700144
700144
700144
M
2024
Eduardo Braga Campello
2024
2
Dedicado aos meus pais e familiares.
3
Sumário
Declaração de honra / Declaration of Honour............................................................................6
Agradecimentos..........................................................................................................................7
Resumo.......................................................................................................................................8
Abstract...................................................................................................................................... 9
Índice de Figuras...................................................................................................................... 10
Índice de Tabelas...................................................................................................................... 11
Índice de Gráficos.................................................................................................................... 12
Lista de abreviaturas e siglas....................................................................................................14
Introdução.................................................................................................................................15
Capítulo I – Fundamentação Teórica................................................................................... 18
1.1. Método comunicativo..................................................................................................18
1.1.1. Abordagem comunicativa.................................................................................. 19
1.1.2. Competência comunicativa e outras competências............................................ 23
1.2. Caracterização do nível B2..........................................................................................27
1.3. Géneros textuais.......................................................................................................... 28
1.4. PLE para fins específicos............................................................................................ 35
1.5. Letramento académico................................................................................................ 37
1.5.1. Géneros acadêmicos........................................................................................... 37
1.6. Géneros utilizados no projeto......................................................................................38
1.6.1 Inquérito de pesquisa...........................................................................................38
1.6.2. Relatório de pesquisa......................................................................................... 39
1.6.3. Recensão crítica..................................................................................................40
1.6.4. Apresentação oral formal................................................................................... 43
1.7. Sequências didáticas....................................................................................................46
1.8. Síntese......................................................................................................................... 48
Capítulo II – Implementação do projeto pedagógico-didático...........................................50
2.1. Contexto...................................................................................................................... 50
2.2. O projeto de intervenção pedagógico-didática............................................................51
2.2.1. Objetivos............................................................................................................ 51
2.2.2. Planificação da intervenção pedagógico-didática.............................................. 51
2.2.2.1. Questionário sociolinguístico aplicado aos estudantes............................. 51
2.2.2.2. Organização global das unidades didáticas............................................... 57
2.3. Descrição das unidades letivas implementadas...........................................................59
2.3.1. Unidades letivas 1 e 2: produção de um inquérito aos hábitos de leitura.......... 59
2.3.2. Unidade letiva 3: relatório de resultados do inquérito....................................... 60
4
2.3.3. Unidade letiva 4: apresentação oral do relatório................................................ 61
2.3.4. Unidades letivas 6 e 7: produção de uma recensão crítica sobre um conto....... 62
2.3.5. Unidade letiva 7: o conto literário......................................................................64
2.3.6. Unidade letiva 8: apresentação oral da recensão crítica.....................................65
2.4. Avaliação da intervenção pedagógico-didática........................................................... 65
2.4.1. Quizz de revisão de conteúdo da unidade didática 1..........................................68
2.4.2. Quizz de revisão de conteúdo da unidade didática 2..........................................74
2.4.3. Resultados do inquérito de avaliação das aulas ministradas no estágio.............81
Considerações Finais..............................................................................................................87
Referências.............................................................................................................................. 89
Anexos..................................................................................................................................... 96
5
Declaração de honra / Declaration of Honour
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro
curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores
(textos, trabalhos, ideias) respeitam escrupulosamente as regras de atribuição de autoria e
encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com
as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio
constitui um ilícito académico.
I hereby declare that this report is of my authorship and has not been used previously in
another course, degree, curricular unit or subject, at this or any other institution. References
to other authors (statements, ideas, thoughts) scrupulously respect the rules of attribution
and are duly indicated in the text and bibliographical references, in accordance with the rules
of referencing. I am aware that the practice of plagiarism and self-plagiarism is an academic
offence.
I further declare that I have used generative artificial intelligence tools (chatbots based on
large language models) to carry out part(s) of this thesis/dissertation/report, and that all
interactions (prompts and responses) have been transcribed in the annex.
[Porto, 12/09/2024]
Eduardo Braga Campello
6
Agradecimentos
Agradeço aos meus pais e a minha esposa que sempre me incentivaram.
Agradeço aos professores que se dedicaram a orientar o meu caminho e contribuíram com a
minha formação.
7
Resumo
Este relatório apresenta o projeto de investigação-ação implementado numa turma de
estudantes macaenses do nível B2 no âmbito do estágio pedagógico do Mestrado em
Português Língua Segunda/ Língua Estrangeira da Faculdade de Letras da Universidade do
Porto. Nesse sentido, foi realizado um inquérito com os alunos para definir os géneros
textuais a serem trabalhados nas unidades letivas. Consecutivamente, foram trabalhados
géneros textuais utilizados pelos alunos em contexto académico com o objetivo do
desenvolvimento de competências por meio da compreensão e produção oral e escrita para
fins específicos em contexto académico. Desse modo, foram trabalhados os géneros inquérito
de pesquisa, relatório de resultados, recensão crítica e apresentação oral formal.
A intervenção pedagógico-didática estruturou-se em duas unidades didáticas,
distribuídas por oito unidades letivas com duração de 1 hora e meia cada, totalizando 12
horas. Ao final da unidade didática 1, os estudantes produziram em grupo um inquérito aos
hábitos de leitura, um relatório individual dos resultados do inquérito e uma apresentação oral
formal do relatório. Seguidamente, na conclusão da unidade didática 2, os estudantes
produziram uma recensão crítica individual de um conto literário e realizaram em grupo uma
apresentação oral formal da recensão crítica ao conto.
Como resultado, no que diz respeito à produção escrita, a partir da produção dos
estudantes, podemos observar que o nosso trabalho com os estudantes contribuiu para o
desenvolvimento da competência textual. Quanto à prática de compreensão escrita, a
produção das recensões demonstrou uma compreensão adequada dos contos em relação ao
nível dos estudantes. Por outro lado, na compreensão oral, os estudantes puderam
desenvolver a competência comunicativa por meio dos trabalhos em grupo. No entanto, na
produção oral, os estudantes demonstraram dificuldades no uso de recursos discursivos
utilizados em apresentações orais formais, sendo notável uma contribuição menor no
desenvolvimento da competência linguística.
8
Abstract
This report presents the action-research project implemented in a class of B2 level
Macanese students as part of the teaching internship for the Master's Degree in Portuguese as
a Second/Foreign Language at the Faculty of Letters of the University of Porto. A survey was
carried out with the students to define the textual genres to be worked on in the teaching
units. Subsequently, textual genres used by the students in an academic context were worked
on, with the aim of developing skills through oral and written comprehension and production
for specific purposes in an academic context. In this way, the genres research inquiry, report
of results, critical review and formal oral presentation were worked on.
The pedagogical-didactic intervention was structured in two didactic units, spread
over eight teaching units lasting one and a half hours each, totaling 12 hours. At the end of
teaching unit 1, the students produced a group survey on reading habits, an individual report
on the results of the survey and a formal oral presentation of the report. Then, at the end of
didactic unit 2, the students produced an individual critical review of a literary short story and
gave a formal oral presentation of the critical review of the short story.
As a result, with regard to written production, based on the students' output, we can
see that our work with the students contributed to the development of textual competence. In
terms of written comprehension, the production of the reviews demonstrated an adequate
understanding of the short stories in relation to the students' level. On the other hand, in oral
comprehension, the students were able to develop their communicative competence through
group work. However, in oral production, the students showed difficulties in using the
discursive resources used in formal oral presentations, making a lesser contribution to the
development of linguistic competence.
