RômuloDeOliveiraAzevêdo_Dissert
RômuloDeOliveiraAzevêdo_Dissert
RômuloDeOliveiraAzevêdo_Dissert
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
JOÃO PESSOA – PB
2020
RÔMULO DE OLIVEIRA AZEVÊDO
JOÃO PESSOA – PB
2020
AGRADECIMENTOS
À minha mãe Luci Augusta de Oliveira por todo apoio e incentivo à minha educação,
por estar sempre ao meu lado me ajudando nos momentos difíceis e compartilhando alegrias.
Aos meus amigos e colegas que me incentivam e ajudam de alguma forma na minha
caminhada.
Agradeço ao meu orientador Paulo Rotella Junior pela paciência e por toda ajuda na
caminhada do meu processo de mestrado e a todos os professores e colaboradores do Programa
de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP), por compartilharem conhecimento e
pela disposição em ajudar.
Agradeço a Deus pela vida e a todos que acreditam e torcem por mim.
RESUMO
KEYWORDS: Renewable energy; Solar energy; Wind energy; Economic viability; Systematic
review.
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................................................... 16
1.1.2 Objetivos específicos............................................................................................................ 17
1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................ 17
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................ 18
2. METODOLOGIA................................................................................................................. 18
2.1 RSL SOBRE A PERSPECTIVA DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE ENERGIA EÓLICA
........................................................................................................................................................... 19
2.1.1 Fase de entrada – Energia eólica .......................................................................................... 19
2.1.2 Fase de processamento – Energia eólica .............................................................................. 21
2.1.3 Fase de saída – Energia eólica.............................................................................................. 22
2.2 RSL SOBRE A PERSPECTIVA DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE ENERGIA SOLAR 22
2.2.1 Fase de entrada – Energia solar ............................................................................................ 22
2.2.2 Fase de processamento – Energia solar ................................................................................ 23
2.2.3 Fase de saída – Energia solar ............................................................................................... 24
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................ 24
3.1 ANÁLISE DE FATORES DE IMPACTO NO INVESTIMENTO DE ENERGIA EÓLICA .... 25
3.1.1 Caracterização da amostra final ........................................................................................... 25
3.1.2 Análise de rede de dados ...................................................................................................... 28
3.1.3 Fatores de impacto identificados .......................................................................................... 29
3.1.3.1 Fatores de localização ................................................................................................... 31
3.1.3.2 Fatores econômicos ....................................................................................................... 32
3.1.3.3 Fatores políticos ............................................................................................................ 35
3.1.3.4 Fatores climáticos e ambientais ..................................................................................... 37
3.1.3.5 Fatores técnicos ............................................................................................................. 40
3.2 ANÁLISE DE FATORES DE IMPACTO NO INVESTIMENTO DE ENERGIA SOLAR ..... 43
3.2.1 Caracterização da amostra final ........................................................................................... 43
3.2.2 Análise de rede de dados ...................................................................................................... 47
3.2.3 Fatores de impacto identificados .......................................................................................... 48
3.2.3.1 Fatores de localização ............................................................................................... 52
3.2.3.2 Fatores econômicos ................................................................................................... 54
3.2.3.3 Fatores políticos ........................................................................................................ 58
3.2.3.4 Fatores climáticos e ambientais ................................................................................. 63
3.2.3.5 Fatores técnicos ......................................................................................................... 66
4. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 76
APÊNDICE A – SÍNTESE DA AMOSTRA FINAL DE ARTIGOS DA RSL SOBRE A
ENERGIA EÓLICA ................................................................................................................. 98
APÊNDICE B – SÍNTESE DA AMOSTRA FINAL DE ARTIGOS DA RSL SOBRE A
ENERGIA SOLAR ................................................................................................................ 103
15
1. INTRODUÇÃO
Mohsin et al. (2018) argumentam que o uso de combustíveis fósseis resultará em danos
irreversíveis ao meio ambiente e ressalta que diversas nações no mundo estão em esforço para
fornecer energia limpa e sustentável até 2030. Segundo Serri et al. (2018), os benefícios de
produzir eletricidade a partir de fontes de energia renováveis e reduzir emissão de gases de
efeito estufa são conhecidos e promovidos desde 1997 pelo Protocolo de Kyoto.
Fontes de energia não renováveis têm sido utilizadas em grande escala no mundo e isso
vem causando preocupação diante desse cenário. De acordo com a International Energy Agency
(IEA, 2018), a eletricidade em 2016 ainda era dominada por fontes de combustíveis fósseis e o
fornecimento mundial total de energia primária (TPES) aumentou quase 2,5 vezes, entre 1971
e 2016, sendo o petróleo a fonte de combustível dominante (embora tenha caído de 44% para
32% do TPES). A IEA argumenta ainda a crescente redução percentual no uso de combustíveis
fósseis e percebe a tendência no crescimento da participação de energias renováveis como fonte
energética no mundo, tendo o investimento nessas fontes de energia aumentado, atingindo cerca
de 11% no ano de 2016.
Como alternativas para suprir a demanda energética, reduzir gastos com energia e
atenuar os impactos ambientais, estão os sistemas de energias renováveis e dentro desses
sistemas se destacam as energias solar e eólica. De acordo com Villalva (2015), o sol é a
principal fonte de energia do nosso planeta e a terra recebe uma quantidade de energia solar,
em forma de luz e calor, suficiente para suprir milhares de vezes as necessidades mundiais,
porém pouco dessa energia é aproveitada. Fazelpour et al. (2017) afirmam que a capacidade de
energia eólica instalada no mundo tem crescido bastante e atingiu 432 GW em 2015, mas
também argumenta que antes de instalar um parque eólico é necessário avaliar o potencial
eólico, a viabilidade e custo operacional para evitar riscos de investimento e maximizar a
eficiência.
(IMHOFF, 2007). De acordo com Dutra et al. (2013), a energia solar destaca-se entre as outras
fontes por ser autônoma, não poluir em demasia o meio ambiente, por ser uma fonte de energia
inesgotável, renovável e que oferece grande confiabilidade.
Apesar das vantagens do uso de energia solar em respeito ao meio ambiente, o alto custo
de investimento nessa tecnologia pode causar o desinteresse de investidores. Oliveira et al.
(2018) afirmam que o valor do custo específico da energia fotovoltaica é mais elevado que
outras fontes de energia renováveis, porém um conjunto de baterias e inversores pode auxiliar,
tendo-se um ganho de escala e redução do custo específico, além de existir um enorme potencial
desta fonte de energia a ser explorado. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL, 2005), uma das restrições técnicas para a difusão de projetos de aproveitamento de
energia solar é a baixa eficiência dos sistemas de conversão de energia, o que torna necessário
o uso de grandes áreas para a captação de energia em quantidade suficiente para que o
empreendimento se torne economicamente viável.
Já, de acordo com a Aneel (2008), a energia eólica é, basicamente, aquela obtida da
energia cinética do vento, gerada pela migração das massas de ar provocada pelas diferenças
de temperatura existentes na superfície do planeta. Segundo Martins et al. (2008), a energia
cinética contida no vento é convertida em energia mecânica pelo giro das pás do rotor e
transformada em energia elétrica pelo gerador. Para Gomes et al. (2014), a energia eólica é
considerada uma das grandes esperanças de diversos países como meio de reduzir impactos
ambientais na geração de energia elétrica, mas alguns locais não possuem condições favoráveis
para a implantação de aerogeradores, devido a fatores como altitude, vento vegetação, entre
outros.
Como se pode perceber, são diversos os fatores que podem impactar na viabilidade
econômica dessas energias no mundo. Diante do exposto, surge o questionamento: “quais os
fatores que podem impactar na viabilidade econômica de projetos de energias eólica e solar?”.
1.1 OBJETIVOS
1.2 JUSTIFICATIVA
Para Blanco (2009), o custo de investimento inicial da turbina eólica junto à conexão de
rede e obras civis representam até 80% do custo total do investimento e está entre os fatores
mais influentes, assim como o fator de capacidade (eficiência) da turbina. De acordo com Rocha
et al. (2018), o custo de investimento nas turbinas também é o fator que mais influencia na
viabilidade econômica de projetos de energia eólica, seguido de fatores como a velocidade do
vento e o preço da energia. Para Glassbrook et al. (2014), do ponto de vista ambiental, há muitas
vantagens na implementação de turbinas eólicas. Porém o alto custo de investimento dificulta
o interesse das pessoas, com isso ele ressalta a importância de incentivos do governo, e além
disso, a quantidade de energia gerada é muito importante para tornar o investimento viável
financeiramente e isso depende muito da variação do vento local. De acordo com Tervo et al.
(2018), a adição de armazenamento de energia por baterias é um fator que otimiza os sistemas
18
2. METODOLOGIA
Neste trabalho, a revisão sistemática da literatura foi utilizada a fim de auxiliar na busca
e agrupamento de artigos e revisões de pesquisa que tratassem da viabilidade econômica de
energias eólica e solar no mundo. Hart (1998) afirma que descobrir o que já é conhecido se faz
necessário antes de se iniciar qualquer estudo de pesquisa. Segundo Webster e Watson (2002),
uma revisão de literatura relevante anterior é uma característica essencial a qualquer projeto
acadêmico, e uma revisão efetiva da literatura é aquela que cria uma base sólida para o avanço
do conhecimento, facilita o desenvolvimento de teorias, fecha áreas onde existe uma infinidade
de pesquisas e descobre áreas onde a pesquisa é necessária. Para Okoli e Schabram (2010), um
dos propósitos das revisões da literatura é fornecer uma base teórica para pesquisas seguintes e
aprender a amplitude da pesquisa sobre um tópico de interesse. Rowley e Slack (2004)
argumentam que a construção de uma bibliografia é um processo contínuo desde o início da
pesquisa bibliográfica até a conclusão da revisão bibliográfica.
Nesta pesquisa, o processo de uma RSL foi utilizado com o objetivo de reunir uma
quantidade amostral de trabalhos sobre a viabilidade econômica de investimentos em energia
eólica e sobre a viabilidade econômica da energia solar no mundo, a fim de investigar e analisar
os manuscritos identificando parâmetros que possam impactar de alguma maneira na
viabilidade econômica desses sistemas de geração energética. Neste estudo foram realizados
dois processos de RSL, sendo o primeiro para reunir trabalhos sobre o tema de energia eólica e
o segundo para reunir trabalhos sobre a energia solar.
19
Processamento
• 1. Problema; • 1. Análise dos artigos finais;
• 2. Objetivos; • 2. Construção de tabela com a
• 3. Termos de busca; • 1. Busca nas bases de dados; síntese da pesquisa
• 4. Critérios de inclusão e • 2. Análise dos resultados da
exclusão; busca e realização de filtros;
• 5. Métodos e ferramentas. • 3. Documentação dos
resultados.
Entrada Saída
Seguindo nas etapas da fase de entrada, foram definidos os termos de busca. No início
da revisão, realizou-se uma busca de manuscritos focados no tema da problemática deste
estudo, identificando as principais palavras-chave que seriam, posteriormente, utilizadas na
pesquisa de artigos e revisões nas bases de dados.
Nesta pesquisa, a única base de dados selecionada foi a Web of Science (WoS), por ser
vista como uma base de dados confiável e com trabalhos relevantes e de qualidade publicados
em periódicos de impacto na literatura. O WoS inclui mais de 10.000 revistas e compreende
sete bancos de dados de citações diferentes, incluindo informações diferentes coletadas de
periódicos, conferências, relatórios, livros e séries de livros. Como o WoS é o banco de dados
de citações mais antigo, ele tem uma forte cobertura com dados de citações e dados
bibliográficos e tem a maior profundidade e maior qualidade (CHADEGANI et al. 2013).
