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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

LEILA PEREIRA QUINTÃO PERINI

PANDEMIA COVID-19 NA PERCEPÇÃO DAS MULHERES NO PROCESSO DE


PARTO E NASCIMENTO: UMA REVISÃO DE ESCOPO

CURITIBA
2021
LEILA PEREIRA QUINTÃO PERINI

PANDEMIA COVID-19 NA PERCEPÇÃO DAS MULHERES NO PROCESSO DE


PARTO E NASCIMENTO: UMA REVISÃO DE ESCOPO

Monografia apresentada ao curso de Graduação


em Enfermagem, Setor de Ciências da Saúde,
Universidade Federal do Paraná, como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem.

Orientador (a): Prof (a). Dr (a). Silvana Regina


Rossi Kissula Souza.

Coorientador (a): Mda. Jhovana Trejos Serrato.

CURITIBA
2021
TERMO DE APROVAÇÃO

LEILA PEREIRA QUINTÃO PERINI

PANDEMIA COVID-19 NA PERCEPÇÃO DAS MULHERES NO PROCESSO DE


PARTO E NASCIMENTO: UMA REVISÃO DE ESCOPO

Monografia apresentada ao curso de Graduação em Enfermagem, Setor de


ciências da saúde, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

______________________________________
Prof(a). Dr(a). Silvana Regina Rossi Kissula Souza.
Orientador(a) – Departamento Enfermagem, UFPR.

Mestranda Jhovana Trejos Serrato.


Coorientadora – Departamento Enfermagem, UFPR.

______________________________________
Prof(a). Dr(a). Tatiane Herreira Trigueiro.
Departamento Enfermagem, UFPR.

______________________________________
Doutoranda Suellen Vienscoski Skupien.
Departamento Enfermagem, UFPR.

Curitiba, 17 de Dezembro de 2021.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ouvir meus clamores nos momentos difíceis e ter
me dado forças para seguir em frente.
Aos meus pais Jonas Gonçalves Quintão e Maria Aparecida Pereira Quintão,
assim como, a meu esposo Davi Perini e minha avó Odila Gonçalves Quintão, pelo
apoio, incitamento e compreensão, que foi essencial para meu desenvolvimento
durante essa etapa.
As minhas amigas Suelen Bertoli Alves Dias e Inayê Mayr Ribeiro, por
dividirmos as ansiedades e expectativas.
A minha orientadora Prof (a). Dr (a). Silvana Regina Rossi Kissula Souza e
minha coorientadora Mda. Jhovana Trejos Serrato pela paciência, incentivo, apoio e
compartilhamento de conhecimentos durante esse processo.
Sou grata a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização
dessa pesquisa e por tornar essa fase possível de ser concluída.
RESUMO

A mulher no processo de parto e nascimento tem vivido por muitos anos uma
medicalização crescente que afeta a sua autonomia e, portanto, sua experiência. A
busca por uma atenção humanizada tem sido realizada desde o século anterior,
para garantir qualidade e o respeito aos direitos das mulheres. Não obstante, na
atualidade a pandemia pelo COVID 19 tem impactado à atenção à saúde da mulher,
considerando as gestante e puérperas grupos vulneráveis para o desenvolvimento
de formas graves da doença de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), gerando uma série de mudanças e restrições durante a assistência do
trabalho de parto, parto e pós-parto, além dos sentimentos de preocupação, medo e
incerteza oriundos da situação de pandemia. Assim, o objetivo foi identificar o estado
da arte sobre a percepção das mulheres em relação ao processo de parto e
nascimento durante a pandemia de COVID 19. Trata-se de uma scoping review,
conforme as diretrizes do Manual do Joanna Briggs Institute (JBI) versão 2020. A
busca dos estudos foi realizada de forma eletrônica nos bancos de dados da
Pubmed/Medline, BVS e Scopus, orientada pela estratégia PCC, sendo “P” a
população (parturiente), “C” o conceito (percepção no processo de parto e
nascimento) e “C” o contexto (pandemia pelo COVID-19). Os estudos envolveram
parturientes e/ou puérperas, disponíveis gratuitamente publicados em português,
inglês ou espanhol, entre janeiro de 2020 e outubro de 2021, que permitiram obter
evidências claras sobre o tema. A leitura dos títulos e resumos foi realizada por dois
revisores independentes e nas discordâncias, um terceiro revisor fez a análise para
obter um consenso. Foram identificados 355 estudos, 11 foram pré-selecionados e
lidos na íntegra, sendo incluídos 8 estudos. Os resultados são apresentados de
forma descritiva, por meio de tabelas e narrativas. Entre as práticas que estão sendo
desenvolvidas com as parturientes e puérperas, estão, a restrição do
acompanhante, separação do binômio mãe-bebê, não amamentação na primeira
hora após o nascimento, pouca orientação fornecida por profissionais,
demonstrando, ao fazer a comparação dos períodos antes e durante a pandemia,
menor satisfação com o parto, além de maiores níveis de estresse e ansiedade pós-
parto. No entanto, outros estudos evidenciaram que as parturientes alcançaram
níveis de satisfação adequados ou superiores aos esperados, encontrando uma
heterogeneidade nas percepções das puérperas frente a sua vivência no parto e
pós-parto imediato no momento atual, pois depende de fatores como o apoio e
atendimento respeitoso dos profissionais de saúde, o envolvimento da mulher na
tomada de decisões, além das expectativas pessoais que cada uma delas tem,
sendo fundamental o papel dos profissionais e que as práticas estejam alinhadas
com políticas baseadas em evidências, com o intuito de favorecer uma experiência
positiva no parto, como recomenda a OMS, ainda em situação de pandemia.

Palavras chaves: COVID-19. Infecções por coronavírus. Gestantes. Trabalho de


parto. Cuidados de Enfermagem.
ABSTRACT

Women in the process of delivery and birth have been experiencing for many
years a growing medicalization that affects their autonomy and, therefore, their
experience. The search for humanized care has been carried out since the previous
century, to guarantee quality and respect for women's rights. However, currently the
COVID 19 pandemic has impacted women's health care, considering that pregnant
and postpartum women are vulnerable groups for the development of severe forms
of the disease, according to the World Health Organization (WHO), generating a
series of changes and restrictions during labor, delivery and postpartum care, in
addition to feelings of worry, fear and uncertainty arising from the pandemic situation.
Thus, the objective was to identify the state of the art on the perception of women in
relation to the process of labor and birth during the COVID 19 pandemic. This is a
scoping review, in accordance with the guidelines of the Joanna Briggs Institute (JBI)
Manual 2020 version. The search for studies was performed electronically in the
Pubmed/Medline, BVS and Scopus databases, guided by the PCC strategy, with "P"
being the population (parturient), "C" the concept (perception in the process of labor
and birth) and “C” the context (COVID-19 pandemic). The studies involved
parturients and/or postpartum women, freely available and published in Portuguese,
English or Spanish, between January 2020 and October 2021, which allowed for
clear evidence on the subject. The reading of titles and abstracts was performed by
two independent reviewers and, in disagreements, a third reviewer performed the
analysis to obtain a consensus. A total of 355 studies were identified, 11 were pre-
selected and read in full, and 8 studies were included. The results are presented
descriptively, through tables and narratives. Among the practices that are being
developed with parturient and postpartum women are, the restriction of the
companion, separation of the mother-infant binomial, not breastfeeding in the first
hour after birth, little guidance provided by professionals, demonstrating, when
comparing the periods before and during the pandemic, less satisfaction with
childbirth, in addition to higher levels of postpartum stress and anxiety. However,
other studies have shown that parturients achieved adequate or higher than
expected levels of satisfaction, finding heterogeneity in the perceptions of postpartum
women regarding their experience in childbirth and immediate postpartum at the
present time, as it depends on factors such as support and care respectful of health
professionals, the involvement of women in decision-making, in addition to the
personal expectations that each of them has, the role of professionals being
fundamental and that practices are aligned with evidence-based policies, in order to
favor an experience positive in childbirth, as recommended by the WHO, still in a
pandemic situation.

