Alimentos_para_Animais_2024_25 (1)

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ALIMENTOS PARA ANIMAIS

PRODUÇÃO ANIMAL I

Mestrado Integrado em Medicina Veterinária


ICBAS, Universidade do Porto
TERMINOLOGIA

Alimento:
 Toda a substância que é ingerida pelos animais e capaz de ser digerida, absorvida e
utilizada pelo organismo em extensão variável.

Nutriente:
 Qualquer componente do alimento que é efetivamente utilizado pelo animal para
renovação dos tecidos, para o crescimento, para a síntese de produtos (leite, ovos,
lã) e para a produção de trabalho.
TERMINOLOGIA

Alimento Composto Completo:


 Mistura de alimentos com ou sem aditivos que, devido ao seu perfil e concentração
de nutrientes, é suficiente para assegurar a cobertura das necessidades diárias em
todos os nutrientes.

Alimento Composto Complementar:


 Mistura de alimentos com ou sem aditivos que, devido ao seu perfil e concentração
de nutrientes, não assegura a cobertura das necessidades diárias em todos os
nutrientes, senão quando associado a outros alimentos.
TERMINOLOGIA

Aditivos:
 Substâncias ou preparações contendo substâncias destinadas a incorporar nos
alimentos para animais suscetíveis de influenciar as características destes alimentos
ou a produção animal.
TERMINOLOGIA

Matéria-prima:
 Componente da dieta que cumpre uma ou mais funções nutricionalmente úteis,
como:
 Constituir um veículo de nutrientes;
 Conferir volume e estrutura física;
 Conferir aroma e sabor;
 Proteger os nutrientes;
 Facilitar a granulação;
 Ter efeito positivo sobre a eficiência de utilização dos nutrientes;
 Melhorar a aceitação dos produtos de origem animal pelo consumidor.
ALIMENTOS PARA ANIMAIS
Forragens
 Forragens consumidas no estado fresco (pastoreio)
 Silagens de milho e silagens de erva (ensilagem)
 Feno-silagem
 Fenos (fenação)
 Forragens desidratadas artificialmente

Alimentos fibrosos
 Palhas de cereais
 Palhas de leguminosas
PALHAS DE CEREAIS
 Elevado teor em NDF (> 70% na MS);
 Baixo teor em PB (< 5% na MS);
 Baixo teor em minerais e vitaminas;
 Baixa digestibilidade da MO (< 50%);
 Baixo nível de ingestão.

 Processos de valorização:
 Suplementação (N, Ca, P, S, vitaminas…);
 Tratamentos químicos (NaOH, NH3, ureia…)
PALHAS DE CEREAIS
Digestibilidade de palha de centeio
55

50

45
DMS
(%)

40 DMO

35

30
PC PCSU PCTU
PALHAS DE CEREAIS
Composição de palhas tratadas e não tratadas com ureia
140

120

100
(g/kg MS)

80
PB
60 ADL
40

20

0
PC PCU PT PTU
EFEITO DA DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DE PARTÍCULA DA FORRAGEM NA
DIGESTIBILIDADE DA MO E NA INGESTÃO DE BOVINOS E OVINOS

Alimento moído na mistura


0 0,25 0,50 0,75 1,00 EPM
IMO (g/kg PV0,75) [1] Bovinos 83,6 83,1 88,6 92,0 89,8 1,78
Ovinos 65,7 68,7 75,4 75,8 75,8 4,23
DMO (%) [2] Bovinos 68,9 66,8 67,1 65,8 61,7 0,87
Ovinos 68,3 68,6 68,2 64,5 63,8 1.00
IMOdigest (g/kg PV0,75) Bovinos 57,6 55,5 59,5 60,5 55,4 -
[1] x [2]/100 Ovinos 44,9 47,1 51,4 48,9 48,4 -
(Wilkins et al., 1972)
EFEITO DA QUANTIDADE DE PALHA DE CEVADA OFERECIDA AD LIBITUM NA
INGESTÃO E NA SELEÇÃO DE OVINOS E CAPRINOS CASTRADOS