Foram realizadas duas buscas com os mesmos termos, alternando o local de estrutura
nos quais estes termos deveriam ser encontrados nos trabalhos (entre os títulos ou os tópicos
dos trabalhos). Os termos de busca utilizados estão apresentados no Quadro 1 a seguir. A última
busca desta RSL foi realizada na base de dados em 31 de janeiro de 2020, incluindo todos os
trabalhos encontrados até o ano de 2019.
f) Trabalhos que não foram encontrados na busca, mas são considerados importantes para
a pesquisa.
Nesta fase foi realizada a busca na base de dados, selecionando os filtros que poderiam
melhorar essa busca, de acordo com o tema a ser estudado. O único filtro usado nos trabalhos
encontrados foi para selecionar aqueles disponíveis em formato de artigos e revisões. No
resultado da pesquisa, após os filtros, o número da amostra ficou em 219 manuscritos.
Na Figura 2 verifica-se que inicialmente tínhamos 214 artigos na busca, no entanto após
a leitura de títulos, resumos e palavras-chave essa busca foi reduzida para 153 trabalhos, pois
verificou-se que alguns dos temas tratados nos trabalhos fugiam do objetivo desta pesquisa,
analisando fontes de energia diferentes da eólica ou trabalhos que não tratavam do estudo de
viabilidade econômica.
22
Na segunda etapa de leitura foi dada atenção aos resultados e conclusão, pois era neles
que se encontrava a análise econômica com mais ênfase, podendo verificar se os manuscritos
de fato analisavam os fatores de impacto de acordo com o esperado. Nesta etapa a amostra
diminuiu de 153 para 130 trabalhos, pois alguns dos trabalhos foram excluídos da amostra por
não apresentarem os fatores de impacto na economia ou por não deixar claro a forma como os
fatores influenciavam na viabilidade econômica.
Após as etapas de leitura e a seleção final dos artigos, ficou definida a amostra de
trabalho a ser analisada nesta pesquisa, com 120 manuscritos. Com a amostra definida, os
artigos foram separados e documentados para a realização do estudo, realizando anotações
necessárias e guardando as informações avaliadas como importantes que caracterizam os
trabalhos, a fim de atingir o objetivo da pesquisa ao final.
Esta é a fase de síntese e análise dos resultados da pesquisa. Nesta fase todos os artigos
da amostra final do primeiro processo de RSL foram analisados e apresentados em uma tabela
(ver Apêndice A).
Assim como no processo de RSL da energia eólica, a única base de dados utilizada aqui
foi a Web of Science.
Por perceber resultados de busca diferentes, foram feitas duas pesquisas utilizando os
mesmos termos de busca definidos na fase de entrada, alternando-se apenas o local da estrutura
nos quais estes termos deveriam ser encontrados nos artigos (nos títulos ou nos tópicos dos
estudos). O Quadro 2 a seguir apresenta os termos de busca que foram definidos e usados na
23
base de dados. A última busca realizada nesta RSL na base de dados foi feita em 18 de janeiro
de 2020.
Depois que os termos de busca foram determinados para a pesquisa na base de dados,
os mesmos critérios de inclusão e/ou exclusão da primeira RSL foram aplicados para refinar e
melhorar a amostra, focando no objetivo desta pesquisa.
A busca na base de dados foi efetivamente realizada nesta fase, utilizando os termos de
busca definidos na fase anterior e se aplicando os filtros que poderiam melhorar essa busca, de
acordo com o tema deste trabalho. O único filtro usado nesta busca dos trabalhos encontrados
diz respeito ao formato destes manuscritos, para selecionar apenas aqueles disponíveis em
formatos de artigos ou revisões, por serem formatos mais adequados e relevantes para esta
pesquisa. No resultado da busca, após a aplicação dos filtros, o número da amostra inicial foi
de 485 trabalhos.
Na Figura 3 verifica-se que a princípio tínhamos 471 artigos na busca, mas depois da
leitura de títulos, resumos e palavras-chave esse número foi reduzido para 366 artigos, pois
alguns dos temas tratados nos manuscritos encontrados inicialmente estavam fora do escopo
desta pesquisa.
Seguindo na leitura dos estudos, na segunda etapa foram lidos os resultados e conclusões
por resumir e apresentar os principais conteúdos dos manuscritos, na qual se poderia verificar
se os manuscritos de fato tratavam da viabilidade econômica de energia solar e analisavam os
fatores de impacto de acordo com o esperado. Nesta etapa a amostra diminuiu de 366 para 247
artigos.
Finalizada a etapa de leitura dos artigos e revisões, a amostra final desta pesquisa ficou
definida com um número de 234 manuscritos. Com essa amostra definida, os trabalhos foram
separados e documentados para a realização final do estudo, separando informações e anotações
necessárias que foram avaliadas como importantes para a caracterização dos estudos, a fim de
atingir o objetivo da pesquisa ao final.
Nesta fase foi feita a síntese e análise dos resultados da pesquisa. Aqui todos os artigos
da amostra final do segundo processo de RSL foram analisados e sintetizados em uma tabela
(ver Apêndice B).
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
conhecer o perfil dos trabalhos pelo número de citações e relevância na literatura, o ano em que
foram publicados e os locais onde foram feitos os estudos. Além disso, também serão mostradas
e analisadas as principais palavras-chave utilizadas nas pesquisas da amostra. Ao final, como
objetivo principal deste trabalho, os fatores de impacto identificados na amostra final serão
apresentados, discutidos e classificados em categorias, de acordo com o ponto de vista ao qual
se enquadram.
Da amostra de trabalhos da RSL sobre energia eólica, 120 estudos foram analisados.
Nesta seção será exposta a análise da amostra final e, por fim, serão discutidos os parâmetros
identificados como fatores de impacto na viabilidade econômica de energia eólica.
Figura 4 – Evolução do número de publicações por ano da RSL sobre energia eólica
18
16
14
12
10
0
1984 1989 1994 1999 2004 2009 2014 2019
Além do Brasil, nota-se interesse nesse tipo de estudo em regiões como o Irã, com 10
publicações na amostra, Estados Unidos com 9 publicações, na Espanha com 8 publicações, na
China com 6 publicações, e em países como Turquia e Canadá que aparecem com 5 publicações
cada. Além destes, outros países aparecem na amostra com um número de 1 a 4 publicações,
totalizando 46 países de publicações (ver Figura 6). Observa-se também uma concentração em
países da Europa e na região sul da Ásia, isso ocorre pela dependência desses países por fontes
de energia como o petróleo, cada vez mais escasso e a preços elevados, e também pela alta
demanda energética destes países e a necessidade de atender essa demanda e reduzir os
impactos ambientais.
Canadá
Grécia
Bélgica
Omã
Nigéria
Argélia
Austrália
Argentina
Myanmar
México
Irã
Espanha
China
Coreia do Sul
Alemanha
Egito
Gana
Chipre
Croácia
Dinamarca
França
Índia
Itália
Suécia
Colômbia
Jordânia
Zimbábue
Brasil
Paquistão
Inglaterra
Tailândia
Escócia
Irlanda
Ucrânia
Líbano
Bangladesh
Kuwait
Turquia
Chile
Malásia
Portugal
Taiwan
Uzbequistão
África do Sul
Arábia Saudita
Referências como Blanco (2009), Greenblatt et al. (2007) e Diaf et al. (2008) aparecem com
mais de 100 citações, sendo as publicações com maior número de citações da amostra.
Além disso, a importância dos trabalhos na literatura pode ser observada pela média de
citações por ano destes trabalhos, que reflete a intensidade com que estes manuscritos estão
impactando na literatura. Como exemplo, trabalhos mais recentes como os de Madlener e Latz
(2013), Adaramola el al. (2014), Mohammadi e Mostafaeipour (2013), Fazelpour et al. (2015)
e Da Silva et al. (2016), apesar de terem um número não muito grande no total de citações,
surgem com uma média alta, o que revela que estes trabalhos têm tido grande importância na
literatura recente. A Figura 8 ilustra a evolução de citações dos 15 trabalhos mais citados da
amostra ao longo do tempo, nela pode-se observar que trabalhos mais antigos como o de
Desrochers et al. (1986), que era praticamente o único citado no início, vem sido menos citado
à medida que novos trabalhos vão surgindo e ganhando espaço na literatura a respeito do tema,
como também se pode observar que a literatura mais recente está cada vez mais explorando
novos e variados trabalhos, com isso surge uma concorrência maior em citações conforme os
anos passem.
Figura 7 – Número e média de citações dos artigos mais citados da amostra da RSL sobre energia eólica
350 35,00
300 30,00
250 25,00
200 20,00
150 15,00
100 10,00
50 5,00
0 0,00
Figura 8 – Evolução de citações dos autores ao longo dos anos da RSL sobre energia eólica
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1998
2013
1989
1990
1991
1992
1995
1996
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2014
2015
2016
2017
2018
Blanco (2009) Greenblatt et al. (2007)
Diaf et al. (2008) Soderholm et al. (2007)
Madlener & Latz (2013) Richardson & Mcnerney (1993)
Kaldellis & Gavras (2000) Adaramola et al. (2014)
Silva et al. (2016) Ngala et al. (2007)
Desrochers et al. (1986) Mohammadi & Mostafaeipour (2013)
Moran & Sherrington (2007) Fazelpour et al. (2015)
Simic et al. (2013)
Com o uso do VOSviwer, foi feita uma análise de rede dos dados da amostra para as
principais palavras-chave, a fim de observar quais os principais termos usados na busca destes
trabalhos e as ligações entre eles. Para esta análise foi criado um mapa baseado nos dados
bibliográficos, selecionando os dados da amostra final dos 120 trabalhos. O tipo de análise
selecionado foi de “co-ococrrence”, o método de contagem “full counting” e a unidade de
análise “author keywords”. Optou-se por um mínimo de ocorrências de palavras-chave igual a
3, para que o mapa mostre todos os termos que aparecem em pelo menos 3 trabalhos. Ao final
da análise, foram identificadas 22 palavras-chave e o mapa de dados foi criado no modo
“overlay visualization”, onde é possível analisar a evolução dos termos utilizados ao longo dos
anos (ver Figura 9).
Pode-se perceber que o termo “wind energy” é o que aparece com mais frequência, o
que já era esperado, pois este foi um dos principais termos usados na busca desta pesquisa.
Além disso, também é possível notar que termos mais recentes estão sendo utilizados, como
“wind speed”, “wind power density”, “net present value” e “offshore wind energy”, enquanto
termos como “economic analysis” e “economic viability” foram utilizados na literatura mais
antiga e não aparecem mais com tanta frequência, o que significa que estão sendo menos usados
atualmente na literatura.
29
Figura 9 – Mapa de dados bibliográficos das principais palavras-chave da RSL sobre energia eólica
Rugosidade do terreno
Localização da turbina
Alguns pesquisadores consideraram o local onde a turbina será instalada como um fator
importante de impacto da análise de viabilidade financeira de projetos eólicos. Asumadu-
Sarkodie e Owusu (2016) avaliaram e compararam 11 locais de instalação no país de Gana,
mostrando a diferença entre a produção de energia, energia exportada para a rede e o fator de
capacidade para cada região, evidenciando a importância de se avaliar o local onde o parque
eólico será instalado.
Para Soe et al. (2015), a seleção do local é o principal passo do projeto de energia eólica,
envolvendo principalmente a avaliação de recursos eólicos em larga escala. Segundo estes
autores, os dados de vento em larga escala são necessários para determinar os locais apropriados
para a instalação das turbinas.
