Parecer PGR
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I- FATOS
Argumenta o Autor que a norma vai de encontro ao dever do público de, à luz do
princípio da dignidade da pessoa humana, garantir os direitos fundamentais conferidos pela
Constituição Federal. Destaca que o art. 5, caput, do texto constitucional consagra o princípio
da igualdade e que o tratamento desigual somente deve ser feito para se buscar alcançar alguma
finalidade disposta na Constituição. Conclui que o poder público, ao impedir a concessão de
esmolas, trata de maneira desigual os mais necessitados e, ainda, viola a liberdade daquele que
decide concedê-la.
Por fim, aduz que a legislação ainda viola o art. 3º, I e III da CF/88, haja vista que
estes preveem que um dos objetivos fundamentais da república é a construção de “uma
sociedade livre, justa e solidária”. Sob a ótica destes valores, a norma municipal objeto desta
demanda desencorajaria o exercício da solidariedade e, ainda, seria inócua como política
pública voltada a melhora do quadro socioeconômico.
É o relatório.
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Para Ingo Sarlet, Luiz Marinoni e Daniel Mitidiero, são preceitos fundamentais as
normas constitucionais “que consagram princípios (artigos 1º ao 4º) e direitos fundamentais
(artigo 55 e seguintes), bem como as que abrigam cláusulas pétreas (artigo 50, §4º) e
contemplam princípios constitucionais sensíveis”.1
Pela simples leitura da norma questionada, tem-se que assiste razão ao Autor. Os
princípios constitucionais, por natureza, são mais generalistas e, por vezes, é difícil a sua
percepção direta em um caso concreto. Contudo, além de serem fonte essencial para a
interpretação do direito, eles sempre devem ser observados na prática legislativa, o que não
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MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. 9. ed. São Paulo: Editora Saraiva Educação, 2020.
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invalida, de imediato, as normas que os contrariam, desde que esta seja voltada para a garantia
de um outro direito fundamental, devendo haver, nestes casos, um sopesamento dos princípios.
IV- CONCLUSÃO
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