Evilane Oliveira - Sequestrada Pelo Mafioso

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 244

Copyright © 2022 Evilane Oliveira

SEQUESTRADA PELO MAFIOSO


1ª Edição

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e acontecimentos que aqui serão
descritos são produto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Esta obra segue as
regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. É proibido o armazenamento
e/ou a reprodução de qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios, sem
o consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido pela lei nº. 9.610. /98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Todos os direitos reservados.

Edição Digital | Criado no Brasil.


Epígrafe
Dedicatória
Nota da autora
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Epílogo
Capítulo extra
“É o tipo de chama que você não vê até queimar
E dói até te comer vivo
Muda você para sempre em um piscar de olhos
E não é algo que simplesmente desaparece durante a noite
É algo que fica para o resto de sua vida”
When You Lose Someone | Nina Nesbitt
Para você que ama um mocinho sombrio e cruel nos livros e o evita
fortemente na vida real.
Sequestrada pelo Mafioso é um livro ÚNICO, que surgiu da série
Renascidos em Sangue. Não é necessário ler a série para ler o livro. #SPM é
um dark romance e aborda temas como violência, sequestro e drogas. Contém
cenas de consentimento duvidoso e que podem causar gatilhos. Se você não
gosta do assunto ou é sensível, NÃO LEIA!
Se decidir seguir, boa leitura!
Viver anos preso igual a um leão em um circo e servindo de
entretenimento enquanto morremos por dentro, me ensinou duas coisas. Primeira,
não posso confiar em ninguém e, segunda, eu deveria ter dado mais valor e
atenção à minha família.
Yerík Dimidov era um homem bondoso, que cuidava da mãe e dos dois
irmãos mais novos, porém, ele nunca os colocou como prioridade. Festas,
bebidas e drogas, sim. E isso os levou dele. Seus erros.
A família Kireyev comandava o sul da Rússia, com o apoio do Don da
Bratva. Fui imprudente. Fiz dívidas que não dei a mínima para quitar, e quando
um anjo apareceu em minha vida, descobri tarde demais que ela era o demônio.
Rosie era filha do homem que me manteve enjaulado por quase uma década na
Dinamarca. Seduzido pela ruiva, fiz minhas malas e fui de boa vontade até ela,
encontrá-la, viver uma loucura.
Isso foi a minha ruína.
Vivi como um bicho por anos preso em uma cela, apenas esperando
minha vez de lutar.
Ser o leão do circo.
Enquanto Rosie assistia de camarote à espera de uma chance para entrar
em minha calça outra vez. Nunca permiti. Ela era o lixo que eu descartava na
rua, a poeira que sujava minhas botas. Eu a odiava pelo que me fez. Pelo que
causou.
Não paguei à Bratva. Não protegi meus irmãos, e é por isso que eles não
estavam mais aqui.
— Yerík, sinto muito. — Dario me olhou, com os ombros caídos.
Não havia sobrado ninguém. Meus irmãos, mortos. Minha mãe, morta.
Por minha culpa.
Pelas mãos do miserável do Kireyev.
— Foi logo que sumiu. — Meu primo tentou me explicar enquanto me
virava, ainda com uma sacola nas mãos e saía da casa onde uma vez foi meu lar.
Hoje era apenas poeira e o sinônimo da minha perda.
— Eu te levo ao cemitério...
— Não. Eu não vou lá.
Não até matar Kireyev. Arrancar dele o coração podre que bate em seu
peito.
— Yerík...
— Obrigado por me receber, vou... — Fechei a boca, tentando pensar.
Eu vou para onde?
— Deve ser uma barra estar aqui sem eles, eu entendo. Olha, tenho um
apartamento a alguns minutos daqui que está vago. Fique nele por quanto tempo
quiser.
Ponderei apenas um segundo. Eu não podia escolher muito. Não tinha
nada. Estava sozinho no mundo, sem lar.
— Obrigado, Dario. — Acenei para o meu primo, que piscou os olhos
azuis e afastou o cabelo preto. — Diga a Anya que mandei um abraço.
— Direi.
Assim que Dario me deixou no local, tomei um banho e me deitei na
cama macia. Não sabia a última vez que me senti tão confortável. Peguei o
notebook da mesa e tentei ligar, assim que abri o navegador comecei a minha
procura.
Kireyev não era burro, tinham poucas coisas dele no lugar, mas o
principal aparecia. Sua família. Em uma foto tirada em uma sala luxuosa, havia
ele e sua esposa, Yelena. Ao lado, três filhos – duas meninas e seu herdeiro.
Todos eram parecidos com os pais. O garoto e uma delas tinham cabelo preto,
como o infeliz, e uma das meninas era ruiva. Красный/krasnyy. Vermelha. Essa
tinha olhos grandes e azuis. Ela sorria na imagem, abraçando a outra, mais nova.
Meus olhos bateram no nome na matéria e suspirei ao ver que era
recente.
Família Kireyev se reunirá para a celebração do aniversário de
dezoito anos de Dasha Kireyev. A herdeira de uma fortuna milionária já
decidiu o local - счастливая ночь.
Dasha Kireyev.
Meu sangue esquentou e sorri.
— Te peguei, krasnyy.
Eu odiava que tocassem em meu cabelo, e minha mãe tinha a mania
irritante de fazer isso quando estava nervosa, ou com medo do meu pai. Não era
apenas em mim, podia ser qualquer ser humano que tivesse fios longos o
bastante.
— Dasha, por favor. — Ela tremia levemente.
Toquei suas mãos, afastando-as do meu cabelo e apertando-as para
acalmá-la.
Era horrível ver o quanto ela sempre parecia nervosa. Mamãe se casou
aos dezoito anos, depois de um acordo entre as famílias da Bratva. Ela,
obviamente, não queria se casar com o homem moreno e frio que conheceu ainda
criança, mas nenhuma de nós tinha escolha.
— Ele não está aqui.
Minhas palavras a fizeram engolir com força e puxar as mãos. Alisando a
saia azul clara, ela sorriu, disfarçando.
— Ora, não fale besteiras.
— Você sempre faz isso quando está com medo — murmurei, me virando
para longe dela. — Meu pai te bate?
— Dasha, como você...
— É óbvio que bate. Esse tanto de maquiagem... — Triste, suspirei e
respirei fundo em seguida.
Mamãe me olhou pelo espelho e desviou o rosto perfeito para a paisagem
da janela.
— Vou me casar, mãe. Não se preocupe. Não haverá mais um adiamento.
Adiei meu casamento três vezes. As circunstâncias fizeram a Bratva
adiar. Meu pai poderia ter me matado nas três vezes, mas fingiu que eu era
insignificante e seguiu a vida.
— Não faça tolices, por favor — ela implorou, se aproximando de novo.
— Dasha...
— Eu sei, mamãe. Não se preocupe.
Ela acenou e segurou o colar de pérolas que descansava em seu pescoço.
Era lindo e ela nunca o tirava. Lembro-me que disse a Sarah que havia sido
presente da sua mãe. Ela e vovô morreram há dois anos.
— Você realmente não quer que eu faça um penteado? — Mamãe sorriu
mais calma e neguei.
— Gosto do meu cabelo assim. — Sorri para suavizar minha recusa.
— Tudo bem, mas coloque isso aqui. — Ela pegou uma tiara com
diamantes de uma caixa quadrada.
— Meu Deus, ela é linda — afirmei, encantada e com os olhos
arregalados.
— É um presente meu e da sua irmã. — Mamãe riu.
— Obrigada. Eu amei!
Peguei a tiara dos seus dedos e coloquei em meu cabelo. Ele era longo e
ondulado, um pouco volumoso, mas eu gostava. Meu vestido tinha uma cauda
imensa, com aplicações de renda que estavam me deixando com coceira.
— O.k., seu pai está te esperando na igreja. Seja simpática, tudo bem? —
ela pediu assim que me ergui. Mamãe parou ao meu lado e tocou meu cabelo. Me
obriguei a não estremecer. — Você está linda! Dimitri tem sorte por tê-la como
esposa.
Dimitri era um idiota. Um babão do papai que era ambicioso o suficiente
para se casar com a filha do chefe apenas para agradá-lo.
— Obrigada, mamãe.
Ela me abraçou e senti seu perfume doce de baunilha. Eu amava seu
cheiro desde que era apenas uma criança. Ela saiu do quarto depois de murmurar
o quanto me amava. A porta voltou a ser aberta e sorri ao ver Sarah. Ela era
mais nova que eu oito anos. Tinha apenas dez, e era muito inteligente.
— Ei, criança. — Abri meus braços e ela correu para mim, me
envolvendo.
— Mamãe disse que não vai mais morar aqui. — Seus olhinhos se
encheram de lágrimas.
— Lembra que fizemos as malas ontem? — Toquei a sua bochecha. —
Eu te expliquei que a Barbie mora com o Ken, não com a Chelsea. Porém elas
sempre estão juntas. — murmurei suavemente.
— Verdade. — Sarah fungou devagar. — Elas sempre brincam juntas.
— Exatamente. Sempre virei ver você, Sarah.
Ela sorriu e acenou, me abraçando mais uma vez. Mamãe gritou por nós e
suspirei ao me erguer. Sarah me seguiu e me ajudou com o vestido.
Assim que desci, vi meu irmão mais velho, Andrei, ao lado da mamãe.
Ele me levaria para a igreja. Ele me olhou por um segundo e sorriu. Andrei não
morava mais conosco. Ele havia se casado com Aslin, eles se amavam mesmo
nas circunstâncias do casamento. Seu celular tocou e ele pediu licença.
— Vamos, Andrei vai levar você antes que se atrase.
— Mãe, surgiu um imprevisto. Não vou conseguir. Sergey vai levá-la. —
Meu irmão apareceu com o celular na mão. — Te vejo no altar, Dasha. Se
comporte, tá?
Eu sorri e acenei. Me despedi da mamãe e Sarah com abraços longos,
então saí para a igreja. Sergey era motorista da família há anos, um homem
bondoso perdido no meio da Bratva. Ele vivia nos fundos da nossa mansão.
— Dasha, seja uma boa garota. Esse Dimitri não merece você, mas seu
pai sabe o que é melhor para a família dele.
Eu sorri, olhando para a paisagem. Nós morávamos em Rostov, uma
cidade no sul da Rússia, que era quente no verão e frio demais no inverno.
Estávamos em uma transição das temporadas, então não precisava ainda de
casacos.
— Ficarei bem, Sergey. — Sorri, pondo a mão em seu ombro.
O trajeto até a igreja não era longo, mas de alguma forma parecia menor
enquanto os segundos passavam. Respirei fundo e ouvi Sergey resmungar. Franzi
as sobrancelhas ao sentir o carro parar. Estávamos em uma área pouco
movimentada. Morava em uma mansão no meio do nada e a igreja ficava na
cidade, centro de tudo. Aqui era exatamente o meio do caminho.
— Sergey, o que... — Parei de falar quando olhei para a frente. Não
havia nada, mas eu podia ouvir os pneus sendo esvaziados.
— Eu vou sair e ver que diabos aconteceu...
Ele abriu a porta do carro e o perdi de vista. Meu coração bombeou
rápido quando segundos viraram minutos. Abri a porta para perguntar o motivo
da demora e fiquei boquiaberta quando, ao sair do carro, olhei para trás,
procurando Sergey. Havia um homem de pé, a dois metros do carro. Ele era alto,
ombros largos, mas seu rosto estava escondido sob uma balaclava.
Então, havia Sergey. Meu motorista, amigo há anos, estava aos seus pés,
me olhando sem vida.
Oh meu Deus! Meu estômago esfriou e arrepios se alastraram pela minha
pele. O medo cegou minhas ações, a tristeza pelo homem no chão me fez soltar
um soluço.
Sem pensar, agarrei a saia do meu vestido, me virei e comecei a correr.
A estrada era aberta demais e eu conseguia ouvir os passos do homem
encapuzado contra o asfalto. Olhei para a mata e entrei. Meus sapatos não eram
tão altos quanto mamãe queria, por isso a corrida não me deu muito trabalho.
Porém o cansaço sim. Meu coração batia descompassado e as lágrimas
se amontoavam em minhas bochechas. Pela lógica, seria de medo, mas não.
Eram por Sergey.
O que esse homem queria?
— Estou bem atrás de você, krasnyy.
Oh Jesus!
Me virei a tempo de vê-lo caminhando calmamente, como se soubesse
que iria me pegar. Virei de volta, decidida a mostrar a ele que eu não seria pega.
Ele não me mataria, como fez com Sergey.
Mas não esperei por uma parede de tijolos diante de mim. Braços
capturaram os meus e outro homem, também alto, me encarou sob a balaclava.
Ele tinha olhos azuis e não havia vida ali.
— Me solte! — gritei, engasgando com o choro. — Por favor, meu pai...
ele vai pagar...
— Ah, ele vai. — A voz anterior soou.
Eu virei o rosto, vendo o homem da estrada.
— Por favor, posso lhe dar dinheiro. Essa tiara é cravejada de
diamante...
— Pare de falar — o que me segurava murmurou em inglês,
completamente calmo, então o obedeci. — Vamos embora.
Eu estava pronta para gritar, mas o outro homem me agarrou e seu amigo
rasgou um pedaço de fita adesiva, colocou sobre meus lábios e prendeu minhas
mãos, passando fita em meus pulsos. Quando o que matou Sergey me jogou sobre
o ombro, senti lágrimas encherem meus olhos. Eu seria morta.
Tentei imaginar Sarah e me arrependi, pois mais lágrimas chegaram. Elas
deslizavam pela minha testa, molhando meu cabelo.
— Deveríamos colocá-la para dormir — o outro falou enquanto
caminhavam.
— E ela perder a diversão? Nem fodendo.
Estremeci com suas palavras pronunciadas em inglês. Que diversão?
Não esperei muito tempo para descobrir. Carros pararam na estrada e ele
se virou na direção. Tentei me mexer para olhar e isso o fez estapear minha
bunda. Gritei, porque sua mão era pesada, e mesmo sob o tecido do vestido,
senti minha pele arder.
— Isso é bom. Venha assistir, krasnyy.
Ele me puxou rosnando em russo e deslizei em seus braços. Arregalei os
olhos assim que vi Andrei e mais homens. Meu irmão tropeçou em algo e caiu.
Isso o salvou. Tiros começaram a soar e meu raptor me apertou contra si.
— Olhe seu noivo morrendo, krasnyy.
O quê?
Cacei Dimitri por todos os lados e o encontrei caindo contra uma árvore.
O sangue descia pelo seu rosto e peito. Fechei os olhos, assistindo a mais uma
pessoa morrer.
Me remexi em seus braços e o homem riu. Abri as pálpebras e vi Andrei
rastejando, salvo das balas, enquanto os tiros continuavam. Graças a Deus.
— Vamos.
Ele me jogou sobre o ombro novamente e andou, enquanto as lágrimas
continuavam rolando pela minha testa. Meu estômago rodou quando saímos da
floresta e ele me colocou no chão. Havia um helicóptero ali. Quis implorar
novamente, mas ele me puxou e me enfiou na aeronave.
— Se preparem. — O outro subiu para pilotar e meu raptor pegou um
pano, o embebedou em algo e se virou para mim.
— Bons sonhos, krasnyy.
Sua mão pressionou o tecido contra meu nariz e lutei, prendendo a
respiração, mas logo precisei de ar e isso foi minha ruína.
A escuridão me deu boas-vindas e adormeci.

O local em que eu estava não parecia minha cama, na verdade, era longe
da maciez dos lençóis brancos. Me virei tentando engolir, mas minha garganta
doeu. Onde mamãe estava? Jesus, por que a casa estava tão fria?
Abri meus olhos lentamente e pisquei ao não encarar o lustre elegante no
teto. O que... então tudo veio. Meu casamento, Sergey morto na estrada, o homem
encapuzado me jogando por cima do ombro. A morte de Dimitri.
Me sentei rápido, mas não fui para a frente. Meu pescoço foi puxado e
arregalei os olhos enquanto ouvia o barulho de corrente. Agarrei minha garganta
com as mãos ainda presas pela fita e fiquei em pânico ao sentir o couro grosso.
Olhei para o lado e respirei fundo ao ver a corrente grossa presa à parede. Me
sentei, deixando as mãos caírem em meu colo e olhei ao redor. Não havia
janelas, nenhuma saída a não ser a lareira acessa. Ela me esquentava, mas não o
suficiente. Eu estava longe dela.
A cama debaixo de mim era pequena, de solteiro, mas o colchão não era
dos piores.
Engoli novamente, morrendo de sede. Eu ainda vestia meu vestido de
casamento. O branco impecável, agora tinha manchas de lama e rasgos.
Bati minhas mãos juntas na parede, chamando quem quer que fosse. Parti
para cima, batendo na cabeceira de madeira, fazendo mais barulho.
Minha boca sedenta ficou eufórica ao ouvir barulho enquanto meu corpo
me dizia para não chamar.
Assim que ouvi a fechadura respirei fundo, tremendo, então a porta foi
aberta e o mesmo homem da estrada estava diante de mim.
Eu sabia que o demônio andava na terra entre nós, mas nunca imaginei
ficar cara a cara com ele.
— Você pegou a garota errada — Villain berrou no meio da cabana onde
havíamos chegado há poucos minutos.
— O quê? — perguntei, semicerrando os olhos.
Meu melhor amigo se jogou no sofá e me encarou.
— A garota da foto tinha cabelo vermelho. Você está vendo algum fio
vermelho na cabeça dela? — ele grunhiu, acenando para a porta que levava ao
local onde Dasha estava.
— Ela pode ter pintado. Hoje era o casamento, você sabe disso.
Planejamos essa merda juntos! — resmunguei, me movendo até a poltrona macia.
Estava fazendo um frio do caralho. Sabia que aqui era longe o bastante
para ninguém vir, por isso não liguei para o frio. Agora eu ligava.
— Estou indo. Silk deve querer comer meu fígado uma hora dessa.
Acenei, porque eu sabia. Sua esposa podia ser um grande pé no saco
quando queria.
— Não conte a ela onde estou — falei alto, me erguendo.
— Se ela quisesse saber, ela já saberia. Não por mim, óbvio!
Eu odiava admitir, mas sim. A peste parecia ser do FBI quando queria algo.
— Dê água a ela daqui a cinco minutos. Não queremos que ela morra de
sede e fome.
— Eu sei, Villain — grunhi, irritado por suas demandas idiotas.
Eu sabia fazer a porra do meu trabalho.
— Volto daqui a uma semana.
Eu acenei e ele sumiu pela porta. Coloquei mais lenha na lareira e me
sentei, segurando uma garrafa pequena de água. Fechei meus olhos, relembrando
o dia que cheguei à minha casa. Nada. Ninguém. Somente uma construção vazia.
Segurei o colar onde havia uma cruz e encarei o fogo crepitando.
— Minha vingança começou, mamãe. Vou fazê-lo pagar. Eu juro!
Olhei para a porta, quase podendo sentir o cheiro dela novamente. Pura,
intocada, a princesa da Bratva. Aquela que vou quebrar, pedaço por pedaço, até
o dia em que a jogarei de volta aos pés do pai. Então, o matarei.
Sem dúvida, sem pressa. Apenas saborearei a morte dele pelas minhas
mãos.
Nesse dia, poderei morrer feliz.

A batida soou repetidamente até eu me erguer. Peguei uma garrafa de


água, sanduíches que preparei e andei em direção a Dasha. Assim que abri a
porta, a vi na cama. Rígida, olhos da cor do céu me encarando de volta, medo
tão límpido quanto a água do oceano.
Me aproximei lentamente, coloquei a água na mesa ao lado da cama e
puxei a fita da sua boca.
— Onde estou? — ela gritou, mas a maneira que se contraiu me disse que
isso lhe causava dor. — O que é isso aqui? — Ela agarrou a coleira e quase
sorri.
Dasha falava em nossa língua natal, eu gostava disso.
— Beba. — Peguei a garrafa e a aproximei da sua boca. Dasha empurrou
as mãos para o lado e a garrafa rolou, então a peguei antes que desperdiçasse
toda a água.
— Eu quero ir para... ah meu Deus! — Seu grito ensandecia o monstro.
Agarrei seu rosto com força e apertei, sentindo seus dentes pela pele fina
das bochechas. Me aproximei, até ficar com os olhos bem perto.
— Vou deixar você sem água por dois dias se ousar fazer isso
novamente. — Pontuei as palavras e ela acenou freneticamente. — Não tem
ninguém a milhares de quilômetros. Quando pensar em fugir, lembre-se disso. Eu
vou caçar você e encontrá-la. E então — soltei seu rosto e me ergui — , vou
foder você na neve. Com o gelo congelando todo seu corpo.
Ela arregalou os olhos com medo, e fui energizado. Peguei a água e
entreguei em suas mãos. Ainda estavam presas e continuariam pelos próximos
dias. Ela precisava aprender a se virar para levar à boca.
Ela não era uma herdeira da máfia aqui, era minha refém.
Dasha deu dois goles e continuou me olhando, o medo em seus olhos me
alimentando.
— Agora coma. — Peguei o sanduíche e coloquei em suas mãos.
Dasha engoliu em seco, mas agarrou o alimento. Ela comia como um
passarinho, pequenas mordidas, devagar. Quando terminou, limpou a boca com
os dedos.
Eu me virei, peguei a fita adesiva e me ajoelhei na cama. Rasguei um
pedaço de fita e empurrei sobre seus lábios, sob seus olhos atentos. Ela me
observou me afastar, e quando tranquei a porta, quase pude ouvir seu suspiro de
alívio.
Quando cheguei à sala, andei para a poltrona e me sentei. Comi minha
própria comida e depois de assistir a um jogo de futebol, fui para o quarto.
Assim que caí na cama, apaguei.
Queria que minha mente tivesse feito o mesmo.
Aduke falou em meu ouvido em sua língua coisas que eu não entendia.
Seu rosto era pacífico, coisa difícil de se ver aqui. Ela colocou a mão sobre
meu peito e desenhou formas aleatórias.
— Se um dia sairmos daqui, quero morar com você. Nós três.
Sua filha e nós.
— Você promete? — perguntei, divertido, porque era raro vê-la fazer
planos para o futuro.
— Prometo, Yerík.
Mentiras.
Eu fechei meus olhos, ouvindo as árvores balançarem com o vento.
Estava frio e tinha amanhecido. Me ergui, peguei mais lenha e aqueci a casa.
Coloquei ovos para fritar e me apoiei no balcão, assistindo à neve cair.
As tranças do seu cabelo entraram em minha mente, sua pele preta suada
brilhando contra o meu corpo, enquanto a fodia uma e outra vez na noite que
saímos do círculo. Do inferno onde a conheci.
Eu confiei nela e me apaixonei perdidamente. Se me perguntarem hoje se
ainda a amo, eu poderia responder que sim.
Eu a amava. Amava seu corpo, seu sorriso e a forma que sua boceta me
recebia tão bem.
Porra, Aduke era minha assim que pus meus olhos sobre ela.
Porém viver em uma cela fazia você imaginar coisas, e uma delas era que
o futuro era como nos filmes, final feliz e etecetera. Não era.
Descobri isso com suas ligações para me pedir que eu esquecesse minha
vingança.
Não. Eu jamais iria esquecer minha vingança.
Nem por ela, nem por ninguém.
Então, ela se foi e nunca mais soube dela.
Preparei um prato com ovos, torrada e bacon para Dasha e fui até seu
quarto. Abri a porta e a vi com os olhos fechados. Coloquei o café e o prato na
mesa.
Se Prince visse como ela ainda estava, me mataria, com certeza. Ele foi
contra a coleira que coloquei em seu pescoço, disse uma e outra vez que eu
deveria soltá-la. Tirar as fitas dos pulsos e da boca. Mantê-la em um quarto
escuro era o suficiente.
Era?
Eu estava amando ver sua boca fechada e seus pulsos amarrados,
enquanto usava uma coleira.
Dasha se remexeu e seus olhos se abriram. Assim que me viu, se
empurrou contra a cabeceira. Me aproximei e apoiei um joelho na cama,
puxando sua fita. Peguei minha faca e Dasha gritou.
Sem me mexer, eu rasguei a fita em seus pulsos, abri sua coleira e ela
ficou livre.
— Se erga. Você precisa de um banho.
— Não... — Ela começou a negar, então a peguei pelo braço. — Por
favor...
— Faz três dias desde que a peguei. Você está fedendo a peixe podre —
grunhi, irritado. — Tire esse vestido estúpido e entre no banheiro.
— Não vou ficar nua na sua frente! — ela gritou, com os olhos
arregalados.
— Você pode guardar a sua dignidade, tirar sua roupa e ir, ou posso
rasgar o tecido do seu corpo e enfiar você na neve. O que escolhe?
Dasha piscou, a determinação quebrando.
— Se vire.
— Por que diabos eu faria isso? — rosnei, soltando-a.
Dasha engoliu em seco e suspirou. Ela se virou e eu vi os milhares de
botões ali. Peguei os dois lados e os puxei, arrebentando um por um. A garota
gritou, assustada.
— Não tenho o dia todo — resmunguei quando ela segurou o tecido
contra os seios.
Quando suas mãos caíram, ela soltou o tecido e ele se amontoou no chão
limpo. Ela estava com uma lingerie branca e meia-calça também. Evitei olhar
para as curvas do seu corpo. Ela era uma maldita criança, por Deus.
— Entre no banheiro — mandei.
Ela se moveu rápido e fechou a porta assim que entrou. Eu sabia que ela
não tinha como escapar, as janelas foram fechadas. Todas elas.
Dasha levou seu tempo no banheiro, quando saiu estava tremendo. A água
era quente, mas os segundos fora dela fizeram-na ficar com os lábios roxos. Ela
estava com sua lingerie. Peguei uma das mudas de roupas que comprei e joguei
nela. Dasha a pegou rapidamente. Ela colocou a calça moletom, meias quentes e
um moletom com capuz. Era quente o suficiente.
— Seu café. — Apontei para onde o prato descansava.
Ela o pegou junto ao café que ainda saía fumaça.
Dasha se sentou sobre o tapete do quarto diante da lareira. Ela amassou
seu cabelo molhado dentro de uma toalha. Agora ela cheirava aos produtos de
higiene que Lake obrigou Villain a trazer.
Eu a esperei terminar de comer. Assim que bebeu o último gole, me
aproximei, peguei seu braço e a coloquei de volta na cama.
— Não vou tentar nada... isso... por favor, não coloque isso. — Ela
apontou para a coleira em minhas mãos. — Essa fita dói em meus pulsos
também...
— Você ainda não sabe o que é dor, krasnyy, mas logo vai saber.
Dasha engoliu em seco, mas não falou mais nada. Apenas me viu prender
seus braços, agora sem fita, apenas a corda, e colocar sua coleira.
Me ergui, peguei as coisas e comecei a sair do quarto. Dasha não fez
mais nenhum ruído, então peguei seu vestido e comecei a sair. Porém, me
lembrei do seu corpo estremecendo, longe da lareira. Segui até ela e puxei a
cama para perto do fogo. Não tanto a ponto de ela tentar causar um incêndio,
apenas o suficiente para aquecê-la. Troquei a corrente da coleira por uma maior
e a prendi novamente.
— Não seja uma espertinha, krasnyy. Vou matar você antes que pense
que conseguiu algo.
Quando cheguei à sala, me sentei e tomei meu café da manhã. O telefone
por satélite começou a tocar e eu o peguei, sabendo que era Prince. Assim que
atendi, soube que não era ele.
— Ela comeu? Tomou banho? Está fazendo um frio dos infernos. Você
está mantendo-a aquecida?
Lake Caralho Trevisan.
— Onde Prince está? — questionei calmamente, me sentando e ligando a
tevê.
— Não interessa. Você pode me dizer se ela está aquecida o suficiente?
— Não é da sua maldita conta. Talvez, Villain reforce isso para você
quando eu o avisar.
Ela ficou em silêncio. Ela conhecia o próprio marido.
— Não ligue novamente.
Desliguei, jogando o telefone e estalando meu pescoço.
Dasha estava aquecida o suficiente. Escolhi uma cabana boa o suficiente.
Não tinha aquecedor próprio, mas as lareiras faziam um bom trabalho. Ela
estava com muito mais conforto do que eu na Dinamarca. Dasha estava no lucro.
Eu sabia que ela não enxergava assim. A princesa da máfia, criada com
pessoas a servindo, estava presa em um quarto escuro e frio. A garota ia quebrar
antes dos dois meses que a manteria ali.
O celular tocou novamente e eu o peguei.
— Eles ainda não descobriram que foi você — Prince falou com firmeza,
eu sabia que estava fora de casa.
— Bom. Vamos seguir com o combinado.
— Tem certeza? Cara, ela é filha de um dos homens de confiança do Igor.
Vamos declarar guerra contra a Bratva. Você tem noção dessa merda?
Meu melhor amigo nunca era razão quando o que ele queria estava em
jogo, mas quando era outra pessoa, ele gostava de ser sensato. Foda-se.
— Se eles tivessem matado a sua família você recuaria?
Seu silêncio me disse o suficiente. Villain amava os Trevisan à sua
maneira. Ele jamais deixaria a pessoa que tivesse os matado sair impune.
— Eu me banharia no sangue deles.
— Já escolhi o roupão.
O frio era implacável. E só por isso eu sabia que não estava em Rostov.
O homem havia me trazido para outro lugar. Uma cidade longe o bastante para o
tempo ser agressivo a ponto de fazer meus dentes baterem uns contra os outros.
Ele me trouxe comida por dois dias seguidos depois daquele café da
manhã. Não me forçou mais a tomar banho, mas perguntava se eu queria. O frio
não me deixou dizer que sim. Só fiz xixi e voltei para a cama.
— Ei! — gritei para a porta, apertada.
Ele já deveria ter vindo me dar comida e me deixar ir ao banheiro. Eu
não sabia que horas eram, mas sabia que era hora do café da manhã.
— Ei! — berrei mais alto, incomodada com o couro da coleira estúpida.
Ouvi passos e me acalmei. Algo no homem alto me deixava totalmente
amedrontada. Sua voz era como aço, eu estremecia a cada palavra que deixava
seus lábios.
Assim que a porta foi aberta, me encolhi. Ele ainda usava a balaclava.
Sempre que entrava no quarto estava com ela. Eu queria ver seu rosto. Não sabia
por que, apenas queria muito. E isso era ridículo.
— Vamos andar hoje.
O quê?
Ele se aproximou pegou minhas mãos e cortou as camadas de fita que me
prendiam, então abriu a coleira que vi que tinha uma chave depois de muito
tentar abri-la.
— Para onde vamos? — perguntei baixo enquanto ele me puxava para
fora da cama.
Meu sequestrador me puxou para o banheiro e me soltou.
— Faça suas necessidades. Não tome banho. Seu café está na mesa. Não
me teste. Vou rasgar sua garganta antes que coloque os pés para fora desse
quarto.
Acenei rapidamente e entrei no banheiro. Fechei a porta, desci minha
calça moletom e me sentei no vaso. Fiz xixi rápido e me lavei bem com o
sabonete íntimo que havia ali, quando terminei parei diante do espelho. Eu
poderia quebrá-lo... talvez, esconder e usar no momento certo...
Não. Ele disse que estávamos longe. Se eu conseguisse sair, morreria no
frio.
Não importa, Dasha. Você precisa tentar.
Ele ia ouvir.
Balancei a cabeça. Não faria isso. Não queria morrer, nem pelas mãos
dele e nem de frio. Lavei meu rosto, usei a escova que estava no banheiro e
limpei minha boca. Prendi meu cabelo e saí, encontrando o homem de pé, me
encarando.
Comi diante da lareira, quando terminei ele me puxou para ficar de pé.
— Vista isto.
O meu vestido de noiva estava em suas mãos. O encarei, franzindo as
sobrancelhas, mas ele me ignorou e empurrou o tecido contra mim. Peguei-o e
vesti. O frio bateu em minhas costas nuas. Os botões haviam sumido.
— Vamos.
Ele enfiou um saco de pano em minha cabeça e me puxou. Tropecei em
meus pés com pantufas grossas. Percebi a escada enquanto andávamos e fiquei
rígida. Ele estava me mantendo em um porão. Filho da puta.
Ele me sentou no que parecia um sofá e amarrou minhas mãos mais uma
vez. Pulei quando senti sua mão pegar meu pé. Ele tirou as pantufas e enfiou uma
bota que parecia muito pesada e quente.
— Como eu disse, vamos dar uma volta.
— Qual é o seu nome? — perguntei, engolindo em seco.
Ele me ignorou enquanto me erguia. Nós andamos para fora e senti a neve
sob as botas. Era tão macia. Suspirei, sentindo o cheiro ameno e frio.
— Meu pai pagou o resgate? — perguntei, aflita.
Eu estava indo para a casa? Meu peito se encheu de esperança.
— Não pedi resgate.
O quê? Fiquei completamente rígida e parei de andar. Ele puxou meu
braço, mas consegui lutar contra. Infelizmente, ele era mil vezes mais forte que
eu. Quando tornou a puxar meu braço, minhas costas foram empurradas contra a
lataria de um carro.
— Pare de gracinha.
— O que você quer, se não o resgate? — perguntei, tremendo e
inconformada. Como ele não queria resgate?
— Nada.
Não, não, não.
— Como assim nada? O que estou fazendo aqui? — Minha voz quebrou.
— Oh, krasnyy... você não vai mais voltar para o rio de merda que é sua
família. — Suas palavras e a voz tão próxima do meu ouvido me fizeram surtar.
— Me deixe ir embora! — implorei, com os olhos cheios de lágrimas.
— Vá. — Ele me soltou e puxou o saco.
Pisquei rapidamente, me acostumando com a claridade. Olhei ao redor e,
pela primeira vez, vi seu rosto. Ele era branco, tinha cabelo escuro e olhos
pretos. Era como olhar para a escuridão. Se ela fosse alguém, seria ele.
— Corra, krasnyy. — Ele acenou para o lado, então vi a floresta coberta
com neve.
Não esperei que ele falasse novamente. Eu corri, rápido. Enfiando meus
pés na neve, tropeçando nas árvores e pedras. Eu não ouvia seus passos, por isso
olhei sobre o ombro. Quando fiz isso, caí e molhei completamente meu vestido.
Ele não estava em lugar nenhum. Me sentei e olhei ao redor, mas tudo
parecia igual. Onde ele estava? Me ergui e puxei as saias do vestido. Ergui-as e
estremeci ao ver sangue sujar o tecido. Algo havia sido cortado, mas estava
dormente por causa do gelo. Não sentia nada.
Andei por muito tempo, mas não aparecia nada. Uma casa, qualquer
coisa, era simplesmente uma floresta inacabável. Não tinha fim.
Me sentei na neve e fechei meus olhos, sentindo o frio me agarrar.
Comecei a tremer depois de vinte minutos naquela posição. Meus ombros se
remexiam, meus dentes batiam uns nos outros e sabia que seria como o
sequestrador havia falado, eu morreria ali. No frio, congelada.
— Ah, krasnyy. Diga oi para o seu pai. — A voz ecoou.
Eu abri meus olhos. Meu sequestrador estava diante de mim, apoiado em
uma árvore com o celular me gravando nas mãos. Meu coração doeu e deixei
mais lágrimas caírem. Funguei, esgotada, mas ele só sorriu.
Eu nunca vi alguém parecer tão bem dentro da própria pele insana.
Ele se aproximou ainda segurando o celular, se agachou e segurou meu
rosto com uma mão.
— Eu disse que te pegaria. Sempre vou te pegar.
Parecia uma promessa e ela me fez estremecer muito mais que o gelo ao
redor.

— Eu posso andar — falei quando ele me jogou sobre o ombro e


começou a voltar para o cativeiro.
O medo estava enraizado dentro de cada célula do meu corpo, mas, de
alguma maneira, estava aliviada por voltar para o meu quarto quente. O que
estava falando? Lágrimas se acumularam em meus olhos mais uma vez. Eu estava
confusa, irritada, amedrontada e muito triste. Funguei tentando não fazer barulho
e fechando meus olhos.
Ele me ignorou, depois de alguns minutos chegamos à cabana. Ele me
colocou no chão e arrancou o vestido molhado do meu corpo, me deixando
apenas de lingerie, então me arrastou para o porão e estremeci ao sentir sua mão
apertar meu braço.
Suas mãos começaram a puxar meu sutiã encharcado, mas o impedi,
prendendo o tecido com meus braços.
— Pare.
— Cala a boca. — Ele puxou sua faca e cortou as alças finas. Antes que
pudesse estragar completamente a peça, eu a abri. Meus seios ficaram nus e os
cobri com as mãos. — Entre.
Comecei a negar, mas parei. Eu precisava de um banho. Entrei no
cubículo e ele ligou o chuveiro no quente. Minha pele dormente foi acordando
enquanto ainda cobria meus peitos. Ele pegou xampu e jogou em meu cabelo,
mexendo para lá e para cá.
Por que ele estava fazendo isso?
Ele não precisava me ajudar a tomar banho. Eu sabia como fazer.
A água com xampu deslizou pelo meu corpo quando ele me enxaguou.
Gemi quando senti algo arder. Assim que olhei para baixo, vi o corte na minha
coxa do tamanho do meu dedo.
— Tire a calcinha.
— Não vou ficar nua na sua frente — falei de maneira firme.
Ele franziu as sobrancelhas.
— Não quero você, krasnyy. Gosto de mulheres experientes, e aposto
que você não sabe nem como chupar meu pau.
Minhas bochechas coraram com suas palavras vulgares. Ele respirou
fundo, desligou o chuveiro e jogou a toalha em mim.
— Se seque. Voltarei para amarrá-la assim que me limpar.
Eu acenei, mesmo sem querer obedecê-lo. Assim que ele saiu, retirei
minha calcinha e me limpei dos resquícios de xampu. Me sequei e saí,
procurando minha roupa. Não era a mesma. Agora tinha um moletom preto e uma
calça da mesma cor. Vesti tudo rápido e me olhei no espelho enquanto penteava o
cabelo.
Assim que saí, me sentei diante da lareira. O fogo ainda crepitava forte e
logo o tremor e lábios roxos foram embora. Puxei minha calça para ver o
ferimento. O sangue parou de sair, mas seguia ardendo.
Olhei ao redor do quarto e respirei fundo. Não era péssimo, mas queria
saber por que havia um quarto no porão. Principalmente, com banheiro.
Poderia ser pior, pensei ao ver a cama confortável, os lençóis grossos e
o banheiro limpo.
Ele retornou sem camisa, então desviei o olhar e encarei o fogo.
— Sente-se na cama.
Eu fiz o que ele queria. Ele puxou meu pé e observei, confusa, ele passar
pomada em meu ferimento. Depois, colou um curativo. Engoli em seco e olhei
para o fogo novamente.
— Junte suas mãos e se aproxime da cabeceira.
Me movi e evitei encará-lo. Suas palavras dizendo que não queria
resgate me atacaram. Abri a boca querendo falar, mas a fechei.
— Fale, krasnyy.
Eu odiava ouvi-lo me chamar assim.
— O que queria dizer com não pedir resgate? — perguntei, impulsionada
por ele.
O homem colocou a coleira em meu pescoço e deixou a corrente bem
mais longa que da última vez.
— Não quero dinheiro. — Ele se afastou e pegou o prato onde havia
comida e o copo vazio, então se virou e inclinou a cabeça. — Quero vingança.
Um arrepio deslizou por todo meu corpo. Ele não precisava me dizer que
eu era a peça central da sua vingança.
Dias depois, eu estava tremendo dos pés à cabeça. Acho que fazia mais
de uma semana que estava presa, na rotina de sempre. Café da manhã, xixi e
banho. Almoço, xixi. Jantar, dormir.
Hoje, no entanto, eu não estava bem. Sabia disso. Sentia isso.
O frio parecia mil vezes pior do que nos últimos dias. Puxei o edredom e
gemi. O que diabos havia comigo?
— Ei! — gritei tão alto quanto conseguia, o que era pouco. — Por favor!
Era madrugada e ele devia estar dormindo, jamais me escutaria aqui
embaixo. Saí de debaixo das cobertas e andei até a porta. A corrente maior não
foi um empecilho, o que fiquei grata. Bati na madeira com força várias vezes até
ouvir seus passos.
Me afastei e respirei fundo. Quando a porta foi aberta, engoli em seco ao
vê-lo só de cueca. Sua barriga era lisa e com gominhos, e seus braços eram
grossos. Tudo coberto por tatuagens. Fechei os olhos e perdi o equilíbrio,
caindo, porém, não senti o chão.
Ele me agarrou e me puxou contra seu corpo. Ele era quente. Muito
quente. Por isso me deixei relaxar em seu peito.
— Frio, muito frio... — gemi baixo e ele me pegou nos braços.
Senti a cama e o vi pegar a minha perna. Ele retirou o curativo e
praguejou. Eu não conseguia ver, mas pela sua expressão, certamente estava
ruim.
— Eu não... meu Deus que frio — reclamei, tremendo.
Ele me pegou nos braços novamente. Não vi o caminho, minhas
pálpebras estavam pesadas e estava muito cansada.
— Abra a boca. — Sua voz estalou e respirei fundo.
Abri meus lábios e ele me fez engolir um comprimido com ajuda da água.
Senti o colchão nas minhas costas e percebi que estava em outro cômodo. Era
mais quente.
— Você está com febre. Logo vai baixar.
Eu me acomodei em seu peito quente. Deus, era tão bom. O homem ficou
em silêncio e eu deixei a escuridão me engolir. Porém, antes disso, o senti se
deitar ao meu lado. Enrosquei minhas pernas nas dele, sem nem entender
realmente o que estava fazendo. Eu só queria me aquecer.
Ele era como uma bola de fogo e eu queria isso. Seu fogo, seu ardor, sua
quentura.
Eu queria que o frio passasse. Completamente.
Você perdeu a cabeça.
Dasha estava queimando em febre e no quarto onde estava não era
aquecido o suficiente. Eu não ia deixá-la morrer lá. Fechei meus olhos ao sentir
suas pernas nuas e macias. Jesus Cristo. Ela parecia completamente pura e
indefesa. Odiei sentir meu pau endurecer. Porra, ela era uma criança!
Tentei fechar meus olhos e dormir, mas já estava quase amanhecendo e
logo teria que me levantar.
Ouvi passos do lado de fora e soltei Dasha, que já havia adormecido. Me
ergui e abri a gaveta, pegando minhas duas pistolas. Tirei o silenciador do fundo
e coloquei na ponta. Não queria acordar Dasha com tiros.
Me movi para a porta e saí em direção à sala, então me apoiei na parede
olhando pela janela e semicerrei os olhos. Havia um carro que eu não conhecia
ali. Enfiei minhas armas na calça e vesti uma blusa, peguei meu casaco e abri a
porta.
— Olá! — um homem gritou quando surgiu por trás do carro. — Jesus,
não sabia que morava alguém tão afastado da cidade. — Ele era loiro e sorria ao
falar.
— O que você quer?
Ele riu e passou as mãos na calça.
— Me aquecer. O aquecedor parou de funcionar, pensei em parar e me
aquecer na cabana. Peço desculpas, achei que estava abandonada.
— Não está. Vá embora — ordenei, olhando-o com seriedade.
— Tudo bem, cara... — Ele parou de falar e olhou sobre o meu ombro.
Não precisei me virar para saber que Dasha estava de pé, atrás de mim.
— Vá embora. Agora! — falei baixo e concentrado.
— Ela é sua irmã? — Sua pergunta enviou fúria pelas minhas veias.
— Não é da sua conta. Saia.
Ouvi Dasha se movimentar, então me virei e segurei o seu braço,
puxando-a para mim.
— Desculpa, desculpa. — Ele se virou, quando pegou o celular, eu
soube.
Empurrei Dasha e peguei minha arma, mirei em seu ombro e quando
apertei o gatilho ele caiu.
— Oh meu Deus! — Dasha gritou e corri até o corpo.
Enfiei meus dedos na ferida dele e o ouvi gritar.
— Ele te mandou para a morte — falei, inclinando a cabeça. — Eu estou
feliz de te recepcionar.
— Cara, que diabos? — ele gritou, parecendo assustado, mas eu sabia.
A maneira como o corpo dela se retesou e amoleceu quando a puxei
contra mim. Os olhos dele, que de alguma forma pareciam mais leves quando a
viu, denunciaram.
— Te vejo no inferno.
Encostei minha arma em seu olho e atirei. Em segundos, sua cabeça
explodiu e o sangue banhou meu corpo. Enfiei a mão em seu bolso e peguei o
celular do filho da puta.
Me virei depois de me erguer e vi Dasha completamente pálida e
trêmula, com os olhos arregalados e a boca entreaberta. Chocada.
— Entre, agora!
Ela estremeceu fechando os olhos, mas logo fez o que mandei. Fechei a
porta com todas as trancas e a encarei no meio da sala, enrolada nas minhas
cobertas, ainda tremendo.
— Quem ele era? — perguntei, me movendo em sua direção.
Ela ficou parada, sem reagir. Agarrei seu rosto, manchando de sangue sua
pele branca como a neve.
— Eu fiz a porra de uma pergunta, Dasha!
— Não sei. — Ela engoliu em seco, balançando a cabeça.
— Não minta para mim! — Me aproximei mais. — O sangue dele está
por seu rosto neste momento. Quem era o cara? — gritei, furioso.
Talvez eu estivesse com mais raiva de mim do que dela. Houve uma
brecha, alguém descobriu onde estávamos.
— Ele é um soldado do meu pai.
Suas palavras assentaram o ódio nas minhas veias.
— Você saiu do quarto com a permissão de quem? — grunhi, apertando
seu braço, querendo matá-la. — Eu deixei você sair?
— Não, não... eu só...
— Só o que, porra? — Empurrei-a até a parede e agarrei seu pescoço
fino. Apenas uma pressão e eu o quebraria.
— Não vi você e fiquei assustada... — Dasha falou rápido e lágrimas
encheram seus olhos. — Desculpa. Desculpa.
O terror era visto por todo seu rosto. Ela tremia sob minhas mãos. Deus,
eu amei a sensação.
— Você é minha — pausei, amando o sabor que essas palavras enviaram
ao meu corpo — prisioneira — concluí, limpando minha mente. — Você faz o
que quero, quando eu quero.
— Tá. — Ela acenou, respirando rápido. — Tá. Desculpa.
A soltei e fui em direção à cozinha, enquanto ela me seguia com os olhos.
Deixei a água cair em minhas mãos, e depois de limpas lavei meus braços e
rosto. Puxei minha blusa arruinada e limpei meu peito.
— Sua febre baixou. Desça, tome um banho e me espere na cama.
Dasha continuou parada.
— Você tem algum problema de audição? — perguntei, frustrado.
Ela correu para a porta que levava até seu quarto.
Fechei meus olhos, sentindo a água em minha pele. Droga, eu precisava
de um banho.
Andei até a porta dela e tranquei. Assim que me virei, fui para o banheiro
do meu quarto. Liguei o chuveiro e me apoiei na parede, meu pau dolorido pediu
minha mão e o agarrei, mas minha cabeça estúpida e depravada ficou imaginando
a boceta de Dasha. Eu só podia estar doente.
Terminei meu banho e me vesti. Assim que desci a escada para o quarto
de Dasha, a vi na cama, sentada e com o cabelo solto. Ela era diferente de tudo
que já coloquei os olhos.
Seu cabelo castanho-claro era ondulado, volumoso e longo. Seu rosto
parecia um coração, ela tinha o nariz arrebitado e a ponta era redonda. Porra,
seus olhos eram tão cinza que pareciam as nuvens antes de uma tempestade.
— Junte as mãos. — Me aproximei e ela não se mexeu.
— Não vou fugir. Vi que estava certo, eu morreria de frio. — Sua voz
soou nervosa. — Não precisa me amarrar...
— Você acha que sou idiota? Na sua primeira oportunidade, você vai
pegar algo que possa me machucar tempo suficiente para chegar ao meu carro e
fugir.
— Não, eu não...
— Você não o que, krasnyy? — Me inclinei, segurando seu queixo. —
Você não fugiria se tivesse a oportunidade?
Ela engoliu em seco e seus olhos foram dos meus até a minha boca e
depois voltaram. A soltei antes que eu fizesse algo que me arrependeria.
— Junte as mãos, Dasha.
Ela me obedeceu dessa vez. Amarrei a corda em volta dos seus pulsos e
peguei seu comprimido. Ela o arrancou dos meus dedos e o colocou na boca
sozinha, então peguei a água e a entreguei. Quando terminou, tirei o copo da sua
mão e me afastei.
— Durma.
Me virei e saí, trancando a porta ao passar.

— Por que diabos tem sangue lá fora? — Prince gritou assim que entrou
na cabana, algumas horas mais tarde.
Eu peguei minha mochila e o encarei.
— Um veio até aqui — murmurei, pegando meu casaco.
— Porra, sério? — Prince ficou rígido.
— Sim, ele a viu e eu o matei.
— Como ele a viu se ela estava na porra do porão? Ele entrou na casa?
Porra, suas perguntas estavam me dando dor de cabeça.
— A tirei de lá. Ela estava com febre.
— E você a colocou onde? — Meu melhor amigo semicerrou os olhos,
desconfiado.
— Você tem quantos anos? Pelo amor de Deus.
— No seu quarto? Cara, não toque nessa garota. — Seu tom ficou
irritantemente baixo e perigoso.
Eu o conhecia bem o suficiente para saber que havia alguma merda o
incomodando.
— Não vou tocar nela. Pelo amor de Deus, tenho dezoito anos a mais que
a pirralha.
— Eu sei, eu sei. — Ele passou a mão pelo cabelo preto. — Você
enterrou o filho da puta?
— Sim, a alguns quilômetros pra baixo. O carro dele está escondido na
mata. — Respirei fundo e caminhei até ele. — Volto amanhã cedo. Ela está
amarrada, tenha cuidado quando a soltar para tomar banho pela manhã.
— O.k.
— E ela precisa tomar o remédio se a febre persistir.
— Será que foi um resfriado?
— Não, ela tem um corte na perna que estava infeccionado.
Droga, isso precisava ser feito hoje ainda. Soltei minha mochila.
— Vou falar com ela.
— Pra quê? — Prince tocou meu ombro.
— Já volto.
Me soltei dele e desci a escada, assim que abri a porta, Dasha se sentou
na cama.
— E a febre? — perguntei, me aproximando.
— Cedeu.
Acenei e peguei a caixa de primeiros socorros que deixei em cima da
cômoda. Me sentei na cama e puxei seu pé, depois limpei o ferimento com água
oxigenada, ouvindo seus gemidos de dor. Assim que ficou limpo, coloquei a
pomada e soltei sua perna, então Dasha suspirou.
— Você precisa passar a pomada mais tarde. Antes de dormir. Vou deixar
a caixa aqui.
— Você... você vai sair? — Sua voz quebrou e ela ficou rígida. — Vou
ficar sozinha? Mas como...
— Vou e você não vai ficar sozinha. Meu colega ficará aqui...
— Não! — Dasha gritou se aproximando e começou a balançar a cabeça.
— Não, por favor, não quero ficar com outra pessoa. E se ele me fizer mal?
Ela me queria aqui. Eu não estava fazendo mal a ela?
— Se comporte e nada vai acontecer.
— Por favor... — Dasha piscou os cílios longos.
Eu fiquei tentado a tocar seu cabelo, afastá-lo do seu rosto.
— Limpe sua ferida. Seja uma boa garota e você vai ficar bem. —
Comecei a me erguer, mas ela segurou minha mão com uma força surpreendente.
— Quando volta? — Sua voz ficou urgente.
— Não é da sua conta, Dasha. Pare de fazer perguntas.
Ela desviou os olhos e me ergui, então andei para a porta e fui embora,
sem olhar para trás.

