2024-11-18 pesquisa[1]
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Técnica Cirúrgica
O paciente é posicionado em decúbito dorsal, sob anestesia perdural. É realizado assepsia,
colocação padronizada de campos operatórios e garroteamento do membro (Figura 3)
Realiza-se a retirada do tendão do grácil através de uma incisão de dois a três centímetros
sobre os tendões da “pata anserina”. A bursa da “pata de ganso” é aberta, e o tendão do
grácil é exposto e retirado com a utilização de um “stripper”. O tendão do grácil foi utilizado
por possuir menor prejuízo na flexão do joelho e por atravessaar facilmente pelos túneis da
patela. (Figura 4). Subsequentemente, realiza-se a liberação artroscópica do retinaculo lateral
com uso de radiofrequência para minimizar o sangramento pós-operatório, nos casos em que
é necessário esse procedimento.
A seguir, duas incisões são feitas longitudinalmente sob a faceta medial e lateral da patela.
Uma incisão de 1 cm na face lateral e uma de 4 a 5 cm entre a borda medial da patela e o
epicôndilo medial do fêmur. Dois furos transversais paralelos de 3,5 milímetros são feitos com
auxílio de fios guias sob visão radioscópica. Os furos são colocados nos dois terços proximais
da patela, 10 a 15 mm da articulação (Figura 5)
O tubérculo do adutor é exposto e identificado no côndilo femoral medial. O ponto de fixação
do enxerto é imediatamente distal ao tubérculo, proximal a inserção do ligamento colateral
medial e distal a inserção do adutor magno. Um fio de Kirschner é inserido nesse ponto, e o
ponto isométrico é identificado sob radioscopia. É realizada a avaliação da tensão do enxerto
em movimentos de flexão e extensão. Após a checagem, a perfuração com uma broca 7mm é
feita no côndilo femoral medial. O enxerto com o tendão do grácil é passado através dos
túneis da patela em uma forma anelada. (Figura 6 e 7).
Ambas as extremidades do tendão são fixadas no túnel femoral com 01 parafuso de
interferência de 7x20mm com o joelho ao redor de 45 graus de flexão e com pequena tensão
que permita a lateralização patelar de 10mm. Após a fixção, a posição da patela é verificada
através da imagem artroscópica. É realizada a irrigação local com soro fisiológico 0,9% o
subcutâneo é suturado com Vicryl 2,0 e a pele com pontos separados de Nylon 3,0. (Figura 8
e 9).
Reabilitação
A reabilitação é iniciada na primeira semana com exercícios isométricos para o músculo
quadríceps femoral associados a analgesia e crioterapia. A mobilização passiva até 90 graus é
permitida até a segunda semana. Utiliza-se o imobilizador por quatro semanas. A mobilização
patelar suave no sentido latero-lateral e supero-inferior é iniciada imediatamente após a
cirurgia para prevenir contraturas peripatelares. Inicialmente, é aconselhado ao paciente à
utilização d emuletas com descarga parcial de 25% do peso corporal por duas semanas, com
progressão gradual de acordo com tolerância. A carga total é autorizada entre quatro a seis
semanas. O ganho de amplitude de movimento ativo é estimulado e partir da terceira
semana acima de 90 graus de flexão. Na sexta semana inicia-se exercícios de cadeia cinética
fechada, com progressão para cadeia cinética aberta gradualmente. A liberação para o
retorno ao esporte controlado ocorre em média após 03 meses e esportes de contato após 06
meses.
Complicações
1. Evitar tensionar excessivamente o enxerto e provocar uma subluxação medial de patela,
que pode ocasionar perda do arco de movimento, dor e sobrecarga articular precoce.
2. Determinar adequadamente o túnel femoral, pois o posicionamento incorreto pode levar a
sobrecarga femoropatelar medial, perda da amplitude articular e dor.
Recomendações
1. Respeitar a distância de 10 a 15 mm da articulação na realização dos furos na patela, para
evitar a fratura desta.
2. Fixar o enxerto entre 45 e 60 graus de flexão com pouca tensão.
3. Posicionar corretamente o túnel femoral e checar sob radioscopia.
Sinais e sintomas
Dor no joelho. Dor na região anterior e no interior do joelho. Muitas
vezes é difícil identificar o local exacto, podendo ser descrita como uma
dor vaga à frente do joelho;
A dor não é constante. Geralmente, aumenta ao subir e descer escadas e
com actividade física. Também pode ser referida se ficar sentado por
longos períodos;
Pode haver uma sensação de crepitação acompanhada do som de
“estalos” do joelho à medida que este mexe;
Por vezes ocorre inchaço ao redor da rótula;
Padrão de marcha característico.
