Escola de Frankfurt-

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Escola de Frankfurt:

teoria crítica
A Escola de Frankfurt surgiu na Alemanha em
1925. Os principais nomes foram Max Horkheime,
Theodor Adorno, Herbert Marcuse, Walter Benjamin,
Erich Fromm e Jürgen Habermas, este último perten-
cente à "segunda geração" da Escola. Os principais
temas de natureza sociológico-filosófica são: auto-
ridade, autoritarismo, totalitarismo, família, cultura
de massa, liberdade, o papel da ciência e da técnica.
A filosofia dos frankfurtianos é conhecida como
teoria crítica, em oposição à teoria tradicional re-
presentada pelos filósofos desde Descartes.O que
eles criticam? Leitores de Marx, Nietzsche, Freud
e Heidegger, os frankfurtianos sabem que não se
adere à razão inocentemente. Concluem que a ra-
Zao, exaltada tradicionalmente por ser "iluminada
dfmbem traz sombras em seu bojo, quando se torna
instrumento de dominaçao.

10 Habermas: racionalidade
Comunicativa
Lític
ver
do
Jürgen Habermas (1929), filósofo alemão, é um
ét
CU
dos principais representantes daquela que ficou
conhecida como "segunda geração" da Escola de
Frankfurt. Foi assistente de Adorno antes de trilhar
tr
OS próprios caminhos de investigação filosófica.
Habermas continuou a discussão a respeito da
razão instrumental, iniciada pelos frankfurtianos. Vi-
vendo em época posterior a eles, encontra-se diante
de uma realidade diferente, representada pela socie-
dade industrial do capitalismo tardio - o capitalismo
contemporâneo de tecnologia avançada, produção
em escala e consumo em massa. Esse novo contexto
o levou a elaborar uma teoria social fundamentada
no conceito de racionalidade comunicativa, que se
contrapoe à razão instrumental.
O agir comunicativo

agir ins
signific
contrapóe & razão instruimental
O agir comunicativo
Vejamos como Habermas distingue o agir instru-
mental da ação comunicativa
O agir instrumentol diz respeito ao mundo do
trabalho. Nesse setor, aprendemos a desenvolver
habilidades baseadas em regras que seguemo
"agir racional-com-respeito-a-fins". expressão
Usada por Habermas para caracterizar um saber
empirico que visa a objetivos específicos e bem
definidos, orientados para o sucesso e a eficácia
da ação. Desse modo, na economia, o valor é o di-
nheiro; na política, o poder; na técnica, a eficácia.
O agir comunicativo diz respeito ao mundo da vida
e se baseia nas regras da sociabilidade. As tarefas
e as habilidades repousam principalmente sobre
regras morais de interação. Por meio da comuni-
cação isenta de dominação, as pessoas buscam
o consenso, o entendimento mútuo (diálogo)
expressando sentimentos, expectativas, concor-
dâncias e discordâncias e visando ao bem-estar
mais de
do ape:
ção de
de dire
de cada um. Trata-se do modo que deveria reger
as relações em esferas como família, comunidade,
organização artística, científica, cultural etc.
Essa "pluralidade de vozes" não paralisa a razão
no relativismo, uma vez que, por meio do procedi-
mento argumentativo, 0 grupo busca o consenso em
principios que pretendem assegurar sua validade.
Portanto, a verdade não resulta da reflexão isolada,
ela é exercida por meio do diálogo orientado por
regras estabelecidas pelo grupo, numa situaçao
dialógica ideal. A situação ideal de fala consiste
em evitar a coerção e dar condições para todos os
participantes do discurso exercerem os atos de tala.
Interlocutor ativo dos teóricos da filosofia ana-
itica da linguagem, para Habermas o critério da
verdade não se fundamenta na correspondência
do enunciado com os fatos, mas no consenso dis-
cursivo. Essa postura o encaminha para elaborara
ética do discurso.
O problema surge quando a racionalidade ins-
trumental se estende para outros domínios da vida
pessoal nos quais deveria prevalecer a ação co-
municativa. Nesse caso, ocorre o empobrecimento
da subjetividade humana e das relações afetivas.
Isso porque a razão instrumental não avalia as
açoes por serem justas ou injustas, mas pela sua
eficacla. As ações orientam-se pela competi-
cao, pelo individualismo, pela obtenção de ren-
dimento máximo.
A saida, porém, não está em recusar a ciëncia e
a tecnica, mas em recuperar o agir comunicativo
naqueles espaços em que ele foi "colonizado" pelo
agir instrumental. Do ponto de vista politico 1s>
Significa, para Habermas, que a emancipação nao
mais depende da revolução, como propös Marx, i
0 aperfeiçoamento dos instrumentos de particip
Gao dentro da sociedade, respeitando-se o estado
de direito.

