Efolio A Politica Internacional
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Efolio A Politica Internacional
Número: 2301567
Curso: Estudos Europeus
Data de Entrega: 16.11.2024
Questão 1: Em que consiste o "Direito à Igualdade Soberana"?
O princípio de ‘direito à igualdade soberana’ estabelece-se no Art.° 2.°, n.° 1 da Carta das
Nações Unidas. Regulamenta um princípio jurídico fundamental que dita que todos os
Estados são juridicamente iguais, independente do seu tamanho, poderio económico, militar,
população ou influencia. Este princípio é notavelmente importante em outras convenções
estatais e princípios jurídicos, dando como exemplo “a Convenção de Montevideu sobre os
Direitos e Deveres dos Estados, de 1933, que, no Art. 4.0 estipula a igualdade jurídica entre
Estados, e ainda a Ata Final da Conferência de Helsínquia sobre Segurança e Cooperação
Europeia, de Agosto de 1975, que serve para a reforçar.
Mas, de notar, estamos perante uma crise do princípio da igualdade soberana, isto porque “a
evolução, tanto do direito internacional, como do conceito de soberania, (…) tem vindo a
evidenciar-se como ‘desajustada’ em relação à realidade internacional, verificando-se nas
organizações internacionais, designadamente, nas organizações supranacionais”. (Moreira,
2002, 350), e “no que concerne à independência, a realidade atual permite verificar as
frequentes interferências, explícitas e publicamente veiculadas, exercidas pelos estados ‘no
processo de formação da vontade dos outros’.
O ambiente internacional de hoje rege-se por este princípio de direito à igualdade de cada
estado soberano, no entanto marcado por “interdependências complexas e pela desigualdade
efetiva entre os estados em termos de capacidade de exercício de poder, o respeito pela
independência”. Neste sentido, “o princípio da igualdade soberana e o seu corolário da
independência constituem, de facto, ‘duas condições que são garantias e não direitos ou
liberdades’”.
Questão 2: Explicite as várias Acções de Estabilização do Ambiente Relacional exercidas
pelas Organizações Internacionais.
Estas ações de Estabilização do Ambiente Relacional podem ser agrupadas em diversas
funções específicas, Para Merle, os Estados são obrigados a proteger seus interesses, gerir
influências e participar ativamente nas atividades das organizações internacionais. Merle cita
a primeira ação como “oferecer aos Estados um quadro pré-estabelecido e permanente de
diálogo”, ajudando a evitar, atenuar ou resolver conflitos e disputas entre ele, no qual “estes
podem evitar, atenuar ou mesmo resolver os seus diferendos responsabilizando, por vezes, a
própria organização pelo fracasso dessas tentativas”. O processo de aprendizagem decorrente
da prática deste diálogo destaca o potencial da diplomacia internacional na preservação dos
equilíbrios e na ampliação das capacidades de influência, explorando novos espaços e
possibilidades. (Santos, 2012, pág. 130). A segunda ação estabelece a função, “da validação
de situações de facto através da legitimação.”, consistindo na legitimação de situações de
fato, com o objetivo de intervir no contexto internacional para validar essas situações.
protegendo situações de fato contra ataques de outros atores, validando-as como adequadas e
desejáveis de acordo com as circunstâncias, o que implica a legitimação dessas situações.
Essa legitimação também pode ocorrer por meio da exclusão ou admissão de um membro. No
caso da exclusão, a organização enfrenta consequências, como a perda de sua capacidade de
representar o conjunto dos Estados e a dificuldade de exercer suas funções em relação ao
Estado excluído. Por outro lado, na admissão, a legitimação confere ao novo membro
proteção contra críticas, ações ou agressões dos demais membros. A terceira ação implica à
execução de intervenções no plano prático com o poder efetivo de decisão, possuindo
inúmeras formas de atuação e área e permitindo uma diversidade de formas de atuação para
lidar com concretos. (Santos, 2012, pág. 130). A quarta função, informacional, diz respeito á
agregação de informação por meio da elaboração de relatórios, tratamento de dados e
divulgação de informações úteis para a tomada de decisões. Tal sistematização permite “um
melhor conhecimento mútuo de todos os atores envolvidos“ e oferece ”um valioso conjunto
de indicadores sobre a evolução da comunidade internacional”(Santos, 2012, pág. 130). Uma
ação a notar é ainda a de transformar e reduzir as tensões ao nível internacional através da
publicação e disponibilização dos dados e relatórios acima descritos. O autor debruça ainda
que a organização internacional, como instituição, tem como objetivo equilibrar os
relacionamentos internacionais, enquanto ‘transformadora’, com a responsabilidade agregada
de gerir tensões. Virally, complementa esse pensamento, argumentando que essas
organizações possuem "competências próprias", que incluem a capacidade de debater, decidir
e agir de maneira independente. Archer, por sua vez, explica que as organizações
internacionais contribuem para a evolução do ambiente relacional por meio de diversas
formas de interação e as define como instrumentos, fóruns e atores, desempenhando funções
de 1) Articulação e agregação de interesses entre atores do sistema internacional; 2)
Recrutamento de participantes da comunidade internacional 3) Promoção de socialização
institucional; 4) Produção e divulgação de informações; 5) conjunto de funções operacionais
que atuam em complementaridade ou substituição dos governos ou dos estados membros.
Em conclusão, segundo Dinh, Daillier e Pellet, as organizações internacionais estão presentes
e contribuem ao resolver problemas globais, sejam ambientais, conflitos e crises, gerindo
interdependências complexas e promovendo harmonia política, económica e social,
consolidando-se como pilares de estabilidade e soluções para desafios globais.
Bibliografia:
Marques dos Santos, Victor. 2012. Elementos de Análise de Política Externa. Lisboa: ISCSP
Moreira, Adriano, 2002, p. 350, Teoria das Relações Internacionais, 4.ª ed., Coimbra,
Almedina