Quando se fala em fatores econômicos, trata-se dos parâmetros que estão diretamente
ligados aos custos em relação ao projeto de instalação, representando valores de entrada ou
saída no fluxo de caixa do negócio. Nesta categoria estão enquadrados o custo de investimento,
o custo de operação e manutenção, o custo da energia, o custo de depreciação e o aluguel de
terra.
Custo de investimento
O custo de investimento é sem dúvida um dos fatores que mais impactam na viabilidade
econômica de projetos de energia eólica. Grande parte do custo de investimento incide sobre os
aerogeradores escolhidos. Neste custo, pode incluir o projeto, o aerogerador, a infraestrutura
civil e elétrica, a instalação e o transporte, entre outros. Segundo Neto et al. (2018), o custo de
investimento consiste em várias despesas que dependem do tamanho da planta, dificuldades
apresentadas pela terra, sofisticação do equipamento e outras, causando um forte impacto no
fluxo de caixa do projeto eólico.
O&M são custos considerados para garantir o bom funcionamento da instalação até o
final do período de vida útil dela e eles dependem muito dos tipos de equipamentos que serão
instalados na turbina eólica. Para Blanco (2009), assim como qualquer equipamento industrial,
as turbinas eólicas exigem um custo com operação e manutenção que constitui uma
considerável parte dos custos totais anuais, incluindo reparos e peças reservas e manutenção da
instalação elétrica.
Custo da energia
34
O custo com a energia convencional é considerado muitas vezes para medir a economia
de energia gerada no projeto quando se utiliza a energia eólica, provocando uma receita positiva
no fluxo de caixa, levando-se em conta a tarifa de energia cobrada pela rede. Este custo costuma
variar muito de local para local. Mohsin et al. (2018) discutem que no Paquistão o preço da
eletricidade por unidade e as tarifas de energia variam nos estados em relação ao propósito do
consumo, assim as mudanças de preço no estágio final de fornecimento são de acordo com os
locais. Estes autores também falam da necessidade de se comparar preços de energia renovável
com preços de energia convencional.
A tarifa de energia é tida como um valor que afeta muito a economia de parques eólicos
e depende da localização e das políticas públicas de energia. Rocha et al. (2018) dizem que,
entre as variáveis que influenciam no fluxo de caixa de um projeto eólico, a tarifa residencial
de eletricidade e sua interação com a distribuição do vento são fundamentais para calcular a
economia de energia obtida na instalação do gerador eólico. Em algumas regiões o preço da
energia local pode ser tão alto que muitas vezes tornam os projetos eólicos rentáveis sem a
necessidade de subsídio do governo. Watts et al. (2016) falam que no Chile os preços de energia
local são mais altos e essas características fazem do país um lugar muito atraente para o
desenvolvimento de projetos de energias renováveis.
Custo de depreciação
Aluguel de terra
Em alguns dos casos de pesquisa foi considerado um valor adicional no projeto devido
ao preço do aluguel de terras para a instalação do sistema de energia eólico. Blanco (2009)
considera o valor de aluguel de terra como um dos custos variáveis do investimento em energia
eólica mais importantes, somando esse valor ao custo de O&M. Para Montes et al. (2011), o
aluguel de terra está incluído no custo de O&M e representa em torno de 16% deste custo. Já
Neto et al. (2018), adotam o valor de aluguel de terra como sendo igual a 1% da receita bruta
do projeto. Em todos os casos, para considerar o valor de aluguel de terra, é preciso conhecer o
35
custo local do aluguel de terras por área e a área que será necessária para instalação do parque
eólico.
De acordo com Kose et al. (2014), a energia eólica, quando comparada a outros métodos
de produção de energia, é economicamente utilizável porque um parque eólico utiliza apenas
1% da área total do terreno, o que permite que atividades agrícolas e outras atividades possam
ser realizadas em torno das turbinas, e isso reduz o custo de terra dos parques eólicos.
Os fatores políticos são aqueles relacionados às medidas adotadas pelo governo local e
que podem variar de acordo com estratégias políticas e condições da localização. Aqui estão
incluídos fatores como as taxas de juros e impostos, o preço de venda da energia, a taxa de
inflação e as condições de financiamento.
A taxa de juros e impostos estabelecidas pela política local são cobradas sobre os valores
anuais da receita do projeto eólico, sendo vistas como um parâmetro que impacta no estudo de
viabilidade econômica. Essas taxas podem variar de região a região e podem favorecer ou
desfavorecer a viabilidade do projeto. Rocha et al. (2018) comentam a importância do
envolvimento do governo brasileiro na criação de incentivos fiscais para apoiar o crescimento
da indústria eólica e que deveria considerar uma redução nos altos impostos cobrados na
importação, já que a principal tecnologia utilizada no Brasil é fabricada por empresas
estrangeiras no país. Segundo Ali et al. (2017), a taxa de desconto, junta à tarifa elétrica e à
taxa de imposto corporativo são fatores que afetam muito a economia dos parques eólicos.
De acordo com Ramadan (2017), a previsão precisa da taxa de desconto e juros não é
um processo direto e deve ser estimada e assumido um valor que seja coerente com a realidade
do local, em sua pesquisa foi considerada uma taxa de desconto de 5%. Já Serri et al. (2018)
definem o valor da taxa de juros levando-se em conta o interesse aplicado na maioria dos bancos
locais, e utilizam o valor 6% como taxa. Gil et al. (2014) acreditam que a taxa de juros que
deve ser considerada é uma média da taxa de juros do mercado e em suas pesquisas foi adotada
uma taxa de 4,5%, considerando um desvio padrão de 0,2. Portanto, nota-se que a taxa de juros
varia muito de acordo com a região em análise e pode ser estimada como porcentagem média
do que é cobrado no local.
Para Rocha et al. (2018), a eletricidade produzida numa residência pode ser vendida por
um preço favorável através do estabelecimento de programas baseados em tarifas premium
conhecidas mundialmente como “feed-in tariffs”, um sistema de medição líquida de compra e
venda de energia. De acordo com Capallero (2016), o método mais simples para promover as
energias renováveis é uma tarifa de alimentação garantida (do inglês feed-in tariffs – FIT),
juntamente com a obrigação das operadoras de rede em comprarem fontes renováveis sempre
que forem produzidas, pois esse incentivo de política pública pode tornar o investimento em
energia eólico viável.
Taxa de inflação
Segundo Ayodele et al. (2016), a taxa de inflação é utilizada no cálculo do valor atual
do custo da turbina. Gil et al. (2014) utilizam a taxa de inflação para calcular a taxa de juros
real e com isso calcular o custo associado às perdas anuais de energia produzidas durante a vida
útil da instalação. Nor et al. (2014) também usam a taxa de inflação no cálculo do valor presente
do negócio, assumindo essa taxa como sendo igual a 3,5% anual e constante durante o tempo
de vida útil do projeto.
A taxa de inflação deve ser observada para cada local e pode variar de região para região.
Os pesquisadores têm adotado uma taxa média com base no histórico de bancos da região. Para
Mohsin et al. (2018), a taxa de inflação considerada foi de 6,9%, no Paquistão, durante um
tempo de vida útil de 20 anos do projeto. Ali et al. (2017) assumem uma taxa de inflação de
3% na Coréia do Sul. Para Rahman et al. (2017), a taxa de inflação considerada foi de 7,3%,
utilizando-se a média anual de 2014 com base no “Bangladesh Bank”.
Condições de financiamento
Um dos fatores que também pode facilitar e colaborar para a rentabilidade de projetos
de energia eólica, atraindo investidores, envolve as condições de financiamento. Estas
condições podem abranger uma taxa de juros mínima, descontos ou isenções fiscais, longos
37
Como o próprio nome diz, fatores climáticos e ambientais diz respeito ao clima do local
e fatores relacionados ao ambiente, que podem sofrer alteração de acordo com o período do ano
e as condições climáticas e ambientais da região. Os parâmetros considerados dentro desta
classificação foram a velocidade do vento, a densidade do ar, a temperatura e a pressão
atmosférica.
Velocidade do vento
A velocidade do vento é um fator chave para que o projeto de energia eólica seja viável,
já que é a principal fonte de energia utilizada nesse tipo de projeto. Alguns autores costumam
considerar uma velocidade média do vento no local, geralmente medida em m/s, considerando
dados históricos de velocidade do vento para verificar o potencial eólico da região estudada.
Qolipour (2016) dá ênfase à atenção que deve ser dada às mudanças quantitativas e qualitativas
na velocidade do vento para a produção de energia eólica. Segundo o autor, não há dúvida de
que o vento é o fator mais importante na construção de uma usina eólica, portanto, não apenas
as mudanças na velocidade do vento, mas também o efeito dessas mudanças na quantidade de
energia elétrica produzida deve ser medido.
A velocidade do vento varia muito de acordo com a região e muita atenção deve ser
dada a essa variável quando se verifica a viabilidade econômica de projetos eólicos. Segundo
Li et al. (2018), a estimativa precisa da velocidade do vento é muito importante para todos os
38
A distribuição de Weibull possui dois parâmetros, que são nomeados como parâmetro
de forma “k” (adimensional) e parâmetro de escala “c” (em m/s) e existem vários métodos
numéricos disponíveis na literatura para estimar o valor destes parâmetros (ASHGAR e LIU,
2018). Segundo Ayodele et al. (2016), vários métodos podem ser empregados na estimativa
dos parâmetros “k” e “c” de Weibull, incluindo o Método gráfico, o Método dos mínimos
quadrados, o Método do Padrão de Energia, o Método da Máxima Verossimilhança, o Método
da Máxima Verossimilhança Modificada e Métodos empíricos. Para eles, todos estes métodos
têm a capacidade de estimar os parâmetros Weibull com um erro mínimo, mas são os métodos
empíricos que requerem menos carga computacional e são simples de usar em comparação com
os outros métodos. O modelo empírico foi proposto pela primeira vez por Justus e usa a média
e a variância da velocidade do vento para determinar os parâmetros de forma Weibull “k” e
escala “c”.
Alguns autores consideram ainda a variação do vento ao longo do dia como um fator
importante a ser observado, a fim de verificar horários de pico e de redução na velocidade do
vento e considerar essa variação no impacto econômico. A previsão precisa da produção por
hora pode minimizar as incertezas e os custos do sistema ao posicionar corretamente as turbinas
onde elas proporcionam o maior benefício. Para prever o valor de mercado da produção de
turbinas eólicas, é necessária uma análise estatística dos dados horários (CAPALLERO, 2016).
Para Kassem et al. (2018), a variação da velocidade do vento durante o dia é muito importante
para a integração da energia eólica no fornecimento global de energia e a velocidade média do
vento por hora varia dentro de um período de 24 horas nas regiões do norte de Chipre.
limitada pela previsão de energia eólica no dia seguinte, mas a capacidade de energia eólica que
se espera ter disponível pode ser prevista por meio de um modelo de previsão probabilística.
Densidade do ar
Temperatura
Pressão atmosférica
Altura da turbina
Para uma estimativa mais real da velocidade do vento, autores recomendam que essa
velocidade seja medida por diferentes alturas para prever a média da velocidade do vento. Para
Li et al. (2018), as alturas dos cubos das turbinas eólicas são na maioria de 60 a 80 metros.
