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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL

Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 960-972

TÊNIS EM CADEIRA DE RODAS: PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA A


INICIAÇÃO NA MODALIDADE

FERNANDA GABRIELA QUIDIM1,


MEY DE ABREU VAN MUNSTER2.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR).

Introdução

O esporte para pessoas com deficiência, também denominado de esporte adaptado foi
modificado ou criado para ir ao encontro das necessidades específicas dos indivíduos com
deficiência, mantendo assim os objetivos e a integridade da atividade a fim de maximizar as
potencialidades individuais do praticante.
As modificações do esporte base só ocorrem quando necessárias sempre respeitando
as metas previamente determinadas e as regras já existentes, valorizando a diferença,
promovendo desafios e, segundo Araújo (1998), minimizando assim a segregação já imposta.
A aplicação de atividades esportivas para pessoas com deficiência iniciou-se como
objetivo de colaborar para o processo terapêutico, tendo finalidade principalmente médica
(GREGUOL; GORGATTI, 2005). Conforme afirma Winnick (1990), Souza (1994), Araújo
(1998) e Stefane et al. (2005), o esporte com tais características terapêuticas consolida-se
inicialmente no contexto europeu em 1944 no hospital de Stoke Mandeville, na Inglaterra, por
iniciativa do neurologista e neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann, que fora convidado
pelo governo britânico para fundar um centro para tratamento dos soldados lesionados
medulares.
No Brasil, o esporte para pessoas com deficiência foi introduzido sob influência dos
Estados Unidos e Inglaterra, tendo como ponto inicial a criação de dois clubes em 1958, um
em São Paulo (Clube dos Paraplégicos de São Paulo) e outro no Rio de Janeiro (Clube do
Otimismo) pelas mãos de Sergio Del Grande e Robson Sampaio de Almeida, paraplégicos
que receberam tratamentos com esportes em cadeira de rodas em hospitais americanos na
década de 50 e trouxeram tais experiências com o esporte aplicado à população com
deficiência (MATTOS, 1994; SOUZA, 1994; ARAÚJO, 1998; FREITAS; CIDADE, 2002;
GREGUOL; GORGATTI, 2005; STEFANE et al, 2005).
O esporte firmado como “acelerador do processo de reabilitação” e como um recurso
capaz de oferecer meios que levem a pessoa com deficiência a conviver com as limitações
corporais e orgânicas (ARAÚJO, 1998), passou por uma evolução nos conceitos iniciais,
possibilitando recentemente além da superação física e psicológica, e a inclusão do deficiente
ao meio social, um reconhecimento de suas habilidades, capacidades e potencialidades
envolvidas no esporte de alto rendimento (SILVA, 1999).

1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos
Rod. Washington Luis, Km 235 – São Carlos - SP
fequidim@yahoo.com.br

2
Profa. Drª. adjunta da Universidade Federal de São Carlos
Rod. Washington Luis, Km 235 – São Carlos - SP
mey@ufscar.br

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Independente dos objetivos da procura do esporte e da manutenção desta prática pelas


