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Lições de Processo Civil Executivo

Processo Executivo (Universidade Autónoma de Lisboa)

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Baixado por Lee Calixto (yurileearts@gmail.com)
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“Lições de Processo Civil Executivo” - Marco Carvalho Gonçalves

Lição I- Noção, Finalidades e Formas de Processo Executivo

1. Noção
 A lei de processo civil consagra no seu art. 1º o principio da proibição da
autodefesa, segundo o qual não e permitido o recurso à força com o fim de
realizar ou assegurar o próprio direito. Por conseguinte, se o devedor não
cumprir voluntariamente a prestação a que se encontre vinculado, o credor
tem o direito de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o
património do devedor (arts. 762º, nº1 e 817º CC). De facto, o art. 2º
estabelece o direito de acesso aos tribunais.
 No plano adjetivo, a garantia de acesso aos tribunais materializa-se no direito
de ação.
 À luz de tal direito, o art. 10º, nº1, preceitua que as ações podem ser
declarativas ou executivas.
 Assim, nos termos do art. 10º, nº3, as ações declarativas são aquelas em que o
autor pretende que o tribunal apenas a existência ou a inexistência de um
direito ou de um facto, condene o reu na prestação de uma coisa ou de um
facto, pressupondo ou prevendo a violação de um direito, ou autorize uma
mudança na ordem jurídica existente.
 Por sua vez, as ações executivas são aquelas em que o credor “requer as
providencias adequadas à realização coativa de uma obrigação que lhe é
devida” (art. 10º, nº4). Com efeito, o credor que esteja munido de um titulo
executivo (arts. 10º, nº5 e 703º, nº1) pode, em virtude da falta de
cumprimento voluntario da prestação, recorrer à via judicial para, através do
emprego de meios coativos ou sub-rogatórios exigir a sua realização coativa.
Na verdade, as ações executivas, partindo de um direito previamente
declarado e/ou reconhecido num titulo executivo, destinam-se a permitir o
cumprimento coercivo da obrigação, através do poder de autoridade do
Estado, ou seja, a “reparação material de um direito violado”
 Neste enquadramento, ao invés do que sucede no processo declarativo, o
processo executivo, partindo de um direito já assente. “desenvolve-se num
único grau”, ainda que se articule uma serie de fases funcionalmente coligadas,
“e consiste numa serie coordenada de atos destinados a conseguir o resultado
da satisfação coativa” de tal direito.
 Por outro lado, importa salientar que a ação declarativa e a ação executiva
complementam-se entre si, na medida em que, se for proferida uma sentença
condenatória numa ação declarativa e se essa sentença não for
voluntariamente cumprida, a ação executiva permite a adoção das medidas
coercivas que se afigurem necessárias à satisfação efetiva do direito que foi
declarado e reconhecido nessa sentença.
 A ação executiva pode não ser precedida de uma ação declarativa. É o que
sucede, por exemplo, se a obrigação do devedor constar de um titulo executivo
extrajudicial (ex.: doc autentico), situação em que o credor pode intentar, de
imediato, uma ação executiva, sem necessidade de recurso prévio à tutela
declarativa.

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2. Execução singular e execução universal


 O processo executivo para pagamento de quantia certa pode estruturar-se
segundo um modelo de execução singular ou execução universal, consoante
admita ou não a intervenção de outros credores.
 Assim, no modelo de execução singular, existe, em regra, um único sujeito
ativo (exequente) e um único sujeito passivo (executado), não sendo admitida
a intervenção de outros credores do executado, considerando que o
património do devedor responde pelo cumprimento das suas obrigações (art.
601º CC), este modelo de execução singular favorece o credor que atue com
maior celeridade ou diligencia na agressão do património do devedor.
 Por sua vez, no modelo de execução universal (ex.: insolvência), a execução
abrange a totalidade do património do devedor e são admitidos a intervir no
processo todos os seus credores, sendo que os credores desconhecidos são
citados por via edital ou através de anúncios (arts. 1º, nº1/ 9º/ 23º/ 36º, al.
g) / 37º e 46º CIRE). Neste modelo de execução universal podem intervir no
processo todos os credores do devedor, independentemente de serem ou não
conhecidos e/ou titulares de direitos reais de garantia sobre o seu património.
Com efeito, o modelo de execução universal visa impedir que o exequente
retire “alguma vantagem injusta sobre os outros credores”.
 No sistema processual civil português vigente, o processo executivo apresenta
uma estrutura “tendencialmente singular”, em que, em regra, existe um único
credor e um único devedor, sendo penhorados os bens de executado que, ao
abrigo do princípio da proporcionalidade, se revelem necessários ao
pagamento da divida exequenda e das despesas previsíveis da execução (art.
735º, nº3).
 De todo o modo, o processo executivo diz-se “tendencialmente singular”, na
medida em que, em determinados casos particulares, admite a intervenção de
outros credores do mesmo executado, dando essa intervenção lugar a um
concurso de credores.

3. Finalidades
 A ação pode ter diferentes finalidades, em função do âmbito da obrigação que
conste do titulo executivo que lhe serve de fundamento.
 Com efeito, à luz do art. 10º, nº5, o titulo executivo determina o fim da
execução (+ art. 10º, nº6), sendo que o fim da execução em nada é alterado na
eventualidade de não ser possível obter a prestação constante do titulo
executivo.
 A ação executiva para pagamento de quantia certa tem lugar nos casos em que
o titulo executivo encerre uma obrigação pecuniária, nomeadamente uma
obrigação de soma ou de quantidade (arts. 550º e 551º CC) ou uma obrigação
de moeda especifica (arts. 552º a 557º CC). Assim, não sendo a obrigação
pecuniária voluntariamente cumprida, o credor pode obter a sua realização
coativa (arts. 601º a 817º CC). Nessa exata medida, a ação executiva para
pagamento de quantia certa permite ao credor obter a satisfação do seu
direito de credito.
 Por sua vez, emprega-se a ação executiva para entrega de coisa certa quando a
obrigação constante do titulo executivo consista na entrega de uma coisa,

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móvel ou imóvel, situação em que o exequente requer ao tribunal que a coisa


seja apreendida ao executado para que, posteriormente, lhe seja entregue
(art. 827º CC). Trata-se, assim, de uma “execução especifica” ou real, que
procura colocar o credor na mesma situação em que estaria se o devedor
tivesse cumprido espontaneamente a sua obrigação. Não sendo encontrada a
coisa cuja entrega era devida, o exequente pode, no mesmo processo,
requerer que a execução para entrega de coisa certa seja convertida em
execução para pagamento de quantia certa, mediante a liquidação do valor da
coisa e do prejuízo resultante da falta de entrega.
 Por ultimo, a ação executiva para prestação de facto aplica-se nas situações em
que o titulo executivo que lhe sirva de fundamento compreenda uma
obrigação de prestação de um facto positivo, ou seja, o dever de praticar uma
atividade ou ação (art. 828º CC), ou negativo, isto é, o dever de não fazer
alguma coisa ou tolerar algum comportamento (art. 829º CC). Neste caso, se a
prestação revestir natureza fungível o exequente pode requerer, na initio, que
o facto seja prestado por um terceiro à custa do devedor, isto é, pode requerer
a execução especifica da obrigação (art. 828º CC). Pelo contrario, se a
prestação apresentar natureza infungível e este não a realizar, o exequente,
sem prejuízo da possibilidade de requerer o pagamento da quantia devida a
titulo de sanção pecuniária compulsória. Pode, igualmente, requerer a
conversão da execução para prestação de facto em execução para pagamento
de quantia certa.

4. Formas de processo
i. Processo executivo comum e processo executivo especial
 O processo executivo pode seguir forma comum ou forma especial
(art. 546º, nº1).
 Assim, sempre que a lei preveja uma forma de processo executivo
especial, é esta a forma aplicável, atento o disposto no art. 546º, nº2,
1ª parte.
Ex.: processo executivo especial por alimentos (art. 933º a 937º)
 Estando em causa um processo executivo que siga uma forma especial,
este regula-se pelas normas que lhe são próprias, bem como pelas
disposições gerais e comuns, sendo-lhe subsidiariamente aplicável, nos
casos omissos, o que se ache estabelecido para o processo comum
(art. 549º, nº1).
 Por sua vez, o processo executivo comum tem um âmbito de aplicação
subsidiário ou supletivo, na medida em que se aplica a todos os casos
para os quais a lei não preveja uma forma de processo executivo
especial (art. 546º, nº2, 2ª parte).
 Nos termos do art. 551º, nº1, nos casos omissos, são subsidiariamente
aplicáveis ao processo de execução, com as devidas adaptações, as
disposições legais que se encontram previstas para o processo de
declaração (art. 552º a 702º), desde que se mostrem compatíveis com
a natureza da ação executiva.
 À luz do art. 551º, nº2, são aplicáveis à execução para entrega de coisa
certa e à execução para prestação de facto, sempre que tal seja

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possível, as disposições relativas à execução para pagamento de


quantia certa.

ii. Formas de processo comum


 Diversamente do que sucede com o processo executivo comum para
entrega de coisa certa ou com o processo executivo comum para
prestação de facto, o processo executivo comum para pagamento de
quantia certa pode seguir forma ordinária ou forma sumaria (art. 550º,
nº1).
 O processo executivo comum para pagamento de quantia certa sob a
forma sumaria tem lugar quando o titulo executivo que lhe sirva de
sabe seja:
a) Uma decisão arbitral ou judicial, nos casos em que esta não
deva ser executada no próprio processo;
b) Um requerimento de injunção ao qual tinha sido aposta a
formula executória;
c) Um titulo extrajudicial de obrigação pecuniária vencida,
garantida por hipoteca ou penhor;
d) Um titulo extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, cujo
valor não exceda o dobro da alçada do tribunal de 1ª instancia,
ou seja, a quantia de 10.000.00.

 No entanto, o processo executivo comum para pagamento de quantia certa


sob a forma sumaria não tem aplicação em quatro situações distintas:
a) Nos casos previstos nos arts. 714º e 715º;
b) No caso do art. 716º, nºs 4/5;
c) Art. 724º, nº1, al. e) e 741º, nº1;
d) Art. 745º, nºs1/2.

 Assim os casos previstos no art. 550º, nº3, e nas demais situações não
tipificadas no nº2 desse preceito legal, o processo comum de execução para
pagamento de quantia certa segue forma ordinária.

iii. Regime especial da execução de decisão judicial condenatória


 Nos termos do art. 626º, a execução da decisão judicial condenatória corre nos
próprios autos. Significa isto que, diversamente do que sucedia no código
revogado, o processo judicial comporta atualmente uma fase inicial, de
natureza declarativa, e uma fase subsequente, de natureza executiva.
 Uma vez que a execução nos próprios autos segue a tramitação prevista para a
forma sumaria as diligencias executivas iniciam-se com a penhora imediata de
bens, apos o que o executado é notificado para, querendo, deduzir oposição à
execução e/ou penhora (art. 626º, nº2).
 Por sua vez, tratando-se da execução de decisão judicial que condene na
entrega de coisa certa, uma vez feita a entrega, o executado é notificado para

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deduzir oposição, seguindo-se, com as necessárias adaptações, o disposto nos


art. 860º e sgs.
 Tendo a execução por finalidade, simultaneamente, o pagamento de quantia
certa e a entrega de coisa certa ou a prestação de facto, a lei permite a
penhora imediata dos bens suficientes para cobrir a quantia decorrente da
eventual conversão destas execuções.

Lição II- Agente de Execução, Juiz de Execução e Secretaria de Execução

1. Agente de execução
i. Competência formal
 No modelo publico de execução vigente no CPC de 1961, cabia ao juiz
dirigir todo o processo executivo.
 Entretanto, com a reforma de 2003, foi introduzida na ação executiva a
figura do agente de execução, o que permitiu libertar o juiz e o tribunal
da pratica de atos rotineiros, burocráticos e de mero expediente. De
facto, muito embora o juiz tenha conservado os seus poderes de
controlo e de supervisão executiva, a verdade é que a generalidade das
diligencias executivas passou a ficar a cargo do agente de execução, ao
qual cabe o “poder geral de direção do processo”.
 Nos termos do art. 129º, nº1 EOSAE (Estatuto da Ordem de
solicitadores e Agentes de Execução- lei nº 154/2015, 14 setembro), o
agente de execução “é o auxiliar da justiça que, na prossecução do
interesse publico, exerce poderes de autoridade publica no
cumprimento das diligencias que realiza nos processos de execução.
 Assim, no que concerne às suas competências funcionais em sede
executiva, o agente de execução tem uma competência de natureza
subsidiaria ou supletiva, na medida em que lhe cabe “efetuar todas as
diligencias do processo executivo que não estejam atribuídas à
secretaria ou sejam da competência do juiz.
 O agente de execução tem igualmente competência para extinguir a
ação executiva, devendo comunicar, por via eletrónica, a extinção da
execução ao tribunal, atento o disposto no art. 849º, nº3.
 Para alem disso, mesmo apos a extinção da instancia executiva, o
agente de execução conserva competência para assegurar a
“realização dos atos emergentes do processo que careçam da sua
intervenção (art. 719º, nº2).
Ex.: levantamento e/ou cancelamento dos registos de penhora (art.
763º).

ii. Exercício de funções


 O agente de execução é designado pelo exequente de entre os
registados em lista oficial, devendo tal designação ser feita no
requerimento executivo (arts. 720º, nº1 e 724º, nº1, al c) CPC). Note-

