platelmintos

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Platelmintos

Introdução
Os platelmintos são chamados de vermes achatados, ou planos, e são
agrupados dentro do filo dos Platyhelminthes, no Reino Animal. São
organismos invertebrados, de corpo mole e de pouca espessura.

É o terceiro filo do Reino Animal, formado após os cnidários, e é a partir dos


platelmintos que se formam outros três filos
animais: nematelmintos, moluscos e anelídeos. Isso significa que esses três
filos apresentam como ancestral comum um organismo do filo platyhelminthes.

Árvore filogenética mostrando o filo dos platyhelminthes e os filos formados a


partir dele.

Os platelmintos podem apresentar vidas livres, sendo encontrados em


ambientes aquáticos ou úmidos, ou ainda alojados no interior de outros
organismos, atuando como parasitas. São exemplos de platelmintos as tênias
e as planárias, assim como outros vermes parasitas, como
o Schistosoma causador da esquistossomose.

Pseudoceros dimidiatus, uma espécie da classe Turbellaria.

Estima-se aproximadamente 20.000 espécies diferentes de platelmintos


existentes no planeta hoje.

Características gerais
Por fazerem parte do Reino Animal, os platelmintos são
animais pluricelulares, possuindo várias células capazes de formar tecidos, e
são eucariontes, sendo suas células dotadas de organelas celulares e
carioteca separando o material genético do restante do conteúdo celular.

Além disso, são os primeiros organismos triblásticos a se estabelecerem no


planeta, possuindo, assim, três folhetos embrionários
(endoderma, mesoderma e ectoderma), que dão origem aos demais tecidos
e órgãos do corpo.

A presença de mesoderma foi uma importante aquisição evolutiva, pois todo o


tecido muscular é oriundo do mesoderma, e isso permitiu que os animais deste
filo e de filos subsequentes tivessem melhor locomoção, não mais
apresentando organismos sésseis, e sim de vida livre.

Ao contrário dos cnidários, os platelmintos possuem simetria bilateral, com


seu corpo podendo ser dividido em duas partes iguais e apresentando duas
regiões (região posterior e anterior). Embora possuam os três folhetos
embrionários, são seres acelomados, não possuindo o celoma, cavidade
preenchida com líquido que daria espaço para o crescimento e depósito de
órgãos e vísceras.

Fisiologia
Sistema Digestório e Excretor

Possuem sistema digestório incompleto, ou seja, contando apenas com uma


abertura, que é a boca. O sistema é constituído de boca, faringe e intestino. A
classe cestoda não possui sistema digestivo, apresentando, assim, hábitos
parasitas para se alimentar.

Os platelmintos podem ser carnívoros ou herbívoros, com algumas espécies


parasitas apresentando hábitos onívoros, já que se alimentam da matéria
orgânica consumida pelo hospedeiro em que estão. Platelmintos de vida livre
se alimentam geralmente de pequenos vermes e organismos invertebrados.

O sistema de excreção ocorre através de estruturas chamadas


de protonefrídios, que contêm células ciliadas chamadas células-
flama ou solenócitos. As células-flama eliminam as excretas transportando-as
por canais e dutos que se abrem para o meio externo, liberando as excretas
geralmente na forma de amônia.

Célula-flama
Sistema Respiratório e Circulatório

Os organismos platelmintos ainda não possuem órgãos especializados na


respiração e na circulação de substâncias. Dessa forma, as trocas gasosas
ocorrem através da pele e dos tecidos por difusão, e os nutrientes são
absorvidos diretamente pelas células dos tecidos.

Podem sobreviver tanto em ambientes aeróbios (na presença de O2) quanto


em ambientes anaeróbios (sem O2). Neste último caso, eles
realizam fermentação láctica para produção de ATP.

Sistema Nervoso e Sensorial

Apresentam sistema nervoso central com dois gânglios na região da cabeça,


de onde saem cordões nervosos ramificados que percorrem todo o corpo do
animal, permitindo maior controle da musculatura e, com isso, locomoção mais
eficiente. Esse tipo de sistema é chamado de Sistema Nervoso do tipo
Ganglionar Ventral.

Além disso, possuem órgãos especializados na captação de luz,


chamados Ocelos, e, também, células quimiorreceptoras, que permitem a
percepção da luz e de substâncias próximas.

