TCC Joana Concluido

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FACULDADE IEDUCARE – FIED

CURSO DE ENFERMAGEM

JOANA PAULA CAMELO LIMA

CARACTERIZAÇÃO DE GESTANTES COM TOXOPLASMOSE NA


13° REGIONAL DE SAÚDE DO CEARÁ

TIANGUÁ - CE
2024
JOANA PAULA CAMELO LIMA

CARACTERIZAÇÃO DE GESTANTES COM TOXOPLASMOSE


NA 13° REGIONAL DE SAÚDE DO CEARÁ

Monografia apresentada à Faculdade


Ieducare- FIED, como requisito parcial
para obtenção do Título de Bacharel em
Enfermagem.

Orientador: Prof. (a) Me. Izabella Vieira


dos Anjos Sena

TIANGUÁ - CE
2024
JOANA PAULA CAMELO LIMA

CARACTERIZAÇÃO DE GESTANTES COM TOXOPLASMOSE


NA 13° REGIONAL DE SAÚDE DO CEARÁ

Monografia apresentada à
Faculdade Ieducare- FIED, como
requisito parcial para obtenção do
Título de Bacharel em Enfermagem.

Orientador: Prof. (a) Me. Izabella Vieira


dos Anjos Sena
Aprovado em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Prof (a) Me. Izabella Vieira dos Anjos Sena
Orientador
Faculdade Ieducare – FIED

______________________________________________________
Prof (a) Me. Camylla Maria Carvalho Moura Vasconcelos
1°Examinadora
Faculdade Ieducare – FIED

______________________________________________________
Prof (a) Me. Thamy Braga Rodrigues
2ª Examinadora
Faculdade Ieducare – FIED
RESUMO

A toxoplasmose gestacional situa o feto em risco de infecção congênita, essa é uma


das eminentes causas do tratamento precoce na gestação, que, além de impedir a
transmissão vertical, pode reduzir a mortalidade neonatal. O presente estudo teve
como objetivo de analisar o perfil e os fatores associados aos casos de
toxoplasmose em gestantes atendidas na policlínica regional no município de
Tianguá-CE no período de 2023 a 2024. Esse tipo de pesquisa trouxe como
finalidade analisar as manifestações ou ocorrências, o estudo foi conduzido por
dados dos prontuários de gestantes com Toxoplasmose gestacional da 13º
Coordenadoria Regional de Saúde constituída pela Serra da Ibiapaba: Croatá,
Guaraciaba do Norte, São Benedito, Carnaubal, Ibiapina, Ubajara, Tianguá e Viçosa
do Ceará. A análise das taxas de gestantes atendidas na 13ª Regional de Saúde no
município de Tianguá, permitiu identificar padrões e possíveis fatores de risco
relacionados à prevalência da infecção, como dados sociodemográficos, a
escolaridade também mostrou ser um fator significativo, como gestantes de nível
médio educacional apresentando maior risco. As patologias e fatores de risco, como
hipertensão e diabetes, foram significativamente associados a toxoplasmose
gestacional. Além disso, a pesquisa evidenciou que há ausência de informações
detalhadas nos prontuários médicos das gestantes, principalmente no que se diz a
respeito as internações durante a gestação, dificultando o acompanhamento
adequado. O estudo contribuiu para a compreensão da realidade da toxoplasmose
gestacional na 13ª regional de saúde do Ceará, destacando a importância da
implementação de práticas clinicas adequadas e politicas de saúde pública para
garantir a saúde materno-fetal e reduzir os impactos da infecção.

Descritores: Toxoplasmose gestacional; Toxoplasma; Epidemiologia.


ABSTRACT

Gestational toxoplasmosis places the fetus at risk of congenital infection, this is one of
the eminent causes of early treatment during pregnancy, which, in addition to
preventing vertical transmission, can reduce neonatal mortality. The present study
aimed to analyze the profile and factors associated with cases of toxoplasmosis in
pregnant women treated at the regional polyclinic in the municipality of Tianguá-CE
from 2023 to 2024. This type of research aimed to analyze the manifestations or
occurrences, the study was conducted by data from the medical records of pregnant
women with gestational Toxoplasmosis of the 13th Regional Health Coordination
constituted by Serra da Ibiapaba: Croatá, Guaraciaba do Norte, São Benedito,
Carnaubal, Ibiapina, Ubajara, Tianguá and Viçosa do Ceará. The analysis of the rates
of pregnant women attended at the 13th Regional Health District in the municipality of
Tianguá, allowed the identification of patterns and possible risk factors related to the
prevalence of infection, such as sociodemographic data, education also proved to be a
significant factor, such as pregnant women with high school education presenting
higher risk. Pathologies and risk factors, such as hypertension and diabetes, were
significantly associated with gestational toxoplasmosis. In addition, the research
showed that there is a lack of detailed information in the medical records of pregnant
women, especially with regard to hospitalizations during pregnancy, making it difficult
to follow up properly. The study contributed to the understanding of the reality of
gestational toxoplasmosis in the 13th regional health region of Ceará, highlighting the
importance of implementing appropriate clinical practices and public health policies to
ensure maternal-fetal health and reduce the impacts of infection.

