APELAÇÃO - TRIBUTÁRIO - ELLEN MIRANDA

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR – FACULDADE DE DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO II

DISCENTE: ELLEN KAROLINE MIRANDA DOS ANJOS

DOCENTE: RICARDO XAVIER

RECURSO DE APELAÇÃO

SALVADOR

2022
DOUTO JUIZO DA 1ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO MOOT
BRASILEIRO

Autos de n° 15348-89.2020.4.06.0981

JUANITA MELLO, já qualificada nos autos, sob o número em epígrafe, que


contende com a União (Fazenda Nacional), também qualificada, vem perante V.
Excelência, perante Vossa Excelência, por sua advogada infrafirmada, data maxima
venia, inconformados com a r. Sentença, apresentar recurso de APELAÇÃO, para
uma das Egrégias Turmas do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, consoante
preceituam os artigos. 1.009 e seguintes, do Código de Processo Civil; e tendo em
vista as RAZÕES que seguem em anexo.

Requer, pois, o recebimento e envio ao TRF6 com as cautelas de estilo, bem como
a juntada da guia de custas e comprovante de pagamento anexos.

Nestes termos,

Pede deferimento.

LOCAL/UF, DATA.

ADVOGADO (A)
OAB/UF| 00.000
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 6ª REGIÃO

Processo nº 15348-89.2020.4.06.0981

Autora: Juanita Mello

Réu: União (Fazenda Nacional)

RAZÕES DE APELAÇÃO

Nobres Julgadores,

Colenda turma,

Cuida-se de Ação Anulatória de Débito Fiscal no qual pleiteia pela anulação do


lançamento tributário contra a apelante, e, consequentemente à exclusão das verbas
que não representem acréscimo patrimonial, bem como seja declarado o direito de
serem compensados, os valores indevidamente recolhidos, corrigidos, observado o
prazo prescricional de 05 anos contados do ajuizamento da demanda.

Conforme se observa da sentença, o pedido foi julgado improcedente sem analisar


QUALQUER DISPOSITIVO LEGAL APRESENTADO PELA APELANTE.

Ora, a Apelante avalia que a decisão prolatada pelo r. Juízo deve ser reformada,
razão pela qual apresenta este recurso, a fim de lhe ser integralmente conferido o
pedido pleiteado na inicial.

I. DO CABIMENTO, DA TEMPESTIVIDADE E DO PREPARO.

Apenas ad cautelam assevera a Recorrente ser o presente recurso tempestivo


porque, ex vi art. 1.003, do CPC, o prazo para interposição do recurso se inicia da
intimação das partes da sentença ora recorrida, e, como determina o artigo 224, do
mesmo Diploma Legal, contar-se-á o prazo excluindo-se o dia de início e incluindo-
se o do vencimento.

Registra a recorrente que a interposição é tempestiva já que dentro do prazo de 15


dias a que se refere o art. 1.003, § 5º do CPC e que recolheu devidamente as verbas
relativas ao preparo, não sendo caso para deserção, conforme se demonstra no
doc... em anexo.

II. DO MÉRITO

2.1. DO FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA

Para fins de aplicabilidade do imposto de renda, verifica-se que o fato gerador, nas
palavras de Hugo de Brito Machado, é a "aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos" (in Curso de Direito Tributário. 14ª ed. p. 226)

A conceituação de renda, então, assume crucial importância para fins de análise de


sua exigibilidade. Dessa forma, o imposto tem-se configurado diante do "acréscimo
patrimonial", na mesma linha do que faz o Código Tributário Nacional ao referir:

"Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e


proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição
da disponibilidade econômica ou jurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da


combinação de ambos;

II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os


acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior."

Assim, para que haja renda, deve haver um acréscimo patrimonial. Segue a mesma
linha a lição de José Artur Lima Gonçalves:
"A extensão dos termos "renda" e "proventos de qualquer
natureza" dá o contorno do que pode ser tributado e do que não
pode ser tributado a tal título. Na instituição do imposto, o legislador
ordinário não pode extrapolar a amplitude de tais conceitos, sob
pena de inconstitucionalidade. A renda é o acréscimo patrimonial
produto do capital ou do trabalho. Proventos são os acréscimos
patrimoniais decorrentes de uma atividade que já cessou.
"Acréscimo patrimonial", portanto, é o elemento comum e nuclear
dos conceitos de renda e de proventos, ressaltado pelo próprio art.
43 do CTN na definição do fato gerador de tal imposto." (PAULSEN,
Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 9.ed. SaraivaJur,
2018. Versão E-pub, Cap. XXIII/143)

Ocorre que no presente caso, a exigibilidade do imposto de renda está maculada,


devendo ser revista.

2.2. DA EXCLUSÃO DO LANÇAMENTO INDEVIDO NO IRPJ

O fato gerador do imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) está indicado no
art. 43 do CTN, conforme indicado anteriomente, sendo a sua base de cálculo está
prevista no art. 219 do Decreto nº 3000/1999, sendo composta pelos acréscimos
patrimoniais dos contribuintes a partir da incorporação de riqueza ao patrimônio
existente:

Decreto nº 3000/1999. Art. 219. A base de cálculo do imposto,


determinada segundo a lei vigente na data de ocorrência do fato
gerador, é o lucro real (Subtítulo III), presumido (Subtítulo IV) ou
arbitrado (Subtítulo V), correspondente ao período de apuração (Lei
nº 5.172, de 1966, arts. 44, 104 e 144, Lei nº 8.981, de 1995, art. 26,
e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º). Parágrafo único. Integram a base de
cálculo todos os ganhos e rendimentos de capital, qualquer que seja
a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza,
da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando
que decorram de ato ou negócio que, pela sua finalidade, tenha os
mesmos efeitos do previsto na norma específica de incidência do
imposto (Lei nº 7.450, de 1985, art. 51, Lei nº 8.981, de 1995, art. 76,
§ 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 25, inciso II, e 27, inciso II).
Muito embora a competência para tanto seja atribuído à União, visualiza-se no
presente caso ilegalidade, visto que não poderia ter imposto a incidência de IRPF,
quanto a imputação de multa de ofício, qualificada ou não.

