nmitsuhashi,+07MariaElianaPereira

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 23

202

Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo


Pessoa Física à Luz do Princípio da Realização da Renda
The Tax Effects of Stock Merger involving Individuals
in Light of the Income Realization Principle
Maria Eliana Pereira
Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e
pós-graduada em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Direito Tributário.
Advogada na área de direito societário. E-mail: mariaelia_ny@hotmail.com.

Recebido em: 10-3-2023 – Aprovado em: 24-8-2023


https://doi.org/10.46801/2595-6280.55.7.2023.2335

Resumo
O presente trabalho tem por objeto a análise da incidência do imposto sobre
a renda pessoa física na incorporação de ações à luz do princípio da realiza-
ção da renda. Implícito na Constituição Federal, o princípio da realização da
renda é um dos corolários da capacidade contributiva e da igualdade, e tem
por finalidade garantir que a renda seja tributada quando de sua efetiva rea-
lização. Para a referida análise, adotar-se-á como pressuposto o entendimen-
to predominante na doutrina segundo o qual, conforme art. 43 do Código
Tributário Nacional, para ocorrência do fato gerador do imposto sobre a ren-
da, é necessário que haja a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídi-
ca da renda ou de proventos de qualquer natureza, sendo que a renda será
considerada disponível quando houver acréscimo patrimonial mediante a
apuração dos regimes de competência e de caixa.
Palavras-chave: imposto sobre a renda, princípio da realização da renda, in-
corporação de ações, regime de caixa, fato gerador.

Abstract
The purpose of this paper is to analyze the income tax for individuals in the
operation of merger of shares in view of the principle of realization of inco-
me. Implicit in the Federal Constitution, the principle of realization of inco-
me is one of the corollary principles of the principles of contributive capacity
and equality, which aims to guarantee that income will be taxed at the time
of realization. For this analysis, the prevailing understanding in the literature
will be adopted as an assumption that, pursuant to Article 43 of the National
Tax Code, for the occurrence of a taxable event of the income tax, it is neces-
sary to acquire the economic or legal availability of income or earning of any
nature, and the income is considered available when there is asset increase in
equity determined on a cash basis and on an accrual basis.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 203

Keywords: tax income individual taxpayer, income realization principle, stock


merger, cash basis, taxable event.

Introdução
Disciplinada pelo art. 252 da Lei n. 6.404/1976 (“LSA”), a incorporação de
ações consiste em um dos institutos jurídicos para conversão de uma sociedade
anônima em subsidiária integral1. Como preleciona Nelson Eizirik, a incorpora-
ção de ações decorre do processo crescente de concentração empresarial e se ca-
racteriza como instituto jurídico híbrido, haja vista que, por meio dessa operação,
procede-se a uma modalidade de concentração empresarial na qual se mantém a
personalidade jurídica da companhia cujas ações são incorporadas2.
A incorporação de ações é amplamente discutida, tanto na doutrina quanto
na jurisprudência, no que se refere à sua natureza jurídica e aos seus efeitos no
âmbito tributário. Nesse sentido, para fins deste trabalho, destacam-se duas prin-
cipais correntes3. Para a primeira corrente, a incorporação de ações se equipara a
um aumento de capital mediante a subscrição de ações, e, portanto, constitui uma
forma de alienação das ações da companhia incorporada para a companhia in-
corporadora. A segunda corrente, por sua vez, entende que a incorporação de
ações é um negócio jurídico contratual entre companhias que acarreta a mera
substituição de ações, por meio do instituto da sub-rogação real.
Há decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“Carf”) que
consagram o entendimento segundo o qual, na incorporação de ações, não há ato
de alienação, mas uma mera sub-rogação real, inexistindo fundamento legal que
autorize a incidência de imposto de renda. Por outro lado, na jurisprudência mais
recente do Carf tem prevalecido a tese de que a incorporação de ações se equipa-
ra à alienação e, por conseguinte, essa operação pode gerar ganho de capital, o
qual será tributado pelo imposto sobre a renda.
Um dos pontos controversos na tributação de eventual ganho de capital de-
corrente da incorporação de ações consiste no princípio da realização da renda,
princípio constitucional corolário dos princípios da capacidade contributiva e da
igualdade, e um dos elementos essenciais para a incidência do imposto sobre a
renda4. Diante disso, o presente trabalho tem por escopo analisar a incidência do

1
LSA, art. 252.
2
EIZIRIK, Nelson. Incorporação de ações: aspectos polêmicos. In: WARDE JR., Walfrido Jorge
(coord.). Fusão, cisão, incorporação e temas correlatos. São Paulo: Quartier Latin, 2003, p. 79.
3
No capítulo I desse trabalho, serão apontados os doutrinadores que defendem cada uma dessas
correntes.
4
ZILVETI, Fernando Aurelio. O princípio da realização da renda. In: SCHOUERI, Luís Eduardo
(coord.). Direito tributário – homenagem a Alcides Jorge Costa. São Paulo: Quartier Latin, 2003.
vol. I, p. 298.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
204 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

imposto sobre a renda na incorporação de ações, perquirindo se nessa operação


há renda tributável, conforme disposto no art. 43 do Código Tributário Nacional
(“CTN”), sobretudo à luz do princípio da realização da renda.
Para tanto, inicialmente, serão expostas as duas principais correntes que
tratam sobre a natureza jurídica da incorporação de ações. Com base nessa expo-
sição, concluir-se-á que a incorporação de ações é um instituto jurídico próprio do
direito societário, que tem natureza jurídica de alienação em sentido amplo, não
se equiparando à subscrição de capital em bens, nem ao aumento de capital. Em
seguida, o presente trabalho discorrerá sobre o entendimento que tem prevaleci-
do no Carf com relação aos efeitos fiscais da incorporação de ações, com base em
dez5 acórdãos julgados no período de 2015 a 2020. No que se refere ao princípio
da realização da renda, adotar-se-á como premissa que a realização da renda, no
caso de imposto de renda pessoa física, ocorre mediante a aquisição da disponi-
bilidade econômica ou jurídica sobre a renda ou proventos de qualquer natureza
por meio do regime de caixa6.
O tema objeto do presente trabalho tem, portanto, atual relevância em vista
da controvérsia acerca dos efeitos fiscais da incorporação de ações e da relevância
do estudo dessa operação à luz dos elementos que constituem o fato gerador do
imposto de renda, em especial a realização da renda.

1. Noções gerais sobre a incorporação de ações


1.1. Conceito
A LSA introduziu no ordenamento jurídico brasileiro a sociedade unipessoal
ou subsidiária integral, estabelecendo dois regimes para sua constituição: o regi-
me originário e o derivado. A constituição de uma subsidiária integral pelo regi-
me originário ocorre mediante a constituição, por qualquer sociedade, de uma
nova sociedade da qual será o único acionista. Já a constituição de uma subsidiá-
ria integral pelo regime derivado ocorre mediante a incorporação por ações7.
Disciplinada no art. 252 da LSA, a incorporação de ações consiste na opera-
ção por meio da qual a totalidade das ações de uma sociedade anônima é adqui-
rida por outra companhia brasileira, convertendo-a em subsidiária integral. Nos
termos do caput do art. 252 da LSA:

5
No capítulo II desse trabalho, serão indicados os acórdãos julgados pelo Carf objeto de análise.
6
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 117.
7
CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. Tomo II: arts. 243 a 300. 5.
edição, revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2014. vol. 4, p. 175. Ainda, conforme previsto no
§ 2º do art. 252 da Lei n. 6.404/1976, uma sociedade anônima pode ser convertida em subsidiária
integral mediante aquisição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou mediante a in-
corporação de ações.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 205

