1. AÇÃO ORDINÁRIA

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LEGIS ADVOCACIA> Marcelo Augusto

e Associados

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ º VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PÚBLICA

PRECEDENTES IDÊNTICOS MESMO CERTAME/BANCA: (...) Compulsando os autos de origem, mais


especificamente o laudo juntado pelo
2ª VARA DOS FFP: 0842140-06.2023.8.18.0140 e outros
autor/agravante, verifico que apesar de
discriminar o método e a técnica utilizados, não
TJPI: AI N. 0764019-59.2024.8.18.0000 – Des. Agrimar. restou claramente demonstrada a forma que se
JULGAMENTOS: chegou ao resultado do exame.
•0764720-54.2023.8.18.0000 (2ª Câmara de Direito Público)
•0764065-82.2023.8.18.0000 (6ª Câmara de Direito Público) Em verdade, com a ausência de cópia do
•0764063-15.2023.8.18.0000 (6ª Câmara de Direito Público) processo que levou à inaptidão do agravante
•0764069-22.2023.8.18.0000 (5ª Câmara de Direito Público) somado ao resultado da avaliação
psicológica, que seriam realizados em
entrevista devolutiva com um dos psicólogos
Decisões monocráticas:
da comissão, a qual não poderia ser gravada
•0763795-58.2023.8.18.0000 (Desembargador RICARDO GENTIL pelo candidato, o direito de defesa do
EULÁLIO DANTAS) agravante ficou prejudicado, impossibilitando-o
•0764952-66.2023.8.18.0000 (Desembargador DIOCLÉCIO SOUSA DA até mesmo de interpor qualquer recurso
SILVA); administrativo. (AI N. AGRAVO DE
•0764138-54.2023.8.18.0000 (Desembargador JOSÉ JAMES GOMES INSTRUMENTO (202) No 0763722-
PEREIRA) 86.2023.8.18.0000 REL. DES. JOSE WILSON
•0763698-58.2023.8.18.0000 (Desembargador FRANCISCO GOMES DA – JULGADO EM 26/07/2024- MESMO
COSTA NETO) CERTAME).

JOSINALDO GOMES DE LIMA JÚNIOR, brasileiro, RG n° 9752553 SSP PE, CPF


N° 705.611.034-70, residente e domiciliado na Rodovia BR 316, n° Compensa 01160, Araripina PE,
CEP: 56280-000, por intermédio de seu procurador “in fine” subscrito e legalmente constituído em
instrumento procuratório anexo, com escritório para intimações e notificações no timbre, vêm com o
devido respeito e demais apologias de estilo à presença de V. Exa., com base na Lei nº 12.016/09,
propor o presente:

AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face da UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI(NÚCLEO DE CONCURSO


PROMOÇÕES E EVENTOS – NUCEPE),pessoa Jurídica de Direito Público, CNPJ n°
07.471.758/0001-57, podendo ser citada na Rua João Cabral, S/N, Pirajá, Teresina – PI(UESPI), e
ainda como litisconsorte passivo necessário o ESTADO DO PIAUÍ, CNPJ n° 06.553.481/0001-49,
com endereço para comunicações na Avenida Senador Área Leão, 1650, Jóquei Clube, Teresina – PI,
pelas razões de fato e de direito expostas a seguir:

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DOS FATOS

O requerente foi aprovado nas provas objetivas do concurso ao cargo de Policial


Penal do PI, objeto do edital n. 01/2024, bem como nas suas fases(exames médico e teste de aptidão
física).
O requerente foi considerado inapto no exame psicológico, conduto, o resultado
do exame(laudo) só informa o resultado, sem esclarecer como se chegou e foi obtido o resultado, e,
pior, não informa como foram cálculos os percentuais, previsto no item 16.12 do Edital:

16.12 Os resultados da categorização dos percentuais das


características psíquicas que concorrem para a INAPTIDÃO
dos candidatos para o exercício do cargo de Policial Penal
são:

O laudo não informa como ocorreu a correção dos testes e a interpretação dos
escores/percentis, o que viola expressamente o art. 6ª da Resolução n. 9/2018-CFP:

Art. 6º – Os testes psicológicos, para serem reconhecidos para


uso profissional de psicólogas e psicólogos, devem possuir
consistência técnico-científica e atender os requisitos mínimos
obrigatórios, listados a seguir:
(...)
VI - apresentação do sistema de correção e interpretação dos
escores, explicitando a lógica que fundamenta o procedimento,
em função do sistema de interpretação adotado, que pode ser:

A propósito, o Manual de Elaboração de Documento Decorrentes de Avaliações


Psicológicas aprovado pela Resolução n. 017/2002, disciplina em seu item 3.2 que o Laudo
Psicológico deve conter narrativa detalhas, didática, clareza, precisão e harmonia de forma
compressível ao destinatário. Vejamos:

Independentemente das finalidades a que se destina, o


Relatório Psicológico é uma peça de natureza e valor
científicos, devendo conter narrativa detalhada e didática,
com clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível
e compreensível ao destinatário.

https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2002/12/resolucao2002_17.PDF

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Com efeito, isso não ocorreu com o laudo fornecido aos candidatos, pois, não existe
detalhamento de como os resultados indicados foram encontrados/observados.

O laudo informa os escore/percentis (percentual) obtidos pelo candidato, sem


explicar, como se chegou ou calculou esse percentual.

Trata-se de laudo síntese, ou seja, que diz o resultado, sem, contudo, informar como
se chegou e se observou os resultados.

