TRICHOMONAS VAGINALIS

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TRICHOMONAS

VAGINALIS
INTRODUÇÃO Transmissão
As espécies incluídas são membros da:
O T. vaginalis é transmitido através da relação sexual e pode sobreviver
Família: Trichomonadidae
por mais de uma semana sob o prepúcio do homem sadio, após o coito
Subfamília: Trichomonadinae
com a mulher infectada. Sendo o homem é o vetor da doença; com a
Ordem: Trichomonadida
ejaculação, os tricomonas presentes na mucosa da uretra são levados a
Classe: Zoomastigophorea
vagina pelo esperma. Atualmente, admite-se que a transmissão não
Filo: Sarcomastigophora
sexual é rara. Já a tricomoníase neonatal em meninas é adquirida durante
Sendo assim, as quatro espécies encontradas no homem são: o parto.
Trichomonas vaginalis, Trichomonas tenax, Trichomonas hominis e
Trichomitus fecalis. Patologia
O Trichomonas vaginalis é a espécie patogênica encontrada no
humano. Já o Trichomonas tenax, é não-patogênico e vive na cavidade O T. vaginalis tem se destacado como um dos principais patógenos do
bucal humana e também de chipanzés e macacos. O Trichomonas trato urogenital humano e está associado a sérias complicações de
hominis, também se apresenta na forma não-patogênica e habita o trato saúde. Entre essas complicações podemos destacar:
intestinal humano. E por fim, o Trichomitus fecalis, que foi encontrado ⮑Problemas relacionados com a gravidez;
em alguns pacientes, porém não se tem certeza se o homem seria o seu ⮑Problemas relacionados com a fertilidade;
hospedeiro definitivo. ⮑Transmissão do HIV.

Triachomas Vaginalis Mecanismos


O estabelecimento de T. vaginalis na vagina inicia com o aumento do pH,
Morfologia já que o pH normal da vagina é ácido (3,8-4,5) e o organismo cresce em
pH maior que 5. A elevação do pH vaginal na tricomoníase é evidente,
com uma redução concomitante de Lactobacillus acidophilus e um
O Trichomonas vaginalis é uma célula polimorfa. Os espécimes vivos aumento na proporção de bactérias anaeróbias. Um contato inicial entre
são elipsóides ou ovais e algumas vezes esféricos. O protozoário é muito T. vaginalis e leucócitos resulta em formação de pseudópodes,
flexível, tendo a capacidade de formar pseudópodes, os quais são usados internalização e degradação das células imunes nos vacúolos fagocíticos
para capturar os alimentos e se fixar em partículas sólidas. Não possui a do parasito. A interação entre T. vaginalis com seu hospedeiro é um
forma cística, somente a trofozoítica. processo complexo, no qual estão envolvidos componentes associados a
Esta espécie possui quatro flagelos anteriores livres, desiguais em superficie celular do parasito e células epiteliais do hospedeiro e também
tamanho e se originam no complexo granular basal anterior, também componentes solúveis encontrados nas secreções vaginal e uretral.
chamado de complexo citossomal.
A margem livre da membrana consiste em um filamento acessório fixado
ao flagelo recorrente. A extremidade posterior da costa é usualmente
Sintomas e Sinais
encoberta pelo segmento terminal da membrana ondulante. O axóstilo é
uma estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro do O T. vaginalis apresenta alta especificidade de localização, sendo capaz
organismo, prolongando-se até a extremidade posterior e conecta-se de produzir infecção somente no trato uro-genital humano, pois não se
anteriormente a uma pequena estrutura em forma de crescente, a pelta. instala na cavidade bucal ou no intestino.
O blefaroplasto está situado antes do axóstilo, sobre o qual se inserem os
flagelos, e coordena os seus movimentos. O núcleo é elipsóide próximo a
Mulher
extremidade anterior, com uma dupla membrana nuclear e O espectro clínico da tricomoníase varia da forma assintomática ao
frequentemente apresenta um pequeno nucléolo. estado agudo. Estudos clínicos e experimentais da infecção determinaram
que o período de incubação varia de três a 20 dias. O T. vaginalis infecta
principalmente o epitélio do trato genital. Nas mulheres adultas, a
Flagelos anteriores livres exocérvice é suscetível ao ataque do protozoário, mas raramente os
organismos são encontrados na endocérvice. Esse flagelado não causa
Núcleo
corrimento endocervical purulento. Podendo ser observada uma secreção
Axóstilo cervical mucopurulenta em outras infecções genitais.
A tricomoníase provoca uma vaginite que se caracteriza por um
Costa
corrimento vaginal fluido abundante de cor amarelo-esverdeada, bolhoso,
membrana
Hidrogenossomos de odor fétido, mais frequentemente no período pós-menstrual. O
ondulante processo infeccioso é acompanhado de prurido ou irritação vulvovaginal
Filamento parabasal de intensidade variável e dores no baixo ventre. A mulher apresenta dor e
Axóstilo posterior dificuldade para as relações sexuais, desconforto nos genitais externos,
dor ao urinar e frequência miccional. A vagina e a cérvice podem ser
edematosas e eritematosas, com erosão e pontos hemorrágicos na
Infecção e Reprodução
parede cervical, conhecida como colpitis macularis ou cérvice com
aspecto de morango. A tricomoníase é mais sintomática durante a
O T.vaginalis habita o trato genitourinário do homem e da mulher, onde
gravidez ou entre mulheres que tomam medicamento anticoncepcional
produz a infecção e não sobrevive fora do sistema urogenital.
oral.
A multiplicação se dá por divisão binária longitudinal, e a divisão nuclear
é do tipo criptopleuromitótica, sendo o cariótipo constituído por seis
cromossomos. E não há formação de cistos.
Homem Convém salientar que a presença de uma IST é fator de risco.
Preconizam-se estratégias de prevenção as ISTs, como:
A tricomoníase no homem é comumente assintomática ou apresenta-se 1) prática do sexo seguro, que inclui aconselhamentos que auxiliam a
como uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento e uma leve sensação de população a fazer as escolhas sexuais mais apropriadas para a redução
prurido na uretra. Pela manhã, antes da passagem da urina, pode ser do risco de contaminação com os agentes infecciosos;
observado um corrimento claro, viscoso e pouco abundante, com 2) uso de preservativos;
desconforto ao urinar e por vezes hiperemia do meato uretral. Durante o 3) abstinência de contatos sexuais com pessoas infectadas;
dia, a secreção é escassa. O parasito desenvolve-se melhor no trato uro- 4) limitação das complicações patológicas mediante a administração de
genital do homem, em que o glicogênio é mais abundante. Nos portadores um tratamento imediato e eficaz, tanto para os casos sintomáticos como
assintomáticos, o parasito permanece na uretra e talvez na próstata. As para os assintomáticos, ou seja, tratamento simultâneo para parceiros
seguintes complicações são atribuídas a esse organismo: prostatite, sexuais, mesmo que a doença tenha sido diagnosticada em apenas um
balanopostite e cistite. Esse protozoário pode se localizar ainda na dos membros do casal.
bexiga e vesícula seminal.