9
Índice de Figuras
FIGURA 1 - ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DA PROPOSTA RODA 21
FIGURA 2 - RELAÇÃO ENTRE COMUNIDADE DISCURSIVA - PRÁTICAS LABORAIS - INTER(AÇÕES) - GÉNEROS - COMPETÊNCIAS 33
FIGURA 3 - ESTRUTURA BÁSICA DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA 46
10
Índice de Tabelas
TABELA 1 – GRELHA DE UNIDADES LETIVAS 58
TABELA 2 – ESQUEMA DAS UNIDADES DIDÁTICAS 58
11
Índice de Gráficos
GRÁFICO 1 - CONTEXTO(S) EM QUE OS ALUNOS INICIALMENTE TIVERAM CONTACTO COM A LÍNGUA PORTUGUESA 52
GRÁFICO 2 - GRAU DE DIFICULDADE DA APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS 54
GRÁFICO 3 - GÉNEROS DE TEXTOS QUE OS ALUNOS COSTUMAM LER 54
GRÁFICO 4 - GÉNEROS TEXTUAIS COM OS QUAIS OS ALUNOS ESTÃO MAIS FAMILIARIZADOS 55
GRÁFICO 5 - GÉNEROS EM QUE OS ALUNOS TÊM MAIS DIFICULDADES 56
GRÁFICO 6 - SITUAÇÕES EM QUE OS ALUNOS CONSIDERAM MAIS DIFÍCIL COMUNICAR 57
GRÁFICO 7 - QUESTÃO 1 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 68
GRÁFICO 8 - QUESTÃO 2 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 69
GRÁFICO 9 - QUESTÃO 3 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 69
GRÁFICO 10 - QUESTÃO 4 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 70
GRÁFICO 11 - QUESTÃO 5 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 70
GRÁFICO 12 - QUESTÃO 6 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 71
GRÁFICO 13 - QUESTÃO 7 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 71
GRÁFICO 14 - QUESTÃO 8 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 72
GRÁFICO 15 - QUESTÃO 9 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 72
GRÁFICO 16 - QUESTÃO 10 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 73
GRÁFICO 17 - QUESTÃO 11 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 73
GRÁFICO 18 - QUESTÃO 12 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 1 74
GRÁFICO 19 - QUESTÃO 1 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 75
GRÁFICO 20 - QUESTÃO 2 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 75
GRÁFICO 21 - QUESTÃO 3 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 76
GRÁFICO 22 - QUESTÃO 4 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 76
GRÁFICO 23 - QUESTÃO 5 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 77
GRÁFICO 24 - QUESTÃO 6 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 77
GRÁFICO 25 - QUESTÃO 7 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 78
GRÁFICO 26 - QUESTÃO 8 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 78
GRÁFICO 27 - QUESTÃO 9 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 79
GRÁFICO 28 - QUESTÃO 10 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 79
GRÁFICO 29 - QUESTÃO 11 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 80
GRÁFICO 30 - QUESTÃO 12 DO QUIZZ DE REVISÃO DA UNIDADE LETIVA 2 80
12
GRÁFICO 31 - QUESTÃO 1 DO INQUÉRITO DE AVALIAÇÃO DAS AULAS MINISTRADAS NO ESTÁGIO 81
GRÁFICO 32 - QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO DE AVALIAÇÃO DAS AULAS MINISTRADAS NO ESTÁGIO 82
GRÁFICO 33 - QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO DE AVALIAÇÃO DAS AULAS MINISTRADAS NO ESTÁGIO 83
GRÁFICO 34 - QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO DE AVALIAÇÃO DAS AULAS MINISTRADAS NO ESTÁGIO 83
GRÁFICO 35 - QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO DE AVALIAÇÃO DAS AULAS MINISTRADAS NO ESTÁGIO 84
GRÁFICO 36 - QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO DE AVALIAÇÃO DAS AULAS MINISTRADAS NO ESTÁGIO 84
GRÁFICO 37 - QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO DE AVALIAÇÃO DAS AULAS MINISTRADAS NO ESTÁGIO 85
13
Lista de abreviaturas e siglas
FLUP FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
14
Introdução
Este relatório descreve o projeto de investigação-ação conduzido com estudantes
macaenses no contexto da unidade curricular Estágio Pedagógico, do 2º ano Mestrado em
Português Língua Segunda/Língua Estrangeira (MPLE) da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto. O projeto foi realizado sob orientação da Professora Fátima Silva e o
estágio foi realizado sob orientação da Dra. Alexandra Ferreira.
O objetivo central deste projeto consistiu em investigar o contributo dos géneros
textuais em contexto académico no nível B2 para o desenvolvimento de competências
discursivas.
De acordo com Beato-Canato e Cristóvão (2012, p. 33), “nos últimos anos, diversos
pesquisadores têm se debruçado sobre questões de letramento/alfabetização e a organização
do trabalho em torno de géneros textuais em uma tentativa de colaborar para o
desenvolvimento do aprendiz para agir socialmente”. Nesse sentido, Rocha et al. (2019, p.
195) afirma que “as concepções de linguagem estão estritamente relacionadas ao contexto
histórico, social, político e cultural da sociedade em que uma dada língua está inserida”, ou
seja, esta concepção da linguagem trata da língua como interação. Do mesmo modo,
concordando com Rocha et al. (2019, p. 197), quando o autor afirma que:
15
esfera social. O uso dos textos nas esferas sociais é levado para o ensino de língua, tendo em
vista que o ensino de língua portuguesa deve se configurar como produto de construções
sociais”. Portanto, o trabalho com os géneros configura-se bastante adequado com os alunos
no contexto das aulas de PLE.
Assim, de acordo com Martins (2013, p. 2423), “o ensino de PLE deverá ser definido
em função das necessidades profissionais e/ou académicas dos aprendentes de um domínio
específico do conhecimento”. Da mesma forma, para Guimarães (2018, p. 41), “a análise de
necessidades busca, dessa maneira, identificar as competências (de linguagem) necessárias
para a inter(ação) dos alunos durante determinadas práticas sociais, sejam elas do âmbito
profissional, acadêmico, pessoal ou público”. Nesse sentido, no mesmo trabalho, o autor
afirma que a análise de necessidades tem como objetivo identificar o que o aluno precisa
conhecer ou produzir dentro de um determinado domínio discursivo para se comunicar de
forma eficaz. Além disso, busca entender o que os alunos desejam aprender e o que é
necessário para que eles possam alcançar esse aprendizado (Guimarães, 2018, p. 41).
Concordamos que a aprendizagem de línguas orientada pelos géneros reflete os
princípios interacionistas e sociolinguísticos de aquisição de língua, “pois viabiliza o
desenvolvimento de competências linguísticas e estratégias de ensino e aprendizagem em
situações reais de comunicação” (Silva Nunes & Ramos, 2011, p.128), o que transforma os
participantes em sujeitos autônomos no processo de aquisição do idioma. Além disso,
possibilita o intercâmbio cultural, uma experiência que facilita a aprendizagem da língua e
prepara o indivíduo para o mundo globalizado.
Portanto, o estudo e a produção de géneros para fins específicos no contexto
académico possibilitam o desenvolvimento de competências linguísticas e estratégias de
ensino e aprendizagem em situações reais de comunicação (Dias et al., 2011). Do mesmo
modo, concordamos com Orrú (2010, p. 111):
16
palavras, palavras outras que também virão a construí-lo como sujeito, impregnando
sua subjetividade.
17
Capítulo I – Fundamentação Teórica
Este capítulo apresenta a fundamentação teórica que serviu como orientação
pedagógico-didática para o desenvolvimento deste projeto de investigação-ação. Desse modo,
discorreremos sobre a metodologia e abordagem utilizadas (1.1), bem como a competência
comunicativa num domínio específico e outras competências. Em seguida, trataremos da
caracterização do nível B2 (1.2), da conceituação dos géneros textuais (1.3), do PLE para fins
específicos (1.4), letramento académico (1.5), seguidos por uma breve explanação sobre os
géneros utilizados no projeto (1.6) e do conceito de sequências didáticas (1.7). Por fim,
encontra-se uma pequena síntese dos conceitos embasadores deste projeto.
18
diferentes papéis como falantes e ouvintes, dependendo do contexto comunicativo. Desse
modo:
De acordo com Santos (2020, p. 255), o método comunicativo surge no início dos
anos 1980, na Europa, como uma reação aos métodos áudio-orais e audiovisuais. Com o
objetivo de ensinar uma língua estrangeira para imigrantes adultos, essa abordagem foi
gerada pela abertura do Mercado Comum Europeu. Assim, essa abordagem combina o saber
linguístico (conhecimento das formas gramaticais) e o saber sociolinguístico (regras de uso).
Nesse sentido, o professor assume o papel de orientador, facilitador, organizador de
atividades, conselheiro e analista das necessidades e interesses dos alunos, atuando também
como um co-comunicador. Esse princípio tem como objetivo levar os alunos a reproduzir
estruturas de forma criativa, por meio de um método centrado nas “habilidades de
comunicação e interação de língua, focado em um processo consciente de conhecimento de
uma língua estrangeira, suas regras e usos” (Santos, 2020, p. 256).
19
O objetivo do ensino de língua estrangeira é, segundo a abordagem
comunicativista, de cunho sócio-interacionista e preconiza o fato de se tornar os
alunos ‘comunicativamente’ competentes. Assim, é insuficiente o simples
conhecimento das formas da língua-alvo e de seu significado e funções, pois a
aprendizagem linguística só pode ser compreendida enquanto processo de
comunicação, na interação, fazendo uso da língua no contexto social (Pacheco, 2006,
p. 54).
20
Figura 1 - Esquema de funcionamento da proposta RODA
21
Dessa forma, no desenvolvimento do material produzido para as unidades letivas
implementadas em sala de aula, considerámos os eventos comunicativos relativos aos géneros
que os alunos deveriam produzir, a relação com o contexto sócio-cultural dos aprendentes,
bem como as experiências pessoais já vivenciadas pelos alunos.
A segunda etapa:
22
exemplares do género acompanhada de uma edição final (trabalho cooperativo)” (Pacheco,
2006, p. 60).
Ainda sob a chancela de Pacheco (2006, p. 104), podemos assumir que:
23
Um conceito importante é o de “recurso cognitivo”, descrito por Dias et al. (2011, p.
153), como a “capacidade de o indivíduo fazer uso da linguagem, por meio de processos
psicológicos complexos, que envolvem o desenvolvimento de conceitos, de memória lógica,
de abstrações, da promoção de comparações e diferenciações, etc”.
Seguidamente, outro conceito importante descrito pelos autores é o de “situação real”
que pode ser vista como um cenário único, onde é necessário utilizar certas competências
para executar uma ação eficaz que possa ser ajustada a essa circunstância em tempo real.
Destacamos esses conceitos porque também como Dias et al. (2011, p. 152), “entendemos
que a competência manifesta-se na ação, implicando em uma atualização dos saberes e
experiências dos sujeitos envolvidos”.
Assim, é importante destacar, citando com Dias et al. (2011, p. 153), sobre a
competência discursiva:
Dias et al. (2011, p. 153), também afirma que “a competência discursiva só pode ser
adquirida na interação verbal por meio dos géneros, dentro das práticas sociais”. Pois
segundo o autor, “ela possibilita, ao usuário da língua, transitar de uma instituição a outra, de
uma esfera a outra, participar ativamente das práticas sociais específicas de cada instituição e
pensar em possibilidades de mudanças nessas práticas”.
24
Por outro lado, de acordo com Tosatti (2011, p. 3), “a competência comunicativa
consiste da interação entre competência gramatical, competência discursiva, competência
sociocultural e competência estratégica”.
