Figuras de Linguagem 5
Figuras de Linguagem 5
Figuras de Linguagem 5
Roteiro de Estudos
DATA: 08 / 01
14. Ironia é dizer o oposto daquilo que se quer dizer (Ex.: Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; (...) ).
15. Eufemismo é a suavização de uma expressão que poderia ser agressiva ou constrangedora (Ex.: Maria foi para o céu.).
16. Alegoria é uma (ou mais) metáfora visual (Ex.: A estátua da Dama da Justiça no direito).
17. Gradação é uma enumeração em escala crescente ou decrescente (Ex.: A criança resmungava, chorava, gritava, berrava.).
Figuras sonoras:
25. Onomatopeia é a criação de palavras com base no som (Ex.: O sapo coaxa.).
26. Aliteração é a repetição de sons consonantais (Ex.: “A brisa do Brasil beija a balança.”).
27. Assonância é a repetição de sons vocálicos (Ex.: “(…) Sou um mulato nato / No sentido lato / Mulato democrático do litoral (…)”)
QUESTÕES ENEM
1. (Enem 2022)
PALAVRA – As gramáticas classificam as palavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção, prono - me,
numeral, artigo e preposição. Os poetas classificam as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas, e para
brincar com elas é preciso ter intimidade primeiro. É a alma da palavra que define, explica, ofende ou elogia, se coloca
entre o significante e o significado para dizer o que quer, dar sentimento às coisas, fazer sentido. A palavra nuvem
chove. A palavra triste chora. A palavra sono dorme. A palavra tempo passa. A palavra fogo queima. A palavra faca
corta. A palavra carro corre. A palavra “palavra” diz. O que quer. E nunca desdiz depois. As palavras têm corpo e alma,
mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que querem, está dito, e pronto.
FALCÃO, A. Pequeno dicionário de palavras ao vento. São Paulo: Salamandra, 2013 (adaptado).
Esse texto, que simula um verbete para a palavra “palavra”, constitui-se como um poema porque
a) tematiza o fazer poético, como em “Os poetas classificam as palavras pela alma”.
b) utiliza o recurso expressivo da metáfora, como em “As palavras têm corpo e alma”.
c) valoriza a gramática da língua, como em “substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção”.
d) estabelece comparações, como em “As palavras têm corpo e alma, mas são diferentes das pessoas”.
e) apresenta informações pertinentes acerca do conceito de “palavras”, como em “As gramáticas classificam as palavras”.
2. (Enem 2021)
O pavão vermelho
Ora, a alegria, este pavão vermelho, É o próprio doge a se mirar no espelho.
está morando em meu quintal agora. E a cor vermelha chega a ser sonora
Vem pousar como um sol em meu joelho neste pavão pomposo e de chavelho.
quando é estridente em meu quintal a aurora.
Pavões lilases possuí outrora.
Clarim de lacre, este pavão vermelho Depois que amei este pavão vermelho,
sobrepuja os pavões que estão lá fora. os meus outros pavões foram-se embora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.
COSTA, S. Poesia completa: Sosígenes Costa. Salvador: Conselho Estadual de Cultura. 2001.
Na construção do soneto, as cores representam um recurso poético que configura uma imagem com a qual o eu lírico
a) revela a intenção de isolar-se em seu espaço.
b) simboliza a beleza e o esplendor da natureza.
c) experimenta a fusão de percepções sensoriais.
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d) metaforiza a conquista de sua plena realização.
e) expressa uma visão de mundo mística e espiritualizada.
3. (Enem 2019)
A ciência do Homem-Aranha
Muitos dos superpoderes do querido Homem-Aranha de fato se assemelham às habilidades biológicas das aranhas
e são objeto de estudo para produção de novos materiais.
O “sentido-aranha” adquirido por Peter Parker funciona quase como um sexto sentido, uma espécie de habilidade
premonitória e, por isso, soa como um mero elemento ficcional. No entanto, as aranhas realmente têm um sentido mais
aguçado. Na verdade, elas têm um dos sistemas sensoriais mais impressionais da natureza.
