1001 MONOGRAFIA PRONTA LAINY

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

CENTRO INTEGRADO DE SAÚDE


FACULDADE DE ODONTOLOGIA

LAINY WENDINY DA ROCHA RIBEIRO

O USO DA CLOREXIDINA E SUAS DIFERENTES APLICABILIDADES


NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Juiz de Fora
2023
LAINY WENDINY DA ROCHA RIBEIRO

O USO DA CLOREXIDINA E SUAS DIFERENTES APLICABILIDADES


NA ASSISTÊNCIA À SAÙDE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada à disciplina de


Metodologia e Técnicas de Pesquisa em
Odontologia (ORE028) da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF) como requisito para a aprovação na
disciplina.

Orientador: Prof.ª Dr Ivone de Oliveira Salgado

Juiz de Fora
2023
Ficha catalográfica elaborada através do programa de geração automática da
Biblioteca Universitária da UFJF, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

RIBEIRO, Lainy W endiny da Rocha.


Revisão de literatura sobre o uso da Clorexidina e suas diferentes aplicabilidades
na assistência à saúde. / Lainy W endiny da Rocha Ribeiro – 2023.
23 p.

Orientadora: Ivone de Oliveira Salgado


Monografia – Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de
Odontologia. Graduação em Odontologia, 2023.

Palavras-chave: Clorexidina; Controle de infecções; Infecções hospitalares.


LAINY WENDINY DA ROCHA RIBEIRO

O USO DA CLOREXIDINA E SUAS DIFERENTES APLICABILIDADES


NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada à Disciplina de Metodologia e Técnica de Pesquisa


em Odontologia (ORE028) da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Juiz de Fora, como parte dos requisitos para a obtenção da
aprovação na disciplina.

Aprovada em _____ de _______ de 2023, pela Banca Examinadora


composta por:

Prof.ª Dr ª Ivone de Oliveira Salgado – Orientador

Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Prof.ª Molise Rodrigues Fagundes

Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF


Dedico este trabalho a Deus, que
sempre esteve comigo, e aos meus amados
pais que estão sempre ao meu lado.
AGRADECIMENTOS

A Deus por toda força, saúde e oportunidades dadas a mim todos os dias.

Aos meus amados pais, Maria Aparecida Pereira da Rocha Ribeiro, Cleber
Luis Ribeiro, por todo apoio, zelo, amor, ensinamentos e confiança a mim
depositados.

A minha amada sobrinha Maria Clara por iluminar os meus dias pelo simples fato de
existir.

A minha avó Maria Martins por todo apoio e cuidado dados a mim, estando presente
em todos os momentos.

Ao meu irmão Wallace e cunhada Natalia pela torcida.

Ao meu namorado Erics Leocádio por todo apoio e companheirismo


nessa caminhada.

A minha prima Hérica pelos conselhos e por me incluir nas suas orações.

Aos meus familiares que apoiam e torcem por mim.

A UFJF por me proporcionar um ensino de qualidade e gratuito.

As minhas professoras Ivone de Oliveira Salgado e Molise Rodrigues Fagundes


pelos ensinamentos fundamentais para elaboração deste trabalho.

Aos meus amigos Anna Beatriz, Andressa Vieira, Gabriel Fernandes, Lucas
Fonseca e Milena Barbosa por tornarem a graduação mais divertida e leve.

As monitoras Larissa Lessa e Maria Melo por sanarem minhas dúvidas


relacionadas ao presente trabalho
RIBEIRO, L.W.R. O uso da Clorexidina e suas diferentes aplicabilidades na
assistência à saúde: uma revisão de literatura. 2023. 23p. Monografia
(Graduação em Odontologia) - Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, Minas
Gerais, 2023.

Resumo: Introdução: A clorexidina possui fins diversos quanto ao seu uso, possui
eficiência no controle de infecções tanto hospitalares quanto odontológicas,
porém pode acarretar em efeitos colaterais. Proposição: realizar uma revisão de
literatura acerca do uso da clorexidina em variados contextos e fins. Conclusão:
A clorexidina possui grande eficácia quanto ao controle de infecções hospitalares
e odontológicas, sendo um importante fármaco para a área da saúde, no entanto,
pode causar efeitos colaterais que variam de leves a graves. Sua eficácia e seus
efeitos ainda necessitam de mais estudos.