Keywords: COVID-19. Coronavirus infections. Pregnant women. Labor. Nursing care.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7
1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 9
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 11
2.1 HISTÓRIA DO PROCESSO DE PARTO E NASCIMENTO ................................ 11
2.2 MOVIMENTO DE HUMANIZAÇÃO DO PARTO NO BRASIL ............................. 12
2.3 PROCESSO DE PARTO E NASCIMENTO DURANTE A CRISE SANITÁRIA ... 14
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 15
3.1 TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 15
3.2 LOCAL DO ESTUDO .......................................................................................... 16
3.3 QUESTÃO DE REVISÃO .................................................................................... 16
3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ........................................................ 16
3.4.1 Estratégia de pesquisa ..................................................................................... 17
3.4.2 Seleção de estudos .......................................................................................... 17
3.4.3 Extração e análises de evidências ................................................................... 17
3.4.4 Apresentação dos resultados ........................................................................... 18
3.4.5 Conflitos de interesse ....................................................................................... 18
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................... 19
4.1 CARACTERÍSTICAS DOS RESULTADOS ......................................................... 20
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 32
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37
APÊNDICE 1 – ESTRATÉGIA DE BUSCA .............................................................. 43
7

1 INTRODUÇÃO

O termo humanização denota um movimento de luta, não somente pelos


direitos humanos, mas também pelo respeito à individualidade e integralidade do ser
humano na atenção entre profissionais e usuários nos serviços de saúde
(AZEREDO; SCHRAIBER, 2021).
Nesse cenário, a humanização do parto remete com a violência que as
mulheres têm vivenciado por muitos anos devido à medicalização instaurada, na
qual, se apresenta uma perda da sua autonomia no processo, procurando assim, o
olhar do parto como um evento natural, que precisa de uma atenção com qualidade
obstétrica que garante os direitos das parturientes e puérperas a cuidados
assistenciais de forma integral e individual (GIANTÁGLIA et al., 2020).
No entanto, na atualidade o atendimento desta população tem sido
impactado pela situação mundial a expensas do novo coronavírus (COVID-19),
doença que ainda está sendo pesquisada e que apresenta informações limitadas
sobre o desenvolvimento de sua forma grave, surgindo inseguranças com relação à
atenção do parto e pós-parto (SILVA et al., 2021).
O novo coronavírus (nCoV) ou SARS-CoV-2 foi descoberto na cidade de
Wuhan, província de Hubei, China, em dezembro de 2019 e ficou conhecido como
2019-nCoV ou COVID-19. A doença pode causar uma Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SARS) de elevada transmissibilidade e distribuição global (MINISTÉRIO DA
SAÚDE (MS), 2021). Não obstante, ainda não se tem informações concretas de
como o vírus se comporta em diversas situações e nem sobre os tratamentos
efetivos.
Em consequência, após um mês de ser declarada a pandemia pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), com o fim de salvaguardar a saúde do
binômio mãe-bebê, as gestantes e puérperas foram consideradas como grupo de
risco para o desenvolvimento de formas graves ou fatais da COVID-19,
principalmente a partir do 3º trimestre gestacional e na presença de doenças pré-
existentes (SILVA et al., 2021). Com isso, para diminuir o risco de exposição, para
gestantes de risco habitual foi indicado o espaçamento de consultas, substituindo
alguns encontros presenciais por atendimento remoto, ressaltando que, antes do
atendimento nos serviços de saúde, toda gestante deve ser triada para sintomas
gripais e de contato prévio com paciente positivo, além de ter a sua temperatura
8

aferida (MS, 2020).


Com relação ao parto, evidencia-se que muitas gestantes procuram salas de
parto humanizado ao ter um conhecimento prévio sobre as formas não
farmacológicas de alívio da dor que se oferecem em aqueles locais, por saberem
das poucas intervenções que necessitam da autonomia que têm sobre seu parto, a
liberdade para escolher a posição mais confortável, a presença contínua de seu
acompanhante além da recuperação menos dolorosa e mais acelerada (SILVA et al.,
2021).
Porém, no caso de suspeita ou diagnóstico confirmado da COVID-19, muitas
intervenções estão sendo contraindicadas, como o acompanhamento pelos
familiares, doulas e até de profissionais de saúde ou o parto na água, considerado
um recurso não farmacológico para alívio da dor, ademais, a placenta, que
representava a “árvore da vida” agora está sendo considerada resíduo
potencialmente infectante, devendo ser imediatamente descartada (SILVA et al.,
2021).

Tal realidade surge como uma nova fonte de medo entre todas as gestantes
e famílias porque parece acentuar: o significado do desconhecido e da
imprevisibilidade do parto; a exposição ao perigo e à falta de segurança; a
submissão aos protocolos das instituições de saúde, com a anulação da
possibilidade de escolhas pessoais; a sensação de perda de controle na
gravidez, parto e pós-parto; além das incertezas com relação ao futuro.
(SOUTO et al., 2020, p. 3).

Por conseguinte, a obstetrícia e a equipe de enfermagem devem se atentar


para potenciais problemas psicológicos que possam surgir em mulheres grávidas
com suspeita ou confirmação da COVID-19 e oferecer aconselhamento psicológico
oportuno. Devem-se destacar medidas práticas, como prevenção e redução de
complicações relacionadas ao cuidado e infecções hospitalares, garantindo cuidados
adequados e humanizados para pacientes grávidas infectadas e preservando a
segurança de todos os participantes - mães, familiares, bebês e equipe de saúde
(LIU et al., 2021).
Diante do exposto, no esforço de conhecer com maior profundidade a
situação que atualmente acontece com a assistência do parto e pós-parto nas
instituições de saúde, surge a seguinte pergunta de pesquisa:
Quais são as evidências científicas disponíveis sobre a percepção das
mulheres na atenção do processo de parto e nascimento na pandemia pelo COVID-
9

19?

1.1 JUSTIFICATIVA

A OMS desde sua conferência em Fortaleza, Brasil, no ano 1985, tem


procurado mudanças no atendimento à mulher no ciclo gravídico-puerperal,
envolvendo aspectos sociais, emocionais e psicológicos com o fim de aprimorar sua
experiência, além de ressaltar seu protagonismo na cena (WHO, 1985).
No guia mais recente, “Recomendações da OMS: cuidados durante o parto
para uma experiência positiva do parto”, se introduz ainda mais, a importância da
experiência da mulher durante seu processo de parto e nascimento, visando ter
resultados mais transcendentais que superem as crenças e expectativas pessoais
de cada mulher, em contraposição com a medicalização crescente que se tem
produzido nos últimos anos através de práticas que permitem iniciar, acelerar,
controlar, terminar ou vigilar o processo fisiológico do parto, debilitando a
capacidade da parturiente à dar a luz (WHO, 2018), sendo necessário fortalecer a
atenção em todo o processo de parto e nascimento para que a mulher consiga
desenvolver seu papel principal, em conjunto com sua família e bebê.
Com isso, percebesse a importância dos profissionais de Enfermagem em
conhecer os fatores que contribuem para a melhoria na assistência ao parto e pós-
parto, estarem atentos aos comportamentos e expressões indicadas pelas
parturientes e puérperas, pois é um momento muito aguardado e traz uma
experiência única, dessa forma, a equipe de saúde deve garantir um cuidado
adequado, priorizar o bem-estar da paciente e de seus acompanhantes, prestando
informações e explicações claras, evitando ao máximo intervenções desnecessárias,
que possam desencadear mais apreensão e estresse para a mulher.
Ainda assim, a pandemia pelo COVID-19 trouxe um novo cenário, novos
desafios e controvérsias que precisam ser refletidos para conseguir gerar na mulher
uma boa vivência no seu processo. De acordo com Davis-floyd, antropóloga
estadunidense, se está observando uma reversão cognitiva para o modelo que ela
denomina como “tecnocrático” onde a relevância configura-se na tecnologia,
hierarquia e burocracia, nele, a mulher é vista como uma máquina que o médico
repara desde fora, e o bebê vai ser o produto daquele processo, pois, se tem
evidenciado que em tempos de crises é comum voltar para o sistema de crenças e
10

valores originais ou mais arraigados (DAVIS-FLOYD et al., 2020).


