INSTRUMENTOS_MAGICOS

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Os instrumentos mais comumente vistos associados à bruxaria são sem dúvida o


Caldeirão e a Vassoura. Seguidos pela Varinha que a meu ver esteve mais associada às
fadas madrinhas dos contos infantis até o advento da saga do personagem Harry Potter.
Claro que estou me referindo à grande massa que trata a bruxaria como algo
sobrenatural ou fantasia. Estes instrumentos aparecem de forma caricaturada ou
romântica nos gibis, filmes e contos infantis tendo algumas vezes seus sentidos
distorcidos ou distantes da verdadeira simbologia.
Quando começamos a nos aprofundar no estudo da Arte, tais símbolos são
desvendados e seu uso é compreendido de forma mais objetiva. A necessidade de
instrumentos ou apetrechos para trabalhos mágicos ou espirituais é consagrada em
muitas tradições religiosas e o objetivo, grosso modo, é a concentração de energia, seja
para a elaboração de um feitiço, estabelecer conexão com outros planos, invocação do
sagrado ou simplesmente adoração ou oferenda.
Decerto tais instrumentos não são imprescindíveis para a prática mágica. Pois
temos em nosso sagrado corpo, todos os elementos e atributos necessários para
realizarmos a alquimia necessária à conexão com o Divino em nós. Entretanto a
linguagem simbólica aciona nosso self jovem (que é o que brinca, quer tocar)
facilitando a comunicação.
Os objetos adquiridos devem ser consagrados para apagar suas lembranças de
manuseio anteriores e marca-las magicamente para uso do sacerdote nas suas práticas
ritualísticas. Se for confeccionada pelo próprio usuário a consagração pode se iniciar
desde o momento da intenção de adquirir o instrumento, a coleta do material a ser
utilizado, até a confecção propriamente dita; através de visualizações, mentalizações,
entoação de mantras, utilização de ervas ou cristais etc. Pode-se também consagrar um
objeto a uma Deidade, visando obter o concurso desta Deidade para algum tema
específico ou apenas homenageá-la.

Rebeca Lemh 02/04/14


2

O instrumento comumente usado para consagração dos instrumentos mágicos é


o Pentáculo cuja origem remonta a 2.700 anos AEC,1
Trata-se de um pentagrama inscrito em um círculo. Seu estudo por si só, daria
elementos para um trabalho exclusivo, considerando o forte conteúdo simbólico que
encerra.

O círculo associa-se ao feminino, à fluidez e flexibilidade, mas é também um


símbolo solar, de totalidade. Também pode conter em seus muitos significados a união
da matéria, concentração. Ou, ainda, o infinito.

Os significados do pentagrama são muitos, dependendo da tradição. No


Wikipédia, encontramos um distinção entre Pentáculo e Pentagrama: “Há quem diga
que o pentagrama vem do grego pentagrammon que significa “cinco linhas”. Enquanto
pentáculo vem de pentaculum que se refere a um amuleto pendente, não
necessariamente um pentagrama.”

A estrela de cinco pontas é conhecida desde a mesopotâmia ao antigo Egito. Foi


observado por Pitagóras que suas proporções guardam relação com o número áureo e
este passou a tê-la como símbolo de sua irmandade.

Este antigo símbolo foi incorporado pela bruxaria e na Wicca suas pontas são
associadas aos quatros elementos primordiais e ao espírito. É também associado ao
corpo humano. Utilizamos como símbolo da Deusa e do elemento norte e também para
consagrar instrumentos e outros objetos para uso mágico ou ritual.

1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pent%C3%A1culo

Rebeca Lemh 02/04/14


Pode ser confeccionado em qualquer material. Eu particularmente prefiro os
moldados por mim. Fiz um em argila que usei até que se partiu e fiquei um tempo sem 3
esse instrumento. Recentemente forjei um em uma casca de árvore, recolhida no chão
da floresta no fundo do quintal em Salesópolis, pretendo fazer outro de argila.

Etimologicamente falando a palavra caldeirão é oriundo do Latim caldarium


(banho quente), é uma panela grande, usada para cozinhar grandes quantidades de
comida sobre uma fogueira.

A preparação de alimentos é algo extremamente sagrado e é banalizado em


nossa sociedade pelos fastfoods da vida. E embora nem todos os bruxos gostem de
cozinhar, eles sabem o quanto de magia podemos por em movimento neste ato
cotidiano. A fogueira reúne, agrega em torno dela, enquanto no caldeirão o alimento se
transforma e embaladas pelo odor, muitas lendas são contadas e tradições perpetuadas.