Keywords: Gestational toxoplasmosis; Toxoplasma; Epidemiology.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização dos dados sociodemográficos de gestantes com


20
toxoplasmose atendidas na Policlínica Regional no período de 2023
a 2024

Distribuição da taxa de municípios residentes de gestantes com


Gráfico 1 – toxoplasmose gestacional no ano de 2023 á 2024. 22

Tabela 2 – Descrição dos fatores de risco associados a toxoplasmose 24


gestacional

Tabela 3 – Descrição dos fatores de risco associados a toxoplasmose 25


gestacional

Caracterização dos dados de assistência pré-natal de gestantes


Tabela 4 – acompanhadas no pré natal de alto risco ocorridos de 2023 a 2024, 27
em Tianguá-CE.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 8
2 OBJETIVOS........................................................................................................... 11
2.1 Objetivo Geral......................................................................................................11
2.2 Objetivos Específicos...........................................................................................11
3 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................12
3.1 Toxoplasmose..................................................................................................... 12
3.2 Toxoplasmose na gestação.................................................................................14
4 METODOLOGIA.....................................................................................................17
4.1 Tipologia do Estudo.............................................................................................17
4.2 Local do estudo................................................................................................... 17
4.3 População e Amostra...........................................................................................18
4.4 Coletas dos dados...............................................................................................18
4.5 Análises de dados................................................................................................18
4.6 Aspectos éticos e legais......................................................................................19
4.6.1 Riscos e Benefícios.......................................................................................... 19
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................20
5.1 Dados sociodemográficos de gestantes com toxoplasmose atendidas na 13ª
Regional de Saúde.................................................................................................... 20
5.2 Dados de municipios notificados de gestantes com toxoplasmose gestacional
atendidas na 13ª Regional de Saúde........................................................................22
5.3 Fatores de riscos associados a gestantes com toxoplasmose gestacional
atendidas na Policlínica Regional de Saúde de Tiangua-Ce.....................................23
5.4 Tratamentos farmacológicos de gestantes acompanhadas na Policlínica da 13ª
Regional de saúde, Tianguá-ce.................................................................................25
5.5 Assistências ao pré-natal.....................................................................................26
6 CONCLUSÃO.........................................................................................................29
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 30
8

1 INTRODUÇÃO

A toxoplasmose é uma zoonose ocasionada pelo protozoário Toxoplasma


gondii (T. gondii). Esse parasita intracelular causa uma doença que pode ser
transmitida por intermédio da ingestão de oocistos do protozoário liberados nas
fezes dos felídeos, que podem estar presentes nos alimentos e na água. Da mesma
forma, esta infecção dá-se a partir de carnes bovina, suína, caprina e ovina,
podendo ser cruas ou mal cozidas e contendo cistos teciduais, ou através da
transmissão transplacentária de taquizoítos (Lozano, 2019).
Em indivíduos imunocompetentes, a toxoplasmose é assintomática
constantemente, mas em pacientes com sistema imunológico comprometido, pode
ocasionar infecção sistêmica que danifica múltiplos órgãos como cérebro, músculos,
olhos, entre outros. Deve-se ressaltar que o Toxoplasma gondii pode causar
diversas doenças oculares, como retinocoroidite, catarata, neuropatia óptica e uveíte
anterior e posterior (Barbosa, Mascena, Junior, 2021).
O diagnóstico dessa infecção parasitária pode ser clínico ou laboratorial.
Contudo, na maioria dos casos pode ser assintomático ou apresentar sintomas
habituais a outras doenças, devendo a suspeita clínica ser confirmada através do
diagnóstico laboratorial. Testes sorológicos como reação de imunofluorescência
indireta, imunoensaio enzimático (ELISA) e teste de hemaglutinação indireta são
mecanismos eficientes para detecção da doença (Gribel et al., 2020).
A predominância varia de região para região, pois depende de uma
combinação de fatores como condições climáticas, práticas de higiene pessoal,
práticas culturais de preparação de alimentos e doenças devido a vulnerabilidades
imunológicas da população. No Brasil, as taxas de prevalência documentadas
variam de 54% a 83%, mas foi identificada uma tendência decrescente nas taxas,
supostamente devido à melhoria das condições de vida e educacionais, e à redução
de infecções em animais para consumo humano (Gribel et al., 2020).
O Brasil, é um país com uma das maiores taxas de incidência de
toxoplasmose do mundo, então foi necessária uma reformulação na vigilância
epidemiológica por meio de mudanças na notificação compulsória de gravidez e
toxoplasmose congênita, bem como na padronização da investigação de casos
suspeitos e confirmados (Publiesi et al., 2020).
9

Nas gestantes, a infecção torna-se de extrema importância pela possibilidade


de transmissão transplacentária. Aproximadamente 40% a 50% dos fetos infectados
podem vim a óbito, e aqueles que sobrevivem podem propagar uma variedade de
manifestações clínicas, incluindo: convulsão, microcefalia, retinite coroidal, erupção
cutânea e icterícia (Barbosa, Mascena, Junior, 2021).
Portanto, o Ministério da Saúde (MS) preconiza que a triagem sorológica para
toxoplasmose seja feita no início do pré-natal na atenção primária à saúde (APS) e
que seja refeito a cada trimestre em mulheres grávidas suscetíveis. É de referir, que
a probabilidade de infecção é mais alta durante o terceiro trimestre da gestação,
porém, os riscos e consequências para o feto são maiores quanto menor for à idade
gestacional (Gomes et al., 2023).
A toxoplasmose gestacional situa o feto em risco de infecção congênita. Essa
é uma das eminentes causas do tratamento precoce na gestação, que, além de
impedir a transmissão vertical, pode reduzir a mortalidade neonatal, consequências
neurológicas e oftalmológicas, além de gerar qualidade de vida das gestantes e
evitar indícios na gravidez (Rosa et al., 2024).
A Atenção Primária à Saúde (APS) faz parte da Rede de Atenção à Saúde
(RAS), cujas unidades estratégicas são as unidades básicas de saúde e de atenção
primária, além de unidades de atenção secundária que prestam atendimento
especializado para pré-natal e maternidade de alto risco. Os profissionais de saúde
relevantes devem promover e proteger a saúde materna e garantir a saúde materna
infantil (Gomes et al., 2023).
A assistência no pré-natal adequada inclui estudos sorológicos e orientações
em gestantes suscetíveis, permite prevenção e tratamento adequados e precoces
em caso de infecção, evitando desfechos fetais mais graves (Santos, Sá, 2021).
O presente estudo emergiu com o objetivo de buscar fatores relacionados à
epidemiologia da toxoplasmose, especificamente na gestação. Em síntese, a
pesquisa sobre toxoplasmose é crucial para reduzir seus impactos na saúde pública
e a promoção da saúde materno-infantil. Durante três anos no setor de vigilância
epidemiológica, foi identificada a necessidade de mais pesquisas sobre o assunto na
região, pois até para alguns profissionais de saúde ainda é uma doença que gera
dúvida, e a população não tem conhecimento das possíveis consequências.
Verificou-se a escassez de estudos específicos sobre o assunto em questão,
sendo necessário preencher essa lacuna de conhecimento, pois essa infecção
10

causa complicações graves para a mãe e o feto, como aborto, anomalias congênitas
e danos neurológicos. Dessa forma, é essencial compreender a sua epidemiologia
para identificar a sua incidência.
11

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Caracterizar o perfil de gestantes com toxoplasmoses acompanhadas na 13ª


Regional de Saúde do Ceará.