Assim que cheguei a Kemi, quase três horas depois, vi Finley de pé no


balcão empurrando duas cervejas para um cliente. Ainda era cedo, por isso
comecei a arrumar o bar para receber os clientes. Quando finalizei, me
aproximei dela.
Finley era bonita e jovem demais. Como Dasha.
— Ei, como foi com seu primo? — Ela sorriu e eu me apoiei no balcão.
— Está sendo o.k. Volto amanhã. Só vim dar uma olhada em como tudo
está por aqui.
— Bem, Prince está se saindo bem, mas precisou viajar, o que você já
deve saber.
Eu sorri e acenei.
— Não se preocupe, Finley. Está tudo bem entre nós. Não sinto falta da
cara feia dele, se quer saber. — Isso a fez rir.
Mais clientes chegaram e fui para o escritório. Não me surpreendi ao ver
Lake sentada em minha cadeira. Ela vinha muito aqui. Seu centro comunitário
ainda não tinha sido aberto, por isso ela tentava se ocupar aqui.
— Ei. — Acenei para seu cumprimento. — Já deixou meu marido com
sua prisioneira?
— Sim, ele chegou ótimo lá, se quer saber — resmunguei, alfinetando-a.
— Ele acabou de me falar. — Ela balançou o telefone. — A menina
estava com febre...
— De novo? — perguntei rápido e senti meu estômago revirar. Porra,
Yerík.
— Sim, não quer levar Finley até lá? Ela é quase uma médica.
Sim, ela era. Finley estava cursando medicina há anos. Logo, ela sairia
do bar.
— Não. Ela vai ficar bem. Ligue para o Prince.
Lake acenou e discou o número. Assim que ele atendeu, ela o avisou que
queria falar e me passou.
— E aí?
— Dasha está com febre de novo? — perguntei, me movendo para longe
da sua esposa abelhuda.
— Sim, ela limpou a ferida novamente. Ficou dura igual pedra quando
entrei no quarto. Preferi não me aproximar. Mas quando Lake ligou, ouvi
gemidos. Ela estava delirando.
Droga, droga, droga.
— O que devo fazer?
— Não sei. Ela está no seu quarto. Compre a porra de um aquecedor.
O.k. O.k.
— Lake me disse para levar Finley.
— Silk perdeu o juízo? Finley vai morrer quando souber que você
sequestrou alguém. — ele grunhiu. Eu sabia que ele estava certo.
— Posso falar com Dasha. Para ela não dizer nada...
— Finley vai viajar três horas para o meio do nada e não vai estranhar?
— Porra, me dê alguma ideia! Não vou deixar a garota morrer.
Me virei e vi Lake de pé, muito perto. Fofoqueira.
— Diga a Finley que ela é reclusa. Alguma merda assim. — Prince
suspirou. — Que não sai de casa e que é sua prima.
— Porra, que dor de cabeça.
— Pois é.
— Passe para a Dasha.
— Eu acho que ela está dormindo, mas vou conferir. — Ele parou de
falar e eu soube que estava indo até ela.
— Não diga meu nome a ela.
Prince disse o.k. e logo o ouvi murmurando algo sobre o telefone.
— Oi. — Sua voz soou baixa.
— Sou eu. Vou levar uma médica até você. Se ousar tentar pedir ajuda,
ou fugir do roteiro que vou criar, mato vocês duas. Ouviu, Dasha?
— Venha para casa, por favor.
Porra.
Eu não sabia se minha febre me fez o imaginar diante de mim, ou se era
real. Uma coisa eu sabia, essa febre não era normal. Ela começou horas depois
que ele saiu. O seu cúmplice me deu remédio e me moveu para o quarto dele.
Não fazia ideia de que horas eram, mas além da febre, agora eu sentia dor.
— Ele vem amanhã, com a médica. Você precisa de um banho frio. Ficar
no chuveiro por um tempo. — Era o outro cara, o que falava inglês. A sua voz
me disse que ele era o que pilotou o helicóptero.
— Não. Tá muito frio.
— Sim, imagino.
Mas ele me obrigou mesmo assim. A água ardia na minha pele, minha
cabeça doía e algum lugar do meu corpo também, eu só não sabia onde
exatamente.
— Dasha, está tudo bem? — o cúmplice gritou e respondi de volta que
sim.
Ele não falou ou olhou para mim desde que chegou além do que era
realmente necessário.
— O.k., você precisa ficar bem. Sarah precisa de você de volta —
murmurei para mim mesma e abri mais o chuveiro. Gemi com a água batendo
contra meus ombros.
Assim que achei que era o bastante, me enxuguei. Vesti roupas dele e
trouxe o tecido para meu rosto. Seu cheiro era bom. Sabão, ar fresco e homem.
Afastei o tecido e me olhei no espelho. Pare com isso.
Eu estava relaxando na presença dele, ouvindo-o e querendo sua
presença. Não se faz isso com seu sequestrador. Nunca, Dasha.
Eu sabia. Porém ele tinha algo... algo que me fazia me sentir em casa.
Eu não sabia explicar. Ele era um desconhecido, um homem horrível que
me tirou do meu lar e me trouxe para o polo norte. Que me sequestrou por
vingança.
Penteei meu cabelo e saí do banheiro. O homem de cabelo escuro
acenou.
— Tome. — Ele empurrou dois comprimidos na minha mão e eu os
engoli. — Limpe sua ferida e passe pomada novamente.
— O.k.
Ele saiu e fiquei de pé no meio do quarto. Andei até um guarda-roupa
pequeno e o abri. Vi alguns camisas, casacos e calças de moletom grossas. Dele.
Peguei um casaco e o vesti.
Precisava pensar um pouco sobre ontem. Tiago era um dos soldados que
meu pai deixava cuidar da segurança da família. Não era lá um dos mais cruéis,
sempre foi simpático. Meu peito doeu ao me lembrar dele no chão.
Seus olhos continuaram iguais quando me viu e eu jamais conseguiria
fazer o mesmo. Arregalei os olhos, abri a boca, mas nada saiu. Se meu
sequestrador tivesse olhado para trás, veria meu rosto chocado.
Fechei os olhos quando ele voltou à minha mente. Sangue por todos os
lugares e em mim, depois que ele me tocou e encurralou. Tive que tomar banho
para tirar todo o sangue de Tiago.
Eu precisava pensar em uma maneira de sair dali. Uma que não me
matasse no processo.
Ele retornaria amanhã com uma médica. Talvez, ela pudesse me ajudar.
Se ousar tentar pedir ajuda, ou fugir do roteiro que vou criar, mato
vocês duas. Ouviu, Dasha?
Sua promessa voltou. Eu poderia arriscar se ele houvesse ameaçado
apenas a mim, mas ela? Eu não tinha tanta certeza.
Mas eu precisava pensar. E rápido.
Refiz meu curativo, gemendo com a ardência da água oxigenada. Era
horrível. Me deitei na cama e agarrei o edredom, encarei a parede e o cheiro
dele me rodeou novamente.
Pare com isso, Dasha!
Parei.
Eu precisava focar em sair daqui, voltar para casa, para mamãe e Sarah.
Passei a noite com febre e descobri o local da minha dor. Era na barriga.
Tentei olhar, mas não consegui, porque era na lateral. A médica poderia ver
direito. Ela estava aumentando com o passar das horas. Quando amanheceu, o
cúmplice dele chegou ao quarto.
— Merda. — Ele tocou minha testa e logo retirou a mão. Se ele não
tivesse feito isso, eu o empurraria. Bastava ele me tocando sem permissão.
— Preciso de água — pedi, suspirando.
A dor se tornou aguda e me curvei.
— Você está com dor?
Sim.
— Não — grunhi rapidamente. Se ele ousasse me tocar para ver minha
barriga, eu enlouqueceria.
— O.k. Vou pegar seus comprimidos e comida. Vá tomar um banho.
Fique na água por um tempo.
Assim que ele saiu, fiz o que ele pediu. A água tornou a dor pior, por isso
não fiquei tanto tempo. Não sabia que horas eram, se era de manhã ou já era o
almoço. Não parecia que eu dormi tanto.
— Oh meu Deus. — Me curvei na pia, agarrando o mármore.
A dor horrível retornou e eu só queria a médica diante de mim.
— Que horas ele chega? — perguntei ao cúmplice assim que ele voltou
ao quarto e eu estava vestida e embaixo das cobertas.
— Não sei. Hoje, só não sei que horas.
Ótimo.
Tomei remédios e voltei a me deitar. Comi forçando minha bile para
baixo, mas minutos depois tudo voltou. Vomitei no banheiro e o homem me
encarou, franzindo a testa.
— Ele chegou. — Suas palavras me enviaram calmaria. — Você está
grávida?
O quê? Encarei o homem, mas meus olhos focaram nele. De pé, atrás do
outro, com os olhos cravados em meu ventre.
— Então, você está grávida? — Sua pergunta me deixou tonta.
— Me deixe voltar para a cama.
Andei para fora e os dois abriram caminho. Ele parecia rígido sob o
casaco grosso e o gorro preto. Evitei encará-lo ao puxar as cobertas.
— Finley está pegando sua maleta. Vá ajudá-la — ele pediu ao
companheiro de sequestro, então ficamos sozinhos.
— Que horas são? — perguntei, nervosa.
— Você está grávida? — Ele se aproximou aos pés da cama e eu
sustentei seu olhar. — Você. Está. Grávida? — Desviei os olhos e gritei quando
sua mão puxou meu pé e eu caí de costas na cama. A dor aguda me fez gritar. —
Responda a porra da minha pergunta.
— Eu estava indo me casar quando me sequestrou, isso deveria
responder a sua pergunta! — gritei, com a respiração forçando meus pulmões.
— Você é virgem. Se guardou para o imbecil? — Ele riu levemente.
Senti meu colo e bochechas arderem.
— Fui criada muito bem. Jamais me deitaria com qualquer um.
Ele se ergueu e andou para a porta.
— Já volto, krasnyy.
Respirei aliviada assim que a porta se fechou, mas durou pouco. Ele
retornou e se inclinou sobre mim rapidamente.
— Meu roteiro. Você é minha prima. O marido a deixou sozinha e nunca
quis sair daqui. Me ligou ontem dizendo que estava com todos esses sintomas.
Eu pedi ao meu colega para vir porque estava próximo. Você me ouviu?
Sim, ele era esperto. Pensava em tudo.
— Sim.
— Ótimo. Se algo sair do planejado, não vou matar você. Matarei apenas
ela. Porque ela põe meu plano em risco, não você.
Eu engoli meu orgulho e acenei. Ele sabia onde doeria em mim. O que me
faria não agir. Em qual momento ele descobriu isso? Como foi que ele passou a
me conhecer tão bem, se nunca trocamos mais que poucas palavras?
Assim que fiquei sozinha, respirei fundo. A dor voltou e suspirei. Merda.
O jeito que ele me puxou fez a barriga doer mais ainda.
— Oi Trish! — Finley, eu acho, entrou no quarto seguida por ele.
Trish? Sério?
— Oi! Tudo bem? — Sorri para ela, que parecia tão jovem quanto eu.
— Sim, então, como está?
— Febre frequente, dor abdominal, vômito — respondi com firmeza,
enquanto o via se mover até ficar na lateral, me vigiando.
— O.k. Sua dor é em qual local? — Ela sorriu, colocando luvas.
Eu o encarei e depois a olhei.
— Embaixo do meu seio, nas costelas.
— Você pode esperar lá fora? — Ela encarou meu sequestrador e lhe deu
um sorriso doce. Sua voz mudou com ele. Ficou amena, simpática demais. Eca.
— Não. Faça seu trabalho e finja que não estou aqui.
Idiota bruto.
Finley suspirou e me encarou.
— Preciso que retire a blusa. Pode ficar com o sutiã.
Qual? O que ele arrebentou? Sujo no porão. Engoli minha vergonha e
puxei a camisa. Tapei meus seios e ela acenou ao se aproximar. Evitei o encarar
enquanto meu colo ardia.
— Aqui. — Mostrei a ela e Finley suspirou.
— Tem um hematoma aqui. Grande.
O quê? Mas eu não me machuquei.
— Não me lembro de machucar — falei com sinceridade.
— Seu vômito pode estar relacionado a febre alta. Nosso corpo tende a
ter reações quando estamos em alta temperatura. Obviamente, a febre é por causa
do ferimento infeccionado e do hematoma. Pode estar havendo uma hemorragia
interna.
O quê? Encarei-o, mas ele apenas olhou para a Finley.
— Você precisa ir para o hospital, Trish...
— Ela não sai de casa. Eu disse a você. — A voz dele rompeu e ela o
olhou. — Faça o que precisa fazer.
— Mas, Trish, isso é perigoso...
— Fale a ela, Trish. — Ele me encarou, sério.
— Não posso. — Engoli em seco. — Meu marido pode voltar.
Finley respirou fundo, e quando tentou falar novamente, ele se moveu
para ficar atrás dela. Ele tocou a arma em sua calça e eu peguei a mão dela.
— Realmente não posso. Me ajude aqui.
Finley cuidou dos meus ferimentos enquanto ele continuava me olhando
como um falcão. Quando ela terminou, passou medicamentos e sorriu amável.
Finley era uma boa pessoa. Eu podia ver.
Adormeci assim que fiquei sozinha. Quando acordei, tudo estava escuro.
Me sentei na cama e suspirei ao sentir uma pontada na barriga. Era mil vezes
menos dolorosa que antes. A luz brilhava pela fresta da porta, as janelas estavam
fechadas, mas eu sabia que era noite.
Me ergui e fui ao banheiro. Liguei a luz e suspirei ao ver meu reflexo.
Meu cabelo estava para todos os lados, e meus lábios, ressecados. Lavei o rosto,
escovei meus fios e fiz xixi. Quando saí, me movi para a porta, então bati na
madeira para o chamar.
Quando apareceu, engoli em seco e dei um passo para trás.
— O que foi? — Ele deixou a porta aberta e saiu, indo para a cozinha.
Eu o segui cautelosamente e me sentei diante de uma mesa.
— Preciso de água — respondi sua pergunta.
— Aqui. — Ele pegou um copo, encheu com água e me entregou.
Agarrei o vidro imaginando mil maneiras de quebrá-lo e ferir esse
homem. Me ajude, Deus.
— Eu sei como é. — Sua voz me fez pular na cadeira. — Imaginar mil
maneiras, implorar por uma chance... não tem saída, krasnyy. Não para você.
Como ele sabia?
Ah, meu Deus, ele já esteve preso?
— O que ele fez? — perguntei, passando meu dedo pela borda do copo.
— Ele matou pessoas que eu amava.
Pisquei rapidamente ao sentir uma lufada de dor pelo meu corpo. Não era
nada físico como o hematoma. Era emocional. E como minha mãe já havia me
dito, a dor emocional é pior, para ela não tem remédio que age em segundos.
— Eu sinto muito.
— Não sinta. — Ele se inclinou sobre mim, tirando uma mecha rebelde
do meu rosto. — No final, ele vai sofrer e você... você vai me odiar tanto que
uma vida não será suficiente para apaziguar.
— O que você vai fazer comigo? — Minha voz tremeu, quebrada e
medrosa.
— A pergunta é, o que não vou fazer com você?
Meu corpo se arrepiou com as possibilidades por trás da sua frase. Ele
se afastou, com a sua máscara escura e fria, então pude respirar novamente.
— Coloquei um aquecedor no quarto. Vá para lá.
— Eu preciso dos comprimidos para dor.
— Estão ali. — Ele apontou para uma mesa pequena onde havia uma
sacola de farmácia, porém, do lado tinha uma arma.
Me ergui e andei até ela, tentando controlar minha respiração. Agarrei o
saco e depois a pistola. Tinha um silenciador na ponta. Papai nunca quis que eu
aprendesse sobre armas, mas Andrei sim. Ele me ensinou tudo.
Me virei e o encontrei de costas, mexendo em uma panela. Em segundos,
seu corpo ficou rígido. Sexto sentido ou apenas se lembrou onde estava sua
arma. Agarrei o cabo, mirando em suas costas largas.
— Krasnyy.
Sua voz. Deus, eu a odiava.
— Cadê as chaves do carro? — perguntei, rígida.
Ele se virou lentamente e inclinou a cabeça.
— Ali. — Apontou para o balcão perto dele. — Pegue, Dasha.
— Jogue para mim — grunhi, tremendo levemente.
Ele a jogou para mim. Agarrei-as e andei ainda mirando em seu peito.
Peguei seu casaco e as botas que usei quando ele me fez correr na neve apenas
para filmar e torturar meu pai. Assim que saí da casa, olhei ao redor, caçando o
carro. Corri até a lateral, mas ele também não estava.
— Droga! — grunhi e me virei, porém, antes, uma mão agarrou meu
pescoço e senti algo duro em minha coluna.
— Você achou que sairia tão fácil, krasnyy?
Essa garota precisava de uma lição. E eu daria. Queria há muito tempo,
mas estava esperando-a melhorar. Não mais.
— Não há carros aqui. E você não vai a lugar algum. — Puxei mais seu
corpo contra o meu, empurrando minha arma em sua coluna. — Você é tão
esperta, krasnyy.
— Eu...
— Fique calada. Não quero ouvir a porra da sua voz — gritei e ela
estremeceu completamente. — Solte a arma, se vire e volte para a casa.
Ela acenou devagar e eu a soltei. Dasha andou para a casa, mas pela
sombra a vi se abaixar. Um sorriso apareceu em meu rosto. Porra, era uma
pedra? Peguei a arma e me virei a tempo de segurar seu braço, fazendo-a cair.
Eu a segui, cobrindo seu corpo e sentindo a neve espalhada por todo lugar.
Agarrei seu cabelo e puxei sem medir minha força. Se ela queria jogar,
porra, que os jogos começassem.
— O que eu te disse, Dasha? Se tentasse fugir? — perguntei próximo ao
seu rosto. Me inclinei, lambendo sua pulsação rápida. — Responda.
— Não... por favor, eu juro...
— Shiu. — Coloquei meu dedo sobre seus lábios. — Não jure, krasnyy.
É mentira. Sabe por quê?
Ela balançou a cabeça.
— Porque um prisioneiro é condicionado a tentar escapar. Sempre
estamos em busca de uma brecha — sussurrei lentamente. Ela respirou fundo,
empurrando seus peitos em minha direção. — Agora, me responda. O que jurei
fazer se você tentasse fugir?
Dasha fechou os olhos com força e os abriu segundos depois.
— Que me... — ela pausou, com as bochechas completamente vermelhas
— na neve.
— O que na neve, Dasha?
Ela engoliu em seco, lábios úmidos e grossos me enfeitiçando. Como
seria prová-los?
— Me tocar...
— Não, krasnyy. Fale a palavra. O que vou fazer com você agora? Aqui,
na neve?
— Não faça isso, por favor...
— Responda! — gritei, envolvendo minha mão em seu pescoço.
— Me foder!
Isso. Porra, meu pau implorava por isso. Por sua boceta intocada. Por
marcá-la com minhas mãos. Desejava fazê-la gozar tão forte que gritaria alto,
fazendo os pássaros nas árvores ouvirem e voarem assustados.
— Você quer isso? Meu pau profundamente enterrado dentro da sua
boceta? — perguntei baixo enquanto seus olhos estavam presos aos meus.
Assustados. — Quer que eu rompa seu hímen e foda você com tanta força, que
amanhã a dor nas suas costelas será imperceptível em relação ao meio das suas
coxas?
— Não faça isso...
— Você quer? Se eu tirar sua roupa agora, sua boceta estará pronta para
mim?
Ela balançou a cabeça, completamente aterrorizada.
— Eu não vou. Hoje. Mas alguma coisa me diz que em breve, sim.
Me ergui e a peguei pelo braço. Empurrei-a para a frente da casa e
entramos. Joguei Dasha no sofá e coloquei minhas armas na mesa de centro.
Girei uma em sua direção e ela engoliu em seco.
— Se você tocar nas minhas armas mais uma vez, nós vamos nos divertir
na neve.
Seus olhos estavam úmidos, ela estava a um passo de chorar. Eu não dei
a mínima. Dasha era minha até o dia que eu não a quisesse mais. Eu a faria
entender isso.
— Engula seus soluços. Vou te colocar na coleira, sem cama, sem
banhos. Só remédios e comida.
— Juro que não tocarei... não me prenda com aquilo de novo.
— Eu vou. Eu amo ver você presa como uma cadela.
Dasha engoliu em seco, nervosa.
— Agora vamos — ordenei e a segui para o quarto no porão.
Empurrei a cama para a ponta e a fiz se sentar no chão. Tremendo, Dasha
choramingou quando peguei a coleira. Me aproximei e coloquei em seu pescoço,
apertando enquanto assistia aos seus olhos se arregalarem.
— Respire. — Sorri, afrouxando e fechando rapidamente.
— Você estava sendo tratada como uma princesa, não mais, krasnyy.
Você vai ver como um cativeiro pode ser ruim a partir de agora.
Dasha fechou os olhos e virou o rosto.
Eu saí do quarto, deixando a lareira e o aquecedor ligados. Tranquei sua
porta e joguei a chave na parede, furioso.
Era difícil admitir, mas fui um imbecil deixando minhas armas tão
visíveis. O que eu estava pensando? Que ela seria dócil? Dasha tinha o rosto de
um anjo, parecia inofensiva, mas eu precisava me lembrar que ela era uma
prisioneira e eles sempre, em cada oportunidade, tentariam escapar.
Procurei todas as armas pela casa e as guardei. Assim que terminei,
tomei banho e me deitei no sofá, pensando no meu próximo passo. As coisas se
acalmariam agora, algumas semanas sem mandar notícias era o que determinei.
Eu só precisava sobreviver e não matar Dasha Kireyev. Esse seria o
grande desafio da minha vida.

— Você perdeu a língua? — grunhi para Dasha duas semanas depois.


Ela havia melhorado do hematoma, estava cem por cento. Aproximei sua
cama depois de cinco dias, mas a pentelha continuou dormindo no chão duro.
Seus banhos também voltaram ao normal depois de dois dias.
— Sua comida. Vá para o banheiro. O dia hoje será cheio.
Isso chamou a sua atenção. Rígida, Dasha me encarou.
— Vamos nos divertir, krasnyy.
Ela engoliu em seco e eu puxei seu braço. Enfiei-a no banheiro e peguei
as roupas que Prince trouxe dias atrás. Coloquei na cama depois de puxá-la até o
local que Dasha estava dormindo.
Assim que ela saiu, apontei para a roupa.
— Vista.
— Para quê? — Sua voz ecoou e ela ficou pálida.
— Faremos algumas fotos.
— Você não vai me fotografar com esses pedaços de pano. — Ela pegou
a lingerie com nojo.
— Não discuta comigo. Vista essa merda.
Dasha grunhiu baixo e voltou para o banheiro com os pedaços de tecido.
Me deitei na cama em seguida, colocando minhas mãos atrás da cabeça. Quando
a porta não abriu depois de quase quinze minutos, suspirei.
— Sai daí, krasnyy! — Meu grito ecoou pela cabana.
A porta se mexeu, quando se abriu, fiquei completamente parado. Um
caroço cresceu em minha garganta e meu pau começou a endurecer em uma
velocidade alarmante.
Dasha estava usando uma lingerie preta. A calcinha cobria sua boceta,
mas deixava pouco para a imaginação. Suas coxas eram grossas, seus quadris
não tão largos, mas a cintura lhe dava curvas. Subi meus olhos para seus seios e
quase gozei. O sutiã agarrava seus peitos e os empurrava para cima, e a
transparência me deixava ver seus mamilos.
Jesus Cristo.
Lembre-se, ela era uma garota. Não era sua para tomar.
Me ergui.
— Deite-se na cama. — Minha voz soou tão grossa quanto meu pau
naquele momento.
— Qual o seu nome?
O quê? Fiquei confuso por um segundo e a encarei. Dasha cruzou os
braços na frente do corpo, tentando esconder sua pele cremosa de mim.
— Por que você quer saber meu nome? — questionei, semicerrando os
olhos.
— Me diga seu nome e juro que farei o que quiser.
O que eu quiser? Porra, tantas ideias.
— Tem certeza, Dasha? Posso querer sua virgindade.
— Isso não. Jamais. — Ela me encarou chocada.
Meu pau ficou desanimado ao ouvi-la.
— Deite-se na cama, krasnyy, e eu te digo meu nome depois, quando
terminarmos.
Ela ponderou, mas fez o que pedi. Coloquei a coleira em seu pescoço
que cheirava a baunilha dos produtos que Lake comprou. Peguei a câmera na
bolsa e mirei nela. Dasha arregalou os olhos e ficou apavorada. Era isso que eu
queria.
Ela seminua e com medo.
— O que está fazendo? — Sua voz quebrou.
— Tirando algumas fotos para o seu pai.
Ela se sentou rápido, a coleira a fez parar abruptamente e o terror em seu
rosto foi ótimo. A câmera pegou isso e o seu corpo. Me aproximei, puxei seu
tornozelo e ela se deitou novamente, gritando no processo.
Toquei a parte interna da sua coxa, fotografando minha mão em sua pele.
A respiração dela ficou instável e eu apertei, subindo até pousar minha mão em
sua boceta coberta. Dasha ficou rígida, com a cabeça para o lado,
completamente envergonhada.
— Olhe para cá, Dasha. Agora. É uma ordem — gritei, vendo-a morder a
boca.
Empurrei suas coxas abertas e pressionei sua boceta com mais força. Ela
me encarou parecendo completamente envergonhada. Eu quis sorrir.
— Sorria para o seu pai.
— Não faça isso — ela implorou e eu brinquei com o elástico da
calcinha. Um dos meus dedos por dentro, sem tocar. — Por favor, não mande
para ele...
— Se eu não mandar, você me deixa ver? — perguntei, enfeitiçado.
Queria olhar, tocar também, mas isso talvez fosse demais para nós dois.
— Olhar? — Sua voz tremeu e acenei. — O.k.
Puxei o tecido imediatamente. Não havia muitos pelos, seus lábios eram
rosados e era pequeno demais. Meu pau jamais caberia ali. Suspirei ao ver a
umidade e constatei sua excitação.
— Você quer que eu toque, Dasha? — perguntei, implorando para que ela
dissesse que sim. Que queria, desejava isso.
— Não.
— Então, por que sua boceta está melada?
— Não sei, eu não sei. — Ela balançou a cabeça.
— Eu posso...
— Não! — Dasha gritou e soltei sua calcinha, cobrindo-a.
Meu pau doía como a morte. Eu só queria gozar, porra. Melar sua boceta,
apenas empurrar meu sêmen dentro dela até escorrer.
Me virei guardando a câmera e andei em direção à porta. Quando peguei
a maçaneta, respirei fundo.
— Me chamo Yerík.

Eu não consegui dormir por quatro noites seguidas. Meu pau estava me
matando, a cada oportunidade ele pensava na boceta dela, no gosto que teria. Eu
estava ficando louco. Completamente insano. Fechei meus olhos e apertei meu
pau, como andei fazendo mais vezes do que era anormal em um dia. Queria
pensar em outra mulher, em Aduke, mas quando fechava minhas pálpebras, havia
apenas Dasha.
Seus olhos, seu cabelo indomável, seu corpo, sua boceta intocada.
Eu precisava me afastar dali. Tirar alguns dias em Kemi era o mais
sensato. Conseguir algumas mulheres, me embebedar até cair. Dasha precisava
sair da minha cabeça.
Porque, por mais que eu quisesse devolver a filha de Vladimir quebrada,
sem a única coisa que a fazia pura, não podia tocar nela. Nunca.
Ela tinha o sangue Kireyev. Era filha do assassino da minha mãe e
irmãos.
Ela não era minha e nunca seria porque eu não a queria.
Desliguei a água quente e a gelada caiu sobre mim, esfriando meu pau e
minha cabeça. Odiava me sentir atraído por ela. Não conseguia acreditar que
realmente a desejava. Ela tinha dezoito anos. Era insano.
Ouvi batidas e saí do banheiro rapidamente, envolvendo uma toalha em
meu corpo. Assim que alcancei a sala, percebi que não era na porta da frente.
Era no quarto dela.
Me aproximei, desci a escada e abri a porta. Assim que ela apareceu,
engoli em seco.
Sentada na cama, presa em uma coleira e cabelo em todas as direções,
Dasha me encarou séria.
— Preciso ir ao banheiro.
Seus olhos deslizaram pelo meu corpo e pararam logo acima da toalha.
Ela engoliu em seco e virou o rosto. Pude ver o rubor crescendo por seu colo e
bochechas. Me aproximei prendendo a toalha e soltei sua coleira.
Me afastei e acenei para o banheiro. Ela engoliu em seco mais uma vez e
se ergueu ainda com a lingerie. A assisti andar até a porta antes de pegar as
roupas que ela havia descartado ontem. A garrafa de água que eu trazia estava
seca, por isso a peguei também.
— Meu colega vem ficar com você por alguns dias — avisei, pronto para
sair.
— O quê? — Ela se virou, com o rosto surpreso. — Não, eu não...
— Não o quê?
— Não confio nele. — Suas palavras eram legítimas, mas senti algo
remexer meu peito.
Villain Trevisan era a única pessoa no mundo que eu confiava a minha
vida de olhos fechados.
— Eu confio minha vida a ele. Você deveria.
— Nunca...
— Em quem você nunca deve confiar é em mim. — Dei um passo em sua
direção e agarrei seu rosto. — Eu não sou bom, me ensinaram a ser um monstro e
eu gostei. Tudo que você tem aqui, esse conforto — girei meu dedo no ar — foi
ele quem pensou.
— Por que você vai? — Ela piscou, focada em meus olhos.
— Porque, krasnyy — deslizei meu dedo sobre a sua bochecha,
passando pelo pescoço até o vale dos seus seios —, preciso foder alguém antes
que eu toque no que não é meu.
— Yerík.
Jesus Cristo.
Sua voz ecoando meu nome era a porra do paraíso.
— Não diga meu nome — rosnei, tenso e com o pau empurrando o tecido
da toalha — a não ser que eu esteja dentro de você.
Assim que ouvi um carro estacionar, me encolhi e fechei os olhos. Eu não
sabia o que havia de errado comigo, mas essa coisa no fundo do meu estômago
que surgia sempre que Yerík ficava por perto estava começando a me sufocar.
Yerík.
Eu nunca ouvi esse nome na minha vida, mas combinava com ele. Era
todo ele, na verdade. Forte, masculino e perigoso.
Quis puxar meu cabelo quando suspirei. Não deveria achar nada naquele
homem que me fizesse suspirar. Ele estava me mantendo presa em uma cabana,
no meio de uma floresta coberta de neve, com uma coleira no pescoço. O que
estava errado comigo?
Yerík não deveria estar em minha mente e muito menos em meus desejos
íntimos.
Fechei meus olhos quando a imagem dele entre minhas pernas surgiu. Sua
palma contra minha vagina em exposição. Minhas bochechas coraram mais uma
vez. Quando ele pediu para ver, algo lá me deixou fervendo. Não sabia explicar
o que era, mas tive vontade de fechar as coxas para aliviar.
— Jesus... — grunhi, sentindo aquele calor começar novamente ao
reviver a cena de ele afastando minha calcinha e olhando com uma fome
desesperada que me imobilizou.
Você deveria estar pensando no que ele vai fazer com as fotos que
tirou, Dasha.
Minha consciência gritou, mas ele disse que não mandaria para o meu pai
se eu o deixasse ver. Engoli em seco e minha mente mais uma vez revirou os
olhos.
Ele sequestrou você, por que diabos cumpriria uma promessa?
Eu não sabia, mas queria acreditar que ele não enviou nada. Afastei o
edredom e me sentei. Ele voltou ao quarto enquanto eu tomava banho e deixou
comida, não o vi mais depois da sua ordem. Não fale meu nome.
Por que eu não podia falar o nome dele? O que tinha de mais nisso?
Peguei a garrafa de água que ele encheu e dei alguns goles. Assim que me
satisfiz, coloquei-a na cômoda. Andei pelo quarto, pela primeira vez prestando
atenção em cada pedaço dele.
Era escuro, sem janela, o único lugar de onde que vinha ventilação era do
banheiro, mas a janelinha pequena que ficava na parte superior estava fechada
com madeira. A cama era confortável até certo ponto, mas os lençóis eram bem
macios. Ela ficava na parede em frente à porta, no meio do quarto. Havia um
guarda-roupa igual ao que tinha no quarto do Yerík e uma cômoda na lateral. Na
mesa onde ele sempre deixava minhas refeições, havia uma cadeira diante dela.
Ela ficava diante da cama, longe da lareira, por isso eu não comia lá.
A lareira ficava ao lado da porta do banheiro. Era linda e eu amava ficar
olhando as chamas crepitando ali.
Ouvi passos e fiquei rígida. Quando a porta foi aberta, uma garota
apareceu. Franzi as sobrancelhas e me afastei, porém, vi Yerík ao fundo, ao lado
do outro. Puxei as mangas do meu moletom e dei passos para trás.
— Oi. Meu nome é Lake.
Ela tinha cabelo preto e longo e olhos azuis. Sua beleza era tão
impressionante quanto a sua audácia ao entrar no quarto, como se fosse dona do
lugar.
— Você está bem, Dasha? — Seus olhos amoleceram ao me perguntar.
Olhei para Yerík e ele suspirou, encarando seu amigo depois.
— Silk... — ele chamou a garota enquanto Yerík o fulminava.
— Não precisa ter medo de mim. Só quero ter certeza de que você está
sendo bem tratada.
Um caroço cresceu, me impossibilitando de engolir.
— Você vai me tirar daqui? Me levar de volta para a casa? — perguntei,
encontrando minha voz.
A garota sorriu devagar e vi Yerík dar um passo em minha direção.
— Infelizmente, não.
— Foi o que pensei. Você é cúmplice deles — afirmei rápido e ela parou
de sorrir. — Você sabe o que é ser tirada de casa e enfiada no inferno?
— Não, mas eles sabem.
O quê? Olhei para os dois que só observavam como falcões.
— Não vou te tirar daqui, Dasha, mas quero que sua estadia seja
tranquila...
— Não queira. Eu nunca estarei tranquila enquanto estiver amarrada
numa cama, longe da minha família.
— Cadê suas cordas? — o outro homem perguntou, olhando para meus
pulsos.
Eu o ignorei. Yerík não colocou a coleira em mim novamente e eu queria
continuar assim.
— Preciso ir. Então, é melhor parar com a conversa — Yerík falou para
a garota. — Faça sua esposa se mexer, Villain.
O homem suspirou.
— Não fale como se eu não estivesse aqui — ela grunhiu rapidamente e
encarou seu marido. — Quero falar com ela. Sozinha.
— Nem fodendo — Yerík negou e pulei na cama, assustada.
— Olhe o que fez, você a assustou.
Ele ignorou a garota e a mim.
— Talvez, outro dia. — Villain pegou-a pela cintura e a fez o encarar. —
Não se meta nisso. Já falei. Dasha é dele.
Dasha é dele. Não, eu não era!
— Dele? — a garota rosnou e ele agarrou seu rosto, me fazendo
arregalar os olhos.
— Não é nosso assunto, Lake. Agora, vamos.
Ela respirou fundo e se soltou dele. Lake se virou, me olhou e suspirou.
— Como você pode ver, não sou muito bem-vinda aqui, mas voltarei.
Eu acenei e observei ela e Villain deixarem o quarto. Yerík permaneceu e
me encarou por segundos sem falar nada.
— Adeus — disse, tremendo. Ele entrou no quarto, batendo a porta atrás
dele.
— Sabe quando você vai sair do inferno e irá para a casa?
Sua voz enviou calafrios pelo meu corpo e segurei um gemido estúpido
que não sabia de onde havia surgido.
— Quando você tiver sua vingança — respondi assim que encontrei
minha língua.
— Você é minha vingança, krasnyy.
O quê? Abri a boca para questionar, mas ele pressionou o dedo contra
meus lábios.
— No dia que você voltar, vai desejar nunca ter saído da coleira que
prende você.
O que ele queria dizer com isso?
— Eu vou te quebrar, te arruinar, e quando acabar você ainda vai desejar
ser minha.
Eu fiquei rígida e me afastei das suas mãos, me arrastando na cama até
ficar contra a cabeceira. Yerík sorriu e mordeu o lábio olhando para o meu
corpo, então desviei os olhos.
— Nunca vou desejar ser sua — falei baixo, encarando a coleira caída
ao lado da cama.
Nunca iria querer ser de um homem que tinha me amarrado e me
prendido em um porão no fim do mundo. Nunca ia querer ser de Yerík, porque
ele era um monstro.
Um com o qual eu jamais poderia competir.
— Vamos ver, krasnyy.
Fechei meus olhos e abracei minhas coxas, ouvindo-o sair do quarto e
fechar a porta. Minha garganta fechou e senti as lágrimas chegarem com força.
Solucei e tapei meus lábios, tentando parar o barulho. Não adiantou.
Eu chorei por um longo tempo. Mesmo depois do carro partir, ainda
chorei.
E uma parte de mim sabia que uma parte dele estava certa. Eu o
desejava.
E isso nunca deveria ser concebível.
Eu só podia estar doente.

À noite, dormi rapidamente depois que Villain trouxe meu jantar, porém,
minha mente foi até onde Yerík disse que iria. Eu o imaginei com uma mulher,
suas mãos tocando o corpo dela com firmeza, sua boca na dela beijando-a. Meu
ventre se apertou e suspirei, abrindo os olhos e encarando a escuridão.
Minha mão deslizou pela barriga e senti o tecido grosso da calça e
depois o macio da minha calcinha. Abri minhas coxas e deslizei meus dedos
pelas dobras que estavam escorregadias. Fechei meus olhos ao pressionar meu
clitóris ou outra coisa, não fazia ideia, mas foi bom. Respirei fundo, imaginando
Yerík com a garota. Seus braços longos flexionados ao lado da cabeça dela
enquanto investia seus quadris. Ela tinha cabelo escuro e seu rosto estava para
cima, seus lábios abertos e seus gritos ecoando.
Eu gemi e senti falta de algo me preenchendo. Levei meu dedo para o
buraco úmido e enfiei lentamente. Apertei meus lábios para não gritar quando um
espasmo começou. Ainda não era o ápice, eu sabia, mas era bom.
Eu foquei no casal, queria ver a garota. Quando Yerík virou, empurrando
seus quadris contra ela, a vi erguer o rosto e sorrir, gemendo. Assim que abriu os
olhos, me viu e mordeu o lábio.
Eu puxei minha mão, gritando em pânico.
A garota era eu.
Eu.
Passos ecoaram na escada e fiquei rígida. Olhei para a porta e gritei:
— Não é nada!
Villain parou e voltou pelo mesmo caminho. Me ergui, corri para o
banheiro e liguei o chuveiro. A água quente chicoteou minha pele, mas a
sensação de sujeira, de imoralidade e nojo não pareciam descer pelo ralo.
Peguei a esponja com sabonete e me esfreguei. Cada lugar, com força
suficiente para arder, mas nada era capaz de tirar a imagem lasciva da minha
mente. Eu sendo fodida por ele.
Ele me tomando e eu gemendo, sorrindo e amando cada segundo. Jesus.
— Você está doente, Dasha — murmurei sozinha, cansada de me esfregar.
Soltei a esponja e me sentei no chão, sentindo a água cair sobre mim. — Pare
com isso. Por favor, pare com isso.
Não sei quanto tempo fiquei ali, mas quando fui para a cama, eu estava
exausta. Adormeci sem Yerík e a mulher em minha mente. Porém eles
apareceram nos meus sonhos e me atormentaram.
E ali eu não tinha escapatória.

Villain andou pelo quarto segurando um celular enquanto eu fingia estar


no banho, dois dias depois.
— Você disse que viria hoje — ele grunhiu, irritado. — Não fode, Yerík,
quero ir para a casa. Silk vai me matar se eu não voltar para casa esta noite. —
Suas mãos foram para o cabelo e ele puxou os fios pretos. — Amanhã? Que
horas? Se você não chegar aqui, eu vou embora e a deixo amarrada e sozinha. —
Ele praguejou. — Foda-se. Não se atrase.
Ele desligou e respirei fundo. Yerík não queria vir. Mas por quê? Essa
era sua vingança, não do Villain.
— Sua comida está na mesa e trouxe uns livros que a minha mulher
comprou para você. Se quiser ler, estão na cômoda.
Ele saiu fechando a porta e corri até a cômoda. Não era uma leitora
ávida, mas só de ter algo para passar o tempo seria bom. Muito bom, na verdade.
Peguei um com uma capa vermelha onde havia um homem mais velho e uma
mulher grávida. Eu arregalei os olhos ao ver a sinopse. O.k., era esse.
Me sentei na cama e comecei o livro. A história de uma garota e um
médico rico me enfeitiçou por horas. Ele era mais velho e a deixava o chamar de
daddy.[i] Jesus Cristo, que pecado. Eu ria sozinha enquanto as páginas iam
passando.
Quando chegou a uma cena em que ele abria suas coxas e a tocava diante
de um espelho, o frio não parecia tão grande e eu não precisava das cobertas. A
lareira parecia quente demais, ou era eu?
Suspirei, apertando minhas coxas juntas, então passei o dia engolindo o
livro. Quando deu a hora do almoço e Villain apareceu, eu não havia tomado
café da manhã. Ele questionou por que, apenas ergui o livro.
— Coma logo. — Ele apontou para a mesa.
Eu fechei o livro, memorizando o número da página.
Ele saiu depois que me sentei e comecei a comer. Me apressei para
terminar, e quando o fiz voltei para o livro, engolindo a história a ponto de
dormir e sonhar com ela. Porém no sonho, eu era a Serenity, e Yerík, Devon.
Acordei odiando isso e me sentei, engolindo com força. Pressionei meus
dedos contra meus olhos e grunhi. Pare com isso, Dasha. Agora, droga!
— Bom dia, krasnyy. Sentiu minha falta?
Ergui o rosto e suspirei ao ver Yerík diante de mim, com as pernas
esticadas, uma sobre a outra, descansando na cama enquanto ele passava a
página do livro que li ontem.
Todo meu sangue foi drenado quando ele ergueu as sobrancelhas, lendo
em voz alta:
— Daddy?
Eu queria um buraco. Alguém, por favor, me enterre viva!
Dasha se ergueu da cama e arrancou o livro das minhas mãos. Quase
sorri ao ver seu rosto completamente vermelho. Ela estava usando um dos
conjuntos de moletom que dei a ela, mas sem a parte de cima. Seu sutiã era a
única coisa cobrindo seus seios.
— Lake me deu...
Sim, sim, eu imaginei. A esposa de Villain havia inventado de comprar
livros porque, segundo ela, Dasha merecia ter um pouco de entretenimento. Cara,
isso era sério? A garota foi sequestrada e era mantida em um cativeiro que
parecia tudo, menos a porra de um cativeiro.
Eu apostaria na casa dos avós na época de Natal.
Que inferno.
— Você voltou logo. — Ela escondeu o livro embaixo do travesseiro,
então ergui meus olhos até os seus. — Não encontrou alguém para tocar?
Krasnyy mordeu a parte de dentro da bochecha, desviando o olhar para a
parede ao lado dela, evitando me olhar.
— Sim, eu encontrei.
E elas não aplacaram o meu desejo insano de a possuir. Elas nem mesmo
conseguiram me fazer gozar, porque toda vez que eu estava a um passo do prazer,
essa maldita garota entrava em minha mente.
Dasha Kireyev aparecia chorando, com sua inocência, e meu pau
amolecia em um segundo do caralho.
Com minha resposta, seus ombros desceram quase que
imperceptivelmente. Ou era minha imaginação doentia.
— Mas hum... — Ela limpou a garganta. — Você ainda quer o que não é
seu?
Jesus Cristo. Sim, eu queria com uma força que jamais experimentei
sentir. Queria apertar cada parte do seu corpo, tocar, morder e a foder tão forte
que ela gritaria em meio ao prazer que havia na dor. Sua boceta me imploraria
pela minha porra e eu daria a ela.
Cada maldita gota.
Tirei minhas pernas da cama e bati meus pés contra o chão ao me erguer.
Dasha engoliu em seco e piscou rapidamente ao me ver me aproximar. Inclinei a
cabeça, olhando cada pedaço dela.
— Querer é uma palavra simplória demais para o desejo feroz que sinto.
Dasha abriu a boca arregalando os olhos. Segurei seu pescoço, sentindo
seus ossos e a maciez da sua pele, sem pressionar para machucá-la, mas o
bastante para que ela me sentisse.
— Não dou a mínima sobre manter sua virgindade, Dasha. O que faz
você ser completamente proibida é que seu sangue é imundo. Você é herdeira do
homem que eu mais odeio e que um dia irei matar.
Quando ela ficou rígida, deslizei meu polegar por sua pulsação, sentindo
as batidas rápidas e sua respiração alterada.
— Quem ele matou, Yerík?
Quem? Soltei-a, sentindo nojo das minhas próprias mãos. Não deveria
tocá-la ou querê-la. Pelo contrário, eu deveria odiá-la tanto a ponto de a
machucar. De quebrá-la como prometi, mas a cada dia eu duvidava que
conseguiria isso.
— Preciso sair.
Me virei e andei para a porta, deixando-a sozinha. Saí da cabana e
comecei a andar, sentindo o vento frio no rosto e a neve afundar sob minhas
botas. Quando atingi o limite da colina e pude ver a cidade distante, lá embaixo,
fechei meus olhos.
Precisava focar. Dasha Kireyev não era alguém importante, ela era
apenas uma peça da minha vingança. Um meio para um fim.
Peguei meu celular e grunhi ao ver as fotos dela. Havia passado todas da
câmera para o aparelho. Deslizei o dedo e vi Dasha com a lingerie, olhos
assustados, quase nua. Minha mão tatuada sobre sua coxa branca. Jesus, ela me
enlouqueceria.
Enviei-as para meu aparelho com Prince e o avisei sobre o que fazer.
Assim que ele me ligou dizendo que estava feito, me virei e voltei para a cabana.
A sensação sufocante de que a traí, seu pedido e minha promessa
atacaram meu peito a cada passo. Eu não menti aquele dia, realmente não
enviaria, mas precisava voltar a pensar no plano, não em Dasha.
A garota precisava sair da minha cabeça.
A alguns metros da cabana, vi a porta aberta. Tentei me lembrar se a
deixei escancarada, mas não consegui. Saí rápido demais. Respirei fundo e
peguei uma das minhas armas, então caminhei devagar, olhando para os lados e
aproximando a arma do peito para ficar contra a parede ao lado da porta. Não
ouvi nada, por isso girei e apontei para dentro.
Semicerrei os olhos ao ver Dasha sentada no sofá, abraçando as próprias
pernas. Assim que me viu, ela se ergueu.
— Onde você foi? Eu ouvi tiros. — Dasha olhou para meu corpo.
Eu franzi as sobrancelhas. Tiros?
— Há quanto tempo? — perguntei, me aproximando e agarrando seu
pulso.
— Dez minutos, talvez menos.
— Calce suas botas. Coloque seu gorro, merda, vista qualquer coisa —
grunhi, andando para a cozinha. Puxei a parte superior e agarrei uma bolsa com
armas e alimentos.
— O que está acontecendo? É meu pai?
— Agora, Dasha! — gritei, olhando por cima do ombro.
Ela engoliu em seco e correu para o quarto, me encontrando segundos
depois. Juntei todas as nossas merdas e joguei debaixo da sua cama. Agarrei seu
pulso e saí da cabana arrastando-a. Joguei meu rifle para minhas costas e
comecei a andar.
— Yerík, o que está havendo? Me diz, por favor. — Sua voz apavorada
me fez respirar fundo.
— Nada com que precise se preocupar.
Pelo menos, eu achava que não.
Nós andamos alguns metros antes de a empurrar contra uma árvore.
— Suba — ordenei, rápido.
Dasha arregalou os olhos.
— É meu pai?
— E se for, porra? — gritei, contra seu rosto. — Você vai gritar? Vai,
Dasha?
— Me deixe ir. Eu digo que me soltou na floresta...
Eu sorri, balançando a cabeça.
— Não me faça machucar você. Suba na droga da árvore.
Dasha me obedeceu, mas não sabia como subir. A ergui até ela consegui
pegar em um dos galhos. Quando ela ficou firme, escalei a árvore. Dali ainda
conseguíamos ver a cabana.
— Eu não vou gritar — ela murmurou ao meu lado, sentada em um dos
galhos grossos. Subi mais dois e a puxei comigo. Quando me sentei no galho,
tirei a fita adesiva da bolsa.
— Não vai mesmo.
Eu jamais confiaria nessa garota. Se ela vir seu pai, com certeza gritaria
a plenos pulmões. Cortei a fita com o dente e empurrei contra sua boca, então
puxei seus pulsos e enrolei também.
Ela evitou me encarar. Peguei meu rifle, mirei na cabana e esperei. Por
muito tempo, o que era contraditório. Se Dasha ouviu um tiro, estava próximo o
suficiente.
— Você tem certeza de que ouviu tiros? — perguntei, com os braços
rígidos e meu dedo no gatilho.
Ela acenou com força e respirei fundo. Quando voltei a olhar para a
cabana, vi homens. Contabilizei alguns e constatei que havia oito deles. Eu
precisava ser silencioso. Segurei o rifle apoiado em minha perna e coloquei o
silenciador, voltando para a posição inicial. Alguns homens entraram na cabana
e aproveitei a chance.
Mirei no que ficou por último e respirei fundo quando apertei o gatilho.
Ele despencou para o lado sem alertar os outros. Fiz isso com mais quatro, sob
os olhos de Dasha.
Meu peito batia forte e uma carga de adrenalina ultrapassou meu corpo.
Sorri quando mirei na parte de trás, e assim que vi uma cabeça despontar, atirei.
Voltei para a frente e um deles saiu e viu os outros mortos. Apertei o gatilho, mas
ele abaixou rapidamente. Inferno.
Os dois que sobraram não saíram da casa e eu sabia que estavam me
procurando. Não duvidava que eles estivessem na porta, estudando a viagem das
balas para descobrir onde eu estava.
Me virei para Dasha e sorri.
— Você vai descer e correr — falei devagar, arrancando a fita da sua
boca.
— Como assim? — Krasnyy arregalou os olhos, o medo nadando em
suas íris.
Soltei suas mãos, respirando fundo.
— Você vai gritar e correr. Não olhe para trás, apenas grite e corra...
para lá. — Apontei para a direção oposta de onde eu estava.
— Yerík, me deixe ir... não vou dizer nada a eles. Nada. Seu nome, seu
rosto, eu prometo. — Dasha se aproximou, segurando minha camisa.
— Você não vai sair do meu lado, krasnyy. Não tão cedo.
Cansada, ela fechou os olhos e acenou.
— Não olhe para mim. Grite e corra.
— O que te faz pensar que não vou te entregar aqui quando eu descer? —
Sua pergunta era boa. Por que, seu imbecil?
— Você não quer que eles me matem, Dasha.
Seus olhos azuis brilharam e me inclinei, segurando seu rosto. Ela era
linda, tão perfeita que me enlouquecia.
— Eu-eu...
— Se você quer isso, então olhe para mim lá embaixo, me entregue a
eles.
Dasha desviou o olhar e eu segurei seu queixo.
— Eu poderia te beijar agora, krasnyy, mas não parece certo.
Eu a ajudei a descer quando ela ficou completamente muda, e assim que
ela pousou no chão, me olhou. Seu cabelo estava voando ao redor do casaco
preto. O gorro a deixava mais jovem do que era. Enquanto a observava de volta,
me questionei se eu estava fazendo o certo.
Não tive tempo para pensar, a deixei ir e olhei para a cabana. Os dois
ainda não haviam aparecido. Mirei minha arma e ouvi o primeiro grito de Dasha.
Observei-a correndo pela lateral do meu olho, seu cabelo voava e seus pés
afundavam na neve.
— Socorro! — Dasha gritou.
Eu vi um deles olhar pela janela, então esperei, calmo, e quando eles
pareciam indecisos de sair da segurança, atirei para cima. Isso os fez se
mexerem rapidamente. Aguardei ver ambos correndo atrás de Dasha pouco antes
de deles fazerem isso.
Eu ainda podia vê-la na frente, a metros de mim, e os dois no meio. Mirei
em um deles e atirei, quando ele caiu, o outro viu e se escondeu. Desci da árvore
e corri, então peguei minha faca e me posicionei, mirando o rifle. Assim que
fiquei ao lado do corpo do homem, vi Dasha parada me olhando, um pouco
longe.
— Yerík!
Seu grito me fez virar, mas não rápido o suficiente. A bala entrou em meu
ombro e dor irradiou por minha pele. O homem me encarou e corri até uma
árvore ouvindo seus disparos. Apertei meu ombro e respirei fundo.
Dasha.
— Se proteja, Dasha! — gritei alto, minha voz reverberando pela
floresta.
— Você está preocupado de eu machucá-la? — o atirador berrou. Fechei
os olhos, tentando saber onde ele estava. — Você a sequestrou, seu filho da puta!
Esquerda.
Girei, apontando minha arma e apertei o gatilho. Quando ouvi seu grito e
vi seu corpo cair, berrei apertando meu ombro. Porra, inferno!
Caí sentado na neve e respirei fundo. Rasguei uma faixa da minha camisa
e empurrei contra o furo. Tateei atrás procurando a saída da bala, mas descobri
que a porcaria estava dentro.
— Yerík! — Dasha apareceu, branca feito a neve. Totalmente assustada.
Ela caiu sobre os joelhos diante de mim e olhou para o ferimento.
— Ei. — Suspirei, apertando meus dentes. — Vamos.
— Você foi atingido. Tem sangue, muito sangue... — Ela soluçou,
tremendo, então segurei seu rosto. — Yerík.
— Estou bem. Essa merda não é séria.
Ela não acreditou. Dasha caminhou ao meu lado, me olhando atenta.
Quando chegamos à cabana, corpos se amontoavam ali. Eu teria que tirar essas
merdas e enterrar onde o primeiro deles residia agora.
— Meu Deus...
Seu choramingo me fez erguer a cabeça.
A cabana estava destruída. Tudo fora do lugar, coisas quebradas e
rasgadas. Respirei fundo e Dasha me encarou. Lágrimas banhavam suas
bochechas vermelhas. Me aproximei e a puxei para dentro.
Caí no sofá e encarei a krasnyy. Ela tremia, completamente apavorada.
— Você vai ter que retirar a bala.
Dasha arregalou os olhos, ficando mais pálida. Eu sabia que era demais.
Ela não era acostumada com isso – sangue, tiros e violência. Dasha poderia ter
nascido na Bratva, mas ela era a personificação da inocência.
Havia tanto sangue. Achava que nunca tinha visto tanto na minha vida.
— Você deveria ligar para Finley — rebati sua demanda sobre eu retirar
a bala.
Não conseguiria. Eu poderia desmaiar se fizesse uma bobagem e o
machucasse realmente.
— Finley vai levar horas até chegar aqui. — Yerík fez uma careta. —
Você é a única. Não consigo sozinho. — Suas palavras me causaram agonia.
— Posso machucar você...
— Já estou fodido, Dasha! — Tremi com seu grito. — A dor dessa merda
não é nada comparada aos ossos que quebrei e tive que esperar sarar enquanto
lutava, então mexa sua bunda e vá pegar a caixa de primeiros socorros.
Engoli mais uma objeção. Andei até seu quarto e peguei a caixa. Voltei
para ele e suspirei ao ver sua camisa aberta. Seu dorso era cheio de tatuagens e
seus músculos me fizeram suspirar. Jesus, ele tinha que ser realmente tão bonito?
— Você precisa me guiar. Eu nunca...
— Eu sei, krasnyy. Venha cá. — Yerík segurou meus quadris e me sentou
em seu colo. — Assim você fica mais perto da ferida e me distrai da dor.
Minhas coxas abertas sobre seu colo. Não sabia se isso era apropriado
enquanto estava cutucando em um buraco aberto. Porém não me mexi.
— Jogue água oxigenada. — Sua voz foi me guiando, e quando terminei
de esterilizar, ele me pediu para enfiar o dedo na ferida. — Krasnyy, seus dedos
são finos, assim que sentir a bala, puxe-a.
— Não, é estreito — falei, sem fôlego ao ver o sangue. Pressionei a
gaze, tremendo. — Você tem um alicate?
— Tente com os dedos.
Suspirei e me aproximei, colocando a ponta do meu dedo na ferida.
Enfiei lentamente e Yerík agarrou minhas coxas, apertando-as. Trinquei os dentes
e continuei, suspirando ao sentir a bala. Tentei puxá-la, mas como eu tinha dito a
ele, era estreito demais.
— Porra.
Me ergui do seu colo, peguei uma das toalhas que trouxe e limpei meus
dedos. Fui à cozinha e suspirei ao encontrar uma tesoura em uma caixa. Voltei
para ele e me inclinei, jogando água oxigenada na tesoura.
— Melhor — ele grunhiu quando enfiei a tesoura e a abri para tentar
capturar o projétil.
Yerík fechou os punhos e mordi meu lábio quando consegui prender a
bala. Puxei-a devagar e respirei fundo quando ela saiu completamente. Sorri,
mostrando para ele, mas o sangue deslizou da ferida, então empurrei a toalha
contra seu ombro. Ele entreabriu as pálpebras, me olhando enquanto sua cabeça
pendia para trás.
— Pegue linha e agulha. — Sua voz saiu lenta. — Eu vou desmaiar,
Dasha.
— Não, não... — pedi assustada, como se ele pudesse controlar isso.
Yerík fechou os olhos e o assisti apagar. Procurei a agulha e linha, depois
que prendi a toalha contra seu ombro com fita adesiva. Quando achei, voltei para
ele, retirei a toalha e acenei ao ver que o sangue tinha diminuído. Joguei água
oxigenada mais uma vez e juntei a pele, enfiando a agulha. Tive vontade de
fechar meus olhos, mas isso era a única coisa me guiando.
Quando fiz quatro pontos, a ferida estava fechada e eu completamente
ensanguentada. Encarei Yerík e me sentei em seu colo novamente. Ele parecia
sereno, tão calmo como nunca o vi. Segurei seu rosto e me inclinei, tudo em mim
dizia para parar o que quer que eu estivesse pensando em fazer, mas não
consegui.
Quando senti seus lábios nos meus, me arrepiei dos pés à cabeça. Meu
estômago esfriou e fiquei rígida.
Dasha, o que diabos você fez?
Eu o beijei. Não, apenas escovei meus lábios contra os dele. Eles eram
macios, grossos e, por um momento, imaginei meus dentes puxando a pele,
chupando.
Me afastei tocando minha boca e o encarei. Ele ainda estava
desacordado, com a ferida que fechei completamente visível. O que estava
havendo comigo? Ele me sequestrou. Por que eu precisava ficar me lembrando
disso?
Saí do seu colo e o deitei no sofá. Peguei lençóis e o cobri, depois
coloquei lenha na lareira. Procurei por uma vassoura e limpei a bagunça que os
soldados do meu pai fizeram. Uma hora depois, tudo estava limpo e Yerík ainda
dormia.
Me sentei no tapete e apoiei a bochecha no sofá, ficando bem ao lado da
sua cabeça. Toquei seu peito, vendo o curativo cobrindo seu ferimento. Yerík
respirou fundo, mas não acordou. Ouvi seu celular tocando e o peguei em um dos
seus bolsos.
— Você chegou bem? — A voz de Villain ecoou.
— Ele levou um tiro — falei rápido, mas o silêncio foi minha resposta.
— Você está aí?
— Você atirou nele? — Seu tom mudou, não parecia ele.
— Não, alguns soldados vieram até aqui, um deles conseguiu atingi-lo.
— Respirei fundo. — Retirei a bala e fechei a ferida.
— Não toque nele.
— Se eu quisesse machucá-lo já teria feito isso — rebati, insultada.
— O que ainda está fazendo aí, Dasha? Ele está ferido, por que não
fugiu?
Por quê? Olhei para ele, desacordado e machucado. Desviei os olhos,
não querendo pensar.
— E morrer no frio? Não, obrigada.
— Estou indo. — Então desligou.
Eu voltei a encarar Yerík, seu rosto continuava pacífico. Me apoiei no
sofá e fechei os olhos. Villain chegaria em breve, ele lidaria com tudo enquanto
Yerík se recuperava. Pelo menos, era o que eu esperava.

