inbound5826394690438223638

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

| RELATO DE CASO |

Trombose Venosa Cerebral Acometendo Seio Transverso em


Paciente Pediátrico: Relato de Caso e Revisão de Literatura
Cerebral Venous Thrombosis Occuring in a Transverse Sinus in Pediatric Patient:
Case Report and Literature Review

Aline Ansolin1, Anelise Hadler Troger Camargo2

RESUMO

Objetivo: A trombose venosa cerebral é um tipo raro de doença cerebrovascular que acomete todas as idades, sendo extremamente
rara, em crianças. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de trombose venosa cerebral acometendo seio transverso em uma
paciente de 3 anos. Métodos: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, do tipo Relato de caso, realizada por
meio da coleta de dados clínicos, laboratoriais e radiológicos em prontuário no Hospital Universitário Santa Terezinha – HUST. Re-
sultados: Paciente, com 3 anos, apresentava cefaleia, vômitos, anorexia e sonolência há 4 dias. Na admissão em emergência, foram
realizados exames laboratoriais e exames de imagem, tomografia computadorizada de crânio e angiorressonância cerebral, os quais
confirmaram o diagnóstico de trombose venosa cerebral. Na discussão entre vascular, neurocirurgião e pediatra, optou-se pelo tra-
tamento conservador com anticoagulante Enoxaparina, apresentando melhora significativa na clínica e na angiorressonância após 30
dias de tratamento. Conclusão: Apesar de ser rara em crianças, a suspeita clínica é fundamental para o diagnóstico precoce, e poste-
rior estabelecimento de condutas adequadas, a fim de evitar complicações e reduzir a mortalidade. Não há consenso na literatura sobre
o uso dos antitrombóticos, porém estudos mostram efeitos benéficos.

PALAVRAS-CHAVE: Trombose de seio transverso, Cefaleia, Antitrombóticos.

ABSTRACT

Objective: Cerebral venous thrombosis is a rare type of cerebrovascular disease that affects all ages, and is extremely rare in children. The objective of this
study was to report a case of cerebral venous thrombosis affecting the transverse sinus of a 3-year-old patient. Methods: This is a qualitative, descriptive,
and exploratory study of the case report type, carried out by collecting clinical, laboratory, and radiological data from medical records at the Santa Terezinha
University Hospital (Hospital Universitário Santa Terezinha [HUST]). Results: A 3-year-old patient presented headache, vomiting, anorexia, and som-
nolence for four days. On emergency admission, laboratory tests and imaging exams, skull computed tomography, and cerebral angioresonance were performed,
which confirmed the diagnosis of cerebral venous thrombosis. In the discussion between the vascular, the neurosurgeon, and the pediatrician, conservative treat-
ment with anticoagulant Enoxaparin was chosen, showing significant improvement in clinical and angioresonance after 30 days of treatment. Conclusion:
Despite being rare in children, clinical suspicion is essential for early diagnosis and the subsequent establishment of appropriate conduct to avoid complications
and reduce mortality. There is no consensus in the literature on using antithrombotic agents, but studies show beneficial effects.

KEYWORDS: Transverse sinus thrombosis, Headache, Antithrombotics.

1
Acadêmica do curso de medicina na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc)
2
Especialização/Residência em Pediatria (Docente do curso de Medicina da Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc)

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (3): 857-863, jul.-set. 2022 857