Em anexo aos autos, segue laudo de outro concurso feito pela banca UNB, para
fins de comparação, onde o mesmo é devidamente fundamento com a indicação de escores,
percentis e cálculos.

De mais a mais, o resultado no laudo veio apresentando escore, quando deveria


ser em percentual, como determina o item 16.12 do Edital. Ademais, em alguns casos, na
característica indicada como imprópria do candidato, sequer houve a indicação de escore ou percentil,
contrariando expressamente o item 16.12 do Edital, que disciplina que o resultado será sempre em
percentil.

Noutro giro, verifica-se violação de normas durante a entrevista devolutiva, na qual


foram fornecidas apenas razões verbais, sem gravação ou registro detalhado. Situação que não
supre a garantia de acesso a cópia de todo processo envolvendo a avaliação ou laudo psicológico,
incluindo testes respondidos e laudo fundamentado, essencial para confrontar tecnicamente os
seus resultados em recurso administrativo adequado, o que só é possível com a cópia dos testes
respondidos e suas folhas de respostas ou laudo fundamentado/detalhado, a fim de viabilizar o
devido recurso administrativo.

A propósito, nesse sentido se manifestou o TJPI em acórdão julgado


recentemente em caso idêntico:
(...) Compulsando os autos de origem, mais
especificamente o laudo juntado pelo autor/agravante,
verifico que apesar de discriminar o método e a técnica
utilizados, não restou claramente demonstrada a forma
que se chegou ao resultado do exame.

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Em verdade, com a ausência de cópia do processo que


levou à inaptidão do agravante somado ao resultado da
avaliação psicológica, que seriam realizados em
entrevista devolutiva com um dos psicólogos da
comissão, a qual não poderia ser gravada pelo candidato,
o direito de defesa do agravante ficou prejudicado,
impossibilitando-o até mesmo de interpor qualquer recurso
administrativo. (AI N. AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
No 0763722-86.2023.8.18.0000 REL. DES. JOSE WILSON
– JULGADO EM 26/07/2024- MESMO CERTAME).

Por fim, mesmo o autor requerendo por escrito, a banca examinadora não
forneceu cópias das provas e do espelho de correção, a fim de que o autor pudesse confrontar
tecnicamente seus resultados, o que viola expressamente o § 1º, art. 10 do Decreto Estadual nº
15.259/2013, bem como a jurisprudência pátria sobre o assunto.

Agindo como agiu, a banca examinadora incorreu em ilegalidade, pois, a


legalidade do exame psicológico está condicionada a observância de três pressupostos, quais sejam:
previsão legal, objetividades dos critérios adotados e possibilidade de revisão do resultado
obtido pelo candidato (RMS 46.058/SC - STJ, DJ 21/03/2017).

No caso concreto, o teste aplicado no autor, não foi objetivo e nem permitiu a
possibilidade de revisão do resultado, sendo pois, nulo.

Esse é o cerne da questão.


DO DIREITO

DO LAUDO SIGILOSO E SUBJETIVO – IMPOSSIBILIDASDE DE REVISÃO DO RESULTADO


PELO CANDIDATO

No caso concreto, o laudo não informa como ocorreu a correção e a


interpretação dos escorres, o que viola expressamente o art. 6ª da Resolução n. 9/2018-CFP.

O laudo não informa como foram obtido/calculado os escores/percentis (percentual)


pelo candidato em cada competência, e também não explica como se chegou no resultado
obtido, bem como não demonstra como se interpretou as avaliações dos requerentes para se
chegar no resultado indicado na avaliação.

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Trata-se de laudo síntese, ou seja, que diz o resultado, sem, contudo, informar
como se chegou e se observou o mesmo, sem explicar, ainda, como se interpretou as avaliações dos
candidatos para se chegar nesse resultado.

O laudo não informa como ocorreu a correção e a interpretação dos escorres, o que
viola expressamente o art. 6ª da Resolução n. 9/2018-CFP:

Art. 6º – Os testes psicológicos, para serem reconhecidos para


uso profissional de psicólogas e psicólogos, devem possuir
consistência técnico-científica e atender os requisitos mínimos
obrigatórios, listados a seguir:
(...)
VI - apresentação do sistema de correção e interpretação dos
escores, explicitando a lógica que fundamenta o procedimento,
em função do sistema de interpretação adotado, que pode ser:

A banca não forneceu ao candidato, o sistema de correção adotado nem como


ocorreu a interpretação dos escores(percentis).

O laudo informa os percentis, conduto, não explica como se chegou no percentual


obtido, ou seja, como ocorreu a interpretação e correção para se chegar nesse resultado.

A correção do teste ocorreu via percentual extraído das repostas do candidato, e a


banca examinadora adotou um parâmetro de correção, conduto, essas informações não fora
fornecida aos candidatos.

O edital disciplina que a correção será em percentual, conforme item 16.12 do Edital:

16.12 Os resultados da categorização dos percentuais das


características psíquicas que concorrem para a INAPTIDÃO
dos candidatos para o exercício do cargo de Policial Penal
são:

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Assim sendo, é direito do candidato saber como esse percentil fora calculado, o
que não foi esclarecido/informado.

A propósito, o requerente anexou aos autos como referência, Laudo Psicológico de


concurso realizado pela CESP/UBS que contém inúmeras laudas, para demonstrar que o laudo
psicológico adequado deve informar ao candidato os parâmetros de correção dos testes com escores
e percentual(percentil) utilizados para decidir o resultado do candidato.