Duas horas depois, eu ainda estava parada, na mesma posição, ouvindo a


respiração contínua de Yerík. Estava com medo de sair e ele passar mal.
Deslizei meu dedo por seu peito e pulei quando sua mão agarrou meu pulso.
Yerík tentou sentar-se, mas falhou.
— Fique quieto — pedi, nervosa.
Ele virou o rosto, me encarando.
— Quanto tempo dormi? — Sua voz grossa ecoou.
— Três horas, talvez — respondi, puxando meu pulso.
Quando tentou se sentar pela segunda vez, ele conseguiu. Me afastei do
sofá, apoiando minha bunda nas panturrilhas.
— Você ainda está suja de sangue, krasnyy.
Krasnyy. Por que ele me chamava assim? Meu cabelo nem era mais
vermelho.
Olhei para a minha roupa e percebi que ele estava certo.
— Sim, eu — respirei fundo — não quis deixar você sozinho.
Yerík acenou e agarrou minha mão. Ele me puxou e me ergui, ficando
entre suas pernas e olhando para o ombro machucado.
— Obrigado, Dasha. — Ele se levantou também. — Você poderia ter ido
embora, fugir e me deixar para morrer.
Poderia. Eu sabia que sim. Os soldados do meu pai deveriam ter deixado
o carro por perto, poderia ter caçado a chave nos bolsos deles e depois corrido.
— Não quero morrer de frio — menti, da mesma maneira que menti para
Villain.
— Eu posso lidar com isso.
Não entendi o que falou, mas seus olhos me diziam. Ele sabia da minha
mentira.
— Vá tomar banho. Sua pele é perfeita demais para estar manchada com
sangue. Mesmo que seja o meu.
Eu acenei e me virei, porém parei. Voltei a encará-lo e lambi meus
lábios, reunindo coragem.
— Depois que você for descansar.
— Passei três horas fazendo isso. — Yerík riu devagar, mas parou ao
olhar ao redor. — Você limpou?
— Sim. — Respirei fundo e dei um passo em sua direção. — Por favor,
vá se deitar.
— Tome banho no meu banheiro, então.
O quê? Meu batimento cardíaco aumentou e o encarei, tremendo por
dentro.
— Yerík...
— Posso desmaiar de novo — ele ponderou.
Eu sabia que ele estava usando minha preocupação contra mim.
— O.k. Vou pegar minhas coisas.
Assim que cheguei ao seu quarto, com minha toalha e produtos de
higiene, Yerík estava sentado em uma poltrona. O encarei e percebi que ela
estava de frente para o banheiro.
— Eu vou... — Apontei para a porta.
Andei até lá, mas sua voz me fez parar.
— Com a porta aberta. Me deixe ver o que nunca terei permissão de
tocar.
Oh meu Deus! Meu ventre se apertou, meus seios doeram e tentei abrir a
boca para negar, dizer que ele estava louco, mas fiz exatamente o contrário, segui
seu comando.
Coloquei meus produtos perto dos dele e apoiei a toalha no gancho. Tirei
minhas botas e meias, deixei o casaco cair engolindo com força. Em seguida,
puxei a camisa e fiquei de sutiã. Meus dedos trêmulos empurraram meu zíper
aberto e me livrei da calça. Sem ver Yerík, conseguia sentir seus olhos em mim.
Meu coração continuava batendo como um louco e eu tremia por dentro.
Desejo e medo juntos, me enlouquecendo.
Eu não fazia ideia do porquê Yerík me controlava dessa maneira, porém,
parecia certo. Obedecê-lo era correto. Tirar minha roupa e deixá-lo me assistir a
tomar banho me dava satisfação.
Isso era confuso demais.
Levei meus dedos para o gancho do meu sutiã e o soltei, a peça deslizou
e caiu no chão. Enganchei meus dedos na calcinha e deslizei o tecido frágil. O
frio arrebatou minha pele nua e meus mamilos ficaram rígidos.
O.k., eu precisava de água quente. Agora.
Liguei o chuveiro e entrei, ainda sem olhar para ele. De costas, presa ao
medo. Peguei meu xampu, despejei uma boa quantidade na mão e respirei fundo
ao esfregar meu couro cabeludo. Assim que senti que ele estava limpo, liguei a
água.
Me virei para pegar o condicionador e abri os lábios ao ver Yerík. Ele
estava sentado, olhos presos em mim com uma necessidade tão grande que
chegava a ser palpável.
Abri a boca, mas voltei a fechá-la. Peguei o frasco e despejei na mão,
passando nos fios, de frente para ele, sentindo seu olhar deslizar por cada
pedaço meu. Dos seios até o meio das minhas pernas.
Depois de massagear os fios, passei sabonete em meu corpo. Assim que
terminei, liguei a água e enxaguei tudo.
Quando terminei, olhei para Yerík, mas ele não estava mais lá. Me
enrolei na toalha e saí à sua procura. O encontrei apoiado na parede, sua mão
perdida dentro da calça que usava.
Oh meu Deus!
Ele grunhia, movimentando a mão, perdido no ato, sem me notar. Me
mantive quieta e vi, fascinada, ele jogar a cabeça para trás e gozar.
Me virei, morrendo de vergonha.
— Porra. — Seu grunhido ecoou e eu sabia que ele tinha me visto. —
Desculpa, krasnyy.
Desculpa? Pelo quê?
Me virei e o vi fechando a calça, então engoli em seco ao olhar para os
seus olhos.
— Ela não te satisfez. — Minhas palavras caíram e ele semicerrou os
olhos. — A garota que foi ver.
Ele não parecia satisfeito agora também.
— Não, ela não o fez.
Eu respirei fundo e ele andou para longe de mim.
— Eu vou tomar banho.
— O.k., cuidado... — Apontei para o curativo e ele acenou.
Saí do seu quarto e me apoiei na porta, fechando meus olhos.
O que diabos está havendo com você, Dasha?
Meu peito apertou e tentei explicar à minha consciência algo que nem eu
sabia. Desejava Yerík, queria que ele me tocasse e se satisfizesse comigo. Ou eu
só estava ficando louca?
Fui para o meu quarto, peguei uma roupa limpa e me lembrei das que
deixei no banheiro dele. Droga. Me vesti e penteei o cabelo, sequei os fios e saí
do quarto.
Eu estava com fome e Yerík não estava tão bem para me dar alimento.
Peguei geleia e algumas torradas, então comi com café. Quando ouvi sua porta
abrir, evitei olhar para ele.
— Preciso enterrar os imbecis — ele murmurou, se aproximando.
— Seu ombro... — O encarei.
— Eu sei, mas não posso deixar os idiotas ali. Preciso tirá-los e limpar o
sangue.
Sabia disso.
— Espere por Villain. Ele disse que está vindo.
Yerík semicerrou os olhos.
— Você falou com ele?
— Ele ligou.
E naquele momento, percebi que poderia ter usado o celular para ligar
para Andrei ou mamãe. Eu poderia estar longe daqui naquele momento, mas
esqueci completamente que era sua prisioneira. Só quis cuidar dele.
Ajudá-lo.
Alguma coisa me dizia que eu me arrependeria disso amargamente.
Por que ela estava aqui? Por que eu estava aliviado de ela ainda estar
aqui?
Dasha encarou a caneca vazia e sabia que tinha percebido o mesmo. Por
que diabos ela não ligou para sua família e foi embora, me deixando sangrar até
a morte?
— Dasha, por que você não pediu ajuda?
— Eu... — Ela abriu a boca, a fechou e depois apertou as pálpebras.
Fiquei em silêncio, esperando por ela. Segundos depois, ela me encarou e as
palavras saíram. — Eu não... eu...
— Por que não se foi? — Empurrei a questão, completamente confuso.
— Eu nem... — Suas palavras se perderam quando vi seus olhos se
encherem de lágrimas. — Não sei...
Encarei a parede, sem conseguir olhar para ela. Porém, queria respostas.
Queria ouvi-la dizer. Não importava se isso estava machucando-a.
— Você sabe, Dasha, então me diga por que diabos você não agarrou sua
única chance de fuga? — Dei um passo em sua direção, rígido.
— Pare com isso... eu só... — Sua voz quebrou e ela se ergueu, dando um
passo para trás.
Eu respirei fundo, me aproximando cada vez mais, ainda sentindo o
cheiro dela que preenchia cada centímetro do banheiro. Ainda com a imagem
dela nua, tomando banho. Porra, ela me deixou observá-la sob o chuveiro. Ela
parecia tão inocente. Droga. Ela parecia pura. Algo que minha escuridão
arruinaria em segundos.
— Por que, krasnyy?
Dasha olhou para o teto e depois para mim, parecendo confusa,
completamente perdida. Ela respirou fundo, engoliu em seco e se recuperou por
um segundo.
— O sangue, o ferimento, tudo isso me deixou em choque... — Sua voz
cessou assim que fiquei diante dela.
— Não minta. — Quando afastei os fios ondulados do seu rosto, ela
estremeceu diante dos meus olhos. — Nem para si mesma.
— Yerík...
Seus seios empurravam o tecido do moletom enquanto ela respirava
rapidamente. Segurei seu queixo e percebi, pela primeira vez, uma cicatriz
pequena ali.
— Qual a história dessa cicatriz? — mudei de assunto e quase pude ver o
alívio em seu rosto.
Dasha tocou o queixo e desviou os olhos. Puxei seu rosto e novamente eu
tinha sua atenção. E eu ainda estava me acostumando com a ânsia de ter sua
atenção para mim.
— Meu pai...
Meu corpo ficou rígido.
— Ele estava me ensinando a andar de bicicleta. Caí e meu queixo se
partiu com a queda. Tomei dois pontos. — Me acalmei enquanto ela falava. — É
imperceptível, até que alguém esteja perto o suficiente...
Me perguntei se alguém já havia ficado próximo o suficiente.
— Quantas pessoas já perceberam?
Krasnyy engoliu em seco e mordeu o lábio. Puxei a carne da prisão dos
seus dentes e toquei nele.
— Quantas, Dasha?
Ela molhou os lábios e me inclinei, ouvindo minha própria voz em minha
mente. Saia de perto dela. Agora. Mas eu não tinha controle.
— Nenhuma.
Porra, eu poderia morrer agora.
Dasha olhou para a minha boca e depois para os meus olhos. Eu poderia
ouvir minha pulsação ecoando em minha mente, se perdendo dentro de mim junto
a todas as razões do porquê beijar essa menina era errado.
Uma má ideia.
Lembrei da minha família morta, da última vez que vi minha mãe e de
todas as promessas que não cumpri. Nunca iria, porque Kireyev os tirou de mim.
— Yerík, podemos dar um jeito. — Sua voz era doce. Ela nunca fez nada
que pudesse nos machucar. Minha mãe foi uma heroína para mim, para os meus
irmãos.
— Eu preciso. Não quero que ele nos machuque. Rosie disse que lá é
muito bom para dinheiro. Vou trabalhar por um mês, juntar muito dinheiro e
depois volto — prometi, certo de que isso iria acontecer. Eu me livraria das
drogas, das dívidas e protegeria minha família.
Eu não fiz nada disso.
Ao chegar à Dinamarca, Rosie fez questão de me contar que eu havia
sido traficado. Me jogaram em uma cela e vivi dia após dia com a ânsia de fugir,
de saber da minha família. Passei anos preso naquele círculo, lutando por minha
vida.
Para sair e ver que tudo pelo que eu quis lutar havia sido destruído. Tudo
evaporou.
Kireyev fez isso. Matou minha família, tirou tudo que eu tinha de mais
precioso.
Era por isso que eu estava ali, no meio do nada. Naquela montanha
coberta de neve, com ela, mantendo-a contra sua vontade.
Eu queria vingança. Não importava quais fossem as consequências.
Nunca me importou quem seria morto no processo.
Eu só queria a cabeça de Kireyev. Queria sua dor, sua destruição.
A garota diante de mim era meu alvo. Decidi a arruinar para ter a minha
vingança. E eu faria isso. Mesmo que cada grama do meu ser implorasse para ter
um pouco dela.
Do seu corpo, sua boca, seu olhar.
Eu desejava Dasha Kireyev, mas a vingança foi o que me manteve vivo.
Esperando. Aguardando o momento que eu a sequestraria, que a tiraria
dos braços dele e sumiria com ela.
Torturá-lo com fotos dela presa em uma coleira, acorrentada à parede.
Nua, à minha mercê. Marcada, machucada, arruinada.
Faria isso. Eu cumpriria minha promessa.
Mesmo que no final minha mente estivesse tão quebrada quanto a
inocente Dasha.
— Não me tente — murmurei, ainda perto demais. — Você não quer que
eu toque em você. — Soltei seu queixo. — Você não quer que a minha escuridão
manche a sua inocência.
— Yerík...
— Não fale meu nome — grunhi insano, e ela arregalou os olhos. — Não
fale. Seu rosto, seu corpo, sua existência já são suficientes para arruinar a minha
força.
Ela pronunciando meu nome rachava a minha resiliência.
— Por que você não me ouviu? — A voz do Villain ecoou.
Eu me virei e encontrei meu melhor amigo de pé, com sua esposa ao
lado.
Porra. Porra. Porra.
— Os remédios foderam minha cabeça — menti, dando um passo em sua
direção.
— Onde Dasha está? — Lake perguntou, olhando ao redor.
Eu saí da frente da garota que estava fodendo meu juízo. Ela olhou para
Dasha e depois para mim. Era uma abelhuda.
— Obrigado por ter cuidado dele — Prince murmurou.
Dasha me encarou por alguns segundos antes de dar de ombros.
— Ele é... — a krasnyy procurou palavras — minha única chance de
sobreviver ao frio daqui.
Ignorei isso, porque nós dois sabíamos que ela estava mentindo.
— Você leu os livros que eu trouxe? — Lake sorriu, mudando de assunto.
Eu encarei Dasha. Suas bochechas ficaram vermelhas e ela evitou meu
olhar.
— Um deles.
Ouvi uma porta bater e semicerrei os olhos encarando Villain. Ele
respirou fundo e eu soube que sairia um caminhão de merda da sua boca.
— Isso é a... — Nervoso, ele coçou a cabeça, me fazendo semicerrar os
olhos. — Aduke.
Que porra era essa? Aduke, ali?
— Você não a trouxe. Você não é louco! — gritei, andando pela cozinha
até alcançar a sala. Olhei pela janela e vi minha ex-namorada apoiada na porta
do carro do Prince.
— Cara, ela apareceu igual louca. Você sabe como é sua mulher — ele
grunhiu, irritado.
Fechei meus olhos. Inferno.
— Dasha, quarto. Agora — tenso, ordenei e me virei.
Ela olhou para mim séria e eu me aproximei. Segurei seu braço e a guiei
pela escada. Abri sua porta e ela me encarou, parada.
— Vá — pedi, enquanto seu silêncio se prolongava.
Quando ela se moveu, fechei a porta e voltei para cima. Abri a porta da
frente com Prince ao meu lado. Lake já estava fora com Aduke, no entanto, ela e
Prince sumiram pela lateral da casa em seguida. Talvez, para procurar um local
onde pudéssemos enterrar esses merdas espalhados pela neve.
— Ei — murmurei devagar.
Aduke inclinou a cabeça. Seu cabelo estava em tranças com fios cor-de-
rosa. Eu a achava tão linda, a perfeição em pessoa. Sua pele cor de jambo, seus
lábios generosos e o seu rosto. Aduke sempre foi linda, mas também se via a
força que habitava por dentro olhando para seus olhos castanhos.
— Você fez isso. Sequestrou uma garota inocente. — Seus lábios
derramaram palavras das quais eu não esqueceria.
Eu queria não ter visto a decepção em sua voz, mas ela estava nítida.
— Eu te disse que faria.
— Por quê? Trazê-la para cá trouxe sua família de volta? — Aduke deu
um passo em minha direção. — Seus irmãos estão dentro dessa cabana?
Eu odiei sua voz, suas palavras.
— Me diz, Yerík, você está em paz, agora? — Seu dedo colidiu com meu
peito e agarrei suas mãos. — Olhe para si mesmo.
— Não os trarei de volta, você está certa, mas vou me vingar. Vou fazê-lo
pagar...
— Ele, não ela. — Seu queixo subiu.
— Você nunca compreendeu, Aduke. Nunca entendeu por que eu
precisava disso.
— Entendi! — ela gritou, puxando as mãos e balançando a cabeça. — Eu
entendi sua dor, seu luto, mas essa menina não é culpada. Ela tem dezoito anos, é
uma criança, Yerík.
Ela não era uma criança. O corpo dela não era de uma criança.
— Ela só quer a família dela...
Não, ela não queria. Se Dasha quisesse ir embora, ela tinha ido. Ela
podia não saber ainda, ou não querer admitir, mas Dasha queria ficar. Comigo,
no frio, rodeada por árvores, sedenta por mim.
— Vamos embora. Nós a deixamos em um avião. — As mãos de Aduke
agarraram meu rosto. — Preciso salvar você de si mesmo, Yerík.
— Ela vai ficar aqui até o dia em que minha vingança for concluída.
Dasha Kireyev me pertence até o dia que eu a deixar ir.
Aduke semicerrou os olhos e afastou as mãos de mim.
— Você... — Ela engoliu em seco. — Você tocou nela?
— Não, não toquei.
Eu observei, cobicei, desejei.
Mas não toquei.
Ainda.
— Não sei por que veio do seu país até aqui. Não temos mais nada, você
terminou tudo...
— Não estou aqui para voltar com você. — Aduke balançou a cabeça. —
Estou aqui porque você foi mais que um homem com quem dividi uma cela. Foi
meu único amigo, confidente, a única pessoa no mundo que me protegeu. Devo a
minha vida a você. E como sua amiga, estou te pedindo para irmos embora.
Ela se aproximou, puxando minha camisa. Apoiei minha testa na dela e
segurei sua nuca.
— Eu sempre vou proteger você. — Beijei sua testa — Mas Dasha é um
assunto meu.
Aduke respirou fundo, mas acenou. Abracei seu corpo e gemi quando
meu ombro doeu.
— Vamos lá, me deixe ver essa ferida. — Ela apontou para a cabana e
nós entramos.
Fui para o meu quarto e me deitei na cama. Aduke tirou o curativo e o
trocou rapidamente. Ela havia aprendido muita coisa na Dinamarca, uma delas
era mexer com todo buraco que fizessem em mim e em Prince.
— Eles parecem felizes — Aduke começou a falar e acenei. — Queria
que Emory estivesse bem. — A garota que também esteve presa conosco entrou
em minha mente.
Eu também queria, mas Lake Trevisan a matou.
— Lake e Villain se casaram. Ele a ama.
— Estranho, no mínimo.
Eu não a contradisse. Era estranho, mas eu já havia me acostumado.
— Como está Zuri?
Aduke sorriu e meu peito aliviou. Ela amava a filha com todo seu ser.
— Incrível. Ela é uma bailarina agora. — Ela pegou o celular e me
mostrou as fotos da garotinha. Zuri se parecia com Aduke.
— Ela é linda como você — murmurei firme e bocejei.
— Por que você não dorme um pouco? Vou ajudar Villain e Lake.
— Eu deveria ajudar nisso — contrapus, mas Aduke negou.
— Seu ombro está podre demais para que levante uma saia, quanto mais
enterre corpos. — Sorri e ela passou a mão em meu rosto. — Durma, Yerík.
— Vocês irão hoje ainda? — perguntei e bocejei novamente.
— Amanhã cedinho.
Eu acenei e deixei minhas pálpebras caírem. Adormeci rápido e os
sonhos entraram em minha corrente sanguínea. Dasha estava sorrindo, dançando
em um salão de festas. Seu vestido vermelho era longo, mas as costas eram nuas
até sua cintura. O cabelo castanho e ondulado estava para o lado, deixando seu
pescoço visível.
Eu quis tocá-la, segurar sua cintura e sentir seu cheiro. Roubá-la dali e
levá-la de volta para a cabana. O único lugar onde ela podia ser minha.
Dasha se virou no sonho. Sorri quando seus olhos pousaram nos meus,
mas parei ao ver o horror em seu rosto. O medo misturado com a repulsa.
— Matem-no! — ela berrou, fazendo a multidão parar.
Todos se viraram para mim e eu fiquei de cara com a morte.
Ela me entregou para a morte.
Sua mulher.
Yerík tinha alguém. Não sei por que diabos estava tão incomodada, mas
desde que ouvi Villain falar isso, meu estômago estava girando e eu queria
quebrar alguma coisa. Talvez, até chorar. Era tão ridículo.
Eu me sentei na cama para tentar dormir e esquecer disso tudo, porém,
foi em vão. Eu estava inquieta. Queria saber o que faziam lá em cima. Se ele
estava com ela. Depois de algumas horas, ouvi passos.
Puxei as cobertas para me sentar e olhei para a porta. Assim que Lake
surgiu, engoli em seco. Porém quando uma mulher morena apareceu em seguida,
fiquei rígida.
— Ei, Dasha, esta é a Aduke. — Lake sorriu, simpática como todas as
vezes em que ficou na minha presença.
— Ela é mais bonita pessoalmente — Aduke falou sorrindo. Seu cabelo
trançado dançava ao redor dos ombros. — Mas seu cabelo era vermelho...
Sim, há muitos meses resolvi que pintaria o cabelo. Minha mãe
enlouqueceu quando me viu com a tinta. Eu odiei, então antes do meu aniversário
voltei para a cor natural.
— Yerík a deixou confortável, pelo menos. — Ela pronunciou o nome
dele com carinho enquanto observava o quarto. — Ele machucou você? — Seus
olhos capturaram os meus.
— É claro que não — Lake resmungou quando não respondi.
— É uma pergunta válida. — Aduke pontuou, se aproximando. — Como
você está?
Reuni força e coragem para encarar ambas.
— Vocês agem como se eu estar aqui fosse normal. Você traz livros,
sorri, fala comigo. — Franzi as sobrancelhas. — Estou longe da minha casa, da
minha família e não tenho nada a ver com o que quer que meu pai tenha feito a
Yerík.
— Dasha...
— Não, Lake! — grunhi, tremendo e sentindo lágrimas em meus olhos.
— Yerík tem momentos horríveis, que me apavoram. Todos vocês devem ter
esses momentos, mas eu não tenho. Sou a garota que ficou presa a vida toda, e
quando sonhou com um pingo de liberdade por meio de um casamento com um
idiota interesseiro, foi sequestrada. Foi mantida num quarto frio. Foi solta na
neve e caiu de exaustão, pensando que morreria. Eu não tenho culpa!
— Nós sabemos disso. Tentei controlar Yerík, Lake tentou intervir
também, mas você não mata a família toda de um homem e espera que ele não
enlouqueça atrás de vingança.
Meu coração parou e meus lábios secaram.
— Ficamos presos por muitos anos. Muitos. Enquanto você se divertia
sendo uma criança e adolescente feliz, eu e ele estávamos no inferno. E aquela
chama latente nos moldou. Principalmente a ele.
— Yerík já foi um homem bom, mas hoje, não mais.
Um arrepio ultrapassou meu corpo. Aduke e Lake se sentaram na cama.
— Ele não vai te machucar. Ele só quer vingança.
Era a mesma coisa.
— Ele quer matar meu pai — murmurei lentamente, vendo ambas
suspirarem e acenarem.
— Ele não apenas quer, ele vai. — Lake tocou a minha perna por baixo
do edredom. — Espero que você não seja pega no fogo cruzado.
Ela não via que eu já havia sido pega?
— Onde ele está? — perguntei, querendo acabar com essa conversa.
— Dormindo. O ferimento estava molhado, eu refiz o curativo — a
morena murmurou, me causando mal-estar.
Eu havia feito o curativo dele, estava bem-feito.
— Você quer subir? — Lake acenou para a porta. — Prince está cavando
para enterrar os corpos.
— Yerík não vai gostar disso — falei, séria.
— Ele não está aqui agora. — Ela deu de ombros.
Suspirei e me dei por vencida. Peguei minhas botas, cachecol e gorro.
Me ergui respirando fundo e as duas sorriram. Lake me entregou luvas e as segui
para fora. Assim que Villain me viu, ficou rígido e encarou a esposa.
— Isso é sério? — Sua voz grunhiu.
Ela foi até ele, me deixando sozinha com Aduke.
Os corpos dos homens mortos estavam no mesmo lugar. Me aproximei
para ver se reconhecia algum deles, mas não o fiz. Ouvi passos perto e Aduke
parou ao meu lado.
— Villain quer que volte.
Ele estava certo. Eu precisava voltar.
Mas minhas pernas se moveram em direção à floresta.
— Posso ter alguns segundos?
Ela chutou a neve e acenou. Quando ela se afastou, andei tocando nas
árvores. Os troncos molhados, a neve deslizando pelas folhas, tudo isso me fez
relaxar. Podia ouvir murmúrios deles por perto, mas ignorei.
Sabia que os três estavam me encarando.
Me abaixei, peguei um pouco de neve e fiz uma bola. Sarah amava fazer
bonecos e eu adorava derrubá-los com as bolas. Ela fingia irritação, mas se
divertia. Sentia sua falta. Até dos meus pais. Sabia que eles não eram os
melhores, mas eram os que eu tinha.
Andrei balançaria a cabeça para mim se estivesse ouvindo meus
pensamentos. Um irmão mais velho e herdeiro do lugar de capo de Rostov que
meu pai estava era calmo, às vezes, na verdade, em raras vezes, benevolente.
Sua esposa, Aslin, era uma mulher legal que gostava de estar comigo e Sarah.
Queria saber como eles estavam.
— Dasha! — Um grito forte ecoou e pulei, derrubando a bola de neve.
Me virei e vi Yerík de pé, entre os corpos, sem camisa. Todas as suas
tatuagens visíveis, seu curativo e as cicatrizes que havia nele. Meu coração
acelerou. Quando ele me localizou, correu em minha direção.
Eu não via ninguém.
Nada além dele.
Não sabia o motivo, mas me virei e corri. Entrei mais na floresta,
ouvindo seus passos ruidosos.
— Dasha! — Villain gritou logo atrás.
— Fique aí! Eu vou pegá-la — Yerík gritou enquanto eu corria mais.
Minha respiração ficou pesada e eu tremia por dentro. Não estava tão
frio como o dia em que corri vestindo meu vestido de casamento.
— Você sabe que vou te pegar.
Sabia.
— É o que você quer, não é, krasnyy? Que eu te pegue na neve.
Não! Sim.
Eu queria. Meu ventre se apertou e fiquei chocada ao ver que havia
chegado ao final da floresta. Era aberto e conseguia ver casas a muitos
quilômetros.
— Você não pode fugir de mim.
Me virei e vi Yerík estalando o pescoço. Sua calça jeans estava agarrada
a ele e suas botas pareciam molhadas. O que fiz? Ele poderia ficar doente,
infeccionar a ferida. Deus, eu nem pensei.
— Eu só...
— Venha até aqui. — Ele apontou para a sua frente. Respirei fundo,
tremendo. — Agora, Dasha! Quero você bem aqui.
Eu me movi, porque não queria que ele se machucasse tentando me pegar.
Assim que parei diante dele, sua mão agarrou meu rosto e a outra, minha cintura,
me puxando contra si.
— Eu tento, caralho, tento demais não tocar em você. Me manter longe,
mas você está pedindo por isso, Dasha. Você sabe que está pedindo.
— Yerík...
— Não fale meu nome! — ele gritou, me fazendo pular em seus braços.
— Sua voz pronunciando esse nome... a única coisa em minha mente quando
escuto é você montada em mim, sua boceta agarrando meu pau fundo, seus peitos
na minha boca enquanto grita.
Minhas pálpebras se abriram mais enquanto meu coração corria e minha
vagina começava a umedecer. Yerík agarrou meu pescoço, apertando o suficiente
para eu sentir seu desespero.
— Você já imaginou isso, Dasha?
Fechei meus olhos, não querendo dizer isso. Não podia.
— Já imaginou meu pau fodendo você?
— Por favor...
— Por favor, o que, Dasha? Meu pau?
Sua voz era cruel, eu podia sentir o desejo dele contra minha barriga, me
levando para seu peito, para seus braços.
— Ninguém vai saber, apenas eu e você. — Yerík se inclinou, lambendo
minha pele e capturando o lóbulo da minha orelha. — Diga, krasnyy. Quer que
eu corrompa você?
— Si-sim.
Nem acreditei no que minha boca pronunciou. Suas mãos agarraram meus
quadris e ele me ergueu. Yerík me empurrou contra o tronco de uma árvore
enquanto sentia a quentura vinda do seu peito mesmo sob o casaco.
— Abra a boca, krasnyy.
Eu o olhei e umedeci meus lábios, abrindo-os em seguida. Yerík se
inclinou e pude sentir sua respiração. Ele capturou meu lábio inferior, chupou
lentamente enquanto eu respirava rápido, empurrando meus quadris na direção
dele.
— Jesus Cristo — ele gemeu, indo para o de cima quando segurei seus
ombros.
Enfiei meus dedos em seu cabelo e o deixei ter minha boca. Quando ele
se afastou, eu quem fui. Peguei seu lábio e chupei, lambendo lentamente logo
depois. Raspei meus dentes e voltei, indo para o de cima.
Yerík foi paciente, ele me esperou explorar. Quando se cansou, suas
mãos agarraram meu rosto e sua língua invadiu meus lábios. Imitei seus
movimentos, querendo agradá-lo. Ele chupou minha língua e fiz o mesmo com a
dele, amando seu gosto. Agarrei seu peito e senti o curativo, então retirei a mão
e coloquei sobre sua barriga.
— Alguém já beijou essa boca além de mim?
Nunca. Ninguém.
— Responda, krasnyy. Algum filho da puta beijou essa boca?
— Não — respondi, enquanto seus lábios desciam pelo meu pescoço.
Suas mãos desceram para a minha bunda e ele me puxou contra seu pau
duro. Gemi, mesmo sob toda a roupa. Procurei sua boca e o beijei de novo com
mais fome, mais desespero.
— Você vai me deixar comer sua boceta virgem, krasnyy? — ele
questionou, rouco. Eu gemi, acenando rapidamente. — É isso, Dasha, vou foder
você. Hoje.
— Sim, por favor — implorei, sentindo a umidade em minha calcinha.
— Vou mandá-los embora. Entre na cabana e fique quieta até eu ir te
encontrar.
Oh, a cabana. Villain, Lake e... Aduke.
— Ei, ei, o que foi? — Ele agarrou meu queixo, me fazendo o olhar.
Nem percebi que havia ficado rígida e mudado completamente minha
expressão.
— Não quero. Não quero que me toque. Me solta — pedi, me mexendo,
mas ele continuou parado, me olhando. — Me coloque no chão. Agora.
— O que foi, porra?
Sua mulher.
Aduke e ele eram alguma coisa. Eu não deveria ter beijado Yerík. Não
deveria estar contra uma árvore enquanto ele prometia me foder. Não. Eu
deveria estar chorando, com medo, planejando ir para casa.
— Não me toque! Nunca mais. Você é um monstro. Não pode me ter.
Nunca.
Yerík respirou fundo e se afastou. Coloquei meus pés no chão e o vi se
afastar até a beirada do penhasco. Ele se virou depois de alguns segundos e
acenou para a floresta.
— Vamos.
Ele entrou primeiro e o segui devagar. Respirei fundo, tremendo,
completamente consciente do meu corpo quente. Yerík não voltou a falar e
quando chegamos à cabana os corpos haviam sumido. Aduke era a única de pé,
juntando a neve manchada de sangue.
Ela nos encarou, mas a ignorei, passando por ela e entrando. Desci os
degraus e entrei no quarto. Ouvi passos atrás e fiquei parada quando Yerík
surgiu.
— Vá para a cama.
Eu o obedeci e o assisti pegar a coleira que usou em mim naquele dia das
fotos. Fiquei rígida, mas ele não deu a mínima. Ele a colocou em meu pescoço e
agarrou meu queixo.
— Você estar prestes a conhecer o monstro, Dasha.
Engoli em seco, medo tomando conta de cada pedaço de mim quando ele
me soltou. Assim que ele se virou e foi para fora, ouvi quando me trancou.
Toquei a coleira de couro e respirei fundo.
— Logo isso vai acabar, Dasha — murmurei para mim mesma e me
deitei, puxando o travesseiro. — Logo estaremos em casa.
Longe desse cativeiro. Dessa coleira. Dele.
Odiava sentir que queria tudo isso, menos estar longe dele.
Estava cansada de tentar entender essa confusão em minha mente
quebrada. Eu sentiria falta do meu sequestrador quando voltasse para casa? Que
insanidade era essa? Como poderia sequer ter medo desse momento apenas por
causa dele?
Yerík era meu sequestrador. E para meu total desespero estava se
infiltrando em minha pele como heroína, me intoxicando, viciando. Me
destruindo.
Como ele prometeu que faria.
Ouvi algo vibrar e fiquei rígida. Me sentei rápido e olhei ao redor. Um
celular estava sobre a minha cômoda. Corri da cama, mas caí para trás quando a
coleira se fez presente.
— Pense, pense, Dasha.
Peguei o travesseiro e tentei estender minha mão e pegá-lo. Estiquei todo
meu corpo, quando o travesseiro o alcançou, comecei a empurrá-lo para a borda.
Meu braço ardia e a coleira apertava meu pescoço a ponto de doer e eu ficar
sem ar.
Quando o celular caiu no chão, ele deslizou alguns centímetros, mas
passos ecoaram. Voltei para a cama e engoli com força, agarrando o travesseiro.
— O que você estava fazendo?
— Esqueci meu celular no quarto dela.
Aduke poderia ter dito que colocaria fogo em mim que me faria me
mexer mais devagar. Nós dois corremos para dentro e descemos a escada, assim
que abri a porta, vi Dasha respirando rápido. Krasnyy, krasnyy.
— O que você estava fazendo? — Aduke perguntou a ela, mas eu vi o
celular no chão.
— Na-nada.
Mentira. Dasha não sabia mentir. Peguei o celular e me virei, olhando
para ela.
— Tome. — Empurrei o aparelho nas mãos de Aduke, sem tirar os olhos
de Dasha.
A coleira ali, mantendo-a presa, seus olhos assustados, sua boca ainda
inchada dos meus beijos. Tudo isso me fez querer que Villain, Aduke e Lake
estivessem longe. Muito longe.
— Nós precisamos ir... — Aduke murmurou para Dasha. — Foi bom
conhecer você, Dasha.
Minha ex-namorada acenou e saiu, subindo a escada. Dasha subiu mais
na cama, ficando contra a cabeceira. Fechei a porta com o pé sob seu olhar
cauteloso e me aproximei. Dasha respirou fundo quando parei ao seu lado.
Peguei a corrente da sua coleira, tocando no metal devagar. Era gelado. Puxei
lentamente e sua cabeça veio em minha direção. Me inclinei, roçando meus
lábios em sua pele.
— Você ligaria para quem? — perguntei, assistindo a sua pele se
arrepiar.
— Ninguém...
— Não minta para mim, krasnyy.
— Eu... — Ela engoliu em seco. — Não sei...
Isso era verdade. Puxei com mais força e ela se ajoelhou na cama.
Quando empurrei meu peito no seu, ela inclinou mais a cabeça. Toquei sua
coluna e me inclinei, mordendo seu ombro. Com força. Dasha gritou e me movi
para o outro lado, segurando-a pela coleira.
— Yerík, isso dói! — ela gritou assim que mordi mais uma vez.
— Tire o casaco, tire a blusa.
— Não. — Ela balançou a cabeça, mas permaneci parado, esperando.
Dasha abriu o zíper e deixou a peça grossa cair. Quando a blusa seguiu o
mesmo destino, vi seu sutiã rendado e as duas marcas vermelhas. A quantidade
de camadas de roupa não deixou que ficasse ferido. Apenas marcado, vermelho.
— Minha próxima mordida será nas suas coxas. Minta mais uma vez,
Dasha, eu te desafio.
Ela balançou a cabeça com força e me inclinei, lambi seu lábio inferior e
ouvi seu suspiro.
— Você é uma maldição, Dasha Kireyev.
Me afastei dela, soltei a corrente e virei. Quando peguei na maçaneta da
porta, voltei a encará-la. Dasha estava sentada sobre as coxas, lambendo o lábio
vermelho.
Pensei em falar algo, mas desisti e saí do quarto, subindo rapidamente.
Assim que encontrei Prince, ele estava de pé sobre as valas que cavou
sozinho. Oito delas. Peguei os corpos um a um e joguei lá. Quando terminamos,
me virei para meu melhor amigo.
— Vá, leve Aduke e Lake.
— Cara, elas não tiveram culpa...
— Não? Elas tiraram Dasha do quarto. Elas a deixaram vagar pela
floresta. — Dei um passo em sua direção, rígido. — Já imaginou se ela tivesse
caído naquele penhasco?
— Isso não aconteceu. Ela está bem.
Sim, ela estava.
— Por pouco. — Respirei fundo, me afastei e encarei a neve sob minhas
botas. — Eu ligo se precisar de algo.
— O.k., tudo bem. — Villain segurou meu ombro - o que não foi baleado
- e me olhou sério. — Duas semanas. Você lembra, certo?
Lembro. Todos os malditos dias.
— Eu sei. Deixe tudo pronto. Vou trocar de cabana hoje.
Ficar ali era perigoso agora. Já nos acharam duas vezes, eles achariam
uma terceira. Havia outra cabana ao leste e era para lá que iríamos.
— O.k.
Fomos encontrar as meninas e vi as duas já dentro do carro. Me encostei
e toquei a mão de Aduke. Ela suspirou e sorriu.
— Espero que isso tudo te traga paz.
— Eu também espero, Adu. — A puxei e fechei meus olhos, sentindo a
familiaridade do nosso abraço. — Diga à sua pequena que enviarei um presente
para ela.
— O.k. Amo você. — Ela beijou meu rosto, e eu, o seu pulso.
— Amo você.
Villain entrou no carro e acenou antes de sair. Assisti ao carro sumir
abaixo e me virei para entrar na cabana. Juntei todas as coisas e enfiei na
carroceria reboque. Quando eu tinha movido tudo, desci para pegar as coisas
dela.
Dasha estava dormindo quando entrei. Peguei todos os seus produtos,
roupas e livros. Enfiei numa bolsa grande e levei para cima. Quando retornei, a
chamei.
— Por favor — ela gemeu, ainda de olhos fechados. Rígido, eu parei. —
Me toque.
Que porra ela estava sonhando?
— Mais. Por favor.
Meu pau endureceu sob meu jeans. Tentei dizer a ele que ela estava
sonhando com outra pessoa, mas eu não quis acreditar nisso. Me aproximei,
afastei seu cabelo e ela entreabriu os lábios.
— Não me torture. Mais rápido.
Porra. Porra. Porra.
Me inclinei até seu ouvido e a chamei. Ela gemeu e chamei mais uma vez.
— Dasha, acorde.
Suas pálpebras se remexeram e ela despertou. Em segundos, uma
vermelhidão cobriu seu colo e pescoço. Me afastei e inclinei a cabeça.
— Com quem estava sonhando? — perguntei, necessitado.
Era comigo? Porra, eu esperava que sim.
— Não quero falar sobre isso.
— Você já me respondeu, krasnyy.
Me virei e puxei a corrente presa à parede. Abri o cadeado e depois usei
a chave para abrir a fechadura minúscula em seu pescoço. Depois que Dasha
levou as mãos ao pescoço, a puxei para ficar de pé.
— Coloque seu casaco, nós estamos saindo.
— Para onde? — Sua voz denunciou sua urgência.
— Outro lugar.
Dasha engoliu em seco, mas não falou mais nada. Quando ela ficou
pronta, a segui para fora. Desliguei as luzes e subi na moto de neve. Não podia
me dar ao luxo de descer a colina e subir novamente pela estrada. Iríamos pela
floresta adentro.
— Suba.
Dasha passou a perna e agarrou meu corpo quando comecei a pilotar. Já
era noite, por isso fui cauteloso enquanto pilotava. Assim que avistei a cabana
nova, desliguei a moto.
— Vou olhar lá. — Desci, deixando Dasha na moto. — Não saia daqui.
Está escuro, há animais. Eu não estou brincando — falei completamente sério.
— Se você ousar sair daqui vou matar você.
Dasha acenou rapidamente e me afastei, pegando minha arma. Saí de
perto dela e fiz a varredura no local. Liguei a lareira que aqui era automática e
as luzes. Voltei para Dasha e ela estava quietinha onde a deixei.
— Bene, krasnyy.
— Onde aprendeu italiano? — ela questionou assim que montei.
— Aduke sabe várias línguas. Ela me ensinou.
Suas mãos caíram e Dasha evitou me tocar. Franzi as sobrancelhas. Por
que ela faria isso? Me perguntei, recordando minha fala. Só falei sobre...
Aduke.
Porra.
Estacionei, ela desceu e nós entramos. Peguei nossas coisas e fechei a
porta, jogando as chaves numa mesa.
— Está com fome? — perguntei, me movendo para a cozinha.
Havia comida que eu e Villain tínhamos deixado dias antes do sequestro.
A segunda cabana sempre esteve em nosso plano de ação.
— Não. — Ela se ajoelhou diante da lareira.
Ignorei-a enquanto preparava um macarrão com molho de tomate. Assim
que terminei, coloquei em um prato para ela.
— Coma.
Dasha revirou os olhos, mas pegou a comida.
Me sentei no sofá e comi rapidamente. Estalei meus dedos e grunhi ao me
lembrar da ferida estúpida. Arranquei o curativo e olhei para os pontos que
Dasha fez. Estava bem fechada e seca, que era o importante. Cobri novamente e
vi Dasha me olhando.
— Onde vou ficar?
Sua pergunta me fez respirar fundo.
— Ali. — Apontei para a porta à sua esquerda.
— E você?
— Lá também — falei, relaxado.
— O quê? — Ela arregalou os olhos.
— Sim, krasnyy, só tem um quarto e uma cama. Então acostume-se,
vamos dormir juntos.
— Não! — Ela se ergueu, deixando o prato vazio no chão. — Eu durmo
no sofá.
— Você já me fez forçar esse braço demais hoje, Dasha. Não me obrigue
a castigar você.
Krasnyy engoliu com força e olhou para longe de mim.
— Boa menina. Vamos.
Ela me seguiu e a vi olhar para o quarto já quente. Cansado, retirei
minhas botas e me deitei na cama. Parecia que semanas se passaram, não apenas
horas.
— Yerík — ela murmurou e ergui minha cabeça, semicerrando os olhos e
a vendo parada no meio do quarto. — Como eu chamo você, se não pelo seu
nome?
— O que quer, Dasha?
— Nada. — Ela balançou a cabeça e se sentou na ponta da cama.
Segurei seu braço e a puxei. Quando ela se deitou, segurei sua barriga
contra a cama para ela não se mexer.
— Fique quieta, krasnyy.
— Não quero dormir agora.
Não? Me ergui um pouco e vi seus olhos nos meus.
— E o que você quer, krasnyy?
Ela umedeceu a boca, mas suspirou, negando.
— Feche os olhos, Dasha.
Ela se virou para o outro lado. Porém peguei suas mãos e prendi na
corrente que tinha da parede, bem parecida com a da outra cabana. Eu mesmo
havia colocado.
— Por favor...
— Não sou idiota, Dasha. Não confio em você para dormir enquanto está
solta ao meu lado.
— Eu jamais machucaria você — ela falou séria.
Eu me inclinei, escovando a boca em sua pele.
— O que você faria comigo, então? — perguntei, tenso.
Ela lambeu os lábios mais uma vez.
— Na-nada.
— Durma, Dasha, antes que eu esteja entre suas pernas, fazendo-a engolir
cada malcriação.
Dasha arregalou os olhos e deslizei a mão da sua barriga até a calça que
cobria sua boceta rosada. Pressionei devagar e ela gemeu.
— Durma, krasnyy.
Pude ouvir seu choramingo quando usei toda a minha força para me
afastar. Dasha ainda rolou na cama por algum tempo, mas logo adormeceu.

Dois dias depois, Dasha estava na sala quando meu celular tocou. Tentei
ignorar a calça justa em sua bunda redonda, me virando e atendendo Villain.
— Ele respondeu às fotos.
Não era sem tempo.
— Então? — perguntei, gritando para o celular na mesa enquanto eu
secava um copo.
— Ele disse que vai matar você, mas só depois de arrancar sua mão por
tocar na filha dele.
Eu ri, divertido.
— E ele quer falar com você em uma ligação. Acho que ele quer saber
seus termos.
— O.k., amanhã eu ligo para você e você liga para ele.
— Tá.
Ele desligou e me virei, vendo Dasha de pé, com o rosto branco.
— Você enviou as fotos.
Não era uma pergunta, por isso não respondi.
— Você enviou as fotos onde me tocava, comigo presa a uma coleira —
Dasha gritou. Me aproximei, querendo controlá-la. — Você me expôs nua...
depois de me prometer que não enviaria!
Segurei sua nuca e a puxei para mim.
— Ninguém viu, apenas ele. — Me inclinei, enquanto seus olhos
derramavam lágrimas.
— Você não pode me assegurar isso, Yerík! — Seu grito ficou histérico.
Estalei meu pescoço, nervoso. — Você jurou... você me pede para não mentir,
nunca, mas você mente.
— Não irei mais mentir, satisfeita? — perguntei, próximo a ela.
— Não, não estou. Como você é capaz de enviar isso... estou enojada...
— Ela andou para trás, mas segurei seu braço para a manter perto.
— Não vou machucar você, Dasha, mas vou destruir seu pai.
— E a mim no processo.
Ela bateu os cílios para evitar as lágrimas. Segurei seu rosto, me
aproximando mais, enquanto ela tentava se soltar.
— Não, não vou destruir você, krasnyy. Nunca.
Nem eu esperei ouvir tanta sinceridade em minha voz. Dasha arregalou
os olhos e respirei profundamente.
Seu cheiro agora era tudo que eu sentia. Nesses dois dias, dormindo ao
seu lado, eu sempre acordava com ela enrolada a mim, seu cabelo em meu rosto
e suas pernas em volta das minhas.
— Eu quero que você nunca mais me beije. — Dasha se recuperou,
desviando o olhar. — Nunca mais confiarei em uma palavra que deixe seus
lábios. — Ela riu, balançando a cabeça. — O que estou falando? Confiando em
um crápula, sequestrador e abusador.
— Como não irei mais mentir — pontuei devagar e apertei meu domínio
sobre seu rosto —, preciso dizer que vou beijá-la, sim.
— Você... — Seus olhos cresceram mais uma vez.
Eu bati meus lábios nos dela. Dasha grunhiu, empurrando as mãos em
meu peito, mas quando apertei sua cintura seu corpo ficou mole. Ela se
aproximou, segurando meus ombros, gemendo em minha boca. Dasha suspirou
puxando minha camisa para fora, e eu a deixei fazer isso. Ela engoliu em seco,
mordendo meu lábio e agarrei sua bunda. Erguendo-a, empurrei tudo da mesa e a
deitei lá. Puxei minha camisa do seu corpo e a calça moletom por suas pernas.
O meu lado animal queria possui-la ali, foder cada grama dela. O
racional lutava, mas era questão de tempo. Dasha e eu sabíamos disso.
— Ah! — ela gritou enquanto eu abaixava seu sutiã.
Seus peitos ficaram inchados assim que entraram em contato com o frio.
Me inclinei e lambi os bicos, fazendo Dasha gemer e empurrar os seios em
minha direção, arranhando minhas costas.
— Grite, krasnyy, ninguém está ouvindo.
— Ah meu Deus! — Sua cabeça inclinou para trás.
Eu lambi seus mamilos e me afastei, assistindo a Dasha se contorcer.
Deslizei a mão por sua coxa lentamente e enganchei meu dedo na sua calcinha.
Puxei o tecido frágil para a lateral, caindo de joelhos. Me inclinei, cheirando-a.
Era bom, muito bom e fez minha boca se encher de água. Abri os lábios
pequenos e vi seu buraco minúsculo, o mel deslizando, me fazendo engolir com
força. Pressionei seu clitóris inchado e me inclinei.
— Essa é a hora em que você fala meu nome.
Beijei sua boceta e, em seguida, deslizei a língua de cima a baixo.
— Yerík!
Eu nem havia colocado meu pau em sua boceta, mas sentia gotas de
sêmen melarem minha calça. Cada vez que ela gemia, vazava mais um pouco.
Essa necessidade crua se prolongou e agora eu estava gozando aos poucos, como
um garoto, enquanto saboreava sua boceta doce.
— É isso, krasnyy, me dê o que é meu. Você sabe que é meu, hum? —
perguntei, abrindo sua boceta mais um pouco e enfiando minha língua em seu
canal apertado.
— Oh! Yerík!
— Isso, bebê, é seu orgasmo. Vamos, quero seu mel em minha boca.
Seus dedos deslizaram pelo meu cabelo e chupei faminto seu clitóris.
Dasha gritou forte, gemendo como a porra de uma deusa do sexo. Limpei sua
boceta enquanto ela se contraía.
— Isso... isso... — Ela procurou palavras enquanto eu beijava suas
dobras escorregadias. Subi por seu corpo feito para a perversão e apertei sua
cintura. — Foi bom. — Suas bochechas estavam coradas e a ergui, ainda a
mantendo sobre a mesa.
Segurei seus seios pesados, brincando com o mamilo. Dasha suspirou
quando beijei seu pescoço. Puxei sua cintura enquanto suas mãos tocavam meu
peito. Krasnyy olhou as minhas tatuagens, minhas cicatrizes e cada pedaço
exposto meu.
— Eu quero ver... — ela murmurou baixinho e a encarei. Suas unhas
arranharam meu pau coberto. — Eu nunca... hum... vi um.
Seus seios ficaram vermelhos escarlates. Me inclinei, segurando seu
cabelo na base do seu pescoço, puxando, apenas o suficiente para ela me
encarar. Seus lábios rosados estavam inchados, e seus olhos, dilatados com o
prazer.
— Se você quer algo, não peça, krasnyy. Pegue.
Dasha abriu os lábios e lambi cada um. Sua mão puxou o cós da minha
calça moletom para baixo e minha cueca foi junto. Meu pau estava molhado, com
sêmen que derramei enquanto a chupava. Ela deslizou o dedo anelar na ponta
lentamente, me fazendo apertar meus dentes.
— Você... hum... gozou?
Deus, sua inocência me quebrava. Sua voz falando essa merda fez meu
pau endurecer mais. A dor estava me cegando.
— Enquanto provava sua boceta doce, meu pau despejou algumas gotas.
Seus olhos se arregalaram. Ela engoliu com força e usou a mão toda para
pegar meu pau.
— É muito grande. Não cabe em mim.
Sim, eu sabia dessa merda. Sua boceta era apertada demais. Meu pau a
rasgaria.
— Não vou tirar sua virgindade, Dasha.
Surpresa, ela abriu os lábios. Pressionei meu dedão contra seu lábio
inferior.
— Por que não?
Sim, imbecil, por que não?
— Porque você não merece que eu, seu sequestrador, tome isso. É
precioso demais. Não sou digno — falei rápido.
Ela engoliu em seco e apertou meu pau.
— Eu quero isso em mim — ela gaguejou, pegando uma gota da minha
porra que saía do buraco do meu pau. Dasha se inclinou para trás e deslizou o
dedo em sua boceta, melando com a gota perolada.
— Abra suas coxas, krasnyy. Separe esses lábios, vou dar o que você
quer.
Dasha arregalou os olhos, mas me obedeceu. Ela caiu na mesa
novamente, abriu as pernas e levou sua mão à boceta, abrindo-a.
— Você quer minha porra, Dasha? — perguntei, me movendo até a lateral
da mesa, ainda olhando para sua vagina exposta. — Quer, krasnyy?
— Sim, eu que-quero.
— Movimente seus dedos. Já fez isso? — perguntei, enfeitiçado pelos
dedos finos e com unhas médias brincando com suas dobras. — Já tocou em sua
boceta e gozou, Dasha?
— Si-sim.
Eu a encarei, vendo seus seios e seu rosto envergonhado, mas cheio de
prazer.
— Em quem você pensou, Dasha? — perguntei, envolvendo meu pau em
minha mão, bombeando um pouco.
— Em — ela me olhou nervosa — você.
— O que eu faço, krasnyy? Na sua mente?
Me aproximei até sua cabeça ficar bem diante da minha cintura. Ela virou
o rosto, vendo meu pau próximo da sua boca, então lambeu os lábios e respirou
fundo.
— Você coloca dentro de mim. — Quando sua voz ecoou, bombeei com
mais força.
— Você quer minha porra, então, você precisa tirá-la — falei sem fôlego,
me imaginando completamente dentro de Dasha. Fodendo-a tão duro que ela me
sentiria por dias.
— Tá. — Ela puxou a mão da boceta, mas dei um tapa em sua coxa. —
Yerík.
— Mãos na sua boceta, boca em meu pau. Agora.
Ela colocou a mão de volta entre as pernas e abriu os lábios. Pousei meu
pau ali e Dasha lambeu. Só uma vez, lentamente, mas o suficiente para eu
praguejar. Quando seus lábios se abriram, vi seus dedos em sua boceta enquanto
ela tentava me colocar na boca.
— Olha os dentes, krasnyy. Não quero que morda meu pau.
Ela sorriu devagar e lambeu um pouco mais. Na segunda vez que tentou
colocá-lo na boca, a ajudei empurrando lentamente. Dasha chupou devagar e
soltou, em seguida, ela me tomou mais um pouco. Quando sua língua quis entrar
no buraco, tirei da sua boca.
— É lá que vou gozar, Dasha — falei sem fôlego e voltei para o meio
das suas coxas.
Sua mão ainda se movimentava me deixando fascinado, mas a afastei e
coloquei meus dedos ali. Brincando com seu clitóris. Apertei meu pau, querendo
durar mais um pouco, mas quando Dasha gozou jogando a cabeça para trás, eu
me perdi.
Aproximei meu pau da sua abertura, deslizando de cima para baixo, de
um lado para o outro. Um arrepio ultrapassou meu corpo, minha coluna ficou
rígida e empurrei apenas um pouco, sem romper seu hímen, apenas a ponta do
meu pau dentro dela. Meu sêmen se derramou enquanto eu grunhia. Olhei para
nossa junção, minha porra vazando pelos cantos, molhando a mesa.
— Oh meu Deus! — Assim que Dasha gritou, senti o aperto da sua
boceta na ponta. Gozando novamente, ela me fez despejar mais, tanto que fiquei
chocado. Nunca havia gozado tanto na vida. — Yerík! — Pressionei seu clitóris
e ela gritou. Quando meu gozo acabou, retirei meu pau.
Sêmen deslizava pelo buraco pequeno e rosado, então empurrei com meu
dedo devagar, colocando para dentro.
— Você queria isso, krasnyy, minha porra em sua boceta. E veja só, há
tanta que está vazando. Você está cheia, mas você pediu e eu te dei, então precisa
guardar.
— Oh meu Deus! — Dasha gritou quando fechei suas coxas
abruptamente.
— Feche-as. Não quero uma gota fora.
Dasha me encarou com os lábios abertos. A virei para o lado, pegando
na sua bunda gostosa. Krasnyy gemeu e me inclinei, capturando seu mamilo.
Chupei com força, raspando minha barba em sua pele.
— Você vai ficar assim por um tempo.
— O quê? — Dasha me olhou enquanto eu mudava minha boca para o
outro.
— Sim, se eu vir meu sêmen deslizando por suas coxas, vou precisar
colocar mais.
Ela lambeu os lábios e subi, mordendo o inferior.
— É isso que você quer, não é, krasnyy?
Suas bochechas coraram. Peguei seu seio, apertando e aproximando da
minha boca.
— Responda.
— Si-sim — ela gaguejou e mordi seu seio com força. — Ah!
— Você precisa descansar.
Dasha acenou, engolindo em seco. Me afastei e suspirei quando ela se
sentou. Assim que seus pés bateram no chão, vi a linha brilhosa descendo por
sua coxa. Praguejei, mas apenas desviei o olhar.
— Vá para o quarto. Agora.
Ouvi seus passos e me sentei, colocando as mãos em minha cabeça.
O que você fez, seu pedaço de lixo? Minha consciência gritou
furiosamente e eu a entendia. Deveria me arrepender de ter tocado em Dasha,
mas não havia uma gota de arrependimento dentro de mim.
Apenas necessidade.
Eu a queria. De novo, de novo e de novo.