Palavras chave: clorexidina, controle de infecção, infecções hospitalares.


RIBEIRO, L.W.R. The use of Chlorhexidine and its various applications in
healthcare: a literature review. 2023. 23p. Monograph (Bachelor's Degree in
Dentistry) - Federal University of Juiz de Fora – UFJF, Minas Gerais, 2023.

Abstract: Introduction: Chlorhexidine has various purposes in its use and is


effective in controlling both hospital and dental infections, but it can lead to side
effects. Proposition: To conduct a literature review on the use of chlorhexidine in
various contexts and purposes. Conclusion: Chlorhexidine is highly effective in
controlling hospital and dental infections, making it an important drug in the field of
healthcare; however, it can cause side effects ranging from mild to severe. Its
efficacy and side effects still require further studies.

Keywords: chlorhexidine, infection control, hospital infections.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CHX Clorexidina

UTI Unidades de terapia intensiva

CVC Cateter venoso central

KPC Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 11
2. PROPOSIÇÃO..........................................................................................12
3. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................13
4.DISCUSSÃO..............................................................................................19
5.CONCLUSÃO.............................................................................................21
REFERÊNCIAS.............................................................................................22
11

1. INTRODUÇÃO

A clorexidina (CHX) é um antibiótico da família das Polibiguanidas de amplo


espectro usada na área da saúde com diversos fins, mas que pode causar
benefícios e malefícios. A CHX a 2% se tornou um importante fármaco no controle
de certas infecções mais estudadas, principalmente se tratando de unidades de
terapia intensiva (UTI), sendo eficaz na redução de incidência de infecções
hospitalares (Pallotto et al., 2019). O uso da CHX também demonstrou uma redução
nos riscos de colonização bacteriana de cateter venoso central (CVC) (Wei et al.,
2019). Se tratando em diminuição de biofilme e inflamação gengival, a
CHX demonstrou ser eficiente na redução, sendo importante para o controle
bacteriano em tratamentos ortodônticos (Aramani et al., 2022). Por outro lado, ela
também foi associada a um aumento nos níveis de mortalidade, tendo como
hipótese a relação com bactérias redutoras de nitrato (Liu et al., 2023). Além disso,
também foi observado uma mudança na microbiota bucal devido ao seu uso, que
levou a uma alteração no PH da saliva, além do aumento na concentração de
glicose e lactato e aumento na pressão sistólica (Bescos et al., 2020). Portanto,
embora a CHX apresente grande eficácia no combate a diversas infecções, ela
também pode causar efeitos adversos que podem variar na sua gravidade. Dessa
forma, torna-se necessária a discussão frente ao seu uso e seus efeitos na saúde
sistêmica dos indivíduos.
12

2 . PREPOSIÇÃO

O presente trabalho teve por objetivo realizar uma revisão de literatura a fim de
investigar sobre a eficácia do uso da CHX e seus efeitos colaterais.
13

3. REVISÃO DE LITERATURA

Pallotto et al., 2018, realizaram uma pesquisa sobre o banho diário com
gluconato de clorexidina a 4% em ambientes de terapia intensiva, com o objetivo de
investigar se o banho com CHX diminuiria a incidência de infecções hospitalares. Foi
realizado um ensaio clínico randomizado e controlado em que especialistas em
doenças infecciosas estavam cegos quanto aos resultados da intervenção. Os
pacientes participantes do estudo foram divididos em dois braços, o de intervenção, o
qual recebiam banhos diários com CHX , e o de controle, em que recebiam banhos
diários com sabonete padrão. 449 indivíduos participaram da pesquisa, 226 no braço
de intervenção e 223 no braço de controle. Como resultado, concluíram que os
pacientes que receberam banhos com CHX a 4% (braço de intervenção) tiveram uma
diminuição significativa na incidência de infecções hospitalares em ambientes de
cuidados intensivos.

