AULA 5

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HOMILÉTICA

AULA 5

Prof.ª Lidiane Ribeiro de Souza


CONVERSA INICIAL

Todo pregador deve buscar ser um bom contador de histórias, pois, como
veremos, elas devem fazer parte da estrutura de um bom sermão. Como
pregador, creia na mensagem, sinta o peso que ela carrega devido à sua
importância e desafie sempre seus ouvintes de forma apaixonada a uma
mudança de vida. Como o valor prático do sermão é incontestável, apelar para
que os ouvintes o pratiquem é de fato uma necessidade.
Nesta aula, vamos conversar sobre mais alguns elementos muito
importantes da pregação, que são as ilustrações, a aplicação da mensagem, a
conclusão e o apelo. Vamos pensar em que consiste cada um deles, sua
relevância e como executá-los, começando pelas ilustrações.
O que são as ilustrações? Será que elas realmente ajudam na
comunicação das verdades bíblicas ou podem trazer distrações à mensagem?
Até que ponto devo me preocupar com a aplicação dos princípios? Será
que não cabe a cada um pensar em como aplicar a mensagem em sua própria
vida ou realidade?
E a conclusão e o apelo? Preciso realmente me preocupar com isso, não
seria melhor deixar a mensagem se desenvolver para então, conforme a
situação, pensar em uma forma de concluir? Preciso sempre fazer um apelo?

TEMA 1 – AS ILUSTRAÇÕES

O significado do termo ilustrar é tornar claro, iluminar, esclarecer mediante


um exemplo, ajudando o ouvinte a compreender a mensagem proclamada.
Também podemos dizer que ilustrar é “lançar luz” sobre um assunto ou
ideia, buscando-se criar uma imagem na mente do ouvinte. As ilustrações são
como as janelas em uma casa, lançam luz sobre as ideias. São recursos usados
para enriquecer e esclarecer uma mensagem ou conceito.
O bom uso da ilustração desperta o interesse, enriquece, convence,
comove, desafia e estimula o ouvinte, valoriza e vivifica a mensagem (Moraes,
2005).
Em uma construção, as janelas não podem faltar, pois deixam o ambiente
mais leve e iluminado. Da mesma forma, as ilustrações arejam e clareiam a
nossa fala, atraindo assim a atenção de seus ouvintes. Elas também ajudam a

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fixar as verdades apresentadas no sermão. Jesus sempre tinha uma boa história
para iluminar as verdades que ensinava.
Em suma, a ilustração serve para que o conceito ensinado seja
apresentado de forma mais interessante e lúdica aos ouvintes. Uma boa
ilustração trará seu ouvinte para mais perto, pois geralmente ela fala sobre as
coisas cotidianas. Com isso, haverá identificação e aquele que ouve se
interessará naturalmente por aquilo que é dito. Desta forma, podemos concluir
que uma boa ilustração, além de trazer mais clareza ao que é dito, pode gerar
empatia e nutrir um ambiente seguro para todos receberem a mensagem
pregada.

TEMA 2 – POR QUE USAR ILUSTRAÇÕES?

A ilustração é um recurso pedagógico eficiente, pois ajuda a atrair e


conservar a atenção, além de auxiliar na memorização do princípio. Foi um
método muito usado por Jesus para ensinar, esclarecer e ajudar a convencer o
ouvinte, além de tocar o coração das pessoas.
Por exemplo, em Marcos 4:26-29 (Bíblia), Jesus compara o reino de Deus
a um homem que lança a semente à terra. A semente germina e cresce e quem
a lançou não sabe como isso acontece. A terra por si mesma frutifica: primeiro a
erva, depois a espiga e, por fim, o grão. E, quando o fruto está maduro, logo se
lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa. “O pregador deve ser hábil em contar
histórias, e quem quiser desenvolver-se como comunicador da palavra há de
procurar crescer nesta arte. Jesus é incomparável na arte de ilustrar” (Moraes,
2005, p. 116).
Portanto, para cada ponto principal, deve-se usar uma ilustração. Ao falar,
por exemplo, sobre vida consagrada ou sobre perseverança, conte uma história
ou fato que explique o assunto em questão. Primeiro cite o ponto, depois use a
ilustração para ajudar a esclarecer ou reforçar o ensinamento pretendido.
As ilustrações são muito importantes, mas uma boa mensagem não é
constituída apenas de ilustrações. Não basta ter um punhado delas, por
melhores que sejam para termos um bom sermão. Um pregador usou tantas
ilustrações nas poucas mensagens que pregou em uma igreja, que recebeu o
apelido de “Forrest Gump”. Não cometa o mesmo erro. A ilustração deve reforçar
o ponto, auxiliando o discurso, e não ser o ponto.

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TEMA 3 – QUALIDADES DE UMA BOA ILUSTRAÇÃO E ONDE
ENCONTRÁ-LAS

Uma boa ilustração precisa ser:

 facilmente entendida e aplicável;


 pertinente ao tema em questão;
 crível e digna de crédito;
 interessante e breve.

