Conheça estratégias de empresas para enfrentar a crise

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Conheça estratégias de empresas para enfrentar a crise

| 20.10.2008 | 16h01

Log-In, Brazil Brokers, Previ e outras apelam para corte de despesas e investimento
em vendas

Por Samantha Lima

PORTAL EXAME

Em tempos de volatilidade e incertezas sobre os rumos da economia mundial, empresas e seus


executivos dividem-se entre a apreensão e a sensação de urgência na busca por novas
oportunidades em tempos de crise. Em algumas companhias, as discussões sobre corte de custos
e congelamento de investimentos vêm sendo permeadas por expectativas de que haverá espaço
para ampliação de negócios - e crescer, mesmo que a economia brasileira desacelere. A empresa
de logística Log-In espera crescer na esteira da obsessão dos potenciais clientes pela redução de
custos. “Sair do modal rodoviário e buscar as melhores opções para transportar os bens
produzidos permite às empresas uma economia média de 10% no custo logístico. A Log-In vai
procurar mostrar isso para os clientes, no momento em que eles buscam espaço para cortar
custos”, diz Mauro Dias, presidente da Log-In. A empresa, que viu o volume transportado crescer
100% entre janeiro e agosto deste ano, diz já estar preparada para as novas oportunidades.
“Reforçamos recentemente nossas equipes comerciais, desvinculando-as de atividades
administrativas, para que elas possam ter foco total”.

Rubem Vasconcelos, presidente da imobiliária carioca Patrimóvel – adquirida este ano pela Lopes
Consultoria Imobiliária – diz não temer o impacto do encarecimento do crédito imobiliário
verificado nas últimas semanas. Para ele, isso mudará em questão de tempo. “Os depósitos na
poupança deverão aumentar, já que muita gente deve sair da Bolsa. Não podemos esquecer que
65% dos recursos da poupança devem ser destinados ao crédito imobiliário. Ou seja, em alguns
meses, teremos excesso de recursos, o que empurrará para baixo os juros dos financiamentos”,
diz. Vasconcelos acredita, ainda, em outra força favorável ao setor. “Com a queda da Bolsa, os
imóveis voltarão a ser vistos como investimento seguro, então a demanda aumentará”.

Mas, diante da incerteza atual, a ordem é procurar gordura para cortar. Na Brazil Brokers, o
departamento financeiro está realizando uma força-tarefa para analisar, uma por uma, a planilha
de custos de cada uma das 26 imobiliárias que controla em todo o país. O objetivo é buscar uma
média de custos e determinar as que excederem a média que tomem providências para entrar no
padrão. A meta é reduzir os gastos em até 20% até o fim deste ano . “Queremos ver o que é
necessário para o funcionamento do escritório e o que é apenas conforto. O que for supérfluo vai
ser cortado sem dó”, diz Sergio Freire, presidente da Brazil Brokers. “O cenário no médio prazo
pode ser positivo, mas a verdade é que, neste momento, já sentimos a redução no ritmo de
lançamentos de imóveis pelas construtoras”.

A petroquímica Quattor suspendeu o programa de troca de veículos para a diretoria, que havia
sido aprovado com o valor de 1 milhão de reais. “Não é o momento para esse tipo de despesa”,
diz Vitor Mallmann, presidente da empresa. “A ordem é gerir o caixa com muita cautela”. Foi a
cautela que também levou o presidente da Lanxess no Brasil, Marcelo Lacerda, a determinar a
revisão das condições de crédito de todos os clientes. O departamento financeiro está analisando,
cliente por cliente, as condições de crédito do setor em que atuam para promover ajuste nos
limites de crédito que a empresa oferece. “É claro que depende do histórico de relacionamento do
cliente, mas o fato é que nosso crédito oferecido será ajustado às condições atuais de mercado”,
diz Lacerda. Outra medida tomada pelo executivo foi passar a trabalhar com o conceito de “dólar
do dia” - e não mais “dólar médio do mês”. “Isso nos ajuda a ver com mais realismo a condição de
caixa, uma vez que o impacto da oscilação é registrado de forma imediata”, diz.

Algumas empresas consideram-se relativamente protegidas da crise, seja pelo tipo de produto que
vendem ou por terem adotado uma estratégia que, em sua avaliação, acabou blindando-a. No
primeiro caso, a Amil acredita que os impactos serão pouco sentidos porque, na hora da crise, o
consumidor dificilmente cancela seu plano de saúde. “O plano de saúde é prioridade para
qualquer família. É preciso ter feito muitos cortes infrutíferos para que o cliente chegue a cogitar
uma medida drástica como essa”, diz Erwin Kleuser, diretor financeiro da Amil.

Na João Fortes Engenharia, os executivos destacam a estratégia adotada, diferente da maioria das
grandes empresas do setor. “Em vez de mirarmos em projetos de 300 milhões de reais de volume
de vendas, procuramos criar projetos mais baratos, de 50 ou no máximo 100 milhões de reais, em
áreas menores e mais valorizadas, onde a demanda é alta e o risco de comprometer o caixa com
um produto que está vendendo mal é mínimo”, diz Luiz Henrique Rimes, diretor de negócios da
João Fortes Engenharia. A companhia também não optou por mirar em um segmento de renda.
Prefere criar projetos tanto para alta quanto para a baixa renda. “Isso nos dá versatilidade para
mudar o foco de acordo com as condições de mercado”, diz Rimes.

Para as empresas que aproveitaram a farra financeira para fazer operações cambiais, a vida será
mais dura. Pelo menos naquelas em que a Previ é acionista, se depender do fundo de pensão.
Além de ter cobrado explicações na Sadia e na Aracruz - onde é minoritária - pelos prejuízos
registrados, a Previ está orientando seus representantes nos conselhos de administração de todas
as outras empresas em que detém participação a propor a criação de controles e mecanismos
para mitigar riscos de operações financeiras. “Queremos que os conselheiros da Previ sejam a voz
responsável por levantar esse tipo de discussão nos conselhos das empresas”, diz Joilson Ferreira,
diretor de participações da Previ.

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