Ligado ao elemento água, símbolo do oceano da vida, o útero da Deusa,


acolhedor e nutridor. Mas é nele também que acendemos o fogo para feitiços de
purificação, ritos de fertilidade, queimamos pedidos e intenções. Vejo-o contendo os
quatro elementos: a terra no alimento ou ervas que recebe, no fogo que absorve, no
aroma que exala e na água que segura.

“Três pernas sustentam o caldeirão, em cujo bojo, processa-se a alquimia: uma


matéria-prima originalmente dura, rústica e de sabor muito agradável, transforma-se
em algo macio, refinado, altamente nutritivo e saboroso. Se uma das pernas do
caldeirão se quebra, ele não se sustenta: tomba e cai! E assim, „o Duque não se
alimenta do saboroso faisão!” (I Ching)2

Os três pés do caldeirão simbolizam as três faces da Deusa. Deve ser de


preferência de ferro. Pode ser usado com água, terra, preparo de banhos e poções e
também como oráculo.

2
http://sociedadetaoista.com.br/blog/taoismo/artigos/o-tripe-no-caldeirao/

Rebeca Lemh 02/04/14


Embora seja símbolo do feminino temos as lendas de dois Deuses celtas que têm
o caldeirão como símbolo: Bran, o Caldeirão do Renascimento e Dagda, o Cadeirão da 4
Abundância. Não podemos deixar de citar também o Caldeirão da Transmutação de
Cerridwen. Ao que parece, a lenda do Santo Graal está ligada a um desses caldeirões,
sendo estes o precursor daquele. Tema para outra pesquisa.

Parece-me que na transição para o cristianismo o Caldeirão da Transmutação, da


Abundância e do Renascimento se transforma no Cálice Sagrado. Mas a lenda do Santo
Graal parece ser anterior ao cristianismo e sua forma original talvez não seja um cálice.

Na bruxaria que pratica o culto a Deusa, o Cálice é símbolo do sagrado


feminino, assim como o Caldeirão, representa o útero da Deusa. Embora guarde relação
com o Caldeirão e talvez seja uma variação desse, o Cálice tem um sentido único em
sua relação com o elemento água. Através dele partilhamos o líquido ritual, seja a água
que refrigera ou o vinho que inebria. Segundo um texto de Micaela, o cálice foi
introduzido na Wicca em época mais recente. Não sei o quão recente seria, mas o cálice
está presente na mesa do mago do tarô e representa o naipe de copas que refere-se as
emoções, afetuosidade, amorosidade.

No altar é posicionado no quadrante Oeste, podendo conter água pura, água


salgada, vinho ou outra bebida ritual. Representa o útero da Deusa no grande rito
celebrado nos rituais, quando o Athame, penetra o Cálice.

O Athame é um punhal sem fio, usado na Wicca e em outras práticas mágicas. É


usado no traçado/destraçar do círculo mágico, traçar símbolos no ar, para direcionar

Rebeca Lemh 02/04/14


energia em rituais de banimento e/ou proteção. Pode ser usado também para concentrar
parte da energia gerada em um ritual para uso posteriormente em alguma ação 5
específica. Representa a polaridade masculina da divindade e está ligado ao elemento ar,
embora seja associado ao fogo em algumas vertentes.

Segundo Wikipédia, há desenhos em abjetos de decoração que são anteriores a


EC e manuscritos datados do século XI, que registram o uso de facas em rituais de
magia. Fico imaginando que em uma época onde o uso das armas brancas era comum, o
punhal tenha a finalidade básica de defesa.

Para mim um punhal é diferente de uma faca, embora ambos possam ser usados
como arma, a última tem o objetivo mais prático em ações como cortar, picar,
descascar, entalhar. O punhal até pelo seu duplo fio dificulta essas ações e tem o caráter
mais de perfuração pela ponta. E era a arma por excelência usada para sacrifícios
(humano ou animal) rituais em épocas mais primitivas, uma vez que o punhal tem
registros que datam de três mil anos AEC.

Portanto, consagrá-lo para uso ritual não é uma prática moderna, penso que o
moderno é usá-lo pelo que representa simbolicamente, não pelo que o define de fato
como uma arma. Na ponta de seu Athame está o sangue de seu inimigo ou do seu
sacrifício, no Grande Rito é o ar que fere o líquido, o vinho. É a inspiração na criação.
No direcionamento da energia ele é a extensão de sua mão de poder, portanto a extensão
de sua vontade criadora, para o bem ou para o mal.

