Ramiro Carvalho - Tromboses Venosas
Ramiro Carvalho - Tromboses Venosas
Ramiro Carvalho - Tromboses Venosas
2006
I. Introdução
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II. Patogénese
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III. Diagnóstico
III. 2. Clínica
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As cefaleias são o mais frequente ocorrendo em mais de 80 % dos
doentes, muitas vezes como sintoma inaugural precedendo as outras
manifestações neurológicas (em dias, semanas e por vezes até meses) ou
até mesmo na ausência de outros sinais neurológicos criando assim grandes
dificuldades de diagnóstico; não tem características específicas, podendo
ser de qualquer grau de severidade, difusa ou localizada, persistente ou
intermitente. Pode durar alguns dias, podendo no entanto surgir de forma
súbita e severa mimetizando a hemorragia sub-aracnoideia.
O papiledema está presente em aproximadamente 50 % de doentes
com TVC; pode estar associado à amaurose e na ausência de tratamento
levar a atrofia óptica.
As convulsões ocorrem em 40 % dos casos (incidência maior nas
TVC’s periparto); podem ser parciais ou generalizadas.
Défices motores ou sensitivos ocorrem em 30 a 80 % dos doentes,
com alternância entre os hemicorpos.
Outras manifestações incluem afasia, hemianópsia, distúrbios
cognitivos e psiquiátricos, lesão dos pares cranianos e sinais
cerebelosos (vómitos, ataxia); a paralisia uni ou bilateral do 6º par é
frequente e secundária a hipertensão intra-craniana; oftalmoplegia total por
Trombose do Seio Cavernoso; paralisia do 10º par por trombose da veia
jugular interna.
A associação de défices focais com cefaleias, convulsões ou
alterações do estado de consciência é altamente sugestivo de Trombose
Venosa Cerebral.
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Finalmente, a TVC também pode ser assintomática, especialmente na
Trombose do Seio Lateral, em exame imagiológico de rotina.
O tempo médio de início dos sintomas até ao diagnóstico é cerca de
7 dias.
Apesar das diversas manifestações clínicas e modos de apresentação,
há 4 padrões clínicos típicos da TVC:
III. 3. Neuroradiologia
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- Sinal da corda (visualização da veia cortical trombosada na TC sem
contraste);
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- Após o 1º mês:
- isointenso (T1);
- hipointenso (T2);
- Padrão radiológico variável pois o Seio trombosado
pode permanecer total ou parcialmente ocluído, ou então recanalizar e
voltar ao normal;
Venografia TC Helicoidal
Angiografia Convencional
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III. 4. Outros meios auxiliares de diagnóstico
Punção lombar
- Exclusão de meningite;
- Medição da pressão intra-craniana, bem como serve para diminui-la
em situações em que esteja elevada e afecte a visão;
- O LCR é inespecífico , revelando pressão aumentada, aumento do
conteúdo em proteínas, linfocitose ligeira ou pleiocitose mista, menos
frequentemente presença de eritrócitos ou xantocromia; pode ser
inteiramente normal em 40-50 % dos casos;
Electroencefalograma
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IV. Etiologia
A) Infecciosa
- Cirurgia geral
- Gravidez (7-14 %)
- Puerpério (12 casos/100.000 nascimentos)
- Anticonceptivos orais (3ª geração com gestodene/desogestrol)
- ICC
- Síndrome nefrótico
- Desidratação severa
- Malignidade sistémica (Leucemia, Linfoma, carcinoma visceral)
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- Trombofilia hereditária em 20-30%, tais como o défice de
antitrombina III, proteína C, proteína S, mutação do factor V Leiden e do
gene da protrombina 20210GA, hiperhomocisteinémia, anticorpos
antifosfolípidos, desordens da fibrinólise, drepanocitose, hemoglobinúria
paroxística nocturna. A mutação do factor V de Leiden (15-17 %) e do
gene da protrombina (10-12 %) são as trombofilias mais frequentemente
observadas em doentes com TVC. A combinação de anticonceptivos orais e
trombofilias aumenta largamente o risco de TVC em mulheres jovens.
- Estado protrombótico adquirido (CID, trombocitopénia trombótica,
púrpura induzida por heparina, criofibrinogenémia, desordens
mieloproliferativas, hiperviscosidade)
- Policitémia (Vera e secundária)
- Trombocitopénia (primária ou secundária)
- Anemia
- Cirrose hepática, doença de Crohn, colite ulcerosa
- Vasculites (LES, granulomatose de Wegener, arterite de células
gigantes, doença de Behçet)
- Sarcoidose
- Fármacos (corticoterapia, epsicapron, L asparaginase)
NOTA:
. Em mulheres jovens, a TVC ocorre mais frequentemente durante o
puerpério do que na gravidez; o uso de anticonceptivos orais também é
uma causa importante de TVC neste grupo populacional.
. De entre as numerosas causas médicas não infecciosas de TVC, a
trombofilia congénita é a mais importante, nomeadamente a resistência à
proteína C activada (6 %) com mutação do factor V de Leiden (17 %) e da
protrombina G20210A (12 %). Deste modo é preferível fazer o estudo da
coagulação antes de iniciar a anticoagulação.
D) Idiopática (20 a 35 %)
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V. Tratamento
- TVC séptica
. Antibioterapia específica e imediata (Cefalosporinas de 3ª
geração, Metronidazole, Meropenem, Ceftazidime, Vancomicina);
. Correcção cirúrgica do local primário de infecção;
- Malignidades, Conectivites;
- anticonvulsivantes
. Só se convulsões (não profilaticamente), recomenda-se
fenitoína:
- 0,5 a 1 gr EV em 4 a 6 horas e depois 300 mg 8/8 h
. Não se conhece a duração apropriada do tratamento, devendo
no entanto ser mantida durante 1 ano se convulsões precoces e lesões
hemorrágicas à admissão, senão desmame progressivo após a fase aguda.
. Factores predisponentes: défices focais, edema ou enfartes
isquémicos e/ou hemorrágicos na TC/RMN;
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. Nos casos mais severos: acetazolamida ou manitol;
. Não diminuir o aporte de líquidos (pode piorar a viscosidade
sanguínea);
. Não administrar corticóides pois pode promover o processo
trombótico;
. Se agravamento do GCS com aumento da PIC apesar das
medidas anteriormente referidas, a ventriculostomia, drenagem lombar do
LCR, “bypass” venoso lateral e inclusive craniotomia descompressiva
poderão ser tentadas;
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A duração ideal do tratamento não é conhecida, mas com o início da
recuperação neurológica, pode haver a substituição da heparina por
anticoagulação oral (warfarina) de modo a manter um INR (international
normalized ratio) entre 2-3. De modo semelhante à trombose venosa
profunda dos membros inferiores, pode-se prolongar o tratamento por 3
meses (idiopática), 3-6 meses (ACO), 6-12 meses (défice de protéina C e
S), longo-prazo (défice de antitrombina III, mutação do factor V de
Leiden). Se por qualquer verificar-se um agravamento clínico, deve-se
retomar a heparina endovenosa e parar anticoagulação oral. Durante a
gravidez apenas faz-se heparina (apesar do risco de henorragia placentar
com insuficiência placentar) visto os anticoagulantes orais serem
teratogénicos.
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VI. Prevenção (TVC previamente)
VII. Prognóstico
VIII. Conclusão
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IX. Bibliografia
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