Diagnóstico Tratamento
Pela triagem de vários antibióticos, antimaláricos e amebicidas foi
Cliníco: O diagnóstico da tricomoníase não pode ter como base descoberta a azomicina. Através da manipulação da estrutura química da
somente a apresentação clínica, pois a infecção poderia ser confundida
azomicina, foi sintetizado o metronidazol, um fármaco efetivo contra as
com outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), visto que o
infecções pelo tricomonas do trato genitourinário. O T. vaginalis não é
clássico achado da cérvice com aspecto de morango é observado
sensível aos antibióticos e atualmente existe uma emergente ameaça de
somente em 2% das pacientes e o corrimento espumoso somente em 20%
cepas resistentes ao metronidazol. Os fármacos usados são o
das mulheres infectadas. Se a clínica fosse utilizada isoladamente para o
metronidazol, tinidazol, omidazol, nimorazol, camidazol e secnidazol. Em
diagnóstico, 88% das mulheres infectadas não seriam diagnosticadas e
gestantes esses medicamentos não devem ser usados via oral, somente
29% das não infectadas seriam falsamente indicadas como tendo
pela aplicação local de cremes, geléias ou óvulos.
infecção.

Laboratorial
Aula Prática
Colheita da Amostra
Homem: Deverão comparecer ao local da colheita pela manhã, sem
terem urinado no dia e sem terem tomado nenhum medicamento
tricomonicida há 15 dias. O material uretral é colhido com uma alça de
platina ou com swab de algodão não-absorvente ou de poliéster. O
organismo é mais facilmente encontrado no sêmen do que na urina ou em
esfregaços uretrais. Uma amostra fresca poderá ser obtida pela
masturbação em um recipiente limpo e estéril. Também deve ser
examinado o sedimento centrifugado (600g por 5 min) dos primeiros 20ml
da urina matinal. A secreção prostática e o material subprepucial são
coletados com um swab molhado em solução salina isotônica tépida.

Mulher: Deverão realizar a higiene vaginal durante um período de 18 a 24


horas anterior a coiheita do material, e não devem ter feito uso de
medicamentos tricomonicidas, tanto vaginais como orais, há 15 dias. A
vagina é o local mais facilmente infectado e os tricomonas são mais
abundantes durante os primeiros dias após a menstruação. O material é
usualmente coletado na vagina com swab de algodão não-absorvente ou
de poliéster, com o auxílio de um espéculo não-lubrificado.
Na lamina é possivel observar a presença de Trichomas. Além do seu
Imunológico axóstilo e do núcleo.
O imunodiagnóstico através de reações de aglutinação, metodos de Esfregaço de secreção vaginal
imunofluorescência (direta e indireta) e técnicas imunoenzirnáticas (ELISA)
têm contribuído para aumentar o índice de certeza do resultado. Essas
técnicas não substituem os exames parasitológicos (microscópio e
cultura), mas podem completá-los, quando negativos. Os métodos
imunológicos têm significado maior naqueles casos de pacientes
assintomáticos, permitindo uma triagem adequada com a possibilidade de
um tratamento precoce e uma diminuição do risco da transmissão. Os
testes imunológicos não são rotineramente usados no diagnóstico dessa
protozoose.

Profilaxia
Incontestavelmente, o mecanismo de contágio da tricomoníase é a
relação sexual, portanto o controle da mesma é constituído das mesmas
medidas preventivas que são tomadas no combate as outras ISTs. Na
abordagem dos pacientes com IST são essenciais dados sobre a data do
último contato sexual, número de parceiros, hábitos e preferências
ELLEN GEOVANA VIRGINIO
sexuais, uso recente de antibióticos, métodos anticoncepcionais e história 5º PERÍODO DE FARMÁCIA - UFAL
pregressa desse tipo de doença. NEVES, Pereira. PARASITOLOGIA HUAMANA. 11º ed.
São Paulo:Editora Atheneu, 2005

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