2.2 Objetivos Específicos

Caracterizar o perfil sociodemográfico das gestantes com Toxoplasmose;


Observar os dados de assistência Pré-Natal de gestantes acompanhadas;

3 REFERENCIAL TEÓRICO
12

3.1 Toxoplasmose

As zoonoses podem ser definidas como doenças e infecções que são


ramificadas entre animais vertebrados e humanos. Podem ser transmitidas aos
humanos desde um vetor vertebrado contaminado por contato direto ou contato
indireto por meio de vetores mecânicos ou biológicos (Rupasinghe, Chomel,
Martígez, 2022). Seis em cada dez casos humanos de doenças infecciosas
sucedem a transmissão animal. Esses chamados patógenos “zoonóticos”,
transmitidos aos humanos a partir de animais. Baseado na etiologia, as zoonoses
são correlacionadas em zoonoses bacterianas, zoonoses virais, zoonoses
parasitárias (como toxoplasmose), zoonoses fúngicas, e doenças causadas por
agentes patogênicos não virais acelulares (Rahman et al., 2020).
O Toxoplasma gondii (T. gondii) é um parasita intracelular vinculado ao
filo Apicomplexa. Suas principais formas englobam Oocistos, Taquizoítos, Cistos e
Tradizoítos. T. gondii é segmentado em três linhagens clonais designadas tipo I
(altamente virulento), II (avirulento) e III (avirulento) (Hengming et al., 2024). Esse
protozoário é o agente ocasionador da toxoplasmose, uma infecção zoonótica de
distribuição mundial e capaz de infectar humanos e espécies de mamíferos e aves.
(Chunga et al., 2024).
O ciclo biológico do T. gondii é heteróxeno, desenvolvido por dois
hospedeiros (definitivo e intermediário) mostrando inúmeros ciclos de
desenvolvimento do parasito, sendo sexuada e assexuada. Os hospedeiros
definitivos são os felídeos, como o gato doméstico e gatos selvagens, e os
hospedeiros intermediários são diversos animais de sangue quente, como o ser
humano, roedores, aves, bois, cavalos, cães, entre outros. A fase sexuada sucede
nas células epiteliais do intestino delgado de felinos, como o gato doméstico, que se
forma no hospedeiro definitivo do parasito. Em seguida, a ingestão de cistos ou
oocistos por esses hospedeiros, há a liberação de bradizoítos e esporozoítos, de
modo respectivo, que infectam o epitélio intestinal desses felinos e se diversificam
por merogonia, originando cinco tipos de merozoítos (Vieira et al., 2023).

Figura 1 – Ciclo biológico de Toxoplasma gondii: vias de transmissão entre


os hospedeiros intermediários e definitivos.
13

Fonte: https://books.scielo.org/id/p2r7v

T. gondii possui três estágios (formas) infectantes em seu ciclo de vida:


taquizoítos, tradizoítos e esporozoítos. Os taquizoítos se multiplicam agilmente nos
tecidos, alastram-se por quase todos os órgãos e geram a maior parte das lesões.
Ao atingirem tecidos específicos, sintetizam seu metabolismo e se modificam em
bradizoítos que se mantem latentes no interior de um cisto desenvolvido nos tecidos,
o que leva a uma infecção crônica. Todavia, a doença pode propagar caso seu
hospedeiro passe por meio de imunossupressão, com a reativação da doença.
(Langoni et al., 2022).
A toxoplasmose emerge da infecção por T. gondii, um parasita protozoário
capaz de acometer células nucleadas, abrangendo o cérebro humano, os olhos e o
tecido muscular. Apesar da reprodução humana de cistos não ter sido analisada,
destaca-se que os cistos musculares e cerebrais têm potencial de durar toda a vida
do hospedeiro. O predomínio da infecção por T. gondii é estimada em 30%
globalmente (Goudo et al., 2024).
A associação entre a toxoplasmose e outros patógenos consiste em
bacterianos ou virais, tem sido referida com resultados diferentes na forma de
evoluções na intensidade da doença. Estas manifestações levam à promoção da
14

persistência bacteriana e, em última análise, origina-se na exposição de


manifestações mais relevantes da patologia (Goudo et al., 2024).
A doença procede em infecções assintomáticas até aspectos sistêmicos
graves, sendo capaz de levar ao envolvimento do sistema nervoso central ou
ocasionando abortos. Imunossuprimidos e gestantes são mais sujeitos (Franco,
Sousa, Paula, 2020). Dois diagnósticos alarmantes são a toxoplasma neural que
interfere o sistema nervoso central, e que caso afete o feto de uma gestante, pode
vir a suceder-se graves consequências para este, previamente uma circunstância
permanente como a microcefalia ou levar ao óbito na gestação, durante ou pós-
nascimento. Tendo potencial de ser um fator de risco para os profissionais que
podem evidentemente ter algum contato com o protozoário (Santos et al., 2021).
Segundo o Ministério da Saúde (MS, 2022), as gestantes com toxoplasmose
conseguem manter-se sem sinais e sintomas, desse modo é crucial a execução das
consultas de pré-natal e ações de precaução da doença, identificação e tratamento.
Os sinais e sintomas da toxoplasmose são alteráveis e correlacionados ao estágio
da infecção, podendo ser agudo ou crônico.