TROMBOSE VENOSA CEREBRAL ACOMETENDO SEIO TRANSVERSO EM PACIENTE PEDIÁTRICO: RELATO DE CASO... Ansolin e Camargo

INTRODUÇÃO graus variados, com hemorragias maciças ou até mesmo


infartos bilaterais (RAFFIN, 2013).
A trombose venosa cerebral (TVC) ou trombose de A anatomia do sistema venoso cerebral é composta por
veias e seios intracranianos é um tipo raro de doença ce- seios durais e veias corticais superficiais e profundas (subs-
rebrovascular, que afeta cerca de 5 pessoas por milhões e tância branca medular e subependimária). Por ser de difícil
representa 0,5% de todos os acidentes vasculares cerebrais compreensão, e para um melhor entendimento, foi conside-
(AVC) (BOUSSER; FERRO, 2007). Em crianças, o resulta- rada em três níveis: o grupo póstero superior de base dural, o
do é ainda mais raro, tendo incidência de 0,67 por 100.000 grupo basal ou anteroinferior dural e as veias profundas do cé-
crianças por ano (DEVEBER et al., 2001). Todas as idades rebro (DAVIS; JACOBS, 1999; ALLAM, 2006). A dura é for-
e ambos os sexos são afetados, com predomínio em mu- mada por duas camadas que separam os planos mediossagital
lheres entre 20 e 40 anos de idade, provavelmente relacio- e transverso para gerar os seios venosos durais, que drenam
nados aos maiores fatores de risco nesta faixa etária, como nas veias jugulares. O seio transverso geralmente é assimétrico
gravidez, puerpério e uso dos anticoncepcionais orais e pareado por apenas um seio sagital superior na confluência
(RAFFIN, 2013). Já na faixa etária pediátrica, os fatores dos seios ou trócula (ALLAM, 2006).
de risco estão relacionados às infecções (otite, mastoidites, Em pacientes nos quais ocorre instalação abrupta de
meningite e sepse), diarreia e desidratação, complicações trombose de veia cortical ou de seio venoso superficial, de
perinatais (lesão hipóxico-isquêmica, trauma de nascimen- localização cortical, geralmente desenvolvem-se lesões he-
to), estados hipercoaguláveis secundários (deficiência de morrágicas com sinais neurológicos focais e convulsões fo-
proteína C ou S, anticoagulante lúpico e homocistinúria), cais ou generalizadas. Quando há o acometimento de veias
além de outros fatores como hipertensão pulmonar per- cerebrais profundas ou mais de dois terços do seio sagital
sistente, doença cardíaca congênita, tumor, quimioterapia superior (SSS), os sinais se manifestam com obnubilação,
e síndrome nefrótica (CARVALHO et al., 2001; WASAY postura cortical ou descerebrada e coma. Já em casos de
et al., 2008; BARRON et al., 1992; DEVEBER et al., 2001). trombose da base do crânio (veia jugular, seio cavernoso
O quadro clínico é bastante variado e inespecífico, ten- ou petroso), há pouco envolvimento da consciência entre
do numerosas causas, sendo necessário o uso de exames as neuropatias cranianas dolorosas (ALLAM, 2006).
complementares para realização do diagnóstico (FUKU- Na trombose do seio sagital superior (TSSS), ocorre
JIMA, 2011). O diagnóstico precoce e o estabelecimento cefaleia generalizada com paroxismos de dor quando se
de condutas adequadas evitam complicações e reduzem a realiza uma manobra do tipo Valsalva, como tosse, espirro,
mortalidade. A TVC tem elevado potencial de recupera- esforço ou elevação de peso devido ao aumento da pressão
ção, principalmente se as medidas terapêuticas são eleitas venosa por diminuição da drenagem. Frequentemente nas
precocemente no curso da doença (RAFFIN, 2013). Esse TSSSs, um dos seios laterais está envolvido concomitante-
quadro clínico inespecífico e a raridade de casos acome- mente (ALLAM, 2006). Quando a trombose é limitada ao
tendo pacientes pediátricos demonstram a importância do seio sagital superior ou ao seio transverso (seio lateral), o
relato de caso para analisar padrão de comportamento e padrão de apresentação mais frequente é de hipertensão
acrescentar dados para o diagnóstico precoce da trombose intracraniana isolada; no entanto, se houver acometimento
venosa cerebral. Relatamos um caso de trombose venosa de veias corticais, pode-se apresentar com sinais de loca-
cerebral acometendo seio transverso em paciente pediá- lização ou crises convulsivas, culminando com sintomas
trico, o qual foi diagnosticado precocemente e apresentou bilaterais (RAFFIN, 2013).
bom prognóstico após tratamento com anticoagulantes. A trombose localizada envolvendo a veia jugular interna
pode retratar uma extensão da trombose do seio transverso
REVISÃO DE LITERATURA ou sigmoide ou, também, pode ser resultado de um trauma
ou cateterização. Comumente, apresenta-se com disfunção
TROMBOSE VENOSA CEREBRAL dos nervos cranianos IX, X e XI, que são glossofaríngeo,
vago e acessório, respectivamente (forame jugular ou Sín-
A síndrome de trombose venosa intracraniana e sinusal drome de Vernet) (ALLAM, 2006). Acomete mais frequen-
– denominada trombose venosa cerebral – foi reconhecida temente os seios durais do que as veias cerebrais, afetando
quando Ribes (1825) descreveu na literatura francesa um em ordem decrescente: seio sagital superior, seios transver-
paciente de 45 anos de idade que faleceu após 6 meses de sos (seios laterais), veias corticais, seios cavernosos, sistema
dor severa, epilepsia, delirium e malignidade disseminada, venoso profundo e veias cerebelares (RAFFIN, 2013).
com autópsia compatível com trombose do seio sagital. Do As tromboses dos seios cavernosos e transversos (laterais)
ponto de vista patológico, ocorrem dilatação de veias e ca- estão associadas geralmente a processos infecciosos, princi-
pilares com edema intersticial, ruptura dos vasos e forma- palmente as sinusites, otites e mastoidites (RAFFIN, 2013).
ção de hematomas. No início, surge um trombo vermelho, Os seios frontais também podem ser trombosados devido a
que é substituído por fibrose, podendo levar à recanaliza- uma mastoidite, até mesmo por uma otite média, sendo mais
ção. O cérebro pode apresentar edema e lesão tissular de raro atualmente na era de antibióticos (MOHR, 2011).