Siriyanyongwong et al., 2019, realizaram uma pesquisa sobre a eficácia de


moraceae (erva encontrada em regiões tropicais, como tailândia e índia), a qual
apresenta efeitos antibiofilme oral e antibacterianos, combinada com enxaguatório
bucal com CHX na flora microbiana de pacientes gravemente entubados, os quais
recebem rotineiramente CHX como enxaguante bucal, no entanto, ela pode causar
diversas complicações. Quando utilizada em altas concentrações e por longos
períodos, a CHX leva ao desenvolvimento de mucosite e úlcera oral, além de
alterações no paladar. O estudo teve como objetivo investigar a segurança e eficácia
da moraceae combinada com a CHX sobre a redução das bactérias orais em pessoas
gravemente enfermas e entubadas buscando comparar com o uso da CHX isolada e
em menor concentração. Sendo essa combinação com CHX a 0,0005% e a Moraceae
a 0,02%. Foi incluído nesse estudo duplo cego, randomizado e controlado 30
pacientes que receberam ventilação mecânica. Eles foram divididos de forma aleatória
em dois grupos com 15 pessoas. Um dos grupos recebeu Moraceae com CHX como
enxaguante bucal, enquanto o outro grupo recebeu apenas CHX. Não houve diferença
na contagem microbiana no uso dos dois enxaguantes, porém, o enxaguatório bucal
com moraceae oferece sabor e efeitos colaterais toleráveis em comparação com a
CHX.
14

Wei et al., 2019, realizaram uma revisão sistemática e meta-análise sobre


curativo impregnado com CHX para a profilaxia de complicações relacionadas a CVC.
Os CVCs são usados, principalmente, em pacientes em UTI para propiciar
tratamentos como hidratação, administração de medicamentos e alimentos. Porém, o
uso dos CVCs pode levar a infecções no sangue que aumentam os custos financeiros
e o risco de morte, neste estudo foi investigado sobre a eficácia da CHX nessas
complicações. O estudo foi realizado usando como material 12 estudos clínicos com
6028 pacientes. Os resultados evidenciaram que houve uma redução nos riscos de
problemas com o uso de curativos com CHX, tais como infecções sanguíneas e
colonização de bactérias no cateter.

Bescos et al., 2020, realizaram uma pesquisa sobre os efeitos do uso da CHX
no microbioma bucal. Foi realizado um delineamento cego, cruzado e não
randomizado que tinha por objetivo investigar os efeitos do uso da CHX como
enxaguatório no microbioma salivar e plasma biomarcadores de 36 indivíduos durante
7 dias. Nos primeiros 7 dias, eles enxaguaram a boca com um enxaguante placebo
por 1 minuto e o mesmo foi feito usando CHX por mais 7 dias. Foram coletadas
amostras de saliva e sangue no final de cada período após o uso do enxaguante
placebo e com o de CHX para análise da diversidade de bactérias orais, concentração
de PH, glicose, lactato nitrato e nitrito. Concluiu-se que a CHX levou ao aumento de
Firmicutes e Proteobacteria, e levou a uma diminuição no conteúdo de Bacteroidetes
e Fusobactérias devido a uma diminuição no PH, capacidade de diferenciação e
aumento nos níveis de glicose e lactato. Após o uso da CHX também foi observado
uma diminuição na concentração plasmática de nitrito e um aumento na pressão
sistólica arterial. Portanto, notou-se que a CHX está associada a uma mudança na
microbiota salivar, resultando em condições mais ácidas e menores concentrações de
nitrito em pessoas saudáveis.

Pinto et al., 2020, realizaram uma revisão sistemática e metanálise acerca da


eficiência de diferentes protocolos de higiene bucal associados ao uso de CHX na
prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica. Para a execução da
revisão sistemática e meta-análise, várias bases de dados tanto nacionais quanto
internacionais foram usadas seguindo os parâmetros de elegibilidade, seis estudos
foram usados envolvendo 1276 pacientes. O estudo tem por objetivo comparar a
eficiência de protocolos de higiene bucal associados ao uso da CHX na redução da
15

prevalência da pneumonia associada à ventilação mecânica em pacientes maiores de


18 anos internados em UTI que estavam recebendo ventilação mecânica. O grupo
que recebeu cuidados protocolados (escovação e procedimentos clínicos) é o grupo
controle e o grupo que recebeu CHX associada aos cuidados protocolados, grupo de
intervenção. Por fim, concluiu-se que protocolos que utilizam a CHX associada a
remoção mecânica do biofilme pode diminuir a incidência de pneumonia associada à
ventilação mecânica.