Com efeito, o Ministro Sepúlveda Pertence, ao julgar em 07/12/2004 o AI 265.9337, com precisão
delineou que o "exame psicotécnico, com base em critérios subjetivos, sem um grau mínimo
de objetividade, é ilegítimo por não permitir o acesso ao Poder Judiciário para a verificação
de eventual lesão de direito individual pelo uso desses critérios".

De igual forma, o Ministro Celso de Mello, no julgamento do AI 539.408, julgado em 06/12/2005,


bem assinalou que o "exame psicotécnico, especialmente quando possuir natureza
eliminatória, deve revestir-se de rigor científico, submetendo-se, em sua realização, à
observância de critérios técnicos que propiciem base objetiva destinada a viabilizar o
controle jurisdicional da legalidade, da correção e da razoabilidade dos parâmetros
norteadores da formulação e das conclusões resultantes dos testes psicológicos, sob pena
de frustrar-se, de modo ilegítimo, o exercício, pelo candidato, da garantia de acesso ao
Poder Judiciário, na hipótese de lesão a direito".

O Ministro Ayres Britto, no julgamento do RE 372.1009, reiterou a necessidade de


que a avaliação em comento deva ser dotada de critérios objetivos, ainda que minimamente, isto
porque, em suas palavras:

... os atos administrativos praticados na condução de concurso para


provimento de cargos públicos não se curvam apenas ao cumprimento da
legalidade, argumento central do apelo extremo. Tais atos também se
devem pautar, ainda que minimamente, por critérios objetivos. Isso
para permitir ao candidato a compreensão e a eventual impugnação da
nota que lhe foi atribuída em determinado exame. É dizer: os critérios
de avaliação do candidato em cada etapa do certame, bem como o
acesso ao laudo dos exames aplicados não podem ser sigilosos, a
pretextos de se estar praticando ato discricionário, pois

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discricionariedade é margem de atuação dentro da lei. Não é


arbitrariedade.

No mesmo sentido, o Ministro Gilmar Mendes, relator do AI 758.533 que deu origem à
tese acima transcrita, destacou:

Ademais, o exame psicotécnico necessita de um grau mínimo de


objetividade e de publicidade dos atos em que se procede. A
inexistência desses requisitos torna o ato ilegítimo, por não
possibilitar o acesso à tutela jurisdicional para a verificação de lesão
do direito individual pelo uso desses critérios.

Por fim, é preciso apontar, também, a importante observação do Ministro Dias Toffoli
que, ao analisar reclamação proposta em face de alegado descumprimento ao conteúdo da Súmula
Vinculante nº 44, asseverou não ser possível se extrair de seu enunciado, "porquanto ausente a
pertinência temática com os precedentes da jurisprudência desta Suprema Corte que justificaram sua
edição, a obrigatoriedade de que os critérios objetivos a serem observados pelos avaliadores
estejam discriminados em lei em sentido estrito para fins de se conferir o grau de segurança
jurídica e publicidade mínimos exigidos".

Dessa forma, nulo o exame psicológico aplicado no requerente.

DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DO RESULTADO (LAUDO – PSICOLÓGICO)

O laudo não fundamenta ou motiva sua conclusão, ou seja, quais as razões que
levaram o psicólogo a concluir esse diagnóstico negativo do candidato ? Quais respostas do
candidato implicou nesse diagnostico negativo ? Como ocorreu o somatório dessa respostas ?

Desta forma, o exame em questão se tornou irrecorrível devido ao seu caráter sigiloso,
logo, o candidato não teve acesso ao todo procedimento do exame psicotécnico a que foi submetido,
onde pudesse confrontar tecnicamente seus resultados.

Os requerentes não receberam cópias das avaliações psicológicas respondidas, o que é


assegurado pelo art. 14- A do Decreto Federal 6.944/2009.

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Assim, o exame aplicado nos autores é nulo, pois, foi revestido de caráter
sigiloso, na medida que, os mesmos não tiveram acesso aos elementos necessários a possibilidade
de revisão do resultado, de modo a afastar o perigoso subjetivismo que pode cercar os avaliadores.

A rigor, o resultado do exame deve conter os motivos e fundamentos que levaram


o psicólogo a concluir que o candidato não possui aquele padrão aceitável, a fim de possibilitar a
revisão do resultado, mediante recurso administrativo.

O laudo fornecido pela Banca Examinadora é extremamente subjetivo, pois se


limita a dizer que o candidato apresentar aquele padrão negativo, contudo, não esclarecimento ou
fundamenta como se chegou aquele resultado.

O § 1º, art. 10 do Decreto Estadual nº 15.259/2013, disciplina:

§ 1º Todas as avaliações psicológicas serão fundamentadase os


candidatos poderão obter cópia de todo o processado envolvendo sua
avaliação ou do laudo psicológico.

Como o poder judiciário pode verificar se o ato administrativo goza de


legalidade ? Se o mesmo não possui motivação, frutando o exercício, pelo candidato, da
garantia de acesso ao Poder Judiciário, na hipótese de lesão a direito.