pessoas com deficiência, este meio cresce a cada dia e ganha muitos adeptos, evidenciando os
benefícios do esporte. Com a evolução nestes conceitos e nas formas de prática, foram
surgindo diferentes modalidades esportivas adaptadas para este público, que hoje conta com
diversas opções voltadas para diferentes tipos e níveis de deficiência.
Neste contexto surge o tênis em cadeiras de rodas (TCR) que teve seu marco inicial
nos Estados Unidos no ano de 1976 pelo norte-americano Brad Parks e, segundo o Comitê
Paraolímpico Brasileiro - CPB (2010), por Jeff Minnenbraker. Com a prática da modalidade
firmada, surgiram as competições na modalidade, a fundação da Federação Internacional de
Tênis em Cadeira de Rodas (IWTF) e a estréia da modalidade nos Jogos Paraolímpicos de
Seul (1988), em caráter de exibição (CPB, 2010).
No Brasil, o esporte começou a ser praticado em 1985 na cidade de Niterói (Rio de
Janeiro) por José Carlos Morais, médico gaúcho que conheceu o esporte na Inglaterra. O tênis
é uma modalidade muito recente no contexto brasileiro, daí também o número reduzido de
atletas.
Apesar da crescente participação de pessoas com deficiência nas modalidades e
competições, o número de praticantes ainda é inexpressivo se comparado à população que
possui algum tipo de deficiência física. E no tênis este proporção é ainda muito menor por
inúmeros motivos, dentre eles a falta de profissionais voltados para o ensino do tênis, a falta
de programas de prática de tênis em cadeira de rodas, a ausência de pesquisa sobre
metodologia do ensino do tênis em cadeira de rodas, e pela visão elitizada atribuída a este
esporte.
O tênis em cadeira de rodas é um esporte de fácil aceitação e aplicabilidade prática por
ser praticado nas mesmas quadras que o tênis convencional, salvo que existe a possibilidade,
dentro de seu regulamento, de um segundo quique3 da bola antes dela ser rebatida, firmando
assim um jogo mais dinâmico (CPB, 2010; ANTÚNEZ et al., 2007; AYALA, 2009).
Para ser elegível para competir o interessado deve possuir um diagnóstico de
deficiência permanente relacionada à locomoção. Esta deficiência física deve resultar em uma
perda da função em uma ou ambas as extremidades inferiores (ITF WHEELCHAIR TENNIS,
2009; BULLOCK; SANZ, 2010).
Quanto às cadeiras de rodas, de uma maneira geral, todas podem ser usadas.
Entretanto, é extremamente recomendável o uso de cadeiras esportivas, por sua maior
mobilidade e segurança na quadra. Estas, segundo a International Tennis Federation
(ITFTENNIS) (2010), são consideradas parte do corpo e todas as regras que se aplicam ao
corpo de um jogador são aplicáveis à cadeira de rodas.
Apesar do esporte para deficientes físicos no país ter seu início oficial em 1958 com a
criação do Clube do Paraplégicos e do Clube do Otimismo, somente a partir da década de 80
que se observa o desenvolvimento de pesquisas sobre o assunto (FREITAS, 1997). Quanto ao
processo de ensino-aprendizagem no tênis evidenciamos na literatura específica poucas
referências, entretanto algumas pesquisas têm pontuado algumas preocupações com questões
relacionadas ao ensino e a aprendizagem da atividade motora, seja ela voltada ao esporte
competitivo, lazer ou qualidade de vida (Píffero, 2007).
Com base nos conhecimentos existentes a respeito da importância de uma estruturação
no processo de ensino de modalidades esportivas afim de atingir as metas traçadas no plano

3
Nome dado ao momento que a bola toca o chão.

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de ensino e da ausência de materiais científicos desta natureza, este estudo tem como tema a
apresentação de uma estratégia dentro do processo de ensino-aprendizagem do tênis em
cadeira de rodas .
O objetivo deste artigo é elaborar e apresentar uma proposta pedagógica estruturada
direcionada à iniciação da prática do tênis em cadeira de rodas.

Método

Como técnica aplicada para a publicação deste artigo efetuamos uma pesquisa
bibliográfica, método este que nos permitiu aproximação com o tema a ser estudado. Para a
realização do estudo foram percorridas as seguintes etapas: identificação (permite
reconhecimento do assunto), localização (busca em diferentes fontes), compilação (reunião
sistemática das informações obtidas) e fichamento (transcrição dos dados em fichas
bibliográficas) (MARCONI; LAKATOS, 1990).
Foi realizado um levantamento bibliográfico cujas publicações abordadas fizessem
referência aos unitermos: tênis em cadeira de rodas, processo de ensino-aprendizagem e
estruturação das aulas de iniciação esportiva. Assim, foram realizadas consultas a partir dos
unitermos em diferentes fontes (livros e periódicos) solicitando-os de forma inter-relacionada
ou não, de forma que possibilitassem suporte conceitual ao tema.
A próxima etapa foi estudar o conteúdo de cada artigo ou livro e realizar fichamento
do conteúdo pertinente ao objetivo do estudo.