Depois de uma hora ou mais, fui para o quarto. Estava tudo escuro,
Dasha provavelmente havia adormecido. Fui para o banheiro e tomei um banho
demorado, quando saí me enfiei na cama, bem perto dela.
Seu cheiro me enebriava. Era esse seu cheiro real? Aquele que ela
escolhia ao comprar seus produtos, ou o seu habitual era completamente
diferente? Se fosse, eu não dava a mínima, pois sabia que o outro também me
enlouqueceria.
Dasha era o motivo da minha loucura.
— Yerík.
Sua voz ecoou e fechei meus olhos com força.
Queria tentar pensar sobre hoje, como fui irresponsável ao tocá-la. Será
que ela se sentiu coagida a fazer isso? Meu estômago começou a revirar. Eu
nunca toquei em uma mulher sem a sua plena autorização, sem que ela quisesse
tanto quanto eu.
— Você queria aquilo, Dasha? — perguntei de uma vez, porque eu
precisava. Necessitava.
E era estranho, porque fazia muito tempo que não precisava de nada com
tanta urgência.
— O quê? — Sua confusão só demonstrava ainda mais sua inocência.
Ela era uma maldita criança.
— Queria que eu tocasse em você? — questionei, me virando.
Dasha, mesmo no escuro, parecia nervosa. Me contorci por dentro,
irritado comigo mesmo por ter agido como um animal. Não era por que ela havia
correspondido ao beijo na floresta que realmente me quisesse.
— Yerík.
— Sem mentiras.
O silêncio nos rodeou. Quase pude ouvir seu coração batendo. Minhas
veias ardiam com o desejo insano de tê-la novamente, enquanto o nojo inundava
minha mente. Eu não deveria ter tocado em Dasha.
Ela era proibida.
Ela era filha de Kireyev.
Ela era a porra da princesa da Bratva.
— Si-sim.
O quê? Me ergui, me apoiando em meu braço, esquecendo
completamente do ferimento. A porcaria ardeu, mas continuei assim. Precisava
ver seu rosto, mesmo que fosse na penumbra.
— O quê?
Dasha engoliu em seco e tocou meu peito devagar, tão lentamente que
achei que estivesse imaginando.
— Eu quis que me tocasse, Yerík. — Ela respirou rápido.
Toquei em seu pescoço, segurando-o contra minha palma, sentindo suas
batidas sinceras.
— Você deveria ser tratada melhor. — Comecei pressionando sua veia.
— O homem que tocar em você precisa ser gentil, bom para você...
— Olha...
— Aquilo que fiz — murmurei, engolindo com força — não é certo, o.k.?
Não com você.
Seu corpo ficou rígido e ela afastou seu toque da minha pele.
— Com Aduke é? Certo? — Sua voz soou raivosa.
— Adu não tem nada a ver com isso, Dasha — resmunguei, vendo-a se
afastar completamente. Dasha se sentou e respirei fundo, fazendo o mesmo.
— Você já fez aquilo com ela? — Krasnyy acenou para a porta. —
Daquele jeito... não sei, bruto. — Ela balançou a cabeça, de costas para mim.
— O que isso tem a ver, krasnyy? — perguntei e ela me olhou por cima
do ombro.
— Já ou não?
— Já, Dasha, é claro que já. Eu sou aquilo. A sujeira, a perversão. Eu
fodo daquele jeito.
Ela arregalou os olhos enquanto eu respirava fundo.
— Eu nunca vou ser doce, ou tudo que merece...
— Não quero doce — suas palavras me fizeram calar a boca —, quero
aquilo. Você, perverso, sujo...
— Você gostou? — perguntei, por um fio.
Porque se ela tivesse gostado, ela precisava correr léguas e léguas,
porque se eu a pegasse jamais a deixaria ir.
Gostar era um grão de areia em meio ao deserto em comparação ao
quanto amei o toque imoral de Yerík. Cada segundo em que suas mãos firmes
estiveram em meu corpo, sua língua habilidosa em pontos que me faziam corar
só de relembrar, sua boca em meus seios chupando, mordendo, apertando...
Eu amei tudo que ele fez comigo.
Eu queria mais.
Queria senti-lo todo dentro de mim, sentir suas mãos em meus quadris
enquanto ele puxava minha bunda em sua direção, batendo sua pelve, indo tão
fundo que me faria ver estrelas. Do mesmo jeito do meu sonho.
— Sim, eu gostei — respondi honestamente.
— Você merece...
— Eu sei o que mereço — o interrompi, cansada. — Mas nem sempre é
o que queremos.
Yerík semicerrou os olhos, sua garganta subindo, seus ombros largos
diante de mim repletos de tatuagens que escondiam suas cicatrizes. Cada
centímetro dele me fazia desejá-lo.
— E o que você quer, krasnyy?
Eu o olhei, ainda por cima do meu ombro. Sentindo seu sêmen espesso
em minhas dobras. Não me lavei, queria senti-lo, porque quem sabe quando ou
se o teria de novo. Yerík pegou uma mecha ondulada e rebelde do meu cabelo,
tirando-o do meu rosto.
— O que você quer, Dasha?
Queria que fosse fácil querê-lo.
— Você, mas eu mereço mais.
— Merece, krasnyy. — Seu dedo enrolou em meu cabelo. — Você
merece alguém que não esteja pensando em puxar seu cabelo, empurrar a boca na
sua e comer você em um cativeiro. Você merece alguém que não fantasie foder
sua boceta virgem enquanto usa uma coleira em volta do pescoço.
Meu coração bombeou rápido quando Yerík fechou a mão em minha nuca,
puxando meu cabelo junto.
— Você merece fazer amor, krasnyy. Eu nunca seria capaz de tal feito. —
Seus dedos se desenrolaram dos meus fios e sua mão caiu. Yerík se afastou, saiu
da cama e correu porta afora, levando meu coração ensandecido em suas mãos.
Eu o esperei, mas as horas passaram e percebi que era inútil.
Yerík era o sequestrador, um mafioso insano perdido em sua mente
quebrada, mas foi o único forte o suficiente para lutar contra o desejo proibido
que ambos sentíamos.
Me perguntei se eu seria capaz de fazer o mesmo, mas a resposta estava
ali, em mim. Sentada, disposta a deixá-lo me tomar se assim quisesse.
Odiei perceber no que havia me tornado.
Uma dependente, viciada, em meu próprio sequestrador.

No dia seguinte, saí do quarto depois de tomar um banho longo, com


direito a lavar cabelo e finalizá-lo. Há dias eu não fazia isso, e hoje, eu
precisava de tempo. Talvez assim, eu criasse coragem para encarar Yerík.
Eu o vi assim que cheguei à sala. A porta estava aberta e ele estava
segurando um celular. O mesmo que usou para falar com Villain sobre as fotos
que enviou ao meu pai.
Engoli em seco, me abraçando. Como o deixei me tocar depois disso?
Como fui capaz de algo tão imundo?
Yerík enviou fotos me tocando, comigo presa a uma coleira como um
bicho. Meu pai... vergonha rastejava por minha pele.
— Vou acordar a Dasha. Daqui a alguns minutos te ligo.
Ele se virou e parou ao me ver. Eu amava o quão anguloso seu rosto era.
Quadrado, barba por fazer e olhos tão escuros quanto a escuridão da noite.
— Deite-se na cama. — Fiquei rígida com sua ordem. — Vou falar com
seu pai...
— E por que eu preciso estar na cama?
Meu batimento cardíaco acelerou enquanto ele se aproximava. Yerík
pegou a fita da bolsa jogada no canto e a coleira.
— Não...
— É uma ordem, Dasha. Você não tem opção. — Ele parecia diferente.
Mais raivoso, mais tenso, mais... perigoso.
— Você enviou as fotos...
— Vá para o quarto e se deite na cama. Agora. — Yerík chegou diante de
mim e neguei, porém, sua mão se enrolou em meu antebraço. Ele me arrastou e
me debati, empurrando seu peito, mas eu não tinha qualquer chance.
Ele me jogou na cama e ergueu minhas mãos, passando a fita.
— Não coloque essa porcaria em mim! — gritei, tremendo, vendo-o
abrir a coleira. Ele a posicionou em meu pescoço, mesmo comigo me debatendo.
— Pare!
Yerík agarrou meu pescoço, me empurrando na cama até que eu estava
deitada. Seu aperto era forte e arregalei os olhos.
— Se você gritar mais uma vez ou se debater, vou castigar você. Cale a
porra da boca.
Por que ele parecia tão furioso? O que fiz que o deixou assim?
— Por que está fazendo isso? Ontem, nós...
— Aquilo não muda nada, Dasha. Eu sequestrei você, é minha refém, eu
faço o que quiser, quando achar melhor. — Seus olhos queimavam, irritados. —
E agora, eu acho melhor você usar a coleira.
As palavras que estavam na ponta da minha língua sumiram e o vi se
afastar, fechando a coleira. Yerík se ergueu e prendeu a corrente na parede.
Então se aproximou novamente e colocou fita em minha boca.
Eu me arrastei para cima, dando graças a Deus por estar vestida.
— Eu quero suas lágrimas, Dasha.
Não as daria a ele. Ergui meu queixo séria e ele sorriu, como um
predador prestes a devorar sua presa.
— Você vai quando eu trouxer a Sarah para cá. — Suas palavras
trouxeram horror a mim. Arregalei os olhos enquanto ele se aproximava. — Ela
é forte como você, Dasha? A menininha vai ser resiliente, ou vai morrer de frio
na primeira noite? Posso usá-la para castigar você sempre que fizer algo errado.
Imagina, Dasha.
Meu coração ficou pequeno, e antes que eu percebesse, lágrimas se
acumularam em meus olhos.
— Você quer isso, krasnyy?
Balancei a cabeça rápido e com força, então ele sorriu, perverso.
— Então seja uma boa garota.
Yerík se sentou em uma poltrona, colocou a balaclava que usava no
começo do meu sequestro e posicionou o celular em um tripé.
— Kireyev. — Sua voz ecoou.
Eu respirei fundo, esperando ouvir a voz do meu pai.
— Onde está minha filha? — A urgência em sua voz me desconcertou.
Papai nunca foi amável. Ele sentia minha falta?
— Tsc, tsc, tsc... calma. — Yerík inclinou a cabeça. — O que você quer
conversar comigo, Kireyev?
— Quero minha filha de volta. — Suas palavras soaram duras. — Inteira.
— Isso, infelizmente, não posso prometer. Ela tem algumas partes que
realmente me fascinam.
— Você a tocou, seu bosta? — O berro do meu pai ecoou pelo quarto.
— Eu fiz mais...
Meu colo ficou vermelho e fechei os olhos, completamente
envergonhada.
— Eu vou matar você.
— Por ter fodido sua princesinha? — Yerík nem mesmo me encarou,
apenas ficou com os olhos presos ao celular diante dele, completamente calmo.
— Por ter matado o noivo dela, ou as dezenas de homens que vieram pegar o que
é meu?
— Seu? — meu pai gritou, insano. — Dasha não é sua, seu miserável!
— Enquanto está na minha cama, ela é.
Deus, como ele ousava mentir assim? Era óbvio que ele me tocou, mas
não me fodeu. Porque ele não quis.
Foda-se, não importava.
— O que você quer, seu infeliz? Dinheiro? Eu lhe dou.
Por baixo do pano, Yerík sorriu, inclinando a cabeça.
— Eu não preciso de dinheiro — ele falou lentamente enquanto sua mão
entrava em seu casaco. Yerík tirou uma faca e fiquei rígida. — Quero que você
assista.
— Assista ao quê?
— Você vai ver.
Ele se ergueu e andou em minha direção. Eu sabia que a câmera estava
apontada para mim. Sentia isso dentro da minha alma. Tremendo, fechei meus
olhos e senti a mão de Yerík pegar meu tornozelo. Tentei gritar, mas a fita tapava
qualquer ruído que eu quisesse fazer.
— Eu quero que você veja a sua filha.
Abri meus olhos e o vi deslizar a faca para dentro da minha calça. Yerík
puxou o cabo preto e o tecido rasgou. Ele continuou cortando até estar sobre
mim, a faca perto do meu quadril.
— A pele dela... porra, a pele dela é como algodão. Minhas mãos não
podem evitar, sempre querem tocá-la. — Sua palma agarrou minha coxa e ele se
inclinou sobre mim. — Presa, acorrentada, minha.
Me arrepiei com sua frase imunda.
A faca continuou cortando até que eu estava só com a calcinha e o
moletom. Por pouco tempo, no entanto. Yerík lambeu minha pele, rasgando o
casaco no meio. Meus seios estavam nus e isso me fez fechar os olhos.
— Porra, perfeita.
— Seu merda! — meu pai gritou e voltei à realidade.
Meu pai assistindo a ele rasgar minha roupa, me deixar nua presa a uma
coleira.
— Sim, Kireyev. Um merda sobre sua filha. — Yerík terminou de rasgar
a blusa e meus seios ficaram livres. Ele puxou a corrente, me fazendo sentar,
então suas mãos agarraram meus quadris e ele colocou minha bunda em seu colo.
Ele tirou meu cabelo do ombro direito e lambeu minha pele. — Lambendo-a,
fodendo cada pedaço dela.
— O que você quer? — papai gritou. Estremeci, fechando meus olhos
enquanto lágrimas desciam sem pudor. — Me diz o que diabos você quer e eu te
dou. Qualquer coisa. Hoje.
— Eu quero sua cabeça.
Fiquei rígida. Yerík agarrou minhas coxas, suas mãos subindo e
descendo.
— Eu quero sua cabeça dentro de uma lata de lixo em Rostov. Quando
isso acontecer, devolvo sua filha. — Suas palavras me causaram enjoo.
Meu estômago girou e balancei a cabeça para o papai. Não faça isso,
implorei com os olhos.
— Ou você me dá ela.
O quê?
— O que você quer dizer com isso? — Papai fez a pergunta que faria se
não estivesse com a boca tapada.
— Esqueça Dasha. Sem mais buscas, nada. Você, a Bratva e sua família
esquecem Dasha. — Yerík pontuou calmamente enquanto eu ainda não conseguia
entender o que ele estava falando. — Ela nunca existiu para vocês.
Não! Tirei forças do meu interior tentando gritar, me mexendo em seu
colo, mas saíram apenas grunhidos. Yerík agarrou meu cabelo, me mantendo
parada enquanto lágrimas enchiam meus olhos.
— Você a quer — meu pai falou sério e depois riu. — Eu vou pegar
minha filha, ela vai ser reinserida na Bratva, e quando eu puser as mãos em
você, irei matá-lo. Não antes de arrancar suas mãos, seus olhos e língua.
— Não a quero, eu a tenho.
Sua frase me arrepiou.
— E quando eu acabar com ela, vou matar você.
— Não vejo a hora.
— Nem eu.
Yerík pegou o celular, desligou e voltou para a cama, cobrindo meu
corpo. Ele retirou a fita dos meus lábios.
— Não quero você perto de mim! Sai agora, Yerík! — gritei, tremendo,
com nojo de tudo que ele fez.
— Não? — Ele puxou a coleira, deixando sua boca próxima à minha,
fazendo a corrente tilintar. — Você não faz ideia do que quer, Dasha.
— Sei sim! Eu jamais ficaria com você. Jamais deixaria minha família
para viver com um monstro! — Lágrimas grossas deslizaram por meus olhos. —
Eu pensei... mas você é horrível...
— O que pensou, krasnyy? Que chupar meu pau te daria meu coração
imundo?
Deus, foi como se ele tivesse me dado três tapas.
— Que sua boceta doce me colocaria de joelhos e você daria as cartas
aqui?
Virei meu rosto, sem querer olhar para ele. Porém era ele quem mandava
ali. Em mim. Por isso, não me surpreendi quando ele agarrou meu queixo e me
fez encará-lo novamente.
— Tenho você onde eu quiser. É minha para tomar e ninguém vai me
impedir.
— Quer me estuprar, Yerík?
— O quê? — ele ironizou, lambendo os lábios enquanto seus olhos
estavam presos a minha boca. — Não minta para si mesma, Dasha.
— O que...
— Cada centímetro seu quer isso tanto quanto eu. E nós odiamos isso. —
Seu dedo deslizou pela coleira e depois para meus seios, contornando o mamilo
direito. — Repudiamos desejar quem deveríamos odiar.
Respirei fundo, tremendo e sentindo seu toque em cada pedaço meu.
— Odiamos acordar todos os malditos dias desejando a única pessoa que
nunca, de forma alguma, deveríamos querer.
Mas que continuamos querendo mais ainda a cada segundo.
Ela ficou quieta porque sabia que eu estava certo.
Reuni forças latentes e a soltei, me afastando. Peguei as porcarias que
usei para a chamada e abri a porta, saindo rapidamente.
Agarrei uma garrafa de uísque, mesmo sabendo que não deveria fazer
isso, eu fiz. Virei o líquido marrom em minha garganta, dando goles rápidos.
“Ou você me dá ela.”
Soquei a parede, grunhindo.
“Sem mais buscas, nada.”
Fechei meus olhos, balançando a cabeça. No que estava pensando? No
que diabos eu estava pensando? Minha família teria vergonha de mim. Minha
mãe se enojaria com o que propus.
E tudo por causa dela.
Eu a toquei, quis de novo e de novo, e continuava querendo. Não somente
agora, mas depois. Meses. Anos. Eu a queria. Alucinadamente. Absurdamente.
Mas não podia querer.
Virei a garrafa nos lábios, fechando os olhos.
Tire essa garota da cabeça. Se livre dela.
Era isso que precisava fazer. Estava na hora de deixá-la ir.
Me sentei no sofá, ainda agarrado ao frasco de vidro. Encarei a lareira e
vi as chamas crepitarem. A cabana nova não era tão grande quanto a outra, mas
era mais quente. Respirei fundo, lembrando-me do frio que Dasha passou assim
que chegou.
Ela se sentiu como eu ao chegar à Dinamarca? Lá era tão frio. Por dias
eu só existi naquele lugar. Por quase dez anos da minha vida, fiquei preso a um
buraco, lutando para sobreviver.
Eu não me lembrava da última noite que sonhei com algo que não fossem
os homens que matei para permanecer vivo.
No círculo era brutal. Ou matávamos ou morríamos.
Sobrevivi sozinho por quatro anos até Aduke chegar. Ela era raivosa,
gritava muito, chorava demais. Ela só queria sua filha. Só isso. Me aproximei,
ela foi arredia. Não queria saber de ninguém, e quando me aceitou, ainda parecia
indecisa.
Então depois de um ano, Villain chegou.
Ele perdeu a memória, tudo que conhecia estava perdido em sua mente,
por vários momentos o invejei por isso. Queria não me lembrar de nada, me ater
apenas ao presente, mas não tive esse privilégio.
Todas as malditas noites eu pensava em minha família. Será que estavam
bem? Alguém estava cuidando deles?
Esse foi meu castigo. Imaginar demais.
Depois de quase cinco anos, a família do Villain nos achou. Eles
colocaram o círculo abaixo e nos salvaram. Lembro-me de sair daquele lugar e
pensar apenas que eu veria minha família.
Eu não os vi.
Nunca mais os veria.
Chegar a Rostov e descobrir que tudo que eu tinha havia sido arruinado
pelo Kireyev me destruiu, mas fiquei de pé e jurei vingá-los. Não importava se
teria que pagar com a vida.
Se no final eu estivesse morto em uma poça de sangue na neve, teria
valido a pena. Eu iria matar Kireyev. Iria arrancar sua cabeça e depois voltaria
para minha vida. Sem cativeiro, sem ela.
Não sabia quanto tempo tinha passado, mas ouvi gritos ao longe. Pisquei,
percebendo a garrafa com um dedo de uísque. Eu bebi tudo?
— Yerík! — A voz ficou nítida e me ergui.
Cambaleei para o lado, mas apoiei minha mão no balcão de madeira.
Andei até o quarto de Dasha ainda tonto, segurando nas paredes.
— O que, krasnyy? — perguntei, franzindo as sobrancelhas. Minha
língua parecia pesada demais.
Olhei para Dasha na cama e suspirei. Ela ainda estava presa, sem
camisa.
— Me solta. Quero ir ao banheiro — ela grunhiu, cruzando os braços
para ocultar a visão dos seus mamilos doces.
Eu acenei e me aproximei, mas percebi que estava muito bêbado. Se ela
tentasse algo, eu poderia falhar.
— Você bebeu? — Sua pergunta soou confusa.
Sim, e por quê? Fechei meus olhos, balançando a cabeça.
Porque eu era um perdedor. Um zé-ninguém que Dasha ou a minha família
não mereciam. Ninguém merecia.
— Yerík — ela me chamou mais uma vez.
— Estou bêbado. — Respirei fundo. — Não posso soltar você.
Dasha ficou rígida e passei a mão no rosto. Me sentei na poltrona, joguei
a cabeça para trás e fechei os olhos.
— Eu preciso fazer xixi — Dasha resmungou. Apertei meus dedos na
garrafa e a levei para a minha boca e bebi lentamente o restante. — Pare de
beber. O que diabos você tem?
Sim, Yerík, o que você tinha?
— Eu preciso dormir.
— E eu fazer xixi! — Dasha gritou e minha cabeça doeu. Já, porra? —
Não dorme! Me solta, juro que não farei nada.
— Por que não faria? — perguntei, abrindo minhas pálpebras e
encarando-a seminua na cama. — Por que você não pegaria o abajur ou até
minha arma e me atacaria?
Dasha ficou em silêncio, me encarando.
— Por que, Dasha Kireyev?
Ela desviou o olhar.
— Você é patética. — Minha língua enrolou e suspirei. — Tenho homens
na montanha. Devem estar chegando agora. Todos prontos para matarem quem
encontrar pela floresta.
— Yerík...
— Se eles encontrarem uma menina com curvas de uma puta, olhos
inocentes e esse cabelo... porra, esse cabelo ondulado cheiroso como nada que
eu tenha sentido... se eles colocarem os olhos em você, terei que matá-los.
Arrancar os olhos primeiro e depois matar.
Ela engoliu em seco.
— Por quê?
— Porque você é minha, krasnyy. E esse seu cabelo me deixa louco.
Dasha se aproximou um pouco, apenas o que a corrente deixava. Ela nem
percebeu, mas soltou os seios e eu podia ver seus mamilos.
— Não quero que eles me vejam. — Sua voz ecoou pequena. — Não. Eu
vou me comportar. Juro.
— Jura por quem? — perguntei, suspirando.
— Pela vida da minha irmã. Sarah.
O.k. Isso era importante.
Me ergui devagar, me sentei diante dela e agarrei a fita. Rasguei-a e seus
braços se libertaram. Soltei a coleira e ela respirou fundo, empurrando o cabelo
para trás dos ombros.
Puxei sua camisa rasgada, cobrindo seus mamilos.
— Se você não quer meu pau em você, é melhor se manter vestida.
Suas bochechas coraram e beijei seu lábio.
— Somos uma bagunça do caralho, Dasha.
— Eu...
— Vá fazer xixi — pedi antes que eu a virasse, afastasse sua calcinha e a
comesse bem ali. Forte, rápido.
Caí para trás na cama fechando meus olhos, respirei profundamente e
minha cabeça ficou escura.

Yerík dormiu assim que me mandou sair. Fiz xixi, olhei para ele por
vários minutos tentando pensar no que ele me disse. Por que, Dasha, você não
iria?
Por que não pegar agora a arma dele que estava em algum lugar da
cabana, atirar no peito dele duas vezes e fugir? Por que, sua imbecil?
Fechei meus olhos, agarrando minhas coxas contra o peito. Eu vesti outra
muda de roupas e calcei as botas. Minhas mãos pareciam pesadas segurando a
manta que Yerík trouxe da outra cabana. O encarei mais uma vez, coloquei os pés
no chão e andei devagar em sua direção.
Me sentei ao seu lado e toquei suas tatuagens devagar, com medo de
acordá-lo. Suas duas mãos eram tatuadas e uma delas tinha uma flor com uma
palavra em inglês logo abaixo. Freedom. Свобода. Liberdade.
— Não sei um décimo do que passou, suas dores ou pecado, só sei que
há algo em você... algo que não posso pronunciar ou pensar, algo que eu nunca
vou esquecer.
Afastei meu cabelo, o que ele disse amar, e sorri ao passar a mão por sua
cicatriz, a que fechei.
— Sinto muito pelo que papai fez a você, e sinto muito pelo que vou
fazer.
Eu não podia admitir que gostava dele. Isso não era concebível, e uma
parte de mim - a tola e estúpida - queria ficar ali, com ele. Queria dormir ao seu
lado, sentindo seu corpo quente e ser acorrentada por ele. Uma parte doente de
mim queria permanecer naquele cativeiro.
Peguei as correntes e prendi em seu braço devagar, calmamente para não
o acordar. Quando enfim o prendi, me afastei da cama e peguei luvas, gorro e um
casaco dele. Então comecei a caçar as chaves da moto de neve. Quando achei,
respirei profundamente. Aprendi a pilotar uma moto aquática na minha última
viagem de verão, não era tão diferente, certo?
Saí do quarto caçando as armas dele, mas não achei em lugar nenhum.
Isso levaria tempo demais. Um que eu não tinha. Yerík poderia acordar. Jamais o
machucaria, então precisava sair enquanto ele dormia. Com um suspiro de
frustração, peguei duas facas. Juntei comida e água em uma mochila, me
preparando para caso sentisse fome ou sede.
Quando saí da cabana lentamente, suas palavras voltaram para mim.
“— Tenho homens na montanha. Devem estar chegando agora. Todos
prontos para matarem quem encontrar pela floresta.”
Não, ele não tinha. Eu sabia que Yerík não confiava em ninguém além de
Villain. Aprendi isso rapidamente convivendo com os dois.
Por isso, eu sabia que não havia mais ninguém ali. Essa era minha única
chance. Não teria uma segunda e precisava fugir dele. Necessitava me afastar
dele.
Porém quando percebi sua embriaguez, em nenhum segundo pensei
realmente em fugir, só depois. Quando ele me perguntou por que eu entendi
coisas que jamais quis. Mas quando ele me pediu para jurar por alguém, Sarah
apareceu em minha mente. Minha irmã entenderia minha jura sob seu nome.
— Jura por quem?
— Pela vida da minha irmã. Sarah.
Subi na moto de neve e tentei ligar, infelizmente, não era como andar de
moto aquática. Olhei ao redor e suspirei. Droga. Me afastei dele e da casa,
decidindo que andar seria minha única alternativa. Pelo menos, não estava tão
frio e não anoiteceria tão cedo.
— Você consegue, Dasha — murmurei devagar, abraçando meu próprio
corpo.
Puxei o gorro para baixo e o tecido que descansava em meu pescoço
cobri minha boca e orelhas. Andei por um tempo, ouvindo apenas o som das
minhas botas. Eu não sabia quanto tempo havia se passado, mas estava cansada.
— Deveríamos voltar ao acampamento.
Fiquei rígida quando uma voz ecoou um pouco longe. Me afastei
lentamente para não fazer barulho até estar atrás de uma árvore.
— Não, vou matar aquele lobo.
— Cara, está frio demais.
Ambos eram caçadores. Fechei os olhos, pensando se era inteligente
pedir ajuda a duas pessoas que estavam caçando animais indefesos. Engoli em
seco. Era melhor que morrer no frio, certo? Ou não. Ser estuprada era pior.
Mordi meu lábio dormente e olhei para os lados. Eu havia saído do
caminho onde carros podiam passar, então decidi esperar que eles me
ultrapassassem.
— Olha, Rod — o que queria voltar para a cabana resmungou e sua voz
soou tensa.
— Pegadas — o que parecia ser mais bruto respondeu.
Olhei para meus pés, fechando os olhos com força. Droga.
— Quem está aí? — ele gritou.
Eu estremeci, olhando para a floresta.
— Apareça! — o segundo berrou, me fazendo soltar um gritinho
pequeno.
Porém suficiente para denunciar meu paradeiro. Peguei minha faca e
virei, vendo os dois em pé a alguns passos. Um deles era pequeno e gordo,
enquanto o outro era alto e magro. Ambos eram mais velhos.
— O que está fazendo aqui? — O bruto era o mais alto.
O medo de ser estuprada aumentou quando os dois começaram a olhar
para meu corpo, mesmo estando completamente coberto.
— Me perdi do meu marido — menti, ainda apontando a faca. — Aqui é
nosso ponto de encontro.
— Nós podemos te ajudar — o pequeno murmurou.
— Não — balancei a cabeça rapidamente —, ele está vindo. Sigam o
caminho de vocês — falei de maneira firme. O alto sorriu, negando. — Vão
embora!
— Não, boneca, não há marido. — Ele andou em minha direção, pegando
a arma que estava em seu ombro. — Só nós três. Hum?
Ele ergueu a arma e respirei fundo, tremendo. O outro andou para o lado
e eu mexi a faca entre os dois. Meu Deus. Eles me matariam. Me estuprariam e
matariam.
Yerík.
Desculpa, implorei em minha mente.
O que eles fariam comigo seria mil vezes pior do que estar em um
cativeiro limpo, ao lado de um homem, que por mais que pudesse ser o demônio,
nunca tocou em mim sem a minha permissão.
— Ele virá e vai matar você se não se afastarem de mim. — Minha voz
tremeu com a mentira.
Ninguém viria. Yerík estava preso a uma corrente. Eu o prendi. Essa era
a ironia.
Assim que acordei, senti uma pressão horrível na minha cabeça. Me
sentei devagar e olhei ao redor. Demorei apenas alguns segundos para me
lembrar onde estava e fazendo o quê. Procurei Dasha ao redor, mas não havia
sinal dela. Pulei da cama, mas o tilintar de uma corrente ecoou. Filha da puta.
— Dasha! — gritei tão alto quanto podia, mas não obtive resposta. —
Dasha!
Meus berros se repetiram até perceber meu erro. Bebi feito um porco e
ela fugiu enquanto eu dormia. Aquela peste. Subestimei Dasha. Quem diabos
teria a oportunidade de fugir e ficaria presa? Respirei fundo e peguei a corrente,
girando-a em meu antebraço.
Fiquei de pé e puxei a porcaria. Ela estava presa a uma parede de
madeira. Levaria tempo, mas eu a arrancaria dali e usaria para matar Dasha
Kireyev.
Não sei por quanto tempo lutei contra a corrente, mas consegui arrancá-la
da parede. Quando ela bateu no chão corri para fora, envolvendo a corrente fria
em meu antebraço. Peguei armas debaixo do sofá e minhas facas.
Saí da cabana e pulei na moto de neve, ligando-a assim que achei as
chaves. Acelerei, sentindo a neve respingar em meu peito nu. Ódio nadava em
minhas veias e eu queria matar. Sem parar. Apenas fazer alguém gritar de dor.
Segui as pegadas que as botas dela deixaram na neve por muito tempo.
Respirei fundo enquanto acelerava mais, e então vi suas pegadas desaparecerem.
Parei a moto de neve já pulando dela e pegando meu fuzil e faca. Apontei para
diante de mim, olhando para os lados no processo.
Pisei devagar e vi pegadas mais à frente. Mas não eram apenas duas de
Dasha. Meu corpo ficou rígido ao ver mais pegadas. Uma mais funda, de alguém
grande, e outra mais longa. Andei devagar seguindo-as e ouvi um choramingo.
Me virei e inclinei a cabeça, prendendo a respiração. Quando vi Dasha
no chão, quis arrancar a pele de alguém, ela estava com a roupa rasgada e tinha
sangue por todo lugar.
— Onde eles estão? — perguntei.
Ela arregalou os olhos ao me ver.
Me virei ao ouvir um passo e prendi a corrente no pescoço dele,
puxando-a. Empurrei minha faca nas costelas antes de ver realmente quem era. O
homem era alto e gritava quando sentiu minha lâmina. Retirei a faca, e quando a
enfiei nele de novo, foi na boca. O sangue jorrou e ouvi mais passos.
Puxei minha arma e mirei na frente, em outro homem. Ele estava com uma
arma na mão. Antes que ele pudesse pressionar o gatilho, o fuzilei. Mas em
locais que não o fariam morrer imediatamente.
Soltei o fuzil correndo e puxei o homem para perto do outro. Segurei
minha faca perto dos dois, que arregalaram os olhos.
— Quem a machucou? — Soltei a corrente, envolvendo-a em meu punho.
— Ca-cara... — O gordo chorou.
Eu olhei para o que estava com a boca esfolada.
— Vocês mexeram com a garota errada.
— Desculpa, desculpa. Nós não tocamos nela. Ela quem conseguiu nos
machucar... o sangue é nosso. — O gordo mostrou a barriga esfaqueada.
Quis olhar para Dasha, mas não o fiz.
— O.k. — Me ergui, deixei meu fuzil cair e sorri. — Você.
Eles respiraram aliviados, mas por pouco tempo. Pulei em cima dele e
enfiei minha faca em seu pescoço. Ele gritou antes do sangue inundar sua boca. O
alto e marrento, no entanto, continuava quieto. Puxei seu cabelo e empurrei seu
rosto no sangue do seu companheiro.
— Ela é incrível, certo? Inocente, jovem e, porra, aqueles olhos... —
comecei a falar devagar, enquanto ele cuspia ainda quieto. — O cabelo, então...
— Yah, o cabelo é horrível.
O que, seu filho da puta?
Ele passou a porra do tempo inteiro calado para no final falar do cabelo
de Dasha?
— Cara... — Balancei a cabeça e joguei meu antebraço, rodeado pela
corrente em seu rosto. Seu nariz quebrou e o sangue que já saía da sua boca se
juntou a ele. — Não fale do cabelo dela.
— Porra! — ele grunhiu.
Eu enfiei minha faca em sua barriga e puxei o cabo para baixo. Ele gritou
enquanto o sangue descia e suas tripas saíam. Eu sorri e o encarei.
— Te vejo no inferno, seu filho da puta.
Ele caiu para trás, com os olhos abertos. Me virei, olhando para Dasha.
Seu cabelo estava espalhado e úmido, seus olhos vermelhos e seu rosto cheio de
lágrimas. Dei passos até chegar diante dela, arrastando minha corrente na neve.
Cortei a corda dos seus punhos e segurei seu antebraço enquanto tirava a fita da
sua boca antes de me virar.
— Yerík...
— Cala a boca. Cala o caralho da sua boca! — berrei, voltando para
encarar seu rosto. — Não quero ver ou ouvir você.
— Eu só ia agradecer...
— Me agradecer? — Agarrei seu rosto, o sangue dos dois imundos
sujando sua pele. — Pelo quê? Por ter arrancado uma parte da minha parede,
corrido feito um insano atrás de você e matado os dois homens que logo estariam
te estuprando?
Dasha ficou rígida. Empurrei seu rosto, soltando seu queixo.
— Agradecer por te salvar da sua própria estupidez?
— Estupidez seria ficar tendo a chance de fugir, você sabe disso! — ela
gritou.
Eu comecei a andar, deixando os corpos para trás. Eu não dava a mínima
para essa merda.
— Você sabe disso e me fez perceber quando me perguntou por quê! Por
um momento, nem sequer pensei nisso!
— E por que não pensou? — Me virei, vendo-a me olhar, chorando. —
Por que você quer ficar, certo?
Ela não respondeu e eu me aproximei até estarmos contra uma árvore.
Ela olhou para os meus olhos, boca e depois peito. Sua respiração era rápida,
intensa e me imaginei esmagando sua boca, deitados na neve.
— Você é uma criança, e não é pela sua idade que digo isso.
Me virei, voltando a andar. Meu corpo estava dormente e eu nem mesmo
conseguia mais sentir o frio. Eu só queria chegar àquela cabana.
— Você está certo.
Parei ao ouvi-la.
— De alguma maneira completamente distorcida, quero ficar.
Porra. Fechei meus olhos, respirando fundo.
— Quero que me toque, me corrompa, me faça sentir. — Dasha
choramingou, gritando. — E eu quero desvendar você, fazer você perdoar meu
pai e, de alguma forma, conseguir que haja um final feliz para todos nós.
Eu ouvi seus passos, senti seu cheiro ao meu redor e, então, ela me tocou.
— Estou doente, Yerík, sei disso, mas não importa o quanto tente, você
ainda está na minha cabeça.
E ela na minha, me enfraquecendo.
— Suba.
Dasha fez o que mandei, e assim que subi, dirigi para casa rapidamente.
Quando chegamos à cabana, ela desceu com pressa e pulei, ainda agarrado à
corrente.
— Para onde você pensa que vai? — berrei no meio da sala depois de
bater a porta com força. Dasha ficou rígida a caminho do quarto. — Eu vou dar o
que você quer, hoje. Agora.
Ela arregalou os olhos e agarrei sua cintura. Enfiei meu nariz em seu
cabelo e cheirei. Ela tinha cheiro de morangos que eu precisava urgentemente
comer.
— Vou preparar sua boceta, krasnyy, e então, vou comer você em cada
canto dessa cabana.
Dasha suspirou e puxei seu casaco. Arranquei sua blusa e ela sozinha
desceu a calça. Suas botas saíram assim que tirei as minhas. Me sentei no sofá e
a puxei sobre mim. Sangue manchava a pele de nós dois, mas não ligamos para
isso.
— Eu queria ter fodido você na neve. Você ficaria completamente
vermelha enquanto eu comeria sua boceta. — Agarrei sua bunda e a coloquei
sobre meu pau. — Se esfregue aqui. O quanto quiser.
— Tá — ela gemeu a palavra e mordeu o lábio.
Rasguei o seu último sutiã e seus seios deslizaram. Agarrei seu mamilo e
girei com força, fazendo Dasha arregalar os olhos.
— Você vai me deixar tirar sua virgindade, certo, krasnyy? — perguntei,
amando a sensação da sua boceta se esfregando em mim. Sua calcinha estava
molhada, eu podia sentir.
— Yerík — ela gemeu enquanto eu apertava sua cintura com mais força.
— Diga. Quem vai tirar a sua virgindade? — grunhi, agarrando seu peito
com a mão que antes estava em sua bunda.
— Você. — Belisquei seu mamilo com força e ela gritou. — Você vai
tirar minha virgindade.
— Isso, krasnyy. Eu.
Nos virei e suas coxas caíram abertas. Puxei sua calcinha pelas pernas e
deslizei meus dedos em sua boceta. Seus pelos eram poucos e brilhavam com
sua excitação.
— Vamos relembrar quando gozei em você?
— Sim! Por favor — ela implorou, me olhando.
Eu tirei meu pau da calça e apertei a extensão enquanto Dasha olhava,
completamente admirada. Quando ela lambeu os lábios, sorri ao ver a gota de
pré-sêmen. Peguei com a ponta do dedo e ofereci a ela.
Dasha abriu os lábios e chupou meu dedo ainda me encarando. Jesus.
— Mantenha sua boceta aberta. — Acenei para baixo.
Ela desceu a mão, abrindo os lábios. Assim que pressionei o dedo que
ela chupou em seu clitóris, ela jogou a cabeça para trás.
Bombeei rápido, querendo manchá-la. Não demorou tanto. Dasha gemeu,
gozando com meu dedo, então me inclinei, enfiando a ponta do meu pau em sua
boceta. Dasha se arqueou e segurei sua cintura, despejando dentro dela.
— Yerík, por favor, preciso...
— Me fale e será seu, princesa.
Dasha gemeu e parei de brincar com sua boceta. Ela choramingou,
abrindo os olhos.
— O que você quer, Dasha?
— Seu pau dentro de mim — ela murmurou, com as bochechas
vermelhas.
Eu sorri e me inclinei.
— Você quer manchar meu pau com seu sangue, krasnyy? — perguntei
rouco, antes de agarrar seu cabelo e lamber seu queixo.
— Sim! — ela gritou, então empurrei meus quadris de uma só vez.
Dasha gritou tão alto que meus ouvidos doeram. Sua boceta me recebeu,
mas era como a própria morte. Apertado demais.
— Oh meu Deus! — Ela soluçou, chorando.
— Calma, ela vai se adaptar ao meu pau — expliquei entre dentes. —
Porra, é como uma luva, mas não é. Como é possível uma vagina ser tão
apertada?
— Você é enorme — ela disse, respirando fundo. — Sinto você em todo
canto.
— Posso entrar mais? — perguntei, me segurando para não me mover.
— Co-como assim mais? — ela gaguejou. Me afastei, meu pau havia
entrado mais da metade, mas ainda tinha. — Oh meu Deus!
— Vou empurrar, krasnyy. Morda meu peito.
Ela segurou meus ombros e segurei seus quadris, empurrando tudo.
Dasha gritou mais alto e levei minha mão para sua boceta. Brinquei com seu
clitóris e a afastei, capturando seu mamilo com meus lábios.
Mordi o bico com força e ela arqueou, gemendo. Seus peitos eram meu
parque de diversões. Agarrei sua bunda e saí dela, chupando seu seio. Dasha
gemeu baixinho e a fodi lentamente. Me afastei quando retirei e sorri ao ver o
sangue.
— É muito sangue — ela murmurou ao olhar.
Eu envolvi minha mão, pegando o sangue misturado com a minha porra.
Levei a mão para sua barriga e a sujei. Depois, os seios e, em seguida, seu
pescoço. Empurrei dentro dela e me inclinei, lambendo sua pele. Agarrei seu
seio, puxando-o em direção à minha boca e gemi, sentindo nosso gosto.
— Preciso que goze, krasnyy.
— Oh, Yerík! — ela gemeu, me sentindo dentro dela. Bati meus quadris
nos dela e minha porra começou a sair. Joguei minha cabeça para trás,
aproveitando cada segundo do meu clímax. — Ah meu Deus!
Olhei para Dasha e ela gritou, chorando e gozando. Saí de dentro dela e
um rastro de sêmen veio junto. Com os dedos, empurrei a merda para dentro,
mas voltava a sair.
— O que está fazendo? — ela perguntou, confusa, quando me ajoelhei e
continuei fazendo isso.
— Está saindo tudo — rosnei frustrado, mas ela riu. — Você está rindo?
— Você pode me encher de novo. — Suas bochechas coraram e ela
mordeu o lábio.
— Mantenham-nas juntas — ordenei, empurrando suas coxas fechadas.
Dasha as abriu assim que a soltei. — Dasha...
— Faça novamente.
Porra!
— Goze dentro de mim, está vazando, então você precisa me dar mais.
Meu pau ainda estava duro, e mais que eu, ele amou a ideia.
— E a dor? — perguntei, alisando sua boceta.
— Eu sei que vai cuidar de mim.
Poderia apostar que eu iria.
Yerík não podia cuidar de algo que doía tanto, tê-lo dentro de mim foi
incrível, mas não era um ajuste fácil. Minha vagina estava muito dolorida na
manhã seguinte. Eu não conseguia me mexer sem senti-la latejar.
— Está tudo bem aí? — Yerík gritou enquanto o via pegar madeiras e
cortá-la. Estavam todas em um espaço coberto no fundo.
— Sim. — Acenei, abraçando a manta quente em volta dos meus ombros.
O ar estava mais frio e parecia que meu estômago estava igual. Assisti
aos músculos dele se moverem enquanto erguia o machado, depois o
impulsionava para baixo, partindo a madeira em duas.
— Tenho o suficiente. Vamos. — Ele pegou as madeiras e nós entramos
na cabana.
Eu me sentei no sofá e apertei meus dentes com dor. Já havia tomado
remédio, mas a dor não cederia tão fácil.
— Você vai ficar bem. — Sua voz chegou a mim e o vi se sentar ao meu
lado, puxando minhas coxas para seu colo. Gemi e ele apertou minha coxa
coberta pela calça. — Eu preciso ir lá dar um fim nos corpos.
Respirei fundo ao me lembrar da floresta. Os dois homens se
aproximaram e me prenderam depois que lutei muito. Até consegui ferir um
deles. Porém era óbvio que eu não conseguiria escapar. Eles me arrastaram pela
neve, mas logo ouviram a moto de Yerík.
Acho que nunca senti tanto alívio na vida.
— Desculpa por ter prendido você. — Quando toquei sua mão tatuada,
ele olhou para nossas palmas juntas. — Estou assustada, Yerík.
— Eu sei, krasnyy. — Ele tocou meu rosto e segurou meu queixo. —
Preciso ir, tá? Fique dentro da cabana. Será rápido.
Eu acenei e o vi se erguer. Antes de ir, ele colocou mais madeira na
lareira. Esperei, ansiosa por um beijo de despedida, mas ele não me deu. Estava
sendo tão idiota.
— Não é por que ele fodeu seus miolos que vai ser seu namoradinho,
Dasha — falei entredentes, chateada comigo mesma.
Me obriguei a ir para a cozinha e preparei o jantar. Eu não era a pessoa
mais inteligente na cozinha, mas me sairia bem.
Depois de algum tempo, tinha bifes grelhados, purê de batata, arroz e
uma salada. Era o básico, certo? Esperei por Yerík por um longo tempo,
estranhando demais sua demora. Mas relaxei quando ouvi sua moto.
— Você fez comida, Dasha? — Ele sorriu ao aparecer na cozinha e dei
de ombros.
Yerík se sentou e nós dois nos servimos. Levei a colher à boca e provei o
purê. Estava muito bom. Gemi ao me deliciar e peguei mais um pouco. Assim
que ergui os olhos, vi Yerík olhando para mim.
— Guarde seus gemidos, princesa.
Meu colo esquentou, e se eu tivesse condições físicas de transar com ele,
gemeria de propósito.
— Prove minha comida — pedi, mudando de assunto.
Yerík levou o garfo à boca e arregalou os olhos, então, quando um
gemido ecoou, sorri mordendo meu lábio.
— Guarde seus gemidos, mafioso.
— Mafioso, hum? — Ele ergueu as sobrancelhas, me fazendo rir. — Eu
sou um bom mafioso. Um dos melhores...
— Você fazia parte da Bratva? — nervosa, perguntei e me arrependi
instantaneamente. Yerík parou de sorrir e desviou os olhos dos meus. — Só
queria entender...
— Um soldado iniciando. Recente demais — ele respondeu e me olhou.
— Fiz besteira, devia muito dinheiro, e quando tentei sair em busca de mais
dinheiro, para pagar ao seu pai, fui levado até a Dinamarca. Acordei em uma
cela fria, sem documentos ou celular, apenas com a roupa do corpo. — Ele
encarou o prato, mexendo o purê. — Passei nove anos da minha vida lutando e
sonhando em sair. Mas o inferno apenas continuou. — Yerík se ergueu e agarrou
a cadeira. — Em Rostov não tinha nada. Não restou ninguém. Todos mortos.
Pelo meu pai.
Ele não precisava dizer, sabia e isso doía dentro da minha alma. Odiava
que papai tenha sido a pessoa que o machucou.
— Eu sinto muito, Yerík. Por tudo. Não consigo mensurar o quanto deve
ser doloroso. — Me ergui, ficando diante dele. Toquei em sua pele e descansei
minha mão logo acima do seu coração.
Ele respirou fundo, tocou meu rosto e o olhei de perto. Como nunca tive a
chance de fazer. Ao tocar em sua barba espessa, o vi fechar os olhos, então
deslizei meus dedos por seu bigode e sorri por dentro. Quando em minha vida
que eu gostaria de um bigode?
Mas ali estava eu, admirando a beleza do homem que havia tirado minha
sanidade.
— Não é culpa sua, Dasha. — Yerík beijou minha testa e se afastou.
A sensação de perda foi esmagadora.
Quando ele pegou uma mochila de debaixo do sofá, engoli em seco ao
ver tantas armas.
— Quando quiser fugir novamente, elas estão aqui. Pegue pelo menos
uma. — Franzi as sobrancelhas, totalmente confusa. — Se tivesse com uma,
estaria em casa.
Eu teria matado os dois homens na floresta.
Eu teria conseguido fugir dele.
— Você quer que eu tente de novo? — Minha barriga esfriou enquanto
esperava sua resposta.
Yerík se apoiou na parte de trás da poltrona e fechou os olhos.
— Sim.
Doeria menos se ele tivesse atirado em mim. Apertei o casaco entre meus
dedos, tremendo enquanto lágrimas se acumulavam em meus olhos. Tentei afastar
a decepção e a rejeição, mas foi inevitável. Ontem, parecia tudo perfeito, agora,
nada nunca me magoou dessa forma.
— Então por que não me deixou ir? — murmurei baixinho, engolindo o
choro e piscando rapidamente para afastar as lágrimas.
Yerík me olhou completamente sério. Sem sorrisos, apenas mandíbula
marcada e ombros tensos. Eu me odiei por achá-lo lindo até parecendo o diabo.
— Caçar você é como estar num parque de diversões.
Meu corpo se arrepiou e ele ficou ereto, cruzando os braços.
— Quanto mais você corre, mais quero te alcançar. — Ele deu um passo
em minha direção.
— Minha liberdade é um jogo para você?
— Não, ela é minha vingança.
— Você acabou de dizer que eu não tinha nada a ver com isso, Yerík! —
gritei, completamente magoada. Como ele ousava?
Eu me entreguei a ele ontem, horas atrás, de corpo e alma enquanto
tentava segurar meu coração entre os dedos. Inutilmente, porque parecia que
cada segundo a mais dentro dessa cabana eu estava inclinada a me apaixonar por
ele.
— Minha família também não.
— Você não é tão diferente do meu pai, então... Ah! — gritei quando ele
correu até mim e me empurrou contra a parede, agarrando meu pescoço. Respirei
fundo, encarando-o enquanto via o fogo em seus olhos. — Vai me bater? Bate!
Talvez, essa merda doa menos do que as palavras que você me fala!
Ele fechou os olhos com força e senti seus dedos se desenrolarem da
minha garganta.
— Não sou igual ao seu pai, Dasha, porque eu nunca mataria você.
Ele tirou as mãos de mim e se afastou.
Yerík saiu da cabana e fiquei no mesmo lugar por vários minutos,
esperando-o voltar. Me arrastei até o quarto quando ficou óbvio que ele não
viria agora, então me deitei na cama e agarrei seu travesseiro, sentindo seu
cheiro. Quis ser forte o suficiente para afastá-lo, mas eu não conseguia.
Estava cansada demais, por isso, quando adormeci, não me surpreendi
com a rapidez.