“Art. 252. A incorporação de todas as ações do capital social ao patrimônio de


outra companhia brasileira, para convertê-la em subsidiária integral, será
submetida à deliberação da assembleia-geral das duas companhias mediante
protocolo e justificação, nos termos dos artigos 224 e 225.”
Consoante disposto no § 1º do art. 252 da LSA, a incorporação de ações
ocorre mediante o aumento de capital da companhia incorporadora, por meio da
conferência da totalidade das ações de emissão da companhia cujas ações serão
incorporadas. Essa operação deve ser aprovada pelas assembleias de ambas as
companhias.
No que se refere à avaliação das ações, nos termos dos § 1º e § 3º do art. 252
da LSA, as ações que serão incorporadas devem ser avaliadas por meio de laudo
a ser elaborado por perito nomeado pelas companhias envolvidas na incorpora-
ção de ações. Importante ressaltar que a LSA não estabelece um critério específi-
co a ser observado para avaliação das ações objeto da incorporação de ações, de
modo que as companhias envolvidas nessa operação podem convencionar quais
critérios serão utilizados para estabelecer a relação de troca.
Uma vez aprovada a incorporação de ações pelas companhias envolvidas, a
assembleia geral da companhia cujas ações serão incorporadas autorizará a dire-
toria a subscrever o aumento de capital da companhia incorporadora, por conta
de seus acionistas8. Efetivada essa operação, os acionistas titulares das ações in-
corporadas receberão diretamente da companhia incorporadora as ações que
lhes couberem9. Ou seja, ao final da incorporação de ações, a companhia cujas
ações foram incorporadas continuará existindo, mas sob a forma de subsidiária
integral, e os antigos acionistas dessa companhia passarão a ser acionistas da
companhia incorporadora.
À incorporação de ações aplica-se o mesmo procedimento previsto para a
incorporação de sociedades, fusão e cisão, o qual consiste, dentre outros, na ela-
boração do protocolo e justificação, nos moldes previstos nos arts. 224 e 225 da
LSA. Nesse sentido, importante destacar que, a despeito da similitude terminoló-
gica e outras semelhanças, a incorporação de ações e a incorporação de socieda-
des consistem em institutos jurídicos totalmente distintos. A incorporação de so-
ciedades é definida pelo art. 227 da LSA como a operação mediante a qual uma
ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os seus
direitos e obrigações. Essa operação é realizada mediante o aumento de capital
da sociedade incorporadora, o qual será subscrito com a versão da totalidade do
patrimônio da sociedade incorporada.
Em decorrência da incorporação de sociedades, ocorrerá, de um lado, a
extinção da sociedade incorporada e, de outro, o aumento de capital da socieda-

8
LSA, art. 252, § 2º.
9
LSA, art. 252, § 2º.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
206 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

de incorporadora, com a entrega das ações emitidas em razão desse aumento de


capital aos acionistas da companhia incorporada, em substituição às suas antigas
participações societárias10. Dessa forma, na incorporação de sociedades, ao con-
trário da incorporação de ações, a totalidade do patrimônio da companhia incor-
porada passa a integrar o patrimônio da sociedade incorporadora, de modo que,
após essa operação, aquela sociedade será extinta, subsistindo apenas a sociedade
incorporadora.
Daí por que alguns autores11 chamam a atenção para a imprecisão da ex-
pressão “incorporação de ações”, a qual remete à falsa ideia de que nessa opera-
ção haveria a incorporação de uma sociedade por outra.

1.2. Natureza jurídica da incorporação de ações


A definição da natureza jurídica da incorporação de ações é objeto de amplo
debate na doutrina, destacando-se duas principais correntes sobre o tema. Para a
primeira corrente, da qual Edmar Oliveira Andrade Filho12 e Fran Martins13 são
adeptos, a incorporação de ações se equipara a um aumento de capital mediante
a subscrição de ações, e, portanto, constitui uma forma de alienação das ações da
companhia incorporada para a incorporadora.
Esta corrente baseia-se na literalidade do § 1º do art. 252 da LSA, o qual
determina que a incorporação de ações se opera mediante o aumento de capital

10
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Sociedades coligadas, controladoras e controladas. In: LAMY
FILHO, Alfredo; PEDREIRA, José Luiz Bulhões (coord.). Direito das companhias. Rio de Janeiro:
Forense, 2009. vol. 2, p. 1993.
11
Para Modesto Carvalhosa, “na incorporação de ações, há uma falsa incorporação, dado que, por
meio da operação de incorporação de ações de que trata o artigo 252 da LSA, não se incorpora
uma sociedade em outra. A incorporada subsiste como pessoa jurídica, ou seja, como sociedade
mercantil de direito privado” (CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas.
Tomo II: arts. 243 a 300. 5. edição, revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2014. vol. 4, p.175)
12
Para Edmar Oliveira Andrade Filho, “o aumento de capital é um meio para a realização de um
fim (a incorporação das ações), de modo que o sócio que entrega tais ações e adquire outros títu-
los em contrapartida transfere bens em integralização do capital subscrito. Em termos práticos, a
sociedade que vier a ser a incorporadora das ações adquire todas as ações (ou o restante para
completar a totalidade, se ela já for acionista) da sociedade que vier a ser sua subsidiária integral;
essa aquisição é feita mediante o recebimento por conferência das ações ou quotas em subscrição
de aumento de seu próprio capital.” (ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Imposto de renda das
empresas. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2018, p. 552)
13
De acordo com Fran Martins, conforme citado por Luís Eduardo Schoueri e Luiz Carlos de An-
drade Jr., a conversão de uma sociedade anônima em subsidiária integral, pelo negócio referido,
não passa de um aumento de capital da sociedade controladora, com a subscrição das ações desse
aumento pelos acionistas da sociedade que vai se tornar subsidiária integral, sendo que, ao invés
do pagamento em dinheiro, o pagamento pelas referidas ações é realizado mediante a entrega
das ações dos acionistas da sociedade incorporada (MARTINS, Fran. Comentários à Lei das Socie-
dades Anônimas. Rio de Janeiro: Forense, 1975. vol. 3, p. 316 apud SCHOUERI, Luís Eduardo;
ANDRADE JR., Luiz Carlos de. Incorporação de ações: natureza societária e efeitos tributários.
Revista Dialética de Direito Tributário n. 200. São Paulo: Dialética, 2012, p. 47).

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 207

da companhia incorporadora, com a subscrição e integralização das ações repre-


sentativas do capital social da companhia incorporada. Noutras palavras, o au-
mento de capital da companhia incorporadora leva à conclusão no sentido de que
há alienação de ações, e não mera substituição.
Por outro lado, para a segunda corrente, à qual Alberto Xavier14, José Luiz
Bulhões Pedreira e Nelson Eizirik são filiados, a incorporação de ações é um ne-
gócio jurídico contratual entre companhias que acarreta a mera substituição de
ações, por meio da sub-rogação real. Nesse sentido, conforme preleciona Bulhões
Pedreira, o efeito da incorporação de ações é a substituição das ações da compa-
nhia incorporada por ações da companhia incorporadora em razão da sub-roga-
ção real, não havendo qualquer ato de disposição por parte dos acionistas da
companhia cujas ações são incorporadas, nem aquisição de ações por parte da
companhia incorporadora15.
Esse entendimento é compartilhado por Nelson Eizirik, para quem a incor-
poração de ações é um negócio jurídico no qual ocorre a substituição de ações por
meio da sub-rogação real legal, isto é, por força do disposto na LSA, os acionistas
cujas ações foram incorporadas, independentemente de sua vontade, recebem
ações da companhia incorporadora, em substituição às ações que detinham na
companhia incorporada16.
Dois pontos centrais da tese sustentada pela segunda corrente consistem no
fato de que a incorporação de ações não se confunde com o aumento de capital
estabelecido no art. 170 da LSA, bem como não se equipara ao instituto da subs-
crição de ações. Nesse sentido, de acordo com Nelson Eizirik, ao contrário do
aumento de capital com a subscrição em bens previsto no art. 170 da LSA, que
encerra uma relação jurídica entre o acionista e a companhia, na incorporação de
ações não há a manifestação de vontade dos acionistas, mas sim uma relação esta-
belecida entre companhias, sendo o aumento de capital um ato decorrente de lei,
que é “complementar e necessário à consumação da incorporação de ações”17.