3.2 Toxoplasmose na gestação

A transmissão placentária transcorre em 10 a 25% dos casos nos quais as


mães são contaminadas no primeiro trimestre, com preocupantes danos fetais. No
segundo trimestre a taxa de transmissão ao feto é de 30 a 40%, tendo potencial de
causar microcefalia, prematuridade, óbito, icterícia, retardo mental e miocardite. Já
no terceiro trimestre, 60 a 65% dos recém-nascidos estarão em contágio. Todavia,
assintomáticos ou com sintomas leves e, nesses casos, é frequente a comprovação
de deficiência no período de aprendizado bem como a presença de coriorretinite e
calcificações no sistema nervoso central (SNC) (Lozzo et al., 2021).
O risco de transmissão fetal está sujeito a fatores como a resposta imune
materna, a idade gestacional na infecção e a virulência do parasita. A possibilidade
de risco de transmissão congênita modifica de até 2% no período periconcepcional,
10-25% no primeiro trimestre da gestação, 30-45% no segundo trimestre, 60-65% no
terceiro trimestre e até 80% antes do parto. A proporção da doença congênita é
elevada quando a transmissão sucede no início da gravidez e limita com a idade
gestacional (Langoni et al., 2022).
15

Mesmo que a toxoplasmose congênita possa ser uma infecção evitável, as


gestantes infectadas pela primeira vez, na maior parte dos casos, não manifestam
sintomas e os sintomas clínicos submetem-se à virulência do parasita e do período
gestacional em que a mulher se encontra. Em razão à gravidade da doença
congênita é essencial que ocorra a identificação de imediato dos casos agudos de
toxoplasmose gestacional no início do pré-natal, já no primeiro trimestre de
gestação, portanto quando a infecção é detectada de imediato a realização do
tratamento tem grande chance de impedir ou reduzir sequelas para o recém-nascido
(Lozzo et al., 2021).
A transmissão da toxoplasmose da mãe para o filho (transmissão vertical) dá-
se por via hematogênica, tornando a infecção placentária etapa obrigatória. Após a
infecção da placenta, ocorre um período de dias a semanas até a infecção fetal. O
risco de infecção por T. gondii durante a gravidez depende da prevalência da
infecção em uma determinada população (circulação do parasita no meio) e do
número de mulheres suscetíveis à idade reprodutiva na mesma população. Se o
número de mulheres suscetíveis for grande, mas a circulação do parasita pequena,
o risco de infecção gestacional é pequeno, ao contrário, se a população de
suscetíveis for pequena, mas a circulação do parasita grande, o risco de infecção é
grande (Souza, Belfort Jr, 2014).
O diagnóstico de toxoplasmose pode ser complexo, tornando-se, na maioria
dos casos, difícil diferenciar a infecção aguda da crônica, e tem de serem
estabelecidos na conexão entre as manifestações clínicas, os riscos para o
adoecimento, a validação por via de estudos sorológicos e, em alguns casos, os
exames de imagem e os métodos moleculares. Os métodos utilizados para
confirmação dos casos pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) têm
sido a sorologia IgM e IgG (MS, 2024).
A toxoplasmose adquirida modifica-se na maior parte dos casos benigna em
indivíduos imunocompetentes, sendo proposto exclusivamente o tratamento
sintomático. Recomenda-se o tratamento em gestantes, recém-nascidos e pacientes
com imunidade comprometida, devendo-se seguir as recomendações atuais do
Ministério da Saúde. Indivíduos imunocomprometidos com toxoplasmose, como
alterações oftalmológicas, diminuições auditivas, entre outras, devem ser
conduzidos para acompanhamento especializado, conforme a regulação do sistema
de saúde municipal e estadual. Destaca-se que os medicamentos espiramicina,
16

sulfadiazina e pirimetamina prescritos para o tratamento da doença são ofertados


gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e cabem ao Componente
Estratégico da Assistência Farmacêutica, segundo apresenta-se na Relação
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e são obtidos pelo Ministério da
Saúde (MS, 2024).
De acordo com o Ministério da Saúde (MS, 2022) a notificação, investigação
e o diagnóstico propício dos casos agudos em gestantes permitem a identificação de
surtos, o bloqueio rápido da fonte de transmissão e a tomada de critérios de
prevenção e vigilância em tempo, além da intervenção terapêutica propícia e
consequente diminuição de complicações, sequelas e óbitos. Já a investigação em
recém-nascidos permite a intervenção precoce em casos em que o diagnóstico seja
confirmado.

4 METODOLOGIA

4.1 Tipologia do Estudo


17

O presente estudo descreve como um estudo documental retrospectivo,


exploratório, descritivo e quantitativo. Esse tipo de pesquisa tem como finalidade
analisar as manifestações ou ocorrências, expor o perfil de um conjunto de
habitantes específico ou amostra, não gerando todas as intervenções que possam
modificar o desfecho (Fontelles et al., 2009).
A pesquisa documental retrospectiva, que, segundo Marconi e Lakatos
(2010), consiste na análise de documentos, sejam eles escritos ou visuais, que
tenham relação com o problema de pesquisa, proporcionando uma abordagem
histórica e contextualizada do fenômeno em estudo. Este método busca recuperar
informações do passado, utilizando fontes primárias e secundárias, com o intuito de
compreender e interpretar o objeto de pesquisa. A abordagem exploratória para a
pesquisa, segundo Creswell (2014), é crucial para descobrir ideias, proporcionando
uma compreensão aprofundada do fenômeno em estudo.
No que tange à pesquisa quantitativa, seguimos as diretrizes de Malhotra
(2012), que destaca seu papel na validação de hipóteses mediante a coleta e
análise de dados estruturados. Esse enfoque metodológico envolve a mensuração
de variáveis, o uso de instrumentos estatísticos e a busca por padrões quantificados,
proporcionando uma análise objetiva e sistemática do fenômeno em análise.

