Invalidade dos Contratos Administrativos
Invalidade dos Contratos Administrativos
Invalidade dos Contratos Administrativos
EXTENSÃO DE MAPUTO
1. O tribunal competente........................................................................................................9
2. Nulidade e Anulação........................................................................................................10
2.2. A anulação.....................................................................................................................10
A TUTELA INTEGRATIVA..................................................................................................12
A tramitação processual...........................................................................................................13
Os efeitos da aprovação/ratificação......................................................................................14
Os recursos...........................................................................................................................14
A nulidade do contrato.........................................................................................................15
Referência bibliográfica...........................................................................................................17
2
I. Introdução
Nesse sentido, o cerne do nosso estudo específico será a tutela sobre os actos
administrativos e contratos celebrados pelos órgãos e serviços autárquicos, isso faz crer que a
fiscalização vai recair sobre a autonomia financeira, os orçamentos aprovados pelas autarquias
locais careceram de uma fiscalização obrigatória do poder central, o estado controlador dos actos
jurídicos perpetuado pelas autarquias como também dos contratos que são efectuadas por esses.
As autarquias nesse sentido encontram se numa posição de respeito as regras de direito.
3
1. Validade e invalidade dos contratos administrativos
A formação dos contratos administrativos, não difere fundamentalmente dos que não são
administrativos. Nesta matéria, "a distinção entre as duas categorias de contratos é por sí
própria sem consequência"1.
Como todos os contratos, o contrato administrativo é produto de uma troca de
consentimentos, do encontro de duas vontades. Neste aspecto, o contrato administrativo não tem
verdadeiras particularidades ou originalidades.
Mas a vontade administrativa exprime-se através de procedimentos específicos e, neste sentido,
não é tão autónoma como a de uma pessoa privada. Com efeito, a liberdade contratual que
permite as partes "de fixar livremente, o conteúdo dos contratos" (número 1 do Artigo 405.º do
Código Civil), é parcialmente afastada do regime jurídico dos contratos administrativos. Este
particularismo inscreve-se no âmbito mais geral dos princípios gerais do Direito Administrativo:
primazia do interesse geral e exigências do serviço público.
Assim, quando a Administração Pública contrata, ela não perde todas as suas
prerrogativas2. Isto não significa que todos princípios gerais que governam os contratos não são
aplicáveis em matéria de contratos administrativos; isto significa simplesmente que eles são
parcialmente aplicáveis.
Do ponto de vista metodológico, pode-se diferenciar dois métodos para estudar as regras
de formação dos contratos administrativos.
A validade dos contratos administrativos, estão sujeitas ao respeito aos princípios gerais a
observar, nomeadamente: principio da legalidade, razoabilidade, finalidade, proporcionalidade,
publicidade, boa fé, boa gestão financeira, celeridade, imparcialidade, e prossecução do interesse
publico, nos termos do decreto 15/2010, de 24 de Maio3.
a) Legalidade, consiste no dever dos órgãos da administração publica, tem de respeitar, no
âmbito da contratação publica, o bloco da legalidade. Isto é, só o órgão competente pode
abrir o procedimento contratual, e nos termos e limites traçados para a formação de cada
1
. De LAUBADÈRE, F. MODERNE, P. DELVOLVÉ, Traité des contrats administratifs, Tome 1, 2e Ed., Paris,
LGDJ 1983; Tome 2, 2e Ed., Paris, LGDJ 1984; L. RICHER, Droit des contrats administratifs, p. 113 e seguintes
2
M. ROUGEVIN-BAVILLE, R. DENOIX de SAINT MARC, D. LABETOULLE, p. 202.
3
MACIE, Alberto. Lições de direito administrativo, Vol III, Maputo Moçambique, p.p 263.
