Trabalho Política Económica João de Sousa Kassinda
Trabalho Política Económica João de Sousa Kassinda
Trabalho Política Económica João de Sousa Kassinda
MESTRADO EM ECONOMIA
TEMA:
Luanda, 09 de Maio/2022.
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 4
Bibliografia ..................................................................................................................... 11
Resumo
Neste sentido, entende-se a política monetária de acordo com Soares (2010), como o conjunto
de decisões tomadas pelas autoridades monetárias, neste caso o Banco Central, tendo em vista
o controlo da massa monetária em circulação durante um determinado período de tempo. Essas
decisões podem enquadrar-se numa política monetária do tipo expansionista ou contracionista
respectivamente. A adopção de uma política monetária seja ela expansionista ou contracionista,
depende em grande parte dos objectivos pretendidos pelo Governo, sendo que a efectivação
deste será feita mediante a utilização dos instrumentos da política monetária e com base nos
mecanismos de transmissão com vista ao alcance dos objecivos da política económica em geral.
Entretanto, o estudo está estruturado em três tópicos, sendo que primeiramente faz alusão aos
conceitos genéricos sobre a política monetária, destacando a seus tipos. Seguidamente fala-se
dos instrumentos da política monetária e seus objetivos. Posteriormente aborda-se os
mecanismos de transmissão da política monetária a luz do quadro operacional para a política
monetária do BNA, em que estão inseridos os principais instrumentos e objectivos seguidos
pelo Banco Nacional de Angola. Logo, espera-se que com este estudo possamos dar uma maior
contribuição nos domínios do conhecimento científico sobre o funcionamento dos mecanismos
de transmissão a luz do quadro operacional para a política monetária do BNA.
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1.1. Generalidades da política monetária
A política monetária tal como vimos anteriormente, pode ser definida pelo conjunto de medidas
que o governo adopta com a finalidade de controlar a oferta de moeda e as taxas de juros, de
formas a assegurar o nível de liquidez ideal para a economia do país.
De acordo com Passos e Nogami (2012), a execução da política monetária, em última instância,
tem como objetivo, por meio do controlo da oferta de moeda, a elevação do nível de emprego,
a estabilidade dos preços, uma taxa de câmbio realista e uma adequada taxa de crescimento
económico.
Alinhado aos objetivos, estão os tipos de políticas que podem ser definidas tendo em conta a
manipulação dos instrumentos da política monetária. Por seu turno, para Soares (2010), existem
dois tipos de política monetária:
Esta política tem como principais medidas o seguinte: aumento das taxas de juro, da taxa de
desconto, das taxas reservas obrigatórias para limitar o acesso ao crédito e recurso ao open
market. E ainda, pode proceder-se a uma desvalorização da moeda. Com estas medidas, os
efeitos para economia são: a redução da procura, a desaceleração do crescimento da massa
monetária, consequentemente a actividade económica poderá entrar em recessão e o
desemprego aumentar.
Como se pode observar, a adopção de uma das políticas descritas acima, tem muito que ver
com os objetivos a que o governo pretende alcançar e como também com a situação a que se
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encontra o estado da economia do país. Logo, a definição de uma política, seja ela expansionista
ou retraccionista, impõe um conjunto de instrumentos, na medida em que os seus efeitos
traduzem os mecanismos de transmissão da política monetária definida.
Para intervir na oferta de moeda segundo (Fernandes, Pereira, Bento, Madaleno & Robaina,
2019), o Banco Central, utiliza os seguintes instrumentos de política monetária:
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frequência esta taxa. Ao aumentar a taxa de reservas obrigatórias as outras instituições
monetárias têm de entregar montantes superiores dos seus depósitos ao Banco Central
o que reduzirá a quantidade de moeda disponível.
Neste sentido, para a implementação da Política Monetária, o Banco Nacional de Angola faz
uso dos seguintes instrumentos: a) Reservas Obrigatórias; b) Facilidades Permanentes de
Cedência e Absorção de Liquidez; c) Operações de Mercado Aberto.
Estes instrumentos distinguem-se pelo seu tipo (entre instrumentos passivos sujeitos a
condições pré-estabelecidas e instrumentos activos que requerem a intervenção do Banco
Central), pela sua função e pelo horizonte ao qual é expectável que produzam os seus efeitos,
tal como se observa na tabela nº 2.
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Os autores Fernandes, Pereira, Bento, Madaleno & Robaina (2019), consideram como exemplo
o seguinte mecanismos de transmissão monetária, cujo objectivo é diminuir a inflação de uma
economia, para tal são percorridas as seguintes fases:
Para iniciar o processo, o Banco Central pode tomar medidas para influenciar as
reservas bancárias, por exemplo aumentando a taxa de reservas obrigatórias ou legais.