Os pelos sensoriais das aranhas, que estão espalhados por todo o corpo, funcionam como uma forma muito boa
de perceber o mundo e captar informações do ambiente. Em muitas espécies, esse tato por meio dos pelos tem papel
mais importante que a própria visão, uma vez que muitas aranhas conseguem prender e atacar suas presas na
completa escuridão. E por que os pelos humanos não são tão eficientes como órgãos sensoriais como os das aranhas?
Primeiro, porque um ser humano tem em média 60 fios de pelo em cada 𝑐𝑚 do corpo, enquanto algumas espécies
de aranha podem chegar a ter 40 mil pelos por 𝑐𝑚 , segundo, porque cada pelo das aranhas possui até 3 nervos para
fazer a comunicação entre a sensação percebida e o cérebro, enquanto nós, seres humanos, temos apenas 1 nervo
por pelo.
Disponível em: http://cienciahoje.org.br. Acesso em; 11 dez. 2018. (adaptado).
Como estratégia de progressão do texto, o autor simula uma interlocução com o público leitor ao recorrer à
a) revelação do “sentido-aranha” adquirido pelo super-herói como um sexto sentido.
b) caracterização do afeto do público pelo super-herói marcado pela palavra “querido”.
c) comparação entre os poderes do super-herói e as habilidades biológicas das aranhas.
d) pergunta retórica na introdução das causas da eficiência do sistema sensorial das aranhas.
e) comprovação das diferenças entre a constituição física do homem e da aranha por meio de dados numéricos.
4. (Enem 2019)
Um amor desse
Era 24 horas lado a lado
Um radar na pele, aquele sentimento alucinado
Coração batia acelerado
Essa letra de canção foi composta especialmente para uma campanha de combate à violência contra as mulheres, buscando
conscientizá-las acerca do limite entre relacionamento amoroso e relacionamento abusivo. Para tanto, a estratégia
empregada na letra é a
a) revelação da submissão da mulher à situação de violência, que muitas vezes a leva à morte.
b) ênfase na necessidade de se ouvirem os apelas da mulher agredida, que continuamente pede socorro.
c) exploração de situação de duplo sentido, que mostra que atos de dominação e violência não configuram amor.
d) divulgação da importância de denunciar a violência doméstica, que atinge um grande número de mulheres no país.
e) naturalização de situações opressivas, que fazem parte da vida de mulheres que vivem em uma sociedade patriarcal.
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5. (Enem 2013)
A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação.
Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude
a) crítica, expressa pelas ironias.
b) resignada, expressa pelas enumerações.
c) indignada, expressa pelos discursos diretos.
d) agressiva, expressa pela contra-argumentação.
e) alienada, expressa pela negação da realidade.
6. (Enem 2013)
Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.
Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois
vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia,
que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto
é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.
RODRIGUES, S. “Sobre palavras”. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.
Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos.
Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O
fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:
a) “[…] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe […]”.
c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”
d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper […]”.
e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”
7. (Enem 2013)
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O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves.
Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque
a) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.
b) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.
c) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.
d) o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas.
e) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.
8. (Enem 2012)
Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um
pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
— Curou-se 100% de vício — comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava bêbado que nem um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr
do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa,
ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.
9. (Enem 2012)
O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da
ilustração, a frase proferida recorre à
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a ideia que pretende veicular.
b) ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da população rica.
d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família.
Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse
consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía
e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia
amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a
princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito
direito.
ASSIS, M. et al. Missa do galo: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: Summus, 1977 (fragmento).
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No fragmento desse conto de Machado de Assis, “ir ao teatro" significa "ir encontrar-se com o amante". O uso do eufemismo
como estratégia argumentativa significa
a) exagerar quanto ao desejo em “ir ao teatro”.
b) personificar a prontidão em "ir ao teatro".
c) esclarecer o valor denotativo de “ir ao teatro”.
d) reforçar compromisso com o casamento.
e) suavizar uma transgressão matrimonial.