A origem e o significado do nome Athame parece não ser muito precisa, "alguns
dizem que possa ter vindo de 'A Chave de Salomão' (1572) que se refere à faca como
arthana, enquanto outros afirmam que athame vem da palavra árabe al-adhamme
("letra de sangue") que se refere a uma faca sagrada usada na tradição mourisca”3 ou
em outra fonte é “aquele que não morre”4.

No altar, como símbolo do elemento Ar, fica posicionada no quadrante leste.


Recomenda-se que a medida de sua lâmina seja a comprimento entre a ponta de seu
dedo médio e seu pulso, na mão dominante. Para alguns seu uso é restrito aos rituais,
enquanto outros defendem seu uso de forma recorrente em atividades práticas, como
colher e picar ervas, por exemplo, alegando que quanto maior seu manuseio mais
aumenta seu poder.

3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Athame
4
https://groups.google.com/forum/#!msg/recanto-da-bruxa/EX-kT9wY3n8/WyRgFkg5PfMJ

Rebeca Lemh 02/04/14


Entretanto, por sua natureza bélica, seu uso cotidiano não e recomendado, pois
exigira que se afiasse, tornando-o perigoso e nos expondo a risco de acidentes. Para 6
esse uso cotidiano temos a opção de servimo-nos da pequena faca de cabo branco.

A Bolline é a faca usada para o trabalho prático e ao contrário do Athame possui


corte. Tradicionalmente seu formato é de uma meia lua (foice) e seu cabo branco parece
ter a utilidade de distingui-la do Athame cujo cabo é escuro.

Como dito no seu enunciado é usada para inscrever símbolos, na confecção de


instrumentos mágicos, picar ervas, cortar galhos, moldar decoração ritual (Jack
O'Lantern).

Embora não tenha função ritualística é um instrumento sagrado e consagrado


para ser usado em elementos preparatórios para um ritual ou que estarão presentes neste.
Creio que seu uso apenas dentro de um Círculo Mágico que limita sua função prática,
mas deve ser reservado apenas para fins sacerdotais.

Se usada ritualisticamente, em contraposição ao Athame, estará vinculada a


polaridade feminina da divindade.

A espada mágica é usada em algumas tradições em ritos iniciáticos e pode ser


substituta do Athame uma vez que possui todas as propriedades deste. Talvez o Athame
seja uma pequena espada cuja constituição facilita o manuseio.

É tradicionalmente a arma dos cavaleiros e aparece em mitos de várias culturas


com propriedades mágicas. A Excalibur é um exemplo bem popular pela lenda do Rei
Arthur e curiosamente vinculada ao Santo Graal (Caldeirão). A Espada Claíomh Solais
é um dos quatro tesouros trazidos pelos Tuatha Dé Danann (Povo da Deusa Danu),
junto com a Pedra Lia Fáil, a Lança Areadbhar e notem, o Caldeirão Undry que é um
dos instrumentos do Deus Dagda e também associado ao Santo Graal.

Rebeca Lemh 02/04/14


Outras espadas as quais foram atribuídas poderes mágicos são5 6:

 Tizona é o nome da espada carregada por El Cid em seu combate aos 7

mouros na Espanha;
 Durendal é a espada do conde Rolando, recebida de Carlos Magno
quando de sua investidura como cavaleiro, o que ocorreu aos dezessete
anos de idade. Esta história está descrita em várias obras da chamada
Matéria de França. Seu nome vem do francês e significa “aquela que
perdura” talvez seja a origem do significado “aquele que não morre”,
atribuído ao Athame;
 Zulfiqar é a espada do líder islâmico Ali. Seu nome significa “bifurcada”
ou “aquela que divide exatamente em duas partes”;
 Kusanagi é uma espada japonesa lendária, e um dos três Tesouros
Imperiais do Japão, foi presenteada à Deusa Amaterasu para acabar com
uma antiga disputa;
 Na Mitologia Nórdica, a espada Gram é a arma que o herói Siegfried
usou para matar o dragão Fafner. Seu nome significa “cólera”, forjada
pelo mestre ferreiro Wayland, o mesmo que teria forjado Durendal;
 Tyrfing é outra das espadas mágicas da Mitologia Nórdica, foi forjada e
amaldiçoada pelos anões Dvalinn e Durin;
 Thuan Thien é o nome da espada mítica do Imperador vietnamita Le Loi,
que libertou o Vietnã da ocupação Ming depois de dez anos de conflitos,
 Nægling é o nome de uma das espadas usadas pelo herói Beowulf no
poema épico anglo-saxão de mesmo nome;
 Worochi é a espada lendária que o Deus Izanagi usou para matar seu
filho, Kagu-tsuchi. Izanagi é uma divindade nascida de sete gerações
divinas, segundo a mitologia japonesa e o Xintoísmo;
 Harpe é o nome de um tipo de espada mencionada por antigas fontes
gregas e latinas, quase sempre dentro de contextos mitológicos. Ela é
mais conhecida por ter sido a espada utilizada por Perseu para decapitar
Medusa, que é a mesma usada por Cronos para castrar seu pai, Urano;
 Shi Shen Li é o nome de uma espada lendária chinesa, forjada no Tibete,
por um casal de magos pertencentes à tradição Bön.;