4
tipo contratual. Por fim, a lei tem preferência sobre qualquer outro procedimento
contratual que com ela conflitua;
b) Transparência, impõe a necessidade de publicação previa, da intenção de contratar da
administração, dos procedimentos contratuais, dos critérios da avaliação, e da escolha do
contraente privado, das condições gerais e especificas aplicáveis, bem como fundamentar
todas as decisões que forem tomadas no âmbito da contratação;
c) Igualdade, quer significar que os procedimentos contratuais, os critérios da avaliação e as
condições exigidas, para o acesso e de participação devem ser iguais para todos os
concorrentes. Não se admite aqui, qualquer tipo de discriminação entre os participantes;
d) A concorrência impõe, a obrigatoriedade de a administração publica, relativamente ao
processo contratual, manter o seu arquivo aberto, permitindo a consulta e acessos pelos
participantes de todos os procedimentos contratuais. Os requisitos mínimos exigidos
devem ser iguais para todos os concorrentes, o que facilitará a comparação das propostas
contratuais no momento da selecção. A proposta vencedora, deverá ser aquela que melhor
se apresenta e preenche os requisitos contratuais;
e) A imparcialidade, significa que os órgãos administrativos intervenientes na contratação
devem agir de forma isenta e equidistante, evitando prejudicar os interessados em
contrapartida de favoritismos para os outros. Portanto, as regras de conflitos de interesses
são aqui chamadas para evitar discriminações baseadas em critérios estranhos aos
exigidos pelo caderno de encargos. São aplicáveis as regras de garantias de
imparcialidade, nomeadamente, as escusas, suspeições e impedimentos;
f) A proporcionalidade indica no sentido de que a administração deve escolhes os
procedimentos contratuais mais adequados ao tipo contratual e ao interesse publico
concreto a prosseguir, devendo-se praticar ou realizar actos ou diligenciais estritamente
necessários para o fim desejado, ponderando-se entre os benefícios a alcançar pela
escolha de um procedimento em prejuízo do outro e os custos a realizar por essa escolha;
g) A estabilidade, impõe a necessidade de manter, desde a abertura do concurso até a
adjudicação, as regras contratuais publicadas que vão reger a contratação, sem prejuízo
de correção de erros materiais ou omissões, procedimentos que deve ser de conhecimento
de todo os concorrentes.
5
2. Invalidade do contrato administrativo
Segundo ALBANO MACIE4, as invalidades derivadas, são aquelas que resultam do vicio
dos procedimentos de formação dos contratos administrativos, note-se que a formação dos
contratos administrativos é substancialmente constituída por actos administrativos sobrepostos.
Dai a razão de no 1 do art. 182 da LPA, conformar que os contratos administrativos são nulos ou
anuláveis quando forem nulos ou anuláveis os actos administrativos determinantes da sua
celebração.
Olha-se por exemplo, o vício de forma que consiste na preterição das formalidades
essenciais ou na carência de forma legal. Todo o acto administrativo esta sujeito a algumas
formalidades: ele deve ser considerado, após um procedimento, em determinadas formas. O
princípio nesta matéria é simples: a omissão de uma forma obrigatória invalida acto. A omissão
de uma forma não obrigatória ou facultativa não tem efeito sobre a validade do acto 6.
E, o vicio de procedimento, determina que o acto será ilegal se não forem respeitadas
todas as formalidades prescritas por lei, quer em relação ao procedimento administrativo que
4
Macie, Albano, p.p 279.
5
Macie, Albano, p.p 279, APUD Amaral, Freitas do amaral, Diogo, curso de direito, ob cit, II, p. 611.
6
Para efeitos de falta de requisitos para a constituição do acto administrativo, que nestes termos carecem de um
desvalor jurídico que é a anulabilidade.
6
preparou o acto, quer relativamente a prática do acto em se mesma. A falta de consulta uma vez
exigida por lei dá para a validação do acto administrativo induz a anulação da decisão.
7
Macie, Albano, p.p 279, apud Figueiredo Dias, José Eduardo e Oliveira, Fernanda Paula, noções de direito
administrativo, ob cit, p.310.
8
Macie, Albano, p.p 279 e 280.
7
1. O tribunal competente
9
Lei 07/2015, de 6 de outubro, definição do contrato administrativo a luz da lei do contencioso administrativo.