Ao analisar as informações visuais e linguísticas dessa charge, entende-se que ela cumpre a função de
a) ironizar, de forma bem-humorada, o fracasso dos esforços governamentais no combate à pirataria.
b) denunciar, de forma preconceituosa, o comportamento dos vendedores de programas piratas.
c) divulgar, de forma revolucionária, os projetos governamentais para impedir a pirataria.
d) apoiar, de forma explícita, os movimentos populares de apoio ao combate à pirataria.
e) incentivar, de forma irônica, o comércio popular de programas de informática.
Texto I Texto II
No meio do caminho tinha uma pedra As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio:
tinha uma pedra no meio do caminho cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha,
tinha uma pedra de filha a neta, como vão passando as águas no tempo [...].
no meio do caminho tinha uma pedra A lavadeira e a pedra formam um ente especial, que se
[...] divide e se reúne ao sabor do trabalho. Se a mulher entoa
ANDRADE, C. D. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971 (fragmento). uma canção, percebe-se que a nova pedra a acompanha
em surdina...
[...]
ANDRADE, C. D. Contos sem propósito. Rio de Janeiro: Jornal do
Com base na leitura dos textos, é possível estabelecer uma relação entre forma e conteúdo da palavra “pedra”, por meio da
qual se observa
a) o emprego, em ambos os textos, do sentido conotativo da palavra “pedra”.
b) a identidade de significação, já que nos dois textos, “pedra” significa empecilho.
c) a personificação de “pedra” que, em ambos os textos, adquire características animadas.
d) o predomínio, no primeiro texto, do sentido denotativo de “pedra” como matéria mineral sólida e dura.
e) a utilização, no segundo texto, do significado de “pedra” como dificuldade materializada por um objeto.
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13. (Enem PPL 2019)
O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago
no campo. As pessôas mais velhas são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir matar os bichinhos
assustados – o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os macacos que fazem artes, o coelho que
mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú levanta as mãozinhas cruzadas, ele
não sabe – e os cachorros estão rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá. Tamanduá passeia
no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o
gemido deles campeando socôrro. Todo choro suplicando por socôrro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a
salve-rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-pé, indo a peitavento, cercaram o casal de
tamanduás, encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam dormindo. Os homens empurraram com
a vara de ferrão, com pancada bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho, quando
bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho.
ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da paisagem dos sertões mineiros. Nesse fragmento,
o narrador empresta à cena uma expressividade apoiada na
a) plasticidade de cores e sons dos elementos nativos.
b) dinâmica do ataque e da fuga na luta pela sobrevivência.
c) religiosidade na contemplação do sertanejo e de seus costumes.
d) correspondência entre práticas e tradições e a hostilidade do campo.
e) humanização da presa em contraste com o desdém e a ferocidade do homem.
O comportamento do público, em geral, parece indicar o seguinte: o texto da peça de teatro não basta em si mesmo,
não é uma obra de arte completa, pois ele só se realiza plenamente quando levado ao palco. Para quem pensa assim,
ler um texto dramático equivale a comer a massa do bolo antes de ele ir para o forno. Mas ele só fica pronto mesmo
depois que os atores deram vida àquelas emoções; que cenógrafos compuseram os espações, refletindo
externamente os conflitos internos dos envolvidos; que os figurinistas vestiram os corpos sofredores em movimento.
LACERDA, R. Leitores. Metáfora, n. 7, abr. 2012.
Em um texto argumentativo, podem-se encontrar diferentes estratégias para guiar o leitor por um raciocínio e chegar a
determinada conclusão. Para defender sua ideia a favor da incompletude do texto dramático fora do palco, o autor usa como
estratégia argumentativa a
a) comoção.
b) analogia.
c) identificação.
d) contextualização.
e) enumeração.
Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não
esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem
motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há giros estranhos, que não os deslocamentos normais do gado em
marcha — quando sempre alguns disputam a colocação na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam
levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando para
trás, no coice da procissão.