Nos três dias seguintes não vi Yerík fora dos horários das refeições. Ele
deixava minha comida posta e saía. Eu estava cansada disso, precisava
conversar com ele. Por isso, quando anoiteceu fiz nossa comida enquanto ele
estava no sofá. Ele tinha um videogame e o ligou noites atrás.
Quando o jantar ficou pronto, nós comemos em silêncio, e quando tentei
falar algo, ele se ergueu e saiu da cabana. Mais uma vez. Como todas as noites
desde a nossa briga. Ele estava dormindo no sofá e isso estava me deixando
louca.
Eu o esperei na sala por um longo tempo. O frio havia amenizado, mas
ainda castigava, então onde diabos Yerík havia se enfiado? Fui para a minha
cama e me deitei para o esperar, mas logo adormeci.
Acordei desorientada. Ainda era madrugada, eu só não sabia que horas.
Procurei Yerík no quarto, mas ele não estava. Fui até a sala e me abracei ao ver
o sofá vazio. Onde ele estava?
Abri a porta da cabana e vi que logo amanheceria, então percebi que sua
moto não estava ali. Ele saiu? Me deixou sozinha?
Comecei a tremer por dentro. Fechei a cabana e andei pela sala, tentando
pensar no que fazer. Como ele teve coragem de me deixar sozinha nessa cabana?
Pode haver outros caçadores, pessoas querendo um lugar para se abrigarem.
Ou ele está me dando um espaço para fuga. Um onde ele não ia me caçar.
Forças, Dasha. Vá embora desse lugar.
Eu levei minhas mãos ao rosto, esfreguei e respirei fundo, olhando para o
fogo que crepitava na lareira. Era tão estúpido admitir que eu não queria ir. Que
no mais profundo do meu ser, eu queria estar ali, com ele. Não me importando
que ele havia me sequestrado e me colocado em uma coleira.
Eu só queria Yerík.
Mas eu precisava ser adulta. Precisava encarar a realidade. Estava presa
em uma cabana no meio de uma montanha coberta de neve. Yerík me tirou do
meu casamento para isso.
Ele matou meu noivo e vários soldados do meu pai no processo e me fez
ver. Ele gostou que eu assistia a eles serem mortos. Ele me assustou, me reduziu
e me humilhou. Eu não fazia ideia dos motivos que eu tinha para querer ficar.
— Vamos embora, Dasha.
Me ergui do chão, peguei minhas botas e coloquei mais uma roupa por
cima. Peguei o casaco alongado que ele tinha no armário e um cachecol
quentinho. Cobri minha boca e coloquei meu gorro. Fui ao banheiro e suspirei
me olhando. Todas as peças eram caramelo ou preta. Olhei bem para o meu rosto
e engoli em seco.
— Está na hora de ir para a casa.
Saí do quarto e fui até a bolsa de armas que ele havia me mostrado dias
atrás. Peguei uma pequena e guardei na mochila. Ainda tinha minha água e barras
de cereal.
— O.k., Dasha, você consegue.
Saí da cabana andando até a borda do caminho aberto, caminhando entre
as árvores. Yerík não veria minhas pegadas indo pelo aberto. Abracei meu
próprio corpo e mordi meu lábio já gelado, então me virei no último segundo e
vi a cabana.
Coberta de neve, vermelha como a outra. Lágrimas encheram meus olhos,
mas as afastei antes que virassem gelo e voltei para o meu caminho. Quando
andei por horas, talvez cinco ou seis, vi o que parecia ser uma cabana também.
Fiquei rígida, olhando para cada espaço.
Assim que vi as palavras bar e restaurante, respirei fundo. Talvez
pudessem me ajudar. Dei um passo, porém retornei. E se houvesse caçadores?
Se eles quisessem o mesmo que aqueles dois imundos?
Balancei a cabeça, decidida a ir embora, mas a porta abriu e uma mulher
alta sorrindo saiu, segurando dois sacos de lixo. Só podia ser um sinal.
Eu andei até ela com o coração acelerado. Assim que me viu, ela
arregalou os olhos.
— Bom dia... — comecei a falar, sentindo meu peito ser comprimido.
— Oi! Você está bem? Sozinha? — Seu rosto se tornou preocupado e dei
de ombros. — Você quer comer algo? O almoço encerrou há duas horas, mas
consigo algo para você.
— Há duas horas? — Estremeci com a informação. Isso queria dizer que
eu estava andando há muito mais tempo. Ela acenou, confirmando. — Eu
adoraria comer algo.
— Meu nome é Julie. Entre.
Eu a segui, sem dizer meu nome. Assim que entramos, respirei aliviada.
Tanto pelo calor emanando em cada poro meu, quanto por não haver ninguém no
bar.
— O movimento de caçadores diminuiu bastante com o desaparecimento
de dois deles dias atrás — Julie falou, me vendo olhar para o bar vazio.
— Por que ter um bar no meio do nada? — perguntei, confusa.
— Não é o meio do nada. — Ela sorriu. — A três quilômetros temos a
cidade.
Oh meu Deus!
— Você gostou dessa informação. — Ela sorriu e olhei para seu cabelo
ruivo natural e seus olhos simpáticos. Ela era mais velha que eu, porém, ainda
parecia jovem. — Vou preparar seu prato.
Ela saiu por uma porta e me sentei no banco diante do balcão. Fechei
meus olhos, tremendo por dentro e conseguindo respirar. Eu iria para casa. Iria
conseguir.
Então por que me sentia tão triste?
— Aqui. — Julie colocou a comida diante de mim.
Não perdi tempo. Havia comido as barras de cereal há quase três horas.
Assim que terminei, Julie ainda estava me olhando. Quando seus olhos nervosos
foram para a porta, fiquei rígida. Ela me deu um sorriso amarelo, tentando
disfarçar, mas eu soube que ela havia avisado a alguém. Mas quem? Yerík ou os
soldados do meu pai?
Eu não ficaria para descobrir.
— Obrigada, Julie — murmurei, me erguendo. Ela abriu a boca, mas
peguei minha arma e apontei para ela. — A saída.
Seus olhos duplicaram, mas ela acenou rapidamente. Julie se moveu para
a porta lateral e saí por ela, ainda mirando minha arma.
— As mulheres deveriam ajudar umas as outras. Nós já sofremos o
suficiente.
Corri mirando nela, e quando ela estava muito longe, continuei. Encontrei
uma árvore grande e comecei a subir nela, foi difícil com todo o casaco e
mochila, mas eu consegui. Respirei fundo e olhei para baixo, não havia ninguém.
Ouvi alguns rosnados e olhei para baixo novamente. Meus olhos
duplicaram ao ver um lobo completamente branco, com as patas na árvore, me
olhando.
— Meu Deus — gemi, assustada, e olhei ao redor.
Quem Julie havia chamado? Meu coração acelerava quanto mais tempo
passava. O lobo continuou ali e em certo momento se deitou. Estava cansada,
queria me deitar e dormir, meus pés doíam e agora, na árvore, o desconforto era
assustador.
— Vá embora! — gritei para o lobo, mas ele apenas me olhou. Droga.
— Você precisa mais que isso para assustá-lo.
Eu gritei olhando ao redor e vi um homem parado. Qualquer homem não,
Yerík.
— O que você...
Ele atirou, me fazendo pular e o lobo sair em disparada, sumindo pela
floresta.
— Desça daí! — Yerík gritou, me deixando rígida.
— Volte para onde quer que estivesse — falei, sem o encarar.
Ouvi seus passos e não me surpreendi quando ele começou a subir na
árvore. Porém gritei quando ele escorregou e caiu.
Meu Deus. Desci da árvore mais rápido do que qualquer coisa que já fiz
na vida.
— Yerík! — Caí de joelhos ao lado do seu corpo e toquei seu rosto. —
Yerík!
Suas mãos me agarraram rapidamente. Gritei sufocada quando ele nos
virou e cobriu meu corpo com o dele. Arregalei meus olhos e sufoquei um grito
quando sua boca tomou a minha. Yerík gemeu, enfiando a língua em meus lábios.
Gemi de volta, agarrando seus ombros e abrindo minhas coxas, recebendo
quando empurrou seus quadris.
— Você quer que eu a foda aqui, na neve, krasnyy?
Sim! Droga, mil vezes sim.
— Abra suas coxas, preciso de espaço.
Eu obedeci e ele pegou sua faca, então vi, chocada, ele rasgar a parte que
cobria minha boceta. Camada por camada. Tendo cuidado para não me ferir.
Gritei quando o ar gelado alcançou meu clitóris.
— Porra, sua boceta está tão molhada que se não engolir meu pau vai
congelar.
Meu colo esquentou e o assisti puxar sua calça para baixo. Toda dor da
primeira vez sumiu depois de alguns dias, mas agora me dizia que eu sofreria
novamente.
Yerík empurrou seu pau grosso e grande dentro de mim, e dessa vez
consegui sentir muito mais prazer do que dor, enquanto ele alargava as paredes
da minha vagina.
— Queria morder seus mamilos, mas não vou submeter você ao frio.
— Oh meu Deus! — gemi, gritando enquanto ele empurrava seus quadris
com mais força. Eu podia senti-lo em todos os lugares. Era tão apertado, mas tão
bom.
Nada na minha vida pareceu tão gostoso quanto ter Yerík me fodendo na
neve, como ele me prometeu assim que cheguei ali.
Comer Dasha parecia a única coisa completamente certa que eu fazia. Ela
gemia a cada estocada, empurrando para nos encontrarmos. Cada vez que ela
abria a boca, eu a beijava. Sua língua lambeu minha pele e ela mordeu.
— Estou tão perto... de novo. — Sua voz saiu entre gemidos.
Agarrei sua nuca, tirando-a do chão e capturando seu lábio inferior,
mordendo-o e beijando. Dasha gritou e segurou meu rosto com ambas as mãos.
Minha espinha ficou rígida e gozei dentro dela, totalmente ciente de que não
deveria fazer isso.
Minha krasnyy se arqueou apertando meu pau ao gozar mais uma vez e
soltei mais esperma, gemendo junto.
Nós ficamos quietos, respirando sem fôlego. Quando nos recuperamos,
saí da sua boceta e ela suspirou, tocando a balaclava que eu ainda não tinha
retirado.
— Julie avisou a você. De onde a conhece? — Dasha perguntou,
sorrindo devagar.
— Quem é Julie? — perguntei, franzindo as sobrancelhas.
Dasha ficou rígida e empurrou meu peito, sentando-se. Minha blusa
cobriu meu pau molhado, mas o frio logo me fez subir meu zíper.
— A moça do bar... — A voz dela quebrou e ela agarrou meu casaco. —
Vá embora.
— O quê? Do que está falando? — perguntei ao ver seu rosto apavorado.
— Entrei em um bar e quando a moça agiu estranho, soube que ela havia
avisado a alguém que eu estava lá. Quando você apareceu, achei que era você...
Quando ouvimos barulho ao longe, Dasha se ergueu, me fazendo seguir
seus passos.
— Por favor, vá. Não quero que eles peguem você. — Seus olhos
estavam cheios de lágrimas e isso me nocauteou.
Era a Bratva. Eles nos acharam.
— Yerík, por favor, vá embora! — Dasha gritou, agarrando meu rosto,
mas a puxei para mim. — Por favor, por favor, não vou me perdoar...
— Vamos embora. — Agarrei sua mão, mas não havia mais tempo.
Minha moto estava a metros longe e era de onde eles vinham. A única
coisa que tinha era o penhasco. A queda era menor daqui, mas era perigoso
demais. Dasha poderia se machucar.
— Eles não sabem que está comigo. — Ela agarrou meu rosto, me
olhando como se eu fosse alguém que ela amava. Minha garganta fechou com
esse pensamento. — Não me faça sofrer isso. Não posso ver eles levarem você
para a Rússia e te torturarem. Por favor.
Demorou apenas isso para entender que Dasha estava indo. Eu não a
veria mais. Minha krasnyy.
— Eu...
Tome de volta o controle, gritei para mim mesmo, mas ainda sentia tudo
apertando minha garganta. Olhei para Dasha e me inclinei, beijando sua boca.
Foi rápido, mas seria o bastante para eu me lembrar o resto da minha vida.
— Se cuida, krasnyy.
— Se cuida, Yerík.
Ela soluçou quando a soltei e andei rápido até o penhasco. Jamais
arriscaria a vida dela, mas a minha, sim. Se eu morresse na queda, seria apenas
o livramento da dor horrível que eu sentia e nem sabia explicar.
Mas uma coisa era certa, Dasha me mudou para sempre.

Eu o vi pular, gritei e comecei a correr, mas braços me rodearam. Braços


que eu nem tinha visto. Ouvi uma voz doce e a reconheci instantaneamente.
— Ei, Dash!
— Andrei... — Solucei, me jogando em seus braços.
Meu queixo tremia e minha boca choramingava. Por meu irmão, por mim
e por Yerík. Aquilo era o penhasco, vi quando estava na árvore. Eu sabia o
tamanho da queda. Por favor, Deus, que ele esteja bem.
— Está bem? — Meu irmão agarrou meu rosto.
Eu acenei, mentindo completamente. Eu não estava bem e possivelmente
nunca mais estaria. Sem Yerík, parecia vazio. Tudo dentro de mim parecia oco.
— Onde ele está? — Sua pergunta era raivosa. E por mais que eu
soubesse que minha família estava certa em odiar Yerík, não queria isso. Doía
dentro da minha alma.
— Ele saiu ontem. Acordei sozinha e comecei a minha fuga — falei a
verdade até certo ponto.
— Está tudo bem, Dasha. — Andrei respirou fundo, segurando meus
ombros. — Você está segura agora.
Eu o abracei com mais força, vendo seus soldados espalhados. Se Andrei
tivesse vindo na primeira vez, ele seria um dos homens que Yerík conseguiu
matar. Isso me deixou nauseada.
— Vamos embora! — ele gritou para os soldados e relaxei. — Quero
levar minha irmã para casa. Lidamos com esse desgraçado depois.
Eu ignorei sua sentença, me apeguei apenas ao fato de que iria para casa,
veria mamãe e Sarah. Isso era bom. Certo?

Cheguei à Rússia ainda enrolada no mesmo casaco. O cheiro dele estava


ali, me enfeitiçando. Eu fui levada para casa com Andrei, e quando cheguei
todos estavam na sala. Caí de joelhos assim que Sarah correu em minha direção.
— Sarah! Oh meu Deus... — Solucei, abraçando-a com força.
— Dasha! — Ela fungou, com lágrimas pelo rosto. — Você está tão
branca.
Seu murmúrio me fez rir.
— Sim, não tinha muito sol na Finlândia. — Sorri da sua inocência e
beijei seu rosto. — Você quer subir comigo? Estou cansada. De tudo. Só quero
me deitar e cheirar seu cabelo.
Sarah sorriu, acenando rapidamente. Me ergui e mamãe estava ao lado, o
rosto choroso. Eu a abracei com força e solucei quando senti seu peito balançar
com o choro. Não conseguia imaginar sua dor. Ela foi a que mais sofreu, eu sabia
olhando em seus olhos.
— Nem acredito que está em casa. — Ela sorriu, tocando meu cabelo.
— Nem eu, mamãe. — Funguei, limpando suas bochechas.
Meu pai estava de pé e distante. O olhei sobre o ombro da minha mãe.
Ele parecia o mesmo, mas não o via mais com amor como antes. Saber que ele
matou a família do Yerík mudou muita coisa para mim.
Sempre soube que ele era um homem mortal, cruel e impiedoso,
precisava ser para estar no poder de Rostov, mas machucar pessoas inocentes
era demais.
— Dasha. — Ele acenou, enfiando as mãos nos bolsos. — Tome um
banho, descanse, depois precisamos conversar.
Eu apenas acenei e subi a escada com Sarah e mamãe. Olhei para cada
canto do quarto, vendo tudo da mesma maneira. Nem sabia quanto tempo havia
se passado. As maquiagens que usei para me arrumar ainda estavam na
penteadeira, do jeito que deixei. Ninguém mexeu em nada.
— Vou preparar seu banho. — Mamãe foi para o banheiro.
Eu toquei no batom que usei, parecia que havia se passado tanto tempo,
mas não foi. Eu sabia que não.
Porém foi suficiente para que eu deixasse Yerík me tocar.
Foi suficiente para que eu desejasse seu corpo mais que tudo.
Foi suficiente para me apaixonar pelo meu próprio sequestrador.
Para amá-lo quando eu jamais deveria.
— Você parece triste, Dash — Sarah murmurou baixinho, então a olhei
pelo espelho. — Você não queria voltar?
Não, pequena Sarah. Eu não queria voltar.
Queria estar com ele, queria saber se ele estava bem, porque a visão de
ele caindo naquele penhasco ainda estava atormentando minha cabeça. Onde ele
estava? Já em casa com Villain, Lake e Aduke? Ou na cabana sozinho e
machucado?
Lágrimas grossas encheram meus olhos e me virei para a minha irmã.
— Eu queria te ver, Sarah. Estava com saudade. — Puxei-a para mim
mais uma vez e solucei baixinho. Amava minha família, mas havia deixado meu
coração naquela floresta, com Yerík.
Mamãe saiu do banheiro e me ergui, acariciando o rosto da minha irmã.
— Eu queria algum tempo sozinha — pedi para a mamãe.
— Claro, meu amor. Vamos Sarah. — Ela tocou em minha irmã mais
nova e ambas andaram em direção à porta, porém, chegando lá, mamãe se virou
e deu um sorriso triste. — Você está segura, Dasha, ele nunca mais vai colocar
as mãos em você.
Eu sabia, mamãe, e era exatamente isso que doía.

Meu corpo doía em todos os lugares, mas era pior dentro de mim. Odiava
tudo que eu sentia. O fracasso. A dor. A falta.
Dela.
Pensar em nunca mais pôr as mãos nela me causava agonia pior que a que
experimentei enquanto arrastava minha perna quebrada por horas pela neve até a
cabana.
Encarei as paredes, odiando cada pedaço do lugar. Queria queimar tudo,
ir embora sem olhar para trás, e não era apenas por causa de Dasha, era porque
agora essa merda significava meu completo fracasso.
Não consegui vingar minha família, apenas sucumbi a um desejo insano
pela única mulher que eu nunca poderia querer.
— Você está bem? — Finley apareceu, com a mala de médico, então
percebi que não ouvi o carro de Villain se aproximar.
Era noite e já havia sangrado como um porco.
— Não. Eu vou desmaiar logo. — Fui sincero, porque eu estava me
sentindo fraco.
— Vamos embora. — Villain entrou na cabana e parou. — Seu rosto está
fodido.
Yes. E não era só ele.
Ele me levou para o carro enquanto Finley começou os primeiros
atendimentos.
— Eles a pegaram? — Villain perguntou, me olhando pelo retrovisor.
— Sim. — Me senti destruído.
Eu deixei meus sentidos se perderem na escuridão. Lá não era tão
horrível quanto a realidade.
Assim que acordei, olhei para o teto branco. Respirei aliviado por ter
dado tempo de Villain chegar ao hospital. Olhei para o lado e encontrei ele e
Lake juntos, em uma poltrona. Ela estava em seu colo, agarrada a ele enquanto
dormia.
— Costuraram sua perna com alguns ferros. — A voz de Finley ecoou,
então a encarei do outro lado. Ela estava vestida com um casaco que era o dobro
do seu tamanho. — Foi quase, Yerík.
— Obrigado, Fin. — Estendi minha mão e ela a pegou.
— Ei. — Villain resmungou.
Eu o encarei quando Lake bocejou e se ergueu assim que me viu
acordado.
— Graças a Deus! Tudo bem? — Ela piscou os olhos rapidamente.
Lake e eu não éramos próximos, mas depois do seu casamento com
Prince foi inevitável não a ter ao redor.
— Sim. Vou ficar quanto tempo com isso? — Acenei para os ferros na
perna, fazendo uma careta.
— Um bom tempo. — Uma mulher loira entrou no quarto, percebi que
era a médica. — É inacreditável que conseguiu pular de um penhasco e quebrar
apenas uma perna e cortar o rosto.
Sim, era um milagre. Só não sabia por que Jesus daria algo tão valioso a
um homem como eu.
— Você precisa fazer alguns exames na cabeça, mas nada com que
precise se preocupar. — Ela sorriu e acenei, olhando para a janela.
— Eu vou tomar café, vamos Fin? — Lake andou para a porta e a médica
seguiu as duas, me avisando que uma enfermeira viria para me levar até a sala de
exames.
Villain parou ao lado da cama e segurou meu ombro. Doeu, mas
permaneci parado. Sabia do que ele queria falar.
— Vamos focar em sua recuperação. Vai levar um tempo para conseguir
andar, então...
— Você me acha um idiota? — perguntei, sufocado, e encarei meu
melhor amigo.
— Por que você está me fazendo essa pergunta estúpida?
— Planejei tudo, pensei em cada detalhe, e para quê? Para ela ir embora
e eu me jogar em um penhasco! — Aumentei a voz, rígido.
Villain segurou meus ombros e se aproximou. Eu podia sentir sua fúria e
tensão.
— Você acha que falhou?
— É óbvio que falhei!
Villain sorriu, negando.
— Não, você não falhou. Dasha vai levar isso para sempre e Kireyev vai
ter que assistir à filha cair dentro de si mesma. Você não falhou, Yerík.
Não era isso que eu queria.
— Quero matá-lo. Quero a cabeça dele em minhas mãos.
— Então nós vamos pegá-la, mas depois da sua recuperação.
Villain me soltou e cruzou os braços.
— Ninguém sabe que foi você. Rostov foi sua cidade por muito tempo.
Está na hora de fazer as malas e voltar.
Observei meu amigo e ele riu, com o semblante completamente sombrio.
Respirei fundo e acenei.
Ele estava certo.
Em todas as vinganças havia plano B, eu estava prestes a fazer o meu.

Saí do hospital dias depois e em uma cadeira de rodas. Odiei a porcaria


em cada minuto, e a odiei mais ainda quando os dias se passaram e eu não
conseguia nem sair de casa.
— Você vai fazer um buraco no chão — Finley gritou da cozinha
enquanto preparava o jantar. Villain e Lake viriam também.
Eu parei a cadeira de rodas e a encarei.
— O chão é meu, pelo que me lembro.
— Ah, você realmente está com um humor dos diabos. — Ela jogou o
pano de prato em meu rosto enquanto colocava a mesa. — Aduke está aqui,
aliás.
O quê? Nervoso, a encarei e Fin acenou.
— Ela chegou de viagem agora. Lake foi buscá-la no aeroporto.
— Ela tem milhas, por acaso? — perguntei, virando o rosto.
— Quando alguém que amamos se machuca, é normal que viajemos para
cuidar dele.
— Não preciso que ela cuide de mim — falei entre dentes. Eu a queria
vivendo sua vida, com a sua filha.
Adu já tinha perdido muito tempo, não queria que perdesse mais por
minha causa.
— Deixe de ser rabugento.
Eu ignorei Finley e encarei a tevê onde passava um jogo de beisebol. Fin
andou até mim e se sentou bem perto no sofá.
— Sei que queria estar discutindo com bêbados no bar, mas é necessário
que fique de repouso. Logo vai estar com as pernas no chão, batendo nos homens
que dão em cima de mim.
Ela riu ao falar e a encarei. Finley era nova e sempre a tratei como minha
irmãzinha. Olhando para ela, lembrei-me que Dasha deveria ter sua idade. Eu
deveria ter me mantido distante dela, como fiz com a Finley.
O problema era que aquela garota de cabelo ondulado como o mar era
um ímã e nunca pude lutar contra.
— Obrigado, Finley.
Ela sorriu e ouvi portas batendo. Olhei para a entrada assim que foi
aberta e arregalei os olhos ao ver uma menina pequena de cabelo trançado e
olhos verdes.
— Ela é... — comecei a falar, mas Aduke sorriu, acenando antes que eu
terminasse.
— Zuri, esse é o Yerík.
— O anjo da mamãe? — Ela sorriu largamente.
Meu coração ficou pequeno quando a ouvi.
— Sim, o meu anjo. — Aduke a guiou e Zuri correu em minha direção.
Quando a abracei, pela primeira vez desde que fui preso na Dinamarca, senti paz
me rodear.
— Obrigada por cuidar da mamãe. — Ela segurou meu rosto e sorri.
— Sua mãe cuidou de mim, Zuri. Eu só devolvi o gesto. — A abracei e
soltei seu corpo pequeno. Zuri olhou para Finley, com um sorriso imenso.
— Oi! Eu sou a Zuri!
Finley a chamou e as duas se abraçaram. Aduke se sentou ao meu lado e
segurou minha mão com um aperto forte.
— Pense pelo lado bom, Dasha está com a família e bem.
Eu ignorei sua voz, olhando para Zuri.
— Zuri é perfeita.
— Sim, como Dasha.
Respirei fundo e a encarei. Aduke segurou meu olhar de maneira firme.
Eu a amava por isso. Aduke nunca diminuiu o impacto das coisas por minha
causa ou por qualquer pessoa. Ela sempre fez o que seu coração mandava. O que
ela queria.
— Você quase morreu se jogando de um penhasco. Você podia ter jogado
Dasha de lá antes... por que a deixou ir?
— Aduke? — Fiquei rígido e confuso demais.
Minha ex-namorada respirou fundo, empurrando os dreads para trás dos
ombros.
— Não sou a favor disso, óbvio, mas se queria se vingar... se era
realmente sua vingança... — Ela me olhou, completamente séria. — Tirar a filha
dele o destruiria, Yerík, então... por que você não o fez?
— Ela não tem culpa de nada...
— E desde quando você pondera isso? — Sua voz ficou tensa. — Desde
quando você ou Villain pensam nos outros?
— O que você quer que eu diga? — grunhi, com o corpo tenso.
— Quero que entenda que ela nunca será sua e que você nunca poderá
voltar a vê-la.
Ao ouvir suas palavras, desviei os olhos e tentei ignorar a dor aguda em
meu peito.
— Você gosta dela.
A encarei novamente, porque eu precisava saber o que ela achava disso.
Aduke era minha melhor amiga antes de tudo.
— Não sou mais a garota que amava você. Isso mudou, sabe? Mas quero
que seja feliz. — Aduke segurou minha mão. — E Dasha, infelizmente, é
inalcançável.
— Eu não entendo nada. Tudo que está aqui — soquei meu peito — me
confunde e me irrita.
— Yerík...
— Falhei, Aduke. Nos separamos por essa vingança e eu nem mesmo
consegui cumpri-la.
— Não importa. Nada disso importa mais.
— Você está certa — confirmei, respirando fundo.
Eu não veria mais Dasha. No máximo, teria uma chance de matar seu pai,
mas vê-la ou tocá-la, jamais.
A porta foi aberta mais uma vez e Lake apareceu com Villain, abraçando-
a por trás.
— Ei! Onde está Zuri? — Lake me olhou entusiasmada. — Você a viu?
Ela é incrível.
— Vi. Ela é perfeita. — Sorri para Adu, que apoiou a cabeça em meu
ombro. — Vocês vão ficar um tempo?
— Sim, eu quero que Zuri se aproxime um pouco de vocês. — Ela olhou
para a filha e suspirou. — E vim cuidar de um rabugento, sabe?!
Eu ri balançando a cabeça e ela riu junto.
— Como está? — Villain se sentou em minha poltrona, olhando para
minha perna.
— Indo, cara.
— Tenho notícias. — Ele cruzou os braços e eu semicerrei os olhos. —
Depois de jantar conversamos.
Eu não discuti. Nós fomos para a mesa e começamos a comer enquanto
Zuri falava sobre o avião e como gostou das nuvens.
— E a neve? O que achou? — perguntei, sorrindo.
— É linda! — Ela arregalou os olhos. — Mas é tão fria. — Ela gemeu
estremecendo e todos nós rimos. — A mamãe disse que amanhã vamos fazer
bonecos de neve igual o Olaf!
Eu não sabia quem era Olaf, mas alguma coisa me dizia que amanhã
descobriria.
Assim que Lake e Aduke começaram a tirar a mesa, enquanto Finley
ficou com Zuri vendo tevê, eu e Villain fomos para a varanda. Ele empurrou
minha cadeira de rodas até ficar ao lado de uma cadeira de balanço.
— Dasha está bem. Meu contato disse que ainda não sabem quem era o
sequestrador e que ela não falou como ele era. Dasha disse que ele se mantinha
com a balaclava.
Krasnyy.
Fechei meus olhos, colocando minhas mãos atrás da minha cabeça.
Villain me observou em silêncio enquanto eu me odiava.
— Essa garota mexeu com você.
— Eu odeio isso.
— O quê? Querer ela para você? — Meu melhor amigo me encarou. — E
se ela quiser isso também? Dasha poderia ter entregado você, seu nome, mas não
o fez. Por quê?
— Não sei, mas não posso alimentar o animal dentro de mim que clama
por ela.
Eu não faria isso.
Não podia.
Senti a neve em meus dedos, o gelo queimando minha pele enquanto
tentava absurdamente sentir algo dentro de mim. Qualquer coisa.
— Você passou por um momento muito delicado, Dasha — a psicóloga
falou, sentada em uma cadeira no jardim da minha casa.
Meu pai não queria mais que eu saísse. Não havia idas a nenhum lugar,
nem mesmo à terapeuta que mamãe o obrigou a aceitar. Ela estava raivosa e foi a
primeira vez que mamãe conseguiu algo com ele por si mesma.
— É normal se sentir assim.
Deslocada. Triste.
— Normal querer voltar para o próprio cativeiro? — perguntei de
maneira firme.
A mulher me olhou sob seus óculos com haste preta. Pietra era ruiva,
mais velha e tinha um olhar suave que me acolhia enquanto eu falava. Ela nunca
me olhou com aversão ou nojo. Só me aceitou.
— Estamos há um mês fazendo isso, Dasha. Posso afirmar, com clareza,
que você está passando por uma síndrome.
Estocolmo.
Sim, ela me disse uma sessão atrás.
— E ela tem cura. Vai passar — Pietra afirmou, se inclinando para me
tocar, mas me esquivei. — Esse homem que a levou da sua família não é seu
salvador ou protetor. Ele é um criminoso.
— Então por que ele fez eu me sentir tão bem? Por quê? — Meu
batimento cardíaco acelerou.
Por que eu dormia e acordava querendo-o ao meu lado?
Por que eu sonhava com ele todas as noites?
Por que Yerík não saía da minha mente?
— Porque você estava em um momento frágil, de vulnerabilidade. Dasha,
você precisava do mínimo de afeto, e quando ele lhe deu, você potencializou.
— Quando vai passar?
Quando? Por favor, quando pararia de sentir frio na madrugada,
querendo-o perto de mim?
Quando eu pararia de imaginar maneiras de estar com ele mais uma vez?
— O tempo vai ajudar você.
O tempo era subestimado. Em dias estúpidos, me entreguei a Yerík de
corpo e coração. Talvez, até de alma. Enquanto que, há semanas aqui, com
Pietra, e não vi nenhuma evolução.
— Nossa sessão acabou, mas quero que você faça algo. — Pietra pegou
sua bolsa. — Eu quero que coloque em um papel duas ações dele que a fez se
sentir bem e duas coisas que lhe causou mal-estar.
Eu engoli com força e ela se ergueu. Também me levantei e lhe dei a
mão.
— Nossa sessão é confidencial. Nada sairá daqui. Você sabe disso,
certo, Dasha?
Eu sabia. Levei quase cinco sessões para falar sobre Yerík. Não queria
que meus pais soubessem disso. Nunca.
— Até sexta. Obrigada!
Observei-a ir embora e voltei a me sentar. Não estava nevando, mas
havia bastante acumulada. O jardim da mamãe ficava em uma cabana de vidro. A
neve nunca manteria suas flores vivas.
Olhei para o caderno diante de mim e pensei nas coisas ruins primeiro.
Ele me prendeu em uma coleira.
Ele me deixou correr na floresta coberta de neve apenas para gravar e
enviar ao meu pai.
Havia tantas coisas horríveis que ele fez que me causaram mal-estar.
Pulei algumas linhas e pensei nas boas.
Ele cuidou de mim quando adoeci.
Ele me protegeu quando fui impulsiva.
Não havia muitas coisas e isso me fez querer chorar. Pietra deveria estar
certa. Eu estava doente. Não havia maneiras de me apaixonar por um homem que
mais me tratou mal que bem.
Dobrei a folha e a guardei no casaco. Voltei a pegar no gelo suave e ao
ouvir um carro, me virei e o vi parar diante de casa. Andrei desceu e caminhou
para a mansão, porém, antes de entrar, me viu.
— Tudo bem, Dash? — ele gritou, mudando a direção e caminhando até
mim.
— Sim. Eu estava com a psicóloga — respondi, me erguendo. Ele abriu a
boca, mas voltou a fechá-la. — Papai disse que quer falar comigo.
Meu irmão engoliu em seco e acenou. Eu sabia que a conversa não seria
boa.
— Você não se lembra dele mesmo? — Andrei me olhou completamente
sério. — Dash, se está com medo... você não precisa ter. — Ele passou a mão
pelo cabelo. — Ele nunca mais vai colocar as mãos em você. Nunca, Dasha.
Você pode falar. Tudo.
Meus olhos se encheram de lágrimas e pisquei para afastá-las. Meu
irmão se aproximou e tocou meus ombros.
— Eu juro, princesa. Não vai acontecer nada. Nós só precisamos saber
como ele é, qual o nome dele...
Ele achava que eu estava com medo de Yerík. Medo de ele me pegar
novamente, mas era totalmente o contrário. Eu estava chorando porque nunca
mais o veria.
— Ele ficava com a touca. Nunca vi seu rosto. — Reuni forças e
murmurei, olhando para meu irmão. — Ele tinha cuidado com tudo. Nunca soube
seu nome.
— Dasha. — Andrei respirou fundo
— É a verdade.
— O.k., o.k. — Ele me puxou e sentei quando empurrou meus ombros
para baixo. — Eu preciso perguntar isso, o.k.? Não minta, não se envergonhe.
— Tudo bem. — Minha voz estremeceu, estava nervosa. O que ele queria
saber?
— Ele tocou em você? Papai falou sobre as fotos...
Meu estômago deu um nó e fiquei com vergonha. Olhei para longe do
meu irmão e ele suspirou.
— Ele estuprou você, Dasha?
Não, ele não me estuprou. Eu o deixei me tocar, quis tanto seu toque que
ficava zonza a cada vez que ele me dava, o desejei mais que o ar e ainda o
queria.
— Não — falei de maneira firme. Meu irmão ficou em silêncio,
estudando meu rosto. — Eu juro. Ele não me estuprou.
Andrei deixou os ombros caírem, aliviado.
— Sei que você não quer ouvir isso e que está cedo, porém, quero ser a
pessoa que vai lhe contar.
Senti meu corpo ficar rígido e meu coração bateu mais forte. Andrei
continuou me olhando sem falar nada e isso me deixou ainda mais preocupada.
— O quê? O que você quer me contar?
Mil coisas passaram pela minha cabeça. Eles pegaram Yerík? Mataram?
Imaginei cenários horríveis, e quando ele falou percebi que o único pior eu não
havia pensado.
— O papai me disse que o irmão do Dimitri tem interesse em se casar
com você, já que ele morreu.
Tremendo, arregalei os olhos e ele segurou minhas mãos. Não, eu não
queria.
— Não quero. Não agora e nem nunca. Por favor... — implorei a Andrei,
sentindo um caroço em minha garganta.
— Dasha...
— Eu passei pelo inferno... me deixem em paz, por favor.
Meu irmão me puxou para o seu peito enquanto revivia meu noivado com
Dimitri. A raiva por ser obrigada àquilo. Eu sentia muito por sua morte,
realmente sentia, mas ele nunca foi alguém por quem senti qualquer tipo de
afeição.
— Tudo bem, Dash. Tudo bem.
Não estava nada bem. Andrei era o braço direito do meu pai, mas sabia
que ele não tinha poder sobre esse tipo de decisão.
E isso me preocupava.

Mamãe entrou em meu quarto uma semana depois, enquanto eu me


escondia no banheiro. Havia algo em meu estômago. Nada conseguia ficar em
minha barriga é isso estava me deixando fraca.
— Dasha, tudo bem? — Sua voz ecoou pela porta.
— Sim. — Pressionei a toalha molhada em minha testa. — Está sim. —
Forcei minha voz e respirei profundamente.
— Mirkka está aqui.
Meu corpo se mexeu rápido e me ergui. Mirkka estava viajando pelo
mundo desde que terminamos a escola. Não mantivemos tanto contato, mas eu a
adorava.
— Peça para ela subir. Estou indo.
Mamãe ficou em silêncio por um tempo e abri a porta.
— Estou bem. Peça a ela para subir, por favor.
Ela acenou antes de tocar meu rosto.
— Você parece mais magra. Está pálida...
— Eu estou bem. Só amanheci indisposta.
Mentira. Estava assim há dias.
— Dasha...
— Peça a Mirkka para subir, hum? —a interrompi e me sentei em minha
cama.
Mamãe suspirou por fim, acenou e saiu do quarto, me deixando respirar
aliviada.
Assim que Mirkka surgiu na porta, corri até ela e a abracei.
— Ei, como você está? Andrei me contou. — Ela me olhou com pesar.
— Estou bem. — Acenei, puxando-a para a cama. — Como está sua
irmã?
Mirkka era irmã da esposa de Andrei.
— Bem. Você sabe, Andrei coloca Aslin em um pedestal.
Sim, ele a colocava.
— Você quer falar sobre lá? — Mirkka segurou minha mão, triste. — O
safado machucou você?
— Não, Mirkka, não quero falar sobre lá.
Soltei a mão dela e desviei os olhos.
— Tudo bem. Olha, vai ter uma festa na casa do Mick.
Sair? Eu não queria pensar nisso. Não sabia se conseguiria pôr os pés na
rua.
— Talvez, sair seja bom...
— Mirkka...
— Olha, sei que tudo foi fodido, mas você precisa tentar — ela
resmungou, me olhando.
— Meu pai não vai deixar.
— Ele não precisa saber.
Mirkka sorriu maléfica e balancei a cabeça. Olhei para o espelho e
estremeci ao me ver. Pálida, fraca e destruída por dentro.
Eu não estava mais na Finlândia, nunca mais estaria. Eu precisava seguir
em frente.
— O.k.
Mirkka passou o dia comigo, e à noite emprestei uma roupa a ela. Nós
saímos escondidas, o que sabíamos fazer desde a adolescência. Havia uma parte
da minha casa sem vigilância, e lá havia uma saída de funcionários.
— São eles.
Mirkka sorriu ao ver Mick. Ele era seu namorado na época da escola,
talvez rolasse um remember hoje.
Nós entramos no carro e sorri para Ivo e Trevor. Eles eram amigos de
Mick.
— Ei, Dasha! Não vai rolar morte hoje, hum?
Eles sabiam que minha família comandava Rostov sob os comandos da
Bratva. Aprendi desde cedo deixar essa parte oculta, mas ouvir o sobrenome
Kireyev era uma grande afirmação.
— Sem mortes.
Talvez, exatamente por toda essa fama horrível, que eu nunca havia
beijado ninguém. Os garotos tinham medo.
— Aonde vamos?
— Meu tio me deu as chaves do apartamento dele. Vamos para lá. As
pessoas chegam depois.
— Vai ser ótimo! — Mirkka sorriu para mim e acenei, tentando sorrir de
volta.
Olhei para cada paisagem de Rostov. Quando chegamos à rua deserta,
flashs do meu carro, Sergey, cruzaram minha mente. Lembrei-me de sair do carro
e ver Yerík.
— Dash, tudo bem? — Mirkka perguntou, então percebi que estava
apertando sua mão.
— Sim, sim — menti enquanto meus olhos voltaram para fora. A floresta
ficou visível e respirei fundo. Eu podia me ver correndo entre as árvores e
depois batendo no peito do seu melhor amigo. Quase pude reviver seu aperto em
mim raivoso, enquanto eu quase morria de medo.
Era ridículo pensar nisso com algum tipo de saudade, certo?
Chegamos à cidade e respirei fundo. Mick estacionou em um prédio e nós
fomos para o apartamento. O elevador era pequeno e nos esprememos nele para
chegar ao décimo andar. Assim que chegamos ao local, olhei ao redor enquanto
Ivo se jogava no sofá que um dia foi novo, e Mick ia colocar as cervejas na
geladeira.
— Esse apartamento é legal. — Mirkka andou por ele e a segui.
Chegamos a um quarto, mas enquanto ela entrava nele, eu seguia pelo corredor.
Abri uma porta e olhei para dentro. Conseguia ouvir meu coração
batendo devagar, queria apenas um lugar para descansar, por isso dei passos até
a cama. Me sentei, respirando fundo com os olhos fechados. Quando os abri, vi a
cômoda com o abajur. Abri uma gaveta, sendo impulsionada pela curiosidade.
Assim que vi uma foto, a peguei.
Meu corpo arrepiou e olhei para a imagem, semicerrando os olhos.
Havia uma família. Três garotos e uma senhora que sorria com facilidade. Virei
a fotografia e vi uma frase.
Família Dimidov.
Voltei a olhar para a foto e meus olhos pousaram no garoto mais alto.
Seus olhos pretos e seu rosto quadrado. Meu batimento começou acelerar e meu
dedo deslizou pela imagem dele.
— Esse é o primo do meu tio.
Pulei com a voz de Mick atrás de mim, então me ergui, respirando com
dificuldade.
— Qual o no-nome de-dele? — Minha voz quebrou enquanto meus dedos
tremiam, ainda segurando a foto.
— Eita, espera... — Mick pensou enquanto franzia a testa, e quando abriu
a boca, quase despenquei no chão. — Yerík.
Não era possível. Ele...
— Essas pessoas na foto... — Tentei me controlar para Mick não pensar
nada, porém, estava cada vez mais difícil.
— A mãe e os irmãos dele. Yerík morou aqui por um tempo. Deve ter
esquecido essa foto.
Ele esteve aqui? Nesse apartamento? Olhei ao redor, enquanto minha
garganta fechava. Ele esteve aqui. Oh meu Deus.
— Ele foi embora há um tempão — Mick continuou falando e agradeci
sua boca grande naquele momento. — Enfim, hoje ele mora bem longe. Meu tio
tem uma foto do lugar.
— Sério? Nossa. — Tentei desconversar e soltei a foto.
— E aí? Vamos beber? — Ele sorriu.
Eu acenei, apertando minhas mãos contra meu jeans. Voltamos para a sala
e me sentei quando colocaram uma cerveja em minha mão. Passei a noite
olhando para cada espaço, imaginando Yerík ali. Quando fui embora, dei um
jeito de voltar ao quarto.
Mesmo sabendo que era arriscado, levei a foto comigo.
Ao chegar à minha casa despercebida, deitei na cama e segurei a foto
diante do meu rosto. Yerík estava sorrindo enquanto segurava os ombros de um
menino mais novo. Ele era lindo hoje e quando mais jovem também.
— O que está fazendo agora, Yerík?
Você se sente tão perdido quanto eu?
Sente minha falta da mesma maneira que sinto a sua? Desesperadamente.
Eu odiava perceber que havia me apaixonado por meu sequestrador.
Odiava entender que essa paixão era uma doença.
Uma da qual eu logo esqueceria. Um dia iria acordar e tudo que sentia ia
acabar. Toda essa necessidade de tê-lo comigo ia sumir. Pietra disse isso. Ela
disse que não era real. Nada que eu sentia por ele era real.
Mas por que parecia tão real?
Zuri juntou muita neve e começou a formar seu boneco assim que
tomamos café da manhã. Ela sorria e ficava me chamando a cada etapa
concluída.
— Ela está apaixonada por você — Aduke murmurou ao meu lado
enquanto me entregava uma xícara com chocolate quente.
— Causo esse efeito.
Adu revirou os olhos e eu ri. Finley deu tchau, indo para casa depois de
semanas aqui. Aduke e Zuri ficariam comigo agora.
— Como a perna está?
— Indo. A médica disse que temos alguns meses para a recuperação
ainda.
Eu estava odiando isso, mas o que podia fazer?
— Vou ficar aqui pelos próximos meses. Vai ser bom para Zuri.
Olhei para Adu e ponderei seus motivos para estar aqui. Não fazia muito
sentido.
— Onde está o pai da Zuri? — perguntei rápido e ela ficou rígida.
— Eu...
— Ele sabe onde a filha está? — questionei, enquanto Aduke desviava o
rosto.
— Ele está lá. Não procurou Zuri nem quando era um bebê, quanto mais
agora. — Aduke virou sua caneca na boca devagar e respirou fundo. — Eu vim
para cá pra cuidar de você, mas também para entender como posso continuar a
viver.
— Como assim?
— Quando voltei, todo mundo já tinha sua vida, seus empregos... apenas
fiquei à deriva. Essa sensação me nocauteou.
Eu a entendia. Fiquei um tempo no apartamento do Dario e sempre o via
com sua família. Me senti deslocado.
— Então, Zuri se conectou comigo. Ela começou a realmente confiar e
gostar de mim. Eu criei laço com ela. Um que todos os anos no círculo me privou
de ter. — Aduke sorriu e olhei para a filha dela. — Ela é minha vida e quero dar
um lar para ela. Agora somos nós duas.
— Fiquem aqui o tempo que quiserem. Kemi é uma cidade maravilhosa,
tirando o frio, acho que você e Zuri vão se acostumar. — Apertei sua coxa e
Aduke descansou a cabeça em meu ombro.
— Vou ao bar hoje. Lake disse que sem você, toda ajuda é bem-vinda.
Eu acenei, porque realmente era.
— Zuri e eu vamos nos divertir.
— Não tenho dúvidas.
Nós dois continuamos assistindo à filha dela fazer bonecos de neve. A
admirei com carinho e pensei em algo para Aduke fazer em Kemi.
— Você ainda tatua bem, certo? — perguntei baixo e ela franziu as
sobrancelhas.
— Tatuo. Sabe, foram anos de experiência. — Ela tocou a cruz em minha
têmpora e acenei.
Aduke e Prince sempre fizeram minhas tatuagens. Ambos eram bons
nisso.
— Então, você deveria abrir um estúdio. Sabe, começar algo seu.
Ela arregalou os olhos e sorri ao ver a excitação dentro das suas íris.
— Sim, nossa, seria perfeito! — Ela pulou em meus braços e me beijou.
Só entendi que foi em minha boca quando arregalou os olhos. — Desculpa, ia
beijar sua bochecha...
O.k. Não era nada de mais.
— Tudo bem, relaxe.
Ela engoliu em seco e acenou.
— Mamãe! — Zuri gritou e nós viramos rapidamente. — Falta o
cachecol!
Aduke sorriu e se ergueu.
— Vou pegar, meu amor!
Eu me recostei não cadeira e fechei os olhos. Fiquei rígido ao ver Dasha
com lágrimas nos olhos, parecendo triste. Abri minhas pálpebras rapidamente e
respirei fundo.
Saia da minha cabeça, krasnyy.
Peguei a caneca de chocolate e virei, engolindo o líquido quente. Eu
precisava sentir algo, dor ou ódio, para parar de pensar. Meus pensamentos
sempre me levavam a ela.

Quase três meses depois da cirurgia, eu estava cansado da cadeira de


rodas e da porcaria dos ferros e parafusos na minha perna.
— A médica disse se retiravam hoje? — Villain perguntou enquanto me
ajudava a entrar no carro.
— Não, mas ela vai retirar. Estou cansado dessa merda.
— Você precisa fazer fisioterapia.
— Eu já faço, todos os malditos dias.
Meu melhor amigo acenou, não querendo discutir, então começamos a
sair da frente da minha casa em direção ao hospital.
— Sobre sua volta a Rostov...
Eu voltaria em breve. Só precisava tirar essas porcarias da perna. Villain
e eu já havíamos definido um novo plano.
— Lembre-se...
— Sem ver, falar ou tocar em Dasha. Eu sei, cara.
Villain respirou fundo, porque nós dois sabíamos que esse era o
principal desafio. Não tínhamos certeza de que eu me manteria longe caso a
visse quando estivesse lá. Essa era minha maior preocupação e a de Villain
também.
— Estou falando sério. Nós temos uma única chance, não desperdice por
causa de uma mulher.
Uma mulher.
Ela não era qualquer mulher. Ela era a minha krasnyy, a garota com
menos da metade da minha idade que virou minha cabeça.
A garota que se enraizou dentro da escuridão em meu peito.
Dasha Kireyev seria minha ruína se eu a visse.
— Não irei vê-la.
— O.k., seu primo já cuidou do local que vai ficar? — Villain me olhou
quando o sinal fechou.
— Sim, é no apartamento que eu morava.
— Queria ir com você...
— Você não pode.
Todos da Bratva sabiam quem ele era e de onde ele vinha. Outfit e
Bratva estavam em guerra há muito tempo.
— Estou aliviado que Aduke vai, no entanto.
— Ela não vai. Já falei sobre isso.
Villain deu de ombros.
— Nós sabemos que ela vai.
Foda-se!