14
Nas palavras de Alberto Xavier, “na figura da incorporação de ações o acionista não transfere
bens ou direitos de qualquer natureza, limitando-se, de modo estático e passivo (como numa
‘quase desapropriação’), a ter no seu patrimônio substituídas as ações que previamente detinha
pelas novas ações emitidas pela companhia incorporadora, ocorrendo um fenômeno de sub-roga-
ção real” (XAVIER, Alberto. Incorporação de ações: natureza jurídica e regime tributário. In:
CASTRO, Rodrigo R. Monteiro; ARAGÃO, Leandro Santos (coord.). Sociedade anônima: 30 anos
da Lei 6.404/76. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 140).
15
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Sociedades coligadas, controladoras e controladas. In: LAMY
FILHO, Alfredo; PEDREIRA, José Luiz Bulhões (coord.). Direito das companhias. Rio de Janeiro:
Forense, 2009. vol. 2, p. 1994.
16
EIZIRIK, Nelson. Incorporação de ações: aspectos polêmicos. In: WARDE JR., Walfrido Jorge
(coord.). Fusão, cisão, incorporação e temas correlatos. São Paulo: Quartier Latin, 2003, p. 89/90.
17
EIZIRIK, Nelson. Incorporação de ações: aspectos polêmicos. In: WARDE JR., Walfrido Jorge
(coord.). Fusão, cisão, incorporação e temas correlatos. São Paulo: Quartier Latin, 2003, p. 80/88.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
208 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

A ausência de manifestação de vontade dos acionistas para a efetivação da


incorporação de ações é, noutras palavras, ponto fulcral para a definição da na-
tureza jurídica da incorporação de ações como sub-rogação real, e não alienação.
As possíveis interpretações quanto à natureza jurídica da incorporação de ações
– se alienação ou sub-rogação real, conforme exposto acima – têm implicações
relevantes no âmbito tributário no que concerne à existência ou não do fato gera-
dor do imposto de renda.
Expostas as duas principais correntes sobre a natureza jurídica da incorpo-
ração de ações e à luz da interpretação sistemática do art. 252 da LSA, a nosso ver:
i) a incorporação de ações é instituto jurídico próprio do direito societá-
rio, não se equiparando à mera subscrição de bens em capital, sendo o
aumento de capital apenas uma das etapas previstas na LSA para imple-
mentação da incorporação de ações. Nesse ponto, compartilha-se do en-
tendimento de Nelson Eizirik, de acordo com o qual o aumento de capital
previsto no art. 252 da LSA é um ato “complementar e necessário à con-
sumação da incorporação de ações”18; e
ii) na incorporação de ações, há alienação de ações em sentido amplo,
uma vez que, com a incorporação de ações, os antigos acionistas da com-
panhia incorporada passam a deter ações da companhia incorporadora.
Ou seja, há transferência de propriedade, mas essa transferência é resul-
tado da efetivação da incorporação de ações.

2. A incorporação de ações no âmbito tributário


2.1. O imposto sobre a renda e o princípio da realização da renda
Implícito na Constituição Federal, o princípio da realização da renda é co-
rolário dos princípios da capacidade contributiva e da igualdade, e tem por fina-
lidade garantir que a renda seja tributada quando de sua efetiva aquisição19.
Victor Borges Polizelli afirma que o princípio da realização da renda consis-
te em uma diretriz geral de alocação temporal de receitas e despesas, por meio

18
EIZIRIK, Nelson. Incorporação de ações: aspectos polêmicos. In: WARDE JR., Walfrido Jorge
(coord.). Fusão, cisão, incorporação e temas correlatos. São Paulo: Quartier Latin, 2003, p. 80/88.
19
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 16. Nesse
mesmo sentido, de acordo com Fernando Aurelio Zilveti, “O princípio da realização da renda,
pouco estudado na doutrina brasileira, tem grande importância para a realização da justiça fis-
cal, representa uma garantia para o respeito à capacidade contributiva do cidadão e para a igual-
dade na tributação [...].” (ZILVETI, Fernando Aurelio. O princípio da realização da renda. In:
SCHOUERI, Luís Eduardo (coord.). Direito tributário – homenagem a Alcides Jorge Costa. São
Paulo: Quartier Latin, 2003. vol. I, p. 298)

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 209

da análise dos fatos substanciais que o geraram (condição de materialidade), ob-


jetividade (condição de objetividade) e segurança (condição de prudência)20.
Ricardo Mariz de Oliveira, ao discorrer sobre o referido princípio, afirma
que a realização da renda indica “o momento a partir de quando existe renda
consumada, que possa ser usada, e, portanto, o momento desde o qual ela pode
ser tributada”21.
De acordo com Bulhões Pedreira, são cinco os critérios que caracterizam o
princípio da realização da renda: (a) sua conversão em direitos que acresçam ao
patrimônio; (b) processamento desta conversão mediante troca no mercado; (c)
cumprimento das obrigações que decorrem dessa troca; e (d) mensurabilidade e
liquidez dos direitos recebidos na troca22.
Feita essa breve introdução sobre o princípio da realização da renda, impor-
tante verificar a materialidade do fato gerador do imposto sobre a renda. O legis-
lador complementar, exercendo a função que lhe foi atribuída pela Constituição
Federal, regulamenta o fato gerador do imposto sobre a renda no art. 43 do CTN,
que assim dispõe:
“Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de
qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade eco-
nômica ou jurídica:
I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combi-
nação de ambos;
II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patri-
moniais não compreendidos no inciso anterior.
§ 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do
rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da
origem e da forma de percepção.
§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei esta-
belecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para
fins de incidência do imposto referido neste artigo.”
Da leitura do art. 43 do CTN, infere-se que o legislador elegeu, como aspec-
to material do imposto sobre a renda, a aquisição de disponibilidade econômica
ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza. Embora não haja um
conceito uniforme do que seja renda tributável, para a doutrina majoritária a
definição de renda que mais se coaduna com o disposto no art. 43 do CTN con-

20
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 19.
21
OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Fundamentos do Imposto de Renda. São Paulo: Quartier Latin, 2008.
vol. 1, p. 373.
22
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Imposto sobre a renda – pessoas jurídicas. Rio de Janeiro: Justec,
1979. vol. I, p. 279.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
210 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

siste em acréscimo patrimonial23. Nesse sentido, como preleciona Brandão Ma-


chado, o disposto nos incisos I e II do art. 43 do CTN “consagra o entendimento
de que renda é um acréscimo patrimonial produzido pelo capital ou pelo traba-
lho ou por ambos em conjunto, e que proventos são acréscimos derivados de
qualquer origem”24.
Nessa mesma linha, para Victor Borges Polizelli25:
“[...] pode-se realmente afirmar que a essência da definição de renda dese-
nhada pelo CTN consiste no acréscimo patrimonial. Porém, não se pode obs-
curecer a presença do conceito de renda-produto na legislação brasileira, pois
ele é importante, sobretudo, para justificar a tributação de rendimentos que,
decorrentes do capital ou do trabalho, fluem regularmente para o patrimô-
nio do indivíduo.”
Paulo Victor Vieira da Rocha também é enfático no sentido de que “o que
revela a capacidade contributiva a ser atingida pelo imposto sobre a renda é a
aquisição de disponibilidade de algo. E esse “algo” é acréscimo patrimonial”26.
O acréscimo patrimonial é, portanto, um dos pressupostos legais para a
ocorrência do fato gerador do imposto sobre a renda. Todavia, não basta que
exista acréscimo patrimonial para a ocorrência do fato gerador do imposto sobre
a renda, sendo necessário que haja a “aquisição da disponibilidade” desse acrés-
cimo patrimonial27. Nesse sentido, como pontifica Luís Eduardo Schoueri, a dis-
ponibilidade jurídica ou econômica sobre a renda ou proventos de qualquer na-
tureza foi escolhida pelo legislador complementar como “signo presuntivo” de
capacidade contributiva, de modo que inexistindo disponibilidade, não há mani-
festação da capacidade contributiva28.