Resultados

Após análise dos conteúdos obtidos nas pesquisas somados à conhecimentos pessoais
e práticos referentes ao tênis, os exercícios propostos para cada sessão foram planejados com
base na nova filosofia aplicada ao tênis convencional vinculada à idéia de aprender através de
‘jogar o jogo’, ‘jogar par aprender’ e ‘aprendendo através do jogo’ (USTA (2006), PÍFFERO;
VALENTINI (2010)), no qual a partir da aplicação de situações reais do jogo é que são
estruturadas intervenções que visem o aprendizado da técnicas para jogar com mais sucesso,
isto porque todos matérias que relatavam o tênis em cadeira de rodas enfatizava o uso
semelhante de ensino do tênis convencional.
Focalizando o aprendizado inicial do TCR na característica tática do jogo, a idéia da
iniciação à modalidade e das atividades propostas é a de manter a bola em jogo de forma
consistente, e com a evolução, alguns exercícios para aperfeiçoamento dos fundamentos são
aplicados de forma a melhorar o jogo individual.
Outro aspecto privilegiado nesta proposta de intervenção visando o ensino inicial da
modalidade é a atividade realizada em jogos reduzidos, no qual a quadra de tênis é dividida
em vários setores chamados de mini-quadras onde atuam duplas de jogadores. Estas
atividades possibilitam que o praticante treine direção e precisão do fundamento, essencial
para o aprendizado, assim como possibilita ‘servir’ a bola de forma orientada para o outro
companheiro.
Ainda fazendo parte das propostas, as atividades sempre contam com a presença de
alvos, para que desde o princípio o fundamento já se desenvolva no princípio da eficiência.
Os exercícios propostos seguem uma progressão relativa à dificuldade (do mais fácil
para o mais difícil), complexidade (do mais simples para o mais complexo) e especificidade

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(do mais geral para o mais específico), sempre vinculados a exercícios e habilidades já
anteriormente ensinadas.
Todas as sessões a serem aplicadas devem conter a mesma estrutura: aquecimento
(atividades que envolvem movimentos a serem utilizados durante a parte principal realizados
de forma lúdica e sem carga); alongamento (geral e específico); parte principal (recuperação
de habilidades já aprendidas e apresentação de novas atividades); e parte final (alongamento e
feedback).
A seguir foram especificadas algumas estratégias a serem utilizadas para ser atingido
cada objetivo proposto no processo de ensino-aprendizagem do TCR para jogadores
iniciantes. Apenas foram contemplados neste artigo estratégias aplicadas na parte principal
das aulas intervindo entre situações reais de jogo.

Quadro 1. Objetivos, conteúdos e estratégias propostas para iniciação ao Tênis em Cadeira


de Rodas.

Objetivo Conteúdos Estratégias


Deslocamentos e manejo da Exercícios de deslocamento. - Diferentes deslocamentos
cadeira de rodas. orientados: frente, trás, giros,
paradas bruscas, mudanças
de direção.
- Jogos pré-desportivos
envolvendo ações variadas
de deslocamento: pega-pega,
pega-rabo, pique-bandeira.
Maneabilidade e lançamentos Exercícios estáticos e - Lançar a bola rasteira e
dos implementos específicos dinâmicos com bola. deslocar a cadeira ao lado
da modalidade: bola. dela.
- Lançar a bola ao alto e ter
que bater o número máximo
de palmas até que efetue a
recepção.
- Lançar a bola ao alto e
passar em baixo dela quantas
vezes possível antes que ela
toque o chão.
- Lançamentos simultâneos
em duplas tendo que fazer as
bolas chocarem-se no ar.
- Em duplas: um lança de um
lado da rede e outro com
cone do outro tem que
receber, a dupla que fizer
primeiro 3 vezes vence.
- Jogos lúdicos com a bola de
tênis: bobinho, alerta,
carimbador.