4.2 Local do estudo

O estudo foi realizado no município de Tianguá, cidade localizada na


microrregião da Serra da Ibiapaba, Ceará, destaca-se geograficamente a uma
altitude média de 804 metros, com uma população de 81.506 habitantes. Tianguá é
um centro regional de saúde da Serra da Ibiapaba que conta com 01 (uma) Unidade
de Pronto Atendimento (UPA 24h), 28 (vinte e oito) Unidades Básicas de Saúde
(UBS) e 01 (um) hospital municipal que dispõe de várias especialidades médicas,
exames de imagens entre outros, além de leitos de Unidade de Terapia Intensiva -
UTI e UTI Neonatal. É considerada a maior cidade da Serra da Ibiapaba,
desempenhando um papel vital na prestação de serviços e no acesso aos cuidados
em saúde para a população local e circunvizinha.
Este estudo ocorreu na Policlínica Regional de Tianguá Dr. Francisco Edvaldo
Coelho Moita que é reconhecida por sua abrangente estrutura de saúde pública,
18

assim oferecendo suporte de acompanhamento durante pré-natal de alto risco na


gestação, especificamente gestantes com diagnóstico de toxoplasmose, a fim de
proporcionar cuidados especializados com objetivo de assegurar qualidade à saúde
materna.

4.3 População e Amostra

A população-alvo deste estudo abrange gestantes atendidas na Policlínica em


Tianguá que tiveram diagnóstico de toxoplasmose no período correspondente de
janeiro de 2019 a dezembro de 2023. Os critérios de inclusão incluem a quantidade
de mulheres que tiveram sua gestação classificada como de alto risco atendidas na
Policlínica de Tianguá que receberam assistência pré-natal integralmente pelo SUS.

4.4 Coletas dos dados

Para a coleta e tabulação dos dados que visam o alcance dos objetivos
propostos da pesquisa, foi elaborado um instrumento de coleta de dados com as
principais variáveis referentes ao acompanhamento da gestante com diagnóstico de
toxoplasmose (APÊNDICE A). Este instrumento de avaliação foi construído, para o
estudo, baseado na ficha de atendimento das gestantes acompanhadas. Os dados
foram extraídos dos registros mantidos nos prontuários das gestantes atendidas na
policlínica do município de Tianguá, incluindo informações detalhadas de diversas
fontes. A observação direta dos registros foi empregada para validar os dados
coletados, identificando possíveis lacunas que obteve uma compreensão mais
profunda do contexto em que as informações foram geradas.

4.5 Análises de dados

Foram compilados dados dos casos de gestantes atendidas na Policlínica


regional de Tianguá, onde foi determinado o estudo para gestantes com diagnóstico
de Toxoplasmose, no último ano compreendendo o período de 2023 a 2024. A
coleta de dados sucedeu a partir de uma análise nos prontuários, após a obtenção
dos dados foram construídas tabelas e gráficos, com a finalidade de organização e
análise estatística. A interpretação dos dados sendo exposta de forma sequencial e
19

específica para cada item analisado, com métodos comparativos e referenciados,


para melhor compreensão do conteúdo explicitado.

4.6 Aspectos éticos e legais

Este projeto de pesquisa concebido em consonância com os princípios éticos


estabelecidos pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A submissão
do projeto foi destinada ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade
UNINTA TIANGUÁ, devidamente registrado no Conselho Nacional de Ética em
Pesquisa (CONEP) endereçado na Rua Conselheiro João Lourenço, 406, CEP
62320-121, Centro, Tianguá-CE. O parecer favorável à pesquisa está
registrado sobre o número: 7.171.636, conforme anexo c. O processo de
apreciação ética assegurou a observância de princípios fundamentais, tais
como respeito à dignidade humana.

4.6.1 Riscos e Benefícios

A análise das informações dos prontuários das gestantes acompanhadas na


policlínica regional no pré-natal contemplara-se uma avaliação detalhista dos
potenciais riscos e benefícios associados à pesquisa. Por se tratar de uma pesquisa
com dados secundários, não há risco direto, porém, destacamos aqui os riscos de
exposição e perda da confidencialidade, sendo eles: exposição de dados pessoais,
de exames laboratoriais e de imagem, onde serão tomadas medidas de prevenção
de risco como a limitação do acesso aos dados, onde será permitido acesso ao local
e registros apenas para o pesquisador; onde será evitado revelar informações que
identificam dados pessoais, para isso, será utilizado estratégia de codificar os
registros de modo a não ocorrer a identificação do paciente. Em termos de
benefícios, espera-se que esta pesquisa contribua substancialmente para a
compreensão dos casos de toxoplasmose gestacional, trazendo uma análise
aprofundada dos dados locais e contribuir para a redução da incidência de gestantes
acompanhadas na policlínica regional de Tianguá.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
20

5.1 Dados sociodemográficos de gestantes com toxoplasmose atendidas na


13ª Regional de Saúde

De acordo com os dados analisados no estudo de 28 gestantes atendidas,


há uma elevação na taxa de mulheres casadas e em união estável 75% em
comparação as solteiras com 17,85%, onde as mesmas podem ter maior
estabilidade social, sendo assim tendo maior acesso ao pré natal e,
consequentemente, tendo mais chances no diagnóstico da toxoplasmose.
Verificou-se uma média de idade de 32,14% (23 anos – 29 anos). A maioria
dos participantes tinha nivel de escolaridade ensino médio completo, e etnia parda.

Tabela 1- Caracterização dos dados sociodemográficos de gestantes com


toxoplasmose atendidas na Policlínica Regional no período de 2023 a 2024, em
Tianguá-CE. Tianguá, Ceará, Brasil, 2024.
VARIÁVEL NÚMERO FREQUÊNCIA (%)

Situação conjugal

Casada/ União estável 21 75


Solteira 5 17,85
Ignorado 2 7,14
Faixa etária
9-15 1 3,57
16-22 6 21,42
23-29 9 32,14
30-36 9 32,14
37-45 3 10,71
Escolaridade
Sem escolaridade 1 3,57
Ensino Fundamental Completo 5 17,85
Ensino Médio Completo 12 42,85
Ensino Superior 4 14,28
21

Ignorado 6 21,42
Etnia
Branca 9 32,14
Parda 17 60,71
Preta -- --
Ignorado 1 3,57
Fonte: Elaborada pelo autor (2024).