1POS-modernidade
Nn é fácil a definição do conceito de pós-mo-
dernidade, pois há diferentes explicações para o fe-
destacaram no ebate a partir de meados do século
nômeno. Geralmente se rerere a pensadores que se
XX. abrangendo varioOs campos do saber. De comum.
há o estado de espirito que desconfia da herança
do Século das Luzes: nao existe mais a esperança
depositada no progresso, tampouco faz sentido a
ilusão de que a razão haveria de nos orientar em
direção a uma sociedade mais harmônica. Tudo
parece envelhecido e ultrapassado, cada vez mais
distante do sonho iluminista da libertação humana
pelo conhecimento.
Os motivos da descrença na razão iluminista
encontram-se em exemplos como o da Alemanha
letrada, de onde emergiu o Holocausto; na cons-
tatação de que o mais alto conhecimento da fisica
Contemporânea foi capaz de gestar as bombas que
destruiram Hiroshima e Nagasaki; ou, ainda, na per-
epção de como os princípios morais absolutos e
uversais se dissolveram na diversidade de valores
relativos e subjetivos.
O pós-modernismo também promoveu mudanças
no campo da arte: as vanguardas artísticas perderam
Sua força de escândalo. A tica à austeridade do mo-
que ironiza as teorias da cionalidade na arquitetu-
Ta-tese da ndência ale da Bauhaus- e propo
dernismo é
percebida na
arquitetura pós-moderna,
criações com
eferências ecléticas ao passado.

1Zaçoes históricas.
Zações histe
Filosofia pós-moderna
Na filosofia, o pensamento dito "pós-moderno"
sofreu influência do perspectivismo de Nietzsche e
de vários filósofos a que já nos referimos no início
deste capítulo. Foram eles que desvendaram as ilu-
sões do conhecimento, denunciaram a razão emanci-
padora, incapaz de ocultar sua face de dominação, e
questionaram a possibilidade de alcançara verdade.
No entanto, a partir da década de 1980, outros
expressaram de maneira significativa essas rupturas,
por meio de um processo de "desconstrução" da
metafisica tradicional, principalmente do conceito
de sujeito e de sua pretensa autonomia.
E preciso, porém, advertir não ser tranquila a
inserção de filósofos contemporâneos como pós-
-modernos, uma vez que ainda não há distanciamen-
to suficiente no tempo para conclusões mais seguras
Mesmo porque alguns deles não são propriamente
pos-modernos, embora se ocupem em analisar as
Caracteristicas desse novo modo de pensar e agir
Eclético: que mistura um pouco de cada estilo.

