03. LAPAROTOMIA

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LAPAROTOMIA

Laparotomia é a abertura cirúrgica da cavidade abdominal, também chamada de celiotomia.

História:
É praticada desde a antiguidade, mas após a Segunda Guerra Mundial, houve melhora das práticas
anestésicas, drogas curarizantes, intubação endotraqueal. Esses avanços ofereceram conforto para o
paciente e para o cirurgião. Os conhecimentos de anatomia, fisiologia, cicatrização e materiais de síntese
evoluíram, com redução da frequência e da gravidade das complicações pós-operatórias.
Em 1988, com o avanço da tecnologia, iniciou-se a Laparoscopia (mini incisões com mínimo trauma
para o paciente). Um cirurgião completo é aquele que está adestrado com ambas as técnicas.

Princípios fundamentais:
• A incisão deve propiciar uma visão correta do campo operatório (visão da estrutura fundamental)
• A laparotomia precisa permitir a reconstituição mais fisiológica e natural possível
• O cirurgião deve ter conhecimento morfo-funcional da parede abdominal
• Deve-se ter o controle rígido da hemostasia, fechamento respeitando os planos, fios adequados,
cuidados de assepsia e antissepsia

Indicações:
• Obter vias de acessos a órgãos intra abdominais
• Drenagem de coleções líquidas
• Para diagnóstico (laparotomia exploradora)

Revisão – Anatomia:
A parede abdominal é composta por pele, subcutâneo, fáscia superficial de Camper e fáscia profunda de
Scarpa, aponeuroses, músculo reto abdominal, músculo oblíquo interno, músculo oblíquo externo, músculo
transverso, fáscia transversalis, peritônio, irrigação sanguínea (epigástricas superior e inferior) e inervação
(ramo das raízes nervosas dorsais).
As incisões transversas são menos dolorosas do que as longitudinais devido ao posicionamento dos nervos,
assim como as laterais tem mais nervos do que o meio do abdômen, então as incisões centrais doem menos.

Classificação:
1. Longitudinais:
a. Mediana: Permite a realização de qualquer cirurgia intra abdominal (incisão universal) e pode
estender-se do apêndice xifóide até a sínfise púbica.
▪ Supra-umbilical: Do apêndice xifóide até o umbigo
▪ Infla-umbilical: Do umbigo até a sínfise púbica
▪ Combinada (xifopúbica): Do processo xifóide até a sínfise púbica
▪ Trans-umbilical

Joana Pscheidt, 4ª fase, 2019.1 – UNOESC


b. Paramediana: Lateralmente à linha mediana
▪ Pararretal interna (Lennander)
▪ Transrretal: No meio do músculo reto abdominal
▪ Pararretal externa (Jalaguier): Segue a linha de projeção da borda externa do músculo
reto abdominal. Casos de apendicite

2. Transversais: Mais estética e menos dolorosa, apesar de sangrar mais


a. Supra-umbilical
▪ Parcial (Sprengel): Vias biliares
▪ Total: Ao invés de fazer a xifopúbica, no bebe faz-se a transversal total, já que p bebe
é mais largo do que comprido
b. Infra-umbilical
▪ Parcial (Pfannestiel/suprapúbica): Parto
▪ Parcial (Rocky-Davis): Ao lado, para apendicite
▪ Total (Gurd)

Joana Pscheidt, 4ª fase, 2019.1 – UNOESC


3. Oblíquas:
a. Subcostal (Kocher/Pribram): Paralela ao rebordo costal. Para esplenectomia, colecistectomia
b. Estrelada infra-umbilical (McBurney) ***: Apendicectomia. O ponto de McBurney é a união do
terço lateral com os dois terços mediais da linha que vai da EIAS à cicatriz umbilical; a
abertura dos planos musculares é feita em direções que se cruza.

4. Toraco-laparotomia: É a abertura das cavidades torácica e abdominal


simultaneamente, com secção do rebordo costal-condral e incisão do
diafragma. Utilizada para:
a. Tumores de esôfago, cárdia e estômago: Esquerda
b. Fígado, hilo hepático, veia porta e veia cava: Direita

5. Toraco-freno-laparotomias: Acesso ao abdome através de toracotomia e abertura do diafragma;


empregada só no lado esquerdo

6. Incisões combinadas: Associam direções verticais, oblíquas e


transversais. Pouco utilizadas na prática

A incisão ideal é aquela que:


• Permite acesso rápido e fácil à cavidade abdominal
• Permite boa amplitude de movimentos por parte do cirurgião
• Reconstituição perfeita da parede sob o aspecto anatômico, funcional e estético
• Permite ampliação, se necessária
• Gere mínimo trauma

Vantagens e desvantagens:
Longitudinais:
• Pontos positivos: Rápidas, universais, inestéticas
• Pontos negativos: Menor resistência (apenas um plano de sutura)
Transversais:
• Pontos positivos: Estéticas (vão no mesmo sentido das linhas da pele), maior resistência (vários
planos de sutura, fecha a aponeurose em mais de um plano), respeitam a inervação da parede
• Pontos negativos: Demoradas, exposição relativamente limitada, maior sangramento (irrigação é
longitudinal)
O que fecha a parede abdominal é a aponeurose!
Quanto mais perto do órgão, mais rapidamente ele será atingido; A incisão mediana é a preferida pelos
cirurgiões pelo acesso mais rápido e menor risco de hemorragia. Porém, a linha mediana supra-umbilical

Joana Pscheidt, 4ª fase, 2019.1 – UNOESC


oferece más condições para cicatrização; A incisão transversa é menos dolorosa pela menor tensão e possui
melhor estética da cicatriz; A oblíqua sacrifica músculos ou nervos.

Deiscência da parede abdominal:


Complicação comum. Afastamento total ou parcial de um ou todos os planos suturados causada por um
desequilíbrio entre a resistência da sutura e a força a que é submetida. Ocorre entre o 6º e 11º dia de pós
operatório e pode ocorrer por múltiplos fatores (Metabólicos, Bioquímicos, Farmacológicos, Endócrinos,
Mecânicos, Técnicos)
Pode ser por:
• Evisceração: Exteriorização do conteúdo abdominal
• Eventração: Deiscência só da aponeurose. Após ser recoberta por pele, torna-se uma hérnia
incisional

Normas básicas para evitar complicações:


• Cuidados de assepsia e antissepsia
• A incisão deve ser precisa e executada com segurança e tamanho adequado
• Respeitar a anatomia e fisiologia
• Fazer abertura por planos
• Hemostasia cuidadosa
• Tratar os tecidos com delicadeza
• Não apertar demasiadamente os pontos (distância não mais que 1cm e não menos que 0,5cm)
• Reconstrução anatômica por planos
• A síntese da aponeurose precisa ser com o fio adequado para a tensão da parede
• Evitar espaços mortos (hematomas e seromas)
• Não drenar pela incisão

Relapatomia:
Às vezes, o cirurgião precisa fazer a reabertura da cavidade abdominal.
• Relaparotomia precoce: Horas depois
• Relaparotomia retardada: Dias depois
• Relaparotomia tardia: Após a completa cicatrização – Fibrose, aderências
• Relaparotomia programada: Pacientes cujos problemas não foram corrigidos na primeira cirurgia, aí
se faz uma peritoneostomia nas bordas da região da barriga aberta para depois voltar ao C.C. –
Sepse ou traumatismo abdominal grave

Joana Pscheidt, 4ª fase, 2019.1 – UNOESC

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