Aduke estava na porta quando me viu caminhar em sua direção. Vi sua


animação de longe.
— Você tirou os ferros. — Zuri correu até mim e a peguei no colo.
Minha perna estava quase cem por cento. A médica me passou mais um
mês de fisioterapia, por isso, mais uma vez, adiei minha viagem.
— O Natal é logo aí, por que não adiamos essa viagem para depois? —
Aduke perguntou assim que entrei em casa.
Zuri desceu dos meus braços e agarrou uma boneca que Lake deu a ela
semanas atrás.
— Você vai ficar. Não insista.
Ela revirou os olhos e andou para a mesa de café da manhã. Me sentei e
me servi com café puro e ovos.
— Quero ir. Você sabe que é uma bomba-relógio.
Eu semicerrei os olhos, rígido.
— Por quê?
— Ela vai estar lá, Yerík. Você sabe disso...
— Sim, eu sei, e o que é que tem? — grunhi baixo para não assustar Zuri.
— E se ela falar sobre você? Gritar no meio das pessoas que foi você
quem a sequestrou?
Eu apertei a xícara.
— Ela não vai fazer isso.
— Quem te garante?
O que me garantia eram os olhos aterrorizados dela nos meus,
implorando que eu fosse embora. O medo, o pavor em imaginá-los me
prendendo.
Dasha nunca me entregaria.
— Eu não vou me aproximar dela. Nem mesmo estarei no mesmo salão
que ela. — Respirei fundo. — Quero seu pai. Depois de matá-lo, voltarei para
casa em paz.
Aduke me encarou por longos segundos e segurei seu olhar. Ela achava
que eu cairia por Dasha, mas não faria isso. Nunca.
Eu queria aquela garota com muita sede, porém, mais ainda, queria
Kireyev.
Dasha podia estar em minha mente mais horas do que eu era capaz de
admitir, mas eu nunca renunciaria à minha vingança.
Jamais.
— O.k., você vai fazer quarenta anos. Acho que já sabe o que é melhor
para si.
— Tenho trinta e seis ainda.
— Quatro anos, grande diferença. — Seus olhos se reviraram.
Ignorei sua resposta atrevida e continuei olhando para Zuri. Ela estava
adaptada a Kemi. Aduke a colocou na escola e todos os dias chegava falando o
quanto era incrível. Ela ainda não falava finlandês, na verdade, nenhum de nós.
O inglês era um idioma comum, então não tivemos problemas.
Já encontrei algumas pessoas que falavam em russo e me senti em casa.
Por meros segundos.
— Tudo certo com a pintura do estúdio? — Mudei de assunto.
— O ajudante do pintor foi ontem organizar algumas coisas, hoje que
realmente o cara começa.
— Se quiser, posso deixar você e Zuri hoje. Tenho que ir ao bar.
Aduke acenou, apreciando a ideia. Então nos movemos juntos. Ela pegou
Zuri e a arrumou enquanto fui tomar banho.
— Ele ainda não chegou? — Adu grunhiu, irritada, assim que entramos
no local onde seria seu trabalho.
— Calma...
— Calma? Ele deveria estar aqui. — Ela andou pela recepção cheia de
pedaços de papelão para não sujar o piso.
— Ele está aqui. — A voz do cara ecoou e Aduke se virou. Seu silêncio
me fez seguir seus passos. — A tinta que comprou era a errada, tive que levar
baldes e baldes de tinta até o depósito de ferramentas.
— Eu não comprei nada errado! Fiz o pedido conforme a lista que seu
ajudante me passou — Adu respondeu.
Eu olhei para o cara que me ignorava completamente.
— O.k., olha, por que você não sai do meu caminho e me deixa terminar
esse serviço?
— Olá? — Aduke gritou. E respirei fundo. Droga. — Você me acusou de
algo...
— E você acabou de esclarecer que o idiota burro é meu funcionário e
não você.
Ele fulminou Aduke e toquei os ombros dela. Isso o fez me encarar.
— Saia daqui agora! — Adu gritou e a puxei. — Yerík!
— Pare de ser tão irritada. Ele é o único pintor que você gostou entre
vinte. Baixa a bola. Vai ver seus equipamentos, revisar as coisas... deixa o cara
trabalhar.
Aduke empurrou minhas mãos semicerrando os olhos, mas respirou
fundo.
— Eu vou estar lá dentro. — Ela saiu pisando duro.
Eu olhei para o loiro, ele não parecia alguém que pintava casas. Alto,
cabelo loiro e olhos verdes, ele parecia tudo, menos um pintor.
— Olha, a Adu é muito irritadiça. Se você quer que esse trabalho dê
certo, releva um pouco.
Cocei minha cabeça e o homem continuou me olhando em silêncio.
— Eu preciso ir. Bom trabalho para você.
Saí do estúdio e fui para o meu carro. Senti o celular tremer e o peguei.
— Ei, cara! — Sorri ao atender Dario.
— Quando viaja?
— Precisei adiar por mais algumas semanas. Minha perna está boa, mas
a médica me passou mais fisioterapia.
Entrei em meu carro e conectei o celular ao painel. Saí do
estacionamento ouvindo barulho de música ao fundo.
— Onde você está, cara?
— Na festa do Mick. Ele fez dezenove.
O filho da sua cunhada. Me lembrava dele vagamente.
— Você não acredita quem está aqui. — Ele riu baixo.
— Quem? — Franzi as sobrancelhas.
— A filha do Kireyev. Mick e ela eram da mesma escola. São amigos.
Pisei no freio e senti meu coração parar de bater. Apoiei minha cabeça
no volante enquanto minha visão ficava turva.
— Yerík? — ele gritou, talvez ouvindo os carros ao redor.
— Dá o celular para ela. — Minha voz saiu estrangulada. Só queria
ouvir a porra da sua voz. Ela era real ainda? Ou só estava na minha cabeça?
— Cara...
— Agora!
— O.k., tá bom. — Meu primo se moveu enquanto eu ouvia o barulho da
festa. — Preciso que venha comigo. É rápido — ele falou abafado, eu sabia que
estava se dirigindo a ela.
Meu coração batia cada vez mais rápido e eu estava com medo de estar
tendo um ataque do coração.
— Cara — Dario começou a falar e fechei os olhos —, ela saiu correndo
quando falei seu nome.
Achei que nada poderia me destruir depois da morte da minha família,
mas ouvir isso quebrou cada pedacinho dentro de mim.
Eu caí sozinho, parado na avenida de Kemi, com carros ao redor
buzinando. Motoristas me xingando enquanto me ultrapassavam, mas nada era
importante.
— Preciso desligar.
— Mas o que houve? Por que ela correu? Ela te conhece?
Droga, ela me conhecia mais que eu mesmo. Ela conhecia meu toque,
minha fúria, minha paixão e meu desejo.
Dasha me conhecia.
— Esquece. Chego em breve.
Desliguei o celular e voltei a andar na pista, tentando esquecer minha
imprudência e, principalmente, a recusa de Dasha em falar comigo.
Ela não queria saber se eu estava bem? Se sobrevivi a queda daquele
penhasco? Porra, tudo que vi em seu rosto naquele momento era mentira?
Tudo isso me fez repensar meu plano. Cada passo e cada segundo me
deixou muito mais furioso.
Minhas coxas doíam e meu peito parecia tão machucado quanto
realmente estava. Corri sem parar por quadras e quadras até sentar em uma
parada de ônibus.
As lágrimas desciam a uma velocidade assustadora e o medo agarrou
minhas entranhas.
Era ele no celular. Ele estava a um toque de distância. Eu o escutaria,
ouviria sua voz e saberia que ele estava bem.
Mas não podia. Não mais. Nunca mais.
— Estou na rua Lincoln — murmurei, com o celular no ouvido.
Depois de cinco minutos, um carro preto e rebaixado parou. Respirei
profundamente e abri a porta. O ar quente me agarrou, e quando fechei a porta,
ele acelerou.
— Eu... obrigada. Não tinha mais para quem ligar.
Czar Orlov era irmão de Dimitri. Meu agora noivo, ou quase isso.
Papai não oficializou nada desde que implorei a Andrei, mas deu um
jeito de inserir Czar em tudo que nós participávamos.
— Minha família se perguntou por que você não foi ao almoço.
Eu abri a boca, mas voltei a fechá-la. Não fui porque preferi sair com
Mirkka. Era aniversário do Mick e ir até a casa do meu noivo morto e do irmão
dele não estava na minha lista de prioridades.
— Era aniversário de um amigo.
— Então o que houve na festa dele?
— Surtei e deixei tudo para trás? — Soou como uma pergunta.
Czar era jovem como eu, talvez apenas um ano mais velho. Ele era
moreno como a maioria dos russos e tinha olhos azuis. Ele era lindo, realmente
era, mas não tinha uma tatuagem acima da sobrancelha esquerda e nem milhares
de outras pelo corpo coberto de cicatrizes.
Ele não era o homem que eu queria.
— Você pode me deixar em casa? — pedi, suspirando.
Czar dirigiu em silêncio por todo o caminho, o que agradeci, quando
cheguei à minha casa, o encarei.
— Sei que você não quer esse casamento tanto quanto eu. Eu acho que se
você se negar...
— Eu quero esse casamento.
Sua voz me interrompeu e quase pude sentir meus olhos pularem do meu
rosto. O quê?
— Como assim?
— Quero você, Dasha. Quero desde que Dimitri a pediu em casamento.
Que porra era essa?
Czar se inclinou segurando meu rosto e tentei ficar parada. Minha pele
ardeu, enquanto minha respiração ficava presa.
— Eu sei que passou pelo inferno, Dasha. Vou te dar todo tempo do
mundo. — Ele continuou sério, mesmo me prometendo tudo isso. — Agora, vá
para casa. Vou inventar uma desculpa melhor para meus pais.
Eu só consegui respirar quando suas mãos se afastaram de mim e saí do
seu carro. O vi ir embora e depois corri para dentro. Minha mãe, que vinha da
cozinha, abriu a boca, mas voltou a fechá-la. A ignorei e subi a escada com
pressa.
Deitei em minha cama, agarrando o moletom ainda sujo de areia, mas
seco da neve. Não o lavei e nem queria, o cheiro dele ainda estava ali. Sentia
sua falta como se nada em Rostov pudesse preencher.
E não havia.
Yerík Dimidov estava entranhado em meu coração e eu o queria.
Por um segundo ou dois. Eu só o queria comigo.
Peguei meu celular tremendo e me sentei. Tentei pensar no que dizer para
Mick. Me passa o número do seu tio para pegar o número do primo dele?
Não, Dasha, assim não.
Balancei a cabeça, respirando fundo. Empurrei meu cabelo para trás dos
ombros e estremeci ao relembrar sua voz.
Esse cabelo me deixa louco.
Yerík me deixava louca. Só com lembranças eu poderia chegar a um
orgasmo. Só isso era o suficiente.
Ouvi batidas em minha porta e deixei o celular de lado. Quando ela
apareceu, me ergui.
— Saia daqui. Agora! — gritei, furiosa.
Não podia ver seu rosto. Eu queria vomitar todas as vezes em que a
olhava.
Não havia minha mãe ali, só uma mulher vazia que deixou meu pai me
ferir tão profundamente como nunca nada conseguiu.
— Dasha...
— Não fale meu nome, não fale comigo. Saia do meu quarto. — Peguei a
maçaneta, encarando-a com todo meu asco.
— fiz o que era o certo, Dasha. Pelo amor de Deus, faz meses, pare de
agir assim.
— Eu sei quanto tempo faz! — gritei, sufocada. Ela deslizou as mãos no
vestido. — Sei exatamente quanto tempo faz.
— Filha...
— Saia daqui. Só me deixe em paz.
Minha mãe respirou fundo, tocando o colar estúpido que descansava em
seu pescoço.
— Amanhã nós vamos a uma festa em Moscou. Descanse.
Eu a ignorei e apontei para fora. Quando ela saiu, respirei fundo tentando
deixar minhas lágrimas longe, mas foi em vão.
Eu abri uma gaveta e peguei a caixinha. Não consegui abrir, apenas fiquei
segurando-a, tentando entender como e por que a vida tinha sido tão horrível
comigo.
Eu nunca saberia.

No dia seguinte, foi a primeira vez desde que voltei para casa que desci
para tomar café da manhã. Me sentei ao lado da Sarah e ela tocou minha perna,
sorrindo.
— Fico feliz que se reuniu à sua família, Dasha — meu pai resmungou,
com o jornal no rosto, mas o ignorei plenamente.
Mamãe ficou rígida do outro lado, enquanto eu pegava panquecas e
derramava xarope nelas. Cortei e levei à boca calmamente.
— Vamos para a capital hoje. Arrumem-se cedo. Não quero atrasos.
Ainda tenho uma reunião com Igor.
Eu o ignorei novamente. Por mim, não sairia de casa, mas era uma festa
do Don da Bratva. Meu pai seria capaz de me matar se eu lhe causasse
problemas.
Andrei apareceu logo que finalizamos o café da manhã. Ele me olhou
sorrindo e fui incapaz de ignorar, mesmo com a dúvida pulsante sobre sua
participação.
— Pronta para ir a uma festa da Bratva depois de tanto tempo?
Não, não estava. Eu sabia que seria a fofoca de todos. A garota
sequestrada.
— Não muito. — Fui sincera com meu irmão enquanto andávamos no
jardim.
Sarah andava à frente, com o rosto no celular. Hoje tinha sessão com
minha psicóloga, mas mamãe desmarcou. Era bom. Ela veria minha instabilidade
depois de ontem.
— Czar disse que vocês se viram ontem.
Respirei fundo, quase revirando os olhos.
— Sim, fugi de casa e fui a uma festa do Mick com a Mirkka. Ele foi me
buscar.
Meu irmão parou de andar, mas eu continuei. Não estava com paciência
para sermões.
— Você tem noção do que fez? E se aquele desgraçado estiver por perto?
Se ele quiser levá-la de novo?
Por favor. Era tudo que pedia ao dormir e acordar. Estar com ele
novamente.
— É exatamente isso que quer, não é?
Eu parei de andar e me virei, vendo Andrei de cabeça baixa.
— Não falei nada aquele dia. Preferi me abster, porque você parecia fora
de si, mas vi algo.
Eu fiquei rígida. Aquele dia eu estava com a calça cortada e
completamente suja com o sêmen de Yerík. Ainda podia sentir a umidade que
experimentei toda a viagem de volta para casa.
Porém meu casaco cobria a parte superior das minhas coxas. Não tinha
como Andrei ter visto.
— Viu o quê?
— A maneira que gritou quando ele pulou. Aquilo foi medo por ele.
— Certo. — Revirei os olhos, rígida.
— E então, papai enlouqueceu semanas depois que chegou. Não sei por
que, mas vi mamãe apavorada.
— Eles me destruíram. Me humilharam em uma sala médica. É isso que
quer saber, Andrei? Como seus pais são horríveis?
— Pare com isso. Você está perdida dentro de si mesma. Não é mais a
nossa Dasha.
Não, não era. Deixei de ser desde o segundo que Yerík me sequestrou.
— Sua vida é perfeita, Andrei. Esposa que ama você e você a ama. Eu
tenho um futuro caótico. Não quero me casar com Czar. É ridículo casar com o
irmão do meu noivo morto.
— Que seu sequestrador matou. Você se lembra disso? Ele matou Sergey,
matou seu noivo e quase uma dezena de homens da Bratva.
Ainda doía em mim a morte de Sergey. Eu o amava. Era um homem bom
para mim, sempre foi.
Mas eu amava Yerík e amá-lo me fazia amordaçar seus erros e abraçar
seus acertos.
— Sim, ele os matou. Assisti à morte de ambos. Você queria que fizesse
o quê? Que o impedisse? — Ri sem humor algum. — Eu não consegui me salvar,
que dirá eles.
— Ele tocou em você? Não minta! — Andrei gritou. Prendi meu cabelo,
ignorando-o. — Responda à pergunta, Dasha.
— Sim.
Andrei arregalou os olhos e vi que ele parecia quase desmaiar.
— Você mentiu para mim... eu perguntei...
— Você perguntou se ele me estuprou. Eu respondi. Não. Ele não me
estuprou porque eu quis que ele me tocasse. Eu o quis, Andrei.
Meu irmão se afastou, passando a mão pela cabeça, fora de si. Continuei
rígida, encarando-o.
— Você estava doente. — Andrei respirou fundo. — Já ouvi falar sobre
isso.
É, Pietra disse o mesmo, mas já não deveria ter passado? Essa
necessidade doentia não deveria ter passado?
— Vou falar com Czar. Sua virgindade não importa para nós.
Não, não importava. O que realmente era importante era ter uma coleira
em meu pescoço com o nome da Bratva.
Fechei meus olhos ao pensar nisso. Lembranças de Yerík colocando o
objeto em mim, tudo isso me aqueceu.
— Faça o que quiser, Andrei.
Eu me virei e continuei a andar, tentando alcançar Sarah.

Moscou estava menos frio que Rostov, mas o vestido que escolhi pedia
mais cobertas. Optei por uma estola branca para me aquecer. Era tão macio que
eu a apertava contra minha pele mais e mais. Deslizei minha mão no vestido,
pela renda verde. Por baixo havia um forro dourado.
— Fiquem aqui. — Meu pai se ergueu da mesa onde estávamos ao
mesmo tempo em que eu pegava a taça com champanhe.
— Não beba, Dasha...
Ignorei sua voz e virei a taça, olhando dentro dos seus olhos.
— Dasha, você está linda. — Czar apareceu ao meu lado e fiquei rígida.
— Obrigada.
— Você quer dançar comigo? — Sua voz era simpática. Comecei a negar,
mas Andrei chegou com Aslin.
— Que pergunta, óbvio que ela quer — Andrei falou sorrindo, mas não
me olhou em nenhum segundo.
— Pois vamos lá.
Eu me ergui apenas para não deixar Czar com cara de idiota no meio da
mesa da minha família. Peguei sua mão e sorri quando paramos no salão.
— Então nosso casamento está tirando seu sono?
— Eu não diria isso. — Suspirei, olhando ao redor, ouvindo a música
lenta.
— Quando quer se casar?
Nunca.
— Não estou com cabeça para isso no momento, Czar. Um dia eu vou,
então podemos marcar.
Depois da minha morte.
— Sua família acostumou você com algumas coisas, Dasha. Uma delas é
você fazer escolhas. — Ele me puxou com força e seus dedos fincaram em minha
cintura. — Vamos nos casar daqui a um mês. Você querendo ou não.
— Czar... — grunhi, apertando meus dentes.
Eu não conhecia o desgraçado, mas não imaginei que ele fosse um filho
da puta também.
— Você matou meu irmão, sua vida será miserável ao meu lado, Dasha.
Isso eu prometo.
Eu empurrei seu peito e me soltei. Meu coração batia rápido quando
ergui o rosto.
— No dia que ousar colocar as mãos em mim novamente, vou matar você
enquanto dorme. Isso eu prometo. — Me virei, andando para fora e respirando
fundo quando cheguei à varanda. O ar encheu meus pulmões e ouvi passos atrás
de mim.
— Não vou me casar com aquele imbecil — grunhi, me virando e
esperando ver Andrei.
Mas não era ele.
— Por que não, querida Dasha? — Igor me olhou dos pés à cabeça.
Ele era primo dos Isayev. O consigliere do antigo Don. Herdou a Bratva
quando a máfia rival matou Mikhail.
— Ele me machucou — falei de uma vez, ponderando se deveria ou não
ser sincera.
— Acho que menos que o seu sequestrador, hum?
Igor me olhou inclinando a cabeça. Ele era mais velho, talvez tivesse a
idade de Yerík, não sabia dizer, mas apostava que sim.
— Sim — respondi, omitindo a verdade.
Eu queria sair dali. Rápido.
Igor era um monstro. Todos sabiam disso, eu não queria estar em sua
presença.
— Czar será seu marido em um mês. Espero que seja uma boa garota.
Igor andou na minha lateral e sorriu.
— Vejo você em seu casamento.
Eu acenei, tremendo de ódio. Quando ele saiu, fechei meus olhos e tentei
engolir o choro, piscando e respirando fundo.
Me virei, voltando a olhar para a rua. Quando pousei meus olhos em uma
janela do outro prédio, abri minha boca, porém, nada saiu. Pisquei os olhos,
tentando me convencer de que era uma alucinação, mas quando os abri, ele ainda
estava lá.
E meu coração ainda batia loucamente.
Yerík.
Ele estava posicionado, com seu fuzil sobre a borda da janela, mirando
em minha direção. Seu cabelo estava bagunçado e a tatuagem de cruz sob sua
sobrancelha me deu a certeza. Yerík afastou o fuzil da frente alguns centímetros e
me olhou. Meus joelhos fraquejaram, quis correr em sua direção, quis pedir que
me levasse embora, quis dizer que o queria como nunca quis nada.
Mas antes que eu pudesse me mexer, um tiro soou. Eu levei as mãos aos
ouvidos enquanto voltava a olhar para Yerík. Ele não me olhava mais, seu corpo
estava curvado e ele tinha na mira a varanda ao lado da que eu estava.
Meu peito apertou e o encarei tremendo, seu casaco preto e um capuz
peludo. Ele afastou a arma e me olhou por um segundo, antes de pegar sua arma e
correr.
— Pai! — A voz de Andrei ecoou, então me virei e vi as pessoas
correrem.
Me aproximei sem conseguir respirar e vi o corpo do meu pai caído.
Meu estômago se revirou quando o buraco em seu peito ficou visível.
— Ele está morto? — Czar perguntou ao longe.
Yerík esperou meses.
Ele fez um novo plano.
Ele saiu da Finlândia e veio até Rostov para se vingar. Apenas para
matar o homem que matou toda sua família.
O meu pai.
Meu irmão olhou para mim sobre o ombro e me encolhi ao ver seu olhar
de acusação. Era óbvio para todos quem havia feito isso. Eu procurei mamãe e a
encontrei sendo acolhida por uma das suas amigas.
Os homens começaram a correr para pegar Yerík, enquanto permaneci de
pé perto do meu irmão. Eu não sabia o que fazer. Tentei muito me mexer,
acalentar minha mãe, mas meu corpo estava petrificado.
Andrei andou até mim e me encurralou até estarmos em uma sala
sozinhos, enquanto tentavam socorrer papai.
— Onde ele está? — Sua voz soou furiosa.
— Eu não sei...
— Dasha, esse homem acabou de tentar matar nosso pai! — Seu grito me
fez estremecer. — Pense como uma Kireyev, não como a puta que deixou o
próprio sequestrador a foder!
Foi como se ele tivesse me dado um tapa. Sempre amei Andrei, ele me
protegeu, cuidou de mim desde que nasci. Hoje ele só parecia um mafioso.
— Eu não sei. Não o vi desde que me resgatou na Finlândia. Não tenho
por que mentir.
Andrei andou de um lado para o outro, respirando fundo.
— Vamos pegá-lo, Dasha. E vou fazê-lo sofrer. Muito. — Andrei parou
diante de mim, me olhando com nojo. Doeu assisti-lo me encarar assim, mas
doeu mais ainda o imaginar machucando Yerík.
— Tudo bem...
— Onde estão suas lágrimas? É seu pai estirado naquele chão com uma
bala no peito — Andrei gritou, assim que respondi calmamente.
— Eu nunca vou derramar uma lágrima por ele — falei com firmeza.
— Ele é seu pai, Dasha. Te protegeu e enviou homens para a morte para
te resgatar...
— E então, quando retornei, me arruinou! — berrei, tremendo. — Ele e
ela me arruinaram.
— O que eles fizeram, Dasha? O que, de tão horrível, seus pais fizeram
que você não pode derramar suas preciosas lágrimas quando um deles foi morto?
Seus gritos me fizeram tremer e relembrar tudo. Foi como uma faca
perfurando meu estômago.
MESES ANTES

Havia algo no meu estômago há dias. Nada se mantinha na minha barriga,


eu vomitava toda hora. Estava cansada e pálida. Até Sarah me disse que eu
parecia uma doente.
Me virei na cama bocejando. Já passava das dez da manhã e eu não tive
coragem de me levantar. Ouvi a porta ser aberta e olhei para mamãe. Ela sorriu
devagar e inclinou a cabeça.
— Vou levar você ao médico hoje. Tome um banho. Vou trazer seu café
da manhã. — Mamãe andou até as cortinas.
— Mãe... — Gemi quando a claridade invadiu o quarto.
Ela só me encarou. Eu bufei e me ergui. Em segundos, meu estômago
girou. Corri para o banheiro e me ajoelhei no vaso, vomitando apenas uma baba
esbranquiçada. Não tinha mais nada para ele expulsar, mas ali estava eu,
vomitando.
— Tome um banho. Nós saímos em uma hora.
Quando mamãe saiu, entrei no chuveiro. Lavei meu cabelo que há dias
estava enrolado em um coque malfeito e deixei molhado para as ondas secarem
bonitas. Assim que saí vi Sarah sentada na cama, com um estojo de maquiagem.
As bonecas não estavam em lugar nenhum.
— Ei, amor. — Sorri, me aproximando. Ela abriu um largo sorriso. —
Vai se maquiar?
— Sim! Você pode me ajudar?
Eu respirei fundo, querendo lhe dizer que sairia logo, mas ela parecia tão
entusiasmada.
— O.k., mas vou me vestir antes.
Ela acenou eufórica. Fui ao closet, peguei uma calça e uma blusa de gola
alta. Agarrei um dos meus casacos longos e escolhi uma bolsa. Calcei minha
bota e voltei para o quarto. Coloquei o casaco e a bolsa na poltrona e segui para
Sarah.
— Você não vai mais embora, né, Dasha? — Minha irmã abriu o olho
depois de alguns segundos que eu a maquiava.
— Não, Sarah. Por que pergunta? — Inclinei a cabeça, me afastando.
— Mamãe disse que você poderia ir embora caso descobrissem.
— Descobrissem o quê? — Franzi as sobrancelhas, totalmente confusa.
— Não sei. Ela parou de falar quando apareci.
Sobre o que mamãe estava falando? Tentei deixar isso de lado e focar em
Sarah, mas ficava muito difícil. O que faria eles me mandarem embora?
Me despedi da Sarah e quando desci, mamãe já estava no carro me
aguardando. Nós saímos da mansão e me virei para ela.
— Mãe, o que fariam me mandar embora?
Ela arregalou os olhos e pegou o celular. Alguém estava ligando, e
optando por me deixar esperando, ela atendeu.
Me virei de volta para a janela e respirei profundamente. Eu não
conseguia pensar em nada. Pegaram Yerík? Não. Ainda havia a dúvida dolorosa
se ele havia sobrevivido àquela queda.
— Mãe... — comecei a falar, mas ela ergueu o dedo.
Durante todo o trajeto ela foi falando no maldito celular. Quando o carro
estacionou, olhei para a fachada. Meu corpo ficou rígido e minha respiração
acelerou. O que era isso?
— Mãe... — chamei, apavorada, mas ela já estava saindo do carro.
Olhei para minha barriga tremendo e pousei a mão ali. Lembrei-me dos
vômitos constantes e do cansaço. Minha menstruação estava atrasada, mas ela
nunca foi regulada.
— Saia, Dasha. — Mamãe abriu a porta e me arrastei no banco, para
longe dela.
— Mamãe, por favor. Espera, eu só... — Eu conseguia ouvir meu
coração nos meus ouvidos.
Eu estava grávida? Meu Deus.
Fechei meus olhos, tentando processar isso, mas agarraram meu
tornozelo. Vi meu pai e gritei, sendo arrancada do carro.
— Mãe, não é isso. Não estou... — comecei a falar tentando ficar calma,
mas meu pai estava me apertando. — Papai, não é isso. Juro, não é.
Minha cabeça doía e as lágrimas começaram a chegar. A entrada da
clínica de aborto estava cada vez mais perto enquanto eu me debatia.
— Mamãe! — gritei mais alto, soluçando.
— Pare com esse escândalo. — Meu pai me soltou.
Eu balancei a cabeça, olhando entre ele e a clínica.
— Eu não estou...
Parei de falar quando o tapa acertou meu rosto. Ardeu e caí para o lado,
pega desprevenida. Olhei para meu pai, tremendo.
— Se você não fosse uma vagabunda mentirosa, nada disso estaria
acontecendo. — Ele se inclinou, me pegando pelo cabelo. — Agora, cale a porra
da boca. Nós vamos aniquilar a aberração em sua barriga.
— Não, pai, por favor — pedi, mas ele me ignorou. Olhei para mamãe
tentando segurar meu cabelo para que meu pai parasse de puxar. — Mãe, por
favor...
— Seu pai está certo. Me diz, Dasha, como você pôde deixar o homem
que te sequestrou tocar em você? — Ela balançou a cabeça, enojada.
— Não estou grávida. Eu juro. Vou provar fazendo um teste, me levem
embora. — pedi, completamente apavorada.
Eu nem sabia que tinha alguém dentro de mim até segundos atrás, mas ali
estava eu, destruída com a possibilidade de perdê-lo.
— Dasha, você está grávida. Pelo amor de Deus, você é tão estúpida que
nem percebe? Seu corpo, seios, vômitos... tudo. Como você não percebeu?
Por que não percebi?
Fechei meus olhos, sentindo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto.
Era simples. Eu estava sobrevivendo sem Yerík. Não prestei atenção em
nada ao meu redor e nem em mim mesma.
Eu não percebi meu bebê.
O que Yerík diria? Ele ficaria feliz? Funguei, tropeçando em meus
próprios pés enquanto papai me puxava. Não mais pelo cabelo, sim pelo braço.
Olhei para minha mãe a cada passo, mas seus olhos estavam sempre em outra
direção.
— Eu preciso que ela preencha... — A recepcionista parou de falar
quando papai a interrompeu.
— Vladimir Kireyev. Ela não precisa preencher nada, correto?
A mulher ficou pálida e logo acenou. Funguei, tentando me acalmar, mas
cada vez que eu fechava os olhos, me lembrava que tinha um bebê em meu
ventre. Olhei para minha barriga. Jesus Cristo.
Meu pai terminou de falar com a garota e fui arrastada mais uma vez. Nos
sentamos em uma sala de espera e me questionei por que meu pai não exigiu ser
atendido logo.
— Como vocês podem fazer isso? — perguntei, fungando e olhando para
mamãe. — Como você, que é mãe, é capaz disso? Tenho nojo de você.
— Cala a boca, Dasha. Pelo amor de Deus, mantenha a porra da sua boca
fechada — meu pai grunhiu ao meu lado, mas continuei olhando para ela.
Eu os odiava. Agora entendia a dor de Yerík.
— Ele vai voltar, e quando o fizer, vou contar que mataram o bebê dele
— murmurei, olhando diretamente para o meu pai. — Ele já queria te matar
antes, agora então.
— Você se escuta, Dasha? — Meu pai agarrou meu rosto. — Sua
desgraçada mimada, você se escuta? Você deu para aquele imundo de bom grado
e agora quer me desafiar?
— Ele não era imundo, Vladimir. Ele era melhor que você em um milhão
de coisas diferentes.
Meu pai ficou vermelho, mas abriram uma porta antes que ele me socasse
bem ali. Vi um médico velho e gordo na entrada da porta. A agonia chegou,
querendo explodir em meu peito, me fazer chorar e gritar. Mas não importava.
Nada disso importava.
Eles matariam meu bebê. E eu só podia me sentar e assistir.
Meu pai me puxou para ficar de pé e fui obrigada a entrar na sala. O
médico não me olhou em nenhum segundo, apenas agiu no modo automático. Fui
obrigada a tirar a roupa, e quando meu pai me empurrou na maca gelada, fechei
os olhos.
Sinto muito. Me perdoe, eu sinto muito.
— A gravidez não foi confirmada, então preciso fazer uma
ultrassonografia.
Eu respirei fundo, virei meu rosto para meus pais não me verem e senti
mais lágrimas. Não queria chorar, queria ser forte. Mostrar aos dois que eles não
estavam me ferindo, mas eu não era forte. Nunca fui.
Com o silêncio, o médico prosseguiu. Ele colocou algo dentro de mim e
fechei os olhos, porém, os abri quando o som forte ecoou. Batidas. Reguladas,
altas.
Antes que eu pudesse me deleitar com o seu coração, o barulho parou.
— O.k., vamos para a sala de cirurgia.
Me sentei na maca, fechando os olhos com força.
— Eu me caso com qualquer um. Me deixe ficar com ele — pedi ao meu
pai, que estava de pé próximo a mim. — Podemos dizer que é do noivo, dou um
jeito de dormir com ele...
— Você acha que eu permitiria que essa criatura nojenta crescesse na
Bratva?
Não, você não é nojento, bebê. Você é puro.
— Pai...
— Doutor, coloque logo ela para dormir — minha mãe pediu e a encarei,
incrédula.
— Não! — berrei, irritada e me ergui, porém, enfermeiros entraram na
sala.
— Sedem.
— Mãe! Por favor! — Meus gritos se repetiram até eles conseguirem
enfiar um sedativo em minha veia.
Eu caí na escuridão, ainda tentando gritar, mas tudo se perdeu.
E quando acordei, não havia ninguém. Apenas eu, sem qualquer alegria
na alma e coração.
Apenas um vazio que parecia sufocar.
Todo segundo que eu fechava os olhos, a via naquela varanda. Cada
segundo que eu respirava, podia jurar que sentia seu cheiro. E cada vez que
fechei minhas mãos, consegui sentir a maciez do seu cabelo.
— Pare com isso — grunhi para mim mesmo enquanto enfiava minhas
armas no porta-malas do carro. — Tire essa mulher da cabeça.
Mas eu não conseguia. Entrei no carro e pisei no acelerador enquanto
ouvia vários carros fazerem o mesmo. Eles estavam me procurando e eu estava
bem ali, na frente deles.
Os carros saíram enquanto fiquei sentado. Meu celular tocou e o atendi,
sabendo quem era.
— Tudo certo? — Villain perguntou e respirei fundo.
— Sim.
— Você a viu?
Como eu poderia não ver? Nem o diabo conseguiria deixá-la passar
despercebida. Quando ela surgiu na varanda, levei tudo de mim para não ir até
ela. No vestido dourado e verde, ela parecia a porra de uma rainha. Seu cabelo
solto e aquele tecido peludo em seus ombros, protegendo-a do frio. Eu me
imaginei fodendo-a usando apenas aquela porcaria sedosa.
Ela estava perfeita. E eu a queria mais que a minha próxima respiração.
— Sim.
— Venha embora.
— A parte dois começa agora. — Respirei fundo, abrindo a porta do
carro e levando o celular comigo e apenas uma pistola no cós da minha calça.
— Você disse que deu tudo certo — Villain grunhiu, eu podia sentir sua
raiva daqui.
— Eu preciso ter certeza.
— Cale-se, porra, volte para o carro! — ele gritou, mas o ignorei de
propósito. — Você quer vê-la. Quer a atenção dela pra você nem que seja pela
última vez... eu sei o que é isso, Yerík.
— Então por que diabos ainda está falando?
— Isso vai matar você.
— Sim, e o mesmo motivo quase te matou também.
Eu desliguei o celular e enfiei no meu bolso enquanto andava com
autoridade para dentro do hotel. O salão era enorme e subi dois lances de escada
até chegar ao local. Me aproximei e vi o homem no chão, mas havia dois
médicos com ele.
— Isso é o suficiente para você, Andrei?
Essa voz.
Eu olhei para a lateral e vi uma porta se abrir. Dasha apareceu chorando
como uma criança, e eu, pela primeira vez, me senti culpado. Não me
arrependia, mas não me alimentava do seu sofrimento.
— Eu preciso levá-lo para o hospital.
Quem? Me virei e fiquei rígido ao ver Vladimir ser colocado em uma
maca. Errei. Apertei meus punhos e olhei de volta para a porta. Dasha estava ali
me encarando, e o homem que falou havia sumido.
Andei em sua direção calmamente e fechei a porta ao entrar onde ela
estava.
— Krasnyy — falei baixo e ela fungou.
Dasha parecia inofensiva, pequena e completamente destruída.
— Ele está vivo — falei para consolá-la, o que era ridículo, já que fui eu
quem atirou no seu pai.
— Infelizmente.
O quê?
— Por que você não mirou na cara dele? Ou no coração? — Sua voz
ficou forte e ela andou pela sala, tocando na mesa de mogno.
— Dasha? — perguntei, rígido. Ela jamais falaria algo assim. Dasha não
era fria a esse ponto. — O que houve?
— Eu implorei todos os dias para que viesse me buscar, e você nunca
veio! — Dasha gritou e novas lágrimas surgiram. — Você, pelo menos, se
lembrou de mim? Ou só fui uma foda fácil para você?
— Dasha, que porra está acontecendo? — perguntei, tentando controlar
minha voz.
— Se tivesse vindo, nada disso teria acontecido.
Ela deslizou pela parede, agarrando o cabelo.
— Nada. Eu estaria bem. Estaríamos bem.
Me aproximei, ainda sem entender. Porém antes que a alcançasse, ouvi
passos. Me escondi atrás da porta enquanto a via, sozinha. Ombros tremendo. Eu
queria tocá-la, consolar sua dor.
— Dasha? — A voz de uma mulher ecoou.
— Saia daqui! Eu queria que você tivesse com ele. Os dois indo para o
inferno. — Sua voz reverberou furiosa e me surpreendi. Olhei para ela e a vi
encarando a pessoa que estava perto. — Eu odeio você, odeio essa família.
— Dasha, isso não é hora, seu pai... — A mulher soluçou e soube que era
sua mãe.
— Ele não é meu pai, e você, não é minha mãe. Vai embora. Eu vou de
táxi para casa.
— Vamos para o hospital, seu pai...
— Eu quero que ele morra na mesa de cirurgia. — Ela não gritou dessa
vez, apenas falou. — E queria nunca ter sido resgatada. Eu o teria hoje.
— Aquele homem... foi ele, Dasha. Você sabe disso.
— Espero que sim, porque ele vingou por nós dois.
O que seu pai havia feito?
— Eu vou mandar Czar a levar.
— Se você ousar, vai se arrepender...
— Ele é seu noivo! — a mulher gritou, ainda chorando.
— É, um noivo que me machucou minutos atrás. Vai lá, mãe. Você é
detentora do prêmio de pior mãe do mundo.
Quem a machucou? Quem era Czar?
Seu noivo, imbecil.
— Não vou deixar você sozinha na cidade quando sei que ele está aqui.
— A mulher bateu a porta e encarei Dasha, então peguei uma cadeira e empurrei
contra a maçaneta.
Me aproximei lentamente dela e me ajoelhei. Segurei seu rosto bonito e
ela me olhou fungando e lambuzada de lágrimas, mas não menos que perfeita.
— Onde encontro esse Czar?
Dasha respirou fundo e se jogou em meu peito. A mesma paz que senti ao
ser abraçado por Zuri encheu meu peito quando senti o cheiro de Dasha. Aquele
com morangos que eu amava. Não sabia que era possível sentir falta de um
cheiro, mas ali estava eu, matando essa saudade.
— Achei que tivesse morrido. — Ela puxou meu casaco, trêmula,
enquanto o queixo tremia e ela me olhava completamente triste. — Tive tanto
medo...
— Eu quebrei a perna, krasnyy, mas estou bem agora. — Empurrei seu
cabelo para trás e segurei suas bochechas. — Por que está neste estado, Dasha?
O que seu pai fez?
Ela respirou fundo e prendeu os braços atrás do meu pescoço.
— Me leva daqui. Só hoje. Eu só preciso sair daqui. Esquecer tudo —
ela implorou enquanto eu assistia a uma lágrima deslizar. — Me faça esquecer
essa dor, Yerík. Por favor...
Eu a peguei nos braços e me ergui. Peguei minha arma e abri a porta
enquanto ela me abraçava e descansava o rosto em meu pescoço. Quando a porta
se abriu, mirei minha pistola, mas não havia ninguém no salão.
— Vamos sair pela varanda.
Andei até a varanda na parte de trás e coloquei Dasha no chão. Quando
olhei para baixo, fiquei grato por ver uma caçamba de lixo. Olhei para ela e
segurei seu rosto.
— Vamos pular. Não é para se erguer até eu dizer que pode — falei
rápido e Dasha acenou.
Ela havia parado de chorar, agora me obedecia sem falar nenhuma
palavra. Ajudei-a a subir no parapeito e, respirando fundo, Dasha se jogou.
Assim que ela se afastou, deixando espaço para mim, eu fiz o mesmo.
Havia lixo o suficiente para amortecer nossa queda. O que agradeci. Os
sacos estavam bem fechados, porém, não menos malcheirosos. Ficamos por
segundos em silêncio e quando não ouvi nada me ergui e a ajudei a fazer o
mesmo. Andamos até uma das esquinas na lateral do hotel.
— Você vai ficar aqui. Eu vou pegar meu carro.
— Onde ele está? — Krasnyy mordeu o lábio, nervosa.
— Na frente do hotel.
— O quê? Por que você o deixou lá? — Dasha arregalou os olhos.
— Não se preocupe, eu sei o que faço.
Dasha balançou a cabeça, mas ficou quieta. A deixei sozinha e saí
andando calmamente pela rua. Quando virei na do hotel, os carros de antes
haviam sumido, restando apenas o meu e mais dois.
Andei devagar, e quando entrei no carro, vi um homem de cabelo preto
correndo.
— Dasha! — ele gritou e semicerrei os olhos.
Era ele. O noivo. O que ela disse que a machucou.
Lembrei de ele dançando com ela.
Eu liguei meu carro enquanto via o imbecil continuar chamando por ela,
parado na rua. Pisei no acelerador e virei o volante, indo em sua direção. Eu o
vi cair assim que o atropelei. Parei o carro e estalei meu pescoço, dando ré e
sentindo meus pneus o esmagarem.
— Filho da puta — cuspi, acelerando e saindo da avenida.
Assim que parei ao lado de onde deixei Dasha, a vi correr em minha
direção. Abri a porta e ela se embolou no assento ao lado. Dirigi imediatamente,
correndo pela avenida como se estivesse alguém me perseguindo, e talvez,
estivesse.
— Você está bem? — murmurei para Dasha quando percebi seus olhos
focados na janela.
— Não. Eu acho que nunca mais vou ficar.
Suas palavras me cortaram ao meio. Foquei em dirigir, quando estacionei
na garagem subterrânea do prédio onde o apartamento do Dario ficava, peguei a
krasnyy nos braços.
— Está tudo bem, krasnyy. Eu estou aqui.
Ela me abraçou com mais força e fungou baixinho, recomeçando a chorar.
Quando chegamos ao apartamento, a levei até meu quarto, coloquei-a na
cama e puxei o cobertor sobre seu corpo, sentindo seus olhos sobre mim.
— Como você está? — Sua pergunta foi abrupta.
— Bem. — Tirei o seu cabelo da frente do seu rosto. — O que me
preocupa é que você não parece nada bem.
Ela piscou, desviando os olhos de mim.
— O que seus pais fizeram?
— Eu pedi para me trazer para que eu esquecesse de tudo. — Ela me
lembrou e segurei sua cintura.
— A única forma que sei fazer você esquecer as coisas é fodendo sua
boceta, krasnyy. É isso que você quer?
Dasha respirou fundo e lambeu os lábios ressecados.
— Quando eu não quis?
Todo meu autocontrole evaporou quando ela empurrou as cobertas, se
sentando sobre suas coxas e abrindo o tecido quente que cobria seus ombros.
Dasha abriu os botões do vestido que fechava na frente e suspirou quando seus
mamilos ficaram em exposição a mim e ao frio, que os fizeram se tornar rijos.
Agarrei os dois, segurando com força e apertando seus mamilos entre
meus dedos. Dasha respirou fundo e assisti a suas íris ficarem escura. Soltei seu
mamilo e peguei sua nuca, puxando seu seio para minha boca. Lambi sua auréola
e mordi o bico duro.
— Krasnyy.
Ela subiu em meu colo se arqueando, me dando mais acesso aos seus
seios incríveis. Eu mordi sua pele, chupei e lambi, querendo mais. Muito mais. E
isso eu só tinha quando estava profundamente em sua boceta.
— Tire esse vestido. Se eu tirar, vou rasgá-lo.
Ela gemeu ao me ouvir, mas me obedeceu como a garota comportada que
era. Dasha se ergueu, deslizando o vestido pelas suas coxas e grunhi ao ver sua
calcinha de renda. Estiquei meu braço e toquei, sentindo o tecido encharcado.
— Diz para mim, alguém tocou sua boceta como eu? — perguntei, rouco,
insano de desejo. Me ergui, indo para trás dela, sentindo seu cheiro em seu
pescoço. — Responda, krasnyy, alguém fodeu você além de mim?
Dasha respirou fundo e segurei seus peitos. Ela empurrou a bunda em
minha direção, mas sua recusa em responder estava começando a me irritar.
— Dasha, responda à maldita pergunta — grunhi em seu ouvido, pegando
seu pescoço.
— E se alguém tiver me fodido, Yerík? O que você vai fazer? — Sua voz
ecoou e vi vermelho, apertei seu pescoço e a ouvi gemer. — Se outro homem me
tocou a culpa é sua. E você sabe disso.
— Dasha, não me faça perder a cabeça. Eu trouxe algo de lembrança
porque sempre ando com ela, mas se você apertar meus botões, vou usar em
você.
— O quê? O que você vai usar em mim?
Eu a imaginei nua, com a coleira, coxas afastadas e gemendo meu nome.
Porra, quase gozei com a visão.
— A coleira — respondi, puxando-a. — Agora me responda, Dasha,
quem foi que fodeu você?
— Humm, não posso contar.
Eu apertei meus dentes, nada aplacava a minha raiva, então me inclinei e
a mordi. Dasha gritou e me afastei, deixando meus dentes em sua pele.
— Você pediu por isso. Por tudo isso...
Eu a joguei na cama e peguei minha mala. Tirei a coleira de dentro e me
virei, vendo minha krasnyy na cama só de calcinha, me olhando.
— Você gosta disso. Porra, aposto minhas armas que sua boceta está
molhando meu colchão.
Dasha respirou fundo mais uma vez e me aproximei, subindo na cama de
joelhos. Coloquei a coleira em seu pescoço e amarrei a corrente na cabeceira.
Puxei meu casaco e blusa, ficando apenas com a calça e cueca.
— Abra suas coxas, Dasha. Me mostre o que é meu.
Ela engoliu em seco, mas me obedeceu. Segurei o tecido e o afastei da
sua boceta, puxando até não dar mais, então, soltei. Krasnyy gritou com a dor,
tentando fechar as coxas, mas as empurrei.
— Quem fodeu sua boceta além de mim, Dasha?
Ela me olhou e mordeu o lábio enquanto apoiava seu peso nos cotovelos.
— Quem ou quantos?
Eu fiquei rígido e me inclinei, virando-a. Sua bunda lisa recebeu meu
tapa e Dasha gritou. Fiz de novo e de novo, até ela me responder.
— Ninguém! — Eu amassei sua bunda com minha mão enquanto ela
respirava fundo. — Só você, idiota.
— Sei disso, krasnyy, mas também sei que você precisava de uns tapas.
Sua boceta gosta disso.
Dasha olhou por cima do ombro e eu a girei. Tirei meu pau de dentro da
calça e o acariciei antes de apontar para seu canal vaginal. Dasha respirou
fundo, empurrando seus peitos.
— Toque em sua boceta.
Ela me obedeceu. Dasha deslizou os dedos em seus lábios e fiz o mesmo.
Empurrei lentamente, vendo-a abrir os lábios ao me receber.
— Abra mais suas coxas, krasnyy. Me dê essa boceta.
Ela segurou os joelhos para se abrir enquanto deslizava todo em sua
bocetinha gulosa. Me inclinei, capturando seu mamilo e chupando enquanto saía
e entrava nela, empurrando com força.
— Oh meu... Yerík! — Dasha fincou as unhas em meus ombros enquanto
abraçava minha cintura com as suas coxas, me mantendo dentro dela. Sua boceta
me ordenhou, devagar e rápido, Dasha puxou meu sêmen com destreza.
Gritei e ela mordeu meu peito. Puxei a corrente da coleira, fazendo-a ir
para trás.
— Se vire, krasnyy.
Dasha se virou, me olhando sobre o ombro. Eu observei a minha porra
deslizar pela sua boceta e depois coxa. Não tentei empurrá-la de volta, teria
tempo para encher novamente.
— Mova sua bunda, Dasha. Me ordenhe de novo.
Ela empurrou seus quadris e meu pau foi engolido mais uma vez.
Lentamente. Segurei sua cintura enquanto a fodia rápido e duro. Eu conseguia
sentir seu colo do útero contra a cabeça do meu pau.
— Você consegue me sentir lá no fundo, Dasha? Sua boceta está sentindo
essa merda?
— Sim, oh meu Deus, é tão bom! Eu sinto você em cada centímetro.
— Onde? Cada centímetro de onde?
— Da minha boceta.
Eu gozei novamente, e dessa vez levei meu tempo empurrando meu sêmen
para dentro, enquanto brincava com seu clitóris inchado e rosa. Lambi ele e o
chupei, então minha krasnyy gozou novamente.
E continuei empurrando meu sêmen para dentro dela com dois dedos.
Yerík me colocou em seu peito assim que fechei minhas coxas, mantendo
seu sêmen lá. Eu poderia engravidar de novo. Teria um bebê. Fechei minhas
pernas com mais força e deslizei meus dedos pelo peito dele.
— Dario fez mudanças aqui — Yerík sussurrou, olhando para o teto que
tinha uma espécie de lustre.
Lembrei-me do dia que fui lá, da foto que eu guardava dentro da minha
bolsa. Parecia algo tão distante.
— Eu vim aqui — falei baixo. — Encontrei uma foto da sua família na
gaveta. Fiquei chocada quando liguei você a esse lugar.
Yerík se ergueu um pouco para me olhar. Naquele dia, achei que nunca
mais o veria, mas ali estava ele. Comigo.
— Naquele dia, quando liguei... — Seus dedos deslizaram pela minha
pele na altura do quadril. — Por que não quis falar comigo?
Toquei seu rosto e estremeci ao me lembrar do medo.
— Queria você comigo. Não apenas pelo celular. — Fui sincera,
ocultando o pior. Como eu poderia ouvir sua voz depois de perder nosso bebê?
Como eu diria isso a ele?
— Ah, krasnyy. — Ele beijou minha testa suavemente e lágrimas grossas
surgiram. Mais uma vez.
Yerík me abraçou e funguei.
— Como estão todos? — perguntei para mudar de assunto.
Eu estava cansada de chorar. Cansada de tudo na minha vida e não
conseguia acreditar que ele estava ali. Não importava se ele foi apenas para
cumprir sua vingança. Eu o tinha comigo novamente. Isso era suficiente.
— Bem. Aduke...
Ele parou de falar e ergui minha cabeça, encarando-o.
— O que tem a Aduke? — Minha voz soou calma, mas por dentro estava
borbulhando. — Ela foi embora antes de nos separarmos. — O lembrei, mas
Yerík sabia disso.
Ele respirou fundo e apertou minha cintura, me puxando em sua direção.
— Ela e Zuri estão morando na Finlândia agora.
— Como assim? — Engoli em seco, ainda quieta.
Todo esse tempo que estive de luto por nosso bebê ele estava com ela?
— Um tempo depois que ela foi embora, ela voltou. Eu estava com a
perna quebrada e ela foi me ajudar. — Yerík acelerou as palavras enquanto eu
ficava quieta. — Zuri é a filha dela. Ela é incrível. Ela ama a neve, mas não
gosta do frio.
— O.k. — Acenei devagar e tentei me afastar. Yerík não deixou, mas
soquei suas costelas e me soltei. — Elas devem estar te esperando.
— Porra, krasnyy. — ele grunhiu enquanto eu pegava meu vestido do
chão. Yerík se ergueu, vindo na minha direção. — Caralho, mulher, não é isso!
— Não? Onde ela mora? — gritei, encarando-o. Ele coçou a cabeça,
andando de um lado para o outro. — Me conta, Yerík, onde Aduke e a filha dela
moram?
— Comigo, mas não é assim... Dasha. — Ele respirou fundo, andando em
minha direção.
— Eu preciso ir e você também.
Me vesti e procurei pelos meus sapatos enquanto o ciúme me corroía por
dentro. Peguei minha estola na cama, me mantendo longe de suas mãos.
— Dasha, você não vai sair daqui — ele grunhiu, indo para a porta.
— Você precisa concluir sua vingança, porque é por isso que está em
Rostov, certo? — perguntei, me aproximando. — Por causa dela você está aqui,
então, por que não está cumprindo isso?
Ele apertou a mandíbula, rígido.
— Sabe quantas vezes imaginei você aqui? — Ri sem humor algum, eu
só sentia tristeza dentro de mim. — Que fosse para matar Vladimir, foda-se,
Yerík, eu só queria ter você mais um segundo.
— Krasnyy, eu estou aqui.
— E enquanto eu chorava dia e noite de luto, você estava o quê?
Brincando de fazer bonecos de neve com a filha da sua ex-namorada?
— Isso não é justo, Dasha... — ele parou de falar, inclinando a cabeça.
— Luto? Luto por quem? — Yerík deu um passo em minha direção com o rosto
franzido.
— Você se importa? Me diz, Yerík, você se importa? — Minha garganta
parecia pequena e lágrimas encheram meus olhos.
— Pare com essa merda, Dasha! Nós sabemos que nunca poderemos
ficar juntos, então não me julgue. Não jogue isso na minha cara. — Ele se moveu
rápido e me puxou pela cintura. — Não faça isso, krasnyy, porque você pode
não saber, mas vivi um inferno. Eu quis você mais que a porra do meu ar. Por
que acha que pedi aquilo ao seu pai aquele dia? Agora, me diz, o que você fez
aquele dia? Hum? Você não gritou na minha cara que não queria? — Ele agarrou
meu rosto, rígido. — Você não pode me julgar, porra. Então pare de agir assim.
Me diz o que aquele desgraçado fez a você e por quem você esteve de luto.
— Me solta — pedi, então ele afrouxou o aperto. Me distanciei e olhei
para a janela. Respirei fundo, e quando abri a boca, tiros começaram a ser
disparados e Yerík me jogou no chão, cobrindo meu corpo. — Ah meu Deus!
— Silêncio. Se arraste até embaixo da cama. — Sua voz grunhiu.
Eu ergui a cabeça, vendo a cama a alguns centímetros. Me apoiei em
meus antebraços e me impulsionei até lá. Yerík me seguiu e vi uma mochila ali.
Ele a abriu e pegou um celular. Na tela, apareceu a parte da frente do prédio e
algumas outras câmeras pelo edifício. Engoli em seco.
— São eles — murmurei baixo ao ver Andrei de pé, com uma arma na
mão enquanto seus homens tentavam abrir a porta que estava selada.
Yerík tapou meus lábios, me encarando com o rosto clareado apenas pela
tela.
— Eu quero que fique quieta. Não fale nada.
— Esse é meu irmão, não o machuque — pedi, falando mais baixo.
— Tem uma bomba de gás lá embaixo. Ninguém vai sair vivo — Yerík
afirmou e arregalei os olhos. — Porra, Dasha! Você sabe que eles vão me matar,
certo?
Fechei meus olhos, tremendo de medo. Peguei meu celular e digitei
rapidamente.
— O que você está fazendo? — ele perguntou, mas apenas vi meu irmão
olhar a tela.
“Vá embora. Ele tem uma bomba de gás aí. Pense em Aslin.”
Andrei começou a digitar e respirei fundo, esperando.
“Você está com ele? Você é inacreditável, Dasha!”
“Estou e pedi por sua vida a ele, então vá embora!”
Yerík digitou no teclado e vi Andrei gritar com os outros. Em alguns
segundos, todos haviam saído. Eu olhei para o homem que não conseguia parar
de gostar.
— Tem outro lugar para ir? — murmurei, engolindo em seco.
— Sim, sua casa.
— O quê? — Meu sangue drenou e ele sorriu, segurando meu cabelo, me
puxando em sua direção.
— Eu vou matar seu pai, Dasha, e vai ser debaixo do teto dele, enquanto
fodo a herdeira dele na cama dela de princesa.
Meu batimento cardíaco acelerou e ele lambeu meus lábios selados. Saí
de debaixo da cama, mas Yerík me puxou até um armário. Ele o abriu e me
enfiou dentro.
— Tem um escorregador na parede atrás de você. Desça por ele, ligue
para o seu irmão e o espere na esquina.
— E você? — questionei, nervosa.
— Eu vou estar bem atrás de você, krasnyy.
Eu continuei parada, sem conseguir me mover. Da última vez que nos
separamos, meses se passaram até o ter novamente. Yerík segurou meu rosto com
firmeza e me encarou. Passei a mão pelo seu rosto e sua barba raspou em minha
pele. Eu amava sua barba escura.
— Não terminamos nossa conversa, krasnyy. Você não vai se livrar de
mim tão fácil dessa vez. Agora desça e vá para casa.
— Prometa que não vai embora — pedi, engolindo em seco. Ele sorriu
devagar e lambi meus lábios ressecados.
— Eu prometo, Dasha. Vou dormir na sua cama quando você menos
esperar.
Eu respirei fundo e acenei. Ele me puxou e beijou minha boca, faminto.
Sua língua lentamente me provando e incendiando meu corpo como apenas ele
era capaz. Eu mordi seu lábio e deixei beijos rápidos antes de nos afastarmos.
— Vou estar nua sob os lençóis.
— Boa garota.
Eu o soltei e desci pelo escorregador. Eu não fazia ideia do motivo para
ter isso no prédio, mas algo me dizia que era coisa da mente louca de Yerík.
Andrei me levou para casa murmurando maldições e me encurralando
para responder quem era Yerík e onde ele estava. Me mantive calada.
— Você entende como esse homem é perigoso, Dasha? Você pelo menos
pensa nisso?
— Sim, ele é perigoso, Andrei, mas ele nunca me faria abortar nosso
bebê. Nunca.
Meu irmão respirou fundo e me olhou de lado enquanto dirigia.
Estávamos bem perto de casa.
— Você contou a ele?
— Não, ainda não. — Engoli em seco, desviando os olhos. — Ele não
tem culpa se fui uma idiota e não percebi minha gravidez até estar em frente a
uma clínica de aborto.
— Não foi culpa sua, Dasha. — Andrei me tocou e o olhei, tentando
segurar as lágrimas em meus olhos. — Nossos pais foram horríveis, eu sei, mas
como você manteria essa criança, Dasha?
— Eu me casaria com qualquer um, dormiria com ele naquele dia para
ele pensar que era dele... não importava, nada importava para mim, eu só queria
meu filho. E eu disse isso aos seus pais. Gritei no meio de uma clínica enquanto
matavam meu filho sem a minha permissão. E eles não deram a mínima, Andrei.
— Dash...
— Então, me desculpe se não posso derramar lágrimas por aquele
demônio que chama de pai. O odeio mais que tudo e quero que ele morra.
Andrei respirou fundo, enquanto entrávamos em casa. Abri a porta assim
que o carro parou.
— Por que não foi embora com ele, Dasha? Por que não fugiu? — Sua
voz me parou e me virei para olhar em seus olhos.
— Porque ele tem negócios pendentes.
Saí do seu carro e bati a porta, deixando meu irmão para trás.
— Você pode me dizer por que diabos não voou hoje? — Villain gritou
no meu ouvido assim que atendi sua ligação.
— Preciso entrar. Aqueles amigos, daquele Giulio, têm contato com a
Bratva? — falei de uma vez e meu melhor amigo ficou em silêncio.
— Você... você não vai fazer isso.
— Vou. Kireyev está vivo.
— Corta a baboseira, porra! — ele gritou mais uma vez, furioso.
Eu fumei o cigarro enquanto o ouvia. Estava parado em uma rua deserta
depois de sair do prédio pelo mesmo caminho que Dasha, a diferença era que eu
tinha um carro escondido ali.
— Eu vou pegar minha mulher, é melhor? — perguntei baixo.
— Yerík, tire sua cabeça do cu e me escute. Essa garota não vai sair da
Rússia pela segunda vez. É você quem vai ficar. E morto.
— Você é vidente agora? — Soltei a fumaça e descartei a bituca. —
Olha, não te impedi quando você viajou sozinho para pegar Lake, e tenho mil
motivos pelos quais seu caso é pior que o meu, então, não tente me impedir. Eu
não tentei, pelo contrário, fui com você.
— Eu sei, olha, só não quero que eles matem meu único amigo, entendeu?
— O.k., o.k., agora ligue para Giulio. Eu quero entrar hoje.
— Baixa a bola. Não é assim. Não conheço esses dois, eles trabalham
para todo mundo. Será que podemos confiar nele?
— Talvez não, mas vou arriscar tudo.
— O.k., filho da puta.
Villain desligou e peguei meu celular. Digitei rapidamente e Aduke
visualizou na hora.
“Tudo certo com Zuri?”
“Sim, quando você chega?”
“Vou ficar mais tempo que o previsto. Se cuida.”
Guardei o aparelho antes que ela respondesse, bastava Villain me
azucrinando. Mas ele voltou a tocar e o peguei, atendendo Villain.
— Eles têm alguns contatos. Está pronto?
Porra, sim.