Caprinos1 Ovinos2
Palha oferecida (g MS/ kg PV/d) 18 54 90 18 54 90
PV inicial (kg) 30,2 30,6 30,4 53,3 52,4 52,8
PV final (kg) 30,1 33,1 34,0
Ing. CC (g) 194 194 194 293 293 294
Palha ofer. (g MS/d) 542 1740 2931 957 2787 4702
Palha recus. (g MS/kg MS ofer.) 125 566 703 208 647 751
Ing. Palha (g MS/d) 474 755 871 758 984 1117
Ing. Palha (g MS/kg PV/d) 15,5 22,8 26,2 11,1 19,0 22,2
Ing. Palha diges. (g MOD/kg PV/d)* 7,2 12,8 14,5 6,6 10,5 12,7
* Baseado na DMO in vitro da palha oferecida e recusada.
112 animais; período experimental de 42 d, precedido de 35 d de adaptação à dieta. (Wahed et al., 1990)
210 animais; período experimental de 21 d, precedido de 35 d de adaptação à dieta.
ALIMENTOS PARA ANIMAIS

Alimentos concentrados
 Grãos de cereais  Produtos e subprodutos de sementes de

 Produtos e subprodutos de grãos de


oleaginosas
cereais  Proteaginosas

 Tubérculos, raízes e seus produtos e  Farinhas de origem animal


subprodutos  Óleos e gorduras
 Produtos e subprodutos de frutos  Fontes de azoto não proteico
 Melaços de cana e de beterraba
 Sementes de oleaginosas
GRÃOS DE CEREAIS

 80-90% MS

Fibra
Proteína
Amido
Lípidos
GRÃOS DE CEREAIS

 Composição química;
 Perfil em aminoácidos;
 Digestibilidade;
 Fermentabilidade/degradabilidade no rúmen;
 Espécies animais alvo;
 Limites nutricionais de incorporação;
 Efeito nas características dos produtos animais.
http://fundacionfedna.org/ingredientes-para-piensos
GRÃOS DE CEREAIS: Características nutricionais comuns

Baixo teor em fibra (aveia * 30% > cevada*18%…> milho, trigo * 12-14%):
 Monogástricos vs Ruminantes;
 ß-glucanas e pentosanas (cevada, centeio, trigo)
 Aumento da viscosidade do digesta

Moderado ou baixo teor em PB (8-13% MS):


 Proteínas de reserva (e.g., prolaminas, glutelinas);
 Proteínas solúveis (e.g., globulinas).
 Aveia: maior degradabilidade ruminal da proteína
 Milho: menor degradabilidade ruminal da proteína
GRÃOS DE CEREAIS: Características nutricionais comuns

 Baixo teor em lisina e outros AA


GRÃOS DE CEREAIS: Características nutricionais comuns

Elevado teor em amido (milho, trigo * 70% > cevada*52% > aveia * 45%):
 Relação Amido – Fibra;
 Tamanho do grânulo;
 Amilose/Amilopectina;
 Processamento do amido.

Acidose, cetose, …
GRÃOS DE CEREAIS: Características nutricionais comuns

Baixo teor em gordura (2-5% na MS):


 Principais ácidos gordos:
 Ácido linoleico (C18:2) e ácido oleico (C18:1);
 Consistência da gordura corporal em suínos e aves.
 Cevada:
 Suinicultura;
 Vitelos;
 Barley beef

Pigmentos
GRÃOS DE CEREAIS: Características nutricionais comuns

Muito baixo teor em Ca


 < 0,1% na MS

Moderado teor em P (0,3-0,5% na MS), mas “sequestrado” nos fitatos

Elevado valor energético e elevada digestibilidade


em todas as espécies
SUBPRODUTOS DE CEREAIS

Sêmea de trigo
 Elevado teor em fibra (NDF > 45% na MS);
 Moderado teor em PB (≈ 15% na MS);
 Moderado teor em amido (11-16% na MS):
 Baixo teor em GB (4-5% na MS),
 Elevado teor em P (1% na MS) mas na forma de fitatos.