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se, contudo, que o agente de execução, ainda que seja designado pelo
exequente, não é mandatário deste, nem o representa (art. 162º, nº3
EOSAE).
 Se o exequente não designar um agente de execução ou se essa
designação, por recusa deste, ficar sem efeito (art. 720º, nº8), não
cuidando, neste caso, o exequente de designar um agente de execução
substituto no prazo de 5 dias, o agente de execução é designado pela
secretaria.
 Por outro lado, importa salientar que, diferentemente da solução legal
emergente da reforma de 2008, segundo a qual o agente de execução
podia ser livremente substituído pelo exequente ou destituído pelo
órgão com competência disciplinar sobre os agentes de execução. O
art. 720º, nº4 preceitua que o agente de execução pode ser
substituído, de forma fundamentada, pelo exequente, produzindo a
substituição os seus efeitos na data de comunicação ao agente de
execução.
 Contudo, muito embora o exequente seja obrigado a justificar o
pedido de afastamento do agente de execução, a lei não esclarece se o
agente de execução pode responder a esse pedido, nem tao pouco se,
nesse caso, há lugar a intervenção do juiz.
 Se é um facto que, da letra da lei, parece decorrer que o agente de
execução não pode responder a esse pedido de substituição afigura-se,
no entanto, que, a partir do momento em que o exequente é obrigado
a fundamentar o pedido de substituição do agente de execução, do
mesmo modo a lei deveria assegurar ao agente de execução o
exercício do contraditório em relação a esse pedido, o qual, de resto,
pode fundar-se em razoes manifestamente infundadas. Outrossim,
continua a verificar-se, na pratica, um sistema de livre substituição.
 Para alem da sua substituição por iniciativa do exequente ou da sua
destituição pelo órgão com competência disciplinar, o agente de
execução pode igualmente ser substituído em caso de morte,
incapacidade definitiva ou cessação de funções (art. 39º, nº1 da
Portaria nº 282/2013, 29 de agosto- Regulamenta vários aspetos das
ações executivas cíveis).
 No que concerne à delegação de poderes, a lei permite que o agente
de execução delegue, sob sua responsabilidade, a realização de
diligencias executivas que impliquem deslocações, cujos custos se
revelem “desproporcionados”. Este conceito indeterminado de “custos
desproporcionados” deve ser integrado com recurso à ponderação
entre o valor da ação executiva, o valor estimado dos custos da
deslocação e o valor estimado dos eventuais bens a penhorar.
 O agente de execução pode igualmente promover, sob sua
responsabilidade e supervisão, a realização, por empregado ao seu
serviço, devidamente credenciado, de quaisquer diligencias materiais
do processo executivo que não impliquem a apreensão material de
bens, a venda ou o pagamento, ao abrigo do disposto no art. 720º,
nº6.

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iii. Honorários e despesas


 Regra feral, cabe ao exequente suportar os honorários devidos ao
agente de execução, bem como o reembolso das despesas por ele
efetuadas e os débitos a terceiros em virtude da venda executiva (art.
721º, nº1, 1ª parte).
 Contudo, nos termos do art. 541º, as custas da execução, incluído
honorários e despesas que sejam devidas ao agente de execução,
saem precípuas do produto da venda dos bens penhorados. Ou seja,
uma vez vendidos os bens penhorados, o produto da venda é utilizado,
em primeiro lugar, para pagar as custas e as quantias que se
encontrem em divida do agente de execução a titulo de honorários e
despesas.
 Pode, no entanto, suceder que o produto de venda dos bens
penhorados não permita, à luz do art. 541º, o pagamento das custas,
das quantias que sejam devidas ao agente de execução a titulo de
honorários ou de despesas, bem como dos débitos devidos a terceiros.
Nessa eventualidade, o exequente tem o direito de reclamar ao
executado o reembolso dessas quantias (arts. 45º, nº1 da Portaria nº
282/2013 e 721º, nº1, 2ª parte), salvo se o executado beneficiar de
proteção jurídica, na modalidade de dispensa de pagamento da taxa
de justiça e demais encargos com o processo.
 De todo o modo, procurando proteger os interesses do exequente e do
executado quanto a comportamentos abusivos ou ilegais por parte do
agente de execução, a lei determina que o agente de execução não
pode reclamar o pagamento de honorários e despesas em que tenha
incorrido em virtude da pratica, por sua iniciativa, de atos
desnecessários, inúteis ou dilatórios (art. 45º, nº4 da Portaria).
 Por outro lado, o CPC consagra diversos mecanismos que visam
assegurar o pagamento atempado ao agente de execução das quantias
que lhe sejam devidas a titulo de honorários e de despesas. Assim:
a) Art. 724º, nº6, al. a);
b) Art. 721º, nº2;
c) Arts. 721º, nº3 e 849º, nº1, al. f);
d) Art. 721º, nº5;
e) Art. 51º, nº1 da Portaria.

iv. Desempenho das funções do agente de execução por oficial de justiça


 O art. 722º prevê a possibilidade de as diligencias próprias da
competência do agente de execução serem realizadas por um oficial de
justiça.

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 Assim, sem prejuízo do que se encontre previsto em outras disposições


legais, incumbe ao oficial de justiça a realização de diligencias próprias
da competência do agente de execução nos seguintes casos:
a) Nas execuções em o exequente seja o Estado;
b) Nas execuções em o MP represente o exequente;
c) Quando o juiz determine, a requerimento do exequente,
fundado na inexistência de agente de execução;
d) Quando o juiz determine, a requerimento do agente de
execução, se as diligencias implicarem deslocações cujos
custos sejam desproporcionados;
e) Nas execuções de valor não superior ao dobro da alçada do
tribunal de 1ª instancia, ou seja, que não excedam 10.000.00
euros, em que o exequente seja pessoa singular e que tenham
como objeto créditos não resultantes de uma atividade
comercial ou industrial, desde que o exequente, no
requerimento executivo, solicite o oficial de justiça e pague a
taxa de justiça devida;
f) Nas execuções de valor não superior à alçada da Relação, ou
seja, não excedam 30.000.00 euros, se o credito exequendo
for de natureza laboral, se o exequente solicitar no
requerimento executivo a intervenção do oficial de justiça e se
pagar a taxa de justiça devida.

2. Juiz de execução
 No processo executivo, cabe ao juiz de execução a pratica dos atos processuais
sujeitos ao principio da reserva de juiz ou que possam eventualmente colidir
com direitos fundamentais das partes ou terceiros. O juiz de execução tem
competência exclusiva para, designadamente:
a) Art. 715º, nº3;
b) Art. 722º, nº1, als. c) e d);
c) Arts. 723º, nº1, al. a) / 726º, nº1 e 734º, nº1);
d) Art. 723º, nº1, al. b) ~ arts. 726º, nº7/ 741º/ 742º ~ arts. 728º a 734º
e 856º ~ arts. 784º/ 785º e 856º ~ arts. 788 a 791º;
e) Art. 723º, nº1, al. c);
f) 724º, nº5;
g) Art. 725º, nº2;
h) Art. 726º, nº4 e 734º, nº1;
i) Art. 726º,nºs 6/7;
j) Art. 727º;
k) Arts. 704º, nº4/ 733º, nº5 e 785º,nº4;
l) Art. 733º,nº1, als. b) e c);
m) Art. 751º, nº6;
n) Art. 755º, nº4;
o) Art. 706º, nº2;
p) Art. 764º, nº3;
q) Art. 771º, nº2;
r) Arts. 800º, nº3 e 820º, nº1;

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s) Art. 804º, nº4 ~ 812º, nº7;


t) Art. 816º, nº3;
u) Art. 817º, nº1;
v) Art. 825º, nº1, al. c);
w) Art. 829º, nº2;
x) Art. 832º, al. c);
y) Art. 833º, nº2;
z) Art. 835º, nº1;
aa) Art. 838º, nº2;
bb) Arts. 863º, nº5 e 864º, nº2;
cc) Arts. 876º e 877º;
dd) Arts. 723º, nº1, al d) e 855º, nº2, al. b).

 Por outro lado, com o novo CPC, o juiz de execução readquiriu, igualmente,
competências que havia perdido para o agente de execução na reforma de
2008, tais como:
a) Art. 738º, nº6;
b) Art. 744º, nº3;
c) Art. 759º, nº1;
d) Art. 773º, nº6;
e) Art. 782º, nºs 2/3;
f) Art. 814º, nº1;
g) Art. 817º, nº1;

 Para alem dessas funções de controlo e de julgamento, a lei processual civil


reserva igualmente ao juiz de execução importantes funções sancionatórias
(art. 723º, nº2).

3. Secretaria de execução
 No que respeita aos atos da competência da secretaria de execução, a lei
processual civil estabelece que esta deve assegurar a expediente, autuação e
regular tramitação dos processos executivos na fase liminar, bem como nos
procedimentos ou incidentes de natureza declarativa, designadamente na
oposição à execução, oposição à penhora, na reclamação de credito e nos
embargos de terceiros (art. 719º, nº3). Encontra-se, no entanto, excluída da
competência funcional da secretaria de execução a citação do executado, já
que esse ato processual é da competência do agente de execução (arts. 719º,
nº3, in fine e 726º, nº8).
 Nos termos do art. 719º, nº4, a secretaria deve, oficiosamente, notificar o
agente de execução da pendencia de procedimentos ou de incidentes de
natureza declarativa que tenham sido deduzidos na execução, bem como dos
atos aí praticados, que possam ter influencia na instancia.

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Lição III- Titulo Executivos

1. Noção e funções dos títulos executivos


i. Noção
 Dispõe o art. 10º, nº5, que toda a execução tem por base um titulo, o
qual determina o fim e os limites da ação executiva. Com efeito, a ação
executiva só pode ser intentada se existir titulo executivo o qual, para
alem de documentar os factos jurídicos que constituem a causa de
pedir da pretensão deduzida pelo exequente, confere igualmente o
grau de certeza necessário para que sejam aplicadas medidas coercivas
contra o executado. Por essa exata razão, o titulo executivo deve
manter-se estável ao longo da execução, salvo a exceção disposta no
art. 704º, nº2.
 Para alem de ser condição necessária, o titulo executivo é, igualmente,
condição suficiente da ação executiva. O titulo executivo apresenta,
assim, uma “eficácia incondicional”, na medida em que permite dar
inicio a uma ação executiva sem necessidade de demonstração prévia
da existência do direito.
 Nessa exata medida, se o credor, apesar de já dispor de um “titulo com
manifesta força executiva”, optar, mesmo assim, por intentar uma ação
declarativa, sem ter, portanto, interesse processual nesse sentido, este,
ainda que obtenha ganho de causa, responderá pelas custas da ação,
desde que o reu não a conteste (art. 535º, nºs 1/2, al. c) CPC).

ii. Funções
 O titulo executivo desempenha duas funções essenciais no âmbito do
processo de execução.
Por um lado, o titulo executivo determina o fim da execução, isto é,
estabelece, em função da obrigação que ele certifica, se a ação
executiva tem por finalidade o pagamento de uma quantia certa, a
entrega de coisa certa ou a prestação de facto (art. 10º, nºs 5/6).
Por outro lado, o titulo executivo circunscreve os limites da execução,
ou seja, o credor não pode pedir mais do que aquilo que oi titulo
executivo expressamente lhe dá.
Porém, nada obsta a que o credor peticione o pagamento de juros de
mora, contabilizados à taxa legal, da obrigação constante do titulo,
ainda que o mesmo seja omisso quanto a essa obrigação de
pagamento de juros (art. 703º, nº2).
 Analogamente, quando tenha sido estipulado ou judicialmente
determinado qualquer pagamento em dinheiro corrente, o credor
pode pedir, a titulo de sanção pecuniária compulsória, o pagamento de
juros à taxa de 5% ao ano, desde da data do transito em julgado da
sentença condenatória (art. 829º-A, nº4 CC).
 Atenta a sua função documentadora da obrigação, o titulo executivo
deve definir de forma rigorosa o fim e os limites da execução, não
sendo, por isso, permitido ao exequente apelar à relação causal ou a

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uma hipotética obrigação implícita para procurar suprir as eventuais


insuficiências ou imprecisões do titulo.

2. Espécies de títulos
 O art. 703º, nº1, apresenta uma enumeração taxativa dos títulos executivos
que podem servir de fundamento a uma ação executiva. Revestindo essa
enumeração de natureza taxativa, não são admissíveis convenções entre as
partes pelas quais estas decidam atribuir força executiva a um documento que
a lei não reconheça como sendo titulo executivo, ou retirar força executiva a
um documento legalmente qualificado como titulo executivo. De igual modo,
não é possível o recurso à analogia para se atribuir a natureza de titulo
executivo a um documento que, como tal, não seja legalmente reconhecido.
 Por conseguinte, sendo dado à execução um documento a que a lei não
atribua força executiva ou do qual não resulte a obrigação de cumprimento de
uma prestação, o tribunal deve indeferir liminarmente o requerimento
executivo, por falta de um dos pressupostos essenciais da ação executiva.

i. Sentenças condenatórias
a. Âmbito
 Nos termos do art. 703º, nº1, al. a), constituem títulos
executivos as sentenças condenatórias.
 Esse titulo executivo é oque oferece maiores garantias de
segurança e de certeza jurídica quanto à existência da
obrigação que se pretende executar.
 A doutrina tem vindo a dividir-se quanto à questão de saber se
apenas constituem titulo executivo as sentenças condenatórias
strictu sensu, ou se, pelo contrario, constituem igualmente
titulo executivo as sentenças que, independentemente do tipo
de ação declarativa em que tenham sido proferidas, encerrem
uma componente condenatória.
 Em relação às sentenças condenatórias, proferidas em ação
declarativa de condenação, não restam duvidas quanto à sua
força executiva, a resposta já não é tao imediata no que
concerne às sentenças proferidas em ação declarativa
constitutiva ou em ação declarativa de simples apreciação.
 Relativamente às ações declarativas constitutivas, tendo estas
por objeto a introdução de uma mudança na ordem jurídica, o
efeito útil da pretensão do autor esgota-se, em principio, com
a própria sentença, a qual, por essa razão, não constitui titulo
executivo.
Ex.: anulação de um contrato.
 O mesmo é dizer que a sentença proferida em ação declarativa
constitutiva é um “instrumento autossuficiente de tutela
jurisdicional”, já que “realiza, de forma autónoma e completa,
o direito potestativo da parte”.

