Estarão as prisões obsoletas - Kauã Brandão

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Kauã Brandão Cardoso/T5

Análise do Sistema Prisional Brasileiro

O sistema prisional brasileiro enfrenta desafios estruturais profundos, como a


superlotação, a violência, e a ausência de políticas eficazes de reintegração. Segundo
o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (2023), o Brasil possui uma
das maiores populações carcerárias do mundo, com mais de 820 mil pessoas
encarceradas, sendo que cerca de 30% delas aguardam julgamento. A maior parte dos
presos pertence a grupos socialmente vulneráveis, como pessoas negras e de baixa
renda, evidenciando um sistema que reforça desigualdades estruturais.

Além disso, o encarceramento em massa não reduz a criminalidade. Dados do Fórum


Brasileiro de Segurança Pública mostram que o índice de reincidência no Brasil
ultrapassa 40%, indicando a falência do sistema em reabilitar os presos e em abordar as
causas profundas da violência.

Angela Davis: Reflexões e Críticas ao Sistema Prisional

Nos capítulos selecionados de “Estarão as prisões obsoletas?”, Angela Davis critica o


sistema prisional como um instrumento de opressão que perpetua desigualdades raciais,
sociais e econômicas. Ela argumenta que as prisões não solucionam problemas
estruturais, como pobreza e racismo, mas servem para silenciar e marginalizar
comunidades vulneráveis.

Davis propõe uma perspectiva abolicionista, que questiona a própria existência das
prisões e aponta para a necessidade de alternativas que promovam justiça restaurativa,
educação, e políticas de bem-estar social. Segundo a autora, o sistema prisional é uma
extensão do legado colonial e escravocrata, funcionando mais como um mecanismo de
controle social do que como uma solução para a criminalidade.

Proposta para o Sistema Prisional Brasileiro

Com base nas reflexões de Angela Davis, uma proposta para o Brasil deve envolver
reformas estruturais e a criação de alternativas ao encarceramento, como:

1. Justiça Restaurativa: Promover a reparação dos danos causados às vítimas e


reintegrar os infratores à sociedade.
2. Redução do Encarceramento em Massa: Priorizar penas alternativas, como
trabalhos comunitários e uso de tornozeleiras eletrônicas, especialmente para
crimes não violentos.
3. Educação e Capacitação: Investir na formação educacional e profissional dentro
e fora das prisões, oferecendo melhores perspectivas aos egressos.
4. Desmilitarização e Prevenção: Fortalecer políticas públicas que combatam as
causas da criminalidade, como a desigualdade social, o racismo estrutural e a
precariedade nos serviços públicos.
5. Abolicionismo Gradual: Reavaliar a função das prisões, substituindo-as por
soluções que promovam a dignidade e a justiça social.

Conclusão

O sistema prisional brasileiro, como discutido por Angela Davis, não apenas reflete,
mas também amplifica as desigualdades da sociedade. Reformar esse sistema exige
coragem para desafiar paradigmas e criar uma sociedade verdadeiramente democrática,
onde a justiça seja sinônimo de equidade e não de punição desproporcional.

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