As melhores ilustrações são aquelas que de alguma forma fazem parte,


de fato, de nossa vida, pois ela terá peso ao ser pronunciada e dará muito mais
substancialidade ao sermão.
Existem várias fontes de boas ilustrações, basta estar atento:

 À Bíblia Sagrada. Nela há material abundante sobre os mais variados


temas, como família, coragem, fé etc. Com autoridade e de valor
permanente. Por isso é importante que, como teólogos, possamos sempre
estar lendo as escrituras e nos inspirando com ela.
 À literatura: livros, biografias, ficção, drama, poesia etc. Seja um leitor
assíduo de boas literaturas.
 À experiência pessoal do pregador, nos contatos pastorais, nas
observações.
 À história, tanto a eclesiástica quanto a secular.
 Às atualidades, por meio de jornais, revistas, internet etc.
 À ciência e suas descobertas.
 Às profissões e seu cotidiano.
 Às artes: música, filmes, séries, quadros.
 Aos livros de ilustrações. Muito cuidado, pois são bastante conhecidas.
 Faça um arquivo pessoal de ilustrações. Ao encontrar algo interessante,
guarde.

Outros cuidados no uso das ilustrações:

 Não modifique ou acrescente algo ao fato, pois quando isso acontece o


pregador tende a perder a credibilidade.
 Não conte histórias longas, pois geralmente elas acabam cansando os
ouvintes ou atrapalhando a comunicação.

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 Tenha o máximo de dados para comprovar o fato apresentado, pois isso
ajuda a dar credibilidade ao que é dito.
 Não apresente algo fictício como se fosse verídico, pois muitos erram
neste quesito, gerando assim dúvidas no coração dos ouvintes.
 Quanto maior for a realidade dos fatos, maior o impacto. Principalmente
se isso mexe com o cotidiano das pessoas.
 O pregador ou sua família não devem ser os super-heróis de suas
mensagens. Evite se exaltar. Você pode mencionar acontecimentos de
sua vida ou família, mas com a devida humildade de um servo de Deus.
Portanto, use seu testemunho de vida, mas com equilíbrio, para não
passar por arrogante.
 Quando o pregador dá muita ênfase à sua pessoa, encontrará resistência
por parte dos ouvintes.
 Tome muito cuidado para não citar nomes em suas ilustrações,
principalmente quando se trata do caráter de uma pessoa. O desconforto
atrapalhará a comunicação, além de ser eticamente reprovável a
exposição de pessoas em público.
 Procure apresentar o assunto com entusiasmo, pois se assim não
acontecer, o auditório se cansará com facilidade.
 Jesus usou ilustrações interessantes: aves, campos, parábolas etc. Seja
você também criativo e procure diversificar suas histórias.
 É interessante usar imagens, como quadros, cenas etc., pois isso ajuda
as pessoas a reterem a mensagem com maior facilidade.
 Devemos apelar para os sentidos humanos: tato, paladar, audição, visão
e olfato. Assim, fale sobre sons, gostos, sabor, cor etc.

Como vimos, as ilustrações são um recurso pedagógico muito importante


na pregação e, se bem utilizadas, podem fazer grande diferença, deixando a
mensagem mais atraente, emocionante e clara. Portanto, esteja sempre atento
para encontrar boas ilustrações para suas mensagens.

TEMA 4 – A APLICABILIDADE DA MENSAGEM

A aplicação da mensagem é muito importante. Todo sermão precisa ter


uma ou mais aplicações. Caso não tenha, ele perde seu efeito e torna-se apenas
informação religiosa. A grandeza do Evangelho reside na sua praticidade. “Mas

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o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e
persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu, mas praticando-o,
será feliz naquilo que fizer” (Tiago, 1:25, Bíblia).
Ao longo de toda mensagem, após apresentar cada tópico, demonstre sua
aplicabilidade. Dê exemplos sobre formas de aplicação, leve o ouvinte a pensar
sobre sua vida e o que precisa mudar ou melhorar.
A aplicação da mensagem deve causar impacto na vida dos ouvintes. É
interessante fazer perguntas, como: Como está a sua vida? Você está andando
de acordo com este ensinamento de Deus? Qual foi a última vez que você
praticou isso? De qual forma?
Aplicações levam o ouvinte a questionar sua vida e a avaliar sua conduta.
A. W. Tozer disse: “São poucas coisas tão enfadonhas e cansativas como a
doutrina bíblica ensinada por si mesma”.
O pregador deve buscar a reação do ouvinte à sua mensagem, a favor ou
contra. Algumas vezes, pode-se receber uma reação contrária ao assunto
apresentado. As mensagens de Paulo provocavam muitas reações, muitas
vezes contrárias.
Após mostrar ao seu ouvinte como utilizar na vida dele o princípio
pregado, mostre como será a vida dele daqui 1, 2 ou 5 anos, se ele começar a
exercitar o que aprendeu o quanto antes. Ao fazermos estas projeções, o ouvinte
ficar mais empolgado para colocar em prática o que aprendeu.

TEMA 5 – A CONCLUSÃO DA MENSAGEM

Também precisamos saber como concluir de forma marcante o sermão.