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 Todavia, a sentença constitutiva pode, de forma secundaria ou


acessória, encerrar uma componente condenatória, situação
em que esse concreto segmento da sentença será passível de
execução.
Ex.: obrigação de entrega de uma coisa.
 Já em relação às sentenças proferidas nas ações declarativas
de simples apreciação, estas sentenças não são suscetíveis de
constituir titulo de executivo, na medida em que não
encerram, de forma expressa, qualquer componente
condenatória.
 Note-se, contudo, que qualquer sentença declarativa, seja ela
de simples apreciação, de condenação ou constitutiva, pode
ser um titulo executivo, desde que a mesma imponha a
alguém o cumprimento de uma prestação, que resulte
“expressamente declarada ou constituída na sentença”. Assim
se passa com as sentenças que condenem parte em custa,
multas não penais e outras sanções pecuniárias fixadas em
processo judicial (art. 35º, nºs1/2 RCP- Regulamento das
Custas Processuais), bem como no pagamento de uma
indemnização à parte contraria por litigância de má fé
(arts.542º e 543º).
 Constituem igualmente títulos executivos as sentenças
homologatórias de transação celebrada entre as partes ou
entre estas e terceiros, as sentenças homologatórias de
partilha (art. 1122º), as sentenças homologatórias de acordo
de regulação das responsabilidades parentais (art. 34º RGPTC-
Regime Geral do Processo Tutelar Cível), bem como as
sentenças homologatórias dos planos de pagamento e as
sentenças de verificação de créditos ou as decisões proferidas
em ações de verificação ulterior, em conjugação com as
sentenças homologatórias dos planos de insolvência (art.
233º, nº1,al. c) do CIRE- Código de Insolvência e Recuperação
de Empresas). Estes títulos executivos são, usualmente,
classificados como “judiciais impróprios”, porquanto o julgador
limita-se a verificar a validade da transação, condenando e/ou
absolvendo as partes nos seus precisos termos.

b. Requisitos de exequibilidade
 No que concerne aos requisitos da sua exequibilidade, dispõe
o art. 704º, nº1, que a sentença só constitui titulo executivo
depois de transitar em julgado.
 Nos termos do art. 628º, sentença transita em julgado quando
deixa de ser passível de recurso ordinário ou de reclamação
(arts. 614º a 617º).

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 A sentença condenatória constituirá titulo executivo em dois


casos distintos:
- Se já transitou em julgado;
- Se, apesar de não ter transitado em julgado, o recurso
interposto para o tribunal ad quem tenha um efeito
meramente devolutivo.
 No primeiro caso, a sentença goza de plena segurança jurídica,
na medida em que, tendo transitado em julgado, tornou-se
definitiva, sem prejuízo da eventual interposição de um
recurso extraordinário.
 No segundo caso, ainda que a sentença não seja definitiva, o
legislador permite ao credor executar provisoriamente essa
sentença, privilegiando, por isso, o interesse do credor na
“execução pronta” em detrimento de uma eventual “execução
injusta”. Neste particular, dispõe o art. 647º, nº1, que o
recurso de apelação tem, por via de regra, efeito meramente
devolutivo, o que significa que, mesmo que o réu/ reconvindo
interponha recurso de apelação da sentença condenatória,
nada obsta a que o autor/ reconvinte requeira, ainda que
provisoriamente, a execução da sentença. É possível, em duas
situações, impedir a execução provisoria da sentença:
- Se o recurso de apelação tiver efeito suspensivo por
imposição legal (art. 647º, nºs 2/3);
-Se o recorrente, ao interpor o recurso, requerer que a
apelação tenha efeito suspensivo, desde de que comprove que
a execução da decisão lhe causará prejuízo considerável e se
ofereça para prestar caução, ficando a atribuição desse efeito
condicionada à efetiva prestação de caução no prazo fixado
pelo tribunal (arts. 647º, nº4 e 650º).
Por outro lado, ainda que o recurso de apelação tenha sido
recebido com efeito meramente devolutivo, sem que o
apelante/ executado tenha requerido a atribuição de efeito
suspensivo (art. 647º, nº4) e sem que o apelado/ exequente
haja requerido a prestação de caução (art. 649º, nº2), o
executado pode, mesmo assim, obter a suspensão da
execução, desde que preste caução, nos termos do art. 704º,
nº5.
 Sendo executada sentença da qual haja sido interposto
recurso, admitido pelo tribunal a quo com efeito meramente
devolutivo, o destino da execução fica depende do despacho
do juiz relator do tribunal ad quem sobre a confirmação ou
correção do efeito do recurso (arts. 641º, nº5/ 652º, nº1, al. a)
e 654º), bem como do respetivo julgamento, ou seja, a
execução reveste uma natureza provisoria.
Assim:
-Art. 654º, nº3;
- Art. 654º, nº4.

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 Por outro lado, importa salientar que, se tiver sido interposto


recurso com efeito meramente devolutivo da decisão proferida
pelo tribunal de 1ª instancia e se o tribunal da Relação, a titulo
definitivo, revogar ou modificar essa decisão, a execução
extingue-se ex tunc ou modifica-se em conformidade com a
decisão do tribunal da Relação. Nesta hipótese, caberá ao juiz
de execução proferir o respetivo despacho de extinção ou
modificação da execução, “oficiosamente ou a requerimento
de qualquer interessado”.
 Contudo, se for interposto recurso para o STJ do acórdão
proferido pelo tribunal da Relação, que revogou ou modificou
a decisão do tribunal de 1ª instancia, o desfecho da instancia
executiva fica depende do efeito com que esse recurso será
recebido pelo STJ.
 Assim, se o recurso de revista for recebido com efeito
meramente devolutivo, o acórdão proferido pelo tribunal da
Relação tem de ser cumprido, ainda que de forma provisoria.
Se o acórdão do tribunal da Relação revogou a sentença
proferida pelo tribunal de 1ª instancia, que fora executada
provisoriamente, a execução suspende-se até que seja
proferida uma decisão definitiva pelo STJ.
Se o acórdão do tribunal da Relação modificou a decisão do
tribunal de 1ª instancia, a execução tem de ser modificada em
conformidade com esse acórdão.
Diversamente, se o recurso de revista for recebido com efeito
suspensivo, a execução prossegue os seus termos, sem
qualquer modificação ou suspensão, porquanto o acórdão
interlocutório, proferido pelo tribunal da Relação, não produz
efeitos sobre a execução (art. 704º, nº2).
 Uma vez proferida uma decisão definitiva pelo STJ, o destino
da execução fica dependente do sentido dessa decisão.
 Tendo em vista a proteção dos interesses do executado que
tenha recorrido da decisão a lei determina que o exequente ou
eventuais credores reclamantes não possam obter pagamento
sem, antes, prestarem caução que garanta a satisfação dos
eventuais danos e prejuízo que possam vir a ser causados ao
executado, em virtude da execução provisoria da sentença
(art. 704º, nº3).
 Como medida de proteção adicional do executado, o art. 704º,
nº4, preceitua que, se tiver sido penhorada a sua casa de
habitação efetiva, estando a sentença pendente de recurso, o
executado pode requerer ao juiz de execução que a venda
desse bem fique a aguardar pela decisão definitiva do recurso,
desde que demonstre que a venda é suscetível de lhe causar
prejuízo grave e dificilmente reparável.
 Nos casos em que tenha havido condenação genérica, quer
pelo facto de o autor ter deduzido um pedido genérico (art.
556º), quer pela circunstancia de o tribunal não dispor de

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elementos para fixar objeto ou quantidade da condenação


(art. 609º, nº2), se a liquidação da obrigação não depender de
uma operação de simples calculo aritmético, a sentença só
constitui titulo executivo depois de ser proferida uma decisão
no competente incidente de liquidação (arts. 358º a 361º).
 Por outro lado, nos termos do art. 716º, nº7, se a liquidez da
obrigação resultar de esta ter por objeto mediato uma
universalidade e o autor não puder concretizar os elementos
que a compõem, nada obsta à execução imediata da sentença,
devendo, nesse caso, a liquidação ter lugar no momento
imediatamente posterior à apreensão, procedendo a entrega
ao exequente.

c. Despachos condenatórios
 São aqui equiparados às sentenças condenatórias, no que
concerne à sua força executiva, os despachos e quaisquer
outras decisões ou atos da autoridade judicial que condenem
no cumprimento de uma obrigação (art. 705º).
 Não constituem títulos executivos os despachos de mero
expediente, já que, destinando-se tais despachos a assegurar o
normal andamento do processo (art. 152º, nº4).

d. Decisões arbitrais
 No tocante às decisões dos tribunais arbitrais, o legislador
equipara os termos da sua exequibilidade aos das decisões dos
tribunais comuns (arts. 42º, nº7 da LAV- Lei da Arbitragem
Voluntaria- e 705º, nº2).
 Desde logo, nos termos do art. 47º, nº1 LAV, a parte que
requer a execução da sentença arbitral ao tribunal estadual
deve fornecer o original daquela ou uma copia certificada.
 Para alem disso, à luz do art.47º, nº3 LAV, a sentença arbitral
pode servir de base à execução ainda que tenha sido
impugnada mediante pedido de anulação apresentado de
acordo com o art. 46º LAV, mas o impugnante pode requerer
que tal impugnação tenha efeito suspensivo da execução.
 Tendo havido condenação genérica, a liquidação deve ser feita
nos mesmos termos previstos no CPC quanto à liquidação das
sentenças judiciais que encerrem uma condenação genérica
(arts. 47º, nº2 LAV e 716º, nº4).

e. Sentenças e títulos exarados em pais estrangeiro


 No que concerne à exequibilidade das sentenças e títulos
exarados em pais estrangeiro, a lei estabelece 2 regimes
distintos:

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1. Os títulos exarados em pais estrangeiro nunca carecem


de ser revistos para poderem ser executados no nosso
ordenamento jurídico (art. 706º, nº2);
2. As sentenças estrangeiras podem ou não carecer de
revisão para serem executadas no ordenamento
jurídico português, tudo dependendo do que se achar
estabelecido em tratados, convenções, regulamentos
europeus e leis especiais (Art. 706º, nº1).

 Ora, estando em causa uma decisão proferida pelos tribunais


de um Estado- Membro da UE, esta é automática e
imediatamente reconhecida num outro EM, sem necessidade
de recurso a qualquer processo de revisão ou de confirmação.
 Diversamente, salvo o disposto em convenções ou tratados
internacionais, as decisões proferidas num Estado que não
pertença à UE e que nele possuam força executória só podem
ser executadas no nosso ordenamento jurídico depois de
devidamente revistas e confirmadas pelo tribunal da Relação
(art. 73º, al. e) LOSJ), através do processo especial de revisão
de sentença previsto nos arts. 978º a 985º.

ii. Documentos com intervenção notarial ou equiparada


a. Documentos autênticos ou autenticados
1. Âmbito
 Para alem das sentenças condenatórias, o art. 703º,
nº1, al. b), determina que constituem igualmente
títulos executivos os documentos exarados ou
autenticados por notário ou por outras entidades
profissionais com competência para tal, que importem
a constituição ou o reconhecimento de qualquer
obrigação.
Enquadram-se, portanto:
- Os documentos autênticos (arts. 363º, nº2 CC e 35º,
nº2 CN- Código do Notário).
Ex.: escritura publica e/ou testamento publico.
- Os documentos autenticados, ou seja, os
documentos elaborados por particulares e que,
posteriormente, são por eles confirmados perante o
notário ou outras entidades ou profissionais com
competência para tal.
Ex.: testamento cerrado.

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 Com efeito, a lei apenas confere força executiva aos


documentos que, por terem sido lavrados ou
autenticados por notário ou por outras entidades ou
profissionais com competência para tal, merecem fé
publica.
 Exatamente por isso, não constituem títulos executivos
os documentos particulares, ainda que com o
reconhecimento notarial simples ou com menções
especiais.
 Para alem disso, para que o documento autentico ou
autenticado constitua titulo executivos, torna-se
necessário que o mesmo importe a constituição de
uma obrigação ou reconhecimento de uma obrigação
pré-existente, sendo por isso, indispensável que a
obrigação se encontre compreendida no próprio titulo.
Ex.: contrato-promessa de partilha.

 Constitui igualmente titulo executivo o documento


autentico ou autenticado, do qual resulte, por simples
declaração unilateral, a promessa de uma prestação
ou reconhecimento de uma divida.
 Diferentemente, já não constitui titulo executivo, por
exemplo, uma escritura publica de doação de bem
imóvel, porquanto este documento não contem a
constituição ou o reconhecimento de uma obrigação.
O mesmo se passa com um contrato-promessa de
compra e venda de bem imóvel. Isto porque da
declaração do contrato-promessa, resulta tão-só para
as partes a obrigação de contratar, isto é, “de emitir a
declaração de vontade correspondente ao contrato
prometido”.

2. Documentos em que se convencionem prestações ou


obrigações futuras.
 No que concerne aos documentos autênticos ou
autenticados, nos quais se convencionem prestações
futuras ou em que se preveja a constituição de
obrigações futuras, estes só podem servir de base à
execução desde que se prove, por documento passado
em conformidade, revestido de força executiva própria
que foi realizada pelo credor alguma prestação para a
conclusão do negocio ou que foi constituída alguma
obrigação na sequencia da previsão das partes (art.
707º). O mesmo é dizer que, neste caso, a
exequibilidade do documento autentico ou
autenticado, “fica dependente da apresentação de um

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outro documento, como prova adminicular, passado


em conformidade com as clausulas fixadas primeiro”.
Trata-se, por isso, de um “titulo executivo complexo”,
já que o titulo é formado por dois ou mias
documentos, conjugados entre si.
Ex.: contrato de abertura de credito.
Assim se o credor não provar que realizou,
efetivamente, uma prestação a favor do devedor,
também não poderá recorrer, sem mais, à ação
executiva.