Por tanto, a presente pesquisa pretende aprofundar sobre o efeito que a
pandemia pelo COVID-19 tem gerado na atenção percebida pelas mulheres no parto
e pós-parto, sendo um tema atual que precisa ser investigado para refletir sobre o
agir das instituições, organizações e dos profissionais de saúde, com foco na
melhoria da qualidade da assistência, em congruência com estratégias
internacionais como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que tem
como terceiro objetivo a saúde de qualidade e bem-estar para todos, envolvendo a
atenção materno-infantil, além da estratégia global para a saúde da mulher, criança
e adolescente (2016-2030).
Adicionalmente a OMS, tem liderado no mundo inteiro o plano estratégico
para o enfrentamento contra a COVID-19, lembrando que vai além de uma crise
sanitária, visto que, requer de toda uma organização dos governos com o intuito de
dar respostas às necessidades da população, abarcando a atenção das parturientes
e puérperas (WHO, 2021).
Por outro lado, espera-se que a pesquisa contribua para o desenvolvimento
de novas investigações, ao identificar necessidades na assistência ao parto e pós-
parto em tempos difíceis, como acontecem com as pandemias, guerras ou
catástrofes, visando ter uma melhor preparação desde os governos, até as
instituições e profissionais de saúde com o objetivo de aprimorar continuamente a
saúde materna.

1.2 OBJETIVOS

Identificar o estado da arte sobre a percepção das mulheres em relação ao


processo de parto e nascimento durante a pandemia de COVID-19.
11

2 REVISÃO DE LITERATURA

Com o intuito de aprofundar e contextualizar na temática da presente


pesquisa, se abordam neste capítulo, a história do processo de parto e nascimento,
o movimento da humanização no Brasil e o que tem acontecido com o parto durante
a crise sanitária atual pelo COVID-19.

2.1 HISTÓRIA DO PROCESSO DE PARTO E NASCIMENTO

Desde os começos da história a mulher tem procurado acompanhamento no


processo de parto e nascimento, principalmente da família, e no decorrer do tempo,
outras mulheres passaram a auxiliar em aquele evento, as quais foram chamadas de
“parteiras”, portanto, o parto era considerado um evento tanto natural como social,
em que a natureza seguia seu curso e a mulher tinha total autonomia no processo,
sendo ela a protagonista em conjunto com sua família e bebê (GUALDA et al.,
2017).
As parteiras detinham um saber empírico, passado de geração a geração e
utilizavam de seus conhecimentos na assistência domiciliar às mulheres durante a
gestação, parto e puerpério (como também nos cuidados com o recém-nascido),
além de auxiliar psicologicamente. Até o século XVII, a presença do profissional
médico só era requerida em casos de partos complicados, nos quais a vida da
criança ou da gestante estivesse em risco. Nessa época a mulher é considerada um
ser frágil, delicada, sensível, pacífica, entre outros, com relação ao homem. Seus
órgãos também são considerados delicados e fáceis de ferir (BRENES, 1991).
Paulatinamente, vai se acrescentando a medicalização do parto, sendo
assim que, a gestante perde sua autonomia corporal, suas crenças, valores, entre
outros, pois é analisada apenas fisiologicamente com ênfase em seus processos
patológicos que envolvem o parto e nascimento. Porém, o saber médico trouxe
diminuição da mortalidade materna e infantil, passando a ideia de que o hospital é o
único local adequado e seguro para parir, fazendo com que o parto fosse
institucionalizado no século XX (DE ABREU PEIXOTO MOREIRA et al., 2006). Com
isso, o uso abusivo de intervenções e tecnologias na assistência ao parto e
nascimento, trouxe para as parturientes experiências negativas com relação ao
trabalho de parto e parto.
12

Em 2002, no Brasil, o Ministério de Saúde (MS) instituiu o Programa de


Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), com o objetivo de garantir os
direitos de escolha da mulher com relação à assistência ao parto, puerpério e
neonatal com o mínimo de intervenções. Posteriormente, em junho de 2011 o
Governo Brasileiro instituiu a Rede Cegonha no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), com o objetivo de diminuir a mortalidade neonatal tanto entre partos normais
como cirúrgicos. Daí, no Estado do Paraná, em 2012, foi implantada a Rede Mãe
Paranaense, com o objetivo de assegurar à mulher o direito ao planejamento
reprodutivo e atenção humanizada à gestação, parto, puerpério, e à criança um
nascimento seguro com crescimento e desenvolvimento saudável (APARECIDA
BAGGIO et al., 2021).
Mais recentemente, em 2017, o MS disponibilizou as Diretrizes Nacionais de
Assistência ao Parto Normal, que fornece informações com embasamento científico
sobre as práticas mais comuns na assistência ao parto e nascimento, fornecendo
subsídios e orientação aos envolvidos no cuidado, no intuito de promover, proteger e
incentivar o parto normal (MS, 2017).
A nível internacional se tem várias estratégias que procuram aprimorar a
taxa de morbimortalidade materna além da experiência da mulher no seu processo
de parto, entre elas, se encontram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), a estratégia global para a saúde da mulher, criança e adolescente (2016-
2030) e a guia mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2018,
“Recommendations: Intrapartum care for a positive childbirth experience”, com
abordagens da importância do cuidado centrado na mulher para uma experiência
positiva no trabalho de parto e parto, como também nos cuidados ao recém-nascido
(WHO, 2018). Dessa forma, percebe-se a evolução que o processo de parto e
nascimento teve até os dias atuais, houve melhorias e maiores respeito com relação
às mulheres e seus direitos, oferecendo às gestantes autonomia com relação ao seu
corpo e desejos.

2.2 MOVIMENTO DE HUMANIZAÇÃO DO PARTO NO BRASIL

A assistência obstétrica encontrada no Brasil atualmente é caracterizada


pela elevada utilização de processos invasivos e uso de medicações. Esse modelo
está relacionado, ao profissional médico ser visto como o único capaz de realizar
13

intervenções e promover a cura. Com isso, ocorre um alto número de cesáreas no


País (no Brasil, 55,6% dos 2,9 milhões de partos realizados anualmente são
cirúrgicos, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)) que precisa
ser reavaliado e corrigido, para proporcionar uma assistência que respeite a
dignidade das mulheres, sua autonomia e seu controle sobre a situação.
Dessa forma, o movimento pela humanização do parto no Brasil é
incentivado por experiências em vários Estados.
Na década de 1970, o professor da Universidade Federal do Ceará, José
Galba de Araújo, prestou atenção às parteiras tradicionais, incorporando tanto o
parto domiciliar, quanto nas casas de parto. No Estado do Paraná, o médico Moysés
Paciornik e seu filho, Cláudio Paciornik, divulgaram o parto de cócoras com base
nas vivências com indígenas Kaingangs, também, como referências tiveram o
Hospital Pio X em Goiás e grupos de terapias alternativas como a Yoga, com o
Instituto Aurora no estado do Rio de Janeiro, entre outros (CADERNOS
HUMANIZASUS; V. 4; MS, 2014). Assim, em 1993, é fundada a Rede pela
Humanização do Parto e do Nascimento (ReHuNa), com vários associados de todo
o Brasil, sendo os principais integrantes os profissionais de saúde, bem como
psicólogas, fisioterapeutas, terapeutas alternativos, profissionais liberais e
instituições, com o intuito de divulgação de assistência e cuidados perinatais com
embasamento científico, que pretende diminuir as intervenções desnecessárias,
baseado na compreensão do processo natural e fisiológico da gravidez, trabalho de
parto, parto, nascimento e amamentação (REHUNA, 2021).
Já em 1994, surge no Rio de Janeiro a primeira maternidade pública
humanizada, que recebeu o nome de Leila Diniz, com adoção de uma filosofia de
funcionamento que norteou o planejamento da assistência ao parto e nascimento.
Outro marco foi à criação do Prêmio Galba Araújo para Maternidades Humanizadas
em 1998, que era baseado na adesão das recomendações da OMS, como a
presença do acompanhante, assistência aos partos de baixo risco por enfermeiras e
controle das taxas de cesárea. Diante dessas iniciativas, em 2000, o MS criou o
programa Humanização de Hospitais com o objetivo de incluir várias instituições.
(DINIZ, 2005).
Daquela forma, os movimentos sociais e a humanização do parto vieram
para auxiliar as parturientes e os profissionais de saúde nos cuidados voltados para
a mãe-bebê, proporcionando maior compreensão e diminuindo as crenças limitantes
14

de que a medicalização é a opção ideal e mais benéfica durante a gestação,


trabalho de parto e nascimento.