Tratamento
O tratamento em Fisioterapia para a síndrome patelo-femoral é
conservador e tem por objectivo melhorar a dinâmica do aparelho
extensor e melhorar o alinhamento da rótula.
cirurgia do joelho?
Sentir dor forte após uma cirurgia pode ser uma grande preocupação.
reabilitação do joelho?
Como é o pós-operatório e a
reabilitação?
OBJETIVO: A luxação aguda da patela é uma afecção complexa que afeta principalmente
pacientes jovens. Sua fisiopatologia é pouco conhecida e sua compreensão e conduta
terapêutica são controversas. O ligamento femoropatelar medial (LFPM) é o principal
estabilizador estático para a prevenção do deslocamento lateral da patela. Com o objetivo de
avaliar a estabilidade da articulação femoropatelar, os autores avaliam radiograficamente a
presença, ou não, de deslocamento e inclinação lateral da patela, antes e após a secção do
LFPM em joelhos de cadáveres. MÉTODOS: Trinta joelhos de cadáveres foram radiografados
na incidência axial da patela, por meio da técnica descrita por Merchant antes e após a secção
do LFPM. Foram mensurados os ângulos de congruência de Merchant e femoropatelar lateral
de Laurin. RESULTADOS: O ligamento femoropatelar medial apresentou média de 4,8cm de
comprimento e 1,6cm de largura. Em seis peças anatômicas não ocorreu mudança no ângulo
femoropatelar lateral de Laurin (20%), em três peças anatômicas a mudança foi de um grau
(10%), em 20 (67%), dois graus e uma peça anatômica quatro graus (3%). As mudanças
ocorreram entre zero e dois graus, em 97% dos joelhos de cadáveres. Em cinco peças
anatômicas não ocorreu mudança no ângulo de congruência de Merchant (17%); em seis, foi de
um grau (20%); em 17, dois graus (57%); em uma, três graus (3%); e em uma, seis graus
(3%).Estas mudanças ocorrem entre zero e dois graus em 93% dos joelhos de cadáveres).
CONCLUSÕES: A análise dos resultados obtidos neste estudo permite concluir que o ligamento
femoropatelar medial tem importância na inclinação e no deslocamento lateral da patela com o
joelho fletido em 45º.
O LFPM foi descrito inicialmente por Kaplan, em 1957(15), embora não o tenha nominado. Porém,
foi a partir do estudo pioneiro de Warren e Marshal(16), no qual descreveram a anatomia medial
do joelho e o LFPM, que se iniciou uma nova fase na compreensão da luxação aguda da patela.
Posteriormente, Feller et al.(17) confirmaram que o LFPM é uma estrutura distinta da segunda
camada medial do joelho, não havendo variações de um lado para o outro em um mesmo
indivíduo. Fato que também verificamos em nosso estudo, no qual o LFPM esteve presente em
todos os joelhos e apresentou o tamanho variando em média de 1,6cm de largura e 4,8cm de
comprimento, estando com valores próximos ao encontrado por outros autores, que
demonstram também que, embora pequeno, esse ligamento resiste a uma considerável força
tênsil(18).
Um interessante ensaio biomecânico foi realizado por Sandmeier et al.(22), em que promoveram a
reconstrução do LFPM com o tendão do músculo grácil, observando restabelecimento do exame
femoropatelar normal após a reconstrução ligamentar.
Um aspecto importante e pouco estudado do LFPM diz respeito à manutenção de sua função
nos diferentes graus de flexão do joelho. Acredita-se que este ligamento desempenha papel
relevante na estabilização medial da patela, somente nos graus iniciais de flexão do joelho,
onde ela estaria clinicamente mais vulnerável a sofrer deslocamento lateral. A incidência
radiográfica descrita por Laurin, em que a radiografia axial da patela é realizada com 20º de
flexão do joelho, seria por esta ótica, a nossa primeira escolha. Todavia, segundo o próprio autor
da técnica, a incidência com 20º de flexão do joelho é difícil de ser obtida e requer cuidadosa
orientação do indivíduo que irá realizar o posicionamento do joelho para a radiografia (23). Além
disso, Vainionpää et al.(5), descrevem que mesmo nesta posição a estabilidade da patela não
pode ser estimada, devido aos numerosos achados de falsos-negativos.