A competência discursiva diz respeito à interconexão de elocuções, palavras escritas e
expressões para formar um texto coerente e significativo, ao invés de se concentrar em
palavras ou expressões isoladas. A competência gramatical refere-se ao conhecimento das
formas gramaticais no nível da sentença, incluindo a capacidade de reconhecer e utilizar
traços lexicais, morfológicos, sintáticos e fonológicos de uma língua para interpretar e formar
palavras e frases. A competência sociocultural vai além das formas linguísticas e é um campo
de estudo interdisciplinar que trata das regras sociais de uso da língua. Ela requer um
entendimento do contexto social em que a língua é utilizada, incluindo os papéis dos
participantes, a informação compartilhada e a função da interação. Do mesmo modo, a
competência sociocultural envolve a disposição para negociar ativamente o significado e
considerar as diferenças culturais nas convenções e no uso da língua. As estratégias de
compensação que usamos em contextos desconhecidos, devido ao conhecimento imperfeito
das regras ou a fatores limitadores como fadiga ou distração, são representadas pela
competência estratégica.
Conclusivamente, a relação entre competência comunicativa e géneros textuais
torna-se evidente ao vinculá-las à ideia de que os géneros textuais estão presentes em
qualquer contexto social ou cultural que envolva comunicação. Além disso, os géneros
textuais são essenciais para garantir que a comunicação ocorra de forma eficaz.
De acordo com o QECR (2001, p. 29), “a abordagem orientada para a ação leva
também em linha de conta os recursos cognitivos, afetivos, volitivos e o conjunto das
capacidades que o indivíduo possui e põe em prática como ator social”. Sob essa perspectiva,
qualquer forma de aprendizado e uso da língua pode ser descrita da seguinte maneira: o uso
de uma língua, incluindo seu aprendizado, envolve ações realizadas por pessoas que, tanto
como indivíduos quanto como atores sociais, desenvolvem um conjunto de competências
gerais e, especificamente, competências comunicativas na língua. As pessoas utilizam as
competências que possuem em diversos contextos e sob diferentes condições, enfrentando
várias limitações, com o objetivo de realizar atividades linguísticas que envolvem processos
25
linguísticos para produzir e/ou compreender textos relacionados a temas de domínios
específicos. Para isso, elas ativam as estratégias que consideram mais adequadas para realizar
as tarefas necessárias. O controlo dessas ações pelos interlocutores resulta no fortalecimento
ou na modificação de suas competências.
Nesse sentido, as competências representam o conjunto de conhecimentos,
habilidades e características que possibilitam a realização de ações. As competências gerais
não são aquelas específicas da língua, mas sim as que são utilizadas para realizar uma
variedade de atividades, incluindo as linguísticas. Por outro lado, as competências
comunicativas em língua são aquelas que capacitam uma pessoa a agir usando meios
linguísticos específicos (QECR, 2001, p.29).
Para Trouche (2008), a competência comunicativa abrange várias habilidades,
incluindo a competência gramatical, sociolinguística, discursiva e estratégica. A competência
gramatical está relacionada ao conhecimento do código linguístico e às regras da língua,
como a formação de palavras e frases, a pronúncia, a ortografia e a semântica. Esta
competência se foca diretamente na capacidade e no conhecimento necessários para expressar
o significado literal de maneira adequada. A competência sociolinguística envolve a
adaptação das expressões linguísticas aos diferentes contextos, levando em conta a situação
dos participantes, os objetivos da interação, as normas e convenções sociais, e a
correspondência entre significado e forma, bem como entre significado e função
comunicativa. A competência discursiva diz respeito à maneira como as formas gramaticais e
os significados são combinados para criar textos de diversos géneros, conforme a situação
específica de comunicação. A competência estratégica refere-se ao uso de estratégias de
comunicação verbal e não-verbal para superar falhas momentâneas na comunicação (por
exemplo, através de paráfrases, mímica etc). Desse modo, cito: “A competência em uma
segunda língua implica a subordinação de regras gramaticais à função comunicativa em
situações discursivas” (Trouche, 2008, p. 27).
Seguidamente, Trouche ainda destaca que a competência comunicativa implica:
26
• propósitos definidos da interação;
• domínio de normas e convenções linguístico-discursivas do género textual (Trouche,
2008, p. 27).
Nesse sentido, assim como Trouche (2008, p. 27), “a nossa prática pedagógica
baseia-se em atividades comunicativas e na valorização do trabalho com géneros académico”.
Nossa abordagem pressupõe a associação do ensino da língua portuguesa ao uso real da
língua em contexto académico, através de tarefas de compreensão, interlocução e produção
textual.
27
É capaz de se exprimir com clareza e quase sem dar a impressão de ter de
restringir aquilo que quer dizer. Tem um leque bastante largo de recursos linguísticos
que lhe permite fazer descrições claras, exprimir o seu ponto de vista e desenvolver
uma argumentação sem procurar as palavras de maneira evidente, usando algumas
expressões complexas para o fazer” (Camões, 2012, p. 33).
28
Neste seguimento, Pacheco (2006, p. 102) afirma que “o texto passou a ser abordado
não como um constructo fechado e acabado, mas em seu processo de tessitura. Só se
considera texto a produção em processamento – planejamento, verbalização e construção”.
Portanto, consideramos o texto como resultado parcial da atividade comunicativa humana e
que “pode ser concebido como uma atividade verbal, consciente, estrategicamente
organizada, teleológica e interacional. É fruto de processos de interação social, que ocorrem
segundo determinadas situações comunicativas” (Pacheco, 2006, p. 102).
Por conseguinte, de acordo com Dias et al. (2011, p. 145), “manifestos em textos, os
géneros discursivos são entendidos por Bakhtin em um enfoque discursivo-interacionista”.
Para Dias et al. (2011), Bakhtin sustenta o caráter social dos fatos de linguagem,
considerando o enunciado como um resultado da interação social. Nesse sentido, cada palavra
é vista como fruto de intercâmbios sociais, dentro de um contexto específico que reflete as
condições de vida de uma determinada comunidade linguística.
Consecutivamente, orientados pela teoria bakhtiniana, Dias et al. (2011, p. 145)
sintetizam que sendo sociais e ocorrendo em contextos específicos, os géneros são variados e
resultam em produções de linguagem diversas. Eles são caracterizados pelo conteúdo
temático, pelo estilo e pela construção composicional que utilizam. Por sua vez, esses
enunciados padronizados e relativamente estáveis são influenciados por aspectos sociais,
históricos e temporais de seu meio. Eles refletem as finalidades e condições específicas de
cada instituição que, ao se tornar mais complexa, amplia seu repertório de géneros
discursivos. Ou seja, embora pareçam eternamente estáveis, os géneros não são imutáveis.
Portanto, o reconhecimento dos diferentes géneros baseia-se em três dimensões, mencionadas
a seguir: a) conteúdo temático, b) construção composicional, e c) estilo.
Desse modo, concordamos com Dias et al. (2011, p. 146):
29
nessa situação, a vontade do enunciador, a intenção do falante, ou seja, o género é
determinado pela esfera discursiva e está presente em toda atividade comunicativa
humana, representando as formas de dizer e de se interagir em cada situação
específica (Dias et al., 2011, p. 146).
Desse modo, devemos destacar a íntima ligação entre a produção textual e o contexto
social em que ocorre, enfatizando como as necessidades e interesses das formações sociais
moldam os tipos de textos gerados. De acordo com Dias et. al., (2011, p. 146):
Para Bronckart (2003, p. 72) “os textos são produtos da atividade humana e,
como tais, estão articulados às necessidades, aos interesses e às condições de
funcionamento das formações sociais no seio das quais são produzidos. Essa
articulação favorece a ocorrência de textos de diferentes espécies, dada a variedade de
situações; por sua vez, as esferas propiciam a ocorrência de espécies de textos
similares que constituem os géneros”.
Por sua vez, concordamos com Marcuschi (2002, p. 22) e “partimos do pressuposto
básico de que é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum género, assim
como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto”. Para Marcuschi
(2002, p. 19), os géneros “caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis,
dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a necessidades e atividades socioculturais, bem
como na relação com inovações tecnológicas” (Marcuschi, 2002, p. 19).
Nesse sentido, é importante distinguir entre o que se convencionou chamar de tipo
textual, de um lado, e género textual, bem como género discursivo. Desse modo, cito:
30
Por outro lado, de acordo com Marcuschi (2002, p. 22), em relação ao termo “género
textual” e “tipo textual”:
Usamos a expressão género textual como uma noção propositalmente vaga para
referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que
apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades
funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia
dúzia, os géneros são inúmeros. Alguns exemplos de géneros textuais seriam:
telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem
jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo,
receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante,
instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada,
conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador,
aulas virtuais e assim por diante.
Trouche (2008, p. 25), que também exemplifica vários géneros, aponta para o
31
Com o que podemos concluir, os géneros textuais se configuram como modelos
comunicativos e eventos textuais que auxiliam a realizar as ações humanas, além de organizar
e estabilizar as atividades comunicativas diárias em qualquer contexto discursivo.
Em relação ao termo “domínio discursivo”, cito:
32
Figura 2 - Relação entre comunidade discursiva - práticas laborais - inter(ações) -
géneros - competências
De acordo com Guimarães (2018, p. 45), cada prática produtiva dentro de uma
comunidade discursiva envolve interações e ações entre os participantes e as relações sociais
estabelecidas entre eles. Esses participantes utilizam géneros textuais para agir e interagir.