O estUvu
12 Foucault: verdade e poder
O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984)
desenvolveu um método de investigação histórica e
filosófica. O ponto de partida de sua pesquisa foi a
mudança de comportamentos ocorrida no inicio da
ldade Moderna, sobretudo em instituições prisionais
ehospicios. Suas principais obras são Arqueologia do
saber, História da loucura na era clássica, As palavras
e as coisas, Vigiar e punir, História da sexualidade e
Microfisica do poder.
Foucault pretendia entender como as ideias
de loucura, disciplina e sexualidade foram cons-
truídas historicamente desde o século XVI. Suas
reflexões o levaram a apresentar uma nova teoria
em que se estabelece o nexo entre saber e poder.
Conforme a tradição da modernidade, o saber
antecede o poder: primeiro, busca-se a verdade
essencial, da qual decorre a ação. Para Foucault,
porém, o saber não se encontra separado do po-
der e éjustamente este que gera o que se passa
a considerar verdade.
Sua teoria inicia-se pelo processo de arqueologia
e se completa com a tática genealógica.
O processo arqueológico identifica, em determi-
nado período, quais são as maneiras de pensar
152

e certas regras de conduta que constituem


um
"Sistema de pensamento".
A tática genealógica é posterior e completa a in.
vestigação, na tentativa de explicar as mudancas
ocorridas, para saber como a verdade foi produ-
zida no âmbito das relações de poder.

Instituições fechadas

Sociedade disciplinar

Controle da sexualidade

0930
6wnlen
6
13 Jacques Derrida:
desconstrucionismo
Para o franco-argelino Jacques Derrida (1930-
-2004), o modelo totalizante da filosofia se esgotara,
o que exigia novas formas de filosofar. Além disso,
o risco de considerar que a teoria de cada umé a
verdadeira fez que muitos sistemas filosóficos se
estendessem no tempo sem que seus pressupostos
fossem examinados. Por isso Derrida se distancia das
grandes sinteses, como a hegellana, e se estorça em
se desfazer dos sentidos múltiplos.
Um dos seus principais focos foi a desconstru-
ção da metafísica tradicional, baseada na ideia
de fundamento e de identidade. A desconstrução
estende-se a vários campos do saber, pois em toda
teoria há elementos ficcionais que nem sempre
são percebidos como tal. Isso significa identificar
o que está dissimulado, oculto nas entrelinhas,
processo que enriquece a filosofia, sem destruí-
-la. Aliás, estaria aí justamente a possibilidade de
sua renovação,

Recebemos da tradição metafisica um conjunto


de oposições (alma-corpo, voz-escrita, voz-pen
samento, razão-desrazão), dicotomias ou "pares
conceituais" que tecem hierarquias: alma superior
ao corpo; valorização da voz em detrimento da es
crita; a razão que exclui a loucura. Nessas oposiçoes,
Derrida descobre não normas lógicas e neutras, mas
hierarquias de valores que geram violência, pela
exclusão de um dos lados. A proposta do filósofo
e questionar as oposições, negando a exclusa0
e mostrando que cada noção só tem sentido em
relação a outra.
Nas obras Da gramatologia e Escritura e dife-
rença, publicadas na década de 1960, destaca que
a tradição filosófica é logocêntrica, por privilegiar
o logos (a razão) como base de toda verdade, e éé
fonocêntrica, por valorizar a voz e a presença em de-
trimento da escrita, que seria apenas um substituto,
uma auxiliar delas. Aqui, desconstruir não é reabilitar
a escrita contra a fala, mas recusar a oposição entre
as duas estabelecida a partir da ideia de anteriorida-
de ou de superioridade de uma em relação a outra.
Tanto é que, para ele, mesmo nas sociedades sem
escrita há formas de arquiescritas, por exemplo,
maneiras de registrar o número de escravos ou de
bens produzidos.
Derrida cria o neologismo differance, termo
francês que tem sido traduzido de diversas maneiras
- "diferança", "diferäncia" ou mesmo mantendo a
grafia usual "diferença". A alteração do termo ori
ginal différence (diferença) faz sentido em francês

porque, apesar de grafia diversa, as duas palavras


são pronunciadas de maneira identica. Ao colocars
letra "a" no lugar de "e", o filósofo pretende indica
uma mudança na formulação que o novo conceito
traz em si. Ou seja, o conceito de diferäncia repre
senta o movimento que produz as "diferenças", acu
sando o princípio de identidade de ser responsavel
por sistematizar o saber numa totalidade racional
coerente e fechada, que leva à subordinação de
polo a outro.