Martins et al., 2021, realizaram o primeiro relato de caso sobre sarna oral da
literatura causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, encontrada na gengiva de uma
mulher de 43 anos. Ela recorreu ao hospital queixando-se de uma lesão ulcerativa e
não sabia ao certo a quanto tempo a lesão estava presente na sua gengiva, relatou
ter procurado ajuda médica a um certo tempo e o diagnóstico teria sido pênfigo. Além
disso, relatou histórico de febre reumática, vitiligo, psoríase durante a anamnese e
uso de pomadas tópicas e dietas, mas sem resolução do problema. Para a resolução
do diagnóstico de pênfigo, foram receitados 20 mg diários de prednisona por vários
meses. Entretanto, não houve melhora, levando-a novamente a procurar o hospital,
onde foi realizado o diagnóstico de sarna com base na visualização de ovos e formas
de larvas. Para o tratamento foi receitado 100 mg de ivermectina (três vezes ao dia
por 15 dias), higiene oral suplementar com CHX e limpeza extensiva. Portanto, é de
suma importância se atentar aos sinais de pacientes que apresentam lesões gengivais
e que não apresentam nenhuma melhora com tratamentos convencionais.

Karamani et al., 2022, realizaram uma revisão sistemática e metanálise sobre


o uso de enxaguatório bucal com CHX para controle de gengivite em pacientes
ortodônticos. Foram utilizadas pesquisas de várias bases de dados até 7 de dezembro
de 2021 e somente ensaios clínicos randomizados foram usados no estudo, mas
antes passaram por uma avaliação com uma ferramenta de risco de viés
(parcialidade), posteriormente, incluídos na pesquisa aqueles elegíveis para inclusão.
Neste estudo foram comparadas a eficácia de diferentes enxaguantes bucais nos
índices de higiene bucal ao longo do tempo e a variação percentual média dos índices.
14 estudos foram incluídos, totalizando 602 pacientes entre 11 e 35 anos de idade.
Foi utilizado no experimento um enxaguatório bucal com CHX a 0,06%, 0,12% e
16

0,2%, para controle, foi utilizado um enxaguatório bucal placebo ou uma seleção de
uma variedade de diferentes enxaguatórios bucais. O tratamento teve uma variação
de duração de 1 ano a quase 5 meses. Enxaguantes bucais com CHX se mostraram
eficazes na redução de placa bacteriana e da inflamação gengival ao decorrer do
tratamento ortodôntico, sendo que alguns enxaguantes bucais utilizados no grupo de
controle se mostraram igualmente eficazes.

Chen et al., 2022, realizaram uma pesquisa sobre o efeito do enxágue bucal
com CHX a 0,12% na prevenção da pneumonia hospitalar em pacientes não
ventilados internados. A pneumonia é uma doença com etiologia multifatorial, sendo
mais recorrente em indivíduos com higiene bucal precária. Foi utilizado como método
de estudo um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e com três grupos em uma
amostra de 103 pacientes com idade maior ou igual a 50 anos. Os pacientes foram
separados em três grupos e cada grupo recebeu diferentes tipos de enxaguante bucal,
sendo que um deles recebeu CHX. Foram feitas análises em cada grupo no início,
durante a intervenção e na alta sobre o estado de saúde bucal, grau de exposição
bacteriana e a escala clínica de índice de pneumonia. Como resultado, o grupo que
recebeu CHX como enxaguante bucal obteve melhores resultados na melhoria
da saúde bucal, porém, não houve resultados que tragam evidências na eficácia da
CHX na prevenção da pneumonia hospitalar em pacientes não ventilados de meia
idade e idosos, mas o uso do enxaguante bucal pode ser indicado.