Em um estudo conduzido por Moreira et al., (2023) a explicação mais possível


para tais diferenças na soropositividade da infecção por T. gondii pode ser devido a
diferenças de fatores socioeconômicos, populações amostradas, idade, ou ainda
nível de escolaridade dos participantes do estudo e carência de informações sobre
as medidas de prevenção e agravos da doença . Podendo também está direcionadas
a seguir normas sociais que favorecem o acompanhamento regular da saúde. Se a
maioria das mulheres casadas vem de contextos socioeconômicos mais favorecidos,
elas podem ter mais acesso a informações sobre prevenção da toxoplasmose e ao
cuidado pré-natal.
A análise das taxas de gestantes atendidas nesse estudo, conforme tabela 1,
permite identificar padrões e possíveis fatores de risco relacionados à prevalência da
infecção. Nesse contexto, fatores como idade, etnia, estado civil e nível de
escolaridade podem influenciar tanto o comportamento em relação à prevenção
quanto o acesso a cuidados de saúde adequados. Os dados sociodemográficos da
pesquisa oferecem uma visão importante sobre os fatores que podem influenciar a
prevalência da toxoplasmose, dado que aspectos como escolaridade, faixa etária,
etnia, estado civil, e acesso a serviços de saúde podem determinar a vulnerabilidade
para a infecção. A maioria das gestantes atendidas na 13ª Regional de Saúde
possuía entre 23 e 36 anos, com um nível de escolaridade médio. Isso sugere que
fatores socioeconômicos, como o nível educacional e as condições de infraestrutura,
podem ser determinantes importantes para o controle da infecção. A falta de
informação sobre medidas preventivas, aliada à maior exposição a condições
insalubres, parece ser um fator relevante neste contexto.
O estudo de Rezende et al., (2024) também é relevante pois analisa que as
maiores prevalências de infecções gestacionais são identificadas em mulheres de
baixa renda, o que mostra os desafios para a atenção básica e para o fortalecimento
22

das ações de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce nessa população.

5.2 Dados de municipios notificados de gestantes com toxoplasmose


gestacional atendidas na 13ª Regional de Saúde

De acordo com os dados da população estudada o município de Tianguá


32,14% e Ibiapina 17,85% tem a maior taxa de mulheres com toxoplasmose
gestacional atendidas na Policlínica Regional de Saúde. Em comparação a Viçosa
do Ceará com 10,71%, Ubajara e Carnaubal 7,17%, Croatá 3,5%, e Guaraciaba do
Norte com 0,0%. O que indica que há diferença estatisticamente significativa entre
os diferentes casos nos municípios que compõem a 13ª Regional de Saúde do
Ceará, conforme Gráfico 1.

Gráfico 1- Distribuição da taxa de municípios residentes de gestantes com


toxoplasmose gestacional no ano de 2023 a 2024.

Município

Viçosa do Ceará
Tianguá
Ubajara
Ibiapina
São Benedito
Guaraciaba do Norte
Carnaubal
Croatá

Fonte: Elaborada pelo próprio autor (2024).

De acordo com os dados da população estudada o município de Tianguá


32,14% e Ibiapina 17,85% tem a maior taxa de mulheres com toxoplasmose
gestacional atendidas na Policlínica Regional de Saúde. O estudo de Ghazvini et al.,
(2021) também é relevante pois analisa fatores de risco relacionados ao meio
ambiente e os parâmetros geoclimáticos que estão consideravelmente
23

correlacionados a divisão da infecção da toxoplasmose. Uma revisão sistemática e


meta-análise atual apresentaram que quase 16% dos locais públicos em todo o
mundo estão contaminados com oocistos de Toxoplasma.
Segundo Rensi et al., (2022) estudo realizados na região Sul do Brasil, a
constância do anticorpo IgG anti- T. gondii é menor quando comparada a estudos
realizados em outras regiões do Brasil, como 77,9% no Maranhão; 77,5% em Recife,
Pernambuco e em Cuiabá, onde o marcador de contato com o parasita foi
evidenciado em 70,7% das gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde. Os
dados de soroprevalência encontrados no Brasil são elevados quando comparados
a outros países: 10,3% no Japão; e 11,9% na Inglaterra. No México, a prevalência
entre gestantes é considerada baixa, variando entre 6,1% e 8,2%.
No Brasil, estima-se que cerca de 60% da população adulta tenha sido
exposta ao protozoário T gondii, devido à sua extensão territorial e às diferenças
socioculturais. Embora existam diferentes taxas de prevalência por região, valores
elevados são sempre identificados, o que pode estar intimamente ligado aos hábitos
alimentares e às condições ambientais. A taxa de mulheres em idade fértil expostas
a esse parasita e apresentando infecção crônica é de 83% (Rezende et al., 2024).
Esses estudos destacam importantes desigualdades nas regiões, com fatores
socioeconômicos e ambientais desempenhando um papel crucial na alta prevalência
da infecção. A implementação de políticas públicas eficazes, que incluam
diagnóstico precoce, educação e melhoria das condições de saúde, é essencial para
reduzir os impactos da toxoplasmose na saúde materno-infantil.

5.3 Fatores de riscos associados a gestantes com toxoplasmose gestacional


atendidas na Policlínica Regional de Saúde de Tiangua-Ce

Durante o período de estudo, observou-se prontuário de 28 gestantes


atendidas no pré-natal de alto risco (PNAR) na Policlínica da 13ª Regional de Saúde
dessas, 89,28% (25) apresentaram diagnóstico de toxoplasmose gestacional
associado com outras condições de risco. Dentre as situações de risco pré-
existentes, a hipertensão arterial 17,85 %, diabetes mellitus 21,42%, foram às
patologias mais prevalentes, seguida por histórico de aborto com 14,28% e
obesidade 10,28%, conforme demonstrado na tabela 2.
24

Tabela 2- Descrição dos fatores de risco associados a toxoplasmose gestacional.