Cada impacto sobre as reservas bancárias produz uma contração múltipla dos
despósitos, e desse modo, reduz a ofoerta de moeda.
Com a redução da oferta de moeda aumenta a taxa de juro e restringe as condições de
crédito à economia real.
Com taxas de juro mais elevadas e menor riqueza, a despesa sensível ao juro –
especialmente o investimento – tenderá a diminuir.
Finalmente, a pressão da restrição de moeda, ao reduzir a procura agragada, reduzirá o
rendimento, produto, o emprego e a inflação.
Nesta óptica de ideias, os mecanismos de transmissão monetária interligam as decisões de
política monetária aos objectivos da política económica no seu todo. Dada a situação, uma
decisão de política monetária expansionista ou retraccionista, terá efeitos, a curto, médio e
longo prazo, no produto, rendimento, emprego e inflação, provocando reduções ou expansões
conforme o objectivo da política definida, logo, é nesta perspectiva que se inserem os
mecanismos de transmissão da política monetária.
De acordo com o BNA (2018), no regime de metas monetárias a variável operacional é a base
monetária e é através desta que o Banco Central procura afectar as taxas de juro, a procura
agregada e a oferta de moeda, medida através do crescimento do M2 (moeda em circulação
mais os depósitos à ordem mais os depósitos a prazo). A lógica subjacente é a de que o
crescimento do M2 é a componente endógena da inflação que o Banco Central melhor consegue
influenciar.
O que significa dizer que, com a manipulação do agregado monetário M2 o BNA na definição
da política monetária, pode influenciar a taxa de juro de formas a causar efeitos na procura
agregada, no produto, no emprego e na inflação.
Conclui-se que de acordo com o quadro operacional para a política monetária, o BNA para
garantir a estabilidade de preços procede a uma análise económica, mediante a antecipação dos
choques, o acompanhamento da actividade económica e a monitorização permanente dos
agregados monetários. Para proceder a análise económica, utiliza os seus instrumentos de
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política monetária, através do controlo das variáveis operacionais nomeadamente: o controlo
do crescimento da base monetária, o controlo do crescimento de M2 e o controlo dos níveis de
liquidez no sistema bancário. Com base no controlo das variáveis operacionais, o BNA acciona
os mecanismos de transmissão monetária segundo os quais, os níveis de liquidez afectam o
custo de financiamento dos bancos, o que por sua vez afecta a concessão de crédito,
influenciando o investimento e o consumo, com o objectivo de garantir a estabilidade de preços,
definida como uma meta de inflação a médio e longo prazo inferior a um dígito
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Considerações finais
O Banco Central no desempenho das suas funções, pode definir o tipo de política que melhor
se ajusta ao contexto e que de certo modo, responde aos objectivos estabelecidos, esta política
pode ser expansionista ou retraccionista respectivamente. Neste caso, ao definir o tipo de
política, o Banco Central se apega aos instrumentos da política monetária, procurando garantir
o cumprimento dos objectivos da política económica.
Neste sentido, o Banco Nacional de Angola para definir os objetivos da política monetária,
utiliza como instrumentos: as Reservas Obrigatórias; as Facilidades Permanentes de Cedência
e Absorção de Liquidez (através da taxa LUIBOR overnight) e as Operações de Mercado
Aberto, emanados no quadro operacional para a política monetária do BNA. Logo, em função
das decisões de política monetária, sejam elas do tipo expansionista ou retraccionista, o BNA
exerce influência sobre os principais indicadores macroeconómicos, nomeadamente: o produto,
o emprego, os preços e a inflação, configurando assim um mecanismo da transmissão monetária
para a economia real.
Contudo, pode-se afirmar que na definição da sua política, o BNA pode causar variações nos
indicadores macroeconómicos mediante os mecanismos de transmissão da política monetária,
na medida em que o mercado monetário exerce grande influência sobre a economia real, ou
mesmo sobre o mercado de bens e serviços.
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Bibliografia
Costa, F. N. (2010). Economia Monetária e Financeira: Uma abordagem pluralista. São Paulo:
UESP.
Fernandes, A., Pereira, E., Bento, J. P., Madaleno, M., & Robaina, M. (2019). Introdução à
Economia. Lisboa: Sílabo.
Passos, C. R., & Nogami, O. (2012). Princípios de Economia. São Paulo: CENGAGE Learning.
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