Muitas pessoas não sabem terminar uma conversa, ficam dando voltas ou se
envolvem em outros assuntos, sem perceber que o ouvinte está angustiado com
a demora. Assim, muitos pregadores não sabem ou não conseguem concluir um
sermão.
Mas qualquer pessoa que tenha participado de um debate oral pode
confirmar a importância da última réplica.
O final da mensagem é muito importante e deve ser o mais claro possível.
Não seja complicado, simplifique ao máximo para que o ouvinte entenda.
Também é interessante, nesse momento, fazer um resumo da mensagem,
relembrando os pontos principais e sua aplicação, mas cuidado para não
começar a pregar novamente.
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5.1 Estratégia e dicas a respeito da conclusão

 Faça um plano cuidadoso para saber exatamente como terminar. Se


possível, ensaie em casa o desfecho. Isso ajudará a ter mais confiança.
 Seja objetivo e recapitule os aspectos mais importantes da mensagem
para ajudar na retenção do conteúdo.
 Tome cuidado para não ser cansativo. A conclusão não é uma mensagem,
mas uma síntese e recapitulação do que foi falado. Menos é mais.
 Alguns recursos como uma narrativa, um fato surpreendente ou
testemunho podem ser de grande valia, pois ajudarão a fechar de forma
interessante o sermão.
 Não termine desanimado, esteja confiante e certo de que ministrou a
palavra do Senhor. A conclusão deve ser particularmente persuasiva.
 Seja honesto, não barateie o evangelho, apresente Jesus como ele é. Não
tente facilitar as coisas, é o Espírito Santo que convence o homem do
pecado, da justiça e do juízo. Ele não precisa de nossa ajuda para facilitar,
pois o nosso grande objetivo é falar a verdade do evangelho, com amor e
cuidado, mas sem abrir mão do que é verdadeiro, pois somente a verdade
pode libertar aqueles que nos ouvem.

NA PRÁTICA

Na prática, precisamos pensar em boas ilustrações para esclarecer,


exemplificar e reforçar os princípios que pretendemos comunicar.
Também precisamos pensar na aplicabilidade dessas verdades e na
forma como os princípios ministrados podem ser vivenciados no cotidiano a fim
de trazer transformação e resultados práticos na vida de cada um.
A mensagem precisa ser concluída de forma clara e marcante, levando
seu ouvinte a ter uma reflexão profunda e significativa.
Precisamos nos preocupar também com o momento do apelo na
mensagem. É o ponto dentro do sermão no qual o pregador convida os ouvintes
a tomar uma posição baseada no que foi apresentado durante a entrega do
sermão.
Este é o momento do efeito da mensagem. É quando o seu ouvinte
mostrará o quanto foi impactado com o que foi dito durante aqueles poucos
minutos.
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O apelo deve ser feito com objetividade e clareza. Quando a pessoa
responder ao apelo, deve estar totalmente consciente da decisão que está
fazendo naquele momento. Muitos defendem que não se pode ter emoção, mas
se a emoção faz parte da nossa construção, é um erro pensar que ela não se
manifestará. Sim, um apelo pode ser respondido com lagrimas e até mesmo com
um choro profundo. Como deve ser o apelo?

 Deve ser um convite ou desafio.


 Deve ser feito logo após a mensagem.
 Não force ou prolongue este momento, dê tempo suficiente para os
ouvintes processarem a informação.
 Diga ao ouvinte o que ele deve fazer para confirmar a sua decisão.

Seja claro e mostre como ele deve agir. Exemplos:

 Levantar as mãos.
 Ficar em pé.
 Ir à frente.
 Procurar uma igreja próxima.
 Deixar seus dados com alguém indicado.
 Conversar com o pastor em momento oportuno.

Você deve conduzir com segurança as pessoas, pois muitos estarão


fragilizados e à espera de uma ordem precisa de como proceder naquele
momento.

FINALIZANDO

Para finalizar esta aula, faremos uma breve recapitulação sobre o esboço
da pregação, pois mais adiante falaremos sobre aspectos que envolvem a
comunicação não verbal, como a postura, voz e contato visual.

 Escolha um assunto ou texto bíblico.


 Elabore um tema.
 Pense em uma forma interessante de introduzir a mensagem.
 Divida os principais argumentos ou ideias em pontos principais e
subpontos.
 Pense em uma ilustração e aplicação para cada ponto.
 Planeje uma forma de concluir e apelar aos ouvintes sobre o que ouviram.
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A pregação deve alcançar a mente, o coração e a vontade dos ouvintes.
Lembremos que as emoções fazem parte do ser humano, portanto, podem vir à
tona nesse momento, mas acima de tudo é um tempo de pensar e decidir
racionalmente mudar em alguma área da vida cristã.

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REFERÊNCIAS

BÍBLIA. Português. Bíblia Online. Tradução de Almeida corrigida e revisada, fiel


ao texto original. Disponível em: <http://www.bibliaonline.com.br/acf/lc/1>.
Acesso em: 14 fev. 2020.

MORAES, J. Homilética - Da Pesquisa ao Púlpito. 1. ed. São Paulo: Vida, 2005.

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