 Diversamente, não constitui titulo executivo um


documento que consubstancie uma mera “proposta
de concessão de credito”, já que, desse documento
não resulta a demonstração de que o credor concedeu
efetivamente algum credito ao devedor, nem tão
pouco a data em que o fez ou o modo como o credito
devia ser reembolsado.

3. Escritos com assinatura a rogo


 Um documento diz-se assinado a rogo quando o
mesmo está assinado por uma pessoa diversa da
interessada, a pedido (rogo) desta, por não saber ou
não poder assinar (art. 373º, nº1 CC). Normalmente, a
assinatura de um documento a rogo fica a dever-se a
situações de analfabetismo ou de natureza física ou
psicológica.
 Para que um documento assinado a rogo possa
constituir titulo executivo, torna-se necessário que a
assinatura esteja reconhecida por notário ou por
outras entidades ou profissionais com competência
para tal, nos termos do art. 708º. Para efeito, o
documento deve ser acompanhado de um termo de
reconhecimento (art. 154º, nº2 CN). Este regime
encontra-se em conformidade com a lei substantiva,
segundo a qual, sendo o documento subscrito por
pessoa que não saiba ou não possa ler, a subscrição só
obriga quando feita ou confirmada perante notário.
 Com efeito, semelhante exigência legal visa acautelar a
situação de especial debilidade e fragilidade em que se
encontra o rogante, pelo que, tratando-se de uma
formalidade ad substanciam, a falta de intervenção
notarial acarreta a nulidade da declaração negocial,
nos termos dos arts. 286º e 289º CC.

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4. Títulos de créditos
 O titulo de credito constitui um documento que
incorpora direitos literais, autónomos e abstratos,
assentes numa ordem de pagamento ou numa
promessa de pagamento, permitindo, por isso, ao
respetivo titular o exercício de tais direitos de forma
simples, rápida e segura, mediante a mera exibição do
titulo, sem necessidade de alegação ou demonstração
da relação jurídica subjacente à sua emissão.
 Ora, de acordo com o art. 703º, nº1, al. c), os títulos
de créditos constituem títulos executivos.
 Incluem-se neste domínio, entre outros, as letras,
livranças e os cheques.
 A atribuição de força executiva aos títulos de credito
encontra justificação na necessidade de se garantir a
segurança do trafego jurídico e de se favorecer a
utilização dos títulos de credito como meios de
pagamento no domínio das transações comerciais.

a. Letras de câmbio
 A letra de câmbio, também designada por “bill of exchange”
ou “lettre de change”, é um titulo executivo de credito que
consiste numa “ordem pura e simples dada por uma pessoa a
uma outra, para que pague uma quantia determinada a certa
pessoa ou à ordem dela”.
 Tradicionalmente, a emissão da letra de cambio assenta numa
relação trilateral, na medida em que envolve 3 sujeitos, a
saber: sacador, sacado e tomador.
 Muito embora, como se disse, a emissão da letra de cambio
assente tradicionalmente numa relação trilateral, pode, no
entanto, suceder que essa relação assuma apenas uma
natureza bilateral. Nessa hipótese a letra de cambio funciona
com um “instrumento de garantia e de cobrança de créditos,
destinando-se a munir o sacador- tomador de um titulo
executivo contra o devedor cambiário.
 No que diz respeito aos requisitos formais, estes encontram-se
dispostos no art. 1º da LULL- Lei Uniforme das Letras e
Livranças. Faltando algum desses requisitos, o escrito não
produz efeitos como letra, isto é, passa a configurar um mero
documento particular, sem valor cambiário. Salvo se a letra
tiver sido “emitida em branco” (Art. 10º LULL), ou se estiver
apenas em causa a não indicação da época de pagamento,
situação em que se considera como tendo sido no lugar
designado do nome do sacador. No que concerne ao lugar de
pagamento da letra, este encontra-se tipificado no art. 2º
LULL.

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 Por sua vez, o art. 11º LULL, prevê a possibilidade de a letra de


cambio ser transmitida por via de endosso, o que implica que
o tomador transmita a um 3º a propriedade da letra e de
todos os direitos dela emergentes (art. 14º LULL).
 Paralelamente, o art. 30º LULL, estipula que o pagamento da
letra pode ser total ou parcialmente garantido através da
prestação de um aval, sendo que essa garantia é prestada por
um 3º ou pelo próprio signatário da letra. Nos termos do art.
32º LULL, o dador de aval ´´e responsável da mesma maneira
que a pessoa por ele afiançada, isto é, pelo endossante ou
pelo aceitante.
 No que concerne à ação por falta de aceite ou de pagamento,
dispõe o art. 43º LULL, que o portador de uma letra pode
exercer os seus direitos de ação contra os endossantes,
sacador e outros coobrigados.
 Relativamente à responsabilidade pelo cumprimento da
obrigação, dispõe o art. 47º LULL que os sacadores, aceitantes,
endossantes ou avalistas de uma letra são todos
solidariamente responsáveis para com o portador.
 Por sua vez, nos termos do art. 48º LULL, o portador da letra
pode reclamar daquele contra quem exerce o seu direito de
ação.
 No que concerne aos meios de defesa dos demandados,
dispõe o art. 17º LULL que as pessoas acionadas em virtude de
uma letra não podem opor ao portador as exceções fundadas
sobre as relações pessoais delas com o sacador ou os
portadores anteriores.

b. Livranças
 A livrança, também designada por “promissory note” ou “let à
ordre”, traduz-se numa “promessa pura e simples, ou seja,
incondicional, feita por uma pessoa, isto é, pelo devedor, de
pagar uma determinada quantia pecuniária a uma outra
pessoa ou à ordem dela”.
 No que concerne aos seus requisitos formais, estes
encontram-se dispostos no art. 75º LULL.
 Pode, no entanto, suceder que a livrança seja emitida “em
branco”, isto é, sem que dela conste a indicação da quantia, de
época do pagamento e/ou da data ou lugar onde a livrança foi
passada (crf. os arts. 77º e 10º LULL). Nessa eventualidade, a
livrança deve ser acompanhada por um pacto de
preenchimento, não sendo, no entanto, obrigatória a junção
do pacto de preenchimento ao requerimento executivo, já que
o titulo executivo é a livrança e não o pacto.
 A livrança, enquanto titulo de credito, dispensa o exequente
de invocar a relação jurídica subjacente à sua emissão. Caberá
ao executado, no âmbito da relação imediata, o ónus de alegar

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e provar factos concretos e objetivos que sejam suscetíveis de


colocarem crise a validade, a eficácia ou a existência da relação
fundamental subjacente à livrança.

c. Cheque
 O cheque, igualmente designado por “check” ou “assegno”,
constitui um titulo de credito que, enquanto meio de
pagamento, se materializa numa “ordem pura e simples dada
por uma pessoa a um banco para que pague determinada
quantia por conta da provisão bancaria à disposição do
sacador”. Deste modo, o cheque não se confunde com a letra
de cambio, já que aquele, ao invés do que sucede com a letra
“exige um deposito de fundos feitos pelo emitente em poder
daquele a quem a ordem de pagamento é dada.
 Os elementos que devem constar do cheque encontram-se
tipificados no art. 1 da LUC- Lei Uniforme dos Cheques.
 À luz do art. 2º LUC, o titulo a que faltar qualquer um desses
requisitos/ elementos não produz efeitos como cheque, salvo
se estiver em causa a falta de indicação do lugar de
pagamento, ou se não tiver designado o lugar da emissão do
cheque.
 Para alem disso, a falta de indicação de algum dos elementos
previstos no art. 1º LUC não obsta à eficácia do cheque, desde
que o elemento em falta seja “completado até ao pagamento”.
 Quanto à legitimidade passiva, dispõe o art. 44º LUC que todas
as pessoas são obrigadas em virtude de um cheque são
solidariamente responsáveis para com o portador, podendo
este proceder contra estas pessoas individual ou
coletivamente, sem necessidade de observar a ordem segundo
a qual elas se obriguem.
 Se o cheque for apresentado a pagamento e a conta sacada
não se achar devidamente aprovisionada, o banco deve
proceder à devolução do cheque, com a menção, aposta no
seu verso, da recusa por falta de provisão.
 Ademais, é igualmente indispensável que o titulo de credito
não se encontre prescrito.
 No que concerne ao cheque, dispõe o art. 52º LUC que toda a
ação do portador contra os endossantes, contra o sacador ou
contra os demais coobrigados prescreve decorridos que sejam
6 meses. Acresce a isto que o cheque apenas conserva a sua
força enquanto titulo de credito se for apresentado a
pagamento no prazo de 8 dias apos a data da sua emissão (Art.
29º LUC).
 Por sua vez, relativamente às letras e livranças, os arts. 70º e
77º LULL preceituam que todas as ações relativas a letras e
livranças prescrevem no prazo de 3 anos a contar do seu
vencimento. Contudo, as ações do portador contra os

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endossantes e contra o sacador prescrevem no prazo de 1 ano


a contar da data do protesto feito em tempo útil, e as ações
dos endossantes contra os outros e contra o sacador
prescrevem no prazo de 6 meses a contar do dia em que o
endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado
(art. 70º ~ 3º LULL).
 Se o titulo não observar as formalidades previstas por lei ou se
se encontrar prescrito, este perde o seu valor enquanto titulo
de credito, caracterizado pela sua abstração, autonomia e
literalidade.
 Os art. 703º, nº1, al. c) dispõe que os títulos de credito
constituem títulos executivos, ainda que mero quirógrafos,
desde que, neste caso, os factos constitutivos da relação
subjacentes constem do próprio documento ou sejam
alegados no requerimento executivo.
 Desde modo, para que um titulo de credito, que não reúna os
requisitos previstos na lei ou que já se encontra prescrito,
possa, mesmo assim, valer enquanto titulo executivo, é
necessário que se encontrem preenchidos 2 requisitos
cumulativos:
1. O exequente tem de alegar no requerimento
executivo, de forma precisa, objetiva e completa, os
factos constitutivos da relação subjacente ou causal,
salvo se esses factos já constarem do próprio titulo;
2. Deve estar em causa uma relação imediata, já que só
assim poderá o exequente alegar a relação causal ou
subjacente à emissão do titulo.

 Neste particular, importa salientar que, mesmo que o negocio


jurídico subjacente à emissão do titulo de credito constitua um
contrato de mútuo, nulo por vicio de forma (art. 1143º CC), o
titulo de credito, ainda que enquanto mero quirógrafo da
obrigação, continua a valer enquanto titulo executivo.

5. Preenchimento abusivo
 Questão de particular importância é a de saber se um titulo
de credito, que tenha sido emitido em branco, ou seja, sem
se achar completamente preenchido, e cujo
preenchimento tenha sido abusivo, constitui ou não titulo
executivo. Com efeito, como elucida Ferrer Correia, quem
emite um titulo em branco pode atribuir à pessoa a quem
entrega esse titulo “o direito de o preencher em certos e
determinados termos”.

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 Assim, o preenchimento diz-se abusivo quando o mesmo é


completado com violação do pacto de preenchimento, ou
seja, em desconformidade com as convenções
estabelecidas entre as partes nesse pacto.
 Nesta conformidade, em principio, o titulo de credito não
constitui titulo executivo se o executado demonstrar que o
mesmo foi preenchido de forma abusiva.
 Contudo, pode suceder que um titulo de credito, ainda que
tenha sido preenchido de forma abusiva, constitua assim,
um titulo executivo.
Ex.: quando no titulo executivo se acha aposta uma quantia
superior ao montante efetivamente em divida, caso em
que a demonstração desse preenchimento abusivo apenas
resultará na extinção parcial da execução no tocante à
quantia peticionada em excesso (art. 732º, nº4, 2ª parte).
 Nessa exata medida, a força executiva do titulo de credito
preenchido de forma abusiva dependerá, necessariamente,
da natureza da desconformidade existente entre o teor do
titulo de credito e o âmbito da convenção de
preenchimento estabelecida entre as partes.
Por outro lado, sendo deduzida oposição à execução, com
fundamento no preenchimento abusivo do titulo de
credito, recai sobre o executado/embargante, e não sobre
o exequente/embargado, o ónus da prova da existência de
um acordo de preenchimento do titulo e que tal acordo
não foi observado.
 Note-se, no entanto, que a demonstração de
preenchimento abusivo só é possível no âmbito da relação
imediata, podendo, por isso, o devedor/executado deduzir
oposição à execução, com esse fundamento, contra o
credor/exequente.
 Diferentemente, o preenchimento abusivo do titulo não
pode ser invocado contra o tomador ou o 3º a quem o
titulo tenha sido transmitido, isto é, no âmbito das relações
mediatas.

b. Documentos particulares
 Contrariando a tendência legislativa que se vinha verificando
nos últimos anos, o CPC de 2013 deixou de reconhecer força
executiva aos documentos particulares, assinados pelo
devedor, que importem a constituição ou o reconhecimento
de uma obrigação.
 No entanto, questão de particular relevância é a de saber se os
documentos particulares, assinados pelo devedor, que
importem a constituição ou o reconhecimento de uma

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obrigação e que tenham sido lavrados até ao dia 31 de agosto


de 2013, ou seja, até à véspera da entrada em vigor do novo
CPC, constituem titulo executivo.
 O tribunal Constitucional, no seu acórdão nº 408/2015, de 23
de setembro, declarou “com força obrigatória geral, a
inconstitucionalidade da norma que aplica o art. 703º CPC
aprovado em anexo à lei nº 41/2013, de 26 de junho, a
documentos particulares emitidos em data anterior à sua
entrada em vigor, então exequíveis por força do art. 46º, nº1,
al. c) do CPC 1961, constante dos arts. 703º CPC e 6º, nº3 da
Lei nº 41/2013, por violação do principio da proteção da
confiança (art. 2º CRP)”.

c. Títulos executivos por força de disposição especial


1. Requerimento de injunção com formula executória
1) Âmbito
 O procedimento de injunção consiste num
mecanismo de natureza célere e simplificada,
com predominante função executiva, que tem
como finalidade conferir força executiva a um
requerimento destinado a exigir o
cumprimento de obrigações pecuniárias
emergentes de contratos, estando
especialmente vocacionado para os casos em
que o credito não é contestado.
 O procedimento de injunção parte, assim, de
uma técnica de inversão do contencioso, na
medida em que faz recair sobre o devedor o
ónus de adotar uma posição ativa, pagando ou
deduzindo oposição.