– Eh, boi lá!... Eh-ê-ê-eh, boi!... Tou! Tou! Tou...
As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa
embolada, com atritos de couros, estralos e guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de
chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
"Um boi preto, um boi pintado,
cada um tem sua cor.
Cada coração um jeito
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de mostrar seu amor".
Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito...
Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...
Próximo do homem e do sertão mineiros, Guimarães Rosa criou um estilo que ressignifica esses elementos. O fragmento
expressa a peculiaridade desse estilo narrativo, pois
a) demonstra a preocupação do narrador com a verossimilhança.
b) revela aspectos de confluência entre as vozes e os sons da natureza.
c) recorre à personificação dos animais como principal recurso estilístico.
d) produz um efeito de legitimidade atrelada à reprodução da linguagem regional.
e) expressa o fluir do rebanho e dos peões por meio de recursos sonoros e lexicais.
Um cachorro cor de carvão dorme no azul etéreo de uma rede de pesca enrolada sobre a grama da Praça Vinte e Um
de Abril. O sol bate na frente nos degraus cinzentos da escadaria que sobe a encosta do morro até a Igreja da Matriz.
A ladeira de paralelepípedos curta e íngreme ao lado da igreja passa por um galpão de barcos e por uma casa de
madeira pré-moldada. Acena para a velhinha marrom que toma sol na varanda sentada numa cadeira de praia colorida.
O vento nordeste salgado tumultua as árvores e as ondas. Nuvens esparramadas avançam em formação do mar para
o continente como um exército em transe. A ladeira faz uma curva à esquerda passando em frente a um predinho do
século dezoito com paredes brancas descascadas e janelas recém-pintadas de azul-cobalto.
GALERA, D. Barba ensopada de sangue. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.
A descrição, subjetiva ou objetiva, permite ao leitor visualizar o cenário onde uma ação se desenvolve e os personagens que
dela participam. O fragmento do romance caracteriza-se como uma descrição subjetiva porque
a) constrói sequências temporais pelo emprego de expressões adverbiais.
b) apresenta frases curtas, de ordem direta, com elementos enumerativos.
c) recorre a substantivos concretos para representar um ambiente estático.
d) cria uma ambiência própria por meio de nomes e verbos metaforizados.
e) prioriza construções oracionais de valor semântico de oposição.
Chegou de Montes Claros uma irmã da nora de tia Clarinha e foi visitar tia Agostinha no Jogo da Bola. Ela é bonita,
simpática e veste-se muito bem. [...] Ficaram todas as tias admiradas da beleza da moça e de seus modos políticos
de conversar. Falava explicado e tudo muito correto. Dizia “você” em vez de “ocê”. Palavra que eu nunca tinha visto
ninguém falar tão bem; tudo como se escreve sem engolir um s nem um r. Tia Agostinha mandou vir uma bandeja de
uvas e lhe perguntou se ela gostava de uvas. Ela respondeu: “Aprecio sobremaneira um cacho de uvas, Dona
Agostinha.” Estas palavras nos fizeram ficar de queixo caído. Depois ela foi passear com outras e laiá aproveitou para
lhe fazer elogios e comparar conosco. Ela dizia: Vocês não tiveram inveja de ver uma moça [...] falar tão bonito como
ela? Vocês devem aproveitar a companhia dela para aprenderem”. [...] Na hora do jantar eu e as primas começamos
a dizer, para enfezar laiá: “Aprecio sobremaneira as batatas fritas”, “Aprecio sobremaneira uma coxa de galinha”.
MORLEY, H. Minha vida de menina: cadernos de uma menina provinciana nos fins do século XIX. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997.
Nesse texto, no que diz respeito ao vocabulário empregado pela moça de Montes Claros, a narradora expõe uma visão
indicativa de
a) descaso, uma vez que desaprova o uso formal da língua empregado pela moça.
b) ironia, uma vez que incorpora o vocabulário formal da moça na situação familiar.
c) admiração, pelo fato de deleitar-se com o vocabulário empregado pela moça.
d) antipatia, pelo fato de cobiçar os elogios de laiá sobre a moça.
e) indignação, uma vez que contesta as atitudes da moça.