23
De acordo com Brandão Machado, o disposto nos incisos I e II do art. 43 do CTN “consagra o
entendimento de que renda é um acréscimo patrimonial produzido pelo capital ou pelo trabalho
ou por ambos em conjunto, e que proventos são acréscimos derivados de qualquer origem” (MA-
CHADO, Brandão. Breve exame crítico do art. 43 do CTN. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva
(coord.). Imposto de renda: conceitos, princípios e comentários. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1996, p.
100).
24
MACHADO, Brandão. Breve exame crítico do art. 43 do CTN. In: MARTINS, Ives Gandra da
Silva (coord.). Imposto de renda: conceitos, princípios e comentários. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1996,
p. 100.
25
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 104.
26
ROCHA, Paulo Victor Vieira da. A competência da União para tributar a renda, nos termos do art. 43
do CTN. Revista Direito Tributário Atual vol. 21. São Paulo: IBDT, 2007, p. 309.
27
OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Fundamentos do Imposto de Renda. São Paulo: Quartier Latin, 2008.
vol. 1, p. 373.
28
SCHOUERI, Luís Eduardo. O conceito de renda e o art. 43 do CTN: entre disponibilidade e
econômica e disponibilidade jurídica. In: ELALI, André; ZARANZA, Evandro; SANTOS, Kalli-
na Flôr dos (coord.). Direito corporativo. São Paulo: Quartier Latin, 2013, p. 350.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 211

O momento temporal de aquisição da disponibilidade jurídica ou econômica


deflagra a ocorrência do fato gerador do imposto sobre a renda, marcando o ins-
tante a partir do qual a renda pode ser tributada29. Para Ricardo Mariz de Olivei-
ra, o momento de realização da renda se confunde com a aquisição da disponibi-
lidade econômica ou jurídica de renda ou de provento de qualquer natureza30.
Até aqui, têm-se que há realização da renda e, por conseguinte, o imposto
sobre a renda pode ser exigido no momento em que a renda ou proventos de
qualquer natureza estiver disponível para seu titular, não sendo permitido tribu-
tar a renda potencial (não realizada)31.
No que se refere à disponibilidade jurídica ou econômica, diversos são os
debates relacionados a esse tema, de modo que, para fins desse trabalho, será
adotado como premissa a visão tradicionalmente aceita de que as formas de dis-
ponibilidades previstas no art. 43 do CTN estão relacionadas aos regimes de
caixa e de competência. Dessa forma, como aponta Victor Borges Polizelli, o CTN
delegou ao Direito Comercial a definição dos critérios para a realização da renda,
de sorte que “o fato gerador do imposto de renda acontece no momento da aqui-
sição de acréscimo patrimonial apurado por meio dos regimes de competência ou
caixa”32.
Nos termos do art. 187 da LSA, o regime de competência é a regra geral
para o reconhecimento contábil e tributação das pessoas jurídicas. As pessoas fí-
sicas, por sua vez, estão sujeitas ao regime de caixa, conforme disposto no art. 3º
da Lei n. 9.250/1955, nos termos do qual o imposto sobre a renda “deve ser calcu-
lado sobre os rendimentos efetivamente recebidos em cada mês”.
Com relação ao regime de caixa, a doutrina é dissidente quanto à necessida-
de de ingresso financeiro (em moeda) para caracterizar a realização da renda.
Para Ricardo Maitto da Silveira, diante do termo “efetivamente recebidos” previs-
to em lei, não há dúvidas de que “esta referência diz respeito ao ingresso finan-
ceiro do rendimento, isto é, ao recebimento de moeda, dinheiro, caixa etc.”33
Já para Luís Eduardo Schoueri e Luiz Carlos de Andrade Jr., “o conceito de
disponibilidade não exige a ocorrência de um ingresso financeiro. Basta que haja

29
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 108.
30
OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Fundamentos do Imposto de Renda. São Paulo: Quartier Latin, 2008.
vol. 1, p. 372.
31
CARRAZZA, Roque Antonio. Imposto sobre a renda: perfil constitucional e temas específicos. 2.
ed., rev. ampl. e atual. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 41.
32
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 113.
33
SILVEIRA, Ricardo Maitto da. O princípio da realização da renda no direito tributário brasileiro.
Revista Direito Tributário Atual vol. 21. São Paulo: Dialética e IBDT, 2007, p. 340.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
212 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

o direito incontestável a este ingresso, ainda que ele não ocorra [...]”34. Ainda nes-
se particular, Victor Borges Polizelli afirma que “[...] o recebimento efetivo e físico
não é necessário para se satisfazer o requisito de realização. Se o contribuinte tem
controle sobre o valor, ele será considerado para fins de tributação”35.
Diante disso, importante verificar se eventual ganho de capital decorrente
da incorporação de ações constitui renda tributável, com base no princípio da
realização da renda.

2.2. Os efeitos fiscais da incorporação de ações envolvendo pessoa física à luz da


jurisprudência do Carf
Estabelecidos os elementos essenciais para ocorrência do imposto sobre a
renda, importa verificar se a incorporação de ações se subsume à hipótese de in-
cidência de tal imposto. Para tanto, no presente tópico, apresentar-se-á alguns
dos precedentes do Carf sobre a referida matéria.
Para fins desta análise, foram selecionados dez acórdãos, com base (i) no
objeto do acórdão – foram selecionados acórdãos sobre incorporação de ações
envolvendo imposto de renda pessoa física; e (ii) no ano de julgamento do acór-
dão nas turmas ordinárias ou no Conselho Superior de Recursos Fiscais do Carf
– foram selecionados acórdãos proferidos entre 2015 e 2020.
Dentre os 10 (dez) acórdãos analisados, em 1 (um) – acórdão n. 9202-
003.57936 prolatado pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, já
transitado em julgado –, o Carf entendeu que a incorporação de ações não tem a
natureza de alienação de ações, não consistindo, portanto, em fato gerador do
imposto sobre a renda37. Da leitura desse acórdão, depreende-se que os principais
argumentos suscitados pelo Carf para sustentar a inexistência do fato gerador do
imposto sobre a renda pessoa física na incorporação de ações foram os seguintes:
i) ausência de transferência de bens da pessoa física para uma pessoa ju-
rídica por ato de alienação, ocorrendo apenas uma sub-rogação, no patri-
mônio do acionista, das ações de uma empresa pela outra;

34
SCHOUERI, Luís Eduardo; ANDRADE JR., Luiz Carlos de. Incorporação de ações: natureza
societária e efeitos tributários. Revista Dialética de Direito Tributário n. 200. São Paulo: Dialética,
2012, p. 62.
35
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 205.
36
CARF. Acórdão n. 9202-003.579. 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Rel. Maria
Helena Cotta Cardozo. Processo n. 10680.726772/2011-88. Sessão 03.03.2015.
37
Cite-se, ainda, o Acórdão n. 2202.002.187. 2ª da Câmara da 2ª Turma Ordinária, julgado em
20.02.2013, no qual o Carf também entendeu pela inexistência de fato gerador do imposto de
renda na incorporação de ações envolvendo pessoa física (CARF. Acórdão n. 2202.002.187. 2ª Câ-
mara da 2ª Turma Ordinária. Rel. Conselheiro Nelson Mallmann. Processo n. 10680.726772/2011-
88. Sessão 20.02.2013).