2) Requisitos
 O recurso a um procedimento de injunção é
admissível em 2 casos:
1. Obrigações pecuniárias, emergentes de contratos,
até 15.000.00 euros.
o O credor pode apresentar um requerimento de
injunção quando pretenda obter o cumprimento de
uma obrigação pecuniária, emergente de um contrato,
cujo valor não seja superior a 15.000.00.

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o Neste particular, importa salientar que, aquilo que


releva, é que o valor globalmente considerado não
exceda o montante de 15.000.00.
o Por outro lado, o conceito de “obrigação pecuniária”
deve ser interpretado em sentido restrito, isto é, na
aceção do disposto nos arts. 550º e sgs CC. Com efeito,
só é possível recorrer a um procedimento de injunção
quando a quantia pecuniária constitua “o próprio
objeto da prestação.

2. Atraso de pagamento em transação comercial.


o O credor pode recorrer a um procedimento de
injunção quando, independentemente do valor da
divida, esteja em causa um atraso de pagamento
em transação comercial.
o Nos termos do art. 3º, al. a) do DL nº 62/2013, de
10 de maio (estabelece medidas contra os atrasos
no pagamento de transações comerciais),
entende-se por atraso de pagamento “qualquer
falta de pagamento do montante devido no prazo
contratual ou legal, tendo o credor cumprido as
respetivas obrigações, salvo se o atraso não
imputável ao devedor”.

3) Tramitação
 No que diz respeito à tramitação deste
procedimento, o art. 8º do anexo ao DL nº
269/98, de 1 de setembro (aprova o regime
dos procedimentos para cumprimento de
obrigações pecuniárias emergentes de
contratos de valor não superior à alçada do
tribunal de 1.ª Instância), preceitua que o
requerimento de injunção deve ser
apresentado, à escolha do credor, na
secretaria do tribunal do lugar do
cumprimento da obrigação ou na secretaria do
tribunal do domicilio do devedor. Atualmente,
o procedimento de injunção deve ser
apresentado junto do Balcão Nacional de
Injunções (BNI), com sede no Porto.

d. Petição inicial com força executória

O art. 1º do anexo ao DL nº 269/98, prevê a possibilidade de ser


intentada uma ação especial para o cumprimento de obrigações

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pecuniárias emergentes de contratos, de valor não superior a


15.000.00. esta ação caracteriza-se pela sua natureza simples e célere,
estando vocacionada para permitir a formação de um titulo executivo,
particularmente nos casos em que o credito não seja contestado.

e. Títulos executivos de formação processual


O CPC prevê diversas situações em que se permite a formação de um
titulo executivo na pendencia de um processo judicial. É o que sucede,
designadamente, nos seguintes casos:
A. Se o recorrente tiver interposto recurso de apelação com
efeito suspensivo, não comprovar, em caso de condenação
definitiva do pedido, o cumprimento da obrigação no prazo de
30 dias apos o transito em julgado;
B. Sendo invocada a comunicabilidade da divida ao cônjuge do
executado, quer pelo exequente (art. 741º, nº1), quer pelo
próprio executado (art. 742º), a execução prossegue contra o
cônjuge do executado se a divida for considerada comum (art.
741º, nº5);
C. Se o depositário dos bens penhorados não os apresentar no
prazo de 5 dias enão justificar a falta;
D. Se o devedor do executado declarar, em caso de penhora de
créditos, que a exigibilidade da obrigação depende de
prestação a efetuar pelo executado;
E. Sendo penhorado um credito do executado que não tenha
sido contestado pelo devedor e se este não cumprir a
obrigação;
F. Etc.

f. Ata da reunião de assembleia de condóminos


Nos termos do art. 6º, nº1 do Dl nº 268/94, de 25 de outubro
(REGIME DA PROPRIEDADE HORIZONTAL), a ata da reunião da
assembleia de condóminos constitui titulo executivo contra o
proprietário que deixe de pagar, no prazo estabelecido, a sua quota
parte, desde que dessa ata se conste a deliberação sobre o montante
das contribuições devidas ao condomínio ou a quaisquer despesas
necessárias à conservação das partes comuns e ao pagamento de
servições de interesse comum, que não devam ser suportadas pelo
condomínio.

g. Certidão de divida e decisão administrativa

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De acordo com o art. 703º, nº1, al. d), possuem igualmente força
executiva as certidões de divida e as decisões administrativas, nos
casos em que a lei ordinária lhes atribua força executiva.

h. Certidões extraídas de inventario


Nos termos do art. 1096º, nº1, as certidões extraídas dos processos de
inventario valem como titulo executivo.
Por sua vez, de acordo com o art. 1096º, nº2, se a certidão se destinar
a provar a existência de um credito, só contém, para alem da
identificação de inventario, pela designação do inventariado e do
inventariante, o constante do processo a respeito da aprovação o
reconhecimento do credito e da forma do seu pagamento.
Neste contexto, a certidão extraída de processo de inventario é
suscetível de fundar a instauração de uma ação executiva.

i. Titulo emitido por instituição bancaria ou de credito


Nos termos do art. 9º, nº4 do DL nº 287/93, de 20 de agosto
(transforma a Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência em
sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos), os
documentos que, simultaneamente, titulem atos ou contratos
realizados pela Caixa Geral de Depósitos, que prevejam a
existência de uma obrigação de que essa instituição bancaria
seja credora e que se encontre assinados pelo devedor revestem
força executiva, sem necessidade de outras formalidades.

j. Contrato de arrendamento
Nos termos do art. 14º-A, nº1 NRAU, o contrato de
arrendamento, quando acompanhado do comprovativo de
comunicação ao arrendatário, através de carta registada com
aviso de receção, do montante em divida, é titulo executivo para
a execução para pagamento de quantia certa correspondente Às
rendas, aos encargos e/ou às despesas que corram por conta do
arrendatário, considerando-se igualmente compreendias nesse
titulo as rendas que se vencerem desde a comunicação efetuada
ao arrendatário até à entrega efetiva do locado, cuja liquidação
dependa de uma operação de simples calculo aritmético, a ser
realizada pelo próprio exequente no requerimento executivo.

k. Requerimento de despejo convertido em titulo executivo para


desocupação do locado.

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O art, 15º, nº1 NRAU, estabelece que “o procedimento especial


de despejo é um meio processual que se destina a efetivar a
cessação do arrendamento, independentemente do fim a que
este se destina, quando o arrendatário não desocupe o locado
na data prevista na lei ou na data fixada por convenção entra as
partes”.
Uma vez apresentado o requerimento de despejo junto do BNA
(Balcão Nacional de Arrendamento), esta entidade notifica o
requerido para, no prazo de 15 dias, desocupar o locado e,
sendo caso disso, pagar ao requerente a quantia por ele
peticionada, acrescida da taxa por ele liquidada, ou deduzir
oposição à pretensão e/ou requerer o diferimento da
desocupação do locado (art. 15º-D).

l. Contrato de direito real de habitação duradoura


Em caso de resolução do contrato de direito real de habitação
duradoura, com fundamento em incumprimento definitivo
imputável ao morador, a comunicação da resolução,
acompanhada do contrato de direito real de habitação
duradoura e as copias das comunicações relativas ao
incumprimento definitivo, constitui titulo executivo para entrega
de coisa certa e/ou pagamento de quantia certa, sendo que,
neste caso, consideram-se abrangidas pelo titulo executivo as
quantias entretanto vencidas e não pagas e outras que sejam
devidas ao proprietário desde a referida comunicação (art. 18º,
nº6 DL 1/2020, de 9 de janeiro).
Por sua vez, se ocorrer a extinção do direito real de habitação
duradoura, por renúncia do morador, e se o proprietário, em
violação do art. 17º, nº2 do diploma acima referido, não
proceder à devolução do montante correspondente ao saldo da
caução, dentro do prazo legalmente previsto para o efeito, o
contrato de direito real de habitação duradoura, acompanhado
da copia do comprovativo da comunicação de renuncia do
morador e respetivos documentos integrantes, constitui titulo
executivo para pagamento de quantia certa, à luz do art. 18º,
nº7 do DL.

m. Acordo obtido em mediação


Nos termos do art. 9º, nºs 1/2 da Lei nº 29/2013, de 19 de abril
(estabelece os princípios gerais aplicáveis à mediação realizada em
Portugal, bem como os regimes jurídicos da mediação civil e

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comercial, dos mediadores e da mediação pública), tem força


executiva, sem necessidade de homologação judicial.
Para alem disso, à luz do art. 9º, nº4 do citado diploma legal,
tem força executiva o acordo de mediação obtido por meio de
mediação realizada em outro EM de EU, desde que esse acordo
observe os requisitos previstos nos art. 9º, nº1, e que o
ordenamento jurídico desse EM também lhe atribua força
executiva.

n. Nota discriminativa de honorários, despesas ou custas de parte


À luz do art. 721º, nº5, a nota discriminativa de honorários,
despesas do agente de execução que não tenham sido objeto de
reclamação, acompanhada da sua notificação pelo agente de
execução ao interveniente processual perante o qual se pretende
reclamar o pagamento, constitui titulo executivo.

o. Certidão de custas, multas não penais e outras sanções


Nos termos do art. 35º RCP (Regulamento das Custas
Processuais), se não se verificar o pagamento voluntario das
custas, multas não penais e outras sanções pecuniárias fixadas
em processo judicial, a secretaria do tribunal deve entregar à
administração tributaria, por via eletrónica e para efeitos de
cobrança coerciva em sede de execução fiscal, a respetiva
certidão de liquidação, a qual juntamente com a decisão
transitada em julgado, constitui titulo executivo em relação às
quantias nela discriminadas.

p. Concurso de títulos
Pode suceder que o credor disponha de 2 ou mais títulos
executivos, referentes à mesma obrigação, contra o mesmo
devedor. Nessa eventualidade, verifica-se um concurso de
títulos.
Nestes casos, o credor tanto pode propor uma ação executiva
apenas com base num dos títulos, como pode intentar uma
única ação executiva fundada em ambos os títulos.

q. Cumulação de pedidos
1. Âmbito
O CPC prevê a possibilidade de serem cumuladas execuções, isto
é, o credor deduzir vários pedidos, referentes a créditos

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distintos, contra o mesmo devedor ou contra vários devedores


litisconsortes, podendo estes pedidos ter por base um único
titulo executivo ou 2 ou mais títulos executivos (art. 709º a
711º).
Por conseguinte, a cumulação de execuções encontra justificação
no principio da economia processual, na medida em que permite
que o credor, de forma facultativa, intente uma única ação
executiva contra o mesmo devedor, com base no mesmo titulo
executivo ou em títulos executivos diferentes.
Por outro lado, importa salientar que a cumulação de execuções
não se confunde com a coligação de exequentes ou de
executados, pois que naquela existe um único exequente e um
único executado, com pluralidade de pedidos, ao passo que a
coligação pressupõe uma pluralidade de pedidos e,
simultaneamente, uma pluralidade de exequentes e/ou
executados.

2. Oportunidade
No que concerne à sua oportunidade, a cumulação de execuções
pode ser inicial ou sucessiva.

3. Cumulação inicial de execuções


A cumulação inicial de execuções tem lugar no principio da
execução, sendo requerida pelo exequente no próprio
requerimento executivo.
Tratando-se de uma cumulação inicial de execuções, importa
distinguir se o titulo executivo reveste natureza judicial ou
extrajudicial.

4. Cumulação de execuções fundadas em sentença


Se o titulo for judicial, o art. 710º prevê a possibilidade de
cumulação de todos os pedidos que tenham sido julgados
procedentes no mesmo titulo executivo, ainda que tais
pedidos correspondam a execuções com finalidades distintas.
Diferentemente, não é possível cumular execuções fundadas
em duas ou mais sentenças, já que, correndo a execução nos
próprios autos, essa cumulação seria manifestamente
incompatível.

5. Cumulação de execuções fundadas em títulos diferentes

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Nos termos do art. 709º, pode verificar-se a cumulação de


execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, isto é,
de natureza extrajudicial ou judicial, contra o mesmo
devedor ou contra vários devedores litisconsortes.
No entanto, a cumulação de execuções não é permitida nos
seguintes casos:
-Se ocorreu a incompetência absoluta do tribunal para
alguma das execuções, nos termos dispostos no art. 96º;
-Se as execuções tiverem fins diferentes (art. 10º, nº6);
-Se a alguma das execuções corresponder processo especial
diferente do processo que deva ser utilizado quanto às
outras, sem prejuízo do disposto no nºs 2/3 do art. 37º;
- Se a execução da decisão judicial correr nos próprios autos
(arts. 85º, nº1 e 626º).

Quando ocorra uma cumulação de execuções que devam


seguir forma de processo comum distinta, a execução segue
a forma ordinária (art. 709º, nº5).