Neste estudo, a incisão do LFPM é efetuada próximo ao tubérculo adutor, pois é neste local que
grande parte dos autores encontram o ligamento lesado após um episódio de luxação aguda da
patela(5,28,29). Corroborando com esse fato, notamos que é comum uma maior sensibilidade na
região do tubérculo adutor, após um episódio de luxação aguda da patela, conforme o clássico
sinal descrito por Bassett(30).
O uso de cadáveres neste estudo criou algumas limitações, tais como: falta de ação muscular,
posicionamento ideal das radiografias axiais, idade e sexo dos cadáveres utilizados. Por outro
lado, estas mesmas limitações são comuns em ensaios biomecânicos envolvendo o LFPM (18-21).
Utilizamos, para avaliar o deslocamento patelar, dois critérios: visibilização do desvio patelar e
método quantitativo através da mensuração do ângulo de congruência de Merchant, que
expressa o deslocamento patelar e do ângulo femoropatelar lateral de Laurin, que mensura a
inclinação da patela. Após a secção do LFPM, visualmente não observamos importante
deslocamento ou inclinação da patela. Entretanto, as avaliações das mensurações radiográficas
apresentam, estatisticamente, graus elevados de significância.
Nossos resultados sugerem que o ligamento femoropatelar medial, contrariamente ao que relata
a literatura, pode, também, desempenhar a função de estabilização medial da patela, mesmo
com o joelho em graus maiores de flexão, em que estaria presumivelmente relaxado e a patela
centrada na tróclea femoral, submetida a um efeito de "casa de botão". Nossos achados vão ao
encontro dos experimentos realizados por Nomura et al.(31) e Steensen et al.(32), que relatam que o
ligamento femoropatelar medial é isométrico até aos 90º de flexão do joelho.
Baseado nos dados encontrados neste trabalho e na literatura, sugerindo a ação LPFM tanto
em flexão quanto em extensão do joelho, nos instiga a pensar que talvez ele desempenhe uma
função até mais importante nos casos em que a tróclea é rasa, em que não há o efeito de "casa
de botão".
Embora não seja o objetivo deste trabalho estudar técnicas cirúrgicas, o estudo do LFPM é
fundamental para o raciocínio de diferentes posturas cirúrgicas que contemplem ou não a
abordagem deste ligamento.
Com toda a controvérsia que cerca o assunto e com o papel desempenhado pelo LPFM,
acreditamos que futuras pesquisas sobre o tema são de fundamental importância para o melhor
entendimento dessa entidade.
CONCLUSÃO
A análise dos resultados obtidos neste estudo permite concluir que o ligamento femoropatelar
medial tem importância na inclinação e no deslocamento lateral da patela com o joelho fletido
em 45º.
Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses referente a
este artigo.
A articulação do joelho envolve cerca de 50% das lesões musculoesqueléticas, sendo a síndrome femoropatelar
(SDFP) a alteração mais comum, que corresponde a 20% dessa população. É caracterizada pela presença de
dor difusa na região anterior e retropatelar do joelho, aumentando a dor ao realizar exercícios específicos. Os
exercícios em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) aplicado no tratamento da SDFP
promove redução da intensidade da dor, aumenta à força muscular, dentre outros. O objetivo deste foi comparar
a eficácia entre o exercício em CCA e CCF em indivíduos com SDFP. Trata-se de um estudo de revisão de
literatura analisando publicações dos últimos 11 anos nas bases de dados PubMed, SciELO e Medline. Foram
incluídos no trabalho artigos que abordasse indivíduos com SDFP, exercícios em CCA e CCF, protocolos,
ângulo Q, EMG, estudos entre 2003 a 2014. Foram excluídos os que não abordavam exercícios estudados em
seu contexto. Quarenta e sete trabalhos foram pré-selecionados, 30 foram excluídos por não atenderem aos
critérios de inclusão. Dessa forma, 17 estudos foram incluídos no trabalho tanto para confronto quanto para
referencial teórico. Os estudos demonstraram que tanto os exercícios em CCA quanto os em CCF são eficazes
no tratamento da SDFP, ambos mostraram resultados satisfatórios como melhora na capacidade funcional,
redução da dor e diminuição do ângulo Q, contudo, os autores mostraram que os exercícios em CCF
mostraram-se superior.