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Maneabilidade e Exercícios estáticos


e - Deslocamentos orientados
empunhadura dos dinâmicos. com a raquete entre a mão e
implementos específicos da o aro da roda.
modalidade: raquete. - Exercícios estáticos:
controlar bola com raquete
quicando-a para cima, com a
raquete quicar bola no chão.
- Exercícios dinâmicos:
Deslocamento levando bola
sobre a raquete como se
fosse uma bandeja, quicando
bola para cima e para baixo.
- Jogos lúdicos: hóquei com
raquetes, bobinho tendo que
utilizar a raquete para passar
a bola, equilíbrio com a
raquete na palma da mão.
- ‘Compra de Raquetes’ –
Duas equipes fazem com
suas raquetes uma fileira com
elas ordenadas no chão. Ao
sinal saem os primeiros de
cada equipe e deve pegar a
primeira raquete do chão e
levá-la na frente da ultima e
então voltar, logo parte a
segunda pessoa. A equipe
que conseguir atingir
primeiro a rede com as
raquetes ordenadas no chão
vence.
Capacidades físicas Exercícios voltados para - ‘Gato e Rato’ – em duplas,
(coordenação, agilidade, treinamento das capacidades conforme orientação do
velocidade, força). físicas específicas do jogo. professor o aluno
denominado gato ou rato
foge enquanto outro tem que
pegar.
- ‘Semáforo’ – quando
professor lança bola para
cima é sinal verde que
significa deslocar-se em
grande velocidade, quando
bola volta à mão do professor
é sinal fechado, deve ocorrer
uma parada brusca.
- ‘Jogo dos Números’ – Duas

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equipes, no qual cada um na


tem seu número. O professor
chama um número e então
partem os números
correspondentes de cada
equipe que devem pegar uma
raquete que está no chão no
centro do círculo e com ela
conduzir uma bola de tênis
que também encontra-se no
chão até á sua área de ponto.
Quem fizer primeiro vence.
- Força: com a bola
‘medicine’ realizar
lançamentos variados em
duplas – lateral, por cima da
cabeça.
Fundamentos de fundo Exercícios de aprendizado, - Delimitar um pequeno
(forehand e backhand). desenvolvimento e fixação quadrado no chão e em
dos fundamentos. duplas devem executar o
fundamento de forma a
manter a bola somente
quicando dentro do quadrado
(trabalho de ponto de
contato) – primeiro usando
só forehand e depois só
backhand).
- Em duplas, um lança o
outro deve efetuar o golpe de
forma a tentar atingir o alvo
(a princípio sem a rede e
depois usando a rede)-
primeiro só usando forehand
e depois só backhand.
- Professor solta bola para
aluno golpear, e este logo
voltar para o final da fila.
Devem tentar acertar um alvo
do outro lado da quadra.
- ‘Sombra’ – dois alunos
trocam bola em um jogo em
mini quadra e atrás de cada
um fica um parceiro que será
a sua sombra tendo que
executar o movimento como
o companheiro da frente.

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Saque. Exercícios em progressão - Em duplas: um arremessa


para aprendizado e bola ao alto, sendo que ela
desenvolvimento do saque. deve quicar uma vez no chão
antes de chegar no
companheiro.
- Lançamento da bola ao alto
com uma das mãos e realiza
a captura da bola com a outra
no ponto mais alto (enfatizar
postura do braço no
lançamento, chamado de
toss).
- Em duplas realizar o
movimento completo do
saque de forma que a bola
chegue ao parceiro.
- Idem anterior prosseguindo
o mini jogo após o saque.
Fundamentos de rede (voleio Exercícios de aprendizado, - Em duplas, um de um lado
direita e esquerda, smash). desenvolvimento e fixação da rede lança e o outro
dos fundamentos. segurando no coração da
raquete realiza o voleio
(primeiro só de direita depois
só de esquerda).
- Idem anterior segurando
com empunhadura correta no
cabo da raquete.
- Em duplas usando mini
quadra um realiza só
forehand e outro só voleia.
- Smash: em duplas, um
lança bem alto o outro sai da
rede recuperando de costas e
realiza o fundamento
Tática. Exercícios que englobam - Professor lança 3 bolas:
diferentes fundamentos aluno deve efetuar um
visando situações reais de forehand, um backhand e um
jogo. voleio – sempre direcionando
os golpes para um
determinado alvo.
- Professor lança 3 bolas:
aluno realiza um fundamento
de fundo, então sobe a rede e
realiza um voleio (ambos
acertando alvos) seguido de
um smash vencedor.