Para que essas interações ocorram de forma eficaz, são necessárias competências em
linguagem, que incluem conhecimentos, habilidades e atitudes. Os conhecimentos englobam
aspectos léxico-gramaticais, funcionais, estratégicos e discursivos. Desse modo, as
habilidades estão frequentemente relacionadas às quatro habilidades linguísticas: leitura,
escrita, audição e fala. As atitudes e valores, por sua vez, referem-se a atributos humanos
importantes, como valores éticos, criatividade, capacidade de trabalhar em equipe e
responsabilidade, essenciais para a formação humana.
Por outro lado, diferentemente dos autores citados anteriormente, Silva Martins
(2014, p. 11) descreve as principais propriedades dos géneros textuais, as quais são:
1 - Funcionalidade, refere-se ao propósito e à função que os géneros textuais
desempenham na comunicação. Cada género tem um objetivo específico, como informar,
persuadir, entreter, etc., e é usado em situações sociais específicas para cumprir essa função;
33
2 - Composicionalidade, diz respeito à estrutura interna dos géneros textuais, ou seja,
como são organizados em termos de sequência e composição. Existem várias sequências
típicas que podem compor um texto:
a) Sequência narrativa: Relato de eventos ou histórias, geralmente seguindo uma
ordem cronológica;
b) Sequência descritiva: Descrição de características, pessoas, lugares ou objetos,
detalhando suas qualidades e aspectos;
c) Sequência argumentativa: Apresentação de argumentos para defender uma ideia,
ponto de vista ou posição,
d) Sequência explicativa: Fornecimento de informações e explicações sobre um tema
ou assunto específico;
e) Sequências dialogais: Interações entre personagens ou interlocutores, representadas
por diálogos ou conversas;
3- Estilo, refere-se às características linguísticas e expressivas dos géneros textuais. Isso
inclui o vocabulário, a escolha de palavras, o tom, a formalidade e outros aspectos estilísticos
que são adequados ao contexto e ao propósito do género. O estilo pode variar bastante entre
diferentes géneros, refletindo as normas e expectativas do contexto em que são usados.
De acordo com Silva Martins (2014, p. 18), “os géneros podem, pois, ser ensinados
em contextos múltiplos e seguindo múltiplas abordagens pedagógicas”. No ensino, de uma
maneira geral, com base em pesquisas realizadas nas últimas três décadas, pode-se afirmar
que o uso de sequências didáticas ou géneros textuais é altamente eficaz em diversos
contextos pedagógicos. Por exemplo, eles são utilizados em programas de ensino de inglês
como língua estrangeira, programas de escrita para estudantes estrangeiros em nível de
pós-graduação, cursos de escrita na educação básica, programas de escrita para alunos do
primeiro ano de graduação e programas de escrita nas disciplinas ao longo do currículo.
Por sua vez, Marcuschi (2002, p. 35) afirma que no ensino, de modo geral, e
especificamente em sala de aula, é possível abordar os géneros a partir dessa perspectiva,
incentivando os alunos a produzir ou analisar uma variedade de eventos linguísticos, tanto
escritos quanto orais, e a identificar as características de género em cada um. Esse exercício,
além de ser instrutivo, também permite praticar a produção textual.
34
Relativamente ao processo de produção escrita, Beato-Canato e Cristóvão (2012, p.
40) afirmam, apoiados por diversos autores, que a escrita naturalmente promove a reflexão, a
pesquisa e o amadurecimento, permitindo ao produtor afirmar sua presença no mundo social
de forma concreta e significativa. Por essa razão, é defendido que a escrita seja abordada
didaticamente como um processo. Nesse sentido, Pacheco (2006, p. 102) afirma que “quando
comunicamos, a concretização do processo de encenação se dá através do discurso e a
materialização deste discurso se faz através do texto”.
Em conclusão a este sub-capítulo, podemos apresentar a perspectiva de Silva Martins
(2014, p. 5):
Os géneros são, portanto, categorias textuais que no seu amplo domínio
servem como modelo de aprendizagem de uma determinada cultura, pois, funcionam
como um espelho da sociedade onde se inserem e são simultaneamente bases de
orientação social. Esta relação de reciprocidade é fundada em práticas discursivas,
conteúdos, estilos, propósitos enunciativos, canais da mensagem e público-alvo.
35
1. A aprendizagem da língua;
2. O conhecimento da cultura do país;
3. O exercício da vida profissional e/ou académica.” (Martins, 2013, p. 2423).
Desse modo, para operacionalizar esses três eixos, devemos considerar, segundo
Martins (2013, p. 2423) “a diversidade linguística, assim como a diversidade cultural, mas
também os diferentes valores e códigos de conduta são os maiores obstáculos à integração do
indivíduo na sociedade e no seu contexto escolar, académico ou profissional”.
Por sua vez, “a aprendizagem de línguas estrangeiras é considerada uma mais-valia
em termos pessoais e profissionais, encontrando-se a escolha da língua a estudar diretamente
ligada ao seu estatuto e valor afetivo” (Martins, 2013, p. 2422).
Portanto, evidenciamos a relevância do português para fins específicos, no âmbito do
ensino de língua estrangeira, a partir do princípio de que aprender línguas proporciona
oportunidades tanto na vida pessoal quanto académica e profissional dos indivíduos.
Por sua vez, procuramos definir “fins específicos” segundo Alberto (2019, p. 4), quando
afirma que ensinar ciência em português é diferente de participar de uma simples conversa.
Com efeito, o autor afirma (2019, p. 4)
Desta aplicação da língua nas diversificadas áreas surge o Português para fins
específicos, entendido como a vertente que “compreende a língua por sua
aplicabilidade, destituída das questões que podem suscitar reflexão, análise, discussão
e crítica sobre a complexidade da linguagem” (Camargo & Britto, 2011, p. 350), ou
seja, por linguagem especializada ou mesmo língua para fins específicos entende-se
aquela que geralmente é usada numa determinada área, por membros de um campo
científico de estudo em particular. Adotando as palavras de Cabré (1999, p.152), falar
de linguagem de especialidade é falar de “registos funcionais caracterizados por uma
temática específica, empregados em situações de características pragmáticas precisas,
determinadas pelos interlocutores (basicamente o emissor), o tipo de situação em que
são produzidas, e os propósitos ou intenções que se propõe a comunicação
especializada” (Cabré, 1999, p. 152).
36
Em conclusão a este capítulo, procuramos evidenciar a importância do português para
fins específicos como um componente essencial do ensino de línguas na era da globalização.
37
dessas práticas, os alunos não apenas obtêm informações, mas também adquirem a
capacidade de analisar e interpretar o conhecimento em suas áreas de estudo. Em conclusão, a
leitura e a escrita são fundamentais para o sucesso acadêmico, pois proporcionam aos
estudantes os meios necessários para se apropriarem efetivamente do conteúdo disciplinar.
38
vários factores: objectivo da pergunta; capacidade de quem desenhou a escala; formato do
inquérito e da pergunta; e natureza dos respondentes” (LABX, 2021).
Portanto, para criar qualquer ferramenta de coleta de dados para testar hipóteses, é
fundamental desenvolver um modelo que converta as hipóteses e conceitos a serem
verificados em perguntas claras e objetivas, capazes de fornecer as informações necessárias
para análise. Desse modo, foi oferecido aos alunos uma forma de entrar em contato com os
termos, critérios e parâmetros utilizados para a produção do género inquérito de pesquisa.
Consequentemente, acionando a competência interacional por meio do trabalho em grupo, a
competência comunicativa e sociocultural por meio do contexto de aplicação do inquérito,
entre outras necessárias para a realização da proposta de produção textual.
39
● Resultados (dados obtidos) e Análise: Apresentação dos dados coletados, através de
tabelas, gráficos, esquemas etc. A discussão destes dados, ou seja, o que eles indicam,
o que podem significar dentro da temática analisada. Sempre que possível, comparar
os resultados com os conhecidos ou esperados teoricamente” (Campos, 2015, p. 48).
Nesse sentido, na unidade letiva 3, os alunos leram um modelo de relatório de inquérito aos
hábitos de leitura seguindo o modelo acima e analisaram, em grupos, a sua estrutura
organizacional para habilitá-los na elaboração e produção do relatório individual.
40
conteudísticos desse mesmo texto e ainda faz uma recomendação “crítica” de quem
deve lê-lo (Campos, 2015, p. 7).
41
● Introdutores do universo do discurso − Permitem contextualizar as afirmações (por
exemplo: segundo x, ou verbos de opinião).
● Marcadores de integração linear − Estabelecem ligação entre as unidades marcando a
ordem hierárquica, espacial e temporal (por exemplo: depois, de seguida, por isso).
● Marcadores resumativos − Marcam a reformulação ou conclusão de um enunciado
(por exemplo: em conclusão, por outras palavras, em suma)” (Silva Martins, 2014, p.
16).
42
Aspecto também mencionado por Thompson e Hunston (2000) em sua revisão
da literatura, onde são referenciados termos como connotation (Lyons, 1977), affect
(Besnier, 1993), attitude (Halliday, 1994), assessment (Halliday & Matthiessen, 2004
apud), stance (Conrad & Biber, 2000), appraisal (Martin, 1997). (Vian Jr. et al., 2010,
p .12)
Segundo Vian Jr. et al. (2010, p .20), o julgamento está relacionado às ideias sobre o
comportamento, enquanto a apreciação se refere ao valor atribuído às coisas. O afeto,
portanto, é o núcleo das atitudes que expressamos. Do ponto de vista ontogenético, os
recursos linguísticos utilizados para a avaliação são aprendidos nos primeiros estágios do
desenvolvimento linguístico.