10
F. BRANDÃO FERREIRA PINTO e G. FREDERICO DIAS PEREIRA DA FONSECA, Direito processual
administrativo contencioso, 2º Edição, Elcla Editora, 1992, p. 29.
11
RIVERO J., Direito Administrativo, Livraria Almedina, Coimbra, 1981, n.º 33 e seguintes;
8
Em princípio, o acesso o juiz do contrato é aberto unicamente as partes ao contrato
podem escolher outras modalidades de regulamento dos litígios.
2. Nulidade e Anulação
2.2. A anulação
O recurso de mera legalidade é aberto contra os actos distáveis: actos que conduz a
conclusão do contrato (deliberação autorizando a outorga do contrato. Neste caso, o recorrente
pode ser terceiro ao contrato).
Para exercitar a tutela administrativa de legalidade no que diz respeito aos contratos
celebrados pelos órgãos e serviços das autarquias locais os órgãos com poderes tutelares deverão
apreciar, por um lado, os elementos constitutivos da legalidade externa e, por outro, os
constitutivos da sua legalidade interna. Todavia, é preciso realçar que para permitir que a
entidade tutelar exerça plenamente o seu controlo, ela não deve limitar a sua actividade de
controlo apenas ao contrato em si próprio, mas o exame deve abranger também todos os
documentos necessários ao exercício deste controlo, isto é, a deliberação da Assembleia
12
Ibdem
13
CISTAC, Gilles. Manual de direito das autarquias locais, p. 412
9
Municipal ou de Povoação, se for o caso, assim como todos os documentos anexos necessários a
apreciação da legalidade do contrato objecto do controlo.
Para efectivar o controlo da legalidade externa dos contratos, a autoridade com poderes
tutelares examinara a competência do signatário do contrato e a regularidade do procedimento de
celebração ou de adjudicação do contrato. Assim, a título exemplificativo, nos termos das alíneas
m), n) e r), do número 2 do Artigo 62.º da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro, ao Presidente do
Conselho Municipal compete ainda: [... ] outorgar contratos necessários ao funcionamento dos
serviços; efectuar contratos de seguro [...] outorgar contratos necessários a execução das obras
referidas na alínea anterior14 .
14
Cfr. Art. 62.º/2 da lei 2/97, de 18 de fevereiro
10
3. A TUTELA INTEGRATIVA
A Lei n.º 7/97, de 31 de Maio, consagra a figura da tutela integrativa em relação a uma
determinada categoria de actos praticados pelas autarquias locais. O estudo desta espécie de
tutela administrativa impõe, em primeiro lugar, que nos interroguemos sobre próprio conceito,
antes de apresentar o seu regime jurídico15.
O Legislador moçambicano optou por uma tutela integrativa a posteriori. Assim, este tipo
de tutela integrativa obriga o órgão competente da autarquia local a submeter-se a uma aprovação
prévia da autoridade de tutela para que a sua deliberação ou seu acto tenha força executória. Com
efeito, o número 2 do Artigo 6.º da Lei n.º 7/97, de 31 de Maio, precisa que carecem de
ratificação do órgão tutelar os actos administrativos que tenham por objectivo a aprovação de um
determinado número de actos autárquicos taxativamente enumerados apesar de o mesmo
disposto precisar que esta categoria abrange os actos administrativos dos órgãos autárquicos
expressamente indicados na lei.
15
CISTAC p.p 429 e 430, noção de tutela administrativa e a usada em moçambique
16
AMARAL, Diego Freitas, Curso de Direito Administrativo, Vol. 1, p.p 703
11
O Artigo 6.º da Lei n.º 7/97, de 31 de Maio, que estabelece as bases: O principio de
identificação dos actos dos órgãos das autarquias locais que ficam dependentes da ratificação do
órgão da tutela administrativa
Trata-se principalmente dos actos dos órgãos autárquicos que tinham por objectivo:
12
fundamento em ilegalidade do acto sujeito a tutela ou na sua desconformidade com os planos
programas a que a autarquia esteja vinculada, nos termos da lei.