2.3 PROCESSO DE PARTO E NASCIMENTO DURANTE A CRISE SANITÁRIA

Na cidade de Wuhan, província de Hubei da China, em dezembro de 2019,


foi identificado o novo coronavírus, denominado SARS-CoV-2 (Severe Acute
Respiratory Syndrome Coronavirus 2), ocasionando a doença COVID-19
(Coronavirus Disease 2019), levando a um quadro de pneumonia que na maioria
dos casos é considerado leve. A transmissão ocorre através da aproximação (menos
de 1 metro) por contato direto (mãos), gotículas de saliva (fala, tosse ou espirro) e
por aerossóis (gotículas menores suspensas no ar). O período de incubação é
estimado entre 1 e 14 dias, com média de 5 a 6 dias (MS, 2021).
Diante disso, as manifestações clínicas observadas em grávidas infectadas
pelo SARS-CoV-2 são bastante variáveis, indo do estado assintomático a quadros
graves e potencialmente fatais. Na presença de sintomas, é observado nas
gestantes o acometimento do trato respiratório, resposta sistêmica à infecção e
manifestações gastrointestinais (MS, 2020). Por esse motivo, percebe-se a
importância da identificação precoce da gravidade da doença em gestantes ou
puérperas, assim, possibilitando o início adequado com o tratamento de suporte,
encaminhamento e admissão hospitalar breve.
Atualmente, com a chegada da pandemia do novo coronavírus, os direitos
das mulheres, conquistados ao longo dos anos através de manifestações em
políticas públicas estão sendo ameaçados. Contudo, mesmo diante da pandemia da
COVID-19, os valores éticos e políticos relacionados à atenção ao parto e
nascimento no Brasil devem ser respeitados como um direito presente no artigo 6º
da Constituição Federal de 1988, que garantem os direitos sociais a saúde, a
segurança, a proteção à maternidade e à infância, entre outros. Para isso, devem
ser feitas adaptações para a organização da rede de atenção em saúde de forma a
garantir o cuidado às gestantes e recém-nascidos contaminados ou não pela
COVID-19, protegendo-os da contaminação pelo coronavírus (REHUNA, 2020).
15

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de uma revisão da literatura científica, do tipo scoping review, que


pode ser usada para identificar os principais conceitos, teorias, evidências, entre
outros, dentro da literatura disponível, de forma abrangente envolvendo qualquer
tipo de estudo. Os primeiros em propor a estrutura geral para conduzir revisões de
escopo foram Arksey e O'Malley no 2005, porém, o Joanna Briggs Institute (JBI)
desenvolveu no 2014 um manual que orienta aos pesquisadores na realização das
revisões de escopo com o intuito de obter uma síntese do conhecimento de maneira
rigorosa, transparente e confiável, sendo, os três motivos mais comuns para guiar
uma revisão de escopo, explorar a amplitude ou extensão da literatura, mapear e
resumir as evidências e informar pesquisas futuras (PETERS et al., 2020).
De acordo com o Canadian Institutes of Health Research, as revisões de
escopo "Mapeiam sistematicamente a literatura disponível sobre um tópico", por
essa razão, facilita a identificação na literatura da percepção que as mulheres têm
sobre a atenção do processo de parto e nascimento durante a pandemia da COVID-
19, conhecendo tanto a informação disponível que se tem, bem como, as lacunas
ainda existentes na área.
Em 2018, a Declaração de Itens de Relatório Preferenciais para Revisões
Sistemáticas (PRISMA), estabeleceu a extensão para revisões de escopo (PRISMA-
ScR) levando em consideração a metodologia proposta pela JBI, desse modo, o
presente protocolo foi desenvolvido de acordo com as diretrizes do Manual do
Joanna Briggs Institute (JBI) versão 2020, e o PRISMA Extension for Scoping
Reviews (PRISMA-ScR).
Conforme com a JBI, os passos para a análise do escopo e resumo das
evidências envolvem (FIGURA 1):
16

FIGURA 1 - ANÁLISE DE ESCOPO E RESUMO DAS EVIDÊNCIAS

FONTE: Manual do Joanna Briggs Institute (JBI) versão 2020

3.2 LOCAL DO ESTUDO

Programa de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do


Paraná, Brasil. Sector de Ciências da Saúde.

3.3 QUESTÃO DE REVISÃO

A pergunta de pesquisa e os elementos principais da busca deste estudo


foram elaborados a partir da estratégia PCC (População, Conceito e Contexto), ideal
para o método de revisão de escopo (JBI, 2020). Com isso, a população participante
foi às parturientes, o conceito, refere-se à percepção das mulheres no processo de
parto e nascimento e o contexto, a pandemia pelo COVID-19.
Dessa maneira, se postula: Quais são as evidências científicas disponíveis
sobre a percepção das mulheres na atenção do processo de parto e nascimento na
pandemia pelo COVID-19?

3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Foram considerados os seguintes critérios de inclusão para a revisão:


Estudos que envolveram o sujeito de interesse, parturientes e/ou puérperas,
17

disponíveis gratuitamente publicados em português, inglês ou espanhol, entre


janeiro de 2020 e outubro de 2021, que permitiram obter evidências claras sobre o
tema em estudo.
Como critérios de exclusão: Estudos incompletos ou em fase de projeto.

3.4.1 Estratégia de pesquisa

A pesquisa para encontrar os artigos ou estudos científicos foi realizada de


forma eletrônica nos bancos de dados da Pubmed/Medline, BVS e Scopus em 8 de
novembro de 2021, através da estratégia de busca formada pela combinação dos
descritores em Ciências da Saúde: DeCS (português), MeSH (Inglês) e palavras-
chave. Os termos para busca foram agrupados, utilizando os operadores booleanos
“AND” e “OR” (APÊNDICE 1). Contou-se com o auxílio de um bibliotecário para a
elaboração da estratégia de busca e, o acesso aos bancos de dados foi efetuado
através do portal da CAPES.

3.4.2 Seleção de estudos

Posterior à estratégia de busca e identificação do material, os estudos foram


importados para as ferramentas Rayyan e EndNote, com o fim de auxiliar na
organização, seleção, extração das publicações e exclusão dos estudos duplicados
ou que não atendiam aos critérios de inclusão. A leitura dos títulos e resumos foi
realizada por dois revisores independentes, nas discordâncias, um terceiro revisor
fez a análise do artigo para obter um consenso nos documentos selecionados.

3.4.3 Extração e análises de evidências

A extração e análise das evidências foi através da leitura do título e do


resumo dos artigos, realizando a separação dos que contribuíram com o objetivo e
pergunta da revisão, os quais foram lidos na íntegra. Com isso, todos os estudos
foram desenvolvidos nos últimos dois anos, 2020 e 2021, devido a que, é o tempo
que vai de pandemia pelo COVID-19.
Posteriormente, por se tratar de uma revisão de escopo, foi realizado um
mapeamento das informações realizando contagens de frequência simples de
18

conceitos, populações, características e os achados sobre a percepção das


mulheres no processo de parto e nascimento na pandemia.

3.4.4 Apresentação dos resultados

Os desfechos da pesquisa são apresentados de forma descritiva, por meio


de tabelas e narrativas, com o propósito de descrever e identificar a percepção das
mulheres com a atenção do processo de parto e nascimento na pandemia pelo
COVID 19. Por outro lado, foi realizado o Fluxograma PRISMA versão 2020
(FIGURA 2), especificando a quantidade de documentos que ficaram no estudo,
descartando aqueles que estavam duplicados ou que não cumpriram tanto o objetivo
da pesquisa como os critérios de inclusão.

3.4.5 Conflitos de interesse

Esta pesquisa não teve conflitos de interesse.


19

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

No presente capítulo são apresentados os desfechos da revisão,


considerando o objetivo da pesquisa, para isso, começa-se com o fluxograma
prisma, que evidencia a sequência de identificação e seleção dos artigos. A seguir,
se encontra a descrição das características principais dos estudos.
Após a busca, foram identificados 355 estudos (BVS: 131, PubMed: 95,
Scopus: 129), desses documentos, 61 estavam em duplicidade, portanto, foram lidos
294 títulos e resumos, descartando 283 por não atenderem os critérios de
elegibilidade, posterior à leitura na íntegra 8 estudos foram incluídos para a presente
pesquisa, como mostra a Figura 2.