43
oralidade. Relativamente ao trabalho em grupo, podemos assumir que “a interação social pela
linguagem possibilita compartilhar no grupo a experiência particular e construir
conhecimento a partir disso” (Motta-Roth, 2006, p.288). Na mesma linha, Neto (2021, p. 12),
apoiado por outros autores, afirma que “a expressão oral é um processo interativo de
construção de significado, que envolve a produção e a receção e o processamento de
informação”.
Do mesmo modo, Neto defende que “falar uma língua está diretamente relacionado ao
ato de expressar-se, comunicar-se oralmente por ela” (2021, p. 31). Portanto:
44
sociolinguística, pois, além de transmitir e compreender mensagens, devem ser capazes de
interpretá-las dentro do contexto e ajustar os significados conforme necessário.
Para Neto (2021, p 12), “do ponto de vista de aquisição de língua estrangeira em
contexto mais formal de ensino aprendizagem torna-se necessária a criação de uma didática
para o ensino da oralidade na língua alvo”. Leitão (2020, p. 13) explica que faltam meios
suficientes para que a compreensão e produção oral se realize satisfatoriamente e que “as
atividades de expressão oral dentro da sala de aula são as que, por vezes, oferecem mais
dificuldade e obstáculos aos alunos” devido à faltam meios motivadores à aprendizagem.
Por outro lado, Leitão (2020, p. 13) defende que
Para Azevedo (2021, p. 6), “durante o ato de comunicação, o falante ativa as suas
competências de compreensão oral (competência de receção) e produção oral (competência
de produção)”, fazendo um uso adequado dos seus conhecimentos linguísticos,
sociolinguísticos e pragmáticos, interage com o(s) interlocutor(es), assumindo o papel de
produtor e recetor. Desse modo, durante uma apresentação oral os alunos podem utilizar seus
conhecimentos linguísticos, sociolinguísticos e pragmáticos e interagir com os interlocutores,
assumindo tanto o papel de emissor quanto de recetor.
Por fim, podemos assumir apoiados em Baldin e Rammé (2021), que durante uma
apresentação oral em contexto de ensino não apenas a habilidade de expressão oral é
avaliada, mas também as “habilidades comunicativas e interacionais, que possam demonstrar
não somente uma capacidade de resposta, mas uma capacidade potencial de interação em
situações reais de uso da língua” (Baldin & Rammé, 2021, p. 11).
Conclusivamente, “ao criar propostas de atividades que enfoquem na prática da
expressão oral e que se centrem nos géneros da oralidade, é importante também trabalharmos
45
integradamente os aspectos linguísticos da oralidade” (Baldin & Rammé, 2021, p. 21), — que
incluem fluência, gramática, léxico e pronúncia.
Desse modo, buscamos garantir o material essencial que permitisse aos estudantes
desenvolver um entendimento através dos géneros textuais exigidos nas suas disciplinas
académicas para analisar e interpretar o conhecimento em sua área de estudo.
De acordo com Silva Martins (2014, p. 21), o modelo apresentado na figura 3 é
modular, ou seja, desenvolvido em etapas com tarefas específicas. A proposta permite
trabalhar tanto a oralidade quanto a escrita sem favorecer uma das duas modalidades,
progredindo em níveis crescentes de dificuldade e integrando a produção de géneros textuais
com outros aspectos do ensino da língua. Em resumo, as sequências didáticas têm como
objetivo aprimorar as práticas de escrita e produção oral, concentrando-se principalmente na
aquisição de procedimentos e práticas. O modelo das sequências didáticas segue os princípios
gerais da linguística textual, abordando todos os problemas de textualidade relacionados aos
géneros textuais.
46
Fonte: (Silva Martins, 2014, p. 20).
47
Por fim, para que os alunos possam alcançar seus objetivos de comunicação,
procuramos garantir, com as escolhas géneros trabalhados neste projeto, que as opções
disponíveis para os alunos estivessem orientadas pela cultura dentro dos contextos de
produção em que se inserem, pois, como afirmado anteriormente, a linguagem se relaciona
com a sua função sociocultural e com seu contexto de produção e circulação.
1.8. Síntese
Neste primeiro capítulo, estabelecemos o quadro teórico que sustenta o projeto de
intervenção pedagógico-didática, explicitando os principais conceitos que estão na base da
concetualização, planificação e implementação do projeto.
Desse modo, para a realização do questionário com os alunos a fim de identificar os
géneros discursivos e géneros textuais (Dias et al., 2011; Caputo, 2018; Marcuschi, 2002;
Trouche, 2008; Tosatti, 2011; Rocha, 2019) a serem abordados nas aulas. Posteriormente,
para estabelecer as sequências didáticas (Beato-Canato e Cristóvão, 2012; Killner e Furtoso,
2016; Gomes et al., 2020; Silva Martins, 2014) foram trabalhados géneros discursivos e
textuais utilizados pelos estudantes em ambientes acadêmicos (Campos, 2015; Killner e
Furtoso, 2016; Killner e Jung, 2019; Leiria, 2004; Magalhães, 2021; Santos Marques, 2020),
com o objetivo de desenvolver competências comunicativas (Almeida Filho, 1993; Trouche,
2008; Leiria, 2004) por meio da compreensão e produção oral e escrita (Azevedo, 2021;
Bagão, 2014; Baldin& Rammé, 2021; Carvalho, 2018; Leitão, 2020; Magalhães, 2021; Neto,
2021; Nhatuve, 2022) para fins específicos (Alberto, 2019; Leiria, 2004; Martins, 2013;
Martins, 2020; Ramos, 2013). Assim, os géneros explorados com os alunos em contexto
acadêmico (Campos, 2015; Killner e Jung, 2016) incluíram o inquérito de pesquisa (Freitas,
1992; Cordeiro et al., 2023), o relatório de resultados (Campos, 2015), a resenha crítica
(Brandão, 2013; Vian Jr. et al., 2010; Magro & Nunes, 2014; Mesquita, 2009; Murteira, 2011;
Viana et al., 2017), o conto literário (Silva, 2012; Marinello, 2009; Xavier, 2019) e a
apresentação oral formal (Silva, 2012; Viana et al., 2017; White, 2004).
Os géneros trabalhados com os alunos foram organizados em duas unidades didáticas,
cada uma dividida em quatro aulas de 1 hora e meia, totalizando 12 horas. Na primeira
48
unidade didática, as aulas 1 e 2 foram dedicadas ao género inquérito de pesquisa, a aula 3 ao
relatório, e a aula 4 à apresentação oral formal do relatório. Na segunda unidade didática, as
aulas 5 e 6 focaram no género conto literário, a aula 7 na resenha crítica, e a aula 8 foi
reservada para a apresentação oral formal da resenha crítica sobre o conto.
Como meios de avaliação (Beato-Canato e Cristóvão, 2012; Santos Marques, 2020;
Scaramucci e Diniz, 2006; Viana et al., 2017) do projeto de investigação-ação, ao final da
unidade didática 1 era esperado que os alunos produzissem em grupo um inquérito aos
hábitos de leitura, um relatório individual dos resultados do inquérito e realizassem uma
apresentação oral formal do relatório. Seguidamente, na conclusão da unidade didática 2 era
esperado que os alunos fizessem a leitura de um conto literário diferente escolhido para cada
grupo, produzissem uma recensão crítica individual do conto lido e realizassem em grupo
uma apresentação oral formal da recensão crítica ao conto.
Em suma, nas aulas de PLE, é importante adotar uma metodologia focada nos géneros,
levando em consideração as diferenças no processo de ensino-aprendizagem (Azevedo, 2021;
Caputo, 2018; Queiroz & Ramos, 2014; Martins, 2020) entre falantes nativos de português e
falantes estrangeiros.
Desse modo, buscamos articular os vários conceitos em relação à concetualização do
projeto, convocando literatura de domínios variados, entre a descrição de conceitos
relacionados à linguística textual, modelo pedagógico, metodologia, perfil dos estudantes de
B2 de acordo com documentos reguladores (QECR, Quarepe, Referencial Camões)
Estabelecido o referencial teórico deste trabalho, passo, no capítulo 2, à descrição do
projeto de intervenção pedagógico-didática.
49
Capítulo II – Implementação do projeto pedagógico-didático
Este capítulo apresenta o projeto desenvolvido no âmbito do estágio. Começamos por
fazer a sua contextualização (2.1), passando, depois, à apresentação do esquema conceitual e
da planificação da intervenção (2.2.), seguida da descrição do plano das duas unidades
didáticas (2.3) e da apresentação das unidades letivas implementadas em cada unidade
didática (2.4.), finalizando com a avaliação do processo (2.5).
2.1. Contexto
O estágio pedagógico a que se reporta este relatório foi realizado na Faculdade de
Letras no segundo semestre do ano letivo 2023-2024 no âmbito da unidade curricular Língua
Portuguesa B2, com a duração total de 208 horas, do curso Português Língua Estrangeira
para Estudantes Universitários (B2), como parte integrante do componente Compreensão,
Produção e Interação oral IV, que tem a duração total de 60 horas. Os objetivos principais
desta componente do curso são, como é indicado na ficha de unidade curricular, são
“promover a compreensão oral e a produção e interação oral, tomando como base materiais e
atividades com incidência nos conteúdos temáticos e em vários aspetos da cultura portuguesa,
assim como nas necessidades académicas dos estudantes; recurso a atividades e materiais
variados, nomeadamente filmes, documentários, peças de teatro, reportagens, notícias,
exposições. Esta componente contempla trabalho laboratorial”.
A intervenção pedagógico-didática, que teve como principal objetivo investigar o
contributo dos géneros textuais em contexto académico no nível B2 e desenvolver a
proficiência dos estudantes na sua receção e produção, teve a duração total de 12h,
distribuídas por 2 unidades didáticas, cada uma consistindo de quatro aulas de 1 hora e meia.