Cabe expor, ainda, que a exigência da inclusão do lançamento IRPJ e da CSLL com
valores que não compreendem o exercício devido, desrespeita os princípios
Constitucionais da legalidade, da capacidade contributiva, e da vedação ao confisco.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154,I.

Fala-se em vedação ao confisco, diante do presente caso, pois, o valor a maior


cobrado não foi estipulado por lei, conforme preconiza o inciso I do art. 150 da CF/88
acima destacado, se revelando maior do que o devido.

Quanto à legalidade, disciplinada pelo art. 150, I da CF, tem-se a sua violação na
medida em que o ato administrativo de lançamento de débitos fiscais além do
exercício na base de cálculo do IRPJ e da CSLL configura aumento injustificado
análogo a uma nova contribuição, violando o art. 195, § 4º da CF, que determina que
o adequado meio seria a partir de lei complementar.

E mais, muito embora a sentença tenha julgado improcedente o pedido da exordial,


o fundamento utilizado se refere a INTEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO na
seara ADMINISTRATIVA, e não se refere a cobrança indevida, corroborando assim
com o questionamento apresentado.
Todavia, há doutrinadores sustentando que, não obstante a impugnação ser
extemporânea, cabe à autoridade administrativa conhecer e acolher a
pretensão do reclamante, quando a reclamação aponte alguma ilegalidade ou
erro na conduta administrativa, e desde que se convença da procedência da
reclamação e não haja a extinção, pelo tempo, do direito de a Administração rever
os seus atos, a pedido ou de ofício.

Doutrina ainda Hely Lopes Meirelles:

“Essa atitude administrativa é plenamente justificada pelo interesse


recíproco do Poder Público em obviar um pleito judicial que
conduziria ao mesmo resultado da decisão interna da Administração.
(...) Daí porque a doutrina tem aconselhado o conhecimento e
provimento da reclamação extemporânea, quando é manifesto o
direito reclamado."

Como qualquer decisão administrativa pode ser revista e modificada pelo Poder
Judiciário, com fundamento no art. 5º, XXXV, da CF/88, ao garantir que a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário, no máximo podemos defender a decisão
definitiva como coisa julgada formal administrativa.

Ademais, requer-se a exclusão das verbas que não representem acréscimo


patrimonial.

III. DO EFEITO SUSPENSIVO

Requer a recorrente seja reconhecido o efeito suspensivo no presente recurso, nos


termos do art. 1.012 do CPC, obstando-se a execução provisória da decisão
recorrida.

Em casos semelhantes ao ora em análise, já decidiu o TRF da 4ª Região:

TRIBUTÁRIO. PROCEDIMENTO COMUM. DESCONSTITUIÇÃO DE


AUTO DE LANÇAMENTO. REDUÇÃO DE MULTA.
POSSIBILIDADE. PEDIDOS SUCESSIVOS. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. EXISTÊNCIA. 1. Não há comprovação de má-fé ou
falsidade da parte autora, tampouco de incidência das hipóteses
mencionadas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64 (sonegação,
fraude ou conluio), de modo que deve ser limitada a multa ao
percentual de 75% do débito apurado, consoante § 4º do art. 18 da
Lei 10.833/03, sem o multiplicador trazido no parágrafo 1º do art. 44
da Lei 9.430/96. 2. O pedido alternativo é aquele que, pela natureza
da obrigação, pode ser cumprido por mais de um modo, o que,
inclusive, consta expressamente do art. 288 do CPC. O art. 289, por
sua vez, traz a possibilidade de formulação de pedidos sucessivos
para que o juiz conheça do posterior caso não possa acolher o
anterior. 3. Sucumbência recíproca na improcedência de pedido
principal com acolhimento de pedido sucessivo ( CPC, Art. 289).
(TRF4 XXXXX-66.2013.4.04.7107 , PRIMEIRA TURMA, Relator
ALEXANDRE GONÇALVES LIPPEL, juntado aos autos em
15/10/2020).

Assim, diante da probabilidade de provimento do recurso, uma vez que o assunto


exige uma análise mais detalhada do mérito da apelação, necessário se faz aplicar
os efeitos suspensivos requeridos, em razão da mais lídima justiça.

IV. DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer:

a) a) requer seja conhecido e provido o presente recurso, já que, como ante


exposto, todos os requisitos foram obedecidos;

b) reafirma pedido de que seja reconhecido e mantido o efeito suspensivo até a


decisão final, conforme acima exposto;

c) requer a inversão do ônus sucumbenciais, imputando-os ao apelado, tanto


quanto às custas processuais como aos honorários advocatícios, observado o art.
85, § 2º a 4º do CPC;

d) requer, quanto ao mérito, seja provido o presente recurso, proferindo-se


acórdão substitutivo de reforma da sentença impugnada, declarando-se o bom
direito do recorrente e julgando procedente a ação em tela.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Local/data
ADVOGADO
OAB/UF XX.XXX

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