Fisiologia
Os indivíduos classificados como Platelmintos são vermes achatados que
possuem sistema digestório incompleto ou até mesmo ausente, em algumas
espécies. O sistema digestório incompleto funciona da seguinte maneira: o
alimento entra e sai pelo mesmo lugar. Nesse caso, a boca é a região por onde
entram os alimentos e também por onde são eliminadas as “fezes”. No caso
das planárias, a faringe é portátil e auxilia na obtenção de alimento e liberação
de excretas. O alimento ingerido vai para o intestino que é bastante ramificado
e, portanto, realizam uma absorção de nutrientes bastante eficiente. É
importante lembrar que os Platelmintos não possuem ânus.

O sistema respiratório é ausente nos Platelmintos, da mesma forma que o


sistema circulatório. Devido a isso, as trocas gasosas são através da epiderme,
por difusão entre as células, assim como a absorção de nutrientes.

Os Platelmintos são os primeiros a apresentarem um sistema excretor. O


sistema excretor dos Platelmintos, além de ser uma novidade evolutiva,
apresenta um grupo de células especializadas denominadas células-flama.
Essas células são flageladas e se organizam em estruturas denominadas
protonefrídios. Com a movimentação dos flagelos, as células movimentam o
líquido no protonefrídio, realizando a filtragem e formação de resíduos. Os
resíduos são encaminhados a um sistema de ductos tubulares (ramificações do
intestino) que levam até a epiderme, onde são eliminados.
Outra novidade evolutiva presente na fisiologia desses animais, é a presença
de cefalização no sistema nervoso. O sistema nervoso dos platelmintos é
ganglionar e cefalizado, ou seja, esses vermes têm estruturas nervosas na
região da cabeça, além da presença de ocelos na mesma região, que auxiliam
na percepção de luminosidade. Dois gânglios ligados a dois cordões nervosos
ligam a cabeça ao resto do corpo do animal. Ainda na cabeça, são encontradas
estruturas que percebem substâncias químicas presentes na água,
denominadas aurículas. Isso facilita a percepção de alterações ambientais.

Reprodução
A reprodução dos platelmintos pode ocorrer de forma assexuada ou sexuada,
dependendo do grupo estudado. Na reprodução assexuada, destacam-se
processos como a fissão transversal e a regeneração. Já na reprodução
sexuada, são observadas práticas como autofecundação e fecundação
cruzada.

Classificação
Os platelmintos podem ser subdivididos em três classes:

Turbellaria

Organismos de vida livre, como as planárias. Geralmente vivem em ambientes


aquáticos ou, pelo menos, úmidos. São hermafroditas, podendo se
reproduzir assexuadamente, por autofecundação, ou sexuadamente, por
fecundação cruzada.

Planári
a torva.

Cestoda

Classes de endoparasitas. Vivem, portanto, dentro de organismos


hospedeiros. São seres achatados, chamados popularmente
de Tênias ou Solitárias, e possuem corpo alongado, que pode atingir até oito
metros de comprimento.
O corpo é dividido em cabeça, ou Escólex (contendo ventosas para fixação no
interior do corpo do hospedeiro); e colo, ou pescoço e estróbilo (região
segmentada formada pelo conjunto de proglótide, responsável pelo
crescimento do verme).

Taenia saginata

O ciclo de vida das tênias envolve a colonização de um organismo chamado


de hospedeiro definitivo, que, no caso, é o ser humano. As tênias ficam
alojadas no intestino do hospedeiro definitivo, onde realizam autofecundação,
produzindo ovos que são, então, eliminados no ambiente pelas fezes do
hospedeiro.

No ambiente, os ovos podem infectar águas e plantas, podendo ser ingeridos


por outros organismos, como suínos e bovinos, que se tornam hospedeiros
intermediários. Cada espécie de tênia coloniza um hospedeiro intermediário
específico (Taenia Saginata coloniza bois e vacas e Taenia Solium coloniza
porcos).

Dentro do hospedeiro intermediário, a tênia sai do intestino e se aloja na


musculatura desses animais, onde se desenvolve em larva,
chamada cisticerco - apresentando, assim, desenvolvimento indireto. O
humano, ao se alimentar da carne infectada desses animais, acaba sendo
colonizado pelos cisticercos, que se desenvolvem em tênias adultas no seu
intestino.
Ciclo de vida da Taenia.

