06. CICATRIZAÇÃO

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CICATRIZAÇÃO

História:
No mundo animal existe a Regeneração (estrela do mar, fígado, pele) e a cicatrização. A cicatrização (calo
ósseo, fibrose) é a manutenção da vida, mas possui benefícios e malefícios e variações de acordo com a
especialidade.

Classificação:
• Primeira intenção:
o Ajuda o organismo na cicatrização por meio da aproximação dos bordos da ferida
o Deve-se fazer limpeza com água corrente ou soro fisiológico (de preferência), e, em seguida,
a sutura com pontos separados
o No trauma, sempre há grau de contaminação e, se fechar com pontos contínuos, pode criar
um meio abafado de cultura e dificulta a drenagem de pus
• Segunda intenção:
o Tecido se cicatriza de baixo para cima e forma um tecido de granulação, até revitalizar
o Não estético
o Em um trauma em que não é possível fazer a cicatrização de primeira intenção (pois não há
aproximação de bordos), também deve-se fazer a limpeza e curativo úmido com óleo
o Pode-se fazer retalhos, enxertos ou implantes microcirúrgicos, mas não é muito indicado
• Terceira intenção:
o Iniciar com uma cicatrização de segunda intenção e associar com primeira intenção
o Há ferida contaminada por atraso de limpeza, com sinais flogísticos. Deve-se fazer a limpeza
e debridamento mecânico
o Pode-se fazer curativo aberto e deixar cicatrizar por segunda intenção ou tratar com
antibiótico e fazer curativos sem aproximar/fechar os bordos para evitar meio de cultura, ou
dar só um ponto no meio para alinhar a cicatrização

Fisiologia da cicatrização:
• Fase 1 (inflamatória):
o Ocorre 24-48h após o trauma
o Há lesão endotelial dos capilares, desencadeia a cascata de coagulação, rede de fibrina e
atração dos primeiros compostos celulares, que são as plaquetas, fazendo a cascata de
coagulação
o As plaquetas ajudam na contenção do sangramento e liberam PDGF, TGF A e TGF B, os
quais avisam os neutrófilos, que são o segundo grupo celular a chegar na lesão para fazer a
limpeza inicial e deixar a ferida asséptica
o As plaquetas continuam a liberar PDGF e os neutrófilos começam a atrair os macrógafos –
maestros da cicatrização (terceiro grupo celular), que são responsáveis pela fagocitose
o No momento em que o nível de macrófago começa a cair, inicia-se a fase proliferativa
o Pacientes imunossuprimidos possuem a fase 1 prolongada, com maior demora para
ocorrência da fase 2
• Fase 2 (proliferativa):
o Dura desde quando acaba a fase inflamatória até 2-3 semanas
o Quando os macrófagos começam a cair, há um sinal para os Fibroblastos chegarem (4º
grupo), os quais ajudam na formação do colágeno (principalmente I e III), além de
contribuírem para a angigênese e
o O RER do fibroblasto produz Hidroxi-aminoácido (os principais são prolina, glicina e licina). A
transformação de hidroxi-aminoácido para aminoácido é feita através da enzima
prolina/glicina/licina hidroxilase. Para a enzima funcionar, precisa de cobre, ferro, vitamina C
e oxigênio.
o Os aminoácidos se juntam em uma forma 3D e formam o colágeno, que se deposita no tecido
e forma o tecido de granulação. Nessa fase, a ferida começa a diminuir de tamanho pelo

Joana Pscheidt, 4ª fase, 2019.1 – UNOESC


depósito de miofibroblastos, que começam a aproximar os bordos, fazendo a retração da
ferida e início da fase 3

• Fase 3 (maturação):
o Inicia-se após 3 semanas do trauma e vai até cerca de 1 ano e meio.
o Reestruturação da cicatrização. Momento em que começa a ocorrer certos erros de
cicatrização
o Começa a ocorrer um equilíbrio entre depósito e degradação de colágeno. Quando há muita
degradação e pouco depósito, a cicatriz é fraca. Quando há pouca degradação e muito
depósito, a cicatriz se torna grossa
o Nessa fase, ocorre a formação de quelóides ou cicatriz hipertrófica – O quelóide é uma pele
mais espessa, dura e amarronzada e acontece quando há desvio de limite de corte . Essas cicatrizes
são evitadas pela diminuição da tensão e vários pontos,
porém, há os fatores genéticos, que favorecem para a
formação de quelóides e hipertróficas.
o O tratamento da cicatriz hipertrófica é diminuir a tensão
nas cirurgias, aplicação de corticóides no momento da
sutura, injeção de corticóide (triancinolona) após 3
semanas. O tratamento do quelóide é mais difícil,
precisando ser mais agressivo (ressecção cirúrgica),
aplicação de corticóide, pode até fazer radioterapia com
doses baixas de radiação.
o A cicatriz hipertrófica é rosada, acontece mais
precocemente e segue as linhas de incisão e é fácil de tratar (reversível). O quelóide não
segue as linhas de incisão, é mais amarronzada, mais endurecido, acontece mais tardiamente
e é mais difícil de tratar.

Fatores que interferem no processo de cicatrização:


• Tabaco (menos oxigênio circulante, perdendo a capacidade de conversão de hidroxi-aminoácido
para aminoácido)
• DPOC
• Aterosclerose (dificuldade de chegada das células, vasos enrijecidos)
• Desnutrição (sem vitamina C, sem ferro, sem proteínas, sem aminoácidos, sem cobre, atrapalhando
a fase proliferativa)
• Diabetes (atenuação da inflamação, má vascularização, glicosilação de proteínas que forma
aminoácidos frágeis, levando muito mais de 48h para completar a fase inflamatória)
• Corticóides (imunossupressor que retarda a fase inflamatória e atrapalha na fase de depósito, que
faz degradação muito maior)
• Corpo estranho (não colocar folha de eucalipito, babosa e etc)
• Infecção.
Joana Pscheidt, 4ª fase, 2019.1 – UNOESC

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