5
http://www.sgi.org.br/mitologia/as-7-espadas-mais-poderosas-da-mitologia/
6
http://www.sgi.org.br/mitologia/as-7-espadas-mais-poderosas-da-mitologia-2/

Rebeca Lemh 02/04/14


 A Espada Flamígera é uma espada hebraica que possui poderes
sobrenaturais e irradia fogo, seu portador é o querubim que guarda o 8
éden depois da expulsão de Adão e Eva.

As Deusas Témis (Grecia), Justitia (Roma) e Maat (Egito) trazem como


instrumento a espada e são a representação da justiça, que muitas vezes precisa ser
imposta pela espada, símbolo de força. Também pode ser associada ao conceito de
liberdade quando colocada a serviço da igualdade e em defesa dos mais fracos.

A varinha guarda relação com a rabdomancia, palavra grega cujo significado é


“vara de adivinhação”, que evoluiu para radiestesia (arte de usar o pêndulo).

A Varinha, Vara de Condão, ou bastão é usada cerimonialmente, como símbolo


de poder, desde os primórdios da humanidade. Consta no Wikipédia registro de seu uso
em gravuras que datam da idade da pedra.

A palavra „vara‟ tem referências no Velho Testamento e representa disciplina,


proteção, correção, extensão do braço do pastor, poder e autoridade, ou mesmo como
símbolo de uma das doze tribos de Israel. No Livro do Êxodo, que data de
aproximadamente cinco séculos a AEC, há referências às varas usadas por Moises e
Arão de forma, podemos dizer, mágica.7

A palavra Condão tem um significado extremamente abrangente, com uma gama


de sinônimos8, aqui citamos apenas alguns que por si só já trazem outros significados:
dom, concessão, prerrogativa, ensejo, dádiva, eficácia, virtude, monopólio e atribuição.
Atribuir a um instrumento tais adjetivos nos dá uma pista das possibilidades deste.

Na aventura épica „Odisseia‟ a Deusa Circe usa uma Varinha de Condão para
transformar os marinheiros de Ulisses em porcos. E, curiosamente é Hermes, portador
de outra vara famosa, o Caduceu, que fornece a Ulisses uma erva mágica para resistir à
magia de Circe.

7
http://www1.uol.com.br/biblia/curiosid/vara.htm
8
http://www.dicionarioinformal.com.br/sinonimos/cond%C3%A3o/

Rebeca Lemh 02/04/14


Portanto a Vara é usada milenarmente como símbolo de poder e/ou instrumento
mágico. Na bruxaria possui algumas funções semelhantes ao Athame, sendo também 9
associado à polaridade masculina da divindade. Entretanto diferente deste está ligado ao
elemento Fogo e também pode ser associada ao naipe de paus e ao bastão que o Arcano
I do Tarô, segura em uma das mãos. Porém pode ser associado ao elemento Ar em
algumas vertentes.

Tradicionalmente é confeccionada a partir de um galho de árvore de forma


ritualística. Há indicações de algumas árvores consideradas sagradas, mas penso que
toda árvore é sagrada. Penso que a qualidade da varinha está na conexão que fazemos
com o reino vegetal, no momento que vamos a busca desse instrumento. Ou mesmo
modernamente, quando o material usado pode ser outro, há uma conexão que deve ser
feita para buscar o instrumento segundo seu propósito original. Como medida
recomenda-se que seja o comprimento que vai do indicador à parte interna do cotovelo,
mas isso é apenas uma recomendação, pode variar de acordo com a busca de cada um.

Alguns magos podem preferir uma vara mais longa, daí temos o Cajado.

E o meu Cajado me apoia, me auxilia na caminhada e ao meu comando afasta o


indesejável ou ilumina meus passos.

