Trabalho Política Económica João de Sousa Kassinda

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UNIVERSIDADE LUSÍADA DE ANGOLA

CENTRO DE ESTUDOS, INVESTIGAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ECONOMIA

TEMA:

MECANISMOS DE TRANSMISSÃO MONETÁRIA A LUZ DO QUADRO


OPERACIONAL PARA A POLÍTICA MONETÁRIA BANCO NACIONAL DE
ANGOLA

MÓDULO: POLÍTICA ECONÓMICA

Elaborado por: João de Sousa Kassinda joaodesousa1027@gmail.com

Docente: PhD. Laurinda Hoygaard.

Luanda, 09 de Maio/2022.
Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4

1.1. Generalidades da política monetária ......................................................................... 5

1.2. Instrumentos da política monetária e seus objetivos ................................................. 6

1.3. Mecanismos de transmissão da política monetária ................................................... 7

Considerações finais ....................................................................................................... 10

Bibliografia ..................................................................................................................... 11
Resumo

Ao descrever os mecanismos de transmissão monetária a luz do quadro operacional para a


política monetária Banco Nacional de Angola, este estudo primeiramente introduziu uma
panorâmica geral sobre o conceito de política monetária, por meio do qual percebe-se que para
efectuar o controlo da oferta de moeda é necessário a definição dos objetivos da política
monetária, sendo que o controlo da moeda em circulação é feito em função dos tipos de políticas
monetárias e os seus instrumentos de sua actuação. Ao definir a política monetária torna-se
importante levar em consideração os seus efeitos sobre as variações no produto, no emprego e
na taxa de inflação. Finalmente, o estudo apresenta de forma ilustrativa a forma pela qual as
decisões de política monetária exercem enorme influência sobre a economia com base nos
mecanismos de transmissão monetária.

Palavras-Chave: Mecanismos; Transmissão; Monetária; Instrumentos; Política; BNA.


Introdução
O presente estudo tem por objectivo descrever os mecanismos de transmissão a luz do quadro
operacional para a política monetária Banco Nacional de Angola (BNA), com base num estudo
descritivo e bibliográfico, o estudo procurou de forma genérica abordar a política monetária,
seus instrumentos aliando-se aos seus objectivos e mecanismos de transmissão das decisões de
política monetária para a economia real, como forma de afectar o produto, o emprego e a taxa
de inflação.

Neste sentido, entende-se a política monetária de acordo com Soares (2010), como o conjunto
de decisões tomadas pelas autoridades monetárias, neste caso o Banco Central, tendo em vista
o controlo da massa monetária em circulação durante um determinado período de tempo. Essas
decisões podem enquadrar-se numa política monetária do tipo expansionista ou contracionista
respectivamente. A adopção de uma política monetária seja ela expansionista ou contracionista,
depende em grande parte dos objectivos pretendidos pelo Governo, sendo que a efectivação
deste será feita mediante a utilização dos instrumentos da política monetária e com base nos
mecanismos de transmissão com vista ao alcance dos objecivos da política económica em geral.

Entretanto, o estudo está estruturado em três tópicos, sendo que primeiramente faz alusão aos
conceitos genéricos sobre a política monetária, destacando a seus tipos. Seguidamente fala-se
dos instrumentos da política monetária e seus objetivos. Posteriormente aborda-se os
mecanismos de transmissão da política monetária a luz do quadro operacional para a política
monetária do BNA, em que estão inseridos os principais instrumentos e objectivos seguidos
pelo Banco Nacional de Angola. Logo, espera-se que com este estudo possamos dar uma maior
contribuição nos domínios do conhecimento científico sobre o funcionamento dos mecanismos
de transmissão a luz do quadro operacional para a política monetária do BNA.

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1.1. Generalidades da política monetária
A política monetária tal como vimos anteriormente, pode ser definida pelo conjunto de medidas
que o governo adopta com a finalidade de controlar a oferta de moeda e as taxas de juros, de
formas a assegurar o nível de liquidez ideal para a economia do país.