Não consegui dormir. Passaram-se quase cinco horas que deixei Yerík. A
madrugada estava adentro e meus olhos, mesmo que cansados, não davam o
braço a torcer. Eu queria esperar por ele. Ele jurou, então eu sabia que ele viria.
Me virei para o lado, quando finalmente adormeci, sonhei com ele.
Acordei na manhã seguinte e tentei pensar em algum motivo de Yerík não
ter vindo. Não havia muita brecha para ele entrar aqui. Tudo era vigiado e havia
seguranças em todos os lugares. Soldados não eram permitidos aqui dentro, mas
meu pai pagava uma agência de segurança. Ninguém entrava ou saía de forma
simples.
— Bom dia! — Sarah bateu na porta e abriu de uma vez.
— Ei. — Sorri, batendo ao meu lado na cama e ela subiu e se deitou.
— Mamãe não quis tomar café da manhã comigo e já saiu. Não vi papai,
também. — Ela fez uma careta. — Pode comer comigo?
Eu não queria comer ou sair da cama, mas era impossível negar algo a
Sarah. Por isso, sorri e a abracei.
— É claro, princesa.
Ela me esperou tomar banho e domar meu cabelo com óleo. No final, não
fez muita diferença. As ondas ainda estavam volumosas. Coloquei um vestido
grosso verde que tinha mangas bufante e quentinhas. Fechei os botões que o
prendiam depois de vestir uma meia-calça grossa. Assim que desci, Sarah me
arrastou até a mesa de jantar.
— Como foi a escola... — Parei de falar assim que ergui o rosto.
Meu coração bateu acelerado e minhas pernas ficaram fracas. Yerík me
olhou completamente ereto ao lado de outro segurança. Seus olhos rasgaram meu
vestido e quase acreditei que estava nua. Antes que alguém percebesse, desviei
meu olhar.
— Foi ótima! — Sarah se serviu com uma fatia do bolo de chocolate.
Eu semicerrei os olhos, sentindo o olhar de Yerík sobre mim.
— Fico feliz. Você quer passear no jardim? — perguntei alto o bastante
para Yerík ouvir.
— Sim! Eu preciso pintar você.
Sim, verdade. Sarah amava pintar e prometi a ela que deixaria me pintar.
Eu comi rapidamente, quando me ergui, Sarah correu para pegar seus
materiais e olhei nervosa para Yerík. Ele continuou parado e me virei, saindo.
Fui para fora e entrei no jardim de inverno da minha mãe. Havia flores
espalhadas e eram muito bonitas. Toquei em uma que ela nunca deixava ninguém
chegar perto. Era branca como a neve, parecia tão pura, intocada.
Puxei-a, rasgando a pétala no meio. Em seguida, retirei uma a uma,
deixando-as flutuarem até o chão. Quando todas estavam no chão, puxei o vaso e
o arremessei contra o piso repleto de pétalas. Ele se espatifou, a areia sujou
minhas botas, mas não dei a mínima.
Olhei ao redor e peguei um novo vaso. Joguei-o em uma das paredes de
vidro, mas não quebrou. O vidro era reforçado. Meu coração batia forte, furioso,
o lado impertinente me pedia para quebrar tudo, destruir seu local intocado.
— Krasnyy.
Sua voz chegou a mim assim que peguei uma nova rosa. Essa era
vermelha.
— Solte o vaso. — O ouvi, mas meus dedos apertaram mais a argila
seca. — Dasha, solte.
Eu me virei, soltando o vaso na mesa de apoio e o olhei. Minha garganta
estava fechada e meus olhos ardiam. Yerík estava parado. Engoli o caroço que
me impedia de falar.
— Eu quero te abraçar, krasnyy, e mais que isso, preciso entender o que
está acontecendo com você. — Ele apertou os punhos, ficando com as juntas
brancas. — Me diga quem preciso matar. Um nome, amor.
Amor.
Eu queria ser seu amor. Queria dormir em seus braços e acordar todos os
dias com seu braço em volta de mim. Eu queria nosso bebê, queria ter tido a
oportunidade de contar a ele que teríamos um bebê.
Ele ficaria feliz?
— Dasha!
A voz de Sarah me fez arregalar os olhos.
Minha irmã apareceu ao lado de Yerík, boquiaberta.
— Dasha, a mamãe... era a preferida dela. — Minha irmãzinha parecia
tão nervosa. — Como... você se machucou?
— Não. O... — Olhei para Yerík.
— Iuri.
— O Iuri me ajudou — murmurei devagar e engoli em seco. Olhei para
minha irmã, tremendo. — Foi sem querer.
Sarah acenou e encarou Yerík. Esperei que ela falasse algo enquanto eu
estava segurando meu vestido.
— Obrigada, urso. Dasha, vamos? Eu peguei a tela, as tintas e os pinceis.
— Sarah sorriu largo, esquecendo totalmente as rosas.
— Vamos.
Andei na direção deles e Sarah foi à frente. Meus dedos roçaram nos de
Yerík e suspirei, parando ao seu lado.
— Eu estou bem.
Ele grunhiu, mas saí antes que entendesse o que falou.
Sarah levou seu tempo me pintando enquanto eu olhava para a neve. Cada
vez que me mexia, ela resmungava sobre pessoas serem inquietas. Quando ela
estava finalizando, ouvimos um carro se aproximar.
Andrei desceu vendo nós duas e evitei procurar por Yerík. Ninguém
sabia o nome ou o rosto dele, jamais desconfiariam.
— O papai saiu da cirurgia. Em algumas horas, no máximo, vão movê-lo
para cá. — Ele se abaixou para olhar para Sarah. — Mamãe logo estará em
casa.
— A Dasha está me deixando pintá-la. — Sarah sorriu, olhando da tela
para mim.
— Ficou lindo, Sarah. Você pode dar licença a mim e Dasha por um
momento?
Sarah acenou, soltando o pincel. Quando nossa irmã entrou na mansão,
Andrei me olhou.
— Czar foi morto ontem.
Fiquei rígida e me ergui rapidamente. Como assim? Eu o vi ontem,
infelizmente. Yerík não foi, porque estávamos juntos. Forcei minha mente e
suspirei ao me lembrar que ele foi buscar o carro sozinho.
— Atropelado. — Andrei deu mais um passo. Fiquei quieta, tendo a
certeza de que sim, Yerík o matou. — Você tem noção da merda que nos
metemos? Igor está puto. Com razão! Tem um homem na Rússia tentando matar
seus homens.
— Não posso dizer que sinto muito.
— Dois noivos seus foram mortos. Igor está juntando as peças, Dasha, e
quando fizer, você será levada a ele. — Andrei me fulminou. — Não somos
bondosos com mulher nenhuma, nem as nossas. Você quer se sentar diante dele?
— Não, eu não quero, mas se você está me pedindo algo, fale de uma
vez.
— Nome e rosto. Só isso.
Só isso.
— Você está pedindo que eu mande o pai do meu filho para a morte? —
perguntei, séria. Andrei revirou os olhos.
— Não tem filho nenhum! Acorda, Dasha, pare de falar sobre isso. Você
mesmo disse que nem sabia da existência dele!
Eu bati em seu peito e ele cambaleou para trás. Andrei me olhou
perplexo e apontei meu dedo em sua direção.
— Nunca mais fale isso. Nunca mais — grunhi, completamente fora de
mim. — Só em saber que ele esteve comigo todo o tempo depois de chegar a
Rostov basta. Eu o amei, Andrei, e ainda o amo. E quero ardentemente que ele
me perdoe por não ter conseguido salvá-lo dos seus pais.
— Dasha...
— Não vou dizer nada sobre o pai do meu filho. Igor sabe onde estou.
Andei para longe e o deixei sozinho. Sarah apareceu e peguei em sua
mão, puxando-a para dentro.
— E a pintura?
— Já já, amor. Só preciso de um segundo.
Sarah acenou e nós subimos. Me deitei em minha cama e fechei os olhos,
enquanto a lembrança das vezes que eu acordava enjoada apareciam em minha
mente. Cada vez, eu poderia ter pensado, será que estou grávida? Mas em
nenhuma delas isso passou pela minha cabeça. Como fui tão burra?
— Dasha, acho que o papai chegou — Sarah murmurou perto da janela,
então me ergui, limpando minha bochecha.
Uma ambulância parou e meu pai desceu dela em uma maca. Mamãe
estava ao seu lado, totalmente fora do papel perfeito de esposa intocável. Andrei
andou ao lado dela e pegou em sua mão. Desviei os olhos deles e vi Yerík
parado bem ao lado da ambulância, com mais dois seguranças.
Seus olhos estavam no meu pai, porém, vieram para mim. Engoli em seco
e funguei. Ele desviou o olhar dessa vez, porque eu não consegui.
— O papai está doente? — A voz da minha irmã ecoou, curiosa.
— Um pouquinho.
— Vamos descer para vê-lo? — Sarah me olhou, inocência dançando em
seus olhos.
— Vai lá, desço daqui a pouco.
Minha irmã acenou, porém, antes de sair agarrou minha cintura e me
abraçou.
— Eu te amo, Dash. Você é minha melhor amiga.
— Eu também te amo, Princesa. Você é uma das poucas coisas boas na
minha vida. — Beijei seus cabelos e a abracei de volta.
Quando ela saiu, voltei a olhar para fora. Dessa vez, Yerík estava rígido
enquanto Andrei falava com eles. Eu apostava que era sobre o próprio Yerík.
Saí da janela para ninguém me pegar o olhando. Me deitei na cama e
fechei os olhos com força, não sabia como, mas acabei adormecendo. Quando
acordei, Sarah me chamou para finalizar a pintura e eu fui. Não vi meus pais e
optei por continuar assim.
Quando anoiteceu, tomei um banho longo e vesti uma camisola branca.
Assim que escovei meu cabelo e o deixei solto, saí do banheiro. Parei rápido
quando vi alguém sentado diante da minha cama.
— Quem está aí? — Minha voz tremeu.
Quando a pessoa acendeu o abajur, fiquei muito mais rígida.
— Você quer começar? Ou eu?
Engoli com força, apertando o tecido sedoso.
— Então, Dasha? Você ou eu? — Ele inclinou a cabeça.
— Está vivo. Que pena. — Andei até a minha cama e me sentei.
Meu pai me olhou como um inseto chato que insistia em azucrinar sua
vida.
— O que mais você quer que eu faça para te colocar em seu devido
lugar? — ele perguntou e ergueu a mão, então vi a arma brilhar contra a luz. —
Não foi suficiente matar a coisa monstruosa que crescia em seu ventre?
— Cale a boca — gritei, me erguendo. — Cale a boca. Não fale do meu
filho. Você não é digno dele.
— Ele. Dele — ironizou, sorrindo. — Essa porcaria não existe, fiz
questão de arrancá-la de você. Um filho de um sequestrador, de um homem que
quer minha morte...
— Sim, dele. E talvez, eu esteja com outro bebê dele agora. Enquanto
você estava deitado em uma maca lutando pela vida, eu estava com ele, papai.
Meu pai ficou rígido e seus olhos se arregalaram.
— Sim, pai, o deixei me tocar de bom grado. E sabe por quê? — Sorri
devagar, vendo sua fúria. — Porque o amo, e quando ele tirar a sua vida, para
mim será como se ele tivesse atirado em um coelho na floresta.
— Sua...
— Não vou sentir absolutamente nada. Na verdade, vou. Gratidão.
Ele empurrou a cadeira de rodas tentando me alcançar, mas subi na cama.
— Agora, saia do meu quarto. Chame Igor para me torturar, como falei
para Andrei, nem ele vai me fazer falar o nome do pai do meu filho.
Meu pai balançou a cabeça e riu.
— Vou fazer isso, e vou amar vê-lo estuprar você e rasgar sua pele. É o
que ele faz com vagabundas que mexem com a Bratva.
Assim que ele saiu, corri para a porta e a fechei. Me virei, ficando contra
a madeira e fechando meus olhos, enquanto respirava fundo.
— Eles fizeram você abortar meu filho?
Abri minhas pálpebras e tremi por dentro quando vi Yerík.
Eu não conseguia me mexer. Cada parte do meu corpo parecia que estava
esmagada. Dor que nunca imaginei sentir ecoava por cada célula que havia em
mim.
Entrei em seu quarto antes de Vladimir, estava esperando por Dasha
quando ele entrou. Eu sumi na escuridão do closet dela e esperei. Imaginei que
ele fosse obrigá-la a contar quem eu era, o que de fato ele fez, mas nunca esperei
isso.
Dasha estava grávida quando saiu da Finlândia.
Olhei para ela, deslizando em cada pedaço do seu corpo e parei em sua
barriga.
— Fale, krasnyy — pedi, porque eu precisava que ela dissesse. Mesmo
ouvindo tudo, precisava que ela falasse com todas as malditas letras que seus
pais a obrigaram a abortar meu filho. Nosso filho.
— Algumas semanas depois que retornei, tive muitos enjoos, fiquei
sonolenta e emagreci um pouco. Eu... — Dasha levou a mão aos lábios, perdida.
— Não desconfiei que fosse gravidez... como não desconfiei? — Sua voz ficou
dolorida e ela se encolheu. — Eu deveria ter pensado, você tinha tirado minha
virgindade, nunca tomei nada e nunca usamos proteção, então, como fui tão
burra?
— Pare com isso — rosnei, me aproximando.
Ela me olhou, balançando a cabeça. Assim que vi seus olhos brilhando
com lágrimas, segurei seus ombros com firmeza.
— Descobri quando eles me levaram à clínica. Assim que olhei para a
fachada. Foi como se tudo tivesse caído em cima dos meus ombros. Estava
esperando um bebê. — Ela me olhou, franzindo as sobrancelhas. — Eu nunca
senti tanta coisa junta. Um momento felicidade, logo em seguida, susto porque
você não estava comigo, e depois pavor, porque entendi o que eles fariam.
Dasha me deu um sorriso triste.
— Por que não percebi antes, Yerík? Nem que fosse um dia antes, eu
teria tempo com ele. — Ela agarrou a barriga, se curvando enquanto eu respirava
com dificuldade. — Meia hora servia, só queria sentir aquela felicidade por
mais tempo.
Enxuguei seu rosto e a puxei para o meu peito. Dasha soluçou, se
agarrando a mim. As suas frases que pareciam tão desconexas quando a vi
naquela sala agora faziam sentido.
“Eu implorei todos os dias para que viesse me buscar e você nunca
veio!”
“Se tivesse vindo, nada disso teria acontecido. Nada. Eu estaria bem.
Estaríamos bem.”
— Não consigo entender por que dói tanto, Yerík. Meu irmão está certo.
O tive por poucos minutos. Como pode algo tão rápido doer tanto?
Quando sua voz chegou à minha cabeça, segurei seu rosto.
— Seu irmão está errado. — Deslizei meus dedos por seu rosto. — Você
é inocente, Dasha, no sentido mais puro da palavra. Seu coração é bondoso, e
amar nosso filho, em tão pouco tempo como você diz, só me dá certeza disso.
— Como faz para passar?
— Por que você quer que passe? Passar quer dizer que não vai lembrar
mais.
— Eu quero esquecer.
Beijei sua cabeça, abraçando-a com mais força.
— Nosso bebê nunca será esquecido, Dasha. Vou fazer com que ninguém
o esqueça.
Ela se afastou, enxugando o rosto. A peguei nos braços, sentindo suas
pernas envolverem meus quadris. Empurrei-a contra a porta, querendo ter
certeza de que ela estava bem.
— Você está zangado comigo? — Sua voz denunciava sua tristeza.
Eu segurei seu rosto, querendo que ela olhasse bem para mim.
— Com você? Krasnyy, desde o segundo que coloquei meus olhos em
você ontem, sabia que algo estava errado. E porra, menina, estou puto, mas não é
com você. Entendeu? É com quem machucou a minha mulher. — Afastei seu
cabelo e descansei minha testa na sua. — Vou fazê-los pagarem por isso, Dasha.
Eu juro.
Krasnyy me abraçou com força e fechei meus olhos.
— Eu te amo. Não sei como, mas é o que sinto. — Ela fungou em meu
pescoço.
Deslizei minhas mãos em suas coxas e a coloquei na cama, beijando sua
boca. Suas mãos entraram em meu cabelo e gemi quando sua língua doce
deslizou pela minha. Prendi seus pulsos acima da sua cabeça.
— Vou foder você, krasnyy, lentamente, depois muito rude... mas depois
que eu matar seu pai. Você vai ficar quietinha aqui, tocando em sua boceta
gostosa, e quando eu voltar, você vai estar pronta para mim.
Dasha arregalou os olhos e segurei seu pescoço.
— Não é? Diga.
— Sim, estarei aqui, te esperando.
Me afastei dela e saí do quarto. A pistola que o pessoal da segurança
recebia era pequena, mas eu não a usaria. Não tinha necessidade de usar uma
arma fatal, quando eu queria causar dor.
Andei lentamente pelo corredor, colocando minha balaclava e subindo
um novo lance de escada. Todo mundo estava dormindo, por isso foi fácil me
mover. Peguei na maçaneta do quarto dos pais de Dasha e entrei.
Os dois estavam na cama, adormecidos. Eu andei até a mãe de Dasha e a
tirei da cama devagar, com ela ainda dormindo, então a sentei na poltrona,
prendi suas mãos e pernas na cadeira. Pegue um pano que descansava em sua
cadeira e enfiei em sua boca. Eu havia colocado sonífero em sua bebida, apenas
o suficiente para ela dormir pesado. Não a machucaria, mas depois de tudo que
fiquei sabendo, essa puta merecia.
Peguei a arma e dei uma coronhada em sua cabeça. Ela acordou
assustada, olhos arregalados, tremendo. Assim que me viu, sorri.
— Quer assistir a um filme de terror?
Eu fui na direção do Kireyev e prendi suas mãos antes de socar seu rosto.
Sua mão voou para a mesinha onde tinha uma arma, mas dei uma joelhada em seu
braço. Puxei-o para ficar ereto, vendo seu rosto se contorcer antes de me ver.
— Seu filho da puta!
— Como é saber que estou dentro da sua casa? — perguntei rindo e o
sentei na cama, de frente para sua esposa, que sangrava na sobrancelha. — Hein?
Seus dois pedaços de merda.
— Deixe minha esposa fora disso! — Kireyev gritou enquanto eu prendia
suas mãos e balançava a cabeça.
— Você deveria ter deixado ela de fora do assassinato do meu filho. —
Me inclinei, olhando bem para o seu rosto e vendo que ficou rígido. — Sim, eu
estava com sua filha segundos atrás, debaixo do seu teto.
— Seu lixo! Deixe a minha filha viver em paz!
— Com pais como vocês? Tsc, tsc, tsc... — Balancei a cabeça. — Acho
impossível. Dasha estava tremendo e chorando minutos atrás, se sentindo
culpada pelo que vocês fizeram. Vocês. Não ela.
Kireyev ergueu o rosto e senti meu sangue esquentar. Dei dois passos até
ele e soquei seu rosto repetidamente. Senti o sangue respingar, mas não parei até
ver seu rosto o dobro do tamanho que estava.
— Você matou minha família, Kireyev, enquanto eu estava longe. E
agora, matou o meu filho. Você não tem ideia do que vou fazer com você.
— Me dê o seu pior.
— E vou. — Sorri, puxando seu cabelo e olhando para Yelena, mãe de
Dasha. — Ei, puta, me conta como é ver sua filha assustada te implorando por
misericórdia?
Ela desviou os olhos de mim e cuspi no chão, com nojo.
— Minha mãe era uma mulher boa, sabe. A melhor mãe, sem dúvida, eu
estava com saudade depois de quase uma década longe de casa, preso. Então —
olhei para o pedaço de merda que era pai de Dasha — encontrei minha casa
vazia, sem meus irmãos e ela. Não havia nada. E eu prometi ali acabar com a sua
vida.
Segurei o cabo da minha faca e deslizei a lâmina pelo seu rosto, dos
cílios inferiores até a parte do seu queixo. Ele gritou e me deliciei com isso. Vi o
sangue pingar e me ergui para ir até a parte de trás da cadeira de Yelena. Passei
o sangue do seu marido em seu rosto enquanto olhava para ele, que tentava
fechar o olho.
— Olha, Kireyev, olhe para ela. — Passei a lâmina em seu peito, sujando
sua camisola. Pérolas bateram umas nas outras, também sujas. Yelena era linda
como a filha, mas não havia nada de Dasha naquela mulher.
— Pode matá-la, ela e um saco de lixo são as mesmas coisas. — Sua voz
era sincera. Dei de ombros e olhei para a mulher dele. Ela parecia derrotada.
— É por esse idiota que obrigou sua filha a matar o bebê dela? Você é
patética, Yelena.
Ouvi um farfalhar e me virei para Kireyev, encontrando-o com uma arma
na mão. Sorri andando até ele, quando seu dedo apertou o gatilho nada
aconteceu. Eu não era idiota.
Derrubei-o na cama, tirei o curativo da sua cirurgia e sorri ao ver os
pontos segurando a pele junta. Enfiei a ponta da faca sorrindo e puxando,
arrancando o primeiro. O sangue deslizou. Eu fui para o próximo, mas dessa vez,
enfiei a lâmina no corte antes de puxar. Fiz isso com o resto, e quando a ferida
estava aberta, finquei a faca na ferida, empurrando dentro do seu peito com
força. Ele gritou, de olhos arregalados, me fazendo sorrir mais.
— Vamos deixar ela aqui. Não quero que morra ainda. — Bati na faca,
vendo-o chorar como uma criança. — Já está chorando, Kireyev?
Peguei uma nova faca e risquei sua testa, criando as letras uma a uma.
Quando terminei, abri o seu peito com a lâmina e tirei seu coração. Segurei
diante do seu rosto até seus olhos ficarem opacos. Girei para encarar Yelena e
ergui o coração do seu marido.
— Agora, você. — Me ergui jogando o órgão na cama e andei até ficar
na sua frente, então me ajoelhei e apontei a faca que usei para matar seu marido
em seu pescoço. — Conheci Sarah hoje. Não quero tirar você dela, mas talvez
seja melhor ela crescer sem uma mãe péssima como você.
Tirei o tecido da sua boca e Yelena começou a chorar.
— Eu-eu... não tem perdão para o que fiz, eu sei. Se quiser, me mate, mas
por favor, faça com que alguém cuide de Dasha e Sarah.
Eu balancei a cabeça, não acreditando em uma vírgula do que falava, mas
não matava mulheres, essa era sua sorte.
— Vou levar a minha mulher daqui, você vai ficar bem calma sobre isso.
Não quero Andrei ou Igor nos procurando. Se eu souber que algum dos dois está
fazendo isso, vou voltar e matar você.
Quando Yelena acenou rápido, fiquei ereto. Precisava dar um jeito de
levar Dasha, mas pensaria depois como faria. Agora eu tinha que ir até ela.
Peguei o pano e coloquei na boca de Yelena de novo.
— Fique aí, quando sentirem falta de vocês, eles vêm te soltar.
Fechei a porta e saí do quarto depois de checar o corredor. Andei
rapidamente e suspirei quando não vi ninguém.
Desci a escada engolindo com força o caroço em minha garganta. Queria
sentir algum tipo de alívio, qualquer coisa, mas estava oco por dentro. Não
restou nada. Perder minha família foi horrível, mas descobrir o que fizeram a
Dasha e ao nosso bebê era como morrer.
Ver o rosto repleto de lágrimas, a dor da minha garota enquanto agarrava
sua barriga era pior que tudo. Era como sentir o diabo arrancar minha pele.
Eu odiava isso.

Abri a porta do quarto de Dasha, sentindo o sangue deslizar pelo meu


peito. Ela abriu a boca assim que me viu, mas não era de horror, ela estava com
os olhos fechados e os dedos enfiados na vagina doce. E estava gozando.
Quando tranquei a porta, ela abriu as pálpebras. Subi em sua cama e
afastei mais suas coxas, me inclinando e cheirando ali, deslizando a língua de
baixo para cima, levando todo o mel que ela produziu enquanto fodia sua boceta
com os dedos.
Puxei minha calça para baixo e soltei meu pau que estava rígido. Passei
os dedos na boceta de Dasha e usei sua excitação para molhar minha extensão.
Ela gemeu, se apoiando em seus cotovelos enquanto me posicionei entre suas
coxas. Me inclinei, aproximando a minha ponta da sua entrada.
Dasha respirou fundo e a encarei quando senti seus dedos em meu peito.
O sangue cobria minha camisa. Eu não dava a mínima. Eu a foderia na poça de
sangue do seu pai e não daria a mínima.
— Comi você ontem, mas não adianta, meu pau sempre quer deixar uma
carga de esperma dentro de você — resmunguei quando vazei. Eu parecia um
menino, e não um homem de quase quarenta anos.
— Por favor, Yerík. Só me foda.
Sua boca suja era mais um dos motivos de querer gozar antes. Inferno.
Empurrei meu pau para dentro, vendo seu buraco rosa se abrir e me engolir.
Dasha gemeu, se arqueando quando segurei sua cintura, puxando-a para baixo, de
encontro ao meu pau.
— Mantenha seus gemidos, Dasha. Não quero ninguém entrando aqui,
vendo ou ouvindo o que é meu.
— Yerík, é tão apertado, sinto você em tudo... ah meu Deus. — Continuei
empurrando, quando cheguei ao seu útero, deixei minhas bolas se esvaziarem. —
Por favor, mais rápido.
Puxei para fora e empurrei de volta, ainda assistindo. Dessa vez, meu
sêmen foi nosso lubrificante, indo e vindo com facilidade. Me inclinei, puxei a
camisola de Dasha com as duas mãos, rasgando o tecido bem no meio. Deslizei
minha mão aberta em seu peito e parei em sua barriga. Apertei ali e bati meus
quadris fundo dentro dela.
— Você quer engravidar de novo, Dasha? — Nem eu acreditei em minha
pergunta. Seus olhos arregalados não eram uma surpresa para mim. — Você quer
outro bebê em sua barriga, krasnyy?
— Yerík...
— Diga sim ou não. Me fale o que você quer e vou te dar.
— Sim, eu quero. — Ela acenou.
Eu a puxei, sentando-me em minhas panturrilhas. Ela se apoiou em meus
ombros e seus seios caíram diante de mim, cheios com auréolas rosadas e bicos
duros. Me inclinei para abocanhar um enquanto movia com força seus quadris
para cima e para baixo.
Agarrei sua bunda e ouvi barulho do lado de fora, porém, não parei.
Minha garota queria um bebê, então eu daria um a ela. Nem que eu precisasse
estar vinte e quatro horas gozando em seu útero desprotegido.
— Você ouviu... — Dasha gemeu baixinho. Eu saí de um seio para o
outro, sentindo suas unhas em meu terno caro. — Yerík...
— Goze, krasnyy. Ordenhe meu pau e pegue seu bebê.
Dasha gemeu, movendo os quadris e me apertando ritmadamente. Ela
mordeu meu ombro enquanto eu a deixava tomar conta disso. Quando vi estrelas,
Dasha gemeu mais alto, levando todo meu esperma e deslizando sua língua em
meu pescoço.
— Porra, krasnyy — gemi, apertando sua cintura.
— Mais um pouco e eu deixo você ir.
Sua voz sussurrada me fez grunhir. Seus quadris se moveram lentamente
e, em segundos, ela tinha meu pau pronto. Me sentei na cama apoiado em sua
cabeceira e vi seus seios balançarem. Dasha trabalhou sozinha dessa vez, se
movendo e me apertando. Seu cabelo estava solto caindo pelo seu colo, então
puxei os fios que amava e eles voltaram a ficar ondulados quando soltei. A boca
de Dasha se abriu enquanto suas coxas molhadas deslizavam pelas laterais das
minhas pernas.
— Estou quase, amor, só mais um pouco — resmunguei, gemendo.
Dasha acenou rápido e belisquei seu mamilo duro com força. Ela gritou
arregalando os olhos. Eu me movi rápido, empurrando até seu corpo cair contra
a cama e eu tapar sua boca, ainda a fodendo.
— Você não consegue ter meu pau e ficar quieta, não é, krasnyy?
Ela fechou os olhos e gemeu e despejei meu sêmen em sua boceta
gananciosa. Depois de alguns segundos, saí de dentro dela e fechei suas coxas,
segurando seus joelhos juntos e a puxando até ficar perto dos travesseiros.
— Fique com as pernas fechadas e coloque os pés na parte de cima da
cabeceira. — Levantei seus pés e os posicionei. Dasha me olhou de baixo,
obediente. — Eu poderia enfiar meu pau em sua garganta assim, mas não temos
tempo.
Saí da cama e fechei minha calça molhada. Praguejei, mas era a única
que eu tinha.
— Você vai voltar, certo? — Dasha murmurou.
Eu me aproximei, agarrando seu rosto e beijando sua boca.
— Você vai embora comigo.
Não assisti a sua reação. Apenas saí do seu quarto e fui atrás de um
plano de fuga.
Eu dormi assim que Yerík saiu do quarto. Eu confiava nele o bastante
para não me preocupar em como ele me tiraria de Rostov. Ele fez uma vez,
certo? Acordei com batidas à minha porta. Me ergui, vesti uma calça e blusa
larga, antes de abrir e ver Andrei.
— O papai está morto — ele falou baixo, prestando atenção em minha
reação.
— Sério? Como foi? — Arregalei os olhos.
— Você vai ver. — Ele agarrou meu braço e andou pelo corredor
enquanto eu o acompanhava quase tropeçando em meus próprios pés.
— Me solte! — pedi a ele tentando me soltar, mas meu irmão era forte e
o dobro de mim.
Assim que chegamos ao quarto dos meus pais, respirei fundo. Mamãe
estava inerte, sentada em uma poltrona, e meu pai na cama. Andrei me puxou até
lá e ofeguei ao ver tudo que Yerík fez.
A ferida do tiro estava aberta e o rosto tinha um corte do olho até a
bochecha. Me aproximei mais e engoli em seco ao ver o coração deixado em
cima dos lençóis, agora completamente ensanguentados.
— Esse homem é um monstro, Dasha. — A voz de Andrei soou longe.
Olhei para a testa do meu pai e vi as palavras que Yerík escreveu com
uma faca. Me arrepiei quando li.
Pela sua morte, eu renasço.
Ele tinha sido vingado. Acabou. Era isso que a frase queria dizer. Tudo
que meu pai fez a Yerík ficou para trás.
— Como ele entrou aqui? — Meu irmão me virou bruscamente.
— Eu não sei, não o vi — falei com firmeza. Olhei para mamãe, que
ainda encarava o corpo morto. — O que ela tem?
— Está assim desde que entrei. Não fala nada, está fora de si. — Andrei
olhou para mim, balançando a cabeça. — Acabou, certo? Ele se vingou, então,
pronto.
— Sim, acho que sim. — Acenei para acalmá-lo.
— Se ele não procurou por você, então não quer mais nada.
— Ele deve ter partido a essa hora — resmunguei, tentando me controlar.
— Igor foi avisado. Vamos enterrar papai hoje para não haver falatório.
Pegue Sarah no quarto, vocês vão para a minha casa.
— E a mamãe? — perguntei, andando até ela. Parei à sua frente, me
mantendo longe. — Mãe?
Ela piscou, mas não respondeu.
— Deveríamos levá-la ao médico — falei, franzindo as sobrancelhas.
— Farei isso depois do enterro. — Andrei olhou para o nosso pai e
suspirou. — Vamos falar com a Sarah.
Quando saímos, caminhei devagar até o quarto da minha irmã mais nova.
Abri a porta, sentindo um peso em meus ombros. Sarah ainda era jovem demais
para entender a morte, mas eu tinha certeza de que logo ela compreenderia.
— Ei, princesa — chamei, me sentando em sua cama.
Sarah bocejou e afastei seu cabelo do rosto.
— Bom dia, Sarah. — Andrei ficou em pé ao meu lado.
— Bom dia! — Ela se sentou rápido e me olhou sorrindo. — Andrei!
Você veio tomar café comigo? Cadê a Aslin?
— Não, princesa. Eu vim porque... o papai foi morar no céu.
Vladimir Kireyev não estava no céu. Porém Sarah não precisava saber
que o pai dela era um monstro.
— No céu? — Ela inclinou a cabeça e seus olhos azuis começaram a
encher de lágrimas.
Eu a abracei enquanto Andrei passava a mão em seu cabelo. Não sei
quanto tempo ficamos assim, mas quando deixei Sarah com a governanta e fui
atrás da mamãe, a encontrei do mesmo jeito. Fechei a porta depois de ver que o
corpo do meu pai já havia sido retirado. Me sentei aos pés da cama, de frente
para ela.
— Mãe? — chamei enquanto respirava fundo.
Assim que Yelena se mexeu e seus olhos focaram nos meus, engoli com
força.
— Ele estava com você. Você mentiu para o Andrei. — Suas palavras
saíram baixas.
— Você precisa se arrumar para o enterro...
— Ele matou seu pai, Dasha. Você está me ouvindo? — Ela agarrou
minhas mãos. — Ele enfiou uma faca no seu pai e depois a passou em mim. Seu
pai era um monstro, mas aquele homem... ele é o próprio satanás.
— E por que você está viva? — Minha pergunta a desconcertou.
— Ele quer que eu a deixe ir. Sem buscas. — Mamãe balançou a cabeça.
— Igor nunca vai permitir isso. A Bratva não esquece de ninguém, a menos que
esteja morta.
— Ele vai dar um jeito. Eu confio nele — falei com seriedade enquanto
minha mãe me olhava de cima a baixo. — Está em nosso sangue amarmos os
monstros.
Me ergui respirando fundo, mas ela segurou minha mão, então puxei
rápido, como se fogo estivesse se alastrando por minha pele.
— Desculpa por ter tirado seu... — Ela apontou para minha barriga.
— Filho. Você tirou meu filho.
Ela acenou repetidamente e desviou os olhos de mim.
— Eu pensei que... era o certo.
— O certo não faz uma pessoa implorar pelo contrário.
Saí do quarto sentindo meu peito doer. Não queria mais falar ou ouvir
sobre aquele dia. Isso tudo me machucava de uma maneira que eu não entendia e
odiava.
— Para onde você vai, krasnyy?
Me virei e engoli em seco ao ver Yerík de pé perto do final do corredor.
Eu andei em sua direção e o empurrei para dentro do banheiro social. Ele me
segurou quando o abracei.
— Mamãe está meio fora da cabeça — murmurei, agarrando seu terno.
— Sarah está triste e nem sei o que fazer...
— Ei, ei... — Yerík segurou meu rosto e o encarei. — Eu sei que ama a
sua irmã, ela vai superar isso, mas preciso te contar o que planejei.
— Tá, tá bom. — Acenei rápido e o ouvi atentamente. Quando ele parou,
senti meu estômago revirar. — Mas a Sarah... ela já perdeu o pai... isso vai
desestabilizá-la...
— Olha para mim, a gente só tem isso, Dasha. — Yerík colocou a mão
em minha nuca, enfiando os dedos em meu cabelo. — Quero viver com você,
mas sem olhar sobre nossos ombros. Você quer isso ou não?
Ele apertou meu cabelo enquanto aguardava.
— Me diz, porque eu vou embora.
Eu fechei meus olhos, tentando pensar.
— Não posso fazer isso com ela. — Neguei, balançando a cabeça, então
Yerík me soltou. Assim que o fez, senti falta dele. — Não posso foder com a
cabeça de uma criança. Eu te amo, amo muito, mas não dá!
Ele fechou os olhos e respirou fundo, inclinando a cabeça para trás.
— O.k., Dasha. Você está certa, eu sei. Fique bem, o.k.?
Ele arrumou o paletó e saiu do banheiro rapidamente, me deixando
sozinha.
Eu o queria mais que tudo, queria mesmo, mas a que custo? Sarah não
aguentaria. Eu sabia disso. Minha irmã era doce e inocente. Era a única coisa
boa para mim em Rostov. Não poderia fazer isso com ela, mesmo que rasgasse
minha alma deixar o homem que eu amava ir embora sem mim.
Quando o enterro aconteceu, levei meu tempo olhando para Yerík
próximo aos carros, de terno preto e óculos escuros. Eu conseguia ver sua
tatuagem de cruz sobre a sobrancelha.
— Você pode fingir que se importa? — Andrei grunhiu ao meu lado e sua
esposa segurou seu braço. Sorri para Aslin, ela era boa. Eu estava feliz que
Andrei a tivesse.
Assim que o caixão foi enfiado no chão, andei em direção ao carro da
família. Vi Yerík entrar em outro e respirei fundo, sentando-me no banco de
couro escuro. Sarah estava com Andrei e Aslin, ambos queriam que ela ficasse
na casa deles até mamãe ficar bem. Ela ainda estava completamente fora de si.
— Eu quero fazer uma parada na... — parei de falar quando o segurança
arrumou o espelho. Yerík me olhou sério e saiu do estacionamento. — Eu vi
você entrando no outro carro.
— Mudei de ideia. Preciso ir a um lugar. — Ele esperou que eu acenasse
para começar a dirigir.
Quando paramos depois de poucos segundos, na parte contrária de onde
meu pai foi sepultado, Yerík parou. Quando ele desceu do carro, fiquei tentada a
segui-lo, mas eu sabia que eram os túmulos da sua mãe e irmãos. Ele precisava
disso.
Não sei quanto tempo se passou até ele voltar, mas quando o fez, toquei
seu ombro.
— Quais eram os nomes deles? — perguntei.
Yerík me olhou pelo espelho.
— Minha mãe se chamava Irina, e meus irmãos, Anton e Alexei. Os dois
tinham seus vinte e poucos anos. — Sua voz ficou amena e pisquei com os olhos
úmidos. — Anton jogava futebol e o Alexei amava computadores.
— Eu sinto muito. Queria que eles estivessem aqui.
Yerík engoliu em seco e piscou. O momento passou e ele começou a
dirigir mais rápido.
— Yerík? — Toquei em seu ombro, mas ele se afastou, me deixando
completamente confusa. — O que você está fazendo?
Ele me ignorou. Tentei passar para a frente, mas minha cabeça ficou lenta
e não consegui me mover. Respirei devagar e quando o olhei, para dizer que eu
estava passando mal, vi que tinha colocado um respirador facial.
A escuridão estava cada vez mais perto e eu só conseguia me perguntar o
que ele fez?
Eu nunca a deixaria.
Eu a tirei de Rostov contra sua vontade na primeira vez, e não dava a
mínima se tinha que fazer isso de novo. Dasha era minha. Ela sabia disso tanto
quanto eu.
Ir visitar o túmulo dos meus irmãos e mãe era uma promessa, e a cumpri.
Pedi perdão à minha mãe, mas falei que não me arrependia, porque ele não
apenas matou minha família, mas meu filho.
Olhei para Dasha adormecida.
Ele rasgou a minha mulher ao meio. Eu nunca o deixaria viver depois
disso.
— Vamos estar em casa logo, krasnyy. — Passei a mão em seu rosto,
afastando seu cabelo.
Saí do carro com ela nos braços e andei até o outro, então a coloquei no
banco de trás, tendo cuidado para não a machucar. Fechei a porta e fui para o
porta-malas. Peguei a garota morta e enfiei no carro, onde Dasha estava. Depois,
peguei o cara e coloquei no motorista. Ambos já estavam mortos quando os
peguei no necrotério. Dois corpos não identificados.
Respirei fundo, jogando gasolina em cada pedaço do carro. Fechei as
portas e peguei meu isqueiro. Acendi o cigarro e traguei lentamente, quando
assoprei a fumaça, joguei o isqueiro no carro, que incendiou imediatamente.
Olhei para Dasha adormecida e entrei no carro. Dirigi como nunca, o
mais rápido possível, e quando cheguei ao heliponto Villain já estava me
esperando.
— Então, por que porra, sua mulher está dormindo? — ele grunhiu ao
perguntar enquanto colocava Dasha ao meu lado e a segurava.
— É mais fácil quando ela está dormindo.
— Explica.
Bufei, mas logo expliquei tudo. Quando acabei, Villain estava com a
cabeça para trás.
— Ela vai foder você.
Eu sabia que sim, mas eu também sabia como acalmar a fera.
— Vamos embora.
Assim que o helicóptero deixou o chão, respirei fundo, deixando tudo
para trás. Tudo. A morte da minha família, a minha vingança, tudo. Menos ela,
porque ela havia se infiltrado em minha alma e eu jamais a deixaria partir de
novo.
Assim que chegamos a Kemi, Dasha acordou. Estava sentado em minha
poltrona, aguardando seu despertar. Ela abriu as pálpebras e se sentou na cama,
sonolenta. Assim que olhou ao redor, ela deve ter se dado conta do que fiz. Seu
corpo ficou rígido e ela me achou.
— On-onde eu estou? — Sua voz tremeu enquanto seu rosto caía
lentamente. Eu fiquei em silêncio. — Me diz que não fez isso... por favor.
Eu não podia dizer, porque fiz e faria de novo, então não respondi.
— Você fez. Você forjou minha morte mesmo depois de eu dizer que não.
— Dasha se arrastou para fora da cama, mas a corrente a fez parar. Krasnyy
levou as mãos ao pescoço e seus olhos ficaram ferozes. — Tire isso de mim!
Agora, Yerík!
— Eu sabia que ia ficar chateada.
— Então você põe uma coleira em mim e me prende? — Seus gritos
ficaram histéricos. — É assim que vai ser? Você vai me manter em uma coleira
como uma cachorra?
Eu neguei, balançando a cabeça, então me levantei e caminhei até ela,
sentando-me em seguida na sua frente.
— Eu gosto de manter você em uma coleira quando está gemendo, não
gritando. Se acalme — pedi, puxando a corrente e trazendo-a para perto de mim.
— Não sairia de Rostov sem você.
— Essa deveria ser uma decisão minha! — ela grunhiu, vermelha de
ódio. — Tire isso de mim. Agora, Yerík!
— Porra, Dasha... — rosnei, me erguendo e abrindo a coleira. Dasha
desceu da cama se afastando de mim enquanto fiquei no mesmo lugar. —
Krasnyy...
— Não me chame assim! — Seu grito não me fez ficar rígido, mas suas
lágrimas, sim. — Sarah deve estar... pelo amor de Deus, ela tem dez anos!
— Eu sei quantos anos Sarah tem. Sei que será difícil, mas ela vai
superar — falei calmamente, me erguendo e parando à sua frente. — Mas não
iria te deixar lá. Krasnyy, agora somos nós dois. Para sempre...
— Tio Yerík! — Zuri resolveu gritar na porta naquele momento.
— Nós dois, hum? Sua família sabe disso? — Dasha cuspiu, mordaz.
Eu agarrei seu rosto, me inclinando e chegando tão perto quanto era
possível.
— Minha família é você, Dasha! Eu não tenho nada com Aduke. Nada.
Não a amo mais, nem sei se a amei assim, ou foi só comodismo. Mas não restou
nada. — Peguei sua mão e coloquei sobre meu coração. — Tudo aqui dentro é
seu.
Ela desviou os olhos dos meus, mas a puxei de volta. Dasha mordeu o
lábio, ainda chorando.
— Eu te trouxe porque é minha última chance de ser feliz. — Beijei sua
testa. — Você é minha única chance, krasnyy — falei, sentindo meu coração
subir para minha boca. — Eu amo você. Sem dúvida, é você a pessoa que mais
amo.
Dasha fungou, levando as mãos ao rosto enquanto a puxava contra meu
peito.
— Já vou, Zuri — gritei para a porta antes de sentir Dasha se afastar.
— Eu te amo. Amo muito, mas preciso pensar. Ficar sozinha um tempo.
Eu a entendia, mas não doía menos por isso.
Me afastei até sair do quarto e encontrar Zuri, com um taco de hóquei na
sala.
— Quero jogar, você me ensina?
Eu a peguei nos braços e nós saímos de casa depois de vestirmos
casacos. Desde que cheguei à Finlândia, não mudei de casa. Apenas reformei
essa. Porém queria deixar essa casa para Adu e comprar uma melhor para
Dasha. Eu sabia que seria difícil para ela recomeçar em outro país, mas a
ajudaria.
— Eu vou conhecer sua namorada quando? — Sua voz baixa me fez
sorrir.
— Assim que voltarmos. Ela vai amar você.
Eu sabia que iria. Dasha era uma pessoa boa e Zuri não tinha culpa do
seu ciúme.
Nós fomos para uma pista de hóquei que ficava a duas quadras de casa.
A ensinei o pouco que sabia e logo ela estava deslizando pelo gelo. Vibrei por
ela quando acertou o disco na trave pequena.
Quando voltamos para casa, Aduke estava na cozinha com o celular no
ouvido.
— De novo? Você deveria ter entregado há dias!
Seu grito me fez estremecer. Levei Zuri para o quarto e a mandei tomar
um banho quente. Voltei para a cozinha e encontrei a mãe dela ainda gritando.
— Eu descobri. Sim, você é um playboy rico que está brincando de ser
pintor. Deixe-me falar, volte para a barra do seu pai! Não quero mais seus
serviços, vou caçar uma pessoa que não seja uma lesma.
Eu arqueei as sobrancelhas quando ela me olhou, desligando o celular.
— Não fala nada!
— Eu nem abri minha boca. — Dei de ombros, me sentando no banco
que havia na ilha da cozinha.
— Bom, isso é bom, mas vou abrir a minha. — Ela pausou, me
encarando completamente séria. — Como você a traz para a Finlândia? O que
você tem na cabeça?
— Urgência — respondi de maneira firme.
— O quê? — Ela franziu as sobrancelhas.
— Eu a quero comigo. Sempre.
Aduke baixou os ombros, se acalmando.
— Então vá buscá-la, porque ela saiu. — Adu acenou para a porta de
trás com a cabeça.
Merda.
— Você poderia ter dito logo.
— E perder sua cara de pavor? Não mesmo. Vá lá. Eu vou ver Zuri.
Eu nem a vi desaparecer, porque já estava fora de casa. Olhei para as
pegadas da krasnyy e a segui. Depois de quase cinco minutos, a vi sentada em
uma pedra, diante do lago congelado.
— Ainda quer ficar sozinha? — perguntei e respirei fundo, aguardando
sua resposta.
— Não. — Ela balançou a cabeça. Eu me sentei atrás dela, puxando-a
para o meu peito. — Estar aqui é tudo que eu mais quis nos últimos tempos. Eu
cheguei a sonhar com isso.
— Você está aqui agora.
— Mas ele não. Parece errado. — Ela colocou a mão na barriga e fechei
meus olhos. — Eu acho que até quando engravidar, vou continuar assim. Com
dor.
— Um bebê não vai substituir o outro, Dasha. É normal.
— Sim, verdade. — Ela agarrou meu braço, descansando a bochecha em
meu bíceps. — Quero saber o que fez. Como aconteceu tudo.
Então lhe contei tudo. Desde pegar corpos até voar com Villain mais uma
vez.
— Eles não são idiotas, Yerík. — Ela se virou, semicerrando os olhos.
— Eles vão fazer DNA para saber se sou eu...
— Sua mãe não vai querer pedir nada. Ela vai mandar enterrar o corpo
na hora que encontrarem.
— Por que ela faria isso? — Dasha perguntou, balançando a cabeça.
— Porque jurei voltar e matá-la se ela não colaborasse — grunhi
rapidamente.
Ela fechou os olhos, respirando fundo.
— Se alguém vier me procurar aqui...
— Ninguém virá.
— Se vierem... — Dasha me olhou, se impondo. — Você tem noção de
que nós estaríamos colocando pessoas inocentes em meio ao fogo cruzado?
Aduke, Zuri, Lake e Villain...
— Olha, nenhum de nós é inocente. Zuri é, na verdade, mas o resto não.
— Puxei seu casaco, aproximando seu corpo do meu. — Um dia, Villain pediu
que eu corresse sobre o fogo por ele, por Lake, e eu corri. Nós dois fizemos
escolhas e somos leais um ao outro.
— E Aduke?
— Adu é minha melhor amiga, eu mataria por ela e sei que ela faria o
mesmo por mim. — Segurei seu rosto com a minha palma. — Vamos sair daqui
logo, só preciso que a minha mulher escolha uma casa, então seremos só nós
dois.
Dasha piscou e vi um pouco de entusiasmo surgir nas suas íris.
— Comprar uma casa nova?
— Uma que você goste e que seja grande o suficiente para nossos filhos.
Seus ombros cederam e ela subiu em cima de mim, mordendo o lábio.
— Você sabe que tenho dezoito anos, hum? — Segurei suas coxas
enquanto ela falava e acenei. — Talvez, eu queira estudar também, trabalhar...
— Você pode tudo, krasnyy. Fale o que quer e será seu. — Cheirei seu
pescoço enquanto tocava seu cabelo.
— Eu quero que diga que me ama novamente. — Sua voz ecoou incerta.
Me afastei, olhando em seu rosto. — Não precisa se não...
— Dasha, minha krasnyy, eu te amo. Amo mais que tudo e todos.
Seu queixo tremeu enquanto seus olhos estavam presos aos meus. Passei
o dedão na maçã do seu rosto, acariciando-a.
— Você será minha esposa, mãe dos meus filhos, e não vai ter um dia que
não agradecerei por isso.
Dasha me beijou rápido enquanto suas mãos seguravam meu rosto. Sua
língua era doce e nada urgente, eu queria foder ela na pedra cada vez que seus
dentes mordiam de leve meu lábio.
Mas não podíamos, pelo menos ainda não. Eu precisava levá-la para
comer alguma coisa e a apresentar a Zuri.
Assim que nos afastamos, lambi sua pulsação e a ouvi gemer.
— Vamos, krasnyy, antes que eu foda você na neve. De novo. — Eu me
ergui com ela nos braços enquanto ouvia sua risada.
— Parece que faz tanto tempo, não é?
Eu a coloquei no chão e ela me olhou parecendo bem. Isso me deixou
aliviado e feliz, eu a queria assim.
— Realmente não foi tanto, mas o suficiente para você foder minha
mente.
Dasha riu, se colocando na ponta dos pés e me beijando rapidamente.
— Eu te amo, Yerík.
Eu não fazia ideia do porquê, mas eu era grato.
Eu estava tentando muito deixar de lado o que Yerík fez. Meu coração
idiota e apaixonado queria ficar feliz por estar com ele, longe de tudo que a
Bratva representava, mas cada vez que eu pensava em Sarah queria chorar.
— Então, essa é a Zuri. — Yerík ficou entre nós duas, olhando de uma
para a outra.
Eu me ajoelhei, olhando para a garotinha de cabelo trançado. Ela parecia
com Aduke, era muito linda, mas seus olhos tinham uma leveza que nos de sua
mãe havia sumido.
— Oi, Zuri. — Sorri largamente enquanto ela olhava para a mãe.
— Mamãe deveria ser a namorada do tio Yerík. Ele podia ser meu novo
papai. Vai embora!
Eu fiquei completamente sem reação. Ela me olhou como se eu fosse uma
intrusa e, por um momento, eu me senti.
— Zuri — Yerík a advertiu e me ergui devagar.
— O que nós conversamos? — Aduke se ajoelhou na frente da filha. —
O Yerík é seu tio, como o tio Prince, lembra? — A garotinha balançou a cabeça
e correu para o corredor. — Zuri...
Aduke se ergueu e me encarou.
— Me desculpa, Dasha. Ela é criança...
— Ou ela vê o que vi desde que eu estava naquele cativeiro —
murmurei, interrompendo-a.
— Pare com isso, Dasha. — Yerík se aproximou, tenso.
— Até uma garotinha achou isso, Yerík. Não é só o meu ciúme imbecil
pelo fato de você viver com sua ex-namorada e a filha dela. A menina é uma
criança, a cabecinha dela foi condicionada a entender assim...
— Dasha, olha, eu e Yerík terminamos antes disso, enquanto ele
planejava seu sequestro e fui contra. Eu pedi para escolher e ele escolheu. —
Aduke deu um passo em minha direção.
— Então você ainda gostava dele. — Não era a porra de uma pergunta.
— Eu o amo, muito, mas não é assim. Yerík e eu vivemos no inferno
juntos. — Seus olhos brilharam e ela engoliu em seco. — Ele me protegeu
quando ninguém o fez. Você tem o direito de sentir ciúme, é normal, você o ama,
mas eu e Zuri também.
Nada do que ela falou amorteceu a sensação de que eu não era bem-
vinda, porém, Zuri era uma criança. Ela não tinha culpa dos próprios
sentimentos.
— Eu posso falar com ela? — pedi.
Aduke abriu passagem, apontando para a porta de um dos primeiros
quartos.
— Por favor, e dome a fera por mim.
Eu não ri, não cabia a mim sorrir quando eu me sentia estranha. Bati à
porta do quarto e esperei sua permissão, quando ela gritou entre, assim fiz.
— Zuri, sou eu, a Dasha.
Ela estava de bruços na cama, e quando se sentou vi seus olhinhos cheios
de lágrimas.
— Sei que está com raiva e confusa, mas a gente pode conversar?
Ela fungou, mas acenou. Entrei no quarto e sorri ao ver várias bonecas.
Sarah amava bonecas, mas ultimamente só queria saber de pinturas. Meu coração
latejou ao me lembrar dela.
— Você gosta bastante dele, hum? — Me sentei em uma cadeira na sua
frente.
— Ele é legal. — Zuri olhou para as mãos. — Mais legal que o meu
baba.
— O que seria um baba? — Franzi as sobrancelhas sem entender.
— É pai. Meu pai.
Acenei, compreendendo.
— Yerík ama você. Sabe, ele adora brincar com você, certo? Vi quando
saíram com aquele taco.
— Sim, fomos jogar hóquei. Ele me ensinou e fiz um ponto. — A
excitação em sua voz me fez sorrir.
— Nada disso vai mudar, Zuri. Não estou aqui porque quero desfazer o
laço de vocês, estou aqui porque o amo e ele me ama. — Sorri devagar e me
ergui, apontei para a cama e ela acenou. — E posso ser uma grande amiga. Eu
sei fazer bolo de chocolate.
Zuri riu e abri minha mão na sua frente.
— Ele vai ser o baba de alguém?
Respirei fundo e acenei, porque ele seria.
— Sim. E se você pegar minha mão, prometo que você vai poder
escolher todas as roupinhas do bebê até ele fazer dez anos.
— Tudo isso? — Ela arregalou os olhos e acenei, sorrindo. Zuri roncou
baixinho rindo e cobriu a boca com a outra mão. — Eu sou ótima escolhendo
looks.
Eu imaginei que era.
— Então, amigas? — Estendi minha mão e ela a pegou.
— Amigas.
Nós saímos do quarto juntas e encontramos Yerík na sala andando de um
lado para o outro. Zuri o abraçou e ele a ergueu nos braços. Engoli em seco e
olhei para a cozinha, onde Aduke estava pondo a mesa.
— Eu vou tomar um banho — avisei rapidamente e saí de cena, indo para
o quarto.
Enchi a banheira, colocando sais que encontrei. Assim que estava quase
cheia, prendi meu cabelo, tirei a roupa e entrei na água quente.
Apoiei minha cabeça na toalha e gemi com a sensação incrível.
— Você fica bonita molhada. — Sua voz me fez abrir os olhos.
Eu sabia que suas palavras tinham duplo sentido. Yerík se apoiou na
parede, me observando enquanto delineava caminhos em minha coxa com
espuma.
— Você vai me ignorar, krasnyy? — A irritação estalou em sua voz e
engoli em seco. — Não brinca comigo.
Eu o ignorei de novo. Ele se moveu rápido e se ajoelhou fora da
banheira, ao meu lado. Sua mão sumiu entre minhas pernas e arregalei os olhos
quando ele pegou meu clitóris e torceu.
Eu só podia ter algum problema psicológico, porque a dor me fez abrir
mais as coxas. Yerík sabia disso, ele já havia desvendado a garota que amava
ser castigada.
— Estou falando com você, Dasha. É melhor abrir sua boquinha ou vou
abrir ela com meu pau. — Seus dedos beliscaram meu clitóris novamente e
lambi meus lábios. — O.k., amor.
Deus, eu adorava quando ele me chamava de amor. Yerík se ergueu e
abriu a calça, abaixando até ela parar em suas coxas grossas. Suspirei quando
seu pau saltou diante de mim. Era tão grande e largo, amava sentir tudo dentro de
mim, me preenchendo.
— Abra sua boca, Dasha.
Um arrepio se espalhou por mim e abri a boca. Yerík segurou meu cabelo
e aproximou a ponta da minha boca. Eu lambi devagar e depois o levei mais
fundo. O aperto da sua mão em meu cabelo me fez gemer enquanto ele empurrava
os quadris. Abri bem a boca e o levei até minha garganta, porém, senti reflexo e
me afastei.
— Porra — Yerík gemeu —, é o céu assistir a você se engasgar com meu
pau. É muito para você, krasnyy?
Imbecil. Agarrei seu pau e a ponta dos meus dedos chegaram perto de se
tocarem, mas não o fizeram. Eu o engoli fundo mais uma vez, tentando controlar
meu reflexo. Quando o senti em minha garganta, gemi. Yerík grunhiu e me senti
poderosa.
— Vai engolir minha porra? Vou gozar.
Eu fiquei na mesma posição, aguardando. Quando Yerík gozou, senti o
líquido espesso encher minha garganta. Chupei devagar e lambi toda sua
extensão. Quando me afastei, ele ficou rígido e mais esperma saiu, caindo em
meus seios.
— Quando eu morrer quero essa visão passando em minha mente.
Eu deslizei a mão pelo seu sêmen e molhei a ponta dos meus mamilos.
— Se vire.
Eu o obedeci, me ajoelhando na banheira e me inclinando sobre a toalha.
Ele entrou na banheira com a calça ainda nas coxas, e puxou meus quadris até se
enfiar lentamente dentro de mim. Suspirei, amando a sensação de o sentir em
todos os lugares.
— É nessa hora que você fala meu nome, krasnyy. Pode gritar. Sua
boceta gananciosa quer isso. Ela me chupa tão bem.
Eu gemi com suas palavras imundas, amava quando ele fazia isso.
— E esse buraco aqui — ele tocou meu ânus e fiquei rígida —, calma,
krasnyy, eu vou foder aqui, mas não hoje. Mexa seus quadris, amor, me foda.
Eu empurrei contra seu corpo e gemi mais alto quando o senti bem no
fundo. Ele agarrou meu cabelo, me fodendo rápido. Minha boceta se esticava
para o receber, me dando a sensação de dor, mas o prazer voltava, apagando
isso. Eu gritei quando meu corpo convulsionou e gozei, apertando seu pênis com
força, mandando-o gozar. Yerík sempre obedecia e dessa vez não foi diferente.
Seu esperma me encheu e estremeci quando ele me puxou enquanto se
sentava na banheira. A água quente nos envolveu e sua mão foi para a minha
boceta sensível.
— Mais um.
Eu dei, gritando e gozando como a garota que ele controlava com o pau e
as mãos. Assim que caí em seu peito, ele beijou meu ombro.
— Volto a trabalhar hoje e você vai comigo.
Suspirei, pronta para dizer que queria ficar sozinha, mas ele agarrou meu
pescoço, apertando-o apenas para indicar que ele tinha o controle.
— Você vai comigo. Lake vai estar lá e Finley também. Será bom, você
vai se distrair.
O.k., tudo bem, eu queria ver as meninas.