858 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (3): 857-863, jul.-set. 2022


TROMBOSE VENOSA CEREBRAL ACOMETENDO SEIO TRANSVERSO EM PACIENTE PEDIÁTRICO: RELATO DE CASO... Ansolin e Camargo

MÉTODOS quadro de cefaleia acentuada há 4 dias, acompanhado de


vômitos, anorexia e sonolência. Estava em antibioticote-
Modelo de pesquisa do tipo descritivo como Relato rapia com ceftriaxona por 48 horas e foi encaminhada a
de Caso de Trombose Venosa Cerebral acometendo seio este serviço para acompanhamento neurológico devido à
transverso em paciente de 3 anos, que recorre ao Hospi- sua piora clínica e sonolência, com a suspeita de meningite.
tal Universitário Santa Terezinha (HUST), em Joaçaba/SC, À admissão, relatou como queixa principal cefaleia de
com sinais e sintomas que levaram à investigação e confir- forte intensidade e, no exame físico, apresentava-se em
mação da patologia. bom estado geral, ativa, reativa, com edema palpebral e au-
Os dados para a discussão desse caso foram cole- sência de rigidez de nuca.
tados do prontuário, após a aprovação pelo Comitê de Os exames complementares requisitados inicialmente
Ética e Pesquisa da Universidade do Oeste de Santa Ca- revelaram hemograma com alterações nos bastões 816,
tarina – Unoesc, no dia 20 de abril de 2020, CAAE: segmentados 10064 e hemoglobina 9,6. A citoquímica de
15355719.2.0000.5367, número do Parecer: 3.981.532, as- líquor apresentou-se dentro da normalidade, com proteína
sociada à revisão da literatura internacional já existente em 11,4, glicose 47 e leucócitos 8.
base de dados Pubmed, SciELO e Lilacs, utilizando dos Os exames de imagem foram solicitados em vir-
tude da persistência da cefaleia associada a vômitos e
termos de pesquisa “transverse sinus in pediatric patients”
sonolência. Na tomografia computadorizada de crânio
e “cerebral venous thrombosis in pediatric patients”.
(TCC), o laudo descrevia: “Velamento da cavidade tim-
A coleta dos dados foi feita por meio da consulta ao
pânica e das células mastoideas à direita por provável na-
prontuário do paciente dentro do hospital, mediante auto-
tureza inflamatória/infecciosa. Hiperdensidade do seio
rização da instituição. Os exames analisados foram exames transverso direito que pode estar associada à trombose
laboratoriais, tomografia computadorizada de crânio e an- venosa. Presença de diminuto foco gasoso adjacente ao
giorressonância magnética cerebral. referido seio venoso, em correspondência à porção mas-
toidea temporal, que pode corresponder à descontinui-
RESULTADOS dade do tígmen timpânico – podendo estar relacionada
com otomastoidite complicada. Espessamento mucoso
CASO CLÍNICO de células etmoidais e maxilares”.
O Serviço de Radiologia sugeriu a avaliação por angior-
Criança do sexo feminino, raça branca, três anos de ressonância magnética cerebral (Figura 1) para comple-
idade, previamente hígida. Chega ao serviço de urgência e mentar a tomografia computadorizada de crânio, que con-
emergência encaminhada de outro hospital da região com firmou a trombose venosa cerebral em seu aspecto lateral

Figura 1 - Angiorressonância magnética cerebral antes do tratamento com comprometimento na perviedade de seio transverso direito em seu
aspecto lateral, estendendo ao seio sigmoide e a veia jugular em seu aspecto superior.
Fonte: os autores.

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (3): 857-863, jul.-set. 2022 859


TROMBOSE VENOSA CEREBRAL ACOMETENDO SEIO TRANSVERSO EM PACIENTE PEDIÁTRICO: RELATO DE CASO... Ansolin e Camargo

Figura 2 - Angiorressonância magnética cerebral após 30 dias de tratamento com Enoxaparina, a imagem mostra melhora significativa
na perviedade em seio transverso direito.
Fonte: os autores.