De acordo com Passos e Nogami (2012), a execução da política monetária, em última instância,
tem como objetivo, por meio do controlo da oferta de moeda, a elevação do nível de emprego,
a estabilidade dos preços, uma taxa de câmbio realista e uma adequada taxa de crescimento
económico.

Alinhado aos objetivos, estão os tipos de políticas que podem ser definidas tendo em conta a
manipulação dos instrumentos da política monetária. Por seu turno, para Soares (2010), existem
dois tipos de política monetária:

(i) Política monetária retraccionista, cuja finalidade consiste em combater a inflação,


utilizando os seguintes instrumentos: taxa de juro, crédito, taxas das reservas
obrigatórias e operações de mercado aberto (open market).

Esta política tem como principais medidas o seguinte: aumento das taxas de juro, da taxa de
desconto, das taxas reservas obrigatórias para limitar o acesso ao crédito e recurso ao open
market. E ainda, pode proceder-se a uma desvalorização da moeda. Com estas medidas, os
efeitos para economia são: a redução da procura, a desaceleração do crescimento da massa
monetária, consequentemente a actividade económica poderá entrar em recessão e o
desemprego aumentar.

(ii) Política monetária expansionista, ao contrário da anterior, tem como finalidade de


combater o desemprego e promover o crescimento económico, com base nos
instrumentos anteriormente ilustrados.

A política monetária expansionista procura adoptar as seguintes medidas: redução da taxa de


juro, da taxa de redesconto e da taxa de reservas obrigatórias e, ainda, valorizar a moeda, com
vista a gerar aumento na procura interna e gerar crescimento económico, mas pode provocar
tensões inflacionistas e agravar o défice comercial, na medida em que um aumento da procura
interna poderá induzir à uma subida dos preços e a valorização da moeda, o que vai induzir em
um aumento das importações.

Como se pode observar, a adopção de uma das políticas descritas acima, tem muito que ver
com os objetivos a que o governo pretende alcançar e como também com a situação a que se
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encontra o estado da economia do país. Logo, a definição de uma política, seja ela expansionista
ou retraccionista, impõe um conjunto de instrumentos, na medida em que os seus efeitos
traduzem os mecanismos de transmissão da política monetária definida.

1.2. Instrumentos da política monetária e seus objectivos


Para que as autoridades monetárias possam executar a política monetária, elas se apegam de
instrumentos para influenciar a oferta de moeda e regular a taxa de juro na economia. As
autoridades não têm condições de interferir directamente no quotidiano dos agentes
económicos, por exemplo, para aumentar o nível de consumo. Dessa forma, por meio da acção
sobre as reservas bancárias e das taxas de juros, indirectamente induzem o público a alterar os
seus gastos (Passos & Nogami, 2012).

Para intervir na oferta de moeda segundo (Fernandes, Pereira, Bento, Madaleno & Robaina,
2019), o Banco Central, utiliza os seguintes instrumentos de política monetária:

1. As Operações de Mercado Aberto, consistem na compra e venda de títulos por parte


do Banco Central. Neste caso, se objectivo do Banco Central for reduzir a oferta de
moeda (por achar excessiva), pode retirar liquidez em circulação vendendo títulos
públicos (entrega papel e recolhe moeda) ou de outros agentes que detém nos seus
activos, recolhendo o dinheiro aos seus cofres ou diminuindo os depósitos das outras
instituições monetárias (bancos comerciais). De forma análoga, se o objectivo for
aumentar a oferta de moeda (por achar escassa), o Banco Central irá comprar títulos
(entrega moeda e recolhe papel). Este instrumento é um instrumento que actua com
efeitos no curto prazo.
2. A política de Redesconto, através da taxa de redesconto ou taxa de refinanciamento,
que consiste na taxa cobrada aos bancos comerciais quando estes recorrem a
refinanciamento junto do Banco Central contra a entrega de títulos, pagando um juro
(taxa de redesconto) por esse financiamento do Banco Central. Quando há excesso de
oferta de moeda, o Banco Central aumenta a taxa de redesconto de modo a limitar os
bancos comerciais na solicitação de liquidez, pois o empréstimo se torna mais caro.
3. Taxa de reservas obrigatórias, consiste no facto de que, se o Banco Central pretende
aumentar a oferta de moeda, irá diminuir a taxa da reserva obrigatória ou legal e o
multiplicador de crédito juntamente com o multiplicador monetário irão aumentar,
refletindo-se num aumento da oferta de moeda. As taxas de reservas obrigatórias são
consideradas uma variável de longo prazo, pois o Banco Central não altera com

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frequência esta taxa. Ao aumentar a taxa de reservas obrigatórias as outras instituições
monetárias têm de entregar montantes superiores dos seus depósitos ao Banco Central
o que reduzirá a quantidade de moeda disponível.