Digestibilidade relativamente elevada em


ruminantes, coelhos e cavalos
SUBPRODUTOS DE CEREAIS

Sêmea de arroz
 Características nutricionais semelhantes às da sêmea de trigo;
 Teor mais elevado em gordura;
 13-14% na MS;
 Teor mais elevado em cinza;
 Menor digestibilidade.
SUBPRODUTOS DE CEREAIS
SUBPRODUTOS DE CEREAIS

Corn gluten feed


 Médio teor em fibra;
 NDF 35-45% na MS;
 Bom teor em PB;
 19-27% na MS;
 O amido pode representar 10-20% da MS.
 Digestibilidade da MO elevada;
 >75%.
Alimento destinado essencialmente a ruminantes
SUBPRODUTOS DE CEREAIS
60

Efeito do tempo de 50
Light

ADIN (%N total)


secagem de amostras 40
Light e Dark de corn Dark
glúten feed em estufa a 30
120 ºC no teor em azoto 20
ligado à fibra de
10
detergente-ácido (ADIN)
0
0 15 60 180 360
Tempo (minutos)
SUBPRODUTOS DE CEREAIS

Relação entre a cor (grau


de luminosidade, L; grau
de avermelhamento, A; e
grau de amarelamento, B)
de amostras Light e Dark
de corn glúten feed secas
em estufa a 120 ºC e o
teor em ADIN
RAÍZES

Mandioca
 Baixo teor em fibra (NDF < 10% na MS);
 Elevado teor em amido (≈ 70% na MS);
 Muito baixo teor em PB (3-4% na MS).

Digestibilidade elevada em todas as espécies (DMO > 85%)


 Limites à utilização:
 Substâncias tóxicas: glucósidos cianogénicos;  Existência de fungos;
 O silício representa uma fração importante dos minerais;  Muito pulverulenta.
SUBPRODUTOS DA INDÚSTRIA DO AÇÚCAR

Melaços de cana e de beterraba


 70-75% de MS;
 Elevado teor em açúcares (65-70% na MS);
 Elevado teor em cinza, especialmente em K;
 Baixo teor em PB (3-4% na MS).
Digestibilidade elevada em todas as espécies (DMO > 90%)
 Limites à utilização e vantagens técnicas:
 Efeito positivo na granulação (níveis de 5 a 10%);
 K efeito purgativo;
 Aditivo de silagens;
 Ruminantes efeito no pH do rúmen;  Aumento da palatabilidade.
SUBPRODUTOS DA INDÚSTRIA DO AÇÚCAR

Polpa de beterraba
 Fresca vs desidratada;
 Elevado teor fibra;
 NDF > 40% na MS;
 Fonte de pectinas e de açúcares;
 Baixo teor em PB;
 ≈ 9% na MS.

Digestibilidade elevada em ruminantes, coelhos e cavalos


OUTRAS FONTES ENERGÉTICAS

Polpa de citrinos
 Elevado teor em NDF (20-25% na MS);
 Baixo teor em PB (6-9% na MS);
 Elevado teor em pectinas (25-28% na MS);
 Elevado teor em açúcares (25-28% na MS).

Elevada digestibilidade em ruminantes (DMO ≈85%)


OUTRAS FONTES ENERGÉTICAS

Milho destilado
 Elevado teor em NDF;
 50-55% na MS;
 Bom teor em PB;
 25-30% na MS;
 Baixa degradabilidade da proteína no rúmen;
 Moderado teor em gordura (8-10% na MS).

Alimento destinado a ruminantes


OUTRAS FONTES ENERGÉTICAS

Semente de algodão
 NDF (25-35% na MS);
 Elevado teor em GB (≈ 20% na MS);
 Elevado teor em PB (25-30% na MS).

Elevado valor energético e proteico


 Limites à utilização:
 Teor em gordura;
 Substâncias tóxicas e antinutricionais:  Gossipol: diminuição da IV e PV e
dificuldades respiratórias e cardíacas.
SEMENTES DE PROTEAGINOSAS
NDF PB Amido AAL
(% MS)
Ervilha
Grão de bico 18-20 23-30 30-40 Sulfurados
Fava/Faveta
Feijões
Metionina
Tremoçeiros 28-32 33-40 <2
Triptofano
 Limites à utilização:
 Substâncias tóxicas e antinutricionais  O teor elevado em fibra do tremoço
(e.g., taninos nas favas e alcaloides nos limita a incorporação em suínos e aves;
tremoçeiros);  Processamento tecnológico
BAGAÇOS DE OLEAGINOSAS

Fatores que afetam o valor energético:


 Composição química das sementes que lhes dão origem;
 Tecnologia de extração do óleo;
 Descasque ou remoção de películas.