do seio transverso direito, estendendo-se ao seio sigmoide idade e fatores de risco, não dependendo do gênero, sen-
e veia jugular em seu aspecto superior. do que os neonatos apresentam sintomas inespecíficos,
Foi contatado o cirurgião vascular, que iniciou anticoa- como convulsões, febre, dificuldade respiratória, letargia
gulante Clexane (Enoxaparina) 20mg-0,2ml/dia/subcutâneo e anorexia. Por outro lado, nas crianças mais velhas, ma-
por 90 dias e solicitou nova ressonância em 30 dias para avaliar nisfesta-se de forma sintomática, sugerindo aumento da
resultado de tratamento. Para a melhora do quadro inflamató- pressão intracraniana, como cefaleia, papiledema e para-
rio/infeccioso local, foi iniciado Metronidazol endovenoso e lisia do nervo abducente (VI par) (RAFFIN, 2013; CAR-
Predsim (prednisolona), solução oral, via oral 4 ml/dia. VALHO et al., 2001).
A paciente ficou internada no Serviço de Pediatria e, Na análise de Wang et al. (2019), em um hospital chi-
aos 10 dias de evolução da doença, foi avaliada por neuro- nês, a idade média das crianças admitidas com trombose
logista do serviço que constatou leve pausa em VI (nervo venosa cerebral foi de 8,3 anos, e as manifestações clínicas
abducente) nervo à esquerda, estrabismo, nistagmo hori- apresentadas pelos pacientes de maior relevância foram ce-
zontal, sem sinais de ataxia. faleia (89%), vômito (73%) e sintomas visuais como ede-
Após 12 dias de internamento neste serviço, apresentou-se ma de pálpebras (41%). Os sintomas expostos no estudo
em bom estado geral, reativa, corada, com força e reflexos chinês foram bem semelhantes aos da paciente deste relato
preservados e diminuição importante do quadro de desvio de caso, podendo ser observada a prevalência da cefaleia
ocular, além da melhora dos sintomas de cefaleia e vômitos. como principal sintoma (WANG et al., 2019). Três artigos
Foi feita conduta conservadora, e paciente obteve alta com retrospectivos sobre etiologia das cefaleias em serviços de
retorno em 30 dias para realização de nova angiorressonância. emergência não citaram o termo trombose venosa cere-
Em angiorressonância venosa de crânio/encéfalo (Fi- bral como a origem do sintoma (KAN et al., 2000; LEON
gura 2) após 30 dias de tratamento, obteve resultado de DÍAZ et al., 2004; PAPETTI et al., 2015).
maior perviedade venosa em relação à inicial, e a pacien- Em um estudo retrospectivo no período de 10 anos
te apresentava melhora significativa do quadro clínico. Foi com 156 pacientes identificados com os códigos de diag-
orientada a manter por 90 dias o tratamento com Clexane. nóstico de mastoidite ou tromboembolismo, 13 crianças
Recebeu alta. Não retornou mais ao serviço com queixas. (8%) apresentavam trombose de seio lateral associada à
otite média e mastoidite (BALES et al., 2009). A mastoi-
RESULTADOS E DISCUSSÃO dite associada à trombose venosa cerebral apresenta como
principais sintomas, em ordem decrescente, cefaleia, vô-
A apresentação clínica de trombose venosa cerebral mitos, diplopia, dor pós-auricular, otorreia e vertigens. A
varia de acordo com o local e a extensão da trombose, febre pode ser classificada de leve a moderada, e os ca-

860 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (3): 857-863, jul.-set. 2022


