aula nº 2-1

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TEMA Nº 2- FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

 As Fontes do D.T são os instrumentos pelos quais as normas são estabelecidas, e expostas ao
conhecimento do público. Art.7 LGT

 Estas podem repartir-se em duas categorias fundamentais:

1- As Fontes internacionais: resultam do estabelecimento de relações internacionais, no âmbito de


organizações existentes ou fora dele.

2- As Fontes Internas: São o produto de mecanismos regulados pelo ordenamento jurídico interno de cada
país.

A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE ANGOLA

 Artigo 76º (Direito ao Trabalho): A lei fundamental define princípios enquadrantes ou


estruturantes do Direito do Trabalho e conforma alguns temas, como das organizações de
trabalhadores e dos conflitos colectivos.

 Os preceitos constitucionais com incidência no âmbito do Direito do Trabalho são abrangidos


pelo regime dos direitos, liberdades e garantias fundamentais (art.31º, 32ºnº1, 33º, 34º, 36º, 41º,
47º, 48º, 50º, 51º, 76º nº1, nº2, nº3b e 77ºnº1).

2- LEIS E OS SEUS REGULAMENTOS: São todas as normas jurídicas, criadas e emitidas pelos
órgãos do Estado dotados de competência originária para o efeito, o que inclui as leis ordinárias, os
decretos leis, os decretos regulamentares. As principais leis do trabalho:

a) Lei Geral do Trabalho (Lei 12/23)

b) Regime jurídico dos acidentes de trabalho e doenças profissionais (D 53/05)

c) Lei Sindical (Lei 21- D/92 de 28 de agosto).

d) A lei sobre o Direito de negociação colectiva (Lei 20-A/92 de 14 de Agosto)

e) Lei da greve (lei 23/91 de 15 de agosto)

3- O COSTUME: Corresponde a uma prática social reiterada, acompanhada da convicção da sua


obrigatoriedade. Esta não necessita de reconhecimento legal para produzir normas jurídicas. A
Constituição angolana reconhece a validade e força jurídica do costume que não seja contrário a
Constituição, nem atente contra a dignidade da pessoa humana (art7º).

4- CONTRATO DE TRABALHO: Acordo pelo qual uma pessoa singular se obriga a colocar a sua
capacidade manual ou intelectual à disposição de uma pessoa colectiva ou singular, dentro do âmbito da
organização e sob a direcção e autoridade deste, tendo como contrapartida uma remuneração.

4- USOS LABORAIS: Também constituem uma prática social reiterada, desacompanhada da convicção
de obrigatoriedade. Consiste na reiteração regular de comportamentos por parte do empregador, que por
não terem oposição dos trabalhadores, acabam por delimitar o modo de prestação de trabalho. A
semelhança do que sucede com o costume, só são aplicáveis no caso de falta de normas legais ou
convencionais ou por remissão destas.

De maneira indireta também podem ser fontes do Direito, as seguintes:

5- JURISPRUDÊNCIA LABORAL: A importância da produção jurisprudencial é muito grande, dado


que se trata de um ramo de Direito marcado por forte litigiosidade, onde por isso se torna importante
reconhecer as tendências jurisprudenciais.
6- DOUTRINA: Têm um papel auxiliar na descoberta do Direito.

FONTES COLECTIVAS (Instrumentos de regulamentação Colectiva de Trabalho (IRCT)

 Os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho são uma fonte de direito específica do


contrato de trabalho em funções públicas.

 Assim, as relações de trabalho constituídas por contrato são reguladas não apenas pela lei, mas
também pelos instrumentos de regulamentação colectiva que lhes sejam aplicáveis.

1- CONVENÇÕES COLECTIVAS DE TRABALHO

Consistem em acordos entre o empregador (es) e os membros do pessoal representados pelo sindicato ou
sindicatos representativos desse pessoal. Contêm habitualmente duas espécies de disposições: as
normativas, que dizem respeito à regulamentação das condições de trabalho nas empresas que lhe estão
submetidas, e as disposições criadoras de obrigações entre as partes signatárias.

As cláusulas dos contratos individuais de trabalho ou de emprego deverão ser conformes com as
disposições da convenção, portanto devem ser respeitadas (art 7º nº1d) O empregador pode conceder ao
trabalhador condições mais favoráveis do que as previstas na convenção, mais não pode descer do seu
nível.

2- ACORDO DE ADESÃO

Encontra-se regulado no art 31º da Lei de Negociação colectiva (LDNC) e corresponde a um acordo
celebrado com uma entidade que não foi parte na Convenção Colectiva ou decisão arbitral, mas que
pretende que lhe passe a ser aplicada.

Esta distingue-se da convenção colectiva pelo facto do conteúdo desta resultar da livre negociação das
partes, enquanto que na adesão as partes não são livres de negociar os seus efeitos, podendo apenas adotar
ou não um conteúdo que já resulta da convenção que pretende aderir.

3- Decisões de arbitragem voluntária

Previsto no art 25º LDNC, podendo ser voluntária quando ás partes decidem deferir à resolução por
árbitros determinados litígios laborais ou obrigatória quando é imposta às partes por decisão do
Ministério do Trabalho.

Na convenção colectiva o seu conteúdo resulta integramente da negociação das partes, enquanto na
arbitragem as partes, voluntariamente ou por imposição governamental, limitam-se a submeter a
resolução das questões dos árbitros, acatando o que resultar da sua decisão.