Do ponto de vista da técnica jurídica, a aprovação pelo órgão de tutela é uma condição
de eficácia do acto sujeito a aprovação como estabelece o número 1 do Artigo 6.º da Lei n.º 7/97,
de 31 de Maio e o artigo 16.º da Lei n.º 11/97, de 31 de Maio, a eficácia de certos actos
administrativos dos órgãos locais fica dependente da ratificação do órgão da tutela
administrativa. Os efeitos da aprovação retroagem a data da ratificação do acto sujeito a
ratificação.
3.4 Os recursos
13
Da ratificação tutela ou da sua recusa, cabe reclamação ou recurso contencioso com
fundamento em ilegalidade, nos termos gerais da lei. Assim, se a entidade tutelar exercer um
poder de tutela em termos que prejudiquem a autarquia local tutelada, esta tem o direito de
impugnar esses actos junto do Tribunal Administrativo.
O controlo da legalidade que pode se exercer sobre o contrato administrativo pode revestir duas
formas. Pode se exercer sobre o contrato ele próprio ou sobre um acto administrativo destacável
do contrato.
14
consubstanciar em validade dos contratos administrativos, vê-se ainda dos anúncios para
contratação publica, sendo uma das fases da feitura e validação do contrato administrativo,
visando a publicar e trazer ao conhecimento das pessoas interessadas as indicações para que se
saiba da intenção de contratar, fixa o prazo durante o qual serão aceites propostas e em cujo
decurso os interessados poderão examinar, no local e às horas designadas, o programa do
concurso, o caderno de encargos, quando o haja e não tenha sido publicado conjuntamente, e o
projecto, se for disso.
Entende-se também, que a tutela do Estado sobre autarquia local, corresponde igualmente
a um procedimento para validade dos contratos administrativos, que sejam celebrados por esses,
que na voz de Diego Freitas do Amaral, a tutela administrativa consiste no conjunto dos poderes
de intervenção de uma pessoa colectiva pública na gestão de outra pessoa colectiva, a fim de
assegurar a legalidade ou a mérito da sua actuação.
Conclui-se também que no âmbito da tutela integrativa que se destaca por duas facetas o
ordenamento jurídico moçambicanos nos termos da lei 7/97, de 31 de Maio, como demais
diplomas adopta a segunda faceta, que se refere logicamente a aprovação e ratificação como já
adverte vários autores como é efectuado ou onde é efectuado a tutela integrativa, dos autores
destacar o Gilles Cistac, Alfredo Chambule que compartilha da mesma ideia daquele no que
concerne onde recai a essa tutela.
15
1. AMARAL, Diego Freitas, Curso de Direito Administrativo, Vol. 1, Coimbra, Almedina,
2006;
2. CISTAC, Gilles. Manual de direito das autarquias locais, Maputo Moçambique, Livraria
universitária, 2001;
3. CAETANO M., Manual de Direito Administrativo, Tomo I, 10.ª Ed. Livraria Almedina,
Coimbra, 1997 e Tomo II (1994);
4. CHAMBULE, Alfredo, A organização administrativa de Moçambique, Maputo
Moçambique, O autor, 2000.C;
5. CHAPUS R., Droit administratif général, Paris, Montchrestien E.J.A., Tomo 1/7ª ed.
1993; ROUSSET M., Droit administratif, I — L'action administrative, Grenoble, PUG,
1994; DELVOLVÉ P., Le droit administratif, ed. Dalloz, Paris, 1994; EISENMANN C.,
Cours de droit administratif, Tomo 2, Les actes de l'Administration (1949-1950), Paris,
LGDJ 1983.
6. EHRHARDT R., Direito Administrativo, Coimbra 1978;
7. MACIE, Alberto. Lições de direito administrativo, Vol III, Maputo Moçambique;
8. RIVERO J., Direito Administrativo, Livraria Almedina, Coimbra, 1981.
Legislação
Lei n.º7/97, de 31 de Maio;
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