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- Idem exercícios anteriores


em dupla, onde um aluno
realiza o lançamento com a
raquete para o companheiro
que deve efetuar de forma
eficaz 2 bolas dentro de um
determinado alvo, assim que
as duas bolas forem no alvo
prossegue o jogo até a falha
de algum dos dois jogadores.
- ‘Torneios subida e descida’:
em duplas iniciam jogos
simultâneos de 1 minuto, ao
termino do tempo os
vencedores de cada jogo
devem trocar de mini quadra
para um lado determinado e
os perdedores para o outro
lado. Assim novas duplas
começarão um novo jogo de
um minuto. Ao término,
ficará na mini quadra mais
alta os que mais venceram e
nas mini quadras mais baixas
os que mais perderam.

Discussão

Características do programa foram estruturadas com base nos resultados e dados


obtidos pelo levantamento bibliográfico. Os principais artigos sobre o tema estão relatados a
seguir.
A pesquisa de Bullock e Sanz (2010) sobre o tênis em cadeira de rodas serve de
referência para informações sobre como pode-se melhorar os treinamentos, sendo um artigo
voltado para o aperfeiçoamento. Os mesmos autores citam a ausência de informação científica
sobre o tênis em cadeira de rodas e enfatiza a necessidade, em conseqüência disso, de utilizar
o tênis convencional para se ter algumas referências no esporte e a partir daí aplicar as
particularidades do tênis de cadeira de rodas.
Outro estudo com o objetivo de descrever a aprendizagem do tênis adaptado é a
dissertação de mestrado da Leitão (1998) que focou proporcionar a aprendizagem do tênis
para indivíduos com Síndrome de Down através de procedimentos adequados e adaptados a
esse público. Optou-se primeiramente por permitir ao aluno a descoberta dos movimentos do
tênis antes de dar maior ênfase à técnica e à tática do jogo. Após aplicação do procedimento
de ensino escolhido e adaptado do tênis convencional, concluiu-se que a prática foi positiva
em questões relacionadas ao deficit de atenção, aptidões sociais, saúde, segurança, autonomia
e lazer. Dentre os fundamentos trabalhados na intervenção destacam-se: exploração dos

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materiais utilizados, voleios e cortadas de forma semelhante ao trabalhado no tênis