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18. (Enem PPL 2016)
O adolescente
Cumplicentemente,
as folhas contam-te um segredo
velho como o mundo:
Ao abordar uma etapa do desenvolvimento humano, o poema mobiliza diferentes estratégias de composição. O principal
recurso expressivo empregado para a construção de uma imagem da adolescência é a
a) hipérbole do medo.
b) metáfora da estátua.
c) personificação da vida.
d) antítese entre juventude e velhice.
e) comparação entre desejo e nudez.
A cada verão, o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, traz preocupação para os brasileiros. A charge retrata essa
situação a que o país está submetido. Considerando os objetivos da charge, sua posição crítica se dá na medida em que
a) compara o mosquito a um esportista.
b) enfatiza o poder de resistência do inseto.
c) elege o mosquito como o vilão da saúde.
d) atribui características humanas ao mosquito.
e) ignora a gravidade da questão por meio do humor.
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20. (Enem PPL 2013)
Mar português
Nos versos 1 e 2, a hipérbole e a metonímia foram utilizadas para subverter a realidade. Qual o objetivo dessa subversão
para a constituição temática do poema?
a) Potencializar a importância dos feitos lusitanos durante as grandes navegações.
b) Criar um fato ficcional ao comparar o choro das mães ao choro da natureza.
c) Reconhecer as dificuldades técnicas vividas pelos navegadores portugueses.
d) Atribuir as derrotas portuguesas nas batalhas às fortes correntes marítimas.
e) Relacionar os sons do mar ao lamento dos derrotados nas batalhas do Atlântico.
Conflitos de interação ajudam a promover o efeito de humor. No cartum, o recurso empregado para promover esse efeito é
a
a) intertextualidade, sugerida pelos traços identificadores do homem urbano e do homem rural.
b) ambiguidade, produzida pela interpretação da fala do locutor a partir da variedade do interlocutor.
c) conotação, atribuidora de sentidos figurados a palavras relativas às ações e aos seres.
d) negação enfática, elaborada para reforçar o lamento do interlocutor pela perda da estrada.
e) pergunta retórica, usada pelo motorista para estabelecer interação com o homem do campo.
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22. (Enem PPL 2009)
A publicidade utiliza recursos e elementos linguísticos e extralinguísticos para propagar sua mensagem. O autor do texto
publicitário acima, para construir seu sentido, baseia-se
a) na possibilidade de confundir o leitor quanto à sua rotina.
b) na certeza de surpreender o leitor com efeitos de humor.
c) na criação de dúvida quanto à quantidade de trabalho.
d) no duplo sentido da palavra pausas: pausa na escrita e pausa no trabalho.
e) no objetivo de irritar o leitor no que se refere à sua rotina de trabalho diária.
1. B
Ao considerar o termo “palavra” como sujeito de ações dotadas de sentimentos e emoções, como “chora”, “dorme”, “’passa”,
“queima”, “corta” e “corre”, a escritora Adriana Falcão utiliza o recurso expressivo da metáfora, como em “As palavras têm corpo e
alma”, conforme transcrito em [B].
2. D
No soneto, o eu lírico se apropria metaforicamente da imagem do pavão vermelho para expressar a sensação de realização plena
(“É o próprio doge a se mirar no espelho”) que não havia sentido antes (“Depois que amei este pavão vermelho/ os meus outros
pavões foram-se embora”). Assim, é correta a opção [D].
3. D
A interrogação que antecede a explicação do fato de os humanos não terem pelos tão eficientes na captação de sensações como
as aranhas configura estratégia de progressão do texto, já que não se pretende resposta, mas sim reflexão do leitor sobre o assunto.
Trata-se de pergunta retórica, como se afirma em [D].