Efeitos do tratamento térmico:


 Redução na disponibilidade de alguns AA;
 Destruição parcial ou total de algumas substâncias antinutricionais;
 Redução da degradabilidade das proteínas;
 Proibição de fontes proteicas de origem animal (animais ruminantes).
FATORES ANTINUTRICIONAIS

Soja integral
 Fator antitrípsicos, urease e lectinas: termolábeis

 Fatores antigénicos (glicinina e β-conglicinina): danos na mucosa


intestinal e problemas digestivos nos animais jovens
 Saponinas: diminui IV Termoestáveis
 Oligossacáridos (estaquiose e rafinose): Limitar incorporação em
monogástricos jovens

Ruminantes menos sensíveis


BAGAÇOS DE OLEAGINOSAS
NDF PB AAL Substâncias tóxicas
Bagaço (%MS) ou antinutricionais
Soja 14-17 40-50 Metionina Lecitinas, antiproteases,
Cistina substâncias alérgicas
Amendoim 15-20 46-50 Lisina Aflotoxinas
Sulfurados
Girassol 30-45 28-32 Lisina
Algodão 20-30 45-48 Lisina Gossipol
Sulfurados
Coco 50-60 20-23 Lisina
Histidina
Palmiste 60-70 15-20 Metionina
Colza 25-30 38-42 Lisina Glucosinolatos
Ácido erúcico
BAGAÇOS DE OLEAGINOSAS

Deg. N (%)
Bagaço de girassol 76
Bagaço de amendoim 75
Bagaço de colza 70
Bagaço de soja 65
Bagaço de algodão 55
Bagaço de coco 40
Bagaço de palmiste 40
(FEDNA, 2010)
FATORES ANTINUTRICIONAIS

Bagaço de amendoim
 Contaminação fúngica:
 Aspergillus flavus
 Aflotoxinas B1 (mais tóxica), G1, B2 e G2
 Animais jovens mais sensíveis
 Danos hepáticos, proliferação do ducto hepático, necrose hepática e tumores hepáticos.
 Relativamente termoestáveis;
 Controlo:
 Condições de armazenamento que previnem crescimento fúngico
FATORES ANTINUTRICIONAIS

Bagaço de colza
 Glucosinolatos (tioglucosídeos) e mirosinase (tioglucosidase): podem originar
isotiocianatos, tiocianatos orgânicos, nitrilos e 5-viniloxazolidina-2-tiona (goitrina).
 Menor IV, Menor crescimento, Bócio, Intoxicação hepática e renal, Sabor a peixe dos
ovos (trimetilamina);
 Maior importância em monogástricos
 Ácido erúcico

 Variedades “00”
 Redução significativa do conteúdo de glucosinolatos e ácido erúcico
GLÚTEN DE MILHO

 Elevado teor em PB;


 60-65% na MS;
 PB de baixa degradabilidade ruminal;
 Baixo teor em NDF;
 10-11% na MS;
 Elevado teor em xantofilas.

Alimento destinado essencialmente a aves


FARINHA DE PEIXE

 Elevado teor em PB (60-75% na MS);


 Elevado valor biológico da proteína;
 Teor em lisina particularmente elevado;
 Elevado teor em vitaminas do complexo B;
 Teor em GB e em cinzas variável (GB < 8% e cinza 15-23%);
 Elevado teor em Ca, P, I...

Alimento por excelência para monogástricos


GORDURAS DE ORIGEM ANIMAL E VEGETAL

Óleos vegetais, sebo, banha de porco


 Elevado valor energético aumentam a q das dietas;
 Perfil em ácidos gordos influência na gordura da carcaça.

 Limites à utilização e vantagens técnicas:


 Capacidade da hidrólise intestinal;
 Interferência com a população microbiana;
 Efeito positivo na granulação;
 Efeito positivo na lubrificação das granuladoras.
GORDURAS DE ORIGEM ANIMAL E VEGETAL

Níveis de incorporação:
 Animais não-ruminantes 2-5%;
 Animais ruminantes 2%;
 Exceto gorduras protegidas.

Cuidados na utilização:
 Risco de oxidação adição de antioxidantes;
 Utilização em leites de substituição:
 Micronização (5 µ) e emprego de agentes emulsificantes (e.g., lecitina).
BIBLIOGRAFIA

 McDonald P.; Animal nutrition. ISBN: 0-582-44157-9


 https://www.fundacionfedna.org/tablas-fedna-composicion-alimentos-valor-nutritivo
 https://www.feedtables.com/

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