As unidades letivas 1 e 2 ocorreram na segunda-feira, dia 13/05/2024, das 8h30 às
11h30; A unidade letiva 3, na quarta-feira, 15/05/2024, das 8h30 às 10h; A unidade letiva 4,
na segunda-feira, 20/05/2024, das 8h30 às 10h; as unidades letivas 5 e 6, na quarta-feira,
22/05/2024, das 8h30 às 11h30; a unidade didática 7, na segunda-feira, 27/05/2024, das 8h30
às 10h; e a unidade letiva 8, ocorreu na quarta-feira, dia 29/05/2024, das 8h30 às 10h.
A turma em que decorreu o estágio era frequentada por 21 estudantes provenientes 2º
ano do curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, a realizar um ano
50
de mobilidade discente na Faculdade de Letras Universidade do Porto, com idades
compreendidas entre 19 e 22 anos, sendo 14 alunos com 19 anos, 5 alunos com 20 anos, 1
aluno com 21 anos e 1 aluno com 22 anos, todos com L1 cantonês.
51
perceção do grau de dificuldade em relação ao português, hábitos e relação dos estudantes
com a leitura, contacto e nível de dificuldade com os gêneros académicos, perceção quanto ao
grau de dificuldade em diferentes contextos de comunicação. Apresentamos, de seguida, os
resultados obtidos.
Relativamente aos idiomas que os alunos dominam e o respetivo grau de proficiência,
verificou-se que 16 alunos declararam ter como língua materna o cantonês. Apenas 8 alunos
se consideraram com grau de proficiência “excelente” em mandarim, enquanto 1 declarou
esse grau ser “bom” e 1, “médio”. No que diz respeito às outras línguas, 15 alunos
manifestaram ter grau de proficiência “bom” em inglês, 4, “médio”, e apenas 1 declarou ser
“excelente”. Por fim, relativamente à língua portuguesa, 16 alunos declararam ter grau de
proficiência “médio”, 2 disseram ser “bom” e também 2 alunos assumiram ter nível “básico”.
Referente ao contexto em que os alunos inicialmente tiveram contacto com a língua
portuguesa, 21 alunos declararam ter tido o primeiro contacto por meio de “estudos
universitários”, 5 alunos declararam “contacto com amigos e colegas lusófonos” e “textos
científicos e/ou académicos”, 4 alunos declararam “viagens a países lusófonos” e “música ou
cinema de países lusófonos”. Seguidamente, 3 alunos declararam “programas de televisão” e
“literatura”, 2 alunos declararam “disciplina secundária/estudos secundários” e “instituição
portuguesa”, enquanto apenas 1 aluno declarou “contacto com familiares de origem lusófona”
e “textos de imprensa” (Gráfico 1).
52
Quanto ao grau de dificuldade da aprendizagem de português, 12 alunos apontaram
“muito difícil”, 5 alunos afirmaram grau de dificuldade “moderado”, outros 4 alunos
indicaram ser “extremamente difícil”. Nenhum estudante considerou ser “fácil” ou “muito
fácil” (Gráfico 2).
Dos 14 alunos que marcaram gostar de ler em português, apenas a metade informou
porquê. Entre os quais: “Porque posso enriquecer conhecimento português”, “porque é útil
fortalecer a competência de leitura de português”, “interessante”, “a gramática pode
ajudar-me compreender melhor o contexto, “porque é útil em Macau”, “acho que português é
muito útil em Macau”, “porque pode aprender português”.
Dos 6 alunos que marcaram não gostar de ler em português, todos informaram o
porquê. Entre os quais: “Porque ainda não estou habituado ao texto português”, “é difícil”,
“com o meu nível atual, não consigo ler textos avançados por isso é difícil ler”, “é um grande
desafio”, “porque é difícil pra mim”, “as estruturas são bastante difícil e complexas para
perceber”, “gosto de chinês”.
53
Gráfico 2 – Grau de dificuldade da aprendizagem de português
Entre os géneros de textos que os alunos costumam ler em língua portuguesa estão:
“notícia”, com 21 respondentes; “artigo de opinião”, com 11 respondentes; “entrevista”, com
10 respondentes; “biografia” e “ensaio”, com 4; “romance”, “texto científico”, “conto” e
“lei/direito”, com 2 respondentes; e finalmente, “crónica”, “poema” e “letra de música”, com
apenas 1 respondente respetivamente (Gráfico 3).
54
seguido por “roteiro ou guião de trabalho”, com 7 respostas. Consecutivamente, está a
“recensão crítica”, com 6 respostas; “inquérito” e “artigo científico”, com 5 respostas; e
finalmente, “dissertação”, com apenas 3 alunos respondendo esta opção (Gráfico 4).
55
Gráfico 5 – Géneros em que os alunos têm mais dificuldades
56
palavras”, 11 alunos responderam “moderado”. O quesito com maior número de respostas
“extremamente difícil” foi “ritmo”, com 5 respostas.
57
Assim, essa unidade didática corresponde à produção, realizada em grupo, de um inquérito de
pesquisa aos hábitos de leitura. Consequentemente, inclui a produção de um relatório
individual dos resultados da aplicação do inquérito. E posteriormente, a apresentação oral
formal do relatório, realizada em grupo.
A segunda unidade didática compreende a leitura de um conto diferente, escolhido para
cada grupo, seguindo-se a produção de uma recensão crítica individual do conto lido pelo
grupo e, posteriormente, a apresentação oral formal da recensão crítica ao conto, realizada em
grupo. O trabalho foi desenvolvido nas aulas 5 e 6, dedicadas ao conto literário, na aula 7, à
resenha crítica, e na aula 8, à apresentação oral formal da resenha crítica sobre o conto.
Na tabela 1 encontra-se a tabela de conteúdos temáticos das unidades letivas,
definidos pelo resultado do inquérito sociolinguístico aplicados aos estudantes, dos quais os
géneros textuais são o fio condutor da planificação e das unidades.
As tabelas 1 e 2 ilustram, respectivamente, os conteúdos temáticos das unidades
letivas e o esquema das unidades didáticas.
Tabela 1 – Conteúdos temáticos das unidades letivas
UL 1 e 2 Inquérito de pesquisa
UL 5 e 6 Recensão crítica
Unidade didática 1
● Produção do inquérito
➔ Apresentação oral
● Produção do relatório
58
Unidade didática 2
● Leitura do conto
➔ Apresentação oral
● Produção da recensão crítica
59
Na sequência, foi adicionado um questionário sobre as características das partes de um
inquérito de pesquisa, produzido inicialmente com auxílio de interação com o ChatGPT
(anexo 4.1), mas severamente alterado para adequar-se à unidade letiva, o que pode ser
observado no anexo 2.1 (1.1 Responda às seguintes questões). A correção do questionário
teve duração de 5 minutos. A terceira parte consistia em formar os grupos e em auxiliar os
alunos na produção do inquérito, para o qual sobrou cerca de 10 minutos dos quais se
esperavam 30 minutos. Por isso, alguns grupos publicaram os inquéritos sem a correção do
professor, o que causou alguns inconvenientes, visto que alguns respondentes receberam o
questionário sem revisão. Os inquéritos encontrados no anexo 6 são as versões revisadas pela
professora orientadora e pelo professor estagiário. Apenas os alunos 16 e 21 não estavam
presentes.
60
partes da apresentação, como introdução, contextualização da pesquisa, análise de dados,
interpretação dos resultados e agradecimentos.
O vídeo foi exibido duas vezes e os alunos dividiram-se em grupos para debater e
estabelecer as partes de uma apresentação de relatório e a ordem de encadeamento dessas
partes, para que as apresentassem oralmente após o debate, e teve duração de 15 minutos. Em
seguida, foi dado aos alunos 10 minutos para responder o exercício individual sobre os
recursos de reformulação e encadeamento de ideias que podem ser utilizados na composição
de um relatório. Os alunos tinham que associar as expressões ou marcadores discursivos
como expressões usadas para resumir, marcadores para dar exemplos, marcadores
contraargumentativos contidos na coluna A e seus respetivos exemplos na coluna B.
Os exercícios seguintes consistiram em selecionar em questões de múltipla escolha os
organizadores ou estruturadores discursivos mais adequados para completar os excertos de
uma apresentação formal. Parte desses exercícios foi produzido inicialmente com auxílio do
ChatGPT, tal interação pode ser encontrada no anexo 4.2, as alterações para adequar-se à
unidade letiva podem ser observadas no anexo 2.2 (1.1 Selecione a opção correta para cada
questão). Ao final desta unidade, os alunos tiveram tempo para concluir o inquérito. Os
alunos 1, 2, 6, 9, 18, 20, 21 não estavam presentes. Concluindo, sete alunos não estavam
presentes e, portanto, cinco grupos foram formados para a produção dos inquéritos, sendo
eles: o grupo 1 (anexo 6.1), alunos 5, 14 e 20; o grupo 2 (anexo 6.2), alunos 4, 8 e 9; o grupo
3 (anexo 6.3), alunos 6, 12 e 18; o grupo 4 (anexo 6.4), alunos 2, 7, 10 e 19; e o grupo 5
(anexo 6.5), alunos 1, 13 e15. Nesse sentido, os grupos formados para a apresentação oral do
relatório foram diferentes dos grupos formados para produção do inquérito. Os relatórios
produzidos pelos estudantes encontram-se no anexo 7.