Ramadan (2017) analisou as medições horárias da velocidade do vento em diferentes alturas
dos cubos para estimar o potencial médio de geração de energia eólica. Waewsak et al. (2017)
falam que cada gerador de turbina eólica considerado tem alturas de cubo diferentes, variando
de 80 a 100 metros, mas, no processo de seleção, a produção anual de energia foi estimada em
alturas de cubo equivalentes e estendidas a 110 e 120 metros. Para Simons e Cheung (2016), a
altura dos cubos considerada foi entre 44 e 135 metros. Portanto, este é um parâmetro que
depende do modelo de turbina que será utilizado e o local onde será instalado.
Potência instalada
O potencial de energia instalado é sem dúvida um dos fatores que mais impactam na
economia de um projeto eólico. Citado em todas as referências da amostra final da pesquisa, a
potência instalada geralmente é medida em MW ou KW e é calculada de acordo com a demanda
energética necessária, sendo que a capacidade das turbinas é uma escolha a ser tomada antes do
investimento, a fim de escolher o fabricante e o modelo de turbina adequado para o projeto. O
preço das turbinas depende muito do modelo e a capacidade de instalação delas. Fazelpour et
al. (2015) discutem em suas pesquisas que o objetivo principal do estudo era melhorar a
compreensão do uso do potencial de energia eólica e conhecendo esse potencial poderia se
calcular a economia da turbina eólica e avaliar, para as cidades consideradas, o custo unitário
da eletricidade (por KWh).
Para muitos autores, a potência de energia local deve ser prevista antes da instalação de
parques eólicos, a escolha do modelo de turbina adequado depende da capacidade de instalação
de energia, o que pode encarecer o projeto. Para a análise da viabilidade econômica de projeto
de energia eólica, Wyman e Jablonowski (2015) falam sobre a decisão da capacidade de energia
41
do projeto e outros fatores para fixação de dados, e no seu estudo foram consideradas três
capacidades de projeto e três tamanhos de turbinas disponíveis no mercado. Os resultados
mostraram economias de escala à medida que a capacidade do projeto aumentava dentro de um
determinado tamanho de turbina.
O tempo de vida útil do projeto indica o período em que as instalações vão funcionar
em estado padrão. É um fator que pode ser considerado como técnico, visto que é um dado
obtido diretamente do fabricante, dependendo das características, qualidade e tecnologia da
turbina instalada. Para Serri et al. (2018), este tempo, considerado como tempo efetivo de
funcionamento das turbinas, é usado para saber o quanto vai durar o projeto e montar o fluxo
de caixa em cima desse período. Em geral o tempo de vida útil de um parque eólico dura em
torno de 20 anos.
Este fator geralmente é oferecido pelo fabricante das turbinas e depende do modelo e da
qualidade do fornecimento. Neto et al. (2018) falam que, quanto mais longa for a vida útil do
projeto, mais atraente se tornará o negócio, pois quanto mais longa a operação da turbina, mais
renda entra no fluxo de caixa. Belabes et al. (2015) realizaram uma análise de sensibilidade e
constataram que o VPL do projeto é sensível, além de outros fatores, ao tempo de vida útil do
projeto.
Eficiência
Para uma estimativa mais próxima da realidade da produção de energia eólica provocada
pelo potencial de vento local, pesquisadores consideram uma eficiência dos geradores,
relacionando a produção efetiva de energia com a capacidade máxima de produção. Geralmente
os autores analisam essa eficiência em termos de fator de capacidade (em %). Segundo Mattar
e Guzman-ibarra (2017), a análise de viabilidade técnica é o potencial de energia eólica
estimado e sua relação com a produção efetiva de energia, com base na curva de potência do
aerogerador. A partir do modelo da curva de potência, calcula-se o fator de capacidade, que é
definido como a razão entre a geração de energia eólica efetiva produzida pela turbina e a
geração total que ela provoca em plena capacidade durante um período de tempo.
O fator de capacidade pode ser obtido da divisão da energia total gerada de uma turbina
eólica durante um período de tempo pela energia anual gerada na capacidade total da turbina
(FAZELPOUR et al. 2017). Para Glassbrook et al. (2014), a diminuição da eficiência da turbina
eólica resulta na redução de produção anual de energia.
Diâmetro do rotor
O diâmetro do rotor é um parâmetro que define a área de varredura das turbinas, que
por sua vez define a capacidade da turbina na captação de vento, por isso é considerado por
muitos como um fator de impacto na viabilidade econômica de energia eólica. Segundo Mohsin
et al. (2018), turbinas eólicas com rotores de diâmetros maiores podem ser usadas para produzir
a energia máxima. De acordo com Glassbrook et al. (2014), a produção anual de energia eólica
pode ser calculada em uma relação utilizando o número de horas em um ano a eficiência da
turbina e a área de varredura.
De acordo com Furuya e Maekawa (1984), existem dois métodos básicos de operar um
rotor de turbina eólica: Rotação Por Minuto (RPM) constante; e relação de velocidade
constante. Do ponto de vista da economia, o aerogerador é normalmente projetado em uma
velocidade de vento específica ou nominal. Estes autores argumentam que a redução do custo
de capital foi observada pela redução do número de rotores das turbinas.
Tempo de operação
Alguns autores levam em consideração que as turbinas não funcionarão todas as horas
do ano, por algumas questões como manutenção, reparo ou trocas de peça, por exemplo. Albadi
et al. (2017) consideram o gerador trabalhando apenas 6 horas por dia para o cálculo da
eficiência da turbina. Saiz-Marin et al. (2015) consideraram cenários que representaram uma
estimativa de produção diária de energia de uma turbina eólica trabalhando 438 horas por ano.
Montes et al. (2011) levaram em conta 2350 horas por ano de produção. Outros autores, por
simplificação, consideram que as turbinas trabalharão sem parar durante o ano, ou seja, 8760
horas por ano (AQUILA et al. 2017; LI e DECAROLIS, 2015; ASKARI e AMERI, 2012).
três pás montadas no topo de uma torre, mas outros tipos significativos de turbinas eólicas estão
comercialmente disponíveis e podem ser consideradas.
O número de pás em uma turbina eólica, embora aparentemente seja uma escolha fácil
de design, é sutil. Duas pás custam menos que três pás, mas turbinas eólicas de duas pás
precisam operar em velocidades rotacionais mais altas do que as turbinas eólicas de três pás.
Como resultado, as pás individuais precisam ser mais leves e mais rígidas e, portanto, mais
caras em uma turbina eólica de duas pás (RICHARDSON e MCNERNEY, 1993).
Tempo de construção
Ano de publicação: O artigo mais antigo desta segunda amostra foi publicado no ano de
1985. O segundo artigo mais antigo da amostra foi publicado cerca de 8 anos após o primeiro,
já em 1993. A partir dos anos 2000 em diante começou a surgir um maior número de
publicações na área, chegando ao pico em 2017 com 50 trabalhos publicados. Nota-se um maior
interesse recente pela pesquisa em viabilidade econômica de energia solar no mundo, com o
crescimento de publicações ao ano, especialmente nos últimos 10 anos, o que significa que essa
é uma área que merece atenção e deve ser estudada. A Figura 11 ilustra a evolução do número
de publicações por ano dos trabalhos encontrados na amostra.
44
Figura 11 – Evolução do número de publicações por ano da amostra final da RSL sobre energia solar
60
50
40
30
20
10
0
1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
O Brasil, como já era esperado por ser o local de realização do nosso estudo, junto à
Itália são os países que mais apareceram na amostra, com 18 publicações cada. Além do Brasil
e Itália, países como Espanha, Estados Unidos e Irã, por exemplo, aparecem na amostra com
um número alto de publicações, com pelo menos 15 trabalhos cada. Outros países aparecem
com menos publicações, mas não menos relevantes, totalizando 57 países, como mostra a
Figura 13.
45
7 7
6 6
5 5 5
4 4
3 3 3 3
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Bélgica
Grécia
Bangladesh
Omã
Arábia Saudita
Nigéria
Malásia
Canadá
Alemanha
Jordânia
França
Argélia
Gana
Irã
Índia
Austrália
Kuwait
Suíça
Itália
Coréia do Sul
China
Paquistão
Sérvia
Brasil
Espanha
África do Sul
Turquia
Chipre
Irlanda
Estados Unidos
Suécia
Portugal
Emirados Árabes Unidos
Note: Angola, Armênia, Burkina Faso, Catar, Chile, Colômbia, Croácia, Dinamarca, Egito, Equador, Etiópia,
Filipinas, Finlândia, Indonésia, Iraque, Marrocos, Nepal, Nova Zelândia, Peru, Reino Unido, Ruanda,
Singapura, Tailândia e Taiwan têm 1 publicação
Número de citações: Pelo número de citações dos trabalhos é possível ter uma ideia
geral da relevância deles na literatura. A Figura 14 apresenta os artigos mais citados na amostra,
com todos que foram citados pelo menos 50 vezes, nela pode-se perceber os trabalhos com
46
Figura 14 – Número e média de citações dos artigos mais citados da amostra da RSL sobre energia solar
600 70,00
500 60,00
50,00
400
40,00
300
30,00
200
20,00
100 10,00
0 0,00
Kolhe et al. (2002)
El-Nashar (2001)
Linssen et al. (2017)
Branker et al. (2011)
Ghoneim (2006)
Figura 15 – Evolução de citações dos autores ao longo dos anos da RSL sobre energia solar
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Shaahid and El-Amin (2009) Shaahid and Elhadidy (2008) Ghoneim (2006)
Shaahid and Elhadidy (2007) Kolhe et al. (2002) Sampaio and Gonzalez (2017)
Hosseini et al. (2005) Rodrigues et al. (2016) Qoaider and Steinbrecht (2010)
Linssen et al. (2017) Baneshi and Hadianfard (2016) Odeh et al. (2006)
Utilizando como ferramenta o software VOSviwer, foi realizada uma análise de rede dos
dados da amostra para observar o uso das principais palavras chaves na amostra final de
trabalhos da pesquisa, a fim de avaliar quais os principais termos utilizados e as ligações entre
eles. Nesta análise foi criado um mapa baseado nos dados bibliográficos, selecionando os dados
da amostra final de 234 trabalhos. O tipo de análise selecionado foi de “co-ococrrence”, o
método de contagem “full counting” e a unidade de análise “author keywords”. Para uma
melhor visualização da rede de dados, optou-se por uma ocorrência mínima de 5 vezes, onde
foi gerado um mapa com todas as palavras-chave que aparecem pelo menos 5 vezes nos
trabalhos da amostra. De um total de 725 palavras identificadas, 28 foram mostradas na rede de
dados. Foi selecionado o modo de visualização “overlay visualization” para observar, além das
palavras em si, a evolução com que esses termos foram sendo utilizados ao longo dos anos nos
estudos da amostra, como mostra a Figura 16.
Pela Figura 16, pode-se perceber que a palavra “photovoltaic” é a mais utilizada pelos
autores, que apareceu em 31 publicações da amostra. O termo “solar energy”, que muitas vezes
é usado junto ao termo “photovoltaic”, também é muito utilizado pelos pesquisadores, com um
número de 30 aparições na amostra. Os termos “renewable energy” e “economic analysis”
surgem em seguida, apontados em 21 publicações cada. Também é possível notar, graças ao
modo de visualização overlay, que termos como “net metering”, “techno-economic analysis” e
48
“homer”, por exemplo, são termos mais antigos e estão sendo deixados de se utilizar nestes
trabalhos, em contrapartida novas palavras estão surgindo e sendo usadas como palavras-chave
na busca pelos artigos e revisões como “economic assessment”, “lcoe” e “self-consumption”,
por exemplo.