4- Regulamento de extensão

Encontra-se previsto nos art 30º e 32º LDNC. Constitui um regulamento administrativo que estende, total
ou parcialmente, o âmbito de aplicação de acordos colectivos de trabalho ou decisões arbitrais a
empregadores e trabalhadores por eles abrangidos. A competência para a emissão deste regulamento é do
Ministério do Trabalho, Administração Pública e Segurança Social.

FONTES EXTERNAS OU INTERNACIONAIS

GENERALIDADES

 O Direito do Trabalho tem igualmente fontes a nível internacional (Direito Internacional do


Trabalho). O fenómeno da globalização da economia permite facilmente as empresas mudarem a
sua actividade para outros países com uma regulamentação das condições de trabalho menos
garantístas. Por isso a nível internacional sujem instrumentos destinados a harmonizar as
condições de trabalho, estabelecendo garantias mínimas para os trabalhadores, que os diversos
países se comprometem a respeitar.

1- As Convenções Internacionais do Trabalho

São adoptadas pelas conferências internacionais do trabalho, só abrigam os Estados membros quando
hajam sido ratificadas por eles. Se os poderes legislativos e executivos de cada país, ratificam e
promulgam a lei, a convenção internacional fica incorporado no direito nacional e confunde-se com a
legislação do país, é a lei nacional que a ratifica.

2- As convenções da ONU

Entre elas:

a) A Declaração Universal dos Direitos do Homem: a Constituição angolana nos art 23º e 24º
comtempla disposições sobre direito do trabalho. São reconhecidos o direito ao trabalho, a liberdade de
escolha, existência de condições equitativas, igualdade salarial, remuneração equitativa e satisfatória,
liberdade sindical, direito ao repouso a aos lazeres, ferias pagas (art 23º DUDH). Direitamente aplicáveis
na ordem jurídica angolana (art 13º nº1 da Constituição)

b) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP): Contém igualmente algumas
disposições de natureza jurislaboral. Assim são proibidas a escravatura, a servidão, o trabalho forçado,
não proibindo o trabalho penitenciário, o serviço militar e o serviço cívico (art 8º PIDCP). É reconhecido
o a liberdade sindical e o direito a constituir sindicatos (art 22º PIDCP)

c) Pacto sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais: importante para a área jurislaboral, reconhece
o direito de todas as pessoas de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, proibição do trabalho
infantil, direito a segurança social, liberdade sindical e direito a greve, repouso, lazer e limitação razoável
do horário de trabalho, remuneração dos dias feriados etc (art10º PIDESC)

3- As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

 É uma organização tripartita, nela têm assunto representantes dos governos, das entidades
patronais, e dos trabalhadores dos vários países membros. Têm como objectivo preparar
convenções ou recomendações referentes aos diferentes problemas suscitados pelas relações de
trabalho, a fim de influenciar as legislações internas no sentido de melhorar os padrões existentes
nesse domínio. Assegura assistência técnica aos governos, e desenvolve amplas actividades de
pesquisa nos domínios económicos, social e técnicos das relações de trabalho. Ex. Pacto
Internacional sobre direitos económicos, sociais e culturais de 1966. Angola é Estado parte de
todas as convenções da OIT.

Hierarquia das Fontes do D.T

Lei
Constitucional
Convenções
internacionais do
Trabalho

Leis e os seus regulamentos

Convenções colectivas de Trabalho

Contrato de Trabalho

Usos e costumes locais, profissionais e de empresa


PRINCÍPIO DE MAIS FAVORÁVEL AO TRABALHADOR: Segue o princípio da hierarquia dos
actos normativos, mas em caso de conflitos entre disposições de varias fontes, prevalece a solução, que no
seu conjunto e em cômputo geral no que respeita às disposições quantificáveis, se mostrar mais favorável
ao trabalhador, salvo se as disposições de nível de nível superior forem imperativas (art 7º nº3 da LGT).

Os usos e costumes só são aplicáveis no caso de normas legais ou convencionais ou por remissão destas.

VERTENTES: O princípio de tratamento mas favorável ao trabalhador pode ser entendido nas seguintes
vertentes:

a) Hierarquia das normas: se admite apenas a derrogação das normas laborais por outras de
conteúdos mais favorável.

b) Interpretação: todas as normas laborais devem ser interpretadas no sentido mas favorável ao
trabalhador, ou em caso de dúvida, debe prevalecer esse sentido.

c) Prova: caso o tribunal tenha dúvidas em relação à prova produzida, deve decidir a matéria, no
sentido más favorável ao trabalhador.

APLICAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO NO TEMPO: As leis laborais são sujeitas aos critérios
que referem os art 12º e 13º do Código Civil. As normas laborais só dispõem para o futuro, não sendo
retroactivas. Abrangem apenas os factos futuros e não aqueles que ocorreram antes da sua vigência.

APLICAÇÃO NO ESPAÇO: Do devido a inexistência de normas específicas da LGT, ha que aplicar as


disposições do art 41 e 42º Código Civil. As regras que resultam são as seguintes:

a) O contrato de trabalho rege-se, pela lei que as partes tiverem escolhido ou houverem tido em
vista.

b) Na falta de escolha pelas partes da lei aplicável, o contrato de trabalho e regulado da maneira
seguinte:

1- pela lei da residência habitual comum das partes.

2- pela lei do lugar da celebração do contrato.

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