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 213

ii) inaplicabilidade do disposto no art. 3º, § 3º, da Lei n. 7.713/1988 e no


art. 23 da Lei n. 9.249/1995 à incorporação de ações;
iii) inexistência de fundamento legal que autorizasse a exigência de im-
posto de renda pessoa física por ganho de capital na incorporação de
ações; e
iv) realização de ganho de capital no caso de pessoa física só ocorre quan-
do as ações objeto da incorporação de ações são vendidas, em observância
ao regime de caixa.
Da análise do referido acórdão, destaca-se ainda o seguinte argumento sub-
sidiário utilizado pelo Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, cujo voto foi
vencedor:
“Relevante salientar que este ganho verificado em razão da substituição dos
títulos é meramente potencial. Como é cediço, o mercado de capitais é sazo-
nal, de modo que o contribuinte pode sofrer a desvalorização de suas ações,
nova valorização, e assim sucessivamente. Somente quando ocorrer a aliena-
ção efetiva da participação, com recebimento das quantias pela sociedade
empresária, é que se poderá verificar a existência, ou não, de ganho de capi-
tal tributável. Desta forma, ainda que se possa aceitar a ocorrência de uma
transferência de ações (dos acionistas da incorporada à incorporadora), não
há recebimento de preço pelos títulos, mas sim de novas ações, cujo valor to-
tal, ainda que superior, poderá ser momentâneo, diante das variáveis acima
mencionadas.”
Verifica-se do excerto mencionado acima que, não obstante o acórdão supra-
citado tenha se baseado na natureza jurídica da incorporação de ações para sus-
tentar a inexistência do fato gerador do imposto de renda, a realização da renda
é abordada de forma subsidiária, a fim de demonstrar que ainda que a incorpo-
ração de ações tivesse a natureza jurídica de alienação, não haveria renda tributá-
vel, dada a ausência de realização de renda.
Por outro lado, dos 10 (dez) acórdãos analisados, em 9 (nove)38, o Carf se
manifestou no sentido de que a incorporação de ações tem natureza jurídica de

38
Acórdão n. 2201.006.281, proferido pela 2ª Câmara da 1ª Turma Ordinária do Carf, Rel. Conse-
lheiro Francisco Nogueira Guarita, processo n. 10950.723815/2013-16, julgado na sessão de
05.03.2020. Acórdão n. 9202.008.371, prolatado pela 2ª Turma do Conselho Superior de Recursos
Fiscais, Rel. Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, processo n. 10880.722426/2014-17,
julgado na sessão de 21.11.2019. Acórdão n. 2401-006.662, da 4ª Câmara da 1ª Turma Ordinária
do Carf, Rel. Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto, processo n. 10280.720108/2017-23, julga-
do na sessão de 04.06.2019. Acórdão n. 2301.005.847 da 3ª Câmara da 1ª Turma Ordinária do
Carf, Conselheiro Rel. Antônio Sávio Nastureles, processo n. 10183.722586/2016-95, julgado na
sessão de 14.02.2019. Acórdão n. 2401005.876 da 4ª Câmara da 1ª Turma Ordinária do Carf, Rel.
Conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, processo n. 10580.728692/2016-08, julgado
na sessão de 04.12.2018. Acórdão n. 2202-003.962, da 2ª Câmara da 2ª Turma Ordinária do Carf,

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
214 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

alienação, sujeitando-se, portanto, à incidência do imposto sobre a renda. Dentre


esses 9 (nove) acórdãos, 7 (sete)39 foram decididos com base no voto de qualidade
e 4 (quatro)40 – dos quais 3 (três)41 foram decididos com base no voto de qualidade
– transitaram em julgado.
Da análise dos julgados mencionados acima, infere-se que os principais ar-
gumentos adotados pelo Carf para justificar a incidência de imposto sobre a ren-
da na operação de incorporação de ações são os seguintes:
i) a incorporação de ações caracteriza-se como alienação, sujeita à inci-
dência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro;
ii) na incorporação de ações, há transferência de ações para outra empre-
sa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu ca-
pital, pelo valor de mercado;
iii) as operações que importem em transferência de titularidade de qual-
quer bem ou direito são equiparadas à alienação, consoante disposto no
art. 3º da Lei n. 7.713/1988;
iv) aplica-se à incorporação de ações o disposto no art. 3º da Lei n.
7.713/1988;
v) nos termos do § 4º do art. 3º da Lei n. 7.713/1988, a incidência do im-
posto de renda independe da forma de percepção dos proventos, bastan-
do mero benefício do contribuinte, não ofendendo, portanto, o regime de
caixa; e
vi) há realização de renda quando do recebimento das novas participações
emitidas pela companhia incorporadora.
Observe-se que, com relação ao princípio da realização da renda, a jurispru-
dência do Carf é enfática no sentido de que, na incorporação de ações, a realiza-
ção da renda ocorre no momento da entrega das ações da companhia incorpora-
dora aos acionistas da companhia cujas ações foram incorporadas, não havendo,
portanto, violação ao regime de caixa.

Rel. Conselheiro Martin da Silva Gesto, processo n. 10880.720499/2014-74, julgado na sessão


07.06.2017. Acórdão n. 9202-005.618, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do
Carf, Rel. Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, processo n. 10880.721967/2013-47, jul-
gado na sessão de 25.07.2017. Acórdão n. 9202005.533, da 2ª Turma da Câmara Superior de Re-
cursos Fiscais do Carf, Rel. Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, processo n.
10580.728692/2016-08, julgado na sessão de 27.06.2017. Acórdão n. 9202005.534, 2ª Turma da
Câmara Superior de Recursos Fiscais do Carf, Rel. Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos,
processo n. 10880.721059/2013-53, julgado na sessão de 27.06.2017.
39
Acórdãos n. 9202.008.371, 2401-006.662, 2301.005.847, 2401-005.876, 2202-003.962, 9202-
005.618, 9202-005.534.
40
Acórdãos n. 9202.008.371, 9202-005.618, 9202-005.533 e 9202-005.534.
41
Acórdãos n. 9202.008.371, 9202-005.618 e 9202-005.534.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 215

Essa foi a tese firmada, e.g., no acórdão n. 2201-006.28142, no qual o Conse-


lheiro Francisco Nogueira Guarita, ao analisar as alegações do contribuinte sobre
a violação ao regime de caixa, afirmou que: “a partir do momento da concretiza-
ção da operação de incorporação das ações, o contribuinte já poderia dispor das
mesmas, podendo vendê-las, cedê-las ou realizar qualquer outra operação com as
referidas ações, já com o novo valor de mercado”43.
Já nos acórdãos n. 9202.008.37144 e n. 9202-005.53345, os respectivos votos
vencedores fazem referência ao voto vencido proferido pela Conselheira Maria
Helena Cotta Cardozo no acórdão n. 9202-003.57946, no qual a conselheira asse-
verou que:
“Destarte, verifica-se que o negócio jurídico tipificado no art. 252 da Lei n.
6.404, de 1976, embora seja denominado ‘incorporação de ações’, trata-se, na
sua essência, de uma modalidade de alienação, materializada pela transferência de
ações, dos sócios daquela que passará a ser subsidiária integral, para a empresa in-
corporadora, a título de subscrição de capital não com dinheiro, mas sim com bens.
Em contrapartida a incorporadora, ao invés de numerário, paga o respectivo
preço também em ações. Assim, ocorrendo alienação, a qualquer título, inde-
pendentemente da denominação que seja atribuída à operação, é cabível a
incidência do Imposto de Renda, no caso de eventual ganho, conforme os
dispositivos legais já colacionados, constantes da Lei Complementar e da Lei
n. 7.713, de 1988.” (Destaque nosso)
Destaque-se que, em sentido contrário à ocorrência do fato gerador do im-
posto de renda, em 447 dos 9 acórdãos supramencionados, foi suscitada a inexis-
tência de alteração da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (“DIRPF”),
i.e., embora as ações objeto da incorporação de ações tenham sido avaliadas por
valor superior ao valor declarado na DIRPF, essas ações foram integralizadas pelo
valor constante da DIRPF48. Cite-se, nesse sentido, o acórdão n. 2301-005.847, no
qual o Relator Alexandre Evaristo Pinto proferiu declaração de voto manifestan-
do-se no sentido de “ainda que as ações tenham valor de mercado maior do que

42
CARF. Acórdão n. 2201.006.281. 2ª Câmara da 1ª Turma Ordinária. Rel. Conselheiro Francisco
Nogueira Guarita. Processo n. 10950.723815/2013-16. Sessão 05.03.2020.
43
CARF. Acórdão n. 2201.006.281. 2ª Câmara da 1ª Turma Ordinária. Rel. Conselheiro Francisco
Nogueira Guarita. Processo n. 10950.723815/2013-16. Sessão 05.03.2020.
44
CARF. Acórdão n. 9202.008.371. 2ª Turma do Conselho Superior de Recursos Fiscais. Rel. Rita
Eliza Reis da Costa Bacchieri. Processo n. 10880.722426/2014-17. Sessão em 21.11.2019.
45
CARF. Acórdão 9202-005.533. 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Carf, Rel.
Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, processo n. 10580.728692/2016-08. Sessão em
27.06.2017.
46
CARF. Acórdão n. 9202-003.579, fl. 1.303 e ss.
47
CARF. Acórdãos n. 9202-008.371, 2401-006.662, 2301-005.847 e 9202-005.534.
48
Cite-se, nesse sentido, os acórdãos n. 9202-008.371, 2401-006.662, 2301005.847 e 9202-005.534.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
216 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

o valor declarado na DIRPF, não há se falar em aquisição de disponibilidade de


renda se essas ações foram integralizadas pelo valor da DIRPF”49.
A partir da análise dos precedentes supramencionados, conclui-se que, nes-
ses casos, a tese que tem prevalecido no CARF é a de que a incorporação de ações
envolvendo acionista pessoa física está sujeita ao imposto sobre a renda, havendo
realização de renda quando do recebimento das novas ações emitidas pela com-
panhia incorporadora. Não obstante, importante observar que a maior parte dos
acórdãos ora expostos foram decididos por voto de qualidade. Com o fim do voto
de qualidade50, importante averiguar como o Carf se posicionará a respeito desse
tema nos próximos anos.