Figura 16 – Mapa de dados bibliográficos das principais palavras-chave da RSL sobre energia solar
200
150
100
50
Sujeira
Tempo de vida útil
Condições de financiamento
Consumo de energia
Sombreamento
Juros e impostos
Taxa de inflação
Custo de terra
Degradação dos painéis
Níveis de frequência
Investimento inicial
Políticas de incentivo
Temperatura
Venda de energia
Ângulo de inclinação
Radiação solar
Eficiência
Tarifa de energia
Taxa de desconto
Economia de energia
Assim como foi feito para a análise dos fatores de impacto no investimento da energia
eólica, de acordo com Rediske et al. (2018), que separa fatores da tomada de decisão na
instalação de projetos de energia renovável em categorias, os fatores de impacto no
investimento de energia solar foram separados de acordo com o ponto de vista que se
enquadram. Observando as classificações de referência e adaptando para esta pesquisa, de
acordo com os fatores aqui identificados, os parâmetros deste trabalho foram classificados em
5 categorias: fatores de localização; fatores econômicos; fatores políticos; fatores climáticos e
ambientais; e fatores técnicos. O Quadro 4 mostra um resumo dos fatores de impacto
identificados, a classificação em que foram enquadrados e as referências onde eles se
encontram.
Quadro 4: Resumo dos fatores de impacto identificados na RSL sobre energia solar
Total de
Classificação Fatores Referências
referências
1, 4, 9, 12, 17, 21, 26, 27, 29, 31, 33, 36, 38, 45, 47
- 49, 52, 59, 65, 66, 68, 70, 73, 75, 76, 78, 79, 83,
Azimute e ângulo de
84, 86, 88, 89, 99, 102, 106, 108, 112, 115, 121, 57
incidência
122, 130, 137, 142, 144, 147, 149, 155, 163, 181,
183, 190, 197, 201, 204, 206, 222
3 - 5, 11, 12, 14, 27, 29, 31, 33, 35, 37, 39, 52, 55,
57, 59, 62, 64, 65, 67 - 69, 73 - 77, 79, 83, 88, 90,
Localização
Localização dos painéis 93, 94, 100, 102, 104, 109, 110, 113, 116, 120,
66
solares 122, 123, 129, 141, 143, 144, 148, 152, 155, 162,
163, 166, 175, 178, 184, 191, 192, 194, 203, 204,
218, 219, 221, 232
4, 5, 7, 9, 11, 31, 47, 57, 65, 70, 77, 88, 114, 121,
Sombreamento 128, 130, 137, 145, 154, 174, 180, 181, 185, 187, 33
188, 190, 193, 196 - 199, 211, 213
50
116, 118, 122, 123, 126 - 129, 131, 132, 134, 136,
141, 145, 147 - 150, 152, 154 - 156, 161, 165 -
168, 170, 172, 174 - 177, 181, 184 - 189, 193 -
196, 198, 199, 203, 207, 210, 211, 216, 220, 226,
231, 232
1, 2, 5, 7, 9, 10, 13 - 16, 19, 22, 26, 27, 33, 34, 36,
46, 47, 51, 54, 55, 58, 59, 61, 64, 66 - 68, 74 - 78,
80, 85, 87, 88, 90, 92, 94 - 96, 98, 100, 101, 104 -
107, 109, 113, 116 - 118, 125 - 134, 136, 139, 141,
Políticas de incentivo 119
144, 145, 147, 151, 152, 155, 158, 161, 165, 166,
168, 170, 172, 174 - 176, 178, 180 - 182, 184, 186
- 189, 191 - 196, 198 - 200, 203 - 205, 207, 208,
210 - 212, 216, 220, 221, 225 - 228, 231, 232
5, 7, 9, 10, 14 - 16, 22, 26, 27, 2931, 34, 37, 40, 41,
44 - 47, 49 - 51, 53, 54, 57, 62 - 64, 66 - 71, 73 -
78, 82, 83, 85, 88, 92, 94, 96, 98, 102, 105, 106,
Juros e impostos 110, 112 - 117, 122 - 127, 129 - 136, 139 - 144, 145
146 - 148, 150 - 152, 156, 158 - 176, 179, 180,
182, 183, 185 - 191, 193 - 205, 208, 210 - 213,
217, 220, 221, 223, 225 - 228, 230 – 232
5, 7, 13 - 15, 22, 26, 27, 29, 35, 37, 40, 41, 44, 45,
47, 49 - 51, 55, 56, 63, 66, 68, 73, 75 - 78, 80, 82 -
84, 89, 90, 92, 94 - 96, 99, 102, 104, 106, 111 -
Taxa de inflação 117, 119, 126, 129, 130, 132, 134 - 136, 139, 142, 112
144, 147, 152, 153, 157, 160, 161, 163 - 170, 175 -
182, 186 - 189, 191, 193 - 196, 198 - 203, 209,
211, 212, 217, 220 - 223, 226, 227, 229 - 231, 233
1 - 8, 10, 12, 13, 15, 17, 18, 20 - 23, 25 - 29, 31 -
36, 38, 39, 41, 43, 45 - 66, 68 - 79, 82 - 86, 88, 89,
91 - 95, 97 - 100, 102, 103106, 108 - 120, 122 -
Radiação solar 197
124, 126 - 128, 130 - 144, 146, 148 - 160, 162 -
171, 173 - 187, 189 - 192, 194 - 206, 208, 210,
211, 213, 215 - 230, 234
1, 2, 5, 9, 11, 17, 18, 21, 25, 27 - 29, 31, 33, 36, 48
- 50, 52, 53, 56, 58 - 60, 63 - 65, 68 - 71, 75, 77 -
86, 89, 93, 95, 97, 99, 100, 102, 103, 108, 109,
Climático e 111, 112, 114, 115, 117, 121 - 124, 126 - 132, 135,
Temperatura 115
ambiental 137, 140, 143, 146, 148, 149, 151, 153, 154, 159,
162 - 165, 169, 173, 174, 177, 179 - 181, 183, 185,
189 - 191, 196, 197, 199 - 201, 203, 204, 206, 210,
211, 213, 214, 216, 217, 220, 221, 226 - 228, 230
1, 19, 38, 39, 46, 63, 67, 71, 84, 111, 112, 120,
Taxa de penetração de
122, 141, 150, 157, 171, 172, 194, 197, 215, 218, 23
energia
219
4, 5, 7, 11, 29, 77, 88, 89, 100, 106, 107, 114, 115,
Sujeira 128, 130, 132, 144, 164, 174, 185, 187, 190, 191, 26
197, 199, 202
1, 19, 55, 57, 70, 82, 83, 91, 104, 129, 143, 146,
Níveis de frequência 18
160, 173, 174, 185, 221, 231
1, 14, 18 - 25, 27, 33, 39, 40, 42, 45, 48 - 51, 53,
54, 56, 58, 60, 63, 65 - 69, 71, 80 - 87, 89, 92, 93,
95, 98, 99, 101, 103, 108 - 110, 112, 117, 120 -
Técnico
Armazenamento de 123, 125 - 127, 131, 134 - 139, 141, 142, 145, 146,
118
energia 149, 151, 152, 156, 157, 159, 160, 162, 167 - 173,
175, 176, 178 - 180, 183, 184, 186 - 188, 190, 192,
195, 197, 200, 201, 203, 206 - 208, 210, 215, 216,
218, 219, 221, 222, 225, 229 - 231
52
O azimute e o ângulo de incidência são os ângulos formados entre a projeção dos raios
solares e a superfície da terra e variam de acordo com o movimento do sol. Estes ângulos devem
servir como referência na montagem e instalação dos painéis solares, de modo a maximizar a
captação da energia solar durante o dia. Para Bhakta e Mukherjee (2017), a orientação da matriz
fotovoltaica pode ser descrita por dois ângulos: o da inclinação e o de azimute.
relação à posição azimutal, isso ajuda a manter a posição dos painéis fotovoltaicos normal ao
sol e maximiza sua eficiência. Segundo Farias-Rocha et al. (2019), estudando a radiação solar
média da região se define a melhor posição e inclinação dos painéis em relação ao ângulo de
azimute, a fim de aumentar a radiação solar anual nos painéis.
Para Bimenyimana et al. (2019), o ângulo de incidência e azimute solar variam durante
todo o ano e com isso varia a produção de energia solar. Segundo a pesquisa, a produção solar
variou de 0,7 a 6,4kW durante o ano, o ângulo de incidência variou de 0º a 92º e o azimute solar
variou entre -162,5º e 171º. De acordo com Yendaluru et al. (2019), o valor do ângulo de
incidência pode ser usado para determinar regiões completamente livres de sombra no local e
o conceito da formação de sombra é influenciado por esse valor.
Chiacchio et al. (2019) falam da análise de uma usina fotovoltaica doméstica conectada
à rede avaliada em locais geográficos diferentes e consideram importante avaliar como
diferentes condições ambientais podem afetar não apenas a produção de energia e os regimes
de autoconsumo, mas também o envelhecimento dos componentes do sistemas, em especial no
sistema de armazenamento. Awan (2019), antes de avaliar o desempenho de um sistema
fotovoltaico em coberturas na Arábia Saudita, fala que 44 locais foram analisados no país e do
resultado se definiu a melhor região viável para o projeto fotovoltaico na Arábia Saudita.
Segundo Tomosk et al. (2017), a viabilidade econômica depende mais das tarifas de eletricidade
que dos níveis de radiação, por isso argumentam sobre a importância de se comparar locais
quanto às políticas e tarifas energéticas aplicadas.
Ilse et al. (2019) alertam para a questão da sujeira no local dos painéis, que provoca uma
queda na eficiência da geração de energia solar, e fala que quanto mais o local estiver próximo
de uma fonte de geração de poeira, maior será o risco de sujeira. Para ele, locais próximos a
fábricas de cimento, fazendas de agricultura e pecuária, estradas de terra ou estradas com alto
tráfego, por exemplo, podem ser evitadas na seleção do local.
Sombreamento
desempenho e essa taxa depende, entre outros fatores, do sombreamento nos painéis solares.
De acordo com Yendaluru et al. (2019), o dimensionamento da matriz solar e do balanço do
sistema deve ser realizado com base na área livre de sombras.
Foram classificados como fatores econômicos aqueles que de alguma forma estão
relacionados diretamente com os custos financeiros ligados à geração de energia solar e que
devem ser considerados no fluxo de caixa do projeto, seja como entrada ou saída de caixa.
Encontram-se aqui o consumo de energia, o investimento inicial, o custo de operação e
manutenção, o custo extra de capital, o valor residual, a economia de energia e o custo de terra.
Consumo de energia
Para Karimi et al. (2019), o consumo de energia e a produção devem ser avaliados para
realizar o estudo de viabilidade econômica e justificar a utilização dos sistemas fotovoltaicos.
De acordo com Espinoza et al. (2019), serão obtidos valores diferentes de VPL e Taxa Interna
de Retorno (TIR) na análise de viabilidade dependendo do perfil de consumo, nível de
autoconsumo, tarifas alocadas à venda de energia fotovoltaica excedente e economia da
eletricidade não consumida.
O nível de consumo energético também pode influenciar na tarifa de energia paga à rede
elétrica, dependendo das políticas locais estabelecidas. Muitas pesquisas consideram o preço
da energia separado individualmente para cada plano de consumo. Para Eshraghi et al. (2019),
o preço da energia deve ser considerado para cada plano de consumo individual, além de
considerar um cenário em que a geração de energia deve ser baseada no consumo. Viana et al.