Como prevenir lesões
A prevenção de lesões dos joelhos passa pela aquisição de alguns hábitos
saudáveis do ponto de vista articular. A prática regular de exercícios de
fortalecimento da musculatura envolvente é fundamental, tal como a correção
de padrões de movimento potencialmente lesivos. Estes aspetos são igualmente
importantes na reabilitação de lesões.
ETIOLOGIA
As instabilidades patelares apresentam alguns caracteres que nos levam a
acreditar que são afecções congênitas ou genéticas.
Os primeiros sintomas podem surgir em qualquer idade, mas na maioria dos
casos aparecem nas crianças ou adolescentes entre 10 e 18 anos. Existe
também alguma relação familiar em torno de 15% dos casos. Podem ser
bilaterais em 40% dos pacientes com anomalias características, porém com um
lado mais sintomático que o outro.
As formas mais graves (luxação habitual / luxação permanente) se manifestam
mais precocemente entre 5 e 10 anos, com mais freqüência nos meninos.
As instabilidades mais freqüentes (uma ou algumas luxações ocasionais da
patela) aparecem mais na adolescência com maior incidência nas meninas (75%
dos casos).
O início dos sintomas surge normalmente durante algum trauma de menor ou
maior intensidade no esporte, queda/salto ou dança forçando valgo com rotação
externa da perna. Este trauma pode ocasionar algum tipo de lesão osteocondral
com seus possíveis problemas secundários. Nós identificamos sempre as
anomalias características da “displasia luxante”, onde o trauma teve o papel de
mostrar um problema existente, porém que estava latente.
DIAGNÓSTICO
Na avaliação das queixas fêmoro-patelares dividimos os pacientes em dois
grupos3:
= “Displasia luxante da patela” com suas formas clínicas: maior, objetiva e
potencial;
= Síndrome fêmoro-patelar dolorosa ou Dor anterior ao joelho.
Nas instabilidades patelares maiores (IPM) observamos que a patela encontra-se
luxada ou luxa em todo movimento de flexão do joelho. Nas instabilidades
patelares objetivas (IPO) o paciente relata um ou mais episódios de luxação. Nas
instabilidades patelares potenciais (IPP) as queixas são menores com algum
episódio de instabilidade, porém impreciso e de difícil definição. Nas síndromes
fêmoro-patelares dolorosas (SFPD) não há nenhuma alteração morfológica e
nenhum episódio de luxação, com queixas predominantemente dolorosas.
Nós observamos diversos fatores anatômicos descritos por Dejour e cols. 4 que
explicam a biomecânica das instabilidades patelares, sendo chamados de:
fundamentais, principais e secundários.
O fator fundamental e constante nas instabilidades é a displasia da tróclea
femoral que está presente em 97% dos casos de luxação recidivante.
Os fatores principais que também podem levar à instabilidade são: altura da
patela, TA-GT excessiva e displasia do quadríceps que é expressa pela inclinação
lateral da patela com joelho em extensão. Estes fatores podem ser mensurados
pelos exames de imagem. Tanto o fator fundamental, como os principais podem
estar presentes em conjunto ou isoladamente nas instabilidades, porém nas
formas mais graves é comum verificarmos a associação entre estes fatores.
Os fatores secundários são mais freqüentes nos portadores de instabilidade
patelar do que nos grupos controles, porém não são específicos desta patologia,
podendo ser encontrados com valores excessivos em alguns pacientes sem
qualquer sinal de instabilidade. São os seguintes: anteversão colo femoral, joelho
valgo, rotação externa e recurvato do joelho.
Displasia da tróclea
É o fator fundamental tanto para explicar a biomecânica das instabilidades como
para o diagnóstico, pois esta displasia se traduz por anomalias ósseas facilmente
evidenciadas nas radiografias simples e nas tomografias computadorizadas do
joelho.