A jurisprudência a esse respeito disciplina:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONCURSO PÚBLICO - EXAME


PSICOTÉCNICO - EXIGÊNCIA DE RIGOR CIENTÍFICO - NECESSIDADE
DE UM GRAU MÍNIMO DE OBJETIVIDADE - DIREITO DO CANDIDATO DE
CONHECER OS CRITÉRIOS NORTEADORES DA ELABORAÇÃO E DAS
CONCLUSÕES RESULTANTES DOS TESTES PSICOLÓGICOS QUE LHE
TENHAM SIDO DESFAVORÁVEIS - POSSIBILIDADE DE IMPUGNAÇÃO
JUDICIAL DE TAIS RESULTADOS - PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA
INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - RECURSO IMPROVIDO. - O exame
psicotécnico, especialmente quando possuir natureza eliminatória, deve
revestir-se de rigor científico, submetendo-se, em sua realização , à
observância de critérios técnicos que propiciem base objetiva destinada
a viabilizar o controle jurisdicional da legalidade, da correção e da
razoabilidade dos parâmetros norteadores da formulação e das
conclusões resultantes dos testes psicológicos, sob pena de frustrar -

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se, de modo ilegítimo, o exercício, pelo candidato, da garantia de


acesso ao Poder Judiciário, na hipótese de lesão a direito. Precedentes.
(318367 BA , Relator: CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 26/08/2002,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJ 14-02-2003 PP-00062 EMENT
VOL-02098-05 PP-01121 RTJ VOL-00191-01 PP-00309)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONCURSO PÚBLICO – EXAME


PSICOTÉCNICO - EXIGÊNCIA DE RIGOR CIENTÍFICO - NECESSIDADE
DE UM GRAU MÍNIMO DE OBJETIVIDADE - DIREITO DO CANDIDATO DE
CONHECER OS CRITÉRIOS NORTEADORES DA ELABORAÇÃO E DAS
CONCLUSÕES RESULTANTES DOS TESTES PSICOLÓGICOS QUE LHE
TENHAM SIDO DESFAVORÁVEIS - POSSIBILIDADE DE IMPUGNAÇÃO
JUDICIAL DE TAIS RESULTADOS – PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA
INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - RECURSO IMPROVIDO. - O exame
psicotécnico, especialmente quando possuir natureza eliminatória, deve
revestir-se de rigor científico, submetendo-se, em sua realização, à
observância de critérios técnicos que propiciem base objetiva destinada a
viabilizar o controle jurisdicional da legalidade, da correção e da
razoabilidade dos parâmetros norteadores da formulação e das
conclusões resultantes dos testes psicológicos, sob pena de frustrar-se,
de modo ilegítimo, o exercício, pelo candidato, da garantia de acesso ao
Poder Judiciário, na hipótese de lesão a direito. Precedentes.” (AI
467.616-AgR, rel. min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJ 11.06.2004)

CONCURSO PÚBLICO. DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL. EXAME


PSICOTÉCNICO. LEGALIDADE. FINALIDADE DE AFERIR PERFIL
PROFISSIOGRÁFICO. ILEGITIMIDADE. CARÁTER SIGILOSO.
IMPOSSIBILIDADE.(...) É, também, ofensiva à Constituição a atribuição
de caráter sigiloso ao psicotécnico, assim se caracterizando a negativa
de fornecimento, ao candidato ou ao profissional por ele contratado, do
inteiro teor dos testes e respostas respectivas, e do laudo que ensejou a
eliminação do concurso. Exigência de publicidade e motivação que não
se satisfazem com o fornecimento de laudo-síntese. Constituição(...).5.
Apelação e remessa oficial, tida por interposta, às quais se nega
provimento.(23605 DF 2002.34.00.023605-5, Relator: DESEMBARGADORA
FEDERAL MARIA ISABEL GALLOTTI RODRIGUES, Data de Julgamento:
16/07/2007, SEXTA TURMA, Data de Publicação: 20/08/2007 DJ p.86)

Assim, no caso em apreço, o resultado do teste é sigiloso, logo, dele se extraí apenas
os fatores que o candidato não atingiu o padrão desejável, sem explicitar as conclusões que
levaram a se concluir isso.

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DO EXAME SIGILOSO – VIOLAÇÃO AO MANUAL DE ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS


DECORRENTES DE AVALIAÇÕES PSICOLÓGICAS

O Manual de Elaboração de Documento Decorrentes de Avaliações Psicológicas


aprovado pela Resolução n. 017/2002, disciplina em seu item 3.2 que o Laudo Psicológico deve
conter narrativa detalhas, didática, clareza, precisão e harmonia de forma compressível ao
destinatário. Vejamos:

Independentemente das finalidades a que se destina, o


Relatório Psicológico é uma peça de natureza e valor
científicos, devendo conter narrativa detalhada e didática,
com clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível
e compreensível ao destinatário.

Fonte: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2002/12/resolucao2002_17.PDF

Com efeito, isso não ocorreu com o laudo fornecido aos candidatos, pois, não existe
detalhamento de como os resultados indicados foram encontrados/observados.

DO NÃO FORNECIMENTO DAS CÓPIAS DAS AVALIÇÕES PSICOLOGICAS APLICADAS

Noutra senda, não foram fornecidos cópias das avaliações psicológicas respondidas,
embora requerido por escrito, o que é assegurado pelo art. 14- A do Decreto Federal
6.944/2009, que dispõe:

Art. 14-A. O resultado final da avaliação psicológica do candidato


será divulgado, exclusivamente, como “apto” ou
“inapto”.

§ 1o Todas as avaliações psicológicas serão fundamentadas e


os candidatos poderão obter cópia de todo o processado
envolvendo sua avaliação, independentemente de requerimento
específico e ainda que o candidato tenha sido considerado apto.