3. Análise crítica da tributação da incorporação de ações envolvendo pessoa


física à luz do princípio da realização da renda
3.1. A incorporação de ações envolvendo pessoa física e o princípio da realização
da renda
Com base no exposto acima, o presente capítulo analisará se eventual ganho
decorrente da operação de incorporação de ações envolvendo pessoa física consis-
te em renda tributável à luz do princípio da realização da renda, como reiterada-
mente decidido pelo Carf.
Para tanto, analisaremos se nessa operação estão presentes os critérios indi-
cados por Bulhões Pedreira, com a intepretação de Victor Borges Polizelli, como
principais elementos do princípio da realização da renda, como se passa a analisar.

3.1.1. Cumprimento da obrigação


O primeiro elemento essencial para implementação do princípio da realiza-
ção da renda consiste no cumprimento da obrigação. Nas relações sinalagmáticas,
o cumprimento da obrigação é elemento fundamental para que haja acréscimo
patrimonial tributável. Não obstante as ressalvas de Victor Borges Polizelli no
sentido de que, embora fundamental, esse elemento não é indispensável, visto
que há situações que geram acréscimo patrimonial independentemente de “uma
prestação correlata, ou de um negócio bilateral”51, no caso em análise, esse requi-
sito é essencial para verificar se há acréscimo patrimonial.

49
CARF. Acórdão n. 2301-005.847, fl. 3870.
50
O voto de qualidade foi extinto pelo art. 28 da Lei n. 13.988, de 14 de abril de 2020, que inclui o
art. 19-E na Lei n. 10.522, de 19 de julho de 2002, nos termos do qual: “art. 19-E. Em caso de
empate no julgamento do processo administrativo de determinação e exigência do crédito tribu-
tário, não se aplica o voto de qualidade a que se refere o § 9º do art. 25 do Decreto n. 70.235, de
6 de março de 1972, resolvendo-se favoravelmente ao contribuinte”.
51
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 166/167.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 217

Na incorporação de ações, todos os atos previstos no art. 252 da LSA têm por
finalidade única e exclusivamente a conversão de uma companhia em subsidiária
integral. Dentre as obrigações elencadas no art. 252 da LSA para consecução
dessa operação, pode-se afirmar que há, de um lado, a obrigação da diretoria da
companhia cujas ações serão incorporadas de subscrever o aumento de capital da
companhia incorporadora, por conta de seus acionistas, e, de outro, a obrigação
da companhia incorporadora de entregar as ações que couberem aos acionistas
da companhia incorporada em substituição às ações que esses acionistas deti-
nham anteriormente.
Efetivado esse procedimento e assumindo-se que todos os requisitos previs-
tos pelo art. 252 da LSA foram preenchidos, reputa-se preenchido o critério em
análise.

3.1.2. Conversão em direitos que acresçam ao patrimônio


O segundo critério essencial para concretização do princípio da realização da
renda – “conversão em direitos que acresçam ao patrimônio” – denominado por
Victor Borges Polizelli como “mudança na posição patrimonial”, exige que haja
uma mudança na situação patrimonial da pessoa física ou jurídica. O doutrinador
deixa claro que, para pessoas jurídicas, “não basta a verificação da entrada de um
direito novo no patrimônio da empresa para que exista realização da renda, uma
vez que o acréscimo patrimonial depende da confrontação com as despesas”52.
Na incorporação de ações, os acionistas da companhia incorporada recebem
ações da companhia incorporadora, em substituição às ações que detinham na-
quela companhia. Ou seja, exemplificativamente, antes da incorporação, os acio-
nistas detinham ações da Companhia “A” e, após a incorporação, passam a deter
ações da Companhia “B”, cujo valor pode ser idêntico, inferior ou superior ao
valor de custo das ações que integravam os seus patrimônios anteriormente.
Desse modo, entendemos que o cumprimento ou não do requisito em análise
deve ser averiguado sob dois aspectos: (i) as ações objeto da incorporação de ações
são avaliadas por valor superior ao valor declarado na DIRPF, todavia, essas ações
são integralizadas pelo valor declarado na DIRPF; e (ii) as ações objeto da incor-
poração de ações são integralizadas por valor superior ao declarado na DIRPF.
Na primeira hipótese, note-se que, não obstante a relação de troca estabele-
cida no laudo de avaliação, não há alteração do custo de aquisição das ações rece-
bidas pelos acionistas da companhia incorporada, de modo que o acionista pessoa
física apenas substituirá, em sua DIRPF, as ações da Companhia “A” por ações da
Companhia “B”. Nesse caso, é evidente que não há alteração da situação patrimo-

52
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 169.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
218 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

nial do acionista, não estando presente, pois, um dos elementos nucleares do


princípio da realização da renda. Nessa hipótese, como preleciona Elidie Palma
Bifano, “[...] há meras movimentações patrimoniais que nenhuma nova riqueza
traz para a pessoa física e não se prestam a servir de elementos geradores de tri-
butação [...]”53.
Por outro lado, no caso de os acionistas da companhia incorporada integra-
lizarem ações cujo custo é superior ao valor das ações que detinham anteriormen-
te, nos parece claro que há acréscimo patrimonial. Contudo, isso não significa
dizer que há renda tributável. Para ocorrência do fato gerador do imposto de
renda, o acréscimo patrimonial deve ser efetivamente realizado, em observância
ao princípio da realização da renda.
Noutras palavras, considerando que o presente trabalho trata de imposto de
renda pessoa física, a mudança da situação patrimonial dependerá da existência
de liquidez das ações recebidas em decorrência da incorporação de ações, tendo
em vista que eventual acréscimo patrimonial é apurado com base no regime de
caixa.
Em suma, não estando presentes os elementos acima, como é o caso da pri-
meira hipótese supramencionada, não há se falar em mudança da situação patri-
monial ou direitos que acresçam ao patrimônio, uma vez que, em razão da incor-
poração de ações, haverá apenas a alteração da companhia na qual os acionistas
são detentores de ações, i.e., antes eles detinham ações da companhia incorpora-
da e, após a incorporação de ações, passarão a deter ações representativas do ca-
pital social da companhia incorporadora.

3.1.3. Troca no mercado


A existência de transação ou troca no mercado consiste no segundo elemen-
to indispensável para a implementação do princípio da realização da renda. Esse
critério exige que a mudança da situação patrimonial ocorra mediante uma tran-
sação no mercado.
Victor Borges Polizelli chama a atenção ao fato de que apenas esse elemento
não é suficiente para a realização da renda, pois em determinadas situações (e.g.,
doações, heranças e perdão de dívida) não há troca, e em outras situações a troca
não gera acréscimo patrimonial. Ainda nas palavras do doutrinador, “a troca que
interessa é essencialmente aquela que decorre de negócios jurídicos contrapresta-

53
Ainda nas palavras da autora, “[...] a riqueza a ser tributada na pessoa física há de ser nova, acres-
cida e realizada financeiramente, percebida, como determina a lei, em pecúnia ou em algo que a
ela equivalha. Qualquer outra escolha, por parte da autoridade, em operações de incorporação
de ações, assim como na permuta, afasta-se da lei e por isso é questionável [...].” (BIFANO, Elidie
Palma. Efeitos fiscais, na pessoa física, da permuta e da incorporação de ações. O direito tributário:
entre a forma e o conteúdo. São Paulo: Noeses, 2014, p. 356)

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 219

cionais, pois renda que se tributa é aquela que decorre primordialmente da ex-
ploração do patrimônio empresarial”54.
No caso da incorporação de ações, compartilha-se do entendimento de Luís
Eduardo Schoueri e Luiz Carlos de Andrade, segundo o qual caso essa operação
seja realizada entre partes independentes ou o valor das ações reflita valores con-
sistentes com a prática de mercado, esse requisito estará preenchido55.