A desconstrução na ética e na política

4Gilles Deleuze: a criação


de conceitos
o filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995)
foi professor em diversas universidades, inclusive
na Sorbonne, em Paris. Escreveu monografias sobre
filósofos como Espinosa, Nietzsche e Bergson, nas
quais identificamos suas preferências e reinter-
pretações. São de sua autoria as obras Lógica do
sentido, Diferença e repetição e, em parceria como
psicanalista Félix Guattari, Anti-Edipo - Capitalismno
e esquizofrenia, O que é filosofia? e Mil platôs.
Para Deleuze, a vida e o mundo encontram-se
em constante processo de criação do novo: a vida é
acontecimento, devir, um fazer-se contínuo. Por isso
ele critica a noção metafisica de conceito. Deleuze
Ecusa as definições tradicionais de filosofia como
Ontemplação, reflexão, diálogo ou comunicaçao
para considerá-la "a arte de formar, de inventar, de
criar conceitos". Em obra com Guattari, os autores
acrescentam, citando Nietzsche:
Nietzsche determinou a tarefa da filosofia quando
escreveu: "os filósofos não devem mais contentar-se
em aceitar os conceitos que Ihes são dados, para
somente limpá-los e fazé-los reluzir, mas é necessário
que eles comecem por fabricá-los, criá-los, afirmná-
-los, persuadindo os homens a utilizá-los".
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia?
Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. p. 13-14.
**
Aos filósofos não interessam modelos estáticos
nem o comportamento passivo de seguidores. Com-
preende-se, com essas afirmações, que os conceitos
mudam e recebem constantes reinterpretações e
reinvenções, de acordo com os problemas a que ten-
tam responder, pois "fazer filosofia é problematizar".
Com a noção de multiplicidade, Deleuze acentua o
movimento em contraposição às essências, isto é,
ao ser constituído de uma vez por todas.
Para Deleuze e Guattari, quando refletimos, pro-
curamos ordenar nosso pensamento para nos prote-
ger do caos, das ideias fugidias. No entanto, a arte,
a ciência ea filosofia exigem mais do que isso, pois
elas não buscam certezas definitivas. Apoiando-se
em um texto do escritor David Herbert Lawrence, o
Caos e a poesia, esses autores afirmam:
*********

Deleuze e Guattari nos dizem que, do mesmo modoo


que a filosofia ordena o caos com o conceito, a artee
capaz de romper com as convenções (rasgar o céu)e,
ao nos desacomodar, nos convida a ordenar o caos pela
sensação (afectos e perceptos) e a apreciar o novo. A
ciencia, por sua vez, tem por objeto as funções para
conhecer o real, por meio de mensurações. Por pro-
vocar tais fissuras, as três são chamadas de "caoides",
realidades produzidas em planos que recortam o caos.
Por ser um estado caoide por excelência, o pensar se
compara sem cessar com o caos. Ou seja, a filosofia é
uma atividade contínua de criação de conceitos para
enfrentar os problemas com que se depara, mas que
sempre reaparecem com outras configurações.
Ao dizer que os conceitos são criados de acordo
com os problemas, Deleuze reforça que essa criação
se faz no plano da imanëncia, ou seja, não se busca
transcendência alguma, mas apenas situar os elemen
tos no tempo e no lugar onde se vive. Por exemplo,
quando o proprio filosofo escreve sobre Foucault,
Bergson e Espinosa, apropria-se de conceitos, mas os
ressignifica, processo que chama de desterritoriali-
zação de um plano e sua reterritorialização em outro
(ou seja, no tempo e no espaço do próprio Deleuze).
Ao contrário da noção de conceito metafisico,
que aspira à verdade, o que Deleuze chama de con-
ceito é apenas expressão de sentidos e está enrai-
zado na experiência presente e sempre transitória,
porque sujeita ao caos.

Educação e diferença

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