(2019), consideram várias categorias de consumidores na análise das curvas típicas de demanda,
baseadas nos horários de uso da eletricidade durante o dia, observando horários de pico. Para
Anagnostopoulos et al. (2017), o preço de venda da eletricidade que os consumidores pagam
na Grécia flutua muito e o preço da eletricidade por tipo de consumidor varia para refletir o
55
máximo possível o custo real de geração e diminuir quaisquer subsídios entre os diferentes tipos
de consumidores.
Investimento inicial
O custo de investimento inicial é o fator que aparece mais vezes nos trabalhos da
amostra, e isso pode ter ocorrido por vários motivos. Esse custo serve muitas vezes de
parâmetro principal na análise de viabilidade econômica, além de ser muitas vezes um custo
alto e flutuante, que gera um grande impacto financeiro. Ele é obtido pelo fabricante dos painéis
solares e muitas vezes inclui custos como o de transporte, mão-de-obra, construção e serviços
de instalação. Esse custo pode ainda variar muito de acordo com o fabricante, as políticas de
incentivo estabelecidas na região (como redução ou exclusão de impostos sobre venda), a
tecnologia utilizada pelo fabricante etc.
despesa operacional anual da geração de energia para cobrir manutenção periódica, limpeza da
superfície dos painéis fotovoltaicos e outros custos de manutenção. Para Adefarati e Bansal
(2017), o custo de manutenção do gerador é considerado proporcional à energia gerada.
Para alguns autores o custo de O&M deve ser considerado como um percentual do custo
da instalação, ou deve estar incluído no contrato da instalação. Patil et al. (2017) consideram
despesas de O&M por ano como 2% do custo total do sistema solar. Para Jo e Jang (2019), esse
custo é de 0,2% do custo de investimento inicial, descontado anualmente. Rocha et al. (2017)
consideram que o sistema possuiu um custo anual de O&M de 0,5% do investimento inicial.
Segundo Goswami et al. (2019), o custo de manutenção deve estar previsto em um acordo para
projetos solares e incluído num contrato de manutenção. Para eles, o contrato anual de
manutenção é concedido por 5 anos e também inclui o treinamento de pessoal para operações
diárias e pode ser renovado a cada 5 anos para manter a saúde dos dispositivos de instalação.
De acordo com Gurturk (2019), os custos de O&M podem ser divididos em custos fixos
e variáveis e são compostos por: custos de manutenção e reparo; preço da eletricidade
consumida pela usina de energia solar; e os custos pagos aos funcionários. Para ele uma das
vantagens mais importantes em termos de custos das usinas de energia solar é exatamente o
custo de O&M, pois elas não precisam de operações de manutenção caras porque não exigem
componentes complexos de máquinas e sistemas que consomem muita energia e isso reduz os
custos. Segundo Peters e Madlener (2017), a manutenção divide-se em manutenção preventiva
e corretiva. O objetivo da primeira é manter a funcionalidade de um item e evitar falhas de
antemão, enquanto a segunda acontece após a ocorrência de uma falha e reestabelece a
funcionalidade do item.
Diversos autores consideram ainda custos extras de capital, como custos de limpeza,
custos de reposição de peças durante a vida útil do projeto, projeto e mão-de-obra, valores
tributários ou multas, entre outros. De acordo com Lopes et al. (2019), além dos módulos e
inversores, o sistema solar precisa do equilíbrio dos componentes do sistema e isso inclui gastos
extras com estruturas de suporte, cabos elétricos, equipamentos de controle, segurança,
proteção e sistemas de monitoramento, além de custos relacionados a projetos de engenharia,
licenciamento e instalações de projetos.
Para Adesanya e Pearce (2019), deve-se prever custos adicionais para cobrir um possível
aumento nos custos de operação e manutenção anual. Bimenyimana et al. (2019) consideram
custos de reposição, além dos custos de investimento e de manutenção, durante a vida útil da
instalação. Babatunde et al. (2019) estudaram investimento de energia solar para iluminação
pública e foram previstos nos gastos adicionais custos relacionados à bateria do módulo
fotovoltaico, no controlador de carregamento e em custos de lâmpadas diodos emissores de luz
(do inglês light-emitting diode – LED), a fim de economizar no gasto de energia do sistema
solar. Haegermark et al. (2017) falam que os custos do sistema solar incluem, além do
investimento inicial e custos de operação e manutenção, custos de substituição do inversor e
custos adicionais associados à geração de eletricidade fotovoltaica.
Valor residual
57
O valor residual nada mais é que o valor de negócio restante após a depreciação
completa do sistema no final de sua vida útil. Alguns autores consideram esse valor no fluxo
de caixa da avaliação econômica de projetos de energia solar. Ajayi e Ohijeagbon (2017)
consideram receitas em relação à geração solar incorporada, incluindo receita recuperada das
vendas para a rede e receita com qualquer valor residual que ocorra ao final da vida útil do
projeto. Para Bhakta e Mukherjee (2017), o valor residual é o valor que permanece em um
componente do sistema de energia no final da vida útil do projeto e é considerado no fluxo de
caixa ao final descontando-se o custo operacional. Segundo Alsharif (2017), o valor residual
coletado no final da vida útil do projeto é considerado e reduz os custos no cálculo do VPL.
Economia de energia
Para Tsoutsos et al. (2003), essa economia pode ser estimada apenas se uma base de
comparação for definida e a economia de energia é com base no custo da energia convencional.
Segundo El-Nashar (2001), o número ideal de efeitos e a taxa de desempenho correspondente
aumentam à medida que o custo do combustível aumenta, mas o aumento da taxa de
desempenho também aumenta o custo de investimento inicial da planta, que é compensada pelo
benefício obtido com a economia de energia.
O fator de economia de energia pode ser muito benéfico no sistema solar fotovoltaico,
devido a preços altos de tarifa cobrados pela rede elétrica ou custo de outras fontes
combustíveis, como os derivados do petróleo. Reduzir gastos de consumo ao gerar energia solar
acrescenta um valor de receita que entrará no fluxo de caixa do projeto na análise econômica.
De acordo com Shaahid e Elhadidy (2007), a porcentagem de economia de combustível
energético usando o sistema híbrido diminui, com o auxílio da energia solar, em comparação
ao sistema convencional. Além disso, a economia de energia segue aumentando à medida que
aumenta a capacidade de geração de energia solar.
58
Custo de terra
De acordo com Okoye e Solyali (2017), os custos de terra podem ser considerados como
uma porcentagem do custo total da instalação (ou estimados quando conhecidos) e na pesquisa
consideram como 20% do custo total do sistema. Segundo Kumar et al. (2014), quando a
instalação solar é feita no telhado e construção de painéis fotovoltaicos integrados (BIPV) pode
ser excluído o custo de terra, mas no caso de uma planta em larga escala os custos de terra
precisam ser incluídos no investimento total e na maioria das plantas esse custo é de 20% do
investimento. De acordo com Li et al. (2014), o custo da terra tem o menor efeito dos
parâmetros na viabilidade econômica do sistema solar devido ao custo de terra representar
apenas de 0,1 a 1% do custo total do investimento.
Fatores políticos diz respeito aos parâmetros que são de alguma forma decisão do
governo e tem seus valores estabelecidos pela política local. Foram considerados como fatores
políticos: a tarifa de energia; as condições de financiamento; a taxa de desconto; a venda de
energia; as políticas de incentivo; os juros e impostos; e a taxa de inflação.
Tarifa de energia
Quando se trata de gasto com a energia consumida da rede elétrica, o valor da tarifa de
energia é de grande impacto na economia e varia muito de acordo com a região, além de
sofrerem variação com a taxa de aumento anual e até mesmo de acordo com o perfil do
consumidor. De acordo com Al-Saqlawi et al. (2018), o principal benefício associado a um
sistema de energia solar fotovoltaica independente da rede é uma redução anual nas contas de
energia, que é calculado usando a estrutura tarifária de eletricidade. Por outro lado, um sistema
conectado à rede é considerado como tendo um benefício adicional ao do sistema independente
por causa da exportação do excedente de energia para a rede. Segundo Ayadi et al. (2018), o
custo do sistema fotovoltaico depende do período de transferência de energia acordado e da
tarifa de eletricidade que será cobrada ao usuário final. Para Lee et al. (2018), quanto maior o
59
preço médio da eletricidade no varejo, mais notável é o valor econômico da eletricidade gerada
pelo sistema fotovoltaico.
Noro e Lazzarin (2018) falam que há uma economia devido à energia elétrica produzida
pelo sistema de energia fotovoltaica que não precisa ser comprada pela rede e essa economia
foi calculada por meio de duas tarifas diferentes: uma é o preço tradicional aplicado às
residências; a outra é uma nova taxa especial, para eletricidade dedicada a clientes particulares
que usam bombas de calor elétricas como fonte de aquecimento. Talavera et al. (2019)
argumentam a necessidade de obter diferentes dados sobre tarifas de eletricidade para compará-
las com os sistemas fotovoltaicos e, assim, permitir uma análise comparativa de custos, além
de considerar variações significativas no preço da eletricidade, dependendo da quantidade de
consumo de eletricidade, que foi agrupada em diferentes faixas de consumo.
Condições de financiamento
De acordo com Chiaroni et al. (2014), com relação às opções de financiamento, elas são
analisadas com o cenário de patrimônio líquido (100% de capital próprio) e capital
compartilhado (75-25%, 50-50% e 25-75% de capital próprio e empréstimo financeiro,
respectivamente). Para eles, ao modificar o modo de financiamento aumentando ou reduzindo
o uso de capital próprio, quanto maior for o investimento inicial no ano zero, maior será o tempo
de retorno do investimento. Para Garcia et al. (2018), a existência de programas de
financiamento para os interessados em comprar seus próprios centros de microgeração seria de
grande importância. A criação de um programa nacional destinado à introdução de energia
fotovoltaica não apenas nas residências, mas também nas empresas traria prosperidade ao país.
60
Taxa de desconto
A taxa de desconto é o cálculo aplicado sobre um valor futuro para determinar sua
equivalência no presente, utilizada para a análise de retorno de investimentos. Essa taxa indica
o nível de atratividade mínima do investimento e seu valor pode ser calculado de várias formas,
sendo o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) um dos métodos mais usados para esse
cálculo.
De acordo com Vale et al. (2017), a taxa de desconto varia principalmente com o risco
do negócio, custo de oportunidade e liquidez e cada empresa geralmente possui seu próprio
parâmetro econômico para analisar o projeto. De acordo com Rocha et al. (2017), para calcular
a taxa de desconto usada na análise de viabilidade do sistema de microgeração fotovoltaica, foi
usado o WACC. Segundo Okoye e Oranekwu-Okoye (2018), para incorporar o risco do projeto
no processo de decisão do orçamento de capital, é desenvolvido o método da taxa de desconto
ajustada ao risco (RADR) que agrupa o valor do dinheiro no tempo puro, representado pela taxa
livre de risco e um prêmio de risco.
As taxas de desconto consideradas são muitas e variam de acordo com a pesquisa. Para
Hammad et al. (2017), a taxa de desconto assumida é igual à taxa de juros do banco nas
condições de empréstimos bancários, considerado como 6,7%. Em Schopfer et al. (2018), a
taxa de desconto definida foi de 4%. Já para Anagnostopoulos et al. (2017), a taxa de desconto
selecionada foi de 5%, assumindo que essa taxa é satisfatória para a maioria dos investidores
se a situação econômica na Grécia for levada em consideração, onde praticamente o melhor
investimento alternativo das contas bancárias essa taxa de juros é muito menor. De acordo com
MacDougall et al. (2018), a adição do prêmio de risco (de 1 a 3%) fornece uma taxa de desconto
ajustada ao risco de 5 a 7%. Para eles, ao avaliar um projeto solar pela TIR, uma taxa de
desconto razoável para os proprietários é de 3 a 7%, inferior às taxas usadas para projetos
comerciais (8 a 9%).