As tênias, quando alojadas nos corpos dos seres humanos, são responsáveis
pelas doenças Teníase e Cisticercose. A diferença entre a teníase e a
Cisticercose está na forma de transmissão: Quando o cisticerco é ingerido pelo
ser humano, significa que ele contraiu a tênia. Se ingere os ovos da tênia,
geralmente através do consumo de frutas, verduras e legumes ou até mesmo
água infectada, ele contrai a cisticercose e, neste caso, atua como hospedeiro
intermediário.

A teníase pode ser assintomática ou apresentar sintomas relacionados


com o sistema digestivo como diarreia, vômitos, enjôos e até emagrecimento,
já que a tênia, por não possuir sistema digestório, se alimenta de partículas de
alimentos consumidas pelo ser humano. A cisticercose, por outro lado, é
mais grave. Os ovos podem se alojar em outras regiões do corpo do
hospedeiro, como no cérebro e na coluna, ocasionando possíveis
convulsões e paralisias.

A profilaxia envolve:

 Saneamento básico de qualidade;


 Medidas individuais de higiene pessoal;
 Cozimento adequado da carne para matar esses vermes, evitando o
consumo de carnes cruas ou mal passadas;
 Higienização adequada de frutas e verduras, assim como ferver água
não tratada para o consumo.
Trematodas

Classe formada por endoparasitas e ectoparasitas que podem


colonizar Cordados, Moluscos e até o ser humano.

O principal representante da classe é o Schistosoma mansoni, um verme


endoparasita dióico (possui sexo separado dentro da mesma espécie), com
dimorfismo sexual (indivíduos machos são diferentes anatomicamente dos
indivíduos fêmeas) e causador da esquistossomose. Nessa doença, o
humano é o hospedeiro definitivo e os caramujos do gênero Biomphalaria são
os hospedeiros intermediários.

Schistosoma
mansoni.

O verme costuma se alojar nas veias do fígado do hospedeiro definitivo, nas


quais realizam reprodução sexuada e, posteriormente, produzem ovos que
conseguem perfurá-las e cair no sistema digestório, para então serem
eliminados nas fezes do hospedeiro.

Uma vez no ambiente, os ovos eclodem, dando origem a estruturas larvais


chamadas de miracídios, que irão penetrar nos caramujos, se desenvolver, e
realizar reprodução assexuada para formar larvas chamadas cercárias, que
são eliminadas pelo caramujo em ambiente aquático, onde podem penetrar
ativamente a pele do ser humano que entre em contato com esse local. O
sintoma mais característico da penetração da cercária no hospedeiro é
a coceira.
Ciclo de vida do Schistosoma.

A esquistossomose pode ser dividida em duas fases:

 Fase aguda: com sintomas como coceira no ato da penetração da larva


na pele do hospedeiro, febre, fraqueza, diarréia, enjôos e vômitos.
Sintomas típicos de uma infecção no intestino;
 Fase Crônica: com sintomas como a hipermegalia (aumento de órgãos
como fígado e baço) e a ascite, chamada popularmente de barriga
d'água, que é caracterizada pelo acúmulo de líquidos na barriga
causando inchaço.

A profilaxia, isto é, a maneira para evitar a esquistossomose envolve:

 O combate ao hospedeiro intermediário da doença, no caso o caramujo;


 Evitar nadar em águas desconhecidas que podem conter o caramujo;
 Saneamento básico de qualidade para tratamento do esgoto, evitando
assim o contato direto entre ovos do verme com o ambiente e os
hospedeiros.

Já o tratamento, envolve o uso de antiparasitários, chamados neste caso


de vermífugos, para combater os parasitas que já estão alojados no interior do
paciente.
Exemplos de Platelmintos
Os Platelmintos são vermes que podem parasitar animais e até humanos. Um
exemplo é a tênia (Taenia saginata e Taenia solium) que podem causar teníase
e cisticercose.

Fotomiicroscopia de T. solium. (Fonte: 커뷰, CC BY-SA 3.0


<https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons)

Outro exemplo é o Schistosoma mansoni. Esse verme parasitas caramujos


(hospedeiros intermediários) e seres humanos (hospedeiro definitivo). Causam
a esquistossomose.

Fotomicroscopia eletrônica de Schistosoma mansoni. (Fonte:The original


uploader was Waisberg at English Wikipedia., Public domain, via Wikimedia
Commons)

Um exemplo de platelminto não parasita é a planária. As planárias são


organismos de vida livre que geralmente vivem em ambientes aquáticos ou,
pelo menos, úmidos.

Fotografia de planária. (Oscar Pauner, CC BY-SA 4.0


<https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons)

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