Creio que o uso do cajado acompanha a humanidade até ser modernizada como
bengala. Seu uso foi consagrado ao pastoreio de ovelhas não só para apoio dos pastores
na jornada, mas para disciplinar as ovelhas ou afugentar predadores.

Ver seu uso associado aos anciões confere-lhe o atributo da sabedoria conforme
observamos no Arcano IX do Tarô e também sua ligação com a nossa ancestralidade.

Na bruxaria esse instrumento possui os mesmos atributos da varinha, porém


parece mais próxima do elemento terra e a magia das árvores confirmando sua conexão
com nossos ancestrais.

“A árvore tem suas raízes ocultas nas profundezas da terra, onde se fixa e de
onde misteriosamente tira substâncias... mas seus ramos se elevam ao alto, rumo ao
céu. Dessa forma ela liga os três mundos - o de baixo (nosso passado, nossa
ancestralidade, nossas memórias... pois a terra é o pó dos que vieram antes de nós), o
do alto (nosso futuro, nosso destino) e o do meio (o presente). E, nesse sentido, se
quiser estabelecer uma relação com seu corpo, o mais apropriado seria o
ESQUELETO - aquilo que nos sustenta, que nos coloca de pé, que nos dá força e

Rebeca Lemh 02/04/14


firmeza... e que sobrevive à morte. Entre os povos originários do Brasil, a "alma" está
ligada ao esqueleto exatamente por isso: assim como ela, ele permanece!”9 10

Como ilustração do poder mágico que pode ser atribuído ao Cajado, temos o
cajado usado por Moisés, cuja origem é atribuída a Árvore do Conhecimento plantada
no Éden e que pertenceu a um sábio mago chamado Jehtro, antes de pertencer a
Moisés.10 E, também sua associação com Esculápio, Deus da medicina e da cura,
conhecedor de ervas curativas, filho de Apolo.

Particularmente gosto do simpático cajado usado pela babá Nanny McPhee,


embora seja comumente usado na bruxaria por homens e possa ser associado a
polaridade masculina divindade há registros de ser também o precursor da vassoura
usada pelas bruxas que só ganhou as cerdas para disfarça-lo no período de caça às
bruxas.

Como mencionei no início, a Vassoura é um instrumento clássico associado às


bruxas. Como a finalidade de limpeza do espaço ritual, não limpeza física, mas astral,
suas cerdas não devem tocar o chão. A vassoura apresenta atributos de bi-polaridade,
representando a polaridade masculina pelo cabo e a feminina nas cerdas.

Eu tenho um modo particular de classificar a vassoura que pela sua característica


bi-polar contém o a priori os quatro elementos básicos: terra pelas ervas que formam a
cerdas, água pelo seu atributo de limpeza, ar quando o movimenta durante o uso ou por
ser usada ao voar e fogo por seu caráter purificador. E mais, vejo também vinculado ao
quinto elemento quando símbolo de nossa capacidade de acessarmos outra dimensão,
outros mundos, no chamado „voo da bruxa‟.

Entretanto é associada ao elemento terra é considerada símbolo de fertilidade e


de união entre a Deusa e o Deus. Assim como o Cajado, pode ser usada como portal nos
círculos mágicos. Uma das Deidades que tem como símbolo a vassoura e que gosto

9
http://otemplointeriordabruxaria.blogspot.com.br/2012/02/o-cajado.html
10
http://www.morasha.com.br/conteudo/ed28/cajado.htm

Rebeca Lemh 02/04/14


muito é Nanã Buruquê, embora há controvérsias de que seja na verdade um cajado o
que ela traz e que os movimentos de sua dança foi confundido com o ato de varrer. 11

Poucas referências encontrei na internet sobre o uso do cordão como instrumento


na bruxaria, exceto para execução de alguns feitiços. Porém, é impossível não fazer
relação com o cordão umbilical que nos une ao ventre materno ou mesmo o cordão ou
fio de prata que aparece nas referências sobre desdobramentos. Igualmente nos
remetemos as Deusas do Destino, As Moiras, que seguram o cordão de nossas vidas.

No sacerdócio católico o cíngulo, cordão que se usa na cintura, é símbolo de


castidade e pureza, de resistência às tentações. A meu ver é também uma referência ao
cordão umbilical, quando ainda estamos em inocência (ou adormecido) das paixões
humanas.