Venda de energia
se houver estabilidade de preços a longo prazo de modo que a concessionária possa continuar
a vender a eletricidade gerada a um preço que cubra os custos.
Choi et al. (2013) falam que se uma política de venda de eletricidade for incluída, pode
melhorar a viabilidade financeira vendendo o excesso de energia do sistema fotovoltaico. Eles
concluem que o retorno do investimento aumenta e o período de Payback diminui quando a
taxa de venda de energia à rede aumenta, melhorando a viabilidade financeira do sistema. Para
Qoaider e Steinbrecht (2010), o período de retorno do projeto de energia desenvolvido depende
da política de venda da eletricidade, onde o período de retorno será inversamente proporcional
ao valor do preço de venda e se o valor da energia vendida for igual ao custo de produção, não
haverá lucro. Hoppmann et al. (2014) reforçam que se as famílias também puderem vender sua
eletricidade no mercado atacadista no futuro, um número cada vez maior de famílias passará de
consumidor de eletricidade a produtor de energia, aumentando o interesse e uso de energia
produzida de fonte solar.
Para Goswami et al. (2019), o valor presente da entrada de caixa gerada pela venda da
energia à rede tem uma correlação com os incentivos dados pelo governo, onde consideram o
preço unitário da eletricidade vendida à rede, o preço da eletricidade vendida acima da taxa do
governo, a quantidade de energia usada para carga ativa e uma taxa anual de incremento. Em
Barone et al. (2019), diferentes cenários são investigados para o excedente de eletricidade
produzida, como: uma estratégia padrão de compra e venda da eletricidade, em que a
eletricidade exportada para a rede é vendida ao preço nacional unitário; e uma medição líquida
ideal, onde o excedente de eletricidade produzida exportada para a rede possa ser devolvido ao
edifício quando necessário.
Políticas de incentivo
Lee et al. (2016) analisaram o impacto econômico dos incentivos solares estaduais nos
EUA, considerando vários cenários com base em incentivos fiscais e incentivos em dinheiro.
Eles propõem estratégias de melhoria para os incentivos solares, onde estão a oferta de crédito
de imposto de renda estatal e isenção de impostos. Segundo Hirvonen et al. (2015), sem
subsídios os sistemas fotovoltaicos residenciais têm tempo de retorno muito longos. De Boeck
et al. (2016) realizaram uma comparação das políticas de incentivo em vários países e
concluíram que o nível mais alto de rentabilidade possível nem sempre é igual à melhor política,
mas uma política estável e consistente reduz os altos e baixos da demanda dos investidores e
62
leva a um crescimento estável mais gerenciável do mercado. Zhang et al. (2018) afirmam que
quando as políticas de incentivo são aplicadas, o período de retorno do sistema solar pode ser
reduzido em diferentes níveis, dependendo da localização e do tipo de construção.
Farias-Rocha et al. (2019) falam que a política de incentivo pode ser aprimorada
diminuindo os custos iniciais e/ou a taxa de juros da dívida e que isso pode ser feito por meio
de doações governamentais, reduções fiscais para equipamentos de energia renovável,
incentivos para equipamentos de fontes locais e estabelecimento de linhas de crédito para o
desenvolvimento solar, também foi reforçado que a taxa de exportação de eletricidade afeta
muito a viabilidade financeira de um projeto. De acordo com Rocha et al. (2017), a isenção
tributária atende o objetivo de incentivar o desenvolvimento de setores produtivos, como a
indústria fotovoltaica e, além disso, o subsídio contribui indiretamente para melhorar a
qualidade de vida da população, fornecendo suporte para uma produção de energia mais limpa.
Juros e impostos
O crédito de imposto de renda, que oferece crédito de imposto pelo custo de instalação
do sistema fotovoltaico solar, pode ser categorizado em crédito de imposto de renda federal e
estadual. O crédito de imposto de renda federal é um incentivo solar concedido pelo país a todos
os estados e o crédito de imposto de renda do estado é um incentivo solar baseado no estado, e
sua implementação e a quantidade de crédito diferem por estado. Já a isenção de impostos
geralmente pode ser categorizada em isenção de impostos sobre propriedades e vendas. A
isenção do imposto predial é um incentivo solar que isenta o imposto predial cobrado pelo
63
Taxa de inflação
Talavera et al. (2019) falam que o preço pelo qual a eletricidade excedente é vendida
para a rede e o preço da eletricidade consumida normalmente é igual à tarifa elétrica de varejo,
mas é necessário definir uma taxa de crescimento anual do preço da eletricidade que geralmente
está vinculada à evolução dos mercados de eletricidade, que é difícil de prever e, em caso de
falta de informações, é definida igual ao valor da inflação anual definida para cada país. Choi
et al. (2018) utilizam a taxa de inflação de preços que podem afetar a compra para prever o
custo de energia para os setores residencial, comercial e industrial em vários níveis das taxas
gerais. Para eles, a taxa média de inflação ao longo da vida útil do sistema solar assumida foi
de 4%, considerada como taxas incrementais de varejo de eletricidade para os sistemas
fotovoltaicos para estimar as tarifas futuras de eletricidade. Segundo Okoye e Oranekwu-Okoye
(2018), o custo-benefício do sistema fotovoltaico é afetado pela taxa de inflação e esse valor
muda de acordo com a localização, afetando a viabilidade econômica do sistema. Para eles, a
taxa de inflação considerada foi de 8,1%.
Nesta categoria encontram-se os fatores que são determinados pelas condições de clima
e do meio ambiente onde se encontra a instalação de energia solar. Os parâmetros considerados
nesta categoria foram a radiação solar, a temperatura, a taxa de penetração de energia e a sujeira.
Radiação solar
A radiação solar é a energia emitida pelo sol. Ela ocorre diretamente da fonte em todas
as direções e não precisam de um meio para se propagar. A média dessa radiação varia muito
de acordo com o local e são importantes para a análise de viabilidade econômica de sistemas
64
de energia solar, observando-se a capacidade de geração elétrica pela fonte solar na região.
Segundo Xu et al. (2019), a radiação solar é geralmente medida em uma superfície horizontal
da região em particular. A radiação solar direta recebida por um painel solar produz um alto
rendimento energético. De acordo com Ellabban e Alassi (2019), a radiação está sujeita a muitas
mudanças periodicamente devido a diferentes condições climáticas e ao sol.
Aderemi et al. (2018) criaram um modelo de análise do sistema solar onde simularam
as condições sob a temperatura ambiente média e a radiação solar da localização e os resultados
mostraram um aumento na produção de energia fotovoltaica à medida que a radiação solar
aumentou, dependendo da hora do dia, mas a produção diminuiu quando houve um aumento de
temperatura.
Temperatura
Apesar do alto índice de radiação ser bom para o poder de geração de energia solar, altas
temperaturas podem afetar no desempenho do sistema, reduzindo sua eficiência. Kang et al.
(2017) falam que a alta radiação solar geralmente aumenta as temperaturas ambiente e do
módulo fotovoltaico, mas quando a temperatura do módulo excede a condição de teste padrão,
a eficiência do módulo e a correspondente geração de energia diminuem devido à degradação
relacionada ao coeficiente de temperatura. Portanto, uma radiação maior nem sempre garante
uma maior geração de energia. Para Sampaio e Gonzalez (2017), a eficiência das células solares
depende da temperatura, radiação solar e poeira. A temperatura pode afetar drasticamente o
desempenho da célula e, devido a esse fato, estudos têm se concentrado em reduzir a
temperatura por meio de extração de calor e utilizá-la para outros fins, como aquecer a água ou
aquecer o ar.
fato, afetada pela temperatura operacional das células fotovoltaicas e, no estudo, a eficiência
diminuiu de 16,4% para 14,8% à medida que a temperatura fotovoltaica aumenta.
Alguns pesquisadores alertam para o desperdício de eletricidade, que pode ser causado
pela alta penetração de energia solar. You et al. (2018) falam do desperdício de energia quando
é produzida em excesso pelo sistema solar e a taxa de penetração de energia afeta nessa
produção. Para eles, a maior proporção ideal seria de 27%, para evitar o desperdício, mas se o
preço da energia for muito alto, maiores taxas de penetração poderiam ser uma boa escolha,
apesar do desperdício de eletricidade gerada. Para Yu (2018), a rápida penetração de energia
fotovoltaica diminui as horas de carga total das capacidades convencionais existentes e ela à
otimização da matriz energética. Porém, com uma alta penetração de energia fotovoltaica,
preços negativos podem ser observados devido ao excesso de produção de energia.
Sujeira
De acordo com Askari e Ameri (2012), um dos fatores de redução no sistema solar, que
explica qualquer discrepância entre o desempenho nominal e o desempenho real dos módulos
fotovoltaicos, é devido a fatores como a sujeira dos painéis, incluindo a cobertura por neve.
Sampaio e Gonzalez (2017) discutem sobre o efeito da poeira na eficiência das células solares
e falam que é aconselhável que a superfície fotovoltaica seja limpa com frequência para manter
o desempenho, pois o acúmulo de poeira pode bloquear a radiação nos módulos fotovoltaicos
e quanto menor a radiação, menor a eficiência da célula. Para Yendaluru et al. (2019), a sujeira
do painel depende da área onde está instalado o sistema solar e pode ocorrer sujeira em área
com muitas árvores e devido a excrementos de pássaros. Ilse et al. (2019) sugerem um custo
adicional para mitigação da sujeira. Segundo eles, a faixa de custo para a qual os investimentos
66
Kang et al. (2017) falam que as perdas de redução do sistema fotovoltaico incluem
perdas de conversores/inversores, sujeira, sombreamento, neve, desencontros, fiação, conexões,
degradação induzida pela luz, placas de identificação, disponibilidade etc. Para eles, as perdas
totais de redução no sistema devem estar na faixa de 15 a 35%. Para Dagtekin et al. (2014), a
sujeira do painel fotovoltaico é semelhante ao efeito do sombreamento e pode causar perdas em
torno de 3%.
Fatores técnicos são aqueles que são determinados pelo fabricante dos painéis solares
ou que dependem da maneira como os painéis são instalados, seja numa fase de planejamento
do sistema ou na execução da instalação. Nesta categoria foram classificados os seguintes
parâmetros: níveis de frequência; armazenamento de energia; eficiência; geração de energia;
tempo de operação e manutenção; tempo de vida útil; degradação dos painéis; e o ângulo de
inclinação.
Níveis de frequência
Para Dagtekin et al. (2014), é necessário o uso de inversores para converter a corrente
alternada e controlar a frequência porque os módulos fotovoltaicos geram corrente direta da luz
do sol, enquanto as redes de distribuição de energia pública usam corrente alternada. Segundo
Munoz-Cruzado-Alba et al. (2016), as redes fracas têm um número relativamente pequeno de
cargas da fonte de energia comparadas a uma rede elétrica nacional convencional, por isso
qualquer mudança inesperada pode variar a tensão e frequência do sistema e,
consequentemente, levarão o sistema solar a reduzir sua produção de saída. Para Khouzam
(1999), os sistemas fotovoltaicos conectados à rede devem usar inversores padronizados e
projetados com configurações de disparo de frequência e tensão fixas, de acordo com os códigos
e requisitos aplicáveis.