Reis et al., 2022, fizeram uma pesquisa sobre o uso do gluconato de CHX em
pacientes adultos em UTIs durante o banho e o impacto do seu uso na incidência de
infecções associadas à assistência médica. Este estudo foi um ensaio randomizado
em cluster, aberto e com duração de 12 meses, realizado em quatro UTI do hospital
universitário da universidade federal de São Paulo, Brasil. Durante o período de
estudo 1524 pacientes foram internados nas UTIs. As quais foram randomizadas para
dar início ao estudo, sendo duas usadas no controle e outras duas na intervenção. Os
pacientes recebiam banhos diários com sabonete neutro e água nas unidades de
controle e banhos diários com solução de detergente de CHX a 2% nas unidades de
intervenção. Foram avaliadas as taxas de incidência de infecção associada a CVC,
pneumonia associada ventilação mecânica, infecção do trato urinário associada a
cateter, infecção por enterobactérias produtoras de carbapenemase de Klebseiella
pneumoniae (KPC) e morte nas unidades de intervenção e controle. A incidência de
17

KPC e as taxas de mortalidade foram maiores nas unidades de grupos de controle.


Não houve nenhuma diferença entre os grupos de incidência de infecção associada
a CVC, pneumonia associada ventilação mecânica, e infecção do trato urinário
associada a cateter. Portanto, nota-se que a CHX possui efeitos positivos nesse
cenário.

Liu et al., 2023, realizaram uma pesquisa sobre os efeitos de curto prazo de
enxaguante bucal com CHX e listerine no microbioma bucal de pacientes
hospitalizados. A CHX possui inúmeros pontos positivos para o seu uso, no entanto,
a CHX foi associada ao aumento nos níveis de mortalidade, podendo estar
relacionada às bactérias redutoras de nitrato devido aos seus efeitos na microbiota
bucal. 87 pacientes participaram do estudo e foram divididos em três grupos, sendo
que cada um receberia um enxaguante bucal diferente, CHX, listerine e solução salina
normal, usada para controle. As bactérias bucais foram analisadas por 5-7 dias antes
e depois do bochecho, sendo o material genético usado para essa análise. Os
grupos que utilizaram listerine e CHX tiveram uma significativa mudança na sua
microbiota bucal, mas não claramente distintas. Portanto, os enxaguatórios bucais
modificam a microbiota da buca.

Rahman et al., 2023, realizaram uma revisão sistemática sobre o uso de


enxaguatório bucal com CHX na eficácia da redução da carga viral do COVID-19. Foi
realizada uma vasta pesquisa em bases de dados eletrônicas utilizando certas
palavras chaves, também foram feitas buscas manuais utilizando as referências dos
artigos encontrados nas bases de dados eletrônicas. Estudos experimentais e clínicos
in vitro que testaram o enxaguante bucal CHX foram incluídos na revisão, não houve
restrições quanto a idade, sexo, etnia ou epoca de publicação dos estudos. Doze
estudos publicados entre 2020 e 2021 foram utilizados, sendo sete estudos clínicos e
cinco in vitro. Dos sete estudos clínicos, cinco demonstraram eficácia da CHX na
redução da carga viral, além de uma série de casos clínicos com o mesmo resultado.
Dos cinco estudos in vitro, três mostraram que a CHX é eficaz contra o vírus em
questão e dois tiveram resultados contrários, negando essa eficácia. Nos estudos in
vitro, todos testaram a atividade da CHX em diferentes concentrações, 0,2, 0,12 e
0,1%. Um dos estudos demonstrou redução de 99,9% na carga viral do SARS-CoV-
2, utilizando a CHX numa maior concentração por 30 segundos, não apresentando
citotoxicidade. Portanto, embora haja diferentes resultados em alguns estudo
18

publicados, concluiu-se que a CHX em diferentes concentrações pode ser eficaz na


redução viral do COVID-19.
19

4. DISCUSSÃO

Segundo Pallotto et al (2019), infecções hospitalares na corrente


sanguínea associados ao CVC são uns dos principais responsáveis pelos índices
de mortes durante uma internação, mas que o banho com CHX a 4% tem
demonstrado ser um bom combatente a esse problema, levando a uma diminuição
de infecções em ambientes de terapia intensiva. Mas não apenas o banho tem sido
estudado, curativos embebidos com CHX possuem eficácia contra colonização de
bactérias no CVC e, consequentemente, podem diminuir a incidência de infecções
na corrente sanguínea e o índice de morte (Wei et al., 2019).