Depois de comer com Zuri e Aduke, nós saímos. Yerík me guiou,


segurando minha cintura com um aperto firme. Olhei para o bar que ele era dono,
o lugar rústico era bonito. A luz amena era amarelada e a madeira era
predominante. Me senti acolhida no lugar. À esquerda, onde ficavam as mesas na
parede, era aconchegante. O outro lado era uma pista improvisada e tinha mesas
altas, só para colocar a bebida. No centro, havia uma pista de dança onde já
tinham pessoas.
— Você gostou? — Sua voz era ansiosa.
Sorri ao ver que ele queria minha aprovação.
— Eu amei. É lindo e muito aconchegante.
Ele sorriu e fingi que não vi. Fomos para o balcão e vi Finley me olhar.
Ela não tinha ideia das coisas que os meninos fizeram, mas isso Yerík teve que
explicar a ela. Eu via a incredulidade em seus olhos, o julgamento previsível.
Como uma mulher se apaixona pelo seu sequestrador? Bem, nem eu
sabia. Mas eu amava Yerík e isso era o bastante. Pelo menos para mim.
— É bom ver você novamente, Finley.
— Você também. Está linda, aliás.
Eu sorri, porque eu havia pegado qualquer roupa. Eu não trouxe nenhuma,
mas havia algumas no closet do Yerík. Ele devia ter comprado.
— Obrigada. Você pode me arrumar uma água com limão?
Ela acenou e foi fazer isso. Me virei, vendo Yerík me assistindo.
— Quando comprou essas roupas? — perguntei, desistindo de ignorá-lo.
— São da Aduke. Pedi que emprestasse algumas a você.
Eu acenei, desviando meu rosto para o balcão. Odiava sentir tanto ciúme,
mas, merda, até as roupas dela?
— Krasnyy, pare com isso. — Ele me puxou contra seu peito e o encarei.
— Queria ver você estar bem morando com algum ex meu.
— Eu matei os dois, então acho que é impossível.
Eu empurrei seu peito querendo me soltar, mas ele apenas me prendeu
mais.
— Nós vamos para um hotel, é isso que quer? Eu faço o que quiser. O
que quiser, Dasha. Vamos comprar uma casa amanhã? Porra, sim! Você quer ir
até uma imobiliária agora? Eu faço a pessoa abrir na base de pancada, mas ela
vai abrir — Yerík berrou em meu rosto, feroz, enquanto a música abafava seus
gritos. — O que não quero mais é essa discussão. Você é minha mulher, você,
ninguém mais. Por que diabos acha que a tirei de Rostov? Não posso viver sem
você e, merda, eu não quero.
Eu pisquei longamente, sentindo lágrimas encherem meus olhos. Ele
segurou meu rosto e o abracei com força.
— Eu te amo. Me desculpa. Eu só... ela é tão linda, eu não...
— Só vejo você, krasnyy, desde o dia que te olhei. É você que está em
minha cabeça ao acordar ou dormir. Você.
Eu acenei e ele se curvou, beijando minha boca com fome e desespero.
Retribuí faminta, tocando sua nuca e sentindo o aperto das suas mãos em minha
bunda.
— Humrum. — Um pigarreio me fez afastar de Yerík, que grunhiu,
irritado. Finley sorriu enquanto minhas bochechas coravam. — Aqui, sua água.
— Obrigada, Finley.
Guiei Dasha para a mesa onde Villain e Lake estavam, então me sentei e
puxei krasnyy para o meu colo. Ela engoliu em seco, nervosa, mas não discutiu.
— Dasha! Fico feliz que esteja aqui. — Lake sorriu largamente enquanto
seu marido olhava para a entrada, atento a tudo, mantendo um braço atrás da sua
esposa.
— Eu também estou feliz. — A voz dela soou acima da música alta e
Villain a encarou. — Obrigada por cuidar de Yerík.
— Não agradeça. Ele é meu irmão.
Eu o olhei com gratidão. Villain era o único amigo que eu tinha e eu não
precisava de outros. Ele era leal a mim. Mesmo quando sua esposa era contra,
ele ainda era fiel.
— Como está sendo para você? A Finlândia é bem fria.
— A Rússia também, então estou confortável. — Dasha se remexeu em
meu colo e apertei suas coxas.
— Fique quieta, krasnyy — sussurrei em seu ouvido.
Ela acenou devagar, engolindo em seco.
— O que pretende fazer aqui? Estudar, trabalhar? — Lake continuou a
conversa.
— Os dois, talvez. — Dasha se animou. — Yerík e eu queremos um
bebê, então precisamos pensar.
Os olhos de Lake se arregalaram, mas ela logo mascarou isso.
— Mas já? Vocês deveriam curtir juntos primeiro — Villain murmurou e
o encarei. Sutilmente, ele balançou o dedo anelar. O.k., casamento.
Eu iria pedir Dasha em casamento, claro, mas eu queria que ela se
acomodasse primeiro. Se sentisse em casa aqui na Finlândia.
— Nós vamos, mas... — Dasha baixou os ombros e senti sua tristeza. Ela
me olhou, eu sabia que precisava da minha confirmação para falar. — Eu perdi
um bebê. Em Rostov.
Lake a encarou rápido e Dasha olhou para as próprias mãos.
— Eu não deveria falar sobre isso...
— Ei, ei, claro que deve. — A esposa de Villain sorriu para a minha
krasnyy. — Eu sinto muito, Dasha. Seu bebê é um anjinho que vai proteger você
para sempre.
— É, não é? — Sua voz quebrou e a puxei para meu peito. Dasha
escondeu o rosto em meu peito por alguns segundos e depois se afastou,
enxugando as lágrimas. — O.k., eu não quero transformar isso em um enterro.
Beijei seu cabelo, passando as mãos em suas coxas. Também doía em
mim termos perdido um bebê, mas Dasha o carregou dentro de si, ela sentia
muito mais que eu.
— Nós vamos fazer um almoço domingo. É o meu aniversário. Se quiser
ir, está mais que convidada.
— Yerík também ou só Dasha? — Villain cutucou a barriga dela,
fazendo-a se remexer, rindo.
— É claro que ele está convidado, aliás, duvido muito que ele deixe
Dasha ir a um metro sem ele a vigiando.
— Nisso você está certa — respondi de maneira firme e sorri quando
Dasha me olhou franzindo o cenho.
Eu pedi uma rodada de cerveja e Dasha virou fazendo careta, enquanto
Lake negou dizendo que estava sem ânimo para beber. Ela estava a base de água,
só.
— Eu vou ao banheiro. Vamos? — Lake chamou Dasha e ela se ergueu.
Observei-a caminhar para longe sob os olhos de Prince.
— Por que Lake não está bebendo? — perguntei e ele fez uma careta.
— Você é tão enxerido. — Ele virou sua cerveja e inclinou a cabeça. Às
vezes eu me esquecia que Prince era muito mais novo que eu. Todos eles. — Ela
está grávida.
Eu sorri largamente, me erguendo e o abraçando. Villain retribuiu rindo,
a felicidade estava estampada em todo seu rosto.
— Porra, cara, parabéns. — Eu o afastei e ele sorriu mais ainda. — Sei
por tudo o que passaram e valeu a pena. Vocês vão formar sua família e serão
muito mais felizes. Estou feliz por vocês.
— Obrigado, cara. Não conseguiria sem você. Tudo isso.
Eu balancei a cabeça.
— Você e aquela abelhuda eram predestinados. Comigo ou não.
Ele riu e nós voltamos a nos sentar.
— Ela quer contar a todos no almoço, então finja cara de surpresa.
— Eu sei fazer as melhores, juro. — Ergui as mãos e ele riu, porém,
parou de repente. — O que foi?
— Sinto muito pelo seu filho. Isso foi muito fodido, cara...
— Ela não perdeu, Villain, eles a levaram a uma clínica e o arrancaram
de dentro dela.
Meu melhor amigo ficou completamente branco. Acenei, engolindo com
força. Isso era pior, porque se fosse um aborto espontâneo, entenderíamos, mas
saber que os próprios pais dela fizeram isso me rasgava completamente. Nós
dois.
— Cara, isso... porra, isso é horrível. — Meu amigo, um dos homens
mais cruéis que conheço, ficou sem palavras. — Eu sinto muito mesmo.
— Fiz o pai dela pagar. A mãe está viva, é uma das coisas que me
arrependo.
— Essa família é maluca, cara.
Das piores.
— Como você sabe, Dasha não queria forjar sua morte, fiz contra a sua
vontade. — Respirei fundo e agarrei a garrafa de cerveja. — Ela tem uma irmã,
Sarah, e porra, por um momento eu quis trazer a garota junto. Dasha a ama e
deixar ela lidar com duas mortes em questão de horas foi horrível, mas não
poderia fazer diferente. Eu precisava da minha garota comigo. É egoísta, sim,
foda-se, mas é isso.
— Com certeza foi uma barra, quando a garota crescer, podemos entrar
em contato, talvez. Não sei, algo que faça Dasha se sentir bem.
— Sim, talvez.
As duas voltaram para a mesa e eu beijei Dasha quando se sentou em
meu colo. Seu cheiro era bom e passei mais algum tempo com ela, até ter que ir
trabalhar. Passei horas a olhando de longe, quando o bar esvaziou, Lake e Prince
já haviam ido embora junto a Finley.
— Pronta para ir? — Beijei suas juntas e ela acenou, sorrindo.
Eu a coloquei no carro e fui para o lado do motorista. Dasha se apoiou
em meu ombro e dirigi para casa. Assim que chegamos, vi um carro parado em
frente. Praguejei enquanto estacionava.
— Quem será? — Dasha ecoou em pânico.
— Não sei. Fique calma. Eu vou sair, fique aqui.
— Yerík. — Ela agarrou meu braço.
— Calma. — Segurei seu rosto bonito.
— E se for Andrei? Igor? — Ela começou a tremer.
— Não são eles. Se fosse, significaria que Adu e Zuri estão... mortas.
Dasha arregalou os olhos e saí do carro, caminhando devagar. Quando
cheguei ao lado da camionete, vi um homem dormindo dentro. Que porra era
essa? A porta se abriu e vi Aduke carregando um balde.
— O que está acontecendo? — perguntei, franzindo as sobrancelhas.
— Esse imbecil está aqui há horas, vou dar um banho nele. — Ela tentou
passar por mim, mas agarrei seu braço.
— Está fazendo menos três graus. Você vai matar o cara. Quem é?
— O pintor idiota. Você sabia que ele é filho do prefeito? — Aduke
grunhiu, irritada.
— Eu vou lá, fique calada. E pelo amor de Deus, vai guardar esse balde.
Ela revirou os olhos e vi Dasha na lateral, prendendo o riso.
Andei até a porta do cara e bati na janela. Ele demorou para acordar, e
quando o fez ficou alguns segundos olhando para o nada. Ele estava chapado?
— Ei, cara, o que está fazendo? — perguntei, me inclinando.
— Hum — ele esfregou o rosto —,vi você no bar e pensei em vir aqui.
Aduke e Zuri estavam sozinhas. — Sua voz foi diminuindo e ouvi Aduke
suspirar. — Desculpa, eu estou indo. — Ele ligou o carro e saiu dirigindo
rapidamente.
Eu me virei para Aduke. Ela estava engolindo em seco, ainda segurando
o balde idiota.
— O filho do prefeito é seu guarda pessoal agora? — perguntei,
divertido.
Ela me fulminou antes de se virar e entrar em casa.
Dasha passou por mim, rindo livremente quando a peguei nos braços.
— Um vigia, hum? Eu gostei disso, foi fofo — ela resmungou enquanto
eu fechava a porta do nosso quarto.
— Eu fui seu vigia por semanas.
— Hum, mas não foi fofo, amor. — Ela riu enquanto eu a colocava na
cama e ficava entre suas pernas.
— Não? Eu gozar em sua boceta virgem não foi fofo? — Lambi seu
pescoço.
— Não...
— Rasgar sua roupa na floresta e foder você na neve? — Arqueei a
sobrancelha e ela negou. — Que tal, pedir para ver sua boceta doce? Foi fofo
abrir suas coxas e afastar sua calcinha.
— Essa sua boca suja... droga, preciso que me foda.
— Olhar você tomar banho? Uh? Ou talvez, comer sua boceta naquela
mesa?
— Cale a boca e me foda.
— Talvez meu pau?
— Urso, seu pau é tudo menos fofo. Agora o coloque dentro de mim.
Eu sorri, tirando o casaco e depois puxando minha camisa. Dasha fez o
mesmo e apenas puxei sua calça e rasguei a calcinha branca e úmida.
— Eu fiquei excitada quando me viu tomar banho.
— Eu fiquei louco — gemi, me inclinando e pegando um mamilo. —
Minha obsessão nua diante de mim e eu não podia tocar. Foi um inferno.
— Agora você pode.
— Sim, agora posso porque você é minha. — Lambi seus mamilos e
chupei um, agarrando a parte interna do seu joelho e a abrindo. — Fale, krasnyy.
A quem você pertence?
— A você, sou sua. — Empurrei meu pau em sua boceta apertada. Dasha
gritou e grunhi, sentindo meu pau ser imprensado. — Completamente. Eu nunca
quis ser de mais ninguém. Ah meu Deus!
Meu pau cresceu mais e fodi Dasha com força, sentindo suas paredes me
sugarem quando saía, com medo de me perder, e logo se alargavam, quando eu
voltava. Não havia chance de eu conseguir sair dali sem deixar esperma dentro
dela.
— Yerík!
Gozei assim que seu grito ecoou. Me inclinei e roubei seus lábios. Dasha
gemeu e chupei seu lábio inferior, mordendo ao soltar. Ela suspirou e voltei a me
mexer.
— Sua boceta consegue me levar mais vezes. Ela foi feita para mim.
E porra, era verdade.
Na manhã seguinte, Dasha estava dolorida, e o homem das cavernas que
habitava em mim achou incrível. Eu passei pomada em sua boceta vermelha e lhe
dei remédios. Queria dizer que foi apenas mais uma vez que estava entre suas
pernas, mas não foi. Quando amanheceu, eu estava lá, como um cachorro,
comendo-a lentamente.
— Estou bem — ela murmurou rindo quando descemos a escada.
— Bom dia! — Zuri apareceu, segurando um leão de pelúcia. — Olhem
o que ganhei! O Ron me deu.
— Sério? É lindo! Ron tem bom gosto. — Dasha sorriu para a garotinha
enquanto eu via Aduke de cara fechada, guardando alguns alimentos.
— É lindo, princesa. Bom dia! — Beijei seu cabelo e andei até sua mãe,
enquanto Dasha ficava com ela. — Quem é Ron? — Peguei uma maçã e mordi.
— O pintor. Ele estava no supermercado e comprou para Zuri — ela
grunhiu, enfiando os alimentos na geladeira.
— E por que você está irritada?
Aduke parou e se virou para mim.
— Não gosto dele. E ele atrasou a minha inauguração. — Sua careta se
aprofundou.
— Ele parece uma boa pessoa. Ficou aqui cuidando de vocês ontem...
— Eu não pedi e não quero mais falar disso.
Ergui as mãos e nós fomos para a mesa. Tomamos café juntos, enquanto
Zuri continuava a falar de Ron e como ele era engraçado. Eu não precisava dizer
que Aduke fazia cara de paisagem a todo momento.
— O que achou dessa? — Ergui a peça de lingerie branca.
Dasha queria comprar roupas, então fui com ela. Ela já havia comprado
casacos, blusas, calças e botas. Agora estávamos em uma loja de lingerie.
— Você está escolhendo conforme pensa em me ter enquanto as uso.
— Eu? Não, estou visando o seu conforto.
Ela pegou a calcinha e me mostrou o fio que ficaria enfiado em sua bunda
doce.
— Isso não é confortável.
— Eu tentei, amigão — murmurei para baixo e ela bateu em meu peito.
— Não acredito que está falando com seu pau enquanto fazemos
compras. — Dasha saiu andando, enquanto balançava a cabeça.
— Ele tem sentimentos.
Ela revirou os olhos e brinquei com ela durante toda nossa seção de
compras. Quando paramos para comer, ela viu algo do outro lado da rua. Eu
segui sua atenção e vi o centro comunitário.
— É da Lake — murmurei.
— Sério? — Ela me olhou. — Será que ela precisa de ajuda?
Ela ficou animada e a levei até lá. Saímos depois de uma hora, Dasha
com um emprego na instituição e rindo para todos os lugares enquanto eu sentia
meu coração leve, apaixonado.
Eu a amava mais que tudo.
Fazia um mês que eu estava na Finlândia. Viver naquele país era bom, as
pessoas eram simpáticas, a cidade de Kemi era linda, e estar com Yerík era
minha visão de paraíso. Porém ainda pensava em Sarah. Muito.
— A sopa está no ponto — a cozinheira do centro falou e acenei.
Agarrei os pratos e levei até o salão aberto. Sorri para Arto e o avisei da
sopa. Ele era responsável por trazer tudo para o salão, eu estava de ajudante
hoje, porque Yerík saiu com Villain/Prince. Eu ainda não entendia bem por que
Yerík o chamava de um jeito e Lake outro completamente diferente.
Sorri para ela do outro lado do salão colando cartazes sobre um baile
para os idosos da cidade que Ron pediu para pregarmos. O pintor/filho do
prefeito era um cara legal que também ajudava o centro comunitário. Aduke e ele
quase não se viam depois que ela abriu um estúdio de tatuagem.
Coloquei os pratos na mesa ao lado dos talheres e cumprimentei as
pessoas que iam entrando para se aquecerem. Trabalhar no Violetta Community
era bom, eu estava feliz em ajudar crianças e idosos, até adultos que nos
procuravam.
— Você parece bem. — Lake sorriu, se aproximando.
Eu sorri para a barriga pequena que ela já formava. Ela já estava com
cinco meses de gravidez. Só decidiu contar quando estava com quase quatro, o
que achei inteligente. Muita coisa poderia acontecer nos primeiros meses.
— Eu estou. — Sorri de volta, animada. — Você sabe para onde eles
foram?
Lake piscou e olhou ao redor antes de se aproximar.
— Você sabe com o que eles trabalham, certo? — A maneira como ela
perguntou isso me dizia que eu não sabia.
— No bar?
— O.k., vamos lá, não? — Ela fez uma careta e respirei fundo. — Eles
continuam sendo mafiosos longe da máfia.
Mafiosos?
Yerík mata, tortura, trafica? O que ele faz?
— Eu preciso de ar — murmurei, incerta. Lake suspirou, pegando em
minha mão. — É sério, só preciso de um tempo.
— Tudo bem, mas não se afaste muito.
Eu acenei e saí andando para fora. Puxei meu cachecol sobre minha boca
e baixei a touca. Respirei profundamente, quando olhei para o céu, tentei pensar
um pouco. Peguei meu celular e disquei seu número.
— Krasnyy, algo errado? — Ele atendeu no primeiro toque, parecendo
preocupado.
— Eu... você trabalha com... a Lake me contou...
— O.k., olha, podemos falar sobre isso quando eu chegar em casa?
— Claro, eu... — Parei de falar quando vi um homem parado do outro
lado da rua. Ele estava com um sobretudo e estava parado me olhando.
— Dasha?
— Andrei? — Inclinei meu rosto, mas em seguida ele sumiu. Onde ele
estava? Andei até lá enquanto pensava em Sarah. Ela estava bem? Como ele me
encontrou?
— Dasha! — Yerík gritou e estremeci.
— Eu vi... o Andrei. Estou indo ver se é ele. Será que aconteceu algo a
Sarah? — Minha voz soou em pânico.
— Volte para o centro. Estou indo.
Ele desligou e tentei obedecê-lo, mas não consegui. Quando cheguei à
calçada vi Andrei de pé, então me aproximei, tremendo. Meu irmão me olhou
por inteira.
— Como você me encontrou? — perguntei baixo, mas ele acenou para
um prédio ao lado. Era um hotel. Eu entrei no lugar, seguindo-o. — Você vai me
explicar?
— Eu sempre soube onde estava. — Meu irmão pressionou um botão no
elevador.
— O quê? — Meu rosto ficou branco e ele enfiou as mãos no casaco. —
Como assim?
— Quando nossos pais abortaram seu bebê, eles implantaram um chipe
em você.
O quê? Meu irmão me puxou para fora do elevador enquanto eu tentava
respirar.
— Sim. E mamãe sabia disso. Ela me contou e rastreei você no segundo
dia.
Andrei se serviu de uísque no que parecia ser uma sala dentro de um
quarto de hotel. Fiquei parada, tentando pensar sobre isso.
— Por que não veio antes? — Minha voz soou baixa, trêmula.
— Para que, Dasha? — Meu irmão riu, sem humor. — Você decidiu nos
deixar, deixar Sarah, então por que eu viria?
A pancada foi dolorosa. Ele não estava certo de todo, mas em partes,
sim.
— O que está fazendo aqui? — Funguei, sem perceber que estava a ponto
de chorar.
— Sarah.
— O que tem ela? — Dei um passo em sua direção, aflita.
Andrei suspirou e abriu os olhos.
— Eu não quero que ela sofra isso de novo e de novo. — Ele andou até
uma porta e a abriu, então o segui. Assim que vi Sarah deitada numa cama,
parecendo completamente triste, eu me movi mais rápido.
— Sarah? — chamei baixo.
Ela se sentou rapidamente, seus olhinhos se encheram de lágrimas e ela
gritou, passando as mãos pelo rosto.
— Andrei, estou sonhando de novo! — ela chorou, falando.
Eu me senti ser despedaçada. Ela sonhava comigo?
— Ei, não é um sonho, a Dasha está aqui, princesa. — Andrei segurou os
ombros dela enquanto seu corpo se acalmava.
— Mas ela morreu... não foi? — Sua voz ecoou incerta.
— Não, foi um engano. — Meu irmão sorriu, limpando o rosto dela. —
Eu a encontrei.
— Ei, estou aqui e senti muitas saudade de você. — Me aproximei,
abrindo meus braços enquanto lágrimas desciam por minhas bochechas.
Sarah se jogou em meu peito e a abracei com toda minha força. Seu
cheiro me rodeou e fiquei em paz. Completa.
— Ah meu Deus, você está aqui. — Ela soluçou enquanto segurava
minhas bochechas. — Me senti tão sozinha.
— Não está mais. Eu estou com você.
Andrei me olhou de pé enquanto eu soluçava. Levei Sarah para a cama e
me deitei ao seu lado, com ela me abraçando. Puxei as cobertas e a aqueci. Eu a
amava tanto. Senti tanta falta dela.
— Eu vou para a sala.
Andrei saiu e fechei meus olhos, respirando o cheiro de Sarah.
Tudo ficaria bem agora.

Eu fazia coisas das quais não me orgulhava, e rastrear Dasha sem ela
saber era uma dessas. Olhei para a tela do celular e respirei fundo, parando o
carro.
— Quarto de Andrei Kireyev.
A atendente do hotel sorriu e me disse. Andei rapidamente até o
elevador, e quando cheguei à cobertura, peguei minha arma e apertei a
campainha. Eu não dava a mínima se toda Bratva estava ali, eu queria minha
mulher. Agora.
Assim que a porta se abriu, Andrei me olhou.
— Abaixe sua arma.
— Onde está Dasha? — perguntei, rígido.
Ele abriu a porta, voltando para dentro.
— No quarto com Sarah.
Sarah. Dasha deveria estar nas nuvens. Baixei minha arma.
— Sarah não estava bem. Minha mãe estava fora de órbita e agora está
em uma clínica psiquiátrica. — Meu cunhado respirou fundo e virou um copo de
uísque.
— Você só a trouxe para ver Dasha? E se ela falar sobre Dasha? —
perguntei, tenso. Andrei respirou fundo. — Como você sabia que Dasha estava
viva?
Minha desconfiança cresceu e apertei o cano da minha arma.
— Dasha tem um chipe implantado. E sobre Sarah, bom, inventei que a
levaria para um colégio interno.
Queria dizer que ela ficaria conosco?
— Sarah é muito apegada a Dasha. Se aceitarem, permitirei que ela fique
— Andrei falou.
Eu me virei ao ouvir uma porta abrir.
— É claro que aceitamos. — Dasha tentou não sorrir tanto, mas ele
explodiu em seus lábios. — Eu vou cuidar dela.
— Eu sei que vai, Dash. — Andrei a olhou com carinho, mas isso mudou
ao me encarar. — Você teve seus motivos para destroçar minha família, mas
espero que não machuque Dasha ou Sarah.
— Eu não irei.
Andrei acenou sério. Dasha andou até o irmão e o abraçou, ele devolveu
o gesto depois de alguns segundos.
— Não sei por que o ama, mas eu vi que está feliz.
— Eu estou e realmente o amo. — Dasha acenou depois de deixar seus
braços caírem ao lado. — E nós iremos cuidar dela. Eu prometo.
Andrei acenou e Dasha veio para o meu lado.
— Igor desconfia de algo? — Krasnyy perguntou, nervosa.
— Não, Igor tem coisas mais importantes para focar agora — Andrei
resmungou.
Eu não me preocupei com essas coisas. Queria que a Bratva ficasse onde
estava, bem longe de mim e da minha família.
— Mas lembre-se, Sarah volta aos dezoito. Ela é a Bratva e vai seguir
nossos ensinamentos. Não a iluda com uma vida sem isso, não haverá.
Quando Dasha ficou rígida, passei a mão em sua coluna para a acalmar.
Andrei esperou por nossa confirmação.
— Não se preocupe, falaremos a ela sobre isso — afirmei enquanto
Dasha permanecia calada.
— Tudo bem. Eu vou embora. Meu jato está pousando.
Dasha acenou e Andrei foi ao quarto. Talvez, se despedir da irmã.
Quando voltou, ele saiu sem falar mais nada.
Krasnyy me abraçou e segurei seu rosto bonito, beijando sua testa.
— Não acredito que Sarah vai ficar conosco. — Ela sorriu largamente e
fiz o mesmo. — Precisamos acelerar a pintura da casa. Fale com Ron.
Havíamos comprado nossa casa, mas ela estava em reforma. Agora, com
Sarah, precisávamos acelerar as coisas.
— Farei isso. — Beijei sua boca e ela derreteu em meu peito.
— Como você me achou? — Dasha afastou a cabeça, colocando o queixo
em meu peito.
— Rastreei seu celular.
Ela franziu as sobrancelhas.
— Um chipe na minha pele e agora o celular. — Quando ela se afastou,
respirei fundo. — Pare de me rastrear, e eu preciso ir ao médico tirar essa
porcaria de chipe.
— Não posso parar, é para sua segurança. Se fosse Igor, ou se seu irmão
tivesse vindo levar você à força? Eu nunca saberia que estava aqui, Dasha.
— Eu odeio que você use isso contra mim.
— É a verdade, agora, que tal me apresentar para a minha cunhada? —
Puxei sua cintura contra mim.
— O.k. — Ela suspirou, vencida.
Nós entramos no quarto e Sarah estava dormindo. Dasha decidiu que era
melhor ficarmos no quarto e na manhã seguinte iríamos embora. Eu obedeci,
porque essa não era uma batalha que eu queria lutar.
Quando amanheceu, Dasha conversou com Sarah e assim que a garota me
viu, arregalou os olhos.
— Urso! Você é o namorado da Dasha?
— Sou. E você é a irmã que ela mais ama no mundo? — perguntei, me
abaixando.
Ela riu, negando.
— Eu sou a única irmã que ela tem.
Nós rimos e estendi minha mão para ela.
— Você quer morar com a gente, Sarah?
— Sim! — ela gritou entusiasmada e pegou minha mão.
Dasha sorriu quando a coloquei em meu colo.
Nós saímos do hotel e dirigi para casa. Quando chegamos, Zuri estava
brincando na neve. Eu desci Sarah e Zuri arregalou os olhos.
— Oi! Meu nome é Zuri.
— Oi! Eu sou a Sarah.
As duas entraram em uma conversa e logo Sarah estava fazendo bonecos
de neve com a filha de Aduke. Dasha sorriu para as duas e nós entramos.
Procurei Aduke e arregalei os olhos quando a vi contra a geladeira e Ron a
beijando.
Olhei para Dasha e ela estava com a boca aberta. Ela não odiava o filho
do prefeito?
— A gente deveria... — Dasha apontou para a escada e nós saímos
devagar.
Assim que chegamos ao quarto, Dasha riu.
— Ela não o odiava? — perguntei, confuso.
— Você não me odiava? — Krasnyy rebateu, rindo.
Eu me aproximei, segurando sua cintura e beijando seu rosto.
— Ódio e amor, mãos dadas e etc., hum?
— Isso mesmo.
Ela riu e a beijei com mais força. Suas mãos se fecharam na minha nuca e
a ergui. Suas coxas abraçaram meu corpo e a coloquei sobre a cômoda.
— Eu tenho uma coisa para falar — ela murmurou entre os beijos.
Segurei seu seio, apertando-o. Dasha gemeu e eu me afastei devagar, parecia um
gemido de dor.
— Doeu?
— Sim, muito. Eles estão sensíveis. — Dasha sorriu largamente e eu
franzi as sobrancelhas.
— O.k...
— Eu fiz um teste de gravidez, ontem de manhã.
Fiquei inerte e olhei para seu rosto, que estava alegre e emocionado.
Esperei calmamente e ela retirou um palito de plástico do casaco. Dasha me deu
e eu o olhei.
— O que quer dizer? Tem dois riscos.
— Nós vamos ter um bebê? — Seus olhos se encheram de lágrimas.
Eu perguntei se era sério, quando ela acenou, caí de joelhos. Subi sua
camisa e abri sua calça, e quando vi sua barriga plana, suspirei tocando sem
acreditar.
— Ei, o papai está aqui. Dessa vez eu vou proteger a mamãe. Eu juro.
Dasha soluçou e eu beijei seu ventre. Jurando amá-la para sempre, em
todos os dias da minha vida.
— Você quer se casar comigo? — perguntei, ainda ajoelhado. Ela riu,
enxugando o rosto. — É sério, você quer se casar comigo?
Ela parou de sorrir e me ergui, colocando meu corpo no dela.
— Eu amo a forma como sorri, o tom que usa ao pronunciar meu nome, o
seu toque e o poder que tem sobre mim. Amo seu cabelo ondulado e como ele me
hipnotiza por alguma razão desconhecida. Eu amo ver você feliz e sempre irei
lutar por sua felicidade. Nosso filho é prova disso.
— Você está falando sério — ela constatou, com os olhos expandidos.
— Pode apostar que sim, krasnyy. Então?
Ela sorriu e respirou fundo, então sorriu de novo e pulou na cômoda.
— Sim, sim e sim! Eu aceito.
Dasha me abraçou e beijei seus lábios até estarmos sem fôlego. Ela
gritou quando a peguei, levando-a para a cama.
— Preciso estar dentro de você, nevesta. Agora.
Ela acenou, me ouvindo chamá-la de noiva em russo e sorriu, puxando a
camisa. Quando ficou nua, a comi lentamente, com medo por nosso bebê.
— Me faça gozar antes que alguém entre, Yerík.
Eu obedeci como um cachorrinho e, porra, eu gostei.
SETE MESES DEPOIS...
Eu balancei minha mão para Sarah enquanto ela entrava na escola. A sua
adaptação estava sendo boa, agora, na verdade, ela já estava acostumada. Ela
amava a escola e já fez várias amigas.
— Onde está? — A voz de Yerík reverberou pelo carro e sorri.
Ele havia viajado com Villain há dois dias, para resolver seus negócios,
dos quais decidi ficar por fora. E havia chegado hoje.
— A caminho. Vim deixar Sarah na aula.
— Porra, o.k., me diga o que está vestindo.
Eu sorri, mas parei, mordendo meu lábio.
— Um vestido, meia-calça grossa e um casaco longo.
— Quantos minutos?
— Dois.
— Solte seu sutiã.
Eu o obedeci enquanto tentava dirigir e me soltar da peça. Meus peitos
cederam, doloridos e enormes. Eles estavam o dobro de tamanho e Yerík amava.
— Estou na esquina.
Estacionei o carro e desci rapidamente. Assim que passei pela porta da
nossa casa de três andares, ele me agarrou. Sua mão foi protetoramente para
minha barriga inchada enquanto puxava o topo do vestido para baixo. Eu gemi
quando ele apertou enquanto enfiava sua língua na minha boca.
— Amor, seja gentil.
— Dois dias sem você e quer gentileza? Krasnyy, não dá.
Eu sabia disso. Ele me levou para o nosso quarto, e quando fiquei nua ele
sorriu segurando a coleira que havia sido aposentada há um tempo. Eu o deixei
colocar em meu pescoço e ele puxou a corrente para a frente do meu corpo. O
metal frio tocou minha boceta e estremeci.
— Porra, você está vazando.
Eu conseguia sentir minha excitação descendo por minha boceta e depois
bunda. Ele pressionou a corrente em meu clitóris e gritei. O prazer era absurdo,
e quando ele parou de brincar e lambeu tudo, eu gozei.
— Vem, krasnyy, sente aqui.
Seu pau grosso se projetou para cima quando ele se deitou nos nossos
travesseiros, subi em suas coxas e desci lentamente. O tamanho dele me
preocupou e tive que perguntar à minha médica se podíamos transar
normalmente, infelizmente, não podíamos. Apenas lentamente. E o lento não era
nossa praia, então, para nos saciarmos precisávamos transar várias vezes.
Yerík pegou meu seio e lambeu o mamilo enquanto eu subia e descia,
gemendo. Quando ele gozou, também me deixei levar.
— Que saudade que eu estava de você. — Ele apertou minha bunda e eu
gemi.
— Eu também, amor.
E como eu estava.

Yerík me levou para a floresta e nós andamos de mãos dados enquanto


Villain e Lake estavam mais adiante, com a filha deles no colo. Ela parecia com
os dois e tinha olhos cinza. Eu a achava deslumbrante.
— Quando Ruslan nascer, o levarei para conhecer a namorada — Yerík
murmurou alto, fazendo Villain se virar e o fulminar com irritação. — O quê?
Deveríamos fazer um pacto ou algo assim.
— Minha filha não vai se casar com Ruslan, ou com qualquer um.
— O.k., estou cansada dessa discussão idiota e repetitiva. Parem com
isso. — Lake revirou os olhos, ninando sua filha.
Yerík colocou o braço em meus ombros e nós paramos enquanto o casal
continuava. Eu o olhei e beijei o seu queixo, então ele sorriu.
— Tudo bem, sra. Dimidov?
Eu suspirei, como toda vez desde o nosso casamento. Nos casamos na
igreja, com nossos amigos presentes. Zuri e Sarah levaram nossas alianças. Foi
lindo.
— Tudo certo. Nosso menino não virá ao mundo agora.
Ele relaxou e eu ri. Yerík estava nervoso com a chegada iminente de
Ruslan. Eu acariciei minha barriga e nosso filho chutou. Eu me sentia bem todas
as vezes.
— Acho que ele vai parecer com você, krasnyy. O cabelo
principalmente.
— Deixei de ter o cabelo krasnyy há muito tempo, sabe. — Sorri,
olhando para o seu rosto contente. Yerík parecia feliz e eu me sentia vitoriosa
por poder lhe dar essa sensação.
— Eu sei, mas eu sempre vou chamá-la assim. Seu cabelo foi a primeira
coisa que vi no dia que pus meus olhos sobre você. — Yerík segurou meu queixo
e beijou meus lábios rapidamente.
— Nós amamos você — murmurei assim que me afastei e ele me
abraçou.
Olhei ao nosso redor vendo as árvores, a neve e Yerík, lembrando-me
que há algum tempo tudo isso me dava medo, mas não hoje.
Hoje eu só sentia paz e a sensação indescritível de ser completa.
Yerík me completou, e por mais que não fosse um conto de fadas belo e
poético, era a nossa história.
Torta, defeituosa e imprevisível, mas a nossa.
O som da risada de Zuri era o meu preferido em todo o universo, mas eu
também amava o da máquina de tatuar. O zumbido era calmante e me deixava
focada no que eu tinha que fazer. E, nesse momento, era tatuar uma borboleta na
parte superior de uma vagina.
A garota tinha pouca idade, eu podia ver, e ela se arrependeria disso.
Não era meu negócio aconselhar jovens sobre tatuagens. Eles pagavam e eu
fazia. Simples.
— Prontinho. — Dei um tapinha para o plástico filme fixar, mas puxei
minha mão. Era estranho demais.
Dei instruções para os cuidados e ela logo foi embora. Organizei e joguei
fora o lixo antes de sair para chamar o próximo cliente. Me apoiei no balcão
onde Rubia estava anotando algo.
— Quem é o próximo? — perguntei, mas antes que ela falasse ouvi a
risada da minha filha. — Um segundo.
Fui até a sala externa do estúdio e vi minha filha sendo jogada para cima,
como se fosse uma boneca. Ela gargalhava, me fazendo sorrir, pelo menos até
que eu visse quem fazia isso.
O pintor.
— Zuri, já fez a atividade com a tia Dasha? — perguntei sorrindo.
Ele parou, pondo-a no chão. Sem tirar os olhos da pequena encrenca, o vi
colocar as mãos nos bolsos, flexionando os músculos.
— Não, vou pegar minha bolsa! — Ela sorriu para mim e acenei. —
Tchau, Ron!
Ele a beijou na cabeça e minha filha entrou no estúdio. O centro
comunitário da Lake era do lado e Dasha trabalhava lá. Zuri sempre ficava entre
os dois prédios.
— Boa tarde, Tiana.
Eu revirei os olhos. Ron começou a me chamar por esse nome depois de
Zuri assistir a um filme com uma princesa preta e me apelidar assim.
— Aduke. Meu nome é Aduke — grunhi irritada, fazendo-o sorrir de
lado. Eu odiava quando ele sorria, porque ele fazia isso muito bem.
Vamos lá, Ron é bonito. Loiro, olhos azuis e alto. Musculoso. E eu tinha
certeza de que havia algo com mais de vinte centímetros dentro daquela calça,
mas ele também era rico, mauricinho e filho do prefeito.
— Sua filha te chama de Tiana...
— Olha, filho do prefeito, estou cansada de você. Minha filha parece te
amar, o.k., eu respeito o gosto duvidoso dela, mas eu não.
Ron me olhou devagar mordendo a boca, como o safado que era.
— Pare de me olhar assim.
— Assim como? — Ele arqueou a sobrancelha, com a atenção nos meus
peitos.
— Não se faça de imbecil — grunhi, quente por dentro.
Ei, faz muito tempo desde que estive com um cara.
— Como se eu achasse você perfeita? — Suas palavras me fizeram rir.
Eu estava longe da perfeição. — Como se a cada segundo eu pensasse em uma
maneira de poder tocar em você?
Parei de sorrir e Ron deu um passo em minha direção.
— Sabe quantas vezes eu já fantasiei tocar na sua pele?
A gente se beijou. O.k., foi uma vez e dei um tapa nele por isso.
— Eu tenho trabalho para fazer, filho do prefeito.
Me virei e saí, deixando-o para trás. Quando parei no balcão da
recepção, peguei o desenho que faria agora. Era bonito e bem trabalhado. O cara
tatuaria no bíceps.
— Cadê ele? — perguntei para Rubia. Ela sorriu, acenando para trás de
mim. Quando vi Ron, fiquei rígida. — Você?
— Eu.
Dei de ombros. Ron tinha a pele limpa, sem nenhum rabisco. Isso era
uma das coisas que gostava nele. Não que eu gostasse de muitas.
Entrei em minha sala e o mandei se sentar, então me posicionei ao seu
lado e puxei seu braço, esticando-o em cima do suporte.
— Coloque Tiana e Zuri embaixo.
Eu parei de limpar sua pele e o encarei. Ron estava sério, me olhando
com o mar azul que tinha no rosto. Eu detestava me sentir tão atraída por ele.
Vamos lá, fiquei com homens reais. O pai da Zuri era um imbecil, mas era um
preto delicioso e, Yerík... bom, Yerík era incrível na cama.
— Pare com isso agora.
— Com o que, Tiana? Estou falando o que eu quero na minha tatuagem —
ele estalou, rude, me deixando rígida. — Faça.
— Eu não vou tatuar o apelido que você me chama e o nome da minha
filha na porra do seu braço, Ron!
Me ergui da cadeira e ele inclinou a cabeça, me inspecionando mais uma
vez.
— Eu quero você e ela.
Porra. Eu respirei fundo e me aproximei, empurrando meu dedo em seu
peito.
— Pare com esse seu jogo. Cresça, Ron, não sou como as mulheres dessa
cidade que despencam no chão quando veem você. Eu não quero você.
Ele agarrou meu pulso e me puxou, então caí em seu colo e dei um grito
de susto.
— Não me quer ou detesta me querer? — Ele apertou meus quadris, me
puxando contra seu peito. — Fale, Tiana, cadê a minha gata arisca?
— Me solte.
— Por quê? — Ele olhou para minha boca e fiz o mesmo. Seus lábios
eram finos e vermelhos. Eu quase gemi ao imaginar seu pau da mesma cor. —
Me beija, Tiana. Você sabe que quer.
Eu queria. Mas não daria esse gosto a Ron.
— Nós dois sabemos que o único implorando por isso é você, filho do
prefeito.
Ele agarrou meu rosto e bateu os lábios contra os meus. Como da
primeira vez, Ron lambeu a costura da minha boca e assim que dei passagem, ele
me beijou com desespero. Sua língua era habilidosa, e quando a chupei, senti as
mãos de Ron entrando em minha blusa. Eu gemi baixo, tocando seu peito
musculoso.
— Pare de dificultar as coisas para mim, amor — sua voz sussurrada
ecoou entre nossos beijos. — Seja minha namorada.
Eu o ignorei. Eu só queria beijá-lo. Abri o zíper da sua calça enquanto
ele tirava minha camisa. Meu sutiã saiu e suas mãos grandes agarraram os dois
montes pesados. Ron se inclinou e gritei quando ele mordeu meu seio.
— Não me ignore.
Eu finquei minhas unhas em sua pele. Logo ele estava vermelho e cheio
de marcas. Puxei minha saia jeans para cima e agradeci por estar com meia sete
oitavos. Ron segurou o pau que acertei sobre a cor e bombeou devagar, enquanto
eu afastava minha calcinha. Em um movimento, Ron esticou minha boceta.
— Porra, Tiana, sua boceta é incrível. Mexa seus quadris e me dê esses
peitos.
Eu tremi com suas palavras e me inclinei na cadeira, oferecendo meus
seios a ele. Ron os chupou devagar, enquanto o fodia lentamente.
Seu pau era bom, muito bom, na verdade. Eu o sentia bem no meu ponto G
e isso me fez gozar tão rápido que ele teve que nos virar. Ron segurou minhas
coxas abertas e olhou para a minha boceta.
— Eu preciso saborear.
Eu estremeci com isso. Ron tirou seu pau de dentro de mim e desceu da
cadeira, se inclinando em seguida. Sua boca abocanhou meu clitóris e ele chupou
um pouco antes de lamber tudo. Eu gozei mais uma vez, e então ele estava
novamente dentro de mim. Dessa vez, ele em pé, e eu, na cadeira.
— Aceite namorar comigo.
Deus, ele era insistente. Suspirei gemendo e ele parou de se mover.
— Se for me chantagear com sexo, você vai perder.
— Por que, Tiana? — Ele agarrou minhas coxas novamente.
— Porque saio daqui e me satisfaço com outro. Você vai ficar com as
bolas cheias e ainda vai me ver indo embora.
O semblante divertido dele sumiu e tive um pouco de medo quando Ron
se moveu rapidamente, empurrando o pau dentro de mim e se inclinando até o
rosto estar perto do meu.
— Me diz o nome que vou lá tirar a vida dele.
Não parecia uma brincadeira, por isso não ri. Ron segurou minha nuca e
me puxou até eu estar sentada, ereta. Sua boca deslizou pelo meu pescoço
enquanto eu ainda processava sua ameaça.
— Você acha que sou apenas o filho do prefeito — ele mordeu minha
pele ainda bombeando dentro de mim —, mas antes dos seus amigos chegarem,
era a mim que pagavam para fazer o serviço sujo.
O quê? Ele me puxou mais forte e o encarei. Ele não parecia mais o Ron
divertido, e sim, um homem perverso.
— Você me deixou tocá-la, agora é minha.
Eu quase sorri, mas não queria chateá-lo. Ainda não.
— Me faça gozar e pare de conversa.
Ron sorriu e seus quadris começaram a se mover mais rápido. Quando o
ápice me deixou cega por segundos, o senti gozar dentro de mim. Burra. Toquei
seu pescoço e beijei sua boca.
— Não quero namorar, mas se quiser me foder, estou à disposição.
Eu me afastei, pulei da mesa e arrumei minha roupa. Ron parou atrás de
mim e me puxou pela cintura.
— Você ainda vai ser minha namorada, Tiana.
— Tá, tá.
Me afastei e guardei as coisas, então vi Ron semicerrar os olhos.
— Não vou manchar sua pele com tatuagem. Eu gosto assim.
Ele tinha um sorriso de merda imenso no rosto. Me virei e sorri também.
Não queria me apegar a ninguém, mas algo me dizia que esse pintor filho do
prefeito me faria mudar de ideia rapidinho.
[i]
O livro que Dasha está lendo é “Um Bebê de Presente para o Sugar Daddy”, também da autora
Evilane Oliveira. Leia ele clicando aqui.
Table of Contents
Epígrafe
Dedicatória
Nota da autora
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Epílogo
Capítulo extra

Você também pode gostar