É preciso manter a frequência da rede, mas para isso os operadores da rede devem ser
capazes de prever com precisão o quão forte o sol brilharia e uma previsão tão exata é quase
impossível. Um pequeno erro de julgamento desencadeará flutuações de frequência e, portanto,
instabilidade na rede. A perda de luz solar ou o desvio de nuvens sobre uma usina solar pode
reduzir significativamente sua produção de energia e, se a usina solar estiver fornecendo uma
67
parcela importante da energia da rede, essa rápida perda de energia poderá resultar na queda da
frequência da rede bem abaixo de 50 Hz, causando instabilidade da rede ou mesmo um apagão
(HAIRAT e GHOSH, 2017).
Armazenamento de energia
De acordo com Adesanya e Pearce (2019), a economia aumenta com a adição de baterias
para o sistema fotovoltaico acoplado a sistemas híbridos. O armazenamento facilita fornecer
um meio para o aumento da penetração de energia solar, o que reduz o uso de outras fontes de
energia, melhorando os benefícios financeiros. Eshraghi et al. (2019) falam que o uso de
dispositivos de armazenamento geralmente resulta em custos mais altos e menor produção, mas
isso não torna o uso desses dispositivos infundado. Geralmente, o uso de armazenamentos
melhora a qualidade da saída e pode causar uma economia considerável de custos, caso se
pretenda satisfazer uma certa demanda. Estes autores também concluem que, além das
condições técnicas e econômicas, outros fatores estão envolvidos na atratividade do
investimento em tecnologias de armazenamento, incluindo a garantia de uma vida útil do
sistema, mesmo quando este não for utilizado por um longo período.
Eficiência
solares causa perda na qualidade da produção de energia, podendo tornar o projeto inviável
financeiramente. Segundo Sampaio e Gonzalez (2017), a pesquisa em células solares visa
aumentar a eficiência de conversão de energia solar, uma vez que a produção total de energia
de uma célula solar é igual ao produto de sua eficiência e vida útil e esses fatores afetam o valor
de um sistema de produção de energia baseado na tecnologia fotovoltaica. De acordo com
Hosseini et al. (2005), um dos principais fatores na avaliação técnica de diferentes usinas
solares é a eficiência.
Wang et al. (2019) apresentam como as eficiências energéticas afetam o custo total do
sistema na vida útil e relatam que a alta eficiência energética tem um alto nível de economia de
custos. Na pesquisa deles, o período de retorno do investimento é em torno de 3 anos quando a
eficiência é de 90% e aumenta para 4 e 5 anos quando a eficiência cai para 80% e 70%,
respectivamente, e quando a eficiência atinge 52% o período de retorno é de 9 anos. Ou seja,
quanto maior a eficiência, mais rápido será o retorno do investimento, tornando o projeto mais
economicamente viável.
Geração de energia
A quantidade de energia gerada pelo sistema solar afeta diretamente nos custos do
sistema, uma vez que os painéis são instalados para gerar energia que atenda a demanda e corte
gastos com a compra de energia da rede elétrica convencional. Por essa razão, é importante
avaliar a geração de energia produzida pelo sistema solar fotovoltaico. De acordo com Jo e Jang
(2019), o valor do sistema fotovoltaico pode ser melhorado com o efeito de mudança de geração
solar, que alivia o congestionamento na rede de distribuição.
Ellabban e Alassi (2019) falam que a maior parte da receita do sistema fotovoltaico
depende da energia produzida. A energia útil gerada por um sistema fotovoltaico depende de
muitos fatores, como a potência instalada, a radiação solar, a orientação do painel fotovoltaico,
as condições ambientais (sombra, temperatura, sujeira, neve etc.) e as diferentes eficiências dos
componentes do sistema. Segundo Viana et al. (2019), o uso do sistema fotovoltaico resultaria
em uma redução na demanda diária que seria contratada pela rede elétrica, o que, por sua vez,
geraria economia, tratadas como receita financeira no fluxo de caixa do projeto. Essa premissa
69
Para Mehrpooya et al. (2019), a geração de energia elétrica solar híbrida depende
principalmente da taxa de radiação solar e é afetada pela posição do sol durante o dia, pelas
condições ambientais e pela velocidade do vento. Podem ser obtidos altos valores de geração
de energia elétrica solar híbrida quando a taxa de radiação solar e a temperatura ambiente são
suficientemente altas e a velocidade do vento é baixa. De acordo com Jamali et al. (2019), a
situação climática tem bastante influência na produção de energia, com aumento da velocidade
do vento e redução da temperatura ambiente, levando ao aumento da geração de energia.
Segundo Wang et al. (2019), um longo período de operação do sistema solar causa uma
redução no consumo de outras fontes energéticas, o que também reduz significativamente os
custos de operação. Uma redução do uso de outras fontes de energia resulta também na
diminuição da quantidade de emissão de gases liberada. Para eles, a fase de operação contribui
com a maior parte da liberação de emissões entre todos os estágios de vida considerados.
A degradação é um fator que leva em consideração o desgaste dos painéis solares. Com
o passar do tempo, os equipamentos vão perdendo qualidade e seus preços vão se depreciando.
São várias as causas da degradação dos painéis, como o superaquecimento, o envelhecimento
natural, o acúmulo de sujeira etc. O fator de degradação é considerado nos estudos como uma
taxa de redução na eficiência de geração elétrica, e também nos valores do sistema solar como
forma de depreciação.
McTigue et al. (2018) falam que além da bateria, os componentes da planta solar sofrem
degradação com o tempo e alguns equipamentos precisam ser substituídos. Eles consideram
uma taxa de 1% de degradação e reposição de peças, mas se a planta for operada de maneira
ineficaz, as taxas de degradação podem ser maiores. Para Lee et al. (2018), como os sistemas
solares sofrem um declínio de seu desempenho técnico ao longo do tempo, é importante
determinar e assumir a taxa de degradação do sistema para realizar análises de viabilidade.
Segundo Talavera et al. (2017), a energia gerada com qualquer usina fotovoltaica também é
influenciada pela degradação dos módulos durante sua vida útil. Portanto, é necessário definir
uma taxa anual de degradação na eficiência dos módulos fotovoltaicos da planta solar.
Ângulo de inclinação
Para muitos autores, a inclinação em que os painéis solares serão instalados vai
influenciar diretamente na captação de energia do sol e, consequentemente, na rentabilidade do
projeto. Assim, para tirar o máximo proveito do sistema, deve-se estudar uma inclinação ideal
dos painéis, mas a luz solar não é constante durante todo o dia, por esse motivo a inclinação
ideal em um determinado horário é diferente em outro horário. Diversos pesquisadores estudam
a melhor inclinação, onde os painéis terão maior eficiência na maior parte do dia, ou até mesmo
a possibilidade de se alterar a inclinação dos painéis ao longo do dia à medida que a luz do sol
muda de direção.
Segundo Xu et al. (2019), os painéis solares são inclinados para aumentar a eficiência
da radiação solar sobre eles, e é necessário maximizar o rendimento de energia solar para
determinar o ângulo de inclinação ideal. Para eles, ajustando os painéis para o ângulo de
inclinação ideal, o rendimento de energia solar pode ser elevado de acordo com o local. De
acordo com Asif et al. (2019), a saída de um sistema solar fotovoltaico é bastante influenciada
pela orientação e ângulo de inclinação dos painéis instalados. Awan (2019) alerta que uma
inclinação muito grande pode provocar sombra entre os painéis. Para ele, os módulos
fotovoltaicos inclinados têm um efeito de sombreamento automático que diminui a eficiência
de desempenho das matrizes fotovoltaicas paralelas, mas essa eficiência pode ser melhorada
aumentando a distância entre as matrizes paralelas.
4. CONCLUSÃO
Este trabalho foi elaborado com a finalidade de se conhecer e estudar fatores que podem
influenciar na viabilidade econômica de projetos de duas fontes de energia renovável: a energia
72
eólica e a energia solar. Como metodologia de trabalho, foram realizados dois processos de
RSL divididos em três fases: entrada; processamento; e saída. Na fase de entrada definiu-se,
entre outras coisas, a base de dados onde seriam realizadas as buscas principais pelos trabalhos
a serem analisados, e a Web of Science foi a plataforma definida para esta finalidade. As buscas
iniciais dos trabalhos geraram um resultado de 219 e 485 artigos e revisões para trabalhos sobre
viabilidade econômica em energia eólica e em energia solar, respectivamente. Ao serem
analisados os trabalhos das amostras, depois de lidos e revisados, a amostra final foi definida
com 120 e 234 trabalhos sobre a viabilidade econômica do investimento em energia eólica e
solar, respectivamente. Os trabalhos da amostra final foram sintetizados e analisados a fim de
identificar os fatores de impacto na análise financeira dessas fontes energéticas.
Há fatores que podem ser interessantes na avaliação em algumas regiões, como exemplo
é possível verificar que para alguns estudos é importante avaliar a variação do vento ao longo
do dia (horários de pico e de menor velocidade do vento), enquanto para outros autores é
importante apenas conhecer a média geral da velocidade do vento. Esta diversidade nos estudos
torna interessante, para a avaliação econômica de energia eólica, conhecer todos os parâmetros
que estão sendo examinados e avaliar quais deles devem ser considerados em cada caso de
estudo.
Outros fatores foram identificados nos trabalhos sobre energia eólica com menor
frequência, mas não menos importantes. Alguns dos autores, por exemplo, têm dado atenção às
condições de financiamento através de políticas públicas, como a taxa de juros cobrada, o prazo
de financiamento e o valor financiado pelo governo. Tais condições podem oferecer uma
amortização no custo de investimento, que pode ajudar a tornar o projeto viável.
Para o investimento em energia solar, o custo inicial de investimento foi o fator que
mais apareceu na amostra. Como foi visto, esse fator é considerado na maioria dos métodos
como referencial de avaliação econômica dos projetos, porém o investimento inicial por si só
não é suficiente para saber se um projeto é viável ou não financeiramente, pois há outros fatores
que influenciam nessa viabilidade. Nos trabalhos sobre a energia solar foram estudados outros
28 parâmetros, que apareceram com menor frequência, mas que podem não ser menos
importantes que o custo de investimento.
Além dos fatores que foram identificados e mencionados aqui, que de alguma forma
podem ser previstos ou calculados, há fatores imensuráveis que podem influenciar bastante na
decisão da instalação de sistemas de energia eólica ou solar e que têm sido uns dos maiores
motivos de incentivo na produção de energias renováveis, que são os fatores socioambientais,
como a redução na emissão de gases na atmosfera, a diminuição de impactos ambientais
causados na geração elétrica, a melhoria da qualidade de vida etc. Estes fatores devem ser
levados em questão e podem ser levados em consideração na elaboração de políticas públicas
de incentivo.
Conhecer estes fatores e a forma como eles têm sido tratados na literatura, pode ser de
extrema relevância no auxílio a investidores e pesquisadores, de modo que eles possam
identificar e considerar as variáveis mais adequadas para seus estudos.
75
Com base nas conclusões desta pesquisa, trabalhos futuros podem: (i) avaliar as
melhores localizações para a instalação de turbinas eólicas ou de painéis fotovoltaicos
considerando os fatores de impacto identificados; (ii) estudar o grau de impacto destes fatores
na economia dos sistemas; (iii) realizar uma análise de sensibilidade utilizando os parâmetros
identificados; (iv) realizar um mapeamento de risco, identificando quais fatores causam mais
impacto financeiro de acordo com a região; (v) analisar a viabilidade econômica de projetos de
energias eólica e solar fotovoltaica, de acordo com os fatores de impacto, em um estudo de caso
seguindo critérios de viabilidade usados na literatura; (vi) propor políticas de incentivo na
geração de energia eólica e energia solar, levando em consideração os fatores de impacto que
foram identificados.
76
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