3.1.4. Mensurabilidade e liquidez


A mensurabilidade, a liquidez e a certeza são os últimos critérios fundamen-
tais para verificar se há realização da renda. No que se refere à mensurabilidade,
esse aspecto exige que os direitos recebidos na transação sejam mensuráveis, i.e.,
seja atribuído um valor a esses direitos. Bulhões Pedreira ao tratar sobre esse
critério assevera que “se os direitos recebidos na troca são dinheiro, não há dúvi-
da de que o lucro está realizado; mas se não têm valor em dinheiro determinável
com precisão, ou não podem, com facilidade ser convertidos em dinheiro, ainda
não há lucro real ou efetivo”56.
Já a liquidez é definida por Victor Borges Polizelli como a “aptidão de outros
bens que não o dinheiro serem transformados nele. Quanto maior a liquidez,
torna-se mais concreto falar em renda realizada; quanto menor, tanto maior é a
chance de diferimento do ponto de realização para o momento em que possa ser
tornado líquido [...]”57. Nos dizeres do autor, além da mensurabilidade e liquidez,
há que se falar ainda no aspecto da certeza, i.e., é preciso que haja certeza da
possibilidade de recebimento dos valores atribuídos à transação para se falar em
realização de renda.
No caso da incorporação de ações, entendemos que a existência ou não de
liquidez poderá variar a depender dos seguintes cenários: (i) incorporação de
ações envolvendo companhia aberta e (ii) incorporação de ações envolvendo com-
panhia fechada.
Com base no art. 4º da LSA, a classificação de uma sociedade anônima
como aberta ou fechada decorre da existência ou não de valores mobiliários ne-

54
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 173.
55
SCHOUERI, Luís Eduardo; ANDRADE JR., Luiz Carlos de. Incorporação de ações: natureza
societária e efeitos tributários. Revista Dialética de Direito Tributário n. 200. São Paulo: Dialética,
2012, p. 63.
56
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Imposto sobre a renda – pessoas jurídicas. Rio de Janeiro: Justec,
1979. vol. I, p. 281.
57
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 174.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
220 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

gociados no mercado, definindo-se como companhia aberta aquela cujos valores


mobiliários são admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários.
No que se refere à liquidez das ações, a LSA, ao dispor sobre o direito de
retirada, prevê que há liquidez de ações “quando a espécie ou classe de ação, ou
certificado que a represente, integre índice geral representativo de carteira de
valores mobiliários admitido à negociação no mercado de valores mobiliários, no
Brasil ou no exterior, definido pela Comissão de Valores Mobiliários”58.
Para Bulhões Pedreira, pode-se afirmar que ações são líquidas quando “seu
valor é prontamente realizável em moeda mediante alienação no mercado sem
relevante perda de valor e pressupõe ambiente que viabilize a rápida negociação
do seu valor, sendo a admissibilidade de negociação no mercado sinal relativo à
liquidez”59.
Com base na premissa de que a liquidez das ações depende de ambiente que
viabilize sua rápida negociação, nos parece claro que esse critério está presente na
incorporação de ações envolvendo companhia aberta, porquanto o valor das
ações entregues aos acionistas poderá ser aferido e realizado rapidamente no
mercado. Todavia, a mera existência de liquidez não significa dizer que há renda
tributável, pois, embora exista liquidez, não há certeza de que as ações objeto da
incorporação de ações serão alienadas pelo valor atribuído no laudo de avaliação,
havendo uma mera presunção de ganho.
Na companhia fechada, por sua vez, não é possível afirmar que as ações se-
rão prontamente negociadas como as ações admitidas à negociação no mercado
de valores mobiliários. A negociação dessas ações está muito mais restrita se com-
parada às ações cotadas em bolsa de valor, não sendo possível compará-las em
termos de liquidez. Dessa forma, a nosso ver, tanto na incorporação de ações en-
volvendo companhia aberta quanto na incorporação de ações envolvendo compa-
nhia fechada, não há como aferir com certeza eventual ganho de capital, o qual
dependerá efetivamente do momento no qual as ações forem alienadas.
Importante analisar ainda a necessidade ou não de fluxo financeiro para
existência do critério de mensurabilidade e liquidez. Esse tema é sobremaneira
sensível, tendo em vista que, nesses casos, a apuração do imposto sobre a renda
está sujeita à apuração pelo regime de caixa. Como mencionado anteriormente, a
doutrina é dissidente quanto à exigência de ingresso financeiro (em moeda) para
configurar a realização de renda na apuração pelo regime de caixa.
Como pontifica Victor Borges Polizelli, “[...] o recebimento efetivo e físico
não é necessário para se satisfazer o requisito de realização. Se o contribuinte tem

58
LSA, art. 137, II, (a).
59
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Sociedades coligadas, controladoras e controladas. In: LAMY
FILHO, Alfredo; PEDREIRA, José Luiz Bulhões (coord.). Direito das companhias. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2017, p. 267.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 221

controle sobre o valor, ele será considerado para fins de tributação”60. Ainda nos
dizeres do doutrinador61:
“Se o sistema tributário previsse que a renda deveria ser reconhecida apenas
mediante o recebimento real e físico do valor, os contribuintes seriam capazes
de, em diversas situações, controlar o aspecto temporal do reconhecimento
da renda e consequentemente, a obrigação tributária relativa a esta renda
[...].”
No caso da incorporação de ações, entendemos que o acionista não tem con-
trole sobre o valor das ações recebidas em razão da incorporação de ações, o que
há, nesse caso, é uma mera presunção de ganho, que só se realizará (caso se rea-
lize) no momento da alienação das ações.

Conclusões
Em vista das considerações apresentadas no presente trabalho, é possível
afirmar que:
i) a incorporação de ações é instituto próprio do direito societário, que
tem por objetivo transformar uma companhia brasileira em subsidiária
integral.
ii) a análise dos efeitos fiscais da incorporação de ação requer a análise de
cada caso concreto, a fim de verificar se estão presentes os elementos ca-
racterizadores do princípio da realização da renda, de modo que a renda
seja tributada quando de sua efetiva aquisição.
iii) da análise dos quatro pressupostos necessários para a concretização do
princípio da realização da renda – (a) conversão em direitos que acresçam
ao patrimônio; (b) troca no mercado; (c) cumprimento das obrigações; e
(d) mensurabilidade, liquidez e certeza – depreende-se na incorporação
de ações, não há realização da renda, logo, não há fato gerador do impos-
to sobre a renda.
iv) parece-nos que o entendimento que tem prevalecido no Carf no senti-
do de que o ganho de capital decorrente da incorporação de ações está
sujeito à tributação pelo imposto sobre a renda desconsidera os cenários
apontados acima, não estando em consonância com o princípio da reali-
zação da renda. Ao entender que o imposto sobre a renda incide nos casos

60
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 205.
61
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no imposto de renda de
pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Direito Econômico e
Financeiro da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009, p. 207.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
222 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

envolvendo incorporação de ações, há violação ao princípio da realização


da renda, uma vez que não há renda tributável, mas meras movimenta-
ções financeiras.

