Organizacoes Exponenciais_ Porq - Salim Ismail
Organizacoes Exponenciais_ Porq - Salim Ismail
Organizacoes Exponenciais_ Porq - Salim Ismail
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
O momento Iridium
Produção em dobro
Organizações Exponenciais
Peter H. Diamandis
Fundador e Presidente, X Prize Foundation
INTRODUÇÃO
O momento Iridium
o final da década de 1980, no que foi geralmente elogiado como uma medida avançada para capturar a
N indústria emergente de telefonia móvel, a Motorola Inc. criou uma empresa chamada Iridium. A Motorola
percebeu – antes de todos – que, apesar de as soluções caras de telefonia móvel serem relativamente fáceis
de implementar em centros urbanos graças às suas altas densidades populacionais, não havia nenhuma
solução comparável para regiões afastadas dos grandes centros, muito menos nas áreas rurais. Um cálculo
convenceu a Motorola de que o custo das torres de telefonia celular – em torno de US$ 100 mil cada, sem
incluir os limites de utilização de espectro e as despesas consideráveis de produzir celulares do tamanho de
tijolos – seria muito alto para cobrir a maior parte do território.
No entanto, logo apareceu uma solução mais radical, mas também mais rentável: uma constelação de 77
satélites (Iridium é o número 77 na tabela periódica), em órbita terrestre baixa, que cobriria o globo e
prestaria serviços de telefonia móvel por um preço único – não importando o local. E a Motorola concluiu
que, se apenas um milhão de pessoas em vários países desenvolvidos pagassem US$ 3 mil por um telefone
via satélite, além de uma taxa de uso de US$ 5 por minuto, a rede de satélites rapidamente se tornaria
rentável.
É claro que agora sabemos que a Iridium fracassou de forma espetacular e que, no final, isso custou aos
seus investidores US$ 5 bilhões. Na verdade, o sistema de satélites estava condenado, antes mesmo de ser
colocado em prática, a ser uma das vítimas mais dramáticas da inovação tecnológica.
Existiram várias razões para o fracasso da Iridium. Enquanto a empresa estava lançando seus satélites, o
custo de instalação de torres de telefonia celular foi caindo, as velocidades de rede foram aumentando por
ordens de magnitude e aparelhos foram diminuindo de tamanho e preço. Para ser justo, a Iridium não estava
sozinha em seu erro de julgamento. As concorrentes Odyssey e Globalstar cometeram o mesmo erro
fundamental. Em última análise, os investidores perderam mais de US$ 10 bilhões em uma aposta equivocada
de que o ritmo da mudança tecnológica seria lento demais para acompanhar a demanda do mercado.
Uma das razões desse desastre, de acordo com Dan Colussy, que administrou a aquisição da Iridium, em
2000, foi a recusa da empresa de atualizar as premissas do negócio. “O plano de negócios da Iridium foi
fixado 12 anos antes de o sistema entrar em funcionamento”, lembra ele. Isso é muito tempo, o suficiente para
ser quase impossível prever onde a última palavra em comunicação digital estaria no momento em que o
sistema de satélites finalmente estivesse pronto. Nós, portanto, rotulamos isso como um momento Iridium –
utilizar ferramentas lineares e tendências do passado para prever um futuro em aceleração.
Outro momento Iridium é o caso bem-documentado da Eastman Kodak, que declarou falência em 2012,
após ter inventado, e depois rejeitado, a câmera digital. Por volta da mesma época em que a Kodak estava
fechando suas portas, a iniciante Instagram, há três anos no negócio e com apenas 13 colaboradores, foi
comprada pelo Facebook por US$ 1 bilhão. (Ironicamente, isso aconteceu enquanto a Kodak ainda possuía as
patentes da fotografia digital).
O passo em falso da Iridium e a mudança monumental da Kodak para o Instagram não foram eventos
isolados. A concorrência de muitas das empresas americanas da Fortune 500 não está mais vindo da China e
da Índia. Como Peter Diamandis observou, hoje está vindo, cada vez mais, de dois rapazes em uma garagem
com uma startup, alavancando tecnologias em crescimento exponencial. O YouTube passou de uma startup,
financiada pelos cartões de crédito pessoais de Chad Hurley, para uma empresa comprada pelo Google por
US$ 1,4 bilhões, tudo isso em menos de 18 meses. A Groupon saltou, em menos de dois anos de sua
concepção, para o valor de US$ 6 bilhões. A Uber está avaliada em quase US$ 17 bilhões, dez vezes o valor
de apenas dois anos atrás. O que estamos presenciando é uma nova geração de organização que está
expandindo e gerando valor a um ritmo nunca antes visto no mundo dos negócios. O gráfico abaixo mostra o
metabolismo acelerado da economia.
Bem-vindo ao novo mundo da Organização Exponencial, ou ExO. É um lugar onde, como a Kodak, nem a
idade, nem o tamanho, nem a reputação, nem mesmo as vendas atuais garantem que você estará vivo amanhã.
Por outro lado, é também um lugar onde, se você conseguir criar uma organização suficientemente escalável,
veloz e inteligente, você pode desfrutar do sucesso – sucesso exponencial – em um nível nunca antes
possível. E tudo isso com um mínimo de tempo e recursos.
Entramos na era das startups de bilhões de dólares e, em breve, das corporações de trilhões de dólares,
onde as melhores empresas e instituições estarão se movendo praticamente na velocidade da luz. Se você
ainda não fez a transição para a Organização Exponencial, não só vai parecer que sua concorrência está
avançando para longe de você, mas também, como a Kodak, que você está sendo deixado para trás, no
esquecimento, a uma velocidade vertiginosa.
Em 2011, a Babson’s Olin Graduate School of Business previu que, em dez anos, 40% das empresas da
Fortune 500 existentes não mais sobreviveriam. Richard Foster, da Universidade de Yale, estima que a vida
média de uma empresa da S&P 500 caiu de 67 anos, em 1920, para 15 anos. E que a expectativa de vida
ficará ainda menor nos próximos anos, já que essas corporações gigantes não são apenas obrigadas a
competir, mas são aniquiladas – aparentemente da noite para o dia – por uma nova geração de empresas que
utiliza o poder das tecnologias exponenciais, abrangendo desde groupware (software colaborativo) e
mineração de dados até biologia sintética e robótica. E, conforme os presságios do Google, os fundadores
dessas novas empresas se tornarão os líderes da economia mundial em um futuro próximo.
Produção em dobro
a maior parte da história