Neste sentido, para a implementação da Política Monetária, o Banco Nacional de Angola faz
uso dos seguintes instrumentos: a) Reservas Obrigatórias; b) Facilidades Permanentes de
Cedência e Absorção de Liquidez; c) Operações de Mercado Aberto.

Estes instrumentos distinguem-se pelo seu tipo (entre instrumentos passivos sujeitos a
condições pré-estabelecidas e instrumentos activos que requerem a intervenção do Banco
Central), pela sua função e pelo horizonte ao qual é expectável que produzam os seus efeitos,
tal como se observa na tabela nº 2.

Tabela 2: Descrição das funções dos instrumentos

Tipo de Horizonte temporal do


Instrumentos Função
instrumento impacto
Define o limite mínimo de Longo prazo:
servas de moeda que os As alterações a este
Reservas
Passivo bancos comerciais devem instrumento devem ser
Obrigatórias
manter no BNA. esporádicas, devido à sua
função estrutural.
Permitem aos bancosMédio prazo:
Facilidade comerciais obter liquidez em As alterações às taxas de
Permanentes caso de necessidade pontual juro demoram alguns meses
Passivo
(Cedência/Absorção ou depositar liquidezaté surtir efeito sobre a
de liquidez) excedentária no Banco economia real.
Central.
Permitem ao Banco Central Curto prazo:
Operações de fazer uma gestão fina da Estas operações destinam-se
Activo liquidez.
Mercado Aberto principalmente a corrigir
desequilíbrios no mercado.
Fonte: BNA, 2018.

1.3. Mecanismos de transmissão da política monetária


Um mecanismo de transmissão monetária constitui a via pela qual as variações da oferta de
moeda são traduzidas em variações do produto, do emprego, dos preços e da inflação. Isto é, a
forma como as decisões de política monetária afectam a economia real, traduz os mecanismos
de transmissão monetária.

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Os autores Fernandes, Pereira, Bento, Madaleno & Robaina (2019), consideram como exemplo
o seguinte mecanismos de transmissão monetária, cujo objectivo é diminuir a inflação de uma
economia, para tal são percorridas as seguintes fases:

 Para iniciar o processo, o Banco Central pode tomar medidas para influenciar as
reservas bancárias, por exemplo aumentando a taxa de reservas obrigatórias ou legais.
 Cada impacto sobre as reservas bancárias produz uma contração múltipla dos
despósitos, e desse modo, reduz a ofoerta de moeda.
 Com a redução da oferta de moeda aumenta a taxa de juro e restringe as condições de
crédito à economia real.
 Com taxas de juro mais elevadas e menor riqueza, a despesa sensível ao juro –
especialmente o investimento – tenderá a diminuir.
 Finalmente, a pressão da restrição de moeda, ao reduzir a procura agragada, reduzirá o
rendimento, produto, o emprego e a inflação.
Nesta óptica de ideias, os mecanismos de transmissão monetária interligam as decisões de
política monetária aos objectivos da política económica no seu todo. Dada a situação, uma
decisão de política monetária expansionista ou retraccionista, terá efeitos, a curto, médio e
longo prazo, no produto, rendimento, emprego e inflação, provocando reduções ou expansões
conforme o objectivo da política definida, logo, é nesta perspectiva que se inserem os
mecanismos de transmissão da política monetária.