FIGURA 2 – FLUXOGRAMA PARA A ESTRUTURA DA REVISÃO DE ESCOPO


Identificação de estudos por meio de bancos de dados
Identificação

Registros identificados de:


Bancos de dados (n = 355): Registros duplicados
BVS (n = 131), PubMed (n= 95), removidos (n = 61)
Scopus (n= 129).

Registros selecionados Registros excluídos:


(n = 294) (n = 283)
Seleção

Relatórios excluídos:
Relatórios avaliados para Não atendiam à
elegibilidade questão de pesquisa
(n = 11) (n = 3)
Incluído

Estudos incluídos na revisão


s

(n = 8)

FONTE: A autora (2021)


20

4.1 CARACTERÍSTICAS DOS RESULTADOS

No que concerne aos estudos, todos foram publicados no ano de 2021,


realizados na Espanha (1), Itália (2), Paquistão (1), Canadá (1), Estados Unidos (1)
e Nepal (2).
Quanto ao desenho dos estudos, 4 se caracterizaram como pesquisas
transversais, 3 como estudos de coorte prospectivos e 1 como estudo qualitativo.
Todos avaliaram elementos relacionados com a atenção recebida pelas mulheres no
momento do parto e/ou pós-parto imediato, sendo a temática de interesse na
presente pesquisa. (TABELA 1).

TABELA 1 - DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS QUE COMPÕE A REVISÃO DE ESCOPO


Título Autores Ano País Desenho e Resultados
participantes

Giving birth Mariño- 021 Espanha Estudo As mulheres que


during the Narvaez C, transversal deram à luz
COVID-19 Puertas- com 82 durante a
pandemic: Gonzalez J, puérperas pandemia
The impact Romero- antes da apresentaram
on birth Gonzalez B, pandemia e piores
satisfaction Peralta- 75 durante a percepções sobre
and Ramirez M pandemia a qualidade do
postpartum atendimento
depression (U=2.703,50;
P=0,041), maior
estresse do parto
(U=2.652,50;
P=0,040) e a
porcentagem de
depressão pós-
parto foi maior.
21

The Stampini V, 021 Itália Estudo Relataram que a


perception of Monzani A, transversal experiência do
Italian Caristia S, na web com parto foi como
pregnant Ferrante G, 600 grávidas esperavam em
women and Gerbino M, e 139 50,8% dos casos
new mothers De Pedrini puérperas e melhor do que
about their A, esperado em
psychologica Amadori R, 36,2%. 92,4%
l wellbeing, Rabbone I, dos parceiros
lifestyle, Surico D tiveram a
delivery, and possibilidade de
neonatal estarem
management presentes
experience durante o
during the trabalho de parto.
COVID-19 75,3% das
pandemic mulheres
lockdown: a declararam ter
web-based medo de dar à luz
survey durante a
pandemia da
COVID-19.

Childbirth Donati S, 021 Itália Estudo de No momento do


care among Corsi E, coorte parto, 51,9% das
sars-cov-2 Salvatore M prospectivo mães tiveram
positive et al. com 525 acompanhante na
women in mulheres que sala de parto.
Italy deram à luz 39% das mães
com infecção foram separadas
confirmada do filho ao
por SARS- nascer; 26,6%
CoV-2 praticaram o
22

contato pele a
pele; 72,1%
conseguiram
hospedar-se no
quarto com seus
bebês; e 79,6%
dos bebês
receberam o leite
materno.

Factors Jafree S, 021 Paquistão Estudo Quatro variáveis


Affecting Momina A, transversal mostram
Delivery Muazzam A, com 190 significância
Health Wajid R, puérperas estatística em
Service Calib G associação com a
Satisfaction satisfação com o
of Women suporte geral
and Fear of durante o parto:
COVID− 19: posição
Implications confortável e
for Maternal movimento
and Child (t =5,06,
Health in P=0,000);
Pakistan confiança na
equipe (t=4,32,
P=0,000);
envolvimento na
tomada de
decisão (t=3,55,
P=0,000); e
assistência da
equipe em tempo
razoável (t=2,07,
23

P=0,040)

Women's Rice K, 021 Canadá Estudo Surgiram 4 temas


postpartum Williams S qualitativo, que decorrem
experiences abordagem das políticas
in Canada social destinadas a
during the construtivista reduzir o contato
COVID-19 com 57 interpessoal:
pandemic: a mulheres que experiência pós-
qualitative já haviam parto negativa no
study dado à luz hospital, saúde
mental pós-parto
precária, pedindo
ajuda e
problemas de
amamentação.
24

Pandemic Janevic T, 021 Estados Estudo Das mulheres


Birthing: Maru S, unidos transversal que tiveram
Childbirth Nowlin S, bilíngue na partos durante o
Satisfaction, McCarthy K, web com 237 período de pico
Perceived Bergink V, mulheres que da resposta à
Health Care Stone J, deram à luz pandemia, 43,1%
Bias, and Dias J, Wu antes e relataram alta
Postpartum S, Howell E durante a satisfação com o
Health pandemia parto, em
During the comparação com
COVID-19 58,6% no período
Pandemic anterior ao pico.
Uma maior
satisfação com o
nascimento foi
associada a
menor ansiedade
e estresse pós-
parto.

The perfect Ashish KC, 021 Nepal Estudo de A grande maioria


storm: Peterson S, coorte com das mulheres
Disruptions Gurung R, 2.022 relatou nenhum
to Skalkidou A, mulheres abuso verbal ou
institutional Gautam J, físico (95,4%) e
delivery care Malla H, nenhuma demora
arising from Paudel P, ou descuido
the COVID- Bhattarai K, (91,4%).
19 pandemic Joshi N, Ninguém relatou
in Nepal Tinkari B, discriminação
Adhikari S, durante o parto.
Shrestha D, O contato pele a
Ghimire B, pele estava
25

Sharma S, presente em
Khanal L, 21,5% dos casos
Shrestha S, e a amamentação
Graham W, foi iniciada dentro
Kinney M da sala de parto
em 48,4% das
mulheres.

Effect of the Ashish KC, 021 Nepal Estudo Durante o


COVID-19 Gurung R, observacional bloqueio, a
pandemic Kinney M, prospectivo. companhia
response on Sunny A, Com 10.453 durante o
intrapartum Moinuddin parturientes. trabalho de parto
care, M, Basnet O, diminuiu um 6%,
stillbirth, and Paudel P, o monitoramento
neonatal Bhattarai P, da frequência
mortality Subedi K, cardíaca fetal
outcomes in Shrestha M, intraparto
Nepal: a Lawn† J, diminuiu 13,4%, o
prospective Målqvist† M contato pele a
observationa pele do bebê com
l study a mãe aumentou
13,2%, e a
amamentação 1
hora após o
nascimento
diminuiu 3,5%

FONTE: A autora (2021)

No que se refere às características dos estudos, a pesquisa de Mariño-


Narvaez et al. (2021) na Espanha objetivou verificar como as mulheres foram
afetadas no processo de parto durante a pandemia de COVID-19 com base em
26