convencional.
Sobre o processo de ensino e sua importância, segundo Píffero (2007) a participação
em atividades físicas e esportivas permite ganhos nos aspectos físicos, psíquicos, cognitivos e
sociais, contribuindo assim para um desenvolvimento integral. Porém, como o mesmo autor
cita, as experiências por si só não garantem tais ganhos, tornando-se relevante a estruturação
de propostas metodológicas que maximizem a aprendizagem e desenvolvimento das
habilidades. Estas propostas devem ser cuidadosamente planejadas e adequadamente
aplicadas, com o fim de potencializar as características pedagógicas da atividade física e do
esporte.
É comum dentre os professores e treinadores (como visto por Bullock e Sanz (2010)),
assim como para o Pomme e Cavalcanti (2006) e para Young (2007) que deve-se manter os
princípios fundamentais do ensino dos tenistas não cadeirantes às pesssoas com deficiências
praticantes do mesmo esporte. Para Young (2007) como a modalidade é a mesma, logo não é
necessário pensar que o ensino tem que ser diferente, afinal os treinamentos são baseados nas
capacidades dos praticantes e não em suas deficiências.
Segundo a problemática do processo de ensino, Píffero e Valentini (2010), citam que
dentro da organização da aula deve-se contemplar o desenvolvimento técnico e o jogo.
Aplicando o jogo como método de ensino o aluno cria estratégias para o sucesso no jogo e
passa a ter mais interesse na prática posterior da habilidade.
Já, com uma idéia contraditória ao estudo supra citado, Motta (2009), não cita o jogo,
apenas enfatiza que a teoria do treinamento desportivo destaca a técnica como fundamental na
preparação geral do atleta, juntamente com a tática, o condicionamento físico e o trabalho
psicológico. E destaca que a maneira como é conduzido o aprendizado será vital para a
formação do atleta.
Segundo a United States Tennis Association - USTA (2006) durante o processo de
ensino do tênis em cadeira de rodas deve-se focar a abordagem do ensino pelo jogo
propriamente dito pois acelera a aprendizagem, assim as estratégias, a tática e a técnica são
desenvolvidas dentro da própria prática. Através do jogo como primeiro passo para o ensino,
os praticantes passam a entender o jogo e identificar as competências mais importantes a
serem desenvolvidas para melhorarem sua prática.
O tênis em cadeira de rodas, apesar das divergentes abordagens a respeito da melhor
forma de seu ensino, possui itens que devem ser considerados: por ser classificado como uma
modalidade esportiva de característica aberta, o tênis necessita de maior repertório motor nas
aulas para produzir uma resposta motora ou solução eficiente para cada uma das situações, e
por ser intermitente, necessita de constantes alterações nos ritmos de jogo uma vez que se
intercalam estímulos e pausas.
Outro fator importante é em relação à estruturação das aulas de tênis em cadeira de
rodas, alguns autores citam que apenas algumas características devem ser determinantes e
especiais: o tenista em cadeira de rodas está numa posição mais baixa e tem menos tempo
para a preparação do golpe pelo fato de ter de movimentar a cadeira com as duas mãos
tornando-se obrigado a tomar decisões com mais rapidez. O que se deve ter em mente
também é que o tipo de lesão do jogador que determinará seu equilíbrio e estabilidade. O
tenista em cadeira de rodas, para alcançar a bola com maior impulsão, apesar do menor tempo
de preparação, pode utilizar o giro da cadeira na hora da batida, puxando a roda para trás
(POMME; CAVALCANTI, 2006).

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Segundo García (2009), o processo de ensino-aprendizagem deve enfatizar o modelo


global por ser mais adequado, onde a execução completa do fundamento produz um
aprendizado mais proveitoso e torna o aluno mais apto a enfrentar as situações presentes no
jogo, assim como o ensino através de situações específicas do jogo.
Apesar do conteúdo presente em cada um destes estudos supra citados, nenhum trás
uma real estrutura de uma aula que deve ser aplicada afim de proporcionar o aprendizado do
tênis em cadeira de rodas para iniciantes, mas serviram de base para a estruturação do
programa pelo fato de orientarem na construção de uma sistematização e de quais pontos
levar em consideração na elaboração das sessões de iniciação do tênis em cadeira de rodas.

Conclusão

Sobre o processo de ensino e sua importância fica clara a preocupação de grande parte
dos pesquisdores envolvidos neste assunto, porém ainda pouco se têm focado na real
estruturação e sistematização de um programa pedagógico, e este aspecto é muito menos
envidenciado quando nos tratamos em esporte e programas pedagógicos voltados para
pessoas com deficiência, talvez pelo menor número de praticantes, falta de investimentos e
infraestrutura e falta de profisionais capacitados.
Uma proposta pedagógica a ser aplicada na iniciação do tênis em cadeira de rodas vem
acrescentar conhecimentos referentes ao trabalho esportivo que pode ser desenvolvido com
pessoas com deficiência física de forma a proporcionar novas experiências seja ela voltada
para reabilitação, participação social ou rendimento esportivo.

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