Apenas a titulo de conhecimento informando que esses teste aplicados(TEACO FF,


MVR, BPR-5-E E BFP), estão todos disponíveis na rede mundial de computadores, a exemplo
http://psico.g6.cz/raciocinio.html .

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Ocorre que, os requerentes precisavam ter acesso aos seus testes respondidos
para poderem confrontar com os laudos do psicólogo e fundamentarem seus recursos
administrativos.

A esse respeito a jurisprudência baliza que o candidato possui o direito de obter cópias
e não somente visualizar os teste. Vejamos:

DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO


PÚBLICO. CARREIRAS DA POLÍCIA FEDERAL. AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA. DISPENSA. SERVIDOR PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE.
SIGILO DO RESULTADO DO EXAME PSICOTÉCNICO. CERCEAMENTO
DE DEFESA.(...) 4. Com efeito, candidato inscrito em concurso público,
tem direito de conhecer os critérios utilizados para a sua avaliação, bem
como ter vista de prova e exames por ele realizados para fins do
exercício do direito de apresentar o recurso cabível, não podendo ser
excluido do certame nenhum concorrente, sem antes conceder-lhe
oportunidade de defesa. 5. Apelação e remessa oficial, tida por submetida,
a que se nega provimento."(EXTRAIDO DO RECURSO ESPECIAL Nº
1.117.835 0 STJ – MIN. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA. 22.03.2010)

CONCURSO PÚBLICO. DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL. EXAME


PSICOTÉCNICO. LEGALIDADE. FINALIDADE DE AFERIR PERFIL
PROFISSIOGRÁFICO. ILEGITIMIDADE. CARÁTER SIGILOSO.
IMPOSSIBILIDADE.(...) É, também, ofensiva à Constituição a atribuição
de caráter sigiloso ao psicotécnico, assim se caracterizando a negativa
de fornecimento, ao candidato ou ao profissional por ele contratado, do
inteiro teor dos testes e respostas respectivas, e do laudo que ensejou a
eliminação do concurso. Exigência de publicidade e motivação que não
se satisfazem com o fornecimento de laudo-síntese. Constituição(...).5.
Apelação e remessa oficial, tida por interposta, às quais se nega
provimento.(23605 DF 2002.34.00.023605-5, Relator: DESEMBARGADORA
FEDERAL MARIA ISABEL GALLOTTI RODRIGUES, Data de Julgamento:
16/07/2007, SEXTA TURMA, Data de Publicação: 20/08/2007 DJ p.86)

Ora, já está pacificado na jurisprudência que o sigilo previsto no Código de Ética


Profissional do Psicólogo não pode prevalecer em relação ao próprio candidato, falecendo em
face do disposto no art. 5º, inciso LXII, da Carta da Republica, que assegura o acesso do cidadão a
todas as informações existentes a seu respeito.

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Assim, o candidato tem direito e pode ter acesso aos motivos que levaram a banca
examinadora a considerar o candidato contra-indicado, ainda mais mediante psicólogo contratado.
Nesse sentido:
DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO
PÚBLICO. CARREIRAS DA POLÍCIA FEDERAL. AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA. DISPENSA. SERVIDOR PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE.
SIGILO DO RESULTADO DO EXAME PSICOTÉCNICO. CERCEAMENTO
DE DEFESA.(...) 4. Com efeito, candidato inscrito em concurso público,
tem direito de conhecer os critérios utilizados para a sua avaliação, bem
como ter vista de prova e exames por ele realizados para fins do
exercício do direito de apresentar o recurso cabível, não podendo ser
excluido do certame nenhum concorrente, sem antes conceder-lhe
oportunidade de defesa. 5. Apelação e remessa oficial, tida por submetida,
a que se nega provimento."(EXTRAIDO DO RECURSO ESPECIAL Nº
1.117.835 0 STJ – MIN. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA. 22.03.2010)

CONCURSO PÚBLICO. DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL. EXAME


PSICOTÉCNICO. LEGALIDADE. FINALIDADE DE AFERIR PERFIL
PROFISSIOGRÁFICO. ILEGITIMIDADE. CARÁTER SIGILOSO.
IMPOSSIBILIDADE.(...) É, também, ofensiva à Constituição a atribuição
de caráter sigiloso ao psicotécnico, assim se caracterizando a negativa
de fornecimento, ao candidato ou ao profissional por ele contratado, do
inteiro teor dos testes e respostas respectivas, e do laudo que ensejou a
eliminação do concurso. Exigência de publicidade e motivação que não
se satisfazem com o fornecimento de laudo-síntese. Constituição(...).5.
Apelação e remessa oficial, tida por interposta, às quais se nega
provimento.(23605 DF 2002.34.00.023605-5, Relator: DESEMBARGADORA
FEDERAL MARIA ISABEL GALLOTTI RODRIGUES, Data de Julgamento:
16/07/2007, SEXTA TURMA, Data de Publicação: 20/08/2007 DJ p.86)

Nesse condão jurídico, implica dizer que, o fato de não ter sido facultado acesso as
cópias das provas respondidas pelos requerentes prejudicou de morte seus recursos administrativos,
tornando o exame sigiloso.