4. C
A letra da canção “Coração pede socorro”, elaborada com o intuito de ilustrar uma campanha de combate à violência contra as
mulheres, vale-se de recursos linguísticos de duplo sentido, como nos versos da última estrofe: “esse amor/ deixou marcas no meu
corpo”, “eu grito”, eu morro”. Esses segmentos tanto podem referir-se a fortes emoções decorrentes da explosão amorosa, como a
marcas físicas provocadas por agressões que ferem e podem causar morte. Assim, é correta a opção [C].
5. A
É correta a opção [A], pois a oposição entre o que é afirmado no cabeçalho de cada quadro e as posturas assumidas pelos
personagens revela crítica e, também, ironia, figura de linguagem em que se declara o contrário do que se pensa.
6. E
Segundo solicitado na questão, dois fatores são necessários para assinalar a resposta correta:
1º a coesão construída predominantemente pela retomada de um termo por outro.
2º oração com sujeito elíptico.
Em [A], [B], [C] e [D], os sujeitos das orações são simples e não elípticos, como solicitado na questão.
[A] “[…] a palavra gripe (sujeito simples) nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”
[B] “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe (sujeito simples) […]”.
[C] “O primeiro (sujeito simples) era um termo derivado do latim medieval influentia, que (sujeito simples) significava ‘influência
dos astros sobre os homens’.”
[D] “O segundo (sujeito simples) era apenas a forma nominal do verbo gripper […]”.
Apenas na frase da opção [E], existe elipse do sujeito na oração “que fizesse referência ao modo violento”. Desta forma, manteve-
se a coesão textual ao mesmo tempo que se evitou a repetição de segmento anterior: “era apenas a forma nominal do verbo gripper,
isto é, “agarrar”.
7. D
Através da simbologia do relógio, Brás Cubas faz uma distinção entre o tempo qualitativo, repleto de sensações agradáveis pelo
beijo com Virgília, com o tempo quantitativo, mensurável e mecânico que assinala a brevidade da vida. Ou seja, o tempo que antes
era encarado com enfado pelas sensações de perda que provocava, passa a ser objeto de prazer quando, através da memória,
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revive os momentos passados com a mulher amada. Embora o escapismo, idealização e subjetividade sejam características do
Romantismo, o fato de estarem associados ao amor por uma mulher adúltera desconstrói esses paradigmas. Assim, é correta a
opção [D].
8. A
Em “Aquele bêbado”, o personagem decidiu que iria deixar de consumir álcool, mas acabou por morrer de “etilismo abstrato”. O
paradoxo da expressão revela o uso metafórico do verbo “beber” para descrever a atitude apaixonada de quem se entrega às
sensações para admirar intensamente o espetáculo da vida e usufruir do prazer pleno que as múltiplas e variadas manifestações
artísticas lhe provocavam. Assim, é correta a opção [A].
9. A
Trata-se de polissemia da expressão “rede social”, pois tanto pode aludir a interligação de computadores para uso da internet como
designar uma espécie de leito/balanço onde dorme toda uma família.
10. E
O eufemismo é um recurso estilístico muito utilizado com o intuito de atenuar ou suavizar o sentido das palavras do emissor do
discurso, para que o receptor não se ofenda com a mensagem triste ou desagradável que será enunciada. Os dois últimos períodos
do excerto permitem inferir que Meneses usava a expressão “ir ao teatro” como estratégia para suavizar o anúncio de que saía para
se encontrar com a amante. Assim, é correta a opção [E].
11. A
A imagem de um vendedor de artigos piratas anunciando um produto antipirataria ironiza, através de um paradoxo, o fracasso dos
esforços governamentais no combate à ação de venda de material protegido pelas leis do direito autoral. Assim, é correta a opção
[A].
12. A
A significação dos vocábulos não é fixa. Quando eles são empregados em seu sentido usual, literal, comum - há denotação. Quando
são empregados no sentido figurado, dependente de um contexto particular - ocorre a conotação. A palavra pedra, em ambos os
textos, tem sentido conotativo. No primeiro, o vocábulo pedra significa obstáculo, empecilho. A repetição da estrutura e da palavra
sugere os vários obstáculos, problemas enfrentados pelas pessoas ao longo da vida.