TROMBOSE VENOSA CEREBRAL ACOMETENDO SEIO TRANSVERSO EM PACIENTE PEDIÁTRICO: RELATO DE CASO... Ansolin e Camargo

sos de paralisia de sexto nervo são mais observados em estruturas profundas em 30% (MOHARIR et al., 2010). A
pacientes que tiveram diplopia (GHOSH et al., 2011). Na trombose acometendo mais de um seio também foi en-
paciente descrita neste artigo, predominaram os sintomas contrada na literatura, bem como no caso relatado em que
de cefaleia associada a vômitos, anorexia e sonolência na a trombose acometeu seio lateral, sigmoide e veia jugular
admissão, com evolução da paralisia do sexto nervo (VI) interna, sendo esses locais de menor acometimento segun-
e nistagmo durante internação, não havendo registro em do estudos, onde o seio sigmoide (SS) e lateral ocorreu em
prontuário de sinais e sintomas otológicos. 2,7%, seio sigmoide e veia jugular interna em 0,7%, e, em
A frequência da queixa de cefaleia no pronto-socorro 2% dos pacientes, houve trombose de SSS, SL e SS (HEL-
pediátrico variou de 0,58% a 0,80%, e a finalidade do mé- LER et al., 2003).
dico que trabalha em serviços de emergência é conseguir Os pacientes com trombose venosa cerebral devem ser
diferenciar cefaleias primárias de cefaleias secundárias, sen- investigados para estados hipercoaguláveis, através de estu-
do esta última relacionada a condições graves de risco de dos sanguíneos que incluem tempo de protrombina, tempo
vida, necessitando de cuidados médicos imediatos (KAN et parcial de tromboplastina, contagem de plaquetas, quanti-
al., 2000; LEÓN-DIAZ et al. 2004; PAPETTI et al., 2015). ficação de proteína C e S, anticoagulante lúpico, anticorpos
O diagnóstico diferencial na abordagem de pacientes com anticardiolipina, os níveis de homocisteína, teste de DNA
cefaleia é fundamental para que se possa intervir o mais para fator V ou fator de Leiden e a mutação do gene da
rapidamente no tratamento. Na paciente referida neste ar- protrombina (ALLAM, 2006). No caso exposto, não há in-
tigo, a queixa principal foi cefaleia, e o diagnóstico precoce formações no prontuário que confirmem ou excluam que
foi fundamental para o desfecho favorável; no entanto, na o paciente teria algum fator predisponente para distúrbios
literatura em que 30 pacientes pediátricos foram atendidos da coagulação e/ou alterações genéticas, assim como no
com TVC, apenas 10 (33,3%) tiveram o diagnóstico dentro artigo recente de Wang et al. (2019), em que não foram rea-
de 7 dias (WANG et al., 2019). lizados testes genéticos na instituição, sendo uma limitação
Kan et al. (2000) fizeram uma revisão retrospectiva de to- do estudo retrospectivo.
das as crianças que se apresentaram no pronto-socorro com No estudo de Deveber et al. (2001), foram realizados
queixa principal de cefaleia, na qual foram divididas em pri- testes para distúrbios protrombóticos em 123 dos 160 pa-
márias e secundárias. As cefaleias primárias são as síndromes cientes (77%) acometidos com trombose venosa cerebral,
conhecidas como enxaqueca e cefaleia tensional, e as secundá- dos quais 39 (32%) tiveram resultados anormais, sendo os
rias são aquelas com alguma causa específica, as quais foram principais achados laboratoriais, em ordem decrescente, a
divididas em causas neurológicas e não neurológicas, cujas (o presença do anticorpo anticardiolipina, níveis reduzidos de
quê?) tiveram como etiologia principal de origem pós-traumá- proteína C, antitrombina e proteína S, a presença de um
tica e síndromes virais agudas, respectivamente. anticoagulante lúpico e fator V Leiden. Este difere do estu-
A prioridade para solicitação de exames complementares do de Mohr (2011), o qual refere que a principal anomalia
como tomografia computadorizada de crânio deve ocorrer associada aos fatores protrombóticos seja o fator V Leiden.
em pacientes com cefaleias secundárias e que apresentem Os exames complementares solicitados para pacientes
achados neurológicos anormais. Por tal motivo, a história clí- com suspeita da patologia têm como finalidade confirmar
nica, distinguindo os tipos de cefaleia, somados ao exame físi- o diagnóstico, embasados na neuroimagem, visando deter-
co são fundamentais para o diagnóstico preciso (PAPETTI et minar a etiologia (RAFFIN, 2013). No caso exposto, ini-
al., 2015; KAN et al., 2000; SCHOBITZ et al., 2006). ciou-se a investigação através da tomografia computadori-
Segundo Raffin (2013), tromboses dos seios caverno- zada de crânio e, posteriormente, foi sugerida pelo Serviço
sos e transversos (laterais) estão associadas geralmente a de Radiologia a necessidade de angiorressonância magnéti-
processos infecciosos, principalmente as sinusites, otites e ca cerebral para melhor avaliação do quadro.
mastoidites. Os seios frontais também podem apresentar A tomografia computadorizada do crânio apresenta
trombose devido a uma mastoidite ou otite média, tor- diagnóstico relativamente limitado, podendo mostrar sinais
nando-se raro com o advento dos antibióticos (MOHR, indiretos da trombose venosa cerebral em 1/3 dos casos,
2011). Entretanto, a mastoidite continua sendo uma com- principalmente pelo sinal do delta vazio na trombose do
plicação iminentemente grave (CARVALHAL; COSTA; seio sagital superior. O seio se apresenta hiperdenso pelo
CRUZ, 2006). O seio transverso tem sua localização no preenchimento do contraste com área hipodensa central
osso temporal adjacente às células da mastoide, que está que corresponde ao trombo. Outros mais raros incluem
intimamente associado à orelha média através do ádito e do sinal da corda, que corresponde às veias corticais, e do
antro. Assim, todos os pacientes com otite média exibem triângulo denso, correspondendo aos seios venosos hiper-
algum grau de inflamação na mastoide (GLASSCOCK; densos (FUKUJIMA, 2011; RAFFIN, 2013).
SHAUMBAUGH, 1990 apud CARVALHAL; COSTA; Na ressonância magnética (RM), os achados variam
CRUZ, 2006, p.336). conforme a idade do trombo constituindo a modalidade
A localização mais acometida pela trombose em pacien- mais sensível, considerada padrão ouro para diagnóstico de
tes pediátricos foi o seio lateral/transverso (SL) em 74%, trombose de seio cavernoso, aumentando a eficácia tera-
seguido do seio sagital superior (SSS) com 55% e outras pêutica se associada à angiografia cerebral (FUKUJIMA,

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (3): 857-863, jul.-set. 2022 861


