efetiva não tanto pela história contada em si, mas pela forma de contá-la, existem informações
sutis e subliminares que imprimem ideologias e valores de tal maneira quanto à trama e os
diálogos explícitos, o professor deve estar preparado.
Segundo Abud (2003), há uma facilidade dos alunos reterem dados através da
audição e visão sendo estes responsáveis por cerca de 50% do que é assimilado, uma vez que
“o jovem lê o que pode visualizar, precisa ver para compreender: Toda a sua fala é mais
sensorial-visual do que racional e abstrata. Lê, vendo”. (MORAN, 1995, p. 29).
Como se pode observar empregar o filme como recurso didático não é simples como
muitos acreditam, são múltiplos os desafios que o professor transpõe nos procedimentos
pedagógicos, desafios estes que vão além da sua formação acadêmica, atualmente o professor
possui como principal desafio reaprender a aprender, seja através de pesquisas; de cursos de
aperfeiçoamento; de subsídios bibliográficos que incorporem tanto a narrativa fílmica quanto
seus elementos de performance, bem como de propostas sistematizadas que o orientem na
utilização desse recurso didático.
Para Jairo Nascimento (2008) o procedimento metodológico se sintetiza em dois
momentos: a preparação e a execução, ambos perfazem as seis etapas a serem percorridos
pelo docente. São elas:
a) Ver o filme – o educador precisa assistir ao filme no mínimo duas vezes antes
de exibi-lo, exercendo um olhar analítico na história e nos elementos fílmicos que o
compõem.
b) Organizar e redigir o plano de aula; “o planejamento é alma de uma boa aula”
(NASCIMENTO, 2008, p.14). Nessa fase, serão definidos os objetivos da aula, os temas para
discussão, se a obra seria exibida na íntegra ou por recortes e ainda os critérios metodológicos
e avaliativos.
c) Antes da exibição cinematográfica – Ao introduzir o filme o professor deve
comentar somente os aspectos gerais da obra, tais como diretor, prêmios, o contexto histórico
em que a obra se passa. O educador deve se fiscalizar para não criticar a obra, prejulgando-a,
possibilitando o educando a fazer sua própria leitura fílmica sem interferências. É
interessante ainda o educador apresentar seu plano de aula aos discentes, entregando cópias
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aos alunos que de forma sintetizada contenham os aspectos gerais da narrativa fílmica bem
como os pontos para a discussão e os elementos necessários ao conhecimento do aluno;
d) Durante a exibição - Se focar nas principais cenas, parar a exibição para fazer
comentários somente se for necessário, e observar as reações que a obra produz na turma;
e) Depois da exibição – Se o filme for complexo, rever determinadas cenas, trilha
sonora, efeitos, diálogos, imagens expressivas, para que a produção cinematográfica seja
apreendida pelo educando.
f) Articular o filme à outra fonte - é conveniente que o filme ao ser exibido na
sala de aula seja associado a outras linguagens, como uma música, uma foto, um texto
didático, um artigo de revista ou jornal, ou mesmo a outro filme, relacionando e comparando
interpretações díspares. A obra em hipótese alguma deve ser apresentada isoladamente, pois
incorrerá na não produção do conhecimento histórico.
O professor ao integrar essa linguagem em sala de aula, para simplificar seu trabalho
pode gravar filmes, documentários, fazer download pela internet de filmes que considere
importantes para o processo de ensino-aprendizagem, constituindo um acervo pessoal, bem
como comprar e alugar DVD’s, expandindo seu conhecimento sobre esse recurso didático e
introduzindo seus alunos na linguagem cinematográfica.
Análise fílmica
Passivo, ou melhor, menos ativo do que o analista, ou Ativo, conscientemente ativo, ativo de maneira
mais exatamente ainda, ativo de maneira instintiva, racional, estruturada.
irracional.
Percebe, vê e ouve o filme, sem desígnio particular. Olha, ouve, observa, examina tecnicamente o filme,
espreita, procura indícios.
Está submetido ao filme, deixa-se guiar por ele. Submete o filme a seus instrumentos de análise, e
suas hipóteses.
Processo de identificação. Processo de distanciamento.
Para ele, o filme pertence ao universo do lazer. Para ele, o filme pertence ao campo da reflexão, da
produção intelectual.
→ Prazer → Trabalho
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
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utilização de filmes no ensino. São Paulo: UNESP, v. 22, n. 1, 2003.
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