DO LAUDO SIGILOSO – NÃO INFORMAÇÃO DE COMO SE OBTEU,SE INTERPRETROU E SE


CALCULOU OS ESCORES (PERCENTIS)

O laudo não informa como ocorreu a correção, interpretação e cálculo dos escorres, o que
viola expressamente o art. 6ª da Resolução n. 9/2018-CFP:

Art. 6º – Os testes psicológicos, para serem reconhecidos para


uso profissional de psicólogas e psicólogos, devem possuir

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consistência técnico-científica e atender os requisitos mínimos


obrigatórios, listados a seguir:
(...)
VI - apresentação do sistema de correção e interpretação dos
escores, explicitando a lógica que fundamenta o procedimento,
em função do sistema de interpretação adotado, que pode ser:

A banca não forneceu ao candidato, o sistema de correção adotado nem como


ocorreu a interpretação dos escores(percentis).

O laudo ou o edital sequer informa qual seria o percentual adequado/desejado no


candidato, quiçá como se calculou o percentual obtido, ou seja, como ocorreu a interpretação para se
chegar no resultado.

O edital disciplina que a correção será por percentual, conforme previsto no item
16.12 do Edital:

16.12 Os resultados da categorização dos percentuais das


características psíquicas que concorrem para a INAPTIDÃO
dos candidatos para o exercício do cargo de Policial Penal
são:

A correção do teste ocorreu via percentual extraído das repostas do candidato, e a


banca examinadora adota um parâmetro de correção, o que não foi fornecido.

Na forma da jurisprudência unânime do STJ e STF, a legalidade do exame


psicológico está condicionada a observância de três pressupostos, quais sejam, previsão legal,
objetividades dos critérios adotados e possibilidade de revisão do resultado obtido pelo
candidato (RMS 46.058/SC - STJ, DJ 21/03/2017).

Com efeito, no caso concreto, a possibilidade de revisão do resultado por parte


do candidato está prejudicada, pois, o laudo psicológico fornecido aos autores não é fundamentado,
se limitando a informar a competência em que não foi atingido o índice desejado, sem explicar como
se verificou e se concluiu esse resultado (laudo síntese).

O candidato necessita receber cópia de todo processo envolvendo sua avaliação


ou laudo psicológico devidamente fundamentado.

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O recebimento de forma verbal dos motivos da inaptidão na entrevista devolutiva,


não supre a garantia de acesso a cópia de todo processo envolvendo a avaliação ou laudo
psicológico fundamentado, pois, o candidato necessita confrontar tecnicamente seus resultados, o
que só é possível com a cópia dos testes respondidos e suas folhas de respostas ou laudo
fundamentado/detalhado, a fim de viabilizar o devido recurso administrativo.

De mais a mais, cabe a banca comprovar que assegurou ao candidato as


informações necessárias a elaboração do seu recurso administrativo, na forma do art. 343, II, do CPC:
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.

Assim, nula a eliminação dos requerentes, em razão de não ter possibilitado a


revisão do resultado obtido (RMS 46.058/SC - STJ, DJ 21/03/2017).

DO DIREITO: ENTREVISTA DEVOLUTIVA SEM POSSIBILIDADE DE OBTER CÓPIAS DO


MATERIAL UTILIZADO OU GRAVA A ENTREVISTA

A decisão recorrida seria acertada se o candidato tivesse acesso aos motivos de sua
eliminação de forma documentada, conduto, não foi permitido reproduzir o material utilizado na
aplicação do exame(teste e folhas de respostas) ou gravar a entrevista devolutiva.

A esse respeito disciplina o itens 15.19 e 15.30 do edital do certame:

16.24. Não será permitido ao candidato gravar a entrevista de


devolução.

16.30. 16.30 N ã o será ad m itid a tirar fo to s d o s testes


p sico ló g ico s o u d as fo lh as d e res p o stas e n em a rem o ção d o s
in stru m en to s u tilizad o s n a A v alia ção P sico ló g ica d o seu lo cal
d e arq u iv am en to p ú b lico , d ev en d o o p sic ó lo g o ass isten te
co n tratad o p elo can d id ato fazer seu trab alh o n a p res en ç a d e
u m p sic ó lo g o d a B an ca R ev iso ra .

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Ora, o candidato tem direito de obter cópias dos testes e das folhas de respostas por
ele respondidas ou de laudo devidamente detalhado, onde possa confrontar tecnicamente seus
resultados, a fim de viabilizar o devido recurso administrativo(possibilidade de revisão do
resultado), na forma do art. 10 do Decreto Estadual n. 15259, de 11/07/2013:

Art. 10. O resultado final da avaliação psicológica do candidato será


divulgado, exclusivamente, como “apto” ou “inapto”.
§ 1º - Todas as avaliações psicológicas serão fundamentadas e
os candidatos poderão obter cópia de todo o processado
envolvendo sua avaliação ou do laudo psicológico,
independentemente de requerimento específico e ainda que o
candidato tenha sido considerado apto.

Vejamos que, quando não é fornecido cópia de todo processo que envolve a
avaliação psicologica do candidato, deve ser fornecido laudo, presumindo-se, por óbvio, que o
laudo deve ser devidamente motivado/fundamentado/detalhado.

Não é razoável querer que o candidato receba os motivos de sua eliminação de


forma verbal, pois, existe previsão legal para que esses motivos sejam fornecidos de forma
documentada. Ademais, ofende o principio da razoabilidade e proporcionalidade querer que o
candidato receba um conjunto complexo de informações de formada verbal, como se o candidato
tivesse um microprocessador em sua cabeça.

Assim, para o candidato fundamentar seu recurso administrativo é necessário que


o mesmo tenha acesso a cópia de todo o processado envolvendo sua avaliação ou do laudo
psicológico(que presume-se ser fundamento), como é óbvio, e não apenas informações
verbais.

A propósito, esse foi o entendimento do julgamento do AI. AI N. AGRAVO DE


INSTRUMENTO (202) n. 0763722-86.2023.8.18.0000 - REL. DES. JOSE WILSON – JULGADO
EM 26/07/2024, referente ao MESMO CERTAME, de onde se extraí:

(...) Compulsando os autos de origem, mais especificamente


o laudo juntado pelo autor/agravante, verifico que apesar de
discriminar o método e a técnica utilizados, não restou
claramente demonstrada a forma que se chegou ao resultado
do exame.

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Em verdade, com a ausência de cópia do processo que


levou à inaptidão do agravante somado ao resultado da
avaliação psicológica, que seriam realizados em
entrevista devolutiva com um dos psicólogos da
comissão, a qual não poderia ser gravada pelo candidato,
o direito de defesa do agravante ficou prejudicado,
impossibilitando-o até mesmo de interpor qualquer recurso
administrativo. (AI N. AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
No 0763722-86.2023.8.18.0000 REL. DES. JOSE WILSON
– JULGADO EM 26/07/2024- MESMO CERTAME).

De mais a mais, o Manual de Elaboração de Documento Decorrentes de


Avaliações Psicológicas aprovado pela Resolução n. 017/2002, disciplina em seu item 3.2 que o
Laudo Psicológico deve conter narrativa detalhas, didática, clareza, precisão e harmonia de forma
compressível ao destinatário. Vejamos:

Independentemente das finalidades a que se destina, o


Relatório Psicológico é uma peça de natureza e valor
científicos, devendo conter narrativa detalhada e didática,
com clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível
e compreensível ao destinatário.

Fonte: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2002/12/resolucao2002_17.PDF

Com efeito, isso não ocorreu com o laudo fornecido aos candidatos, pois, não
existe detalhamento de como os resultados indicados foram encontrados/observados, nem como
se cálculos os e se observou os percentis.

Dessa forma, se a banca não forneceu ao requerente cópia de todo o


processado envolvendo sua avaliação ou do laudo psicológico devidamente fundamento,
não há no que se falar em motivação do ato que considerou os autores inapto do exame
impugnado.

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DO DANO MORAL

Em razão da ilegalidade os requerentes foram submetidos a transtornos diversos tais


como: aborrecimentos, frustração e angústias.

Outrossim, os requerentes dedicaram o tempo de suas vidas para se preparem para o


presente certame, contudo, tiveram que suporta tamanha ilegalidade, configurando assim, o dano
moral.
Ademais, não se pode traduzir o presente dano como um mero aborrecimento, pois,
o dano em questão ultrapassou a órbita do aceitável.

Nessa senda, há o dever de indenizar, pelos danos causados aos requerentes na


orbita moral. Nesse sentido:

FAZENDA PÚBLICA. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDEVIDA


ELIMINAÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO. ERRO DA
ADMINISTRAÇÃO. PERDAS E DANOS. DESPESAS COM A
CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO. HONORÁRIOS CONTRATUAIS.
PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO INTEGRAL. RESSARCIMENTO
DEVIDO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. APELO
CONHECIDO E PROVIDO. 1. Esgotada a via administrativa, posto
que desprovido o recurso administrativo aviado, e, demonstrado que
a postulação, perante os órgãos judiciais competentes,
consubstanciaria o único meio disponível ao recorrente para reverter
a injusta eliminação experimentada em concurso público - motivada
por erro da administração -, a constituição de advogado, por meio
de contrato oneroso, representa injusto desfalque, que,
diretamente vinculado - por relação de causalidade - à conduta
ilícita da administração, se mostra, por força do princípio da
restituição integral, passível de ser indenizado, a título de
perdas e danos. 2. A teor do disposto nos artigos 389, 395 e 404 do
Código Civil, os honorários advocatícios integram os valores devidos
a título de reparação por perdas e danos. Patenteado o ato ilícito,
deve, portanto, ser havida por procedente a pretensão ressarcitória a
tal título deduzida. Precedentes do STJ e do TJDFT . 3. O dano
moral, por atingir a esfera intangível dos direitos da
personalidade, eclode in re ipsa, sendo evidente o gravame
imaterial suportado pelo candidato que, mesmo tendo logrado
êxito em concurso público, por inequívoca falha da
administração na aferição de sua altura, restou injustamente
alijado do certame, sendo obrigado a recorrer ao judiciário para
reverter a ilegalidade perpetrada e assegurar a merecida
nomeação para o cargo público para o qual fora habilitado. 4.
Tal situação representa evento gravoso e que frustra as

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legítimas expectativas do titular de um direito já adquirido, a


desbordar, por evidente, os limites do mero dissabor,
configurando ofensa a direito da personalidade e à dignidade do
candidato aprovado e injustamente impedido de assumir a vaga
existente, com repercussões negativas na esfera de tutela da
sua integridade psicológica e moral, a reclamar, por certo, a
devida compensação. 5. Recurso conhecido e provido. Sentença
reformada. (TJDF - ACJ: 20140110952746 DF 0095274-
31.2014.8.07.0001, Relator: LUIS MARTIUS HOLANDA BEZERRA
JUNIOR, Data de Julgamento: 28/10/2014, 3ª Turma Recursal dos
Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 30/10/2014 . Pág.: 285) Dessa forma, como se
trata de eliminação indevida que repercutiu na vida profissional e
pessoal do candidato, existe o dever de indenizar. Com efeito, a
ilegalidade suportada pelo candidato, por inequívoca falha da
administração, fez o candidato recorrer ao judiciário para
reverter a ilegalidade perpetrada e assegurar sua permanência
no certame. Tal situação representa evento gravoso e que
frustra as legítimas expectativas do titular de um direito já
adquirido, a desbordar, por evidente, os limites do mero
dissabor, configurando ofensa a direito da personalidade e à
dignidade do candidato aprovado e injustamente impedido de
prosseguir no certame, com repercussões negativas na esfera
de tutela da sua integridade.psicológica e moral, a reclamar, por
certo, a devida compensação. 5. Recurso conhecido e provido.
Sentença reformada. (TJDF - ACJ: 20140110952746 DF 0095274-
31.2014.8.07.0001, Relator: LUIS MARTIUS HOLANDA BEZERRA
JUNIOR, Data de Julgamento: 28/10/2014, 3ª Turma Recursal dos
Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 30/10/2014 . Pág.: 285)

Assim, há o dever de indenizar, pelo dano causado ao requerente na orbita moral.

DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Ao lume do exposto e demonstrado, os requerentes não podem ser tolhidos em seu


direito, de participar das demais fases do certame, sem qualquer prejuízo em relação aos demais
candidatos, afastando assim, a ilegalidade perpetrada, pois, urge que seja deferida em favor dos
requerentes o pedido de liminar dos autos, em razão de aqui se encontrarem presentes os dois
requisitos que compõe e fundamentam esta:

“PROBABILIDADE DO DIREITO” – que reside no fato do


requerentes possuir o devido respaldo legal que fora comprovado
através das emanações legais e documentação acostada aos autos;

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“PERIGO DE LESÃO DE DIFICL REPARAÇÃO” – consubstancia-se


na questão de que o certame está em andamento, estando indo para
na última fase o certame - 5º Fase - investigação social.

Assim, não sendo deferido o pedido de liminar, os requerentes fatalmente ficarão


impedidos de prosseguirem no certame, causando prejuízo irreparável as suas vidas profissionais, e,
ainda, frustrarão todos os seus esforços que desprenderam para chegar ao aludido concurso.

REQUER, pois, que seja deferido o pedido de TUTELA DE URGÊNCIA, para determinar
a SUSPENSÃO da INAPTIDÂO dos requerentes no Exame Psicológico(4º Fase), aplicando o novo
exame válido e sem vícios, determinando ainda aos requeridos que habilite o requerente para as
demais fases do concurso, inclusive curso de formação, até nomeação e posse em caso de
aprovação em todas as fases etapas, a fim de evitar maior prejuízo ao autor, tudo sem discriminação
ou tratamento diferenciado em relação aos demais candidatos.

DO PEDIDO DE MÉRITO

Requer a procedência do pedido para fazer cessar, de vez, o ato ilegal e arbitrário do
réu supra mencionado, confirmando o pedido de tutela, DECLARANDO NULO o exame psicológico
aplicado nos requerentes, com a conseqüente aplicação de novo exame dentro dos padrões legais,
reconhecendo o direito do requerente de permanecer em definitivo no certamente caso seja aprovado
em todas as fases, sem qualquer prejuízo ou discriminação em relação aos demais candidatos, com
sua respectiva nomeações e posse condicionada apenas a aprovação em todas as fases do certame
e as vagas.

A condenação em danos morais no valor de R$ 90.000,00;

No caso do indeferimento da medida liminar, o que não se espera, requer que no


mérito, seja assegurando aos requerentes o direito de prosseguirem regularmente no certame com
efeitos retroativos à data do ajuizamento, sem qualquer prejuízos ou discriminação em relação aos
demais desse certame, logo, pois, inexiste perca de objeto no caso de exaurimento de certame.
Vejamos:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - CONCURSO PÚBLICO - CURSO DE


FORMAÇAO - PERDA DE OBJETO INEXISTÊNCIA - PRECEDENTES. 1.

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Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, quando a ação busca


aferir a suposta ilegalidade de uma das etapas do concurso, o início do curso
de formação ou até mesmo a homologação final do concurso não conduz à
perda de objeto do mandamus. 2. Recurso ordinário conhecido e parcialmente
provido para determinar o retorno dos autos à origem para que se prossiga no
julgamento do mandado de segurança."(RMS 32101/DF, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/08/2010, DJe 20/08/2010).

Assim, se eventualmente for negada a medida liminar, poderá no mérito ser


concedida o direito dos requerentes com efeito retroativos ao ajuizamento.

REQUERIMENTOS FINAIS

A intimação do Doutor Representante do Ministério Público de todos os autos e


termos da presente lide.

Que finalmente, seja julgado procedente o presente pedido em todos os seus termos,
efetivando-se a liminar concedida, com a substancial garantia de cumprimento do direito dos
requerentes.

Que seja desde logo arbitrado multa para descumprimento da ordem judicial, a nuto
critério de V. Exª.

Requerem os requerentes a gratuidade da justiça por não estarem em condições de


arcarem com as despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento em razão de serem
estudantes (precedentes: AI nº 649.283/SP-AgR, Primeira Turma,Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, DJ de 19/9/08 / RE nº 205.746/RS, Segunda Turma, Relator o Ministro Carlos Velloso,
DJ de 28/2/97), estando sem emprego algum.

Teresina – PI, 06/01/2025.

Dar-se a causa o valor de R$ 90.000,00, para efeitos fiscais e legais.

MARCELO AUGUSTO CAVALCANTE DE SOUZA


OAB – PI 16.161

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