Dessa forma um cordão é algo que nos une a nossa essência primordial, e se
considerarmos essa essência divina, é o que nos conecta a divindade que vive em nós.
Nesse sentido pode ser usado com um instrumento de conexão com os Deuses.

No livro „La Danza em Espiral‟, de Starhawk, o cordão é a ligação simbólica de


pertencimento a um grupo particular de bruxas (Coven) e também pode refletir, em
algumas tradições, de acordo com a sua cor o grau de progresso do iniciado.

Seu tamanho está vinculado a medidas pessoais do sacerdote que vai usar e
alguns nós podem ser atados em sua extensão em posições especificas. 11

11
http://www.uniaowiccadobrasil.com.br/ferramentas/as-ferramentas-magicas-da-wicca

Rebeca Lemh 02/04/14


Assim como é o Cordão para os homens, temos o Véu para as mulheres. À
grosso modo, em diversas tradições religiosas e/ou culturas, o uso do véu significa 12
recato, submissão ou estado de oração ou contemplação. No casamento simbolizava
virgindade. É usado também para cobrir objetos sagrados em situações ou eventos
específicos.

De forma geral tem o objetivo de criar um espaço de distanciamento do mundo


exterior quando usado para velar todo o rosto. Ainda na similaridade com o cordão
podemos recorrer a placenta, onde estamos em estado latente, em estrita conexão com a
Grande Mãe. Dessa forma o véu traz a possibilidade de conexão com a Deusa, quando
nos cobrimos com o véu voltamos nossos sentidos para nosso interior, ficamos em
silêncio, em contemplação e reverência diante dos mistérios de nossa alma e da beleza
da divindade.

Em algumas ordens de freiras o uso do véu muda de cor, no noviciado é branco e


depois de feito os votos o véu é preto.

Na religião de culto à Deusa seu uso pode estar vinculado a Deusa Héstia12 ou
Vesta, cujo símbolo maior é a lareira sempre acesa, mas que tem como um de seus
atributos a castidade e era representada com um véu sobre a cabeça. Seu mito,
entretanto é mais complexo e não é tema desse estudo.

No caminho mágico a escolha de um instrumento divinatório é inevitável. A


Taromancia, a Cristalomancia, a Cartomancia, as Runas, os Búzios, o Pêndulo, o I
Ching entre outros, são exemplos de instrumentos divinatórios válidos.

A escolha do instrumento divinatório tem que ser baseada na afinidade do


sacerdote com a história do instrumento ou segundo o panteão que cultue. Nosso
instrumento divinatório é o contato que temos os Deuses reverenciados por nosso
coração e também com nosso Ser Interno.

12
http://caminhomagico.net/index.php/pt/atualidades/112-as-pagas-e-o-veu

Rebeca Lemh 02/04/14


As respostas ofertadas pelo Oráculo que escolhermos é a direção certa a seguir
se o trabalho mágico for realizado com eficiência. O Tarô como instrumento mágico, 13
além de nos servir de Oráculo é uma ferramenta indiscutível para o autoconhecimento,
por seu caráter arquetípico universal.

Através da meditação ou de forma ritualística podemos nos conectar a energia de


cada Arcano e traze-la para nossa vida ou para atuar em algum problema específico.

O Hexagrama lembra inicialmente um símbolo de fé judaico, impossível não


fazer referência a Estrela de Davi. No site http://ponteoculta.blogspot.com.br diz que o
Hexagrama difere da Estrela de Davi por tratar de triângulos entrelaçados, enquanto
nesta trata-se de triângulos independentes. “É utilizado também como amuleto;
representa o casamento perfeito entre masculino e feminino, compreensão entre sexos.”

13

13
http://www.realidadeoculta.com/hexagrama.html#.U8iHrfldVoM

Rebeca Lemh 02/04/14


Muitos mistérios envolvem o Hexagrama: ligação com a Cabala, com a
maçonaria, com Salomão etc. Para mim ainda é um símbolo bastante incógnito. Muitos 14
ângulos e triângulos...

FINALIZANDO

Muitos instrumentos ainda colocaria na lista, como Tambor, Sino. Acessórios


que acabam se transformando em instrumentos potentes, como determinado castiçal, ou
uma pedra, elementos que nos auxiliam na conexão com o Divino Sagrado que há em
nós.

Os instrumentos estão conosco como aliados em nosso caminho, devemos


respeitá-lo e tratá-los com zelo. Lembrar que estão ligados à um elemental, ou mais de
um, na hora de manuseá-los para atrairmos também o concurso do elemental que
integra.

Rebeca Lemh 02/04/14

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