parâmetros de nascimento, satisfação com o parto e desenvolvimento de depressão


pós-parto, aliás, essas variáveis foram comparadas com as mulheres que tiveram o
parto antes da pandemia. O desenho do estudo foi transversal com 82 puérperas
que deram à luz no período antes da pandemia (1 de setembro de 2019 a 1 de
março de 2020) e 75 durante a pandemia (1 de abril de 2020 a 1 de julho de 2020),
os instrumentos usados foram a Escala de Satisfação do Nascimento Revisada
(BSS-R) e a Escala de Depressão Pós-natal de Edimburgo (EPDS).
Quanto à satisfação com o parto, foi conduzido o teste de Mann-Whitney,
encontrando diferenças significativas entre os dois grupos de puérperas. As
mulheres que deram à luz durante a pandemia apresentaram piores percepções
sobre o estresse do parto (U=2.652,50; P=0,040) e qualidade do atendimento
(U=2.703,50; P=0,041). Além disso, aquele grupo de puérperas apresentou uma
maior incidência de depressão pós-parto, aumentando quase 15%.
O estudo de Stampini et al. (2021) teve como objetivo investigar as
mudanças no estilo de vida, acesso aos serviços de saúde e bem-estar mental
durante o primeiro confinamento italiano em uma amostra de mulheres grávidas e
novas mães. Para esse fim, desenvolveram uma pesquisa na web anônima com 600
mulheres grávidas e 139 novas mães no período compreendido entre 9 de abril de
2020 até 3 de maio de 2020. No que concerne às puérperas, amostra de interesse
para a presente pesquisa, os domínios analisados foram bem-estar e suporte
psicológico, parto e atendimento obstétrico, além do cuidado neonatal e
amamentação.
Os autores da pesquisa desenvolveram o questionário a partir da revisão de
pesquisas anteriores e atuais sobre o impacto da pandemia, envolvendo questões
relacionadas à gravidez e ao nascimento. Para avaliar o impacto psicológico,
usaram o Questionário de Saúde do Paciente para Depressão e Ansiedade (PHQ-4)
Com relação à experiência do parto, os acompanhantes tiveram a
possibilidade de estar presentes durante o processo em 92,4% dos casos, 75,3%
das mulheres declararam ter medo de dar à luz durante a pandemia de COVID-19, e
finalmente, 50,8% das mulheres relataram que a experiência foi como esperavam,
enquanto 36,2% manifestaram que foi melhor do que o esperado. Na amostra, três
mulheres confirmaram ter a infecção por SARS-CoV-2 no momento do parto, todas
elas foram separadas de seus recém-nascidos mantendo a possibilidade de
alimentá-los com leite materno ordenhado.
27

Com os cuidados neonatais, as medidas restritivas tiveram um impacto


negativo no manejo do bebê para 61,1% das novas mães e 94,2% amamentaram
seus bebês durante a internação hospitalar. Nenhum impacto das medidas
restritivas sobre a amamentação foi relatado por 56,1% das puérperas.
Quanto ao bem-estar psicológico, os resultados não foram apresentados de
forma específica para as puérperas, mas encontraram altas pontuações de
ansiedade e depressão em geral, embora não seja comparado com a mesma
população antes da pandemia.
O estudo de Donati et al. (2021) buscou descrever em que medida a prática
clínica foi capaz de proteger a fisiologia do parto e preservar o vínculo mãe-filho
durante a primeira onda da pandemia COVID-19 na Itália, período compreendido
entre 25 de fevereiro e 31 de julho de 2020. Foi um estudo de coorte prospectivo de
base populacional nacional envolvendo todas as mulheres grávidas com infecção
confirmada por SARS-CoV-2 admitidas em qualquer hospital italiano para parto. Os
dados sobre características maternas, cuidados periparto e resultados maternos e
perinatais foram coletados por meio de um formulário online estruturado.
A análise incluiu 525 parturientes com SARS-CoV-2 confirmado, das quais
44,8% eram assintomáticas. No processo de parto e nascimento 51,9% tiveram a
presença do acompanhante, a taxa média de cesárea foi de 33,7%, sendo eletiva
em 15,4% dos casos e por alguma urgência ou emergência 15%; cesárea de
urgência por COVID foi realizada em 3,3% dos casos.
Na hospitalização, 39% das mães foram separadas dos recém-nascidos ao
nascer; 26,6% praticaram o contato pele a pele; 72,1% conseguiram hospedar-se no
quarto com seus bebês; e 79,6% dos bebês receberam o leite materno: 69% pelo
aleitamento materno direto e 10,6% pela extração do leite materno.
O estudo de Jafree et al. (2021) teve como finalidade identificar quais fatores
influenciam na satisfação com o serviço prestado durante o período do COVID-19 e
quais características sociodemográficas das mulheres estão associadas ao maior
medo de contrair o COVID-19 durante os partos institucionais no Paquistão, dado
isso, realizaram uma enquete presencial que teve como base uma ferramenta
padronizada usada pela Pesquisa de Serviços Nacionais de Saúde do Reino Unido
(NHS), que foi submetida a modificações de acordo às características da região e da
pesquisa, avaliando o atendimento pré-parto, o cuidado durante o parto, cuidado
após o nascimento e cuidado ao recém-nascido em 190 mulheres que deram à luz
28

entre maio e junho de 2020.


Referente à satisfação geral com o suporte durante o parto, quatro variáveis
mostraram significância estatística: posição confortável e movimento (t=5,06,
P=0,000); confiança na equipe (t=4,32, P=0,000); envolvimento na tomada de
decisão (t=3,55, P=0,000); e assistência da equipe em tempo razoável (t=2,07,
P=0,040).
A satisfação com o cuidado pós-natal materno, mostrou significância
estatística com cinco variáveis: fornecimento das informações e explicações
necessárias (t=3,17, P=0,002); estar em hospital privado (t=2,76, P=0,006);
mulheres que são trabalhadoras (t=2,77, P=0,006); informações fornecidas sobre
recuperação física (t=2,48, P=0,014); e ter menos medo de contrair COVID-19 (t=-
1,83, P=0,049).
Adicionalmente, o estudo evidenciou que as mulheres de ambientes
desfavorecidos que sofrem de analfabetismo, desemprego, com baixa renda familiar,
com mais de quatro filhos, e que tem seus partos em hospitais do setor público têm
maior medo de contrair COVID-19 durante os partos institucionais.
O estudo de Rice e Williams (2021) procurou examinar como as pessoas no
Canadá que deram à luz durante a pandemia, foram afetadas por políticas
destinadas a limitar o contato interpessoal para reduzir a transmissão de SARS-
CoV-2 durante o parto no hospital e durante as primeiras semanas após o parto. Foi
um estudo qualitativo com abordagem social construtivista, 65 entrevistas telefônicas
semiestruturadas foram realizadas entre junho de 2020 e janeiro de 2021 por uma
médica antropóloga.
Posterior à análise das narrativas, surgiram 4 temas que decorrem das
políticas destinadas a reduzir o contato interpessoal: experiência pós-parto negativa
no hospital, saúde mental pós-parto precária, pedindo ajuda e problemas de
amamentação. Para a presente pesquisa, se prioriza a experiência das puérperas no
hospital.
Com respeito à experiência pós-parto, algumas mulheres expressaram que,
embora tenham sido afetadas por políticas que exigiam que seus parceiros de parto
deixassem o hospital logo após o parto, receberam bem a oportunidade de
descanso tranquilo com seus recém-nascidos, no entanto, para as mulheres cujos
partos exigiram intervenção médica, a falta de apoio pós-parto no hospital resultou
em sofrimento.
29

Nos problemas de amamentação, a falta de apoio tanto no hospital quanto


em casa influenciou algumas mulheres a pararem de amamentar mais cedo do que
desejavam, aliás, os apoios online à amamentação foram vistos como inúteis.
O estudo de Janevic et al. (2021) examinou o impacto da pandemia COVID-
19 na satisfação do parto e na percepção da discriminação nos cuidados de saúde
durante o parto e, por sua vez, na influência dessas experiências na saúde pós-
parto. Foi uma pesquisa transversal eletrônica bilíngue com 237 mulheres que
deram à luz antes e durante a pandemia na cidade de Nova York e a experiência do
parto foi avaliada por meio da Escala de Satisfação do Nascimento-Revisada (BSS-
R), considerando os domínios: qualidade da prestação de cuidados, atributos
pessoais da mulher e estresse experimentado durante o trabalho de parto, além
disso, a Escala de Discriminação em Ambientes Médicos (DMS), a escala de
Transtorno de Ansiedade Geral-7 (GAD-7), o Questionário de Saúde do Paciente
(PHQ) e Escala de Estresse Percebido (PSS) também foram usados.
Das mulheres que tiveram partos durante o período de pico da resposta à
pandemia (15 de março de 2020 a 11 de maio de 2020), apenas 43,1% relataram
alta satisfação com o parto, em comparação com 58,6% no período anterior ao pico
(1 de janeiro de 2020 a 14 de março de 2020). Quanto à discriminação, 42,5% das
mulheres relataram um evento discriminatório em ambientes de cuidados médicos
durante o “pico”, embora no período anterior foi de 15%.
Uma maior satisfação com o nascimento foi associada a menor risco de
ansiedade, estresse percebido, sintomas depressivos e maior aleitamento materno
exclusivo na alta, da mesma maneira, a maior percepção de discriminação de
cuidados de saúde foi similarmente associada a maior ansiedade e estresse pós-
parto.
Os principais motivos para a discriminação durante o processo de parto e
nascimento estiveram relacionados à pandemia de COVID-19, tal como, pessoal
estressado ou sobrecarregado devido ao aumento da demanda sobre a equipe do
hospital durante a pandemia (33,3%) e status positivo da COVID-19 ou medo da
equipe de que o paciente tivera COVID-19 (25,9%).
O estudo de Ashish et al. (2021) teve como objetivo compreender a
interrupção dos serviços de maternidade no Nepal devido à pandemia COVID-19,
bem como explorar a oferta e a experiência de atendimento institucional ao parto,
portanto, conduziram um estudo de coorte prospectivo em nove hospitais no Nepal.
30