De acordo com o BNA (2018), no regime de metas monetárias a variável operacional é a base
monetária e é através desta que o Banco Central procura afectar as taxas de juro, a procura
agregada e a oferta de moeda, medida através do crescimento do M2 (moeda em circulação
mais os depósitos à ordem mais os depósitos a prazo). A lógica subjacente é a de que o
crescimento do M2 é a componente endógena da inflação que o Banco Central melhor consegue
influenciar.

O que significa dizer que, com a manipulação do agregado monetário M2 o BNA na definição
da política monetária, pode influenciar a taxa de juro de formas a causar efeitos na procura
agregada, no produto, no emprego e na inflação.

Conclui-se que de acordo com o quadro operacional para a política monetária, o BNA para
garantir a estabilidade de preços procede a uma análise económica, mediante a antecipação dos
choques, o acompanhamento da actividade económica e a monitorização permanente dos
agregados monetários. Para proceder a análise económica, utiliza os seus instrumentos de
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política monetária, através do controlo das variáveis operacionais nomeadamente: o controlo
do crescimento da base monetária, o controlo do crescimento de M2 e o controlo dos níveis de
liquidez no sistema bancário. Com base no controlo das variáveis operacionais, o BNA acciona
os mecanismos de transmissão monetária segundo os quais, os níveis de liquidez afectam o
custo de financiamento dos bancos, o que por sua vez afecta a concessão de crédito,
influenciando o investimento e o consumo, com o objectivo de garantir a estabilidade de preços,
definida como uma meta de inflação a médio e longo prazo inferior a um dígito

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Considerações finais

O estudo findo abordou os mecanismos de transmissão a luz do quadro operacional para a


política monetária do Banco Nacional de Angola, o qual levou ao conhecimento de que a
política monetária é um conjunto de medidas traduzidas em acções que o governo por meio das
autoridades monetárias, concretamente o Banco Central, exerce um controlo adequado da
quantidade de moeda em circulação durante um terminado período de tempo, com a finalidade
de garantir a estabilidade do nível geral preços (inflação), o crescimento do produto na
economia e variação taxa de câmbio cujo impacto é significativo para a estabilidade das contas
externas.

O Banco Central no desempenho das suas funções, pode definir o tipo de política que melhor
se ajusta ao contexto e que de certo modo, responde aos objectivos estabelecidos, esta política
pode ser expansionista ou retraccionista respectivamente. Neste caso, ao definir o tipo de
política, o Banco Central se apega aos instrumentos da política monetária, procurando garantir
o cumprimento dos objectivos da política económica.

Neste sentido, o Banco Nacional de Angola para definir os objetivos da política monetária,
utiliza como instrumentos: as Reservas Obrigatórias; as Facilidades Permanentes de Cedência
e Absorção de Liquidez (através da taxa LUIBOR overnight) e as Operações de Mercado
Aberto, emanados no quadro operacional para a política monetária do BNA. Logo, em função
das decisões de política monetária, sejam elas do tipo expansionista ou retraccionista, o BNA
exerce influência sobre os principais indicadores macroeconómicos, nomeadamente: o produto,
o emprego, os preços e a inflação, configurando assim um mecanismo da transmissão monetária
para a economia real.

Contudo, pode-se afirmar que na definição da sua política, o BNA pode causar variações nos
indicadores macroeconómicos mediante os mecanismos de transmissão da política monetária,
na medida em que o mercado monetário exerce grande influência sobre a economia real, ou
mesmo sobre o mercado de bens e serviços.

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Bibliografia

Banco Nacional de Angola. (2018). QUADRO OPERACIONAL PARA A POLÍTICA


MONETÁRIA. Comité de Política Monetária. Luanda: BNA. Acesso em 22 de Fevereiro
de 2022, disponível em http://www.bna.ao

Costa, F. N. (2010). Economia Monetária e Financeira: Uma abordagem pluralista. São Paulo:
UESP.

Fernandes, A., Pereira, E., Bento, J. P., Madaleno, M., & Robaina, M. (2019). Introdução à
Economia. Lisboa: Sílabo.

Passos, C. R., & Nogami, O. (2012). Princípios de Economia. São Paulo: CENGAGE Learning.

Soares, J. C. (2010). Dicionário de Economia. Lisboa: Plátano.

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