No segundo, pedra aparece com o significado ampliado, na medida em que o mineral duro e sólido, a rocha pode expressar o
destino, passado de mãe para filha: o de laborar como lavadeira. Logo, a alternativa A está correta e as afirmações B e D estão
incorretas.
A alternativa C está incorreta, pois personificação ou prosopopeia é uma figura de linguagem que consiste em atribuir a seres
inanimados (sem vida) características de seres animados; ou em atribuir características humanas a seres irracionais. Em ambos os
textos, a palavra pedra não se apresenta com traços de ser animado, nem com características humanas.
A afirmação E está errada, pois, no segundo texto, pedra é um objeto duro, sólido que serve para as lavadeiras de Mossoró
trabalharem e a sina de continuarem a repetir o ofício das ascendentes (antepassadas).
13. E
Diversos segmentos do texto apresentam relatos de animais em sofrimento, vítimas do desdém e a ferocidade do homem, através
de recurso linguístico de antropomorfização, que atribui características e comportamentos típicos da condição humana às formas
inanimadas da natureza ou aos seres vivos irracionais: “o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes”, “o coelho que
mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido”, “triste é o gemido deles campeando socôrro”, entre outros.
Assim, é correta a opção [E].
14. B
No segundo período do texto, ao comparar a massa crua de um bolo com o texto dramático antes de ser encenado, o autor
estabelece uma relação de analogia (processo de transferência de informação ou de significado entre uma fonte e um alvo, ou seja,
entre duas coisas diferentes) que expressa incompletude. Ou seja, o texto dramático, isolado, é apenas literário, transformando-se
em teatro apenas quando encenado. Assim, é correta a opção [B].
15. E
O fragmento do conto “O burrinho pedrês” exemplifica uma das características do estilo inovador de Guimarães Rosa ao abolir as
fronteiras entre prosa e poesia. O texto narrativo em prosa apresenta inúmeras características que se costumam considerar próprias
da poesia, como o uso da pontuação para marcar ritmo, das assonâncias e aliterações, entre outras. A partir do segundo parágrafo,
o narrador descreve o início da marcha do gado através de frases que, separadas por vírgulas, apresentam cinco sílabas métricas,
para depois imprimir velocidade ao movimento através de frases com três: “as-an-cas- ba-lan(çam/ eas-va-gas-eos-dor(sos)/ das-
va-cas-e-tou(ros)/ ba-ten-do-cõas- cau(das)” e “boi- bem- bra(vo)/ba-te- bai(xô)/ bo-ta- ba(ba)/boi- be-rran(do)”. Também as
assonâncias (“As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas) e aliterações em b, d e v estão presentes na descrição: Boi
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bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem na
vara, vai não volta, vai varando...). Assim, é correta a opção [E].
16. D
No fragmento do romance “Barba ensopada de sangue”, predomina a linguagem conotativa pelo uso de diversas figuras de
linguagem que deslocam o relato de uma estrutura convencional, objetiva, para outra, subjetiva, por transmitir as impressões
pessoais do narrador. Expressões como “Um cachorro cor de carvão dorme no azul etéreo” e “O vento nordeste salgado tumultua
as árvores e as ondas” são exemplos de metáfora e personificação que imprimem função poética ao texto e criam uma ambiência
própria de um narrador envolvido emocionalmente na descrição, como se afirma em [D].
17. B
O uso do advérbio “sobremaneira” (bastante, muito) produziu a admiração da tia Agostinha e das outras tias que a consideraram
demonstração de “falar bonito”. No entanto, causou espanto à narradora e às primas pela inadequação do termo em situações
informais como as que são típicas em convívio familiar. Ao repeti-la de forma afetada na hora de jantar, a narradora expõe uma
visão indicativa de ironia, como se afirma em [B].