Para medir a prestação de cuidados, consideraram seis componentes do


desempenho do profissional de saúde durante os cuidados durante o parto com
base nos “Padrões para melhorar a qualidade dos cuidados maternos e neonatais
em unidades de saúde de 2016” da OMS, da mesma maneira, para medir a
experiência de cuidado, levaram em conta os seis componentes da perspectiva da
mulher com base na tipologia de abuso e desrespeito de Browser e Hill. A amostra
para avaliar a oferta e experiência de atendimento respeitoso foi de 2022
parturientes no período de março a abril de 2020.
No que tange à prestação de cuidados, os profissionais de saúde lavaram as
mãos antes do atendimento em 52% dos partos, o preparo de equipamentos para
atendimento imediato ao recém-nascido ocorreu em 86,4% dos casos, 33,6% das
mulheres foram cumprimentadas na admissão, o contato pele a pele estive presente
em 21,5% dos casos e a amamentação foi iniciada dentro da sala de parto em
48,4% das mulheres.
Na experiência com o atendimento durante COVID-19, a grande maioria das
mulheres relatou nenhum abuso verbal ou físico (95,4%) e nenhuma demora ou
descuido (91,4%). Ninguém relatou discriminação durante o parto e a maioria das
mulheres foi informada e consentiu a realização de cesárea (95,6%). Os indicadores
de aconselhamento tiveram uma cobertura inferior: 40% das mulheres relataram que
foram orientadas sobre como manter o recém-nascido aquecido, 44,1% das
mulheres orientadas sobre aleitamento materno exclusivo e 15,3% das mulheres
orientadas sobre os sinais de perigo do recém-nascido.
A prestação de cuidados respeitosa foi melhor em hospitais com parto de
baixo volume (β=0,446, P <0,0001) em comparação com hospitais de alto-médio
volume.
Outro estudo de Ashish et al. (2021) avaliou o número de nascimentos
institucionais, seus resultados e a qualidade do atendimento intraparto antes e
durante o bloqueio nacional COVID-19 no Nepal. A pesquisa foi observacional
prospectiva, desenvolvida em nove instituições de saúde, com dados coletados ao
longo de um período de 5 meses, incluindo 12,5 semanas antes da implementação
do bloqueio (1 de janeiro a 20 de março de 2020) e 9,5 semanas durante o bloqueio
(21 de março a 30 de maio de 2020).
O desempenho do profissional de saúde durante os cuidados durante o
parto foi medido com base nas Normas da OMS de 2016 para melhorar a qualidade
31

dos cuidados maternos e neonatais em unidades de saúde, sendo avaliados nove


componentes. Foram observados 10.453 partos vaginais durante o período de
estudo, com 8.228 (78,7%) antes do bloqueio e 2.225 (21,3%) durante o bloqueio.
Evidenciou-se durante o bloqueio, que as práticas de higiene das mãos dos
profissionais de saúde no parto aumentaram 12,9%, o cumprimento dos
profissionais às mães diminuiu em 2,2%, o uso de luvas e jaleco para diminuiu em
2,4%, a companhia durante o trabalho de parto diminuiu um 6%, o monitoramento da
frequência cardíaca fetal intraparto diminuiu 13,4%, o contato pele a pele do bebê
com a mãe aumentou 13,2%, e a amamentação 1 hora após o nascimento diminuiu
3,5%. As mudanças entre os demais padrões não foram significativas.
32

5 DISCUSSÃO

Os estudos que compuseram a presente revisão de escopo permitiram


conhecer a atenção prestada no processo de parto e nascimento durante a
pandemia do COVID-19 e como tem sido percebida pelas mulheres. Desse modo,
se evidenciam tanto práticas que foram melhoradas, possibilitando uma experiência
satisfatória no parto, como outras que afetaram a experiência da mulher de maneira
negativa, entre elas, a restrição da presença do acompanhante ou a discriminação
que muitas delas sentiram durante a assistência dos profissionais de saúde, que
promoveram sentimentos de estresse e ansiedade, os quais podem contribuir para o
desenvolvimento de depressões pós-parto e a não continuarem com o processo de
amamentação.
Três estudos realizaram uma comparação frente à atenção do processo de
parto antes e durante a pandemia, dois deles, centrados na satisfação da mulher
(Mariño-Narvaez et al., Janevic et al.), demonstrando que no período de pandemia
as parturientes apresentaram uma menor satisfação, além de maiores níveis de
estresse e ansiedade pós-parto.
A qualidade do atendimento também teve pontuações mais baixas,
destacando no estudo de Janevic et al. que quase na metade dos relatos das
mulheres (42,5%), esteve presente pelo menos um evento discriminatório em
ambientes de cuidados de saúde durante o “pico” da pandemia.
Um estudo desenvolvido em México objetivou identificar as características
das práticas de desrespeito e abuso contra mulheres durante partos em unidades de
saúde do país em 2017, para isso, observaram 867 partos, dos quais 18,8%
apresentaram algum evento de desrespeito e abuso, tal como, agressões verbais,
físicas ou discriminação. Na maioria dos casos as mulheres não deram o
consentimento para os procedimentos invasivos, além de não receberem
informações sobre eles (BRENES MONGE et al., 2020).
Outro estudo desenvolvido na França estimou a prevalência de maus-tratos
no parto em uma amostra de 1149 mulheres, das quais, 44% relataram algum tipo
de violência obstétrica como abuso verbal, físico ou discriminação (MALET et al.,
2020).
Por conseguinte, os processos de violência à mulher no processo de parto
são elementos presentes desde antes do bloqueio pelo SARS-CoV-2, porém, foi
33

observado como em algumas instituições de saúde houve um acréscimo durante a


pandemia.
Entre os principais motivos para aquele atendimento, se encontra o estresse
ou excesso do trabalho, por causa da maior demanda à equipe dos hospitais,
pacientes com teste positivo para o vírus ou medo da equipe frente à possibilidade
de que o paciente tivera COVID-19.
Na Espanha, Erquicia et al. (2021) desenvolveu um estudo transversal com
o intuito de analisar o estado emocional entre profissionais de saúde durante a
pandemia, dos 395 participantes, 31,4% relatou sintomas de ansiedade, 12,2% de
depressão e 14,5% estresse agudo, tudo isso, devido a incerteza de uma possível
infecção, percepção de medidas de proteção inadequadas, além da sobrecarga de
trabalho que todo esse processo implicou, mostrando um maior risco de ter
sofrimento psicológico (ERQUICIA et al., 2021).
Sendo assim, o estudo recomenda que os profissionais busquem suporte se
necessário, da mesma forma que, as instituições devem desenvolver planos de
intervenção de acordo com os requerimentos, assegurando o fornecimento de uma
assistência de qualidade (ERQUICIA et al., 2021).
No que se refere à atenção do parto, a OMS (2018) procura com suas
recomendações que a parturiente tenha uma experiência positiva que alcance ou
exceda as crenças e expectativas pessoais e socioculturais que ela tem, tornando-
se importante para a equipe de saúde conhecer o sujeito de cuidado, além dos
elementos que viram a vivência do parto como um evento melhor do esperado.
Os estudos de Stampini et al. e Ashish et al., revelaram que durante a
pandemia, muitas parturientes alcançaram níveis de satisfação adequados ou
superiores aos esperados. Encontrando uma heterogeneidade nas percepções das
puérperas frente a sua vivência no parto e pós-parto imediato no momento atual.
Em vista disso, o estudo de Jafree et al., identifica os fatores que influenciam
a satisfação com o serviço prestado durante o período da pandemia, no caso do
parto foram: posição e movimento confortável, estabelecer uma relação de confiança
na equipe, estar envolvida na tomada de decisões e receber assistência em tempo
razoável.
Uma revisão sistemática que envolveu 19 estudos na Etiópia teve como um
dos objetivos identificar os indicadores de satisfação das parturientes com os
serviços de saúde, encontrando entre os elementos: a duração do trabalho do parto,
34