A tróclea pode ser pouco profunda, plana ou às vezes convexa, podendo ser
analisada nas radiografias simples do joelho. A linha do fundo da tróclea
(prolongamento da linha intercondileana de Blumensatt) normalmente está
distante do bordo anterior dos côndilos femorais, formando a profundidade da
tróclea (Fig. 1). Quando a linha cruza o bordo anterior do côndilo externo,
significa que a partir deste ponto a tróclea é plana, sendo chamado de sinal do
cruzamento (Fig. 2).
Historicamente, isso tem sido referido como dor anterior do joelho, mas
isso é enganoso porque a dor pode ser sentida em qualquer parte do
joelho (incluindo a região de traz do joelho). Os sintomas podem se
desenvolver lentamente ao longo do tempo ou ser agudos. A síndrome da
dor femoropatelar tende a recorrer após 2 anos em 40% dos casos. O
diagnóstico diferencial inclui condromalácia patelar e tendinite
patelar. Ambos não estão incluídos, embora os pacientes se queixem de
sintomas semelhantes. Acredita-se que a fisiopatologia seja diferente e,
portanto, haja um tratamento alternativo.
Altura da patela
Este é um dos fatores importantes nas instabilidades. A patela alta aparece com
muita freqüência nas luxações recidivantes. Quando está alta, leva a situações
muito instáveis clinicamente, observadas pelo “Sinal de apreensão de Smillie”.
Existem diversos índices para a mensuração da altura patelar, com cada índice
apresentando suas medidas, nuances e dificuldades. Utilizamos o índice descrito
por Caton e Deschamps que nos parece com menores possibilidades de erros
(Fig. 6-A-B). Seus valores variam entre 0,8 e 1,2, sendo considerado que a patela
é alta acima de 1,2. Nas instabilidades patelares encontramos patela alta em
30% dos casos e somente em 3% nos indivíduos normais.
Fig-6-A – Desenho da medida do
TA-GT
É a medida da distância entre a tuberosidade tibial anterior (TAT) e a garganta
da tróclea (GT) feita na tomografia axial computadorizada (TAC). Esta é uma
medida mais prática e mais real do ângulo “Q” que traduz o sinal da baioneta ou
a implantação mais ou menos lateral da TAT (Fig. 7-A-B).
Fig.7-A – Desenho com medida da TA-GT na TACFig-7-B – TAC com medida da TA-
GTSua medida com o joelho em extensão é considerada normal até 20 mm. Nas
instabilidades patelares objetivas observa-se TA-GT acima de 20 mm em 56% casos.
Somente em 3% dos indivíduos normais esta distância alcança 20 mm.
Displasia do quadríceps
O papel das alterações do quadríceps nas instabilidades ainda não é bem
definido, sendo de difícil mensuração objetiva. Existem dois aspectos que devem
ser levados em conta: quadríceps curto e a displasia do vasto medial.
O quadríceps curto está presente quase sempre nas luxações permanentes ou
habituais vistas nas crianças menores.
Em relação à displasia do vasto medial (Fig. 8), temos os trabalhos de Insall e
Hughston que relatam anomalias da porção mais inferior do músculo vasto
medial. Outros autores descrevem as retrações da retinácula lateral da patela e
mesmo do vasto lateral. Parece haver um verdadeiro desequilíbrio da parte
mais baixa do aparelho extensor com retração lateral e insuficiência medial. É
um problema de difícil reconhecimento e difícil mensuração. Uma das melhores
maneiras de mensurar a displasia do vasto medial é a medida do ângulo de
inclinação lateral da patela com o joelho em extensão nas tomografias (TAC)
(Fig. 9) ou na radiografia simples em axial a 30° de flexão do joelho.
HISTÓRIA / EXAME CLÍNICO /
EXAME RADIOLÓGICO
Analisando a história do paciente, seu exame clínico e exames de imagem,
podemos encontrar duas formas de apresentação das instabilidades:
= Luxação traumática da patela
= Instabilidades crônicas
Na luxação traumática da patela, o paciente nos conta que seu joelho “sai fora”
durante algum esforço ou atividade física (esporte, dança, salto). Isto ocorre num
movimento de flexão com rotação externa do joelho e contração violenta do
quadríceps, provocando a luxação lateral da patela. Com a extensão do joelho,
em muitas ocasiões ocorre a redução espontânea da luxação patelar, quando
observamos no exame clínico um joelho traumático agudo, com dor medial ao
joelho, derrame articular, equimose medial. As radiografias simples do joelho nas
posições de frente, perfil e axial fazem o diagnóstico, mostrando:
EXAMES COMPLEMENTARES
Radiografias
Artro-Ressonância
Artroscopia
TRATAMENTO
Os problemas fêmoro-patelares devem sempre ser tratados inicialmente de
maneira conservadora.