TROMBOSE VENOSA CEREBRAL ACOMETENDO SEIO TRANSVERSO EM PACIENTE PEDIÁTRICO: RELATO DE CASO... Ansolin e Camargo

2011; SMITH, 2015; RAFFIN, 2013). Nos primeiros dias, de 10 anos, das 30 crianças diagnosticadas com trombose
o diagnóstico é mais difícil, podendo-se apresentar com si- venosa cerebral que realizaram tratamento com heparina
nal isotenso em T1 e hipointenso no primeiro eco de T2 de baixo peso molecular na dose 90U/kg, via subcutânea,
nos quadros hiperagudos (RAFFIN, 2013). Os trombos 2x ao dia, 26 (86,6%) obtiveram melhora dos sintomas clí-
são hiperintensos em sequência T1 e hipointenso em T2; nicos, sendo que, das restantes, duas foram transferidas a
já os trombos subagudos são hiperintensos em todas as se- outro hospital e duas foram a óbito devido a outras doen-
quências. Em tromboses crônicas, há fibrose do seio com ças associadas (WANG et al., 2019).
veias tributárias proeminentes e alterações parenquimato- Na literatura, foram encontrados dois estudos de caso
sas, que podem ser focais ou difusas da substância branca, envolvendo pacientes pediátricos com síndrome nefrótica
havendo também alteração no sinal da substância cinzenta e trombose venosa cerebral. Um deles admitido no Serviço
profunda e infartos hemorrágicos que não respeitam os de Pediatria em Portugal, com idade semelhante ao abor-
territórios vasculares (FUKUJIMA, 2011). dado em nosso estudo, 3 anos, e outro admitido em uma
A tomografia cerebral de crânio e a ressonância magné- Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica em Minas
tica simples são úteis na avaliação inicial de pacientes sus- Gerais, Brasil, 2 anos de idade. Ambos apresentaram trom-
peitos de trombose venosa cerebral; entretanto, se esses se bose de seio sagital superior e dos componentes laterais
apresentarem negativos à patologia, não se exclui a possibi- dos seios transversos em ressonância magnética cerebral.
lidade de TVC. Pacientes suspeitos de TVC devem realizar Apesar do fator predisponente que levou a trombose des-
angiorressonância ou angiotomografia cerebral para con- ses pacientes ser distinta do nosso estudo, nos três casos os
firmar o diagnóstico negativo ou para definir a extensão pacientes apresentaram sintomas clínicos de cefaleia e vô-
da TVC, se inicialmente sugeriu afecção (Classe I, Nível de mitos, sendo empregado tratamento similar com heparina
Evidência C) (SAPONISK et al., 2011). O presente estudo de baixo peso molecular (Enoxaparina), evidenciando boa
direcionou-se conforme recomenda a literatura, solicitan- resposta clínica (BALONA; FERREIRA; VILARINHO,
do, primeiramente, a tomografia computadorizada de crâ- 2009; TORRES et al., 2014).
nio e, após a suspeita devido ao resultado de hiperdensida- Embora o grau de morbidade e mortalidade na desco-
de do seio transverso direito, prosseguiu-se a investigação berta da doença seja elevado, vem se reduzindo nos últimos
através da angiorressonância. anos, podendo ser consequência dos avanços da neuroima-
Para seguimento, é recomendada angiorressonância gem ou do estabelecimento de condutas terapêuticas mais
ou angiotomografia cerebral em pacientes com sintomas agressivas. O prognóstico da trombose venosa cerebral irá
refratários ao tratamento médico, ou com evolução que depender da sua etiologia (RAFFIN, 2013). Dos pacientes
sugere propagação do trombo. Também, devem realizar pediátricos diagnosticados com trombose venosa cerebral
acompanhamento com esses exames pacientes prévios à pelo período de 6 anos em um estudo retrospectivo com
TVC com sintomas recorrentes sugestivos (Classe I, Nível
160 crianças, cerca de 7,5% dos casos evoluíram para óbito,
de Evidência C) (SAPONISK et al,. 2011).
sendo que 3,5% destas mortes foram devido a outras doen-
As baixas incidências de TVC, a variabilidade da sua
ças associadas (DEVEBER et al., 2001).
característica clínica e as múltiplas causas da síndrome di-
ficultam não só o diagnóstico, mas também a terapia. O
tratamento deve ser dedicado ao processo trombótico e CONCLUSÃO
suas consequências (como a hipertensão intracraniana) e
a causa subjacente (ARQUIZAN; MEDER; MAS, 2002). O estudo propiciou a compreensão dos aspectos que
O tratamento da doença de base é fundamental, no qual, cercam a trombose venosa cerebral. O quadro clínico se
dependendo da manifestação clínica apresentada pelo pa- apresentou de maneira bastante variável e inespecífica, de-
ciente, podem ser usados antibióticos em infecções sép- sencadeado por numerosas causas, podendo ser de difícil
ticas e retirados fatores de risco, como anticoncepcionais interpretação, e assim negligenciada. Dessa forma, são fun-
orais (RAFFIN, 2013). No caso exposto, pode-se observar damentais os exames complementares associados a uma
que o uso de anticoagulantes associado ao uso de antibióti- boa anamnese, sendo necessários exames laboratoriais e de
cos para tratar a doença de base foi eficaz e, com 30 dias de imagem para confirmação do quadro.
tratamento, obteve-se melhora significativa do quadro sin- O diagnóstico precoce tem por objetivo evitar compli-
tomático e da perviedade dos seios em exame de imagem. cações e reduzir a mortalidade. Além disso, o estudo tam-
Anticoagulantes são a primeira opção de tratamento, bém forneceu a importância da multidisciplinaridade entre
mas, em alguns casos, o tratamento com trombólise intrave- as especialidades do serviço, posto que as condutas conco-
nosa, trombectomia mecânica ou cirurgia descompressiva mitantes do pediatra, vascular, neurocirurgião e radiologis-
podem ser indicados, assim como medicamentos sintomá- ta foram essenciais.
ticos associados (RAFFIN, 2013). O tratamento antitrom- Por fim, a TVC tem elevado potencial de recuperação,
bótico com heparina ainda não foi confirmado com estu- principalmente se as medidas terapêuticas forem eleitas
dos, porém existem evidências a seu favor (MOHR, 2011; precocemente no curso da doença. Os anticoagulantes são
RAFFIN, 2013). Em um estudo retrospectivo pelo período a primeira opção de tratamento com boa resposta clínica,