assistência dos profissionais de saúde em tempo moderado (<20 min), parto


planejado, acompanhamento, atendimento pré-natal, e educação materna (DEMIS,
et al., 2020). Mostrando que os profissionais de saúde são um eixo central na
percepção de satisfação das mulheres.
De acordo com uma revisão de escopo de Topalidou et al. 2020, muitos
serviços de saúde, pela falta de evidências, impuseram severas restrições na
assistência à maternidade, incluindo, a companhia do parto, a amamentação e o
contato entre a mãe e bebê, as quais podem gerar consequências clínicas e
psicológicas nas mulheres (TOPALIDOU et al., 2020).
Entre as práticas que se encontraram em alguns dos estudos (Stampini et
al., Rice e Williams e Asish et al.) que podem afetar a vivência das mulheres estão,
sentir-se ignoradas durante o parto, proibição do acompanhante, separação mãe-
bebê, não amamentação na primeira hora após o nascimento, além de não terem
sido orientadas sobre a realização da amamentação ou com os cuidados ao recém-
nascido, apresentando maiores níveis de estresse, medo de dar à luz sozinha e
medo de contágio.
Em estudos desenvolvidos durante a pandemia, percebe-se que devido à
incerteza em torno do progresso e da rápida propagação da doença, o surto
inevitavelmente provocou um medo automático e subconsciente de infecção entre as
gestantes. Dados analisados sobre a situação em Hong Kong, 37,7% das
participantes estavam preocupadas em contrair COVID-19 e 71,4% das
entrevistadas perceberam que seu risco de infecção era alto, assim como, 89%
delas acreditavam que havia um alto risco de que seus fetos contraíssem a doença
(ZHONG, et. al., 2020).
Com relação à presença do acompanhante, alguns estudos realizados
durante a pandemia mostraram que, 55% de mulheres em 64 países relataram a
falta de acompanhante durante o parto (BUSU, et. al., 2021) e nos hospitais
poloneses a separação da mãe e bebê era praticada imediatamente após o parto
(WSZOLEK, et. al., 2021).
Uma pesquisa qualitativa publicada em 2020 evidencia como a presença do
acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto fornece um apoio tanto
emocional, quanto assistencial, favorecendo a humanização da assistência
obstétrica (EVARISTO SOUSA et al., 2020).
Dessa forma, estudos também abordam que a separação entre mãe/bebê,
35

interfere no aleitamento materno e pode interromper a proteção imunológica inata e


os benefícios do leite materno, impactar na construção do vínculo, além de
sobrecarregar o sistema de saúde, pois o isolamento da mãe e do bebê requer o
dobro dos recursos para atendimento do binômio (PAES, et. al., 2021).
Por conseguinte, restrições com falta de evidências podem contribuir a
vivências de partos traumáticos, que desencadeiam transtornos mentais perinatais,
como ansiedade e depressão, resultando relevante que a prática este devidamente
alinhada às recomendações de políticas baseadas em evidências que atinjam os
requerimentos das crises pandêmicas, e assim, fornecer cuidados equitativos,
seguros, respeitosos e humanizados (LABOR et al., 2021).
36

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo mostrou que a influência da pandemia da COVID-19 na


experiência das mulheres no parto e nascimento pode ser muito heterogênea, pois
para algumas puérperas pode-se dizer que a pandemia não influenciou ou
influenciou positivamente em seu processo de parto e pós-parto, enquanto para
outras se constatou o contrário, devido ao menor suporte social e a maior
sobrecarga emocional e física. Compreendeu-se que o apoio dos profissionais de
saúde, especialmente os da enfermagem, a saúde emocional, informações corretas,
atendimento respeitoso, entre outros, são fatores essenciais no cuidado em relação
ao parto e nascimento.
Esta revisão também apontou a importância de um atendimento integral e
individualizado, pois se trata de experiências únicas e marcantes para cada mulher.
Espera-se que este estudo traga novos conhecimentos para as gestantes,
puérperas, sociedade em geral e principalmente para os profissionais de saúde de
modo a contribuir e promover um atendimento que atenda as necessidades em
relação ao parto e pós-parto.
37

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2021.
43

APÊNDICE 1 – ESTRATÉGIA DE BUSCA

PUBMED / ("Delivery, Obstetric" OR "Deliveries, Obstetric" OR 192 /


SCOPUS "Obstetric Deliveries" OR "Obstetric Delivery") AND 150
(MeSH + ("Delivery of Health Care" OR "Healthcare Deliveries" OR
palavras "Healthcare Delivery" OR "Deliveries, Healthcare" OR
chaves) "Delivery, Healthcare" OR "Health Care Delivery" OR
"Delivery, Health Care" OR "Health Care" OR "Care,
Health" OR "Healthcare") AND ("COVID-19" OR "COVID
19" OR "COVID-19 Virus Disease" OR "COVID 19 Virus
Disease" OR "COVID-19 Virus Diseases" OR "Disease,
COVID-19 Virus" OR "Virus Disease, COVID-19" OR
"COVID-19 Virus Infection" OR "COVID 19 Virus Infection"
OR "COVID-19 Virus Infections" OR "Infection, COVID-19
Virus" OR "Virus Infection, COVID-19" OR "2019-nCoV
Infection" OR "2019 nCoV Infection" OR "2019-nCoV
Infections" OR "Infection, 2019-nCoV" OR "Coronavirus
Disease-19" OR "Coronavirus Disease 19" OR "2019
Novel Coronavirus Disease" OR "2019 Novel Coronavirus
Infection" OR "2019-nCoV Disease" OR "2019 nCoV
Disease" OR "2019-nCoV Diseases" OR "Disease, 2019-
nCoV" OR "COVID19" OR "Coronavirus Disease 2019"
OR "Disease 2019, Coronavirus" OR "SARS Coronavirus
2 Infection" OR "SARS-CoV-2 Infection" OR "Infection,
SARS-CoV-2" OR "SARS CoV 2 Infection" OR "SARS-
CoV-2 Infections" OR "COVID-19 Pandemic" OR "COVID
19 Pandemic" OR "COVID-19 Pandemics" OR "Pandemic,
COVID-19")
44

BVS ("Labor, Obstetric" OR "Trabajo de Parto" OR "Trabalho 131


(DeCS) de Parto" OR "Delivery, Obstetric" OR "Parto Obstétrico"
OR Parturition OR Parto OR Parição OR Parturição) AND
("Delivery of Health Care" OR "Prestación de Atención de
Salud" OR "Assistência à Saúde" OR "Cuidados de
Assistência à Saúde" OR "Cuidados de Saúde" OR
"Prestação de Assistência à Saúde" OR "Prestação de
Cuidados de Saúde") AND ("New Coronavirus" OR "Novel
Coronavirus" OR "Nuevo Coronavirus" OR "Novo
Coronavirus" OR "Coronavirus disease" OR "Enfermedad
por Coronavirus" OR "severe acute respiratory syndrome
coronavirus 2" OR "2019-ncov" OR "ncov 2019" OR
"2019ncov" OR "covid19" OR "covid-19" OR "covid2019"
OR "covid-2019" OR "covid 2019" OR "srag-cov-2" OR
sars-cov-2 OR sars2 OR sars 2 OR sars cov 2 OR cov19
OR cov2019 OR coronavirus* OR "Severe Acute
Respiratory Infections" OR "Severe Acute Respiratory
Infection" OR "Coronavirus 2" OR "acute respiratory
disease" OR "Coronavirus infections" OR "wuhan market
virus" OR "virus mercado wuhan" OR "Wuhan
Coronavirus" OR "Coronavirus de Wuhan")

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