As síndromes fêmoro-patelares dolorosas respondem muito bem às medidas
conservadoras, com sucesso em torno de 90%, não necessitando de qualquer
procedimento cirúrgico. Utilizamos medidas fisioterápicas de reeducação,
fortalecimento, flexibilidade muscular e propriocepção que deve ser feita de
maneira não agressiva para não lesar ainda mais a cartilagem que já pode
apresentar algum sofrimento (Fig. 14).
Nesta idade nenhuma cirurgia sobre o esqueleto deve ser realizada pela
possibilidade de lesão da fise com conseqüente deformidade associada.
Como regra o tratamento é conservador através da reabilitação e uso de
órtese/joelheira c/ proteção patelar.
Na presença de formas graves de luxação (permanente, habitual ou recivante),
normalmente é necessário o tratamento cirúrgico. Na luxação permanente ou
habitual é essencial alguma forma de quadricepsplastia (Judet ou alongamento
do tendão quadricipital) associada ao avanço do vasto medial tipo Insall.
Na luxação recidivante é realizada a liberação da retinácula lateral da patela,
avanço do vasto medial tipo Insall e com certa freqüência as cirurgias de partes
moles tipo Roux-Goldthwait ou Galliazzi.
É importante lembrar aos familiares do paciente a possibilidade de cirurgia óssea
no futuro se persistir algum grau de instabilidade.
Pós-operatório = Realinhamento
proximal e/ou distal
sem imobilização
1 (uma) muleta contra-lateral = 5 semanas
reabilitação imediata
hidroterapia = 3-4 semanas
corrida = 3 meses
esportes = 5-6 meses
COMPLICAÇÕES
As complicações normalmente são decorrentes do tratamento cirúrgico das
instabilidades patelares. Elas podem ocorrer por razões pré, per ou pós-
operatórias.
As complicações pré-operatórias são devidas à falha de diagnóstico correto e
planejamento adequado da cirurgia a ser realizada. São decorrentes da falha de
avaliação clínica, quando devemos avaliar detalhadamente as queixas, sinais e
sintomas dos pacientes. Não são raras as ocasiões que atendemos pacientes
operados diversas vezes na articulação fêmoro-patelar com resultados
insatisfatórios. Com freqüência isto é devido a diagnóstico incorreto com
cirurgias desnecessárias.
As complicações per-operatórias levarão a maus resultados no pós-operatório.
Normalmente ocorrem por falha na técnica cirúrgica, seja por procedimentos
isolados ou associados levando à hipo ou hipercorreção. Na escolha de atos
sobre as partes moles ou ósseas (realinhamento proximal e/ou distal) podemos
realizar atos insuficientes com conseqüente hipocorreção e presença de
instabilidade residual. Quando exageramos nos gestos cirúrgicos ou
realinhamentos em excesso, haverá hipercorreção com conflitos, sobrecargas e
conseqüente dor residual ou mesmo exacerbada.
As complicações pós-operatórias podem ser decorrentes dos atos cirúrgicos
descritos acima ou do tratamento pós-operatório. Podemos ter problemas com a
reabilitação não adequada, limitação da mobilidade do joelho e distrofia
simpático-reflexa.
A melhor maneira de tratar as complicações é evitá-las, fazendo o diagnóstico
correto, planejamento adequado e os atos cirúrgicos necessários para correção
das diferentes formas clínicas de instabilidade.
Este é um capítulo a parte, mas que devemos ter em mente sua existência, pois
apesar de ser pouco freqüente, ocorre em conseqüência de traumas resultantes
de movimentos rotacionais associados a graus variáveis de flexão do joelho. Esta
situação é muitas vezes subestimada, pois o quadro de trauma, hemartrose,
falseamento com dor é comum à maioria das lesões agudas do joelho.
Warren e Marshall6 descreveram o ligamento femoropatelar medial (LFPM) como
sendo uma das estruturas de suporte do lado medial do joelho (Fig.18). A partir
de então vários estudos mostraram a importância biomecânica deste ligamento,
sendo proposto sua reparação ou mesmo a reconstrução nas luxações agudas da
patela.