18. C
Enquanto que as quatro primeiras estrofes expressam de forma hiperbólica a sensação de medo e paralisia, as duas últimas exortam
o adolescente à satisfação do desejo, enfrentando a vida, retratada com a forma de uma mulher jovem e nua. Assim é correta a
opção [C], pois o recurso expressivo empregado para a construção de uma imagem da adolescência é a personificação da vida: “A
vida é nova e anda nua/– vestida apenas com o teu desejo!”
19. B
A crítica ocorre no sentido de mostrar a força que tal inseto adquire a partir do momento em que seu combate não é efetivo, daí o
Aedes aegypti ser retratado pelo princípio da personificação, uma vez que lhe são atribuídas características humanas.
20. A
Considerando as definições de hipérbole (figura de pensamento que consiste no exagero proposital em um texto) e de metonímia
(figura de palavra que consiste na transnominação da parte pelo todo), percebe-se o incremento das realizações portuguesas em
tal período.
21. B
O diálogo que se estabelece entre os dois personagens do cartum, assim, como os acessórios que os acompanham, permitem
deduzir que pertencem a meios diferentes: o primeiro à esquerda, da cidade, o segundo, do meio rural. Assim, é correta a opção
[B], pois a pergunta do condutor produz ambiguidade ao ser entendida de forma diferente pelo camponês, promovendo o efeito de
humor.
22. D
A opção [D] é a que melhor apresenta a intenção do autor do texto publicitário. As três orações coordenadas assindéticas, separadas
por vírgulas, configuram a função conativa da linguagem ao incitar o receptor a trabalhar, aconselhando-o também a não esquecer
a necessidade de fazer intervalos para descanso. Ou seja, para construir seu sentido, o autor baseia-se no duplo sentido da palavra
pausas: pausa na escrita e pausa no trabalho.
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O exercício a seguir é bastante importante. Para cada texto abaixo, localize e identifique as Figuras de Linguagem
utilizadas:
Questão 1
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas
alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na
indolência de neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra
da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.
A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário.
As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma
palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.
Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar
das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia,
suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se
conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de
crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que
altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saiam
mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos,
cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia.
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns,
após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O
chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a
tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os
homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas
não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro
e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali
mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas,
mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço.
Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e resingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já
se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que
mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de
respirar sobre a terra.
(“O cortiço”, de Aluísio Azevedo)
Questão 2
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Questão 3
A um poeta
4. Semana 4 (29/01 a 03/02) - Apostila 1 - Frente D - Módulo 1 - Textos Literários e Figurativos: Principais Figuras de
Linguagens
5. Semana 5 (05/02 a 10/02) – Apostila 1 - Frente D - Módulo 1 - Textos Literários e Figurativos: Principais Figuras de
Linguagens
6. Semana 6 (12/02 a 17/02) – Apostila 1 - Frente D - Módulo 1 - Textos Literários e Figurativos: Principais Figuras de
Linguagens
7. Semana 7 (19/02 a 24/02) – Apostila 1 - Frente D - Módulo 1 - Textos Literários e Figurativos: Principais Figuras de
Linguagens
14. Semana 14 (08/04 a 13/04) - A Circulação Social dos Textos e as Funções da Linguagem
15. Semana 15 (15/04 a 20/04) - A Circulação Social dos Textos e as Funções da Linguagem
16. Semana 16 (22/04 a 27/04) - A Circulação Social dos Textos e as Funções da Linguagem
17. Semana 17 (29/04 a 04/05) - A Circulação Social dos Textos e as Funções da Linguagem
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19. Semana 19 (13/05 a 18/05) - Textos Poéticos no ENEM
23. Semana 23 (10/06 a 15/06) - Apostila 4 - Frente B - Módulo 7 - Intertextualidade e Interdiscursividade: Vozes Cruzadas
e Complementares
24. Semana 24 (17/06 a 22/06) - Apostila 4 - Frente B - Módulo 7 - Intertextualidade e Interdiscursividade: Vozes Cruzadas
e Complementares
25. Semana 25 (24/06 a 29/06) - Apostila 4 - Frente B - Módulo 7 - Intertextualidade e Interdiscursividade: Vozes Cruzadas
e Complementares
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