Variável Número Frequência (%)

Diabetes Mellitus 6 21,42

Hipertensão 5 17,85

Sifilis 1 3,57

Fator RH - 2 7,14

Depressão 1 3,57

ITU 1 3,57

STV 1 3,57

Anemia 1 3,57

Obesidade 3 10,71

Hipotireoidismo 3 10,71

Acrania Enencefalia 1 3,57

Aborto 4 14,28

Fonte: Elaborada pelo proprio autor (2024).

De acordo com o estudo de Gonçalves et al., (2024), os fatores de risco estão


relacionados às características individuais, condições sociodemográficas
desfavoráveis, histórico reprodutivo prévio, doenças obstétricas na gestação atual e
complicações clínicas. Esses aspectos podem desencadear estresse e afetar
negativamente a saúde mental da gestante, impactando potencialmente no processo
de vínculo com o bebê e consequentemente levando a prejuízos no
desenvolvimento da criança, bem como dificuldades no processo de adaptação à
maternidade.
O cuidado pré-natal adequado é o fator determinante para prevenção da
morbimortalidade materna e infantil, sendo que a permanência ou prevalência
elevada de determinadas patologias demonstram comprometimento da qualidade
dessa atenção e autores citam os elevados índices de sífilis congênita e a
25

hipertensão gestacional, como exemplos e como possíveis de serem controladas


(Bezerra, 2019).
Observou-se que em muitos casos, as gestantes com toxoplasmose não são
monitoradas exclusivamente para a infecção, mas sim para as patologias
associadas. O manejo das comorbidades, como a pressão arterial elevada ou o
controle glicêmico no diabetes, é frequentemente priorizado, pois esses fatores têm
impacto direto na saúde da gestante e do feto.

5.4 Tratamentos farmacológicos de gestantes acompanhadas na Policlínica da


13ª Regional de saúde, Tianguá-ce.

Conforme com os dados da pesquisa, o sulfato ferroso teve maior taxa


67,85% utilizado por gestantes atendidas na Policlínica da 13ª Regional de Saúde,
algumas em tratamento com a espiramicina com o percentual de 25%, e Ácido
Fólico 21,41%. As outras medicações são utilizadas por combinações de outras
patologias associadas.

Tabela 3- Medicações utilizadas por gestantes com toxoplasmose acompanhadas


na Policlínica da 13ª regional de saúde em Tianguá-Ce
Variável Número Frequência (%)

Espiramicina 7 25

Benzetacil 1 3,57

Sulfato ferroso 19 67,85

Metildopa 5 17,85

Puran T4 3 10,71

Metformina 3 10,71

Metoclopramida 1 3,57

Cefalexina 1 3,57

Sertralina 1 3,57

Ácido Fólico 6 21,42


26

Materna 4 14,28

Vitamina D 7 25

Utrogeston 1 3,57

Sem medicações 1 3,57

Elaborada pelo próprio autor (2024).

De acordo com Masini et al (2024), estudos realizados o tratamento pré-natal


para a prevenção não é apoiado por ensaios clínicos randomizados e estudos
recentes questionaram a eficácia do tratamento tradicional à base de espiramicina,
com ou sem pirimetamina-sulfonamida. Qualquer grau de benefício do tratamento
pré-natal não pode ser descartado. Um primeiro relatório e um estudo retrospectivo
maior mostraram resultados promissores do tratamento com espiramicina mais
cotrimoxazol na redução da transmissão fetal, que demonstrou ser superior à
espiramicina sozinha.
O acompanhamento rigoroso e multidisciplinar do tratamento da
toxoplasmose gestacional é essencial para garantir a eficácia terapêutica, minimizar
efeitos adversos e reduzir as complicações tanto para a gestante quanto para o feto.
Portanto, é fundamental que as gestantes com toxoplasmose recebam cuidados
integrados, com monitoramento regular e apoio contínuo para garantir a adesão ao
tratamento e o sucesso clínico.

5.5 Assistências ao pré-natal

A maioria das mulheres, 13 (46,42%) realizaram 2 consultas de


pré- natal alto risco(PNAR), e apenas 1 (35,71%) realizou mais de 4
consultas de pré-natal. Indica que onde há diferença estatisticamente
significativa na distribuição do número de consultas de pré-natal. De
acordo com a coleta de dados realizada, observou-se que as mulheres
tiveram em média duas gestações.
Os dados mostram uma ampla distribuição da idade gestacional
em que a mãe iniciou o pré-natal alto risco (PNAR), sendo que 8 das
28 gestantes iniciaram pré-natal alto risco (PNAR) entre 1 a 12
27

semanas (1º trimestre) com 28,57% do total. Porém, 13 gestantes


iniciaram no 2º trimestre de gravidez (46,42%), 6 (21,42%) no 3º
trimestre de gestação onde tiveram início tardio, indicando assim que
há uma diferença estatisticamente significativa na idade gestacional
das primeiras consultas.
Um percentual de 35,71% das mulheres foi a primeira gestação,
11 das 28 gestantes eram secundigesta (39,28%), 6 tercigesta
(21,42%), e somente 1 na quartigesta, e 17,85% das 28 gestantes
tiverem aborto.

Tabela 4- Caracterização dos dados de assistência pré-natal de gestantes


acompanhadas no pré natal de alto risco ocorridos de 2023 a 2024.
Váriavel Número Frequência (%)

1 consulta 7 25

2 consultas 13 46,42

3 consultas 6 21,42

4 consultas 1 35,71

6 consultas 1 35,71

Primeiro trimestre 8 28,57


Segundo trimestre 13 46,42
Terceiro trimestre 6 21,42

Primigesta 10 35,71
Secundigesta 11 39,28
Tercigesta 6 21,42
Quartigesta 1 35,71
Aborto 5 17,85
28

Fonte: Elaborada pelo próprio autor (2024).