Referências bibliográficas
ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Imposto de renda das empresas. 13. ed. São
Paulo: Atlas, 2018.
AZEVEDO, Luís André Negrelli de Moura. Incorporação de sociedade, de ações
e fusão. In: PRADO, Nioac; PEIXOTO, Daniel Monteiro (coord.). Reorganiza-
ções empresariais: aspectos societários e tributários. São Paulo: Saraiva, 2011.
BARBUIO, Ana Carolina; ZORICIC, Ana Carolina Cabana; ALCALDE, Roberto
Francisco Vesterman. Incorporação de sociedade e incorporação de ações. In-
cidência do art. 254-A da lei das sociedades anônimas. In: AZEVEDO, Luís
André Negrelli de Moura et al. PENTEADO, Mauro Rodrigues (coord.); MU-
NHOZ, Eduardo Secchi. Mercado de capitais brasileiro: doutrina, cases & mate-
rial. São Paulo: Quartier Latin, 2012.
BIFANO, Elidie Palma. Efeitos fiscais, na pessoa física, da permuta e da incorpo-
ração de ações. O direito tributário: entre a forma e o conteúdo. São Paulo:
Noeses, 2014.
CANTO, Gilberto de Ulhôa; MUNIZ, Ian de Porto Alegre; SOUZA, Antônio Car-
los Garcia de. Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. In:
MARTINS, Ives Gandra da Silva (coord.). O fato gerador do imposto sobre a renda
e proventos de qualquer natureza. Caderno de Pesquisas Tributárias vol. 11. São
Paulo: Resenha Tributária, 1986.
CARF. Acórdão n. 2202.002.187. 2ª Câmara da 2ª Turma Ordinária. Rel. Conse-
lheiro Nelson Mallmann. Processo n. 10680.726772/2011-88. Sessão 20.02.2013.
CARF. Acórdão n. 9202-003.579. 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fis-
cais. Rel. Maria Helena Cotta Cardozo. Processo n. 10680.726772/2011-88.
Sessão 03.03.2015.
CARF. Acórdão n. 2201.006.281. 2ª Câmara da 1ª Turma Ordinária. Rel. Conse-
lheiro Francisco Nogueira Guarita. Processo n. 10950.723815/2013-16. Sessão
05.03.2020.
CARF. Acórdão n. 9202.008.371. 2ª Turma do Conselho Superior de Recursos
Fiscais. Rel. Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Processo n. 10880.722426/2014-
17. Sessão 21.11.2019.
CARF. Acórdão n. 2202-003.962. 2ª Câmara da 2ª Turma Ordinária. Rel. Martin
da Silva Gesto. Processo n. 10880.720499/2014-74. Sessão 07.06.2017.
CARF. Acórdão n. 1301-002.010. 3ª Câmara da 1ª Turma Ordinária. Rel. Wilson
Fernandes Guimarães. Processo n. 16327.721300/2013-14. Sessão 04.05.2016.
CARF. Acórdão n. 2301.005.847. 3ª Câmara da 1ª Turma Ordinária. Rel. Antônio
Sávio Nastureles. Processo n. 10183.722586/2016-95. Sessão 14.02.2019.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
DOUTRINA NACIONAL 223

CARF. Acórdão n. 1301.003.286. 3ª Câmara da 1ª Turma Ordinária. Rel. Carlos


Augusto Daniel Neto. Processo n. 16327.720266/2013-52. Sessão 14.08.2018.
CARF. Acórdão n. 9202-005.534. 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos
Fiscais do Carf, Rel. Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, processo n.
10880.721059/2013-53, julgado na sessão de 27.06.2017.
CARF. Acórdão n. 9202-005.618, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos
Fiscais do Carf, Rel. Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, processo n.
10880.721967/2013-47, julgado na sessão de 25.07.2017.
CARF. Acórdão n. 9202005.533. 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fis-
cais do Carf, Rel. Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, processo n.
10580.728692/201608, julgado na sessão de 27.06.2017.
CARRAZZA, Roque Antonio. Imposto sobre a renda: perfil constitucional e temas
específicos. 2ª ed., rev. ampl. e atual. São Paulo: Malheiros, 2006.
CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. Tomo II: arts.
243 a 300. 5. edição, revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2014. vol. 4.
COELHO, Renato Souza. Caso Nery Galvão: análise da incorporação de ações a
valor do mercado. In: CASTRO, Leonardo Freitas de Moraes e. Planejamento
tributário: análise de casos. São Paulo: MP Editora, 2010.
EIZIRIK, Nelson. Incorporação de ações: aspectos polêmicos. In: WARDE, Wal-
frido Jorge Jr. (coord.). Fusão, cisão, incorporação e temas correlatos. São Paulo:
Quartier Latin, 2003.
MACHADO, Brandão. Breve exame crítico do art. 43 do CTN. In: MARTINS,
Ives Gandra da Silva (coord.). Imposto de renda: conceitos, princípios e comen-
tários. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
OLIVEIRA, Ricardo Mariz. Fundamentos do Imposto de Renda. São Paulo: Quartier
Latin, 2008, vol. 1.
OLIVEIRA, Ricardo Mariz. Incorporação de ações no direito tributário: conferência
de bens, permuta, dação em pagamento e ouros negócios jurídicos. São Paulo:
Quartier Latin, 2014.
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Sociedades coligadas, controladoras e controla-
das. In: LAMY FILHO, Alfredo; PEDREIRA, José Luiz Bulhões (coord.). Di-
reito das companhias. Rio de Janeiro: Forense, 2009. vol. 2.
PEDREIRA, José Luiz Bulhões. Imposto sobre a renda – pessoas jurídicas. Rio de
Janeiro: Justec, 1979. vol. I.
PINTO, Alexandre Evaristo Pinto; KLEINDIENST, Ana Cristina; VAZ, Janaina
Campos Mesquita; COSTA, Luiz Guilherme Duarte Martins; GOMES JR.,
Roberto Lincoln de Sousa. Incorporação e incorporação de ações: incidência
do artigo 254-A. In: PENTEADO, Mauro Rodrigues. Mercado de capitais brasi-
leiro II: doutrina, cases & materials. São Paulo: Quartier Latin, 2014.
POLIZELLI, Victor Borges. O princípio da realização da renda e sua aplicação no
imposto de renda de pessoas jurídicas. Dissertação de mestrado apresentada ao
PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.
224 REVISTA DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL nº 55

Departamento de Direito Econômico e Financeiro da Faculdade de Direito da


Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009.
PONTES, Evandro Fernandes de. Incorporação de ações no direito brasileiro. São
Paulo: Almedina, 2016.
ROCHA, Paulo Victor Vieira da. A competência da União para tributar a renda,
nos termos do art. 43 do CTN. Revista Direito Tributário Atual vol. 21. São Pau-
lo: Dialética e IBDT, 2007.
SCHOUERI, Luís Eduardo. O conceito de renda e o art. 43 do CTN: entre dispo-
nibilidade e econômica e disponibilidade jurídica. In: ELALI, André; ZA-
RANZA, Evandro; SANTOS, Kallina Flôr dos (coord.). Direito corporativo. São
Paulo: Quartier Latin, 2013.
SCHOUERI, Luís Eduardo; ANDRADE JR., Luiz Carlos de. Incorporação de
ações: natureza societária e efeitos tributários. Revista Dialética de Direito Tri-
butário n. 200. São Paulo: Dialética, 2012.
SILVEIRA, Ricardo Maitto da. O princípio da realização da renda no direito tri-
butário brasileiro. Revista Direito Tributário Atual vol. 21. São Paulo: Dialética e
IBDT, 2007.
XAVIER, Alberto. Incorporação de ações: natureza jurídica e regime tributário.
In: CASTRO, Rodrigo R. Monteiro; ARAGÃO, Leandro Santos (coord.). Socie-
dade anônima: 30 anos da Lei 6.404/76. São Paulo: Quartier Latin, 2007.
ZILVETI, Fernando Aurelio. O princípio da realização da renda. In: SCHOUE-
RI, Luís Eduardo (coord.). Direito tributário – homenagem a Alcides Jorge Cos-
ta. São Paulo: Quartier Latin, 2003.

PEREIRA, Maria Eliana. Os Efeitos Fiscais da Incorporação de Ações envolvendo Pessoa Física
à Luz do Princípio da Realização da Renda.
Revista Direito Tributário Atual n. 55. ano 41. p. 202-224. São Paulo: IBDT, 3º quadrimestre 2023.

Você também pode gostar