61
de ausentes, os alunos dividiram-se em 6 grupos. Por ordem de apresentação, tirada por
sorteio antes do início, tivemos: o primeiro grupo, alunos 4 e 8; o segundo grupo, alunos 3 e
10; o terceiro grupo, alunos 1 e 15; o quarto grupo, alunos 5, 14 e 20,; o quinto grupo, alunos
6, 12, e 18; e o sexto grupo, alunos 2, 7, 11 e 19. Totalizando cinco ausentes, os alunos 9, 13,
o aluno 16, 17 e 21.
Cada grupo teve 9 minutos para se apresentar, reservando 1 minuto para questões dos
colegas. A grelha de avaliação utilizada pelo professor, que pode ser encontrada no anexo 8,
inclui critérios de avaliação do grupo, quanto à organização, estrutura e o conteúdo de cada
parte da apresentação, como: introdução, contextualização da pesquisa, apresentação do
objetivo da pesquisa, descrição da metodologia utilizada, apresentação dos dados recolhidos
de forma clara e análise dos resultados, bem como a conclusão, agradecimentos e uso de
referências.
Também foram utilizados critérios linguísticos para a avaliação individual, como:
recorrer a vocabulário adequado, usar estruturas gramaticais de forma correta, exprimir-se
com fluência (ritmo, entonação e inteligibilidade), tanto quanto articular as ideias e
desenvolver o conteúdo de forma coerente.
62
crítica/interpretativa (sequência avaliativa), conclusão e referências. Esse exercício teve
duração de 10 minutos.
Em seguida, foi apresentado aos estudantes um quadro para que estabelecessem a
ordem das etapas para fazer uma recensão crítica, como: listar todas as fontes citadas ou
consultadas para a recensão, destacar os aspetos positivos da obra, identificar falhas ou
pontos que poderiam ser melhorados, apresentar argumentos de fontes seguras para apoiar
suas avaliações, resumir as principais observações e avaliações, indicar se a obra em questão
deveria ou não ser recomendada, fazer um breve resumo do conteúdo da obra para ajudar o
leitor a entender do que se trata, etc. A correção teve duração de 10 minutos e os alunos
demonstraram uma excelente compreensão dos dois exercícios anteriores.
Por conseguinte, após o intervalo de 10 minutos, os alunos tiveram 10 minutos para
sublinhar os recursos avaliativos utilizados pelo autor da recensão para exprimir a sua
opinião, fazer um julgamento de valor ou a apreciação positiva ou negativa da qualidade do
livro Portugal nas Transições – O Calendário Português desde 1950 encontrados no texto da
recensão. Em seguida, os alunos deveriam identificar o tempo verbal predominante na
recensão, dando, pelo menos, dois exemplos, o que os alunos não demonstraram dificuldades.
Por fim, a cada grupo foi atribuído, por meio de sorteio de pequenos papéis, um conto
literário de autores lusófonos que deveria ler, com o objetivo de fazer uma recensão crítica
em duas etapas: apresentar em grupo a recensão/ apreciação crítica do conto no dia 29/05 e
entregar uma recensão crítica escrita individual do conto no mesmo dia.
Foram escolhidos 6 contos lusófonos, para serem trabalhados pelos alunos para a
composição da recensão crítica e da apresentação oral, que fossem curtos e que se
adequassem ao nível B2 de acordo com os referenciais já citados no capítulo I. A turma
dividiu-se em sete grupos e os contos escolhidos foram “A Viagem”, de Sophia de Mello
Breyner Andresen; “Miura”, de Miguel Torga; “O Mistério da Casa Abandonada”, de
Fernando Sabino; “Uma Galinha”, de Clarice Lispector; “A Senhora do retrato”, de Manuel
Alegre; e “A Carteira”, de Machado de Assis. Nesse sentido, foram disponibilizadas ligações
de acesso para a leitura dos contos.
63
Em conclusão, cinco alunos estavam ausentes neste dia, sendo eles: os alunos 4, 8, 13,
16 e 21. No entanto, participaram da entrega da recensão e da apresentação oral. Apenas o
aluno 13 não participou da apresentação oral.
64
As recensões produzidas pelos estudantes podem ser encontradas no anexo 10. Em
geral, os alunos demonstraram dúvidas de vocabulário apesar de manifestarem conhecimento
das expressões utilizadas para apreciação da obra literária, bem como dos organizadores
textuais para dar encadeamento e coerência ao discurso e suas funções.
65
também é importante que educadores e professores disponham de conhecimentos sobre a
aquisição, o desenvolvimento e sobre a avaliação da linguagem. Nesse sentido:
66
Consecutivamente, “a visão de proficiência ou do que é saber uma língua, portanto,
necessariamente definida pela visão de linguagem, também delimita a natureza dos métodos
ou maneiras de ensinar, dos materiais didáticos e dos procedimentos e instrumentos de
avaliação” (Scaramucci & Diniz, 2006, p.59). Por outro lado, segundo Beato-Canato e
Cristóvão (2012, p.38) “a avaliação evidencia que as ações de linguagem propostas nas
sequências didáticas podem contribuir para a aprendizagem de língua estrangeira”.
De acordo com os materiais didáticos e os instrumentos de avaliação utilizados,
podemos concluir que as ações de linguagem propostas nas sequências didáticas contribuíram
para a aprendizagem dos estudantes. Como afirmam Scaramucci et al. (2006, p. 59):
Uma atividade ao mesmo tempo cognitiva e social pressupõe uma meta a ser
alcançada ou uma noção de proficiência, que, nesse caso, envolve o domínio de
conhecimentos linguísticos, socioculturais e discursivos, mas, principalmente, a
capacidade de usar, conjuntamente, esses conhecimentos em situações reais de
comunicação. Em outras palavras, a capacidade de desempenhar ações adequadas a
determinados propósitos comunicativos e interlocutores diversos.
67
2.4.1. Quizz de revisão de conteúdo da unidade didática 1
O quizz de revisão de conteúdo da unidade didática 1 possui doze questões de escolha
múltipla, divididas em 3 grupos de 4 questões, que compreendem as temáticas abordadas em
sala de aula sobre os géneros inquérito de pesquisa, relatório e recursos discursivos utilizados
em uma apresentação oral formal. Algumas questões desse quizz foram produzidas
inicialmente com auxílio do ChatGPT (anexo 4.3 e 4.4), mas receberam alterações para
adequar-se ao propósito de avaliação da retenção dos alunos quanto aos conteúdos abordados
na unidade didática 1, o que pode ser observado no anexo 5.3.
Este quizz foi aplicado ao fim da unidade letiva 3 e teve 19 participantes dos 21
alunos da turma, obtendo uma média total de acerto de 83,32%, tendo 15 alunos acertado
todas as questões. Os alunos apresentaram mais dificuldades nas questões sobre recursos
discursivos utilizados em uma apresentação oral formal, tendo maior número de acertos nas
questões sobre os géneros inquérito e relatório.
68
Gráfico 8 – Questão 2 do quizz de revisão da unidade didática 1
69
Gráfico 10 – Questão 4 do quizz de revisão da unidade didática 1
70
Gráfico 12 – Questão 6 do quizz de revisão da unidade didática 1
71
Gráfico 14 – Questão 8 do quizz de revisão da unidade didática 1
72
Gráfico 16 – Questão 10 do quizz de revisão da unidade didática 1
73
Gráfico 18 – Questão 12 do quizz de revisão da unidade didática 1
74
Gráfico 19 – Questão 1 do quizz de revisão da unidade didática 2
75
Gráfico 21 – Questão 3 do quizz de revisão da unidade didática 2
76
Gráfico 23 – Questão 5 do quizz de revisão da unidade didática 2
77
Gráfico 25 – Questão 7 do quizz de revisão da unidade didática 2
78
Gráfico 27 – Questão 9 do quizz de revisão da unidade didática 2
79
Gráfico 29 – Questão 11 do quizz de revisão da unidade didática 2
80
2.4.3. Resultados do inquérito de avaliação das aulas ministradas no estágio
O inquérito de avaliação das aulas do professor estagiário foi produzido seguindo
Couto (2019). Nesse sentido, foi aplicado com nove questões e teve 14 participantes dentre os
21 alunos da turma, resultando num total de respondentes de 66,6%. Foram utilizadas
questões de múltipla escolha e resposta aberta. Nas questões de 1 a 3 utilizou-se uma escala
de 1 a 5, sendo 1 – não concordo nada; 2 – concordo pouco; 3 – concordo; 4 – concordo
quase totalmente; 5 – concordo totalmente. Nas seguintes questões, que possuíam somente as
opções sim e não, solicitou-se que os respondentes justificassem sua resposta quando
solicitado.
À questão 1 (gráfico 31), sobre se as aulas em que participaram corresponderam às
suas expectativas, 2 alunos responderam “concordo totalmente”, 6 alunos responderam
“concordo quase totalmente”, 5 alunos responderam “concordo” e apenas 1 aluno respondeu
“concordo pouco”, enquanto nenhum aluno respondeu “não concordo nada”.
À questão 2 (gráfico 32), sobre considerar que os materiais e recursos utilizados nas
aulas adequados ao seu nível de proficiência, nenhum aluno respondeu concordar totalmente,
81
10 responderam concordar quase totalmente, 3 alunos responderam concordar e apenas 1
aluno respondeu concordar pouco, enquanto nenhum aluno respondeu “não concordo nada”.
À questão 3 (Gráfico 33), quanto aos géneros textuais trabalhados nas aulas ajudarem
a melhorar as suas competências em português, nenhum aluno respondeu “concordo
totalmente”, 9 responderam “concordo quase totalmente”, 4 alunos responderam “concordo”
e apenas 1 aluno respondeu “concordo pouco”, enquanto nenhum aluno respondeu “não
concordo nada”.