De acordo com os dados da tabela 4, observou-se que a falta de


retorno às consultas por parte das gestantes diagnosticadas com
toxoplasmose gestacional foi uma limitação observada durante a
coleta de dados para este estudo. As consultas de pré-natal é uma
etapa indispensável durante a gravidez e consistem no acolhimento e
acompanhamento de gestantes. Contudo, percebe-se que até mesmo
os profissionais e os estudantes da área da saúde possuem déficit no
conhecimento sobre a toxoplasmose, em especial no que se
refere aos diversos modos de contaminação, a título de
exemplo, conhecimento insuficientes podem refletir na baixa
qualidade das informações fornecidas às gestantes durante o pré-
natal, o que prejudica a sua capacidade de prevenção e de proteção
(Shibukawa et al., 2024).
Durante o processo de coleta de dados para a caracterização das
gestantes com toxoplasmose nesta pesquisa, uma limitação importante foi a
ausência de informações sobre internações nos prontuários médicos de várias
participantes. A internação hospitalar pode representar um marcador importante
para a avaliação da gravidade da toxoplasmose, tanto em termos de sua
evolução quanto no monitoramento dos efeitos sobre a saúde materno-fetal.
29

6 CONCLUSÃO

Dado exposto, podemos concluir que através dos resultados que a presente
pesquisa obteve foi possivel identificar alguns padrões relevantes, bem como áreas
que necessitam de maior atenção. Os resultados indicam que a maior prevalência
de toxoplasmose entre as gestantes está associadas a fatores como dados
sociodemograficos, municipios com maior número de casos.
Sendo assim, apesar do acesso relativamente melhor a serviços de saúde
devido ao nivel educacional e a estabilidade social associada ao estado civil, as
gestantes dessas caracteristica ainda enfrentam fatores de risco que precisam ser
abordados, como práticas alimentares inadequadas ou falta de informações sobre as
formas de prevenção da infecção. Além disso, a pesquisa evidenciou que há
ausência de informações detalhadas nos prontuários médicos das gestantes,
principalmente no que se diz a respeito as internações durante a gestação,
dificultando o acompanhamento adequado.
A educação em saúde e o aumento da concientização sobre os riscos da
toxoplasmose gestacional são, portanto fundamentais, para melhorar os índices de
adesão do tratamento e acompanhamento da equipe de saúde. Onde percebe-se a
necessidade de politicas publicas que melhorem o acesso ao diagnostico precoce,
qualifiquem o acompanhamento, minimizando os riscos associados a toxoplasmose.
O estudo contribuiu para a compreensão da realidade da toxoplasmose
gestacional na 13ª regional de saúde do Ceará, destacando a importância da
implementação de práticas clinicas adequadas e politicas de saúde pública para
garantir a saúde materno-fetal e reduzir os impactos da infecção.
30

REFERÊNCIAS

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maternidade pública. 2019. Brasil.

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2014.
34

APENDICE

APÊNDICE A
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS SOBRE GESTANTES
COM TOXOPLASMOSE ATENDIDAS NA POLICLÍNICA REGIONAL DE
TIANGUÁ-CE
Nº de casos___________
Dados sociodemográficos
Categoria de respostas Quantidade %
Casada ( )
Situação conjugal Solteira ( )
União estável ( )
Outros_____ ( )
9 a 15 anos ( )
16 a 22 anos ( )
Faixa etária 23 a 29 anos ( )
30 a 36 anos ( )
37 a 45 anos ( )
Sem escolaridade ( )
Fundamental I (1ª a 4ª ( )
Escolaridade série)
Fundamental II (5ª a 9ª ( )
série)
Médio Incompleto ( )
Médio Completo ( )
Superior Completo ( )
Parda ( )
Branca ( )
Etnia Preta ( )
Amarela ( )
Indígena ( )
Assistência pré-natal

Idade gestacional na primeira consulta: _____________


Número de consultas de PNR: ________________________
Qual (is) fator (s) de risco: __________________________
Foi internada durante a gestação:____________________
Exames no pré-natal completo: _____________________
Qual tratamento realizado:__________________________

Informações gerais

Data da coleta: ____/____/_____


35

Quantidade
Viçosa
Tianguá
Ubajara
Município Ibiapina
São Benedito
Guaraciaba do Norte
Croatá
Carnaubal
36

APÊNDICE B- TERMO DE DISPENSA TCLE/TALE


TERMO DE DISPENSA DE TCLE/TALE

Eu, Izabella Vieira dos Anjos Sena, pesquisadora responsável pela pesquisa
intitulada CARACTERIZAÇÃO DE GESTANTES COM TOXOPLASMOSE NA
13° REGIONAL DE SAÚDE DO CEARÁ, solicito perante esse comitê de ética, a
dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e Termo de
Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), tendo em vista que a pesquisa será
documental e utilizará somente dados dos prontuários, e devido á impossibilidade de
obtenção do TCLE e/ou TALE de todos os sujeitos da pesquisa.
Esta pesquisa será realizada com os prontuários das gestantes que declaro
que conheço e cumprirei todas as diretrizes e normas vigentes expressas na
Resolução 466 de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de
Saúde/Ministério da Saúde.
Assumo mediante este Termo, o compromisso de ao utilizar dados e/ou
informações coletadas nos prontuários das participantes da pesquisa, assegurar a
confidencialidade, a privacidade e preservar integralmente o anonimato e a imagem
dos sujeitos.

Tianguá, 30 de Agosto de 2024.

__________________________________________
Izabella Vieira dos Anjos Sena
37

APÊNDICE C - TERMO DE RESPONSABILIDADE


TERMO DE COMPROMISSO E UTILIZAÇÃO DE DADOS

Eu, Izabella Vieira dos Anjos Sena, responsável pelo projeto de pesquisa
intitulado: “Caracterização de Gestantes com Toxoplasmose na 13º Regional de
Saúde do Ceará” a ser desenvolvido na Policlínica Regional de Tianguá-CE, me
comprometo a manter confidencialidade sobre os dados coletados, bem como a
privacidade de seus conteúdos conforme rege a Resolução 466/2012 e/ou 510/2016,
ambas do Conselho Nacional de Saúde.

Tianguá, 30 de Agosto de 2024.

____________________________________________
Assinatura do pesquisador
38

ANEXO A-TERMO FIEL DEPOSITÁRIO


39

ANEXO B- CARTA DE ANUÊNCIA


40

ANEXO C
41
42

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