862 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (3): 857-863, jul.-set. 2022


TROMBOSE VENOSA CEREBRAL ACOMETENDO SEIO TRANSVERSO EM PACIENTE PEDIÁTRICO: RELATO DE CASO... Ansolin e Camargo

mas, em alguns casos, o tratamento com trombólise intra- VIÑO, M. Análisis etiológico de las cefaleas desde un servicio de
venosa, trombectomia mecânica ou cirurgia descompressi- emergencia pediátrica. Revista de Neurología, [s. l.], v. 39, ed. 3,
p. 217-221, 2004.
va podem ser indicados, bem como medicamentos sinto- MOHARIR, Mahendranath D.; SHROFF, Manohar; STEPHENS, De-
máticos associados. rek; PONTIGON, Ann-Marie; CHAN, Anthony; MACGREGOR,
Daune; MIKULIS, Davis; ADAMS, Margaret;
DEVEBER, Gabrielle. Anticoagulants in Pediatric Cerebral Sinovenous
REFERÊNCIAS Thrombosis A Safety and Outcome Study. Annals Of Neurology,
[s. l.], v. 67, n. 5, p. 590-599, Maio/2010 2010.
ALLAM, Gregory. Trombose Venosa Cerebral. In: JONES JR, H. MOHR, J. P. Trombose de Veias e Seios Venosos Cerebrais. In: RO-
Royden. Neurologia de Netter. 1. ed. [S. l.]: Artmed, 2006. v. Único, WLAND, Lewis P.;
cap. 22, p. 251-261. PAPETTI, Laura; CAPUANO, Alessandro; TARANTINO, Samuela;
ARQUIZAN, Caroline; MEDER, Jean-François; MAS, Jean-Louis. VIGEVANO, Federico; VALERIANI, Massimiliano. Headache as
Brain venous thrombosis syndromes. In: BOGOUSSLAVSKY, Ju- an Emergency in Children and Adolescents. Current Pain and
lien; CAPLAN, Louis (ed.). Stroke Syndromes. 2. ed. [S. l.]: Cam- Headache Reports: Childhood and adolescent headache, New
bridge University Press, 2002. cap. 50, p. 626-650. York, v. 19, ed. 3, 2015.
BALES, Christina B.; SOBOL, Steven; WETMORE, Ralph; ELDEN, PEDLEY, Timothy A. (ed.). Merritt Tratado de Neurologia. 12. ed. Rio
Lisa M. Lateral Sinus Thrombosis as a Complication of Otitis de Janeiro/RJ: Guanabara Koogan LTDA, 2011. cap. 48, p. 323-324.
Media: 10-Year Experience at the Children’s Hospital of Philadel- RAFFIN, Cesar N. Trombose Venosa Cerebral. In: MELO-SOUZA, Se-
plia. Official Journal Of The American Academy Of Pediatri- bastião Eurico de (ed.). Tratamento das doenças neurológicas.
cs, [s. l.], v. 123, n. 2, p. 709-713, Fevereiro 2009. 3. ed. Rio de Janeiro/RJ: Editora Guanabara Koogan LTDA, 2013.
BALONA, Filipa; FERREIRA, Graça; VILARINHO, António. Trom- cap. 52, p. 216-218.
bose dos Seios Venosos Cerebrais em Criança com Síndrome Ne- RIBES, M. F. Des recherches faltes sur la phlébite. Revue Médicale
frótica: Caso clínico. Nascer e Crescer : Revista do hospital de Française et Etrangère et Journal de Clinique de l’Hôtel-Dieu et de
crianças maria pia, Portugal, v. 18, n. 2, p. 85-88, 2009. la Charité de Paris, França, v. 3, p. 5-41, 1825.
BARRON, Todd F.; GUSNARD, Debra A.; ZIMMERMAN, Robert A.; SAPOSNIK, Gustavo; BARINAGARREMENTERIA, Fernando;
CLANCY, Robert R. Cerebral Venous Thrombosis in Neonates and BROWN JR, Robert D.; BUSHNELL, Cheryl D.; CUCCHIARA,
Children. Pediatric Neurology, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 112-116, 1992. Brett; CUSHMAN, Mary; DEVEBER, Gabrielle; FERRO, Jose M.;
BOUSSER, Marie-Germaine; FERRO, José M. Cerebral venous thrombo- TSAI, Fong Y.; AMERICAN HEART ASSOCIATION STROKE
sis: an update. The Lancet Neurology, [S. l.], v. 6, p. 162-170, 2007. COUNCIL; COUNCIL ON EPIDEMIOLOGY AND PREVEN-
CARVALHAL, Lúcia Helena S. Kluwe; COSTA, Sady Selaimen da; CRUZ, TION. Diagnosis and Management of Cerebral Venous Thrombo-
Oswaldo Laércio Mendonça. Complicações das otites médias. In: COS- sis: A Statement for Healthcare Professionals From the American