82
Gráfico 33 – Questão 3 do inquérito de avaliação das aulas ministradas no estágio
83
Fonte: Google Formulários
À questão 5 (Gráfico 35), sobre sentir que aprendeu coisas novas, os 14 alunos que
participaram do inquérito de avaliação das aulas do professor estagiário responderam “sim”,
totalizando 100% e não havendo necessidade de justificativa.
À questão 6 (Gráfico 36), sobre se o que aprendeu nas aulas tem ou vai ter utilidade
prática, 100% dos alunos responderam “sim”, não havendo necessidade de justificativa.
Desse modo, os resultados demonstram que os alunos acreditam que o que aprenderam tem
ou vai ter utilidade prática.
84
Fonte: Google Formulários
85
À questão 8, sobre quais foram os aspetos que os alunos mais gostaram nas aulas, 14
participantes responderam. A questão era de resposta aberta, dentre as respostas encontra-se
“recensão de história”; “fazer inquérito”; “tentar escrever um relatório de inquérito”; “gostei
de responder ao professor porque o professor incentiva os alunos sempre”; “fazer o trabalho
sobre o inquérito e a recensão crítica”; “posso tentar fazer um inquérito e análise os
resultados”; “realização de exercícios em sala de aula em pequenos grupos”; “lemos o conto
literário e fizemos a análise”; “a aprendizagem do inquérito, bem como o relatório”; “aprendi
a escrever o inquérito e a recensão crítica”; “saber como elaborar um questionário”; “fazer
apresentações”; “têm pausa”; e “gostei de ler a história do homem e da mulher que
esconderam as jóias”. Em geral, o trabalho com os géneros agradou os alunos respondentes.
Também o incentivo e o desafio em fazer algo novo e que eles acharam útil.
À questão 9, de resposta aberta de sugestões e comentários, 14 alunos responderam.
As respostas foram “não”; “tudo bem”; “mostrar mais exemplos do relatório de inquérito”;
“As aulas são divertidas e interessantes. Praticamente, eu aprendi português no âmbito
literário mediante o trabalho da recensão crítica, alargando os meus conhecimentos para além
de linguística”; “penso que o professor pode organizar mais interação entres os alunos na
aula”; “não tenho”; “não”; “Na minha opinião, penso que o professor pode preparar alguns
exercícios mais interessantes e mais atividades de grupo”; “Acho essencial que adicione mais
interação entre os colegas para nos divertir”; “bom”; “A forma de falar poderia ser mais
clara”; “Pode falar mais devagar”; “Penso que se o professor tivesse dito a diferença entre o
sotaque português e brasileiro poderíamos compreender melhor”; e por último, “Penso que é
bastante bom, aprendi a elaborar um questionário e a estrutura de uma análise. É claramente
ensinado. Obrigada!”.
Destaca-se que os alunos gostam de trabalhar em pequenos grupos, sendo este
também um apontamento apresentado como resposta à questão 8 e é mencionado três vezes
como resposta à questão 9, como organizar mais interação entres os alunos, mais atividades
de grupo e mais interação entre os colegas. Em geral, a maior dificuldade dos alunos
apresentou-se na compreensão do sotaque brasileiro. No entanto, os resultados do inquérito
de avaliação das aulas ministradas durante o estágio demonstraram que os alunos
86
consideraram proveitoso o trabalho com os géneros realizado em sala de aula para este
projeto de investigação-ação.
Considerações Finais
Para levar os aprendentes a desenvolverem a competência comunicativa no seu
domínio específico, devemos fazê-lo por meio de situações de comunicação próprias da sua
área profissional. Nesse sentido, apoiando-nos em Leiria (2004, p. 14), podemos afirmar que
a falta de materiais didáticos, em especial no caso do português, consiste na dificuldade que
os professores de línguas, “os autores de materiais e as editoras enfrentam para dar resposta a
um mercado relativamente escasso, altamente direcionado e sujeito a grandes mudanças”.
Por sua vez, assim como Marcuschi (2002, p. 35), podemos assumir que “o trabalho
com gêneros textuais é uma extraordinária oportunidade de se lidar com a língua em seus
mais diversos usos autênticos no dia-a-dia”. Concordamos com Dias et al. (2011, p.154) e
“entendemos que o acesso à diversidade de géneros e o estudo dos géneros devem nortear o
processo de ensino e aprendizagem da língua, o qual deve ter como objetivo principal
desenvolver a competência discursiva de seus usuários”.
Nesse viés, “tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou noutro
género textual, um maior conhecimento do funcionamento dos géneros textuais é importante
tanto para a produção como para a compreensão” (Marcuschi, 2002, p. 31) oral e escrita em
contexto de ensino de língua estrangeira no âmbito académico.
Apoiando-nos em Trouche (2008, p. 30), podemos afirmar que nossa abordagem de
ensino privilegiou o espaço da sala de aula como o lugar da construção de um conhecimento
compartilhado e de aquisição de competência comunicativa. Consecutivamente, o objetivo
mais evidente no processo ensino/aprendizagem centrou-se em desenvolver, nos alunos, as
competências necessárias a uma interação autônoma em situações reais de comunicação, de
leitura e de produção textual. Consequentemente, procuramos abranger nessas competências
a aquisição de um número significativo de habilidades contextuais, sociocomunicativas e
pragmáticas de uso linguístico, por meio da valorização do trabalho com diferentes gêneros
textuais.
87
Em suma, podemos assumir que a aprendizagem de línguas baseada em géneros
textuais é capaz de contribuir para o letramento académico e promover o desenvolvimento de
competências linguísticas em situações reais de comunicação no âmbito universitário,
exigindo mais autonomia dos aprendentes e facilitando o intercâmbio cultural, essencial para
o mundo globalizado (Silva, 2011). Portanto, estudar e produzir géneros específicos no
contexto acadêmico melhora essas competências (Dias et al., 2011).
Neste projeto de investigação-ação, os alunos trabalharam com géneros textuais para
produzir e compreender novas estruturas linguísticas, enfrentaram, além do desconhecido, a
aceitação das suas transformações pessoais e atuaram como participantes ativos na
construção de habilidades de linguagem oral e escrita. Para avaliar o projeto, os alunos
produziram inquéritos aos hábitos de leitura, relatórios individuais e apresentações orais dos
resultados, realizaram leituras de contos literários, escreveram recensões críticas e as
apresentaram oralmente. Portanto, o projeto resultou em diversos inquéritos, relatórios,
recensões e apresentações, cujo material está anexado.
Ao observarmos a extensa produção dos alunos, ao lado daquilo que foi trabalhado
em sala de aula nas unidades letivas deste projeto, relativamente à estrutura organizacional e
ao conteúdo das partes dos géneros académicos estudados, podemos afirmar que os alunos
compreenderam significativamente a proposta de execução estabelecida para a composição
dos géneros, pois seguiram o desenvolvimento definido para a produção dos textos, bem
como atenderam satisfatoriamente às expectativas, surgidas durante o planeamento das aulas,
ao participarem ativamente do processo de criação conjunta do conhecimento em torno da
investigação realizada.
Conclusivamente, (Alves, 2016; Azevedo, 2021; Caputo, 2018; Marcuschi, 2002;
Queiroz, 2014; Martins, 2020), é bastante produtivo adotar uma metodologia baseada em
géneros textuais nas aulas de PLE, pois a produção de textos orais e escritos relativos à
esferas sociais específicas, como o contexto académico, deve ser integrado às aulas de
português como segunda língua / língua estrangeira.
88
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95
Anexos
Por uma questão prática, os anexos estão organizados por tópicos que correspondem aos
passos do processo da intervenção pedagógico-didática nas suas diferentes vertentes. O
acesso ao material neles constante é acedido através dos links indicados em cada um.
https://drive.google.com/file/d/1B8MT9AorzDguCciEKoBAr0MqcNcVY9rF/view?u
sp=sharing
https://drive.google.com/file/d/1kcJMhAdqK6zhF-0uxTAaoATK97Y3bUOz/view?us
p=sharing
https://drive.google.com/file/d/18fdRhnAbowf4C9aLphuDmj2QqQgcA4Jt/view?usp
=sharing
https://drive.google.com/file/d/1qHFq1TFc3j5fGQY4fApFS5Rg-jX35UeR/view?usp
=sharing
96
https://drive.google.com/file/d/150JKTu4eLcmMHAjGEldlk3qG_pBU9lvl/view?usp
=sharing
https://drive.google.com/file/d/1jXExyLEvtxrC2_wDknEeCXT0LiuG2VFj/view?usp
=sharing
https://drive.google.com/file/d/1F8g14tmxa7j_9EpxMTqbrCip75VCpJ72/view?usp=s
haring
https://drive.google.com/file/d/1bm-OflSLUygPmet4E2la6wysH8bBYQ9D/view?usp
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https://drive.google.com/file/d/1HPa5tpL4EqhQM-lly-nbfG6IuUTKu-Xu/view?usp=s
haring
https://drive.google.com/file/d/1l5koNEfS3z3qjXZTvqY2FU8KIVeUxZtP/view?usp=
sharing
97
Anexo 11 – Grelha de avaliação da apresentação das recensões
https://drive.google.com/file/d/1ajkMIJhPfLBbMFV3eKLoAXmnu2coXkau/view?us
p=sharing
https://drive.google.com/file/d/1TW0OlsdmZOazqVZKjg4u4Mkzu4kYlduD/view?us
p=sharing
https://drive.google.com/file/d/1F5Dh4r51QMAju-G2q4RvPBlfPwaRfpFi/view?usp=
sharing
98