6. Cumulação sucessiva de execuções


O art. 711º prevê a possibilidade de o exequente, enquanto a
execução não for declarada extinta, requerer, no mesmo
processo, a execução de outro titulo, desde que não se
verifique nenhum dos requisitos negativos, previstos no art.
709º, nº1, que impeçam a cumulação.
A cumulação sucessiva só será admissível desde que, no caso
em concreto, se encontrem preenchidos os mesmos
requisitos processuais e substantivos que estão preenchidos
para a cumulação inicial de execuções.
Ocorrendo uma cumulação ilegal de execuções, o executado
pode deduzir oposição à execução com esse fundamento,
nos termos dos arts. 729º e 731º.
Lição IV- Requisitos da Obrigação Exequenda
No que concerne aos requisitos da obrigação exequenda, o art. 713º preceitua que a
execução principia pelas diligencias, a requerer pelo exequente, destinadas a tornar a
obrigação certa, exigível e liquida, se não o for em face de titulo executivo.
Com efeito, para que o credor possa intentar uma ação executiva, é necessário que o
mesmo disponha de um titulo executivo (arts. 10º, nº4 e 73º) e que a obrigação
exequenda seja certa, exigível e liquida.

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Por conseguinte, se a obrigação não for certa, exigível ou liquida em face do titulo
executivo, abre-se, por razoes de economia processual, “uma fase liminar do processo
executivo”.

1. Certeza
Noção
o A obrigação diz-se certa quando o objeto da respetiva prestação se encontra
perfeitamente delimitado ou individualizado em relação à sua qualidade ou
conteúdo, isto é, quando se sabe precisamente o que se deve. O mesmo é
dizer que a obrigação será certa desde que seja possível diferenciá-la de
todas as outras. A obrigação não é certa nos casos em que escolha da
prestação ainda esteja por realizar.
Ex.: obrigação genérica de espécie indeterminada.
o Se a obrigação não for certa, a execução tem de principiar pelas diligencias
necessárias a troná-la certa. Isto porque, como é obvio, o exequente só
pode exigir o cumprimento coercivo de uma obrigação se esta se encontrar
perfeitamente determinada em relação à sua qualidade.

I. Obrigação genérica e obrigação especifica


 A distinção entre obrigação genérica e obrigação especifica assume particular
relevância na ação executiva, designadamente na execução para entrega de
coisa certa.
 A obrigação genérica é aquela, cujo objeto da prestação apenas se encontra
determinado pelo seu género e pela sua quantidade (art. 539º CC).
Ex.: obrigação de entrega de um veiculo automóvel, de duas toneladas de
cimento ou de mil tijolos.
 Diversamente, a obrigação especifica é aquela, cujo objeto da prestação se
encontra concretamente determinado ou perfeitamente individualizado.
Ex.: obrigação de entrega do automóvel X, com a matricula Y.
Neste caso, sendo a obrigação concreta, a execução não carece de quaisquer
diligencias previas.

II. Obrigação cumulativa e obrigação alternativa


 A obrigação pode ser simples ou composta, consoante compreenda,
respetivamente, uma só prestação ou duas ou mais prestações.
 No âmbito da obrigação composta, importa distinguir entre obrigação
cumulativa e obrigação alternativa.
 Na obrigação cumulativa, o devedor encontra-se obrigado a realizar todas as
prestações compreendidas na obrigação.
Ex.: entregar o veiculo X e pagar a quantia Y.

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 Por sua vez, na obrigação alternativa, o devedor exonera-se ao efetuar, de entre


duas ou mais prestações, aquela que vier a ser escolhida e/ou designada para o
efeito.
Ex.: entregar o veiculo X OU pagar a quantia Y.

 O art. 714º trata do caso particular da prestação na obrigação alternativa (arts.


543º, nº2 e 549º CC), pois que, tal como sucede na obrigação genérica, de igual
modo, na obrigação alternativa, a determinação ou concentração da prestação
depende de uma operação de escolha.
 Ora, se a obrigação revestir natureza alternativa, a ação executiva não pode
prosseguir os seus termos enquanto não for escolhida a prestação, já que o
cumprimento da obrigação depende, necessariamente, da determinação previa
do objeto da prestação.

2. Exigibilidade
Noção
o A obrigação exequenda diz-se exigível quando já se encontra vencida ou
quando o seu vencimento depende de simples interpelação do devedor,
isto é, quando já pode ser exigida.
Pode, no entanto, suceder que a obrigação, apesar de já se encontrar
vencida, ainda que não seja exigível.
Ex.: obrigações de natureza sinalagmática onde o credor ainda noa
cumpriu a prestação a que estava vinculado.

I. Obrigação pura e obrigação a prazo ou a termo


Obrigação pura
 O regime geral do prazo da prestação encontra-se previsto no art. 777º
CC. Com efeito, se as partes não tiverem convencionado qualquer prazo
para o cumprimento da obrigação ou se a lei não dispuser em sentido
diverso, o credor pode exigir a todo o tempo o cumprimento da
obrigação e o devedor pode, a todo o tempo, exonerar-se dela. Por
conseguinte, se o credor pretender exigir o cumprimento da obrigação,
terá de interpelar o devedor, podendo essa interpelação ser feita por via
judicial ou extrajudicial (art. 805º, nº1 CC). Exatamente por isso, nos
termos do art. 550º, nº3, al. a), a ação executiva para pagamento de
quantia certa segue, necessariamente, a forma de processo comum
ordinário nos casos em que a obrigação ainda não se encontre vencida
(art. 715º), razão pela qual o executado deve ser citado previamente, já
que o vencimento da obrigação depende, forçosamente, da sua citação
judicial (art. 610º, nº2, al. b)).

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Obrigação a prazo ou a termo


 A obrigação a prazo ou a termo é aquela em que as partes
convencionaram “um dia ou um prazo para que o credor exija a
prestação ou para que o devedor a realize”.
 O termo pode ser certo ou incerto, consoante seja possível ou não
determinar antecipadamente a data da sua verificação.
 Estando em causa uma obrigação a prazo ou atermo certo, o mero
decurso do prazo ou a verificação do termo implica o vencimento e,
consequentemente, a exigibilidade da obrigação, sem necessidade de
interpelação do devedor.
 Diferentemente, sendo o termo incerto, o vencimento da obrigação
depende, necessariamente, de interpelação do devedor, podendo essa
interpelação ser efetuada por via judicial ou extrajudicial.

II. Obrigação sujeita a clausula cum potuerit ou a clausula cum voluerit


 Pode suceder que as partes tenham convencionado que o devedor apenas
realizará a prestação quando puder, submetendo, deste modo, a
exigibilidade da obrigação à verificação de uma clausula cum potuerit.
Ora, estando a obrigação sujeita a clausula cum potuerit, a obrigação só
será exigível quando o devedor tiver a possibilidade de a cumprir (art.778º,
nº1 CC). Por conseguinte, se o credor pretender exigir o cumprimento da
obrigação, recai sobre ele o ónus da prova quanto ao facto de o devedor
estar em condições de cumprir.
Contundo, se o devedor falecer, o credor poderá exigir a prestação aos seus
herdeiros, independentemente da prova dessa possibilidade, sem prejuízo
do disposto no art. 2071º CC, isto é, de os herdeiros demonstrarem que
esse encargo excede o valor do património herdado (art. 778º, nº1, 2ª
parte CC).
 Diferentemente, se o prazo para o cumprimento tiver sido deixado ao
critério do devedor, isto é, se as partes tiverem convencionado que o
devedor só cumprirá quando quiser (cum voluerit), o credor só poderá
exigir a satisfação da prestação aos herdeiros do devedor, atendo o disposto
no art. 778º, nº2 CC.

III. Exigibilidade da obrigação


 Atenta a distinção que se fez supra, a conclusão a que se chega é a
de que a ação executiva poderá ser intentada nos seguintes casos:
a) Quando a obrigação já se encontre vencida;
b) Quando o vencimento da obrigação depende de simples
interpelação do devedor e este já tiver sido interpelado

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extrajudicialmente, caso em que o credor deve comprovar no


requerimento executivo que já interpelou o devedor (arts. 715º e
724º, nº1, al h));
c) Quando a obrigação depende de simples interpelação do devedor e
este ainda não tiver sido interpelado extrajudicialmente (arts. 805º,
nº1 CC);
d) Quando, tendo a exigibilidade da obrigação ficado dependente da
verificação de uma clausula cum potuerit, o credor demonstre
perante o juiz de execução que o devedor já reúne as condições
económicas necessárias para poder realizar a prestação a que se
vinculou;
e) Quando, tenho a exigibilidade da obrigação ficado dependente da
verificação de uma clausula cum voluerit, o credor demonstre
perante o juiz de execução que o devedor já faleceu, sendo,
portanto, a execução movida contra os herdeiros.

IV. Obrigações condicionais e obrigações dependentes de prestação


Obrigações condicionais
 As partes podem subordinar a um acontecimento futuro e
incerto a produção de efeitos do negocio jurídico ou a sua
resolução atento o disposto no art. 270º CC.
 Assim, estando a obrigação sujeita a uma condição suspensiva,
esta só é exigível apos a verificação da condição, ou seja, apos a
ocorrência desse acontecimento futuro e incerto (Art. 270º CC).
 Nos termos do art. 343º, nº3 CC, se o direito invocado pelo
exequente estiver sujeito a condição suspensiva ou termo inicial,
cabe-lhe provar que a condição se verificou ou que o termo se
venceu. Por sua vez, se o direito estiver sujeito a condição
resolutiva ou termo final, cabe ao executado provar a verificação
da condição ou o vencimento do prazo.
 Por outro lado, pode igualmente suceder que o tribunal profira
uma “sentença condicional”, isto é, uma sentença cuja eficácia da
condenação fique dependente da verificação de um evento
futuro e incerto ou da superveniência de um determinado
termo. Nesse caso, verificando-se o evento cuja verificação ficou
dependente a eficácia da condenação, a sentença adquire força
executiva relativamente a um direito certo, liquido e exigível.

Obrigações dependentes de prestação


 A exigibilidade da obrigação pode estar dependente de uma
prestação, a ser efetuada pelo credo ou por um terceiro.

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V. Demonstração e prova de exigibilidade´


 Estando a obrigação dependente de uma condição suspensiva pu de
uma prestação por parte do credor ou de terceiro, incumbe ao credor
alegar e provar documentalmente, no próprio requerimento executivo,
que se verificou a condição ou que efetuou ou ofereceu a prestação
(arts. 715º, nº1 e 724º, nº1, al h)).
 A apreciação e analise dessa prova documental é da competência do juiz
de execução e não do agente de execução.

3. Liquidez
Noção
A obrigação diz-se liquida quando a prestação se encontra
determinada em relação à sua quantidade ou montante.
Consequentemente, a obrigação será ilíquida quando, apesar de
a sua existência ser certa, o montante da prestação ainda não se
encontre fixado ou determinado.

I. Liquidação pelo exequente ou pelo agente de execução


Liquidação dependente de simples calculo aritmético
 Nos termos do art. 716º, nº1, estando em causa uma obrigação cuja
liquidação dependa de uma operação de simples cálculo aritmético, o
exequente deve especificar os valores que considera compreendidos na
prestação devida e formular, mediante a realização previa de um calculo
aritmético, um pedido liquido.
 Regra geral, esse calculo aritmético consiste numa operação de soma.
Ex.: juros de mora legais já vencidos (art. 806º CC).
 Pode, no entanto, suceder que esse calculo consiste numa operação de
subtrair.
Ex.: se o reu já foi condenado a pagar ao autor uma indemnização, à
qual devem ser deduzidas as quantias, entretanto liquidas num
procedimento cautelar de arbitramento de reparação provisoria.

Liquidação não dependente de calculo aritmético


 Se a liquidação da obrigação não depender de uma operação de simples
calculo aritmético, importa distinguir consoante o titulo executivo
revista natureza judicial ou extrajudicial.

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 Com efeito, revestindo o titulo executivo natureza judicial, a liquidação


deve ser feita na própria ação declarativa, através de um incidente de
liquidação de sentença (arts. 609º, nº2 e 358º, nº2), hipótese em que
apenas serão devolvidos juros de mora apos a liquidação da obrigação.

II. Liquidação por árbitros


 A liquidação da obrigação exequenda pode ser efetuada por intermedio
de árbitros, atento o disposto no art. 716º, nº6. Para o efeito, torna-se
necessário que esteja em causa um titulo executivo extrajudicial e que
as partes tenham convencionado nesse sentido, através de uma
convenção de arbitragem (arts. 1º e 2º LAV- Lei da Arbitragem
Voluntaria).
 A liquidação pode ser realizada por um ou mias árbitros, em número
ímpar, dependendo da convenção estabelecida entra as partes (art. 8º
LAV).

III. Liquidação de obrigação que tenha por objeto mediato uma universalidade
 Se a liquidez da obrigação resultar da circunstancia de esta ter por
objeto mediato uma universalidade e o autor não puder concretizar os
elementos que a compõem, a liquidação tem lugar em momento
imediatamente posterior à apreensão, precedendo a entrega ao
exequente (art. 716º, nº7).

IV. Liquidação de obrigação parcialmente liquida e ilíquida


 Se uma parte da obrigação for ilíquida e outra liquida, o exequente
pode, desde logo, promover a execução da parte da obrigação que já
seja liquida, atento o disposto no art. 716º, nº9. Nessa eventualidade,
se o exequente requerer a execução imediata da parte liquida da
obrigação, a liquidação da outra parte pode ser feita na pendencia dessa
execução, nos mesmos termos em que é possível a liquidação inicial
(art. 716º, nº9).

Lição V- Pressupostos Processuais


1. Introdução
Tal como sucede na ação declarativa, também na ação executiva têm de
estar preenchidos os pressupostos processuais referentes ao tribunal, às
partes e ao objeto.

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De todo o modo, estes pressupostos processuais apresentam algumas


especificidades no domínio da ação executiva, particularmente no que
concerne à competência, à legitimidade e ao patrocínio judiciário.

2. Competência
No que concerne à competência do tribunal em sede executiva, importa,
desde já, distinguir entre a competência internacional e a competência
interna, consoante esteja em causa uma relação jurídica plurilocalizada
(com 2 ou mais ordenamentos jurídicos) ou uma relação jurídica interna.

I. Competência internacional
 Na ação executiva, vigora o principio da territorialidade, segundo o qual
“cada Estado possui o monopólio das medidas coativas efetuadas no seu
território”. Assim, os tribunais portugueses são internacionalmente
competentes para o conhecimento de uma ação executiva quando se
verifique uma conexão suficientemente forte com o ordenamento
jurídico português (art. 10º, nº4).
 Estando em causa uma relação jurídica plurilocalizada, a competência
internacional dos tribunais portugueses é regulada pelo art. 59º.
 Em todo o caso, por força do principio do primado, antes de se aplicar o
regime da competência internacional previsto no CPC, torna-se
necessário atender ao que se acha estabelecido nesta matéria no Reg.
(UE) nº 125/2012, de 12 de dezembro, do Parlamento Europeu e do
Conselho, relativo à competência judiciaria, ao reconhecimento e à
execução de decisões em matéria civil e comercial (art. 8º, nº4 CRP).
 Ora, em sede executiva, este regulamento prevê, no seu art. 24º, nº5,
que têm competência exclusiva, em matéria de execução de decisões, os
tribunais do EM do lugar da execução.

II. Competência interna


 Dispõe o art. 60º, nº1, que a competência dos tribunais judiciais, no
âmbito da jurisdição civil, é regulada conjuntamente pelo estabelecido
nas leis de organização judiciaria e pelas disposições previstas no CPC.
 Por sua vez, o art. 60º, nº2, preceitua que, na ordem interna, a
jurisdição reparte-se pelos diferentes tribunais segundo a matéria, o
valor da causa, a hierarquia judiciaria e o território.

III. Competência em razão de matéria


Competência dos tribunais judiciais
 No que diz respeito à competência em razão de matéria, aplica-se a
mesma regra que vigora no domínio da ação declarativa, ou seja, são da

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competência dos tribunais judiciais as causas que não sejam atribuídas a


outra ordem jurisdicional (arts. 40º, nº1 e 80º, nº1 da LOSJ e 64ºCPC).
Neste enquadramento, os tribunais judiciais têm, quanto à matéria, uma
competência subsidiaria ou supletiva.
Ex.: execução de decisões proferidas pelos julgados de paz ou pelos
tribunais arbitrais, os quais têm apenas competência em matéria
declarativa (arts. 6º LPJ- Lei dos Julgados de Paz e 47º LAV).

Tribunais e juízos de competência especializada


 O art. 80º, nº2 LOSJ, estabelece que os tribunais de comarca são de
competência genérica e de competência especializada.
 Por sua vez, o art. 81º, nº1 LOSJ estipula que os tribunais de comarca se
desdobram em juízos, que podem ser de competência especializada, de
competência genérica e de proximidade. Paralelamente, o art. 81º, nº3
LOSJ preceitua que podem ser criados diversos juízos de competência
especializada, destacando-se, em matéria civil, os juízos centrais cíveis,
os juízos locais cíveis e os juízos de execução.
 Ora, no que concerne aos juízos de execução, estes têm competência
exclusiva para exercer as competências previstas no CPC (art. 129º, nº1
LOSJ). Contudo, mesmo que exista um juízo de execução dentro do
tribunal de comarca competente, têm competência executiva própria
para a execução das suas decisões, o tribunal de propriedade intelectual
(art. 111º, nº2 LOSJ), o tribunal de concorrência, regulação e supervisão
(art. 112º, nº2 LOSJ), o tribunal marítimo (art. 113º, nº2 LOSJ), os juízos
de família e menores (arts. 122º, nº1, al. f) e 123º, nº1, al. e) LOSJ, os
juízos de trabalho (art. 126º, nº1, al. m LOSJ), os juízos de comercio (art.
128º, nº3 LOSJ), bem como os juízos criminais no tocante à execução de
sentenças por eles proferidas que, nos termos da lei processual penal,
não devam correr parente um juízo cível (art. 129º, nº2 LOSJ).

IV. Competência em razão do valor


 Quanto à competência em razão do valor da ação, se estiver em causa
uma circunscrição que se encontre abrangida pela competência de um
juízo de execução, este será competente para exercer, no âmbito do
processo executivo, as competências previstas no CPC,
independentemente do valor da ação (art. 129º, nº1 LOSJ).
 Diferentemente, estando em causa uma circunscrição que não se
encontre abrangida pela competência de um juízo de execução ou
tribunal, será competente o juízo central cível, se o valor da execução for

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igual ou superior a 50.000.01 euros (art. 117º, nº1, al. b) LOSJ), ou o


juízo cível, se o valor da execução for igual ou inferior a 50.000.00 euros
(art. 130º, nº2, al. c) LOSJ).

V. Competência em razão de hierarquia


 No que concerne à competência em razão de hierarquia, os tribunais de
comarca têm competência exclusiva, ainda que esteja em causa uma
decisão condenatória pelo tribunal da Relação ou pelo STJ (art. 86º).
Com efeito, os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados para
efeito de recurso das suas decisões, sendo que nem o tribunal da
Relação, nem o STJ têm competência executiva (art. 42º, nº1 LOSJ).

VI. Competência em razão de território


 Por ultimo, em relação à competência territorial, esta encontra-se
regulada nos arts. 85º a 90º, importando distinguir consoante o titulo
executivo revista natureza judicial ou extrajudicial.

Competência para a execução fundada em titulo executivo judicial


A. Execução de sentença proferida pelo tribunal de comarca
 Se estiver em causa uma ação executiva fundada em
sentença condenatória proferida pelo tribunal de
comarca, é territorialmente competente para a execução
o tribunal onde tiver corrido termos a própria ação
declarativa (art. 85º, nº1). A consagração desta regra de
competência encontra justificação no facto de a execução
de decisão judicial condenatória correr nos próprios
autos (art. 626º), sendo tramitada de forma autónoma.
 Pode, no entanto, suceder que, nos termos da LOSJ, seja
competente para a execução, no caso em concreto, um
juízo de execução (Art. 81º, nº3, al. j) LOSJ). Nessa
eventualidade, a secretaria do tribunal onde correu ou
corre termos o processo declarativo deve, com caracter
de urgência, remeter uma copia da sentença, do
requerimento que deu inicio à execução e dos
documentos que o acompanham para o juízo de
execução competente, atento o disposto no art. 85º, nº2.
Vale isto por dizer que o requerimento executivo deve ser
apresentado no tribunal onde correu ou corre termos o
processo declarativo e não diretamente junto do tribunal
do juízo de execução.

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B. Execução de sentença proferida pelos tribunais superiores


 Se a ação tiver sido proposta, em primeira instancia, no
tribunal da Relação ou no STJ, é competente para a
execução o tribunal do domicilio do executado. É que, de
acordo com a LOSJ, nem o STJ, nem o tribunal da Relação
têm competência para executar as decisões por eles
proferidas em primeira instancia (arts. 55º, als. b) e c) e
73º, als. b) a e) LOSJ).
 Para que seja possível a execução da decisão, torna-se
necessário que o processo declarativo ou respetivo
traslado, consoante os casos, seja remetido ao tribunal
competente para a execução (art. 86º).

C. Execução de sentença proferida por tribunais estrangeiros


 Sendo o titulo executivo uma sentença estrangeira, é
competente para a execução o tribunal do domicilio do
executado, nos termos do disposta no art. 86º ex vi do
art. 90º.

D. Execução pelas indemnizações


 Se a ação executiva tiver por finalidade a cobrança
coerciva de indemnizações decorrentes de condenação
por litigância de má fé (art. 542º) e em regimes análogos
é competente o tribunal onde haja corrido termos o
processo no qual tenha sido proferida a condenação.
Nesse caso, a execução pelas indemnizações corre
apenso ao respetivo processo.
 Por outro lado, se a condenação em indemnização tiver
sido proferida pelo tribunal da Relação ou pelo STJ, isto é,
se a ação tiver sido intentada diretamente junto da
Relação ou do STJ, à luz das regras de competência
previstas nos arts. 55º e 73º LOSJ, a execução tem lugar
no tribunal de primeira instancia competente da área em
que processo haja corrido (art. 88º).

Competência para a execução fundada em titulo executivo extrajudicial


A. Ação executiva para pagamento de quantia certa sem garantia
real ou para prestação de facto

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 Se a ação executiva tiver por base um titulo executivo


extrajudicial, a regra é a de que, é competente para a
execução o tribunal do domicilio do executado.
 No entanto, o exequente pode optar pelo tribunal do
lugar em que a obrigação deva ser cumprida quando o
executado seja pessoa coletiva ou quando, situando-se o
domicilio do executado Área Metropolitana de Lisboa ou
do Porto, o executado tenha o seu domicilio na mesma
área metropolitana (art. 89º, nº1).
 No que diz respeito ao “lugar do cumprimento da
obrigação”, aplica-se, na falta de estipulação das partes
ou disposição especial da lei, o regime previsto nos art.
772º e sgs CC, sendo certo que, estando em causa uma
obrigação da natureza pecuniária, a mesma deve ser
cumprida junto do domicilio do credor ao tempo do
cumprimento (art. 774º CC).
 No entanto, tratando-se da execução de uma letra, de
uma livrança ou de um cheque, o lugar do cumprimento
da obrigação é o que resulta das disposições substantivas
constantes, respetivamente da LULL e LUC.

B. Ação executiva para pagamento de quantia certa com garantia


real ou para entrega de coisa certa
 Se a ação tiver por finalidade o pagamento de quantia
certa, relativamente a divida que beneficie de garantia
real, ou a entrega de coisa certa, é territorialmente
competente para a execução, respetivamente, o tribunal
do lugar onde se encontre a coisa onerada em garantia
ou na coisa a ser entregue (art. 89º, nº2).

C. Competência em caso de cumulação de execuções fundadas em


títulos diferentes
 Como se referiu supra, o art. 89º, nº1, determina que é
competente para a execução o tribunal do domicilio do
executado, podendo, no entanto, o exequente optar pelo
tribunal do lugar do cumprimento da obrigação.
 Ora, um dos casos especiais de competência territorial a
que se alude no art. 89º, nº1, diz precisamente respeito à

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competência em caso de cumulação de execuções


fundadas em títulos diferentes, prevista no art. 709º.
 Assim, se o exequente cumular execuções fundadas em
títulos de formação judicial diferente de sentença, a ação
executiva deve ser intentada junto do tribunal do lugar
onde ocorreu o procedimento de valor mais elevado.
 Por outro lado, se o exequente cumular uma execução
fundada em titulo de formação judicial diferente de
sentença com execução fundada em titulo extrajudicial, é
competente para a execução o tribunal do lugar onde
ocorreu o procedimento em que se formou o titulo (art.
709º, nº3).
 Por ultimo, se exequente cumular execuções fundadas
exclusivamente em títulos executivos extrajudiciais e se
forem territorialmente competentes para essas
execuções diferentes tribunais, o exequente pode, à sua
escolha, intentar a execução em qualquer um desses
tribunais, salvo se a competência para alguma dessas
execuções depender de algum dos elementos de conexão
que permitam o conhecimento oficioso da incompetência
relativa (art. 104º, nº1, al. a)).

D. Competência convencional
 Dispõe o art. 95º, nº1, que as partes podem afastar, por
convenção expressa, a aplicação das regras de
competência em razão de território. Vele isto por dizer
que as partes podem eleger como tribunal competente
para a execução um foro diverso daquele que resulta das
normas de competência territorial.
 Contudo, nos termos dos arts. 95º, nº1 parte final e
104º, nº1, al. a), em matéria executiva, as partes não
podem celebrar pactos de competência dos quais resulte
o afastamento das regras de competência territorial nos
seguintes casos:
- Execução de decisão proferida por tribunais
portugueses (art. 85º, nº1);
- Execução de titulo extrajudicial, no caso previsto no art.
89º, nº1, 1ª parte;
- Execução para entrega de coisa certa ou para
pagamento de quantia certa, beneficiando a divida de
garantia real (art. 89º, nº2).
 Para que o pacto de competência seja valido, é
necessário que o mesmo satisfaça os requisitos de forma

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de contrato, fonte de obrigação, desde que seja reduzido


a escrito, devendo designar as questões a que se refere e
o critério de determinação do tribunal que fica sendo
competente (art. 95º, nº2).
 Em todo o caso, o pacto de competência só tem eficácia
em sede executiva se o mesmo constar do titulo
executivo que serve de fundamento à execução.

E. Extensão da competência
 Tal como sucede no processo declarativo, também no
processo executivo vigora o principio da extensão da
competência, segundo o qual o tribunal competente para
a ação é igualmente competente para conhecer dos
incidentes que nela se levantem e das questões que o reu
suscite como meio de defesa (art. 91º, nº1 e 551º, nº1).

F. Consequência da violação das regras da competência


 A violação das regras de competência internacional ou de
competência interna em razão de matéria, valor,
hierarquia ou território gera a incompetência do tribunal,
a qual pode ser absoluta (art. 96º a 100º) ou relativa (art.
102º a 108º).
 Assim se se verificar uma incompetência absoluta, por
violação das regras de competência internacional ou de
competência interna em razão da matéria e da hierarquia
(arts. 96º, al. a)), esta incompetência pode ser conhecida
oficiosamente pelo tribunal (art. 97º, nº1) e implica o
indeferimento liminar do requerimento executivo ou a
absolvição do executado da instancia (arts. 99º, nº1 e
726º, nº2, al. b)).
 Por sua vez, ocorrendo incompetência relativa, por
violação das regras de competência em razão do valor da
causa ou do território (art. 102º), tal determina a
remessa do processo executivo para o tribunal
competente (art. 105º, nº3), mantendo-se em funções o
agente de execução que tiver sido designado ou
nomeado nesse processo.

3. Legitimidade
Regra

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Diversamente do que sucede na ação declarativa, onde a legitimidade é


aferida em função do interesse direto em demandar ou em contradizer (art.
30º), na ação executiva, vigora o principio da legitimidade formal ou da
coincidência, segundo o qual a execução tem de ser promovida pela pessoa
que, no titulo executivo, figure como credor e contra a pessoa que, no titulo
executivo, tenha a posição de devedor (art. 53º, nº1). Vale isto por dizer
que, ressalvadas as exceções previstas na lei, o exequente e/ou executado
serão partes ilegítimas se não figurarem como credor e/ou devedor no titulo
executivo que serve de base à execução. O titulo executivo desempenha,
assim, uma função de legitimação processual.

Uma vez que a legitimidade processual em sede executiva é aferida em


função do titulo executivo, é irrelevante a efetiva titularidade do direito ou
da obrigação constantes desse titulo.

Sendo a ação executiva intentada por quem não figure no titulo executivo
como credor, o requerimento executivo deve ser indeferido liminarmente,
com fundamento em ilegitimidade ativa.

Por outro lado, no caso das pessoas coletivas, na eventualidade de ter


havido uma alteração da denominação social, comparativamente com
aquela que consta do titulo executivo, caberá aí exequente a alegação e
prova desse facto no próprio requerimento executivo, juntando documento
comprovativo da alteração da denominação social.

I. Exceções
 O principio da legitimidade formal comporta, no entanto, diversas
exceções.
 Com efeito, em obediência ao principio da economia processual, o
legislador optou, em determinados casos, por derrogar o principio da
legitimidade formal, isto é, permitir que a ação executiva seja intentada
por alguém e/ou contra alguém que não figure no titulo executivo,
evitando, desse modo, a necessidade de formação de um novo titulo
executivo subsequente sobrecarga da atividade dos tribunais (arts. 53º
e 54º).

II. Titulo ao portador


 Nos termos do art. 53º, nº2, estando em causa um titulo executivo ao
portador, isto é, sem que dele conste a identificação do respetivo titular,
sendo, por isso, o titulo transmissível mediante a simples entrega do
mesmo, a ação executiva deve ser movida pelo próprio portador do
titulo executivo.

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 Trata-se, com efeito, de uma obrigação de sujeito ativo indeterminado,


na aceção do art. 511º CC.

III. Sucessão no direito ou na obrigação


 Pode suceder que, por ato inter vivos ou mortis causa, o direito ou a
obrigação se transmita a um terceiro, no qual assumirá, consoante os
casos, a posição jurídica de credor ou de devedor. Com efeito, se tiver
havido uma sucessão no direito, isto é, no lado ativo (arts. 577º e 594º
CC), ou na obrigação, ou seja, no lado passivo (arts. 595º a 600º CC), a
execução deve correr entre os sucessores das pessoas que figuram no
titulo como credor ou como devedor da obrigação exequenda.
 No caso de sucessão mortis causa, se o herdeiro, uma vez citado, não
deduzir contestação, nem comprovar documentalmente o repudio da
herança, esta tem-se por aceite, devendo, por isso, o herdeiro ser
habilitado como sucessor do falecido executado. Outrossim, se algum
dos herdeiros não for demandado, deve ser arguida a exceção dilatória
de ilegitimidade, por preterição de litisconsórcio necessário passivo.
 Verificando-se uma sucessão inter vivos, uma vez, neste caso, a
habilitação é facultativa, o exequente conserva a sua legitimidade ativa,
mesmo que o cessionário não intervenha na execução.

IV. Execução por divida provida de garantia real


 Dispõe o art. 735º, nº1, questão sujeitos à execução todos os bens do
devedor, suscetíveis de penhora, que, nos termos da lei substantiva,
respondam pela divida exequenda. O mesmo é dizer que só podem ser
penhorados bens de quem figure na execução com a qualidade de
executado, independentemente de se tratar do devedor efetivo ou de
um terceiro.
 Assim, estando a divida provida de garantia real, o credor pode adotar
uma de três processuais distintas:

A. Demandar apenas o devedor


 Se o credor demandar apenas o devedor, não pode ser penhorado o bem do
terceiro sobre o qual foi constituída a garantia real. Isto porque, no processo
executivo, vigora o principio de que apenas podem ser penhorados os bens
do executado, independentemente da qualidade substantiva desse
executado (art. 735º, nº1).
 De todo o modo, ainda que tenha sido penhorado um bem onerado em
garantia, pertencente a um terceiro, sem que a execução tenha sido movida
contra ela, a jurisprudência tem vindo a admitir a possibilidade de o
exequente provocar, na pendencia da execução, a intervenção principal

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desse terceiro, por forma a assegurar que o bem onerado em garantia


responda pela divida exequenda.

B. Demandar apenas o terceiro, titular do bem onerado em garantia


 Como vimos, se um terceiro constituir uma garantia real sobre um bem de
que é proprietário, o credor só poderá penhorar esse bem se a ação
executiva for movida contra esse terceiro, sob pena de, não o fazendo
assistir ao terceiro o direito de deduzir embargos de terceiro contra a
penhora desse bem (art. 342º). Por conseguinte, se o exequente pretender
fazer valer a garantia, isto é, penhorar o bem sobre o qual foi constituída
uma garantia real a seu favor, deve intentar a ação executiva diretamente
contra o terceiro (Art. 54º, nº2).

C. Demandar o terceiro titular do bem onerado em garantia e o devedor


 Se o credito exequendo beneficiar de uma garantia real, o credor que
pretenda fazer valer essa garantia tem, necessariamente, de mover a ação
executiva contra o terceiro que seja titular do bem onerado (art. 54º, nº2).
 Contudo, para alem de demandar o terceiro, o exequente pode igualmente
intentar a ação executiva contra o devedor ou suscitar a sua intervenção
principal provocada na pendência da execução, para a eventualidade de o
produto da venda do bem onerado em garantia se revelar insuficiente para
garantir o pagamento da divida exequenda e das custas da execução (art.
54º, nº3).

V. Execução de bens na posse de terceiro


 Pertencendo os bens onerados ao devedor, mas estando os mesmos na
posse de um terceiro, o exequente pode optar por intentar uma ação
executiva apenas contra o devedor ou contra o devedor e o possuidor
dos bens (art. 54º, nº4), apesar de este não ser devedor do exequente.
 Mutatis mutandis, se o exequente pretender penhorar um bem de um
terceiro onerado em garantia, que se encontre, no entanto, na posse de
outrem, a ação executiva pode ser intentada, à escolha do credor,
apenas contra o terceiro titular do bem onerado em garantia, ou contra
este e o possuidor desse bem.

VI. Exequibilidade contra terceiros


 Regra geral, nos termos do art. 55º, a execução fundada em sentença
condenatória pode ser promovida não só contra o devedor, mas ainda
contra as pessoas em relação às quais a sentença tenha força de caso
julgado. Assim, ainda que um terceiro não tenha sido condenado, a ação

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executiva poderá ser promovida contra ele desde que se encontre


abrangido pelo efeito de caso julgado da sentença condenatória.
 Contudo, seguindo de perto Rui Pinto, não parece, que o regime em
analise possa ser aplicado a essas situações.
 É que, como bem assinala o citado autor, nos casos em que se verifique
p chamamento de alguém à ação, a titulo de intervenção principal
provocada, este perde a qualidade de “terceiro” apos a sua citação,
passando a ser parte.
 Por conseguinte, o interveniente passa a ficar abrangido pela regra geral
da legitimidade em sede executiva, prevista no art. 53º, nº1, e não pelo
regime excecional em analise, que apenas se aplica a terceiros em
relação aos quais a sentença tenha força de caso julgado.

VII. Legitimidade da MP como exequente


 À luz do art. 35º, nº3 RCP (Regulamento das Custas Processuais), o MP
tem legitimidade para promover a execução por custas em relação a
devedores que se encontrem domiciliados no estrangeiro, nos termos
das disposições de direito europeu aplicáveis, mediante a obtenção de
titulo executivo europeu.
 Para alem disso, o MP tem também legitimidade para promover a
execução nos casos previstos, com as devidas adaptações, nos arts. 21º
a 24º, isto é, quando represente o ausente ou o incapaz, incertos ou o
Estado.

Legitimidade Plural
Litisconsórcio
I. Litisconsórcio inicial
 Tal como na ação declarativa, também na ação executiva podem
verificar-se situações de legitimidade plural, ou seja, 2 ou mais
exequente e/ou executados.
 A legitimidade plural pode revestir a modalidade de litisconsórcio ou de
coligação.

a) Litisconsórcio voluntario
O regime de litisconsórcio mais comum na ação executiva é o voluntario,
situação em que a ação executiva pode ser proposta por vários credores, contra
vários devedores.

i. Obrigações conjuntas

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Através do contrato de mutuo celebrado por escritura pública, A


emprestou a B e C a quantia de 10,000,00 euros, ficando cada um deles
a restituir a A a quantia de 5,000,00, no prazo de trinta dias, o que não
se verificou. Nessa eventualidade, A poderá executar apenas B ou
apenas C ou, em alternativa, executar simultaneamente B e C. Verifica-
se, por isso, um litisconsórcio voluntario passivo entre B e C.

ii. Obrigações solidarias


Através do contrato de mutuo, celebrado por escritura pública, A
emprestou a B e C a quantia de 10,000,00, ficando acordado que
qualquer um deles teria que restituir a A a totalidade da quantia
mutuada, no prazo de trinta dias, o que acabou por não acontecer.
Nesse caso, A poderá intentar uma ação executiva apenas contra B,
apenas contra C ou, simultaneamente, contra os dois, pedindo em
qualquer um dos casos o pagamento da quantia total mutuada.

iii. Obrigações de beneficiam de garantia real ou pessoal


Beneficiando a obrigação de garantia real sobre bens de terceiro, o
exequente pode optar por demandar, em litisconsórcio voluntario, o
devedor e o terceiro titular do bem onerado em garantia, apenas o
devedor ou apenas o terceiro (art. 54º, nºs 2/3).

b) Litisconsórcio necessário
Na ação executiva, podem igualmente verificar-se situações de litisconsórcio
necessário, isto é, casos em que, por força da lei, por convenção entre as partes
ou pela própria natureza da relação jurídica, seja imposta a presença de todos
os interessados na ação.

Por outro lado, pode verificar-se a situação de litisconsórcio necessário dos


conjunges (art. 34º). É o caso, designadamente, da execução que tenha por
objeto o pagamento de uma divida contraída por ambos os cônjuges ou a
entrega de um bem de que só ambos possam dispor.

c) Litisconsórcio sucessivo
O CPC prevê diversos casos de litisconsórcio voluntario sucessivo na execução,
isto é, situações em que a execução começa por ter um único exequente e/ou
um único executado, verificando-se, na pendência da execução, a intervenção
principal de outros exequentes e/ou executados.

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II. Coligação
Âmbito
O art. 56º prevê a possibilidade de haver coligação de credores, coligação de
devedores e/ou coligação de credores e devedores. Com efeito, há lugar à
coligação na execução sempre que exista pluralidade de partes, ativas ou
passivas e, simultaneamente, pluralidade de prestações ou de “pedidos dos
diferenciados”.

Do ponto de vista ativo, a coligação de exequentes visa proporcionar-lhes “a


união de esforços entre todos no exercício da ação executiva, assegurar a
economia processual, evitando a corrida a execuções distintas pelos vários
credores e garantir a paridade de tratamento entre eles”.
Por sua vez, a coligação passiva procura tornar “viável a execução simultânea de
obrigações formalmente unitárias”, apresentando a vantagem de permitir uma
só oposição à execução, mas a desvantagem de “dificultar e complicar a curso
da ação executiva pela sua simultânea incidência em patrimónios distintos e
pertencentes a pessoas diversas”.

a) Requisitos
Para que seja admissível a coligação de exequentes e/ou executados torna-se,
desde logo, necessário que não se verifique nenhum dos impedimentos
previstos no art. 709º, nº1, relativamente à cumulação de execuções.

b) Modalidades
Estando preenchidos os requisitos cumulativos da coligação, é processualmente
permitido:
- A vários credores coligados demandar o mesmo devedor ou vários devedores
litisconsortes (coligação ativa);
-A um ou vários credores litisconsortes, ou a vários credores coligados,
demandar vários devedores coligados (coligação ativa e/ou passiva);
-A um ou vários credores litisconsortes, ou a vários credores coligados
demandar vários devedores coligados, titulares de quinhoes do mesmo
património autónomo ou de direitos relativos ao mesmo bem indiviso
(coligação ativa e passiva).

c) Coligação ilegal
Verificando-se uma coligação ilegal, o executado pode deduzir oposição à
execução, nos termos do art. 729º, al. c).
Contudo, este vicio processual pode ser sanado.

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4. Patrocínio Judiciário
Diversamente do que sucede na ação declarativa (arts. 40º a 52º), na ação
executiva vigoram normas especiais em relação ao patrocínio judiciário.
Assim, nos termos do art. 58º, nº1, as partes estão obrigadas a fazer-se
representar por um advogado:
- Nas execuções de valor superior à alçada do tribunal da Relação;
- Nas execuções cujo valor seja superior à alçada do tribunal de 1ª instância
e inferior à alçada do tribunal da Relação.

Por sua vez, nas execuções de valor superior à alçada do tribunal de 1ª


instância em que não haja lugar a um procedimento que siga os termos do
processo declarativo, as partes têm de se fazer representar por advogado,
advogado estagiário ou solicitador.
A contrario, nas execuções de valor igual ou inferior à alçada do tribunal de
1ª instância o patrocínio judiciário não é obrigatório.

Lição VI- Execução para Pagamento de Quantia Certa


1. Fase introdutória
Requerimento executivo

A. Requisitos
p.235

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