A pneumonia associada à ventilação mecânica é uma infecção muito


frequente em unidades de terapia intensiva (Pinto et al., 2021). Sendo, ainda, uma
das infecções nosocomiais mais críticas presente nesses ambientes, começando
pela colonização de bactérias na orofaringe, posteriormente, uma colonização na
traqueia que leva para uma pneumonia (Siriyanyongwong et al., 2019). A CHX
demonstrou eficácia no combate a esse problema associada com protocolos de
remoção mecânica do biofilme dental (Pinto et al., 2021). No entanto, ela pode trazer
efeitos colaterais pouco toleráveis a indivíduos que fazem seu uso diariamente nos
ambientes hospitalares (Siriyanyongwong et al., 2019).

Estudos que buscam amenizar os efeitos da CHX na cavidade bucal


demonstraram na sua pesquisa que o grupo de pessoas que a receberam para
realizar o enxágue apresentou sensação de queimação, secura e alterações no
paladar que trouxeram uma sensação de desgosto (Siriyanyongwong et al., 2019).
Porém, combinada com Moraceae, apresentou efeitos colaterais toleráveis, devido a
concentração de CHX na combinação, que estava a 0,0005%, enquanto a
moraceae 0,02% (Siriyanyongwong et al., 2019). Além de demonstrar eficiência
com bactérias, a CHX, em diferentes concentrações, também demonstrou potencial
eficácia na redução da carga viral do COVID-19 (Rahman et al., 2023).

Enxaguantes bucais que possuem CHX na sua composição são


considerados padrão ouro ( Pinto et al., 2020). Tais enxaguantes se mostraram
eficazes na diminuição do acúmulo de biofilme dental e inflamação gengival em
20

indivíduos que fazem tratamento ortodôntico, sendo a CHX em concentrações


de 0,2% e 0,12% (Aramani et al., 2022). Segundo Chen et al (2022), a saúde bucal
de pessoas com higiene precária apresentou significativa melhora após o uso da
mesma.

Segundo a pesquisa de Reis et al (2022) a CHX diminuiu a KPC e as taxas


de mortalidade do grupo de intervenção, demonstrando, dessa forma, um efeito
positivo em UTI. Por outro lado, ela causa mudanças na microbiota da saliva,
aumentando microrganismos como firmicutes, proteobacteria e a diminuição de
Bacteroidetes e Fusobactérias, devido a uma queda no PH salivar acompanhada por
aumento nos níveis de lactato salivar, glicose, além de menores concentrações de
nitrato no plasma, seguido de uma tendência a aumento da pressão sistólica
(Bescos et al., 2020). Além disso, ela está associada a um aumento nos níveis de
mortalidade, podendo ter relação com bactérias redutoras de nitrato devido às suas
consequências para microbiota bucal (Liu et al., 2023).
21

5. CONCLUSÃO

Portanto, nota-se, a partir da revisão de literatura, que a CHX é utilizada no


combate e prevenção de diversas patologias. No entanto, efeitos colaterais,
alterações na microbiota bucal acontecem a partir da sua utilização que pode variar
na concentração dependendo do objetivo a ser alcançado. Seu uso deve ser mais
estudado e aperfeiçoado, buscando entender melhor a sua eficácia em
determinadas patologias e seus efeitos na saúde sistêmica do indivíduo.
22

REFERÊNCIAS

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Orthodontic Patients: A Systematic Review and Meta-Analysis. Oral Health and
Preventive Dentistry. v, 20, n.1, p. 279-294, abr. 2022.

LIU, T, et al. Short-term effects of Chlorhexidine mouthwash and Listerine on


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on the microbial fora of critically ill intubated patients: a randomized controlled pilot
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venous catheterrelated complications: a systematic review and meta-analysis. BMC
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