TA, Sady Selaimen da et al. Otorrinolaringologia: Princípios e Prática. Heart Association /American Stroke Association. Stroke, [s. l.], v.
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. cap. 10.6, p. 334-340. 42, n. 4, p. 1158-1192, 3 fev. 2011.
CARVALHO, Karen S.; BODENSTEINER, John B.; CONNOLLY, SCHOBITZ, Erik; QURESHI, Faiga; LEWIS, Donald. Pediatric Hea-
Patrick J.; GARG, Bhuwan P. Cerebral Venous Thrombosis in Chil- daches in the Emergency Department. Current Pain and Heada-
dren. Journal of Child Neurology, [s. l.], v. 16, n. 8, p. 574-580, 1 che Reports, [s. l.], v. 10, p. 391-396, 2006.
ago. 2001. SMITH, Douglas M. et al. Pediatric cavernous sinus thrombosis: A case
DAVIS, Wayne L.; JACOBS, John. Vascularização Cerebral: anatomia series and review of the literature. American Academy of Neuro-
normal e patológica: Anatomia Vascular Normal. In: OSBORN, logy, [S. l.], v. 85, n. 9, p. 763-769, 2015.
Anne G. Diagnóstico Neurorradiológico. [S. l.]: Revinter, 1999. v. 2, TORRES, Ronaldo Afonso; CASTILHO, Alessandra Soares Rocha de;
cap. 6, ISBN 8573092882. HONORATO, Ronaldo; TORRES, Bruna Ribeiro. Trombose de
DEVEBER, Gabrielle; ANDREW, Maureen; ADAMS, Coleen; BJOR- seios venosos em criança com síndrome nefrótica: relato de caso e
NSON, Bruce; BOOTH, Frances; BUCKLEY, David J.; CAM- revisão de literatura. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, [S.
FIELD, Carol S.; DAVID, Michele; HUMPHREYS, Peter; LAN- l.], v. 26, n. 4, p. 430-434, 2014.
GEVIN, Pierre; MACDONALD, Athen; GILLETT, Jane. Cerebral WANG, Xin-Hua; ZHANG, Lin-Mei; CHAI, Yi-Ming; WANG, Ji; YU,
Sinovenous Thrombosis In Children. The New England Journal Li-Fei; ZHOU, Shui-Zhen. Clinical Characteristics and Outcomes
of Medicine, [s. l.], v. 345, n. 6, p. 417-423, 2001. of Pediatric Cerebral Venous Sinus Thrombosis: An Analysis of 30
FUKUJIMA, Marcia Maiumi. Trombose venosa cerebral. In: BERTO- Cases in China. Pediatric Neurology: Frontiers in Pediatrics, [s. l.],
LUCCI, Paulo H. F.; FERRAZ, Henrique Ballalai; FÉLIX, Evan- v. 7, n. 364, 4 set. 2019.
dro Penteado Villar; PEDROSO, José Luiz. Guia de Neurologia: WASAY, Mohammad; DAI, Alper I.; ANSARI, Mohsin; SHAIKH,
Guias de medicina ambulatorial e hospitalar da UNIFESP-EPM. 1. Zubair; ROACH, E. S. Cerebral Venous Sinus Thrombosis in Chil-
ed. Barueri, SP: Manole, 2011. v. Único, cap. 27, p. 315-319. dren: A Multicenter Cohort From the United States. Journal of
HELLER, Christine; HEINECKE, Achim; JUNKER, Ralf; KNÖ- Child Neurology, [S. l.], v. 23, n. 1, p. 26-31, 9 jan. 2008.
FLER, Ralf; KOSCH, Andrea; KURNIK, Karin; SCHOBESS,
Rosemaire; ECKARDSTEIN, Arnold Von; STRÄTER, Ronald;
ZIEGER, Barbara; NOWAK-GÖTTL, Ulrike; CHILDHOOD  Endereço para correspondência
STROKE STUDY GROUP. Cerebral Venous Thrombosis in Chil- Aline Ansolin
dren: A Multifactorial Origin. Journal Of the American Heart
Association, Greenville Avenue, Dallas, v. 108, n. 18, 25 ago. 2003. Rua Getúlio Vargas, 540/403
KAN, Li; NAGELBERG, Joy; MAYTAL, Joseph. Headaches in a 89.600-000 – Joaçaba/SC – Brasil
Pediatric Emergency Department: Etiologu, Imaging, and Treat-  (49) 99963-9325
ment. Headache, [s. l.], v. 40, p. 25-29, 2000.  aline_ansolin@yahoo.com.br
LEÓN-DIAZ, A.; GONZÁLEZ-RABELINO, G.; ALONSO-CER- Recebido: 20/12/2020 – Aprovado: 13/3/2021

Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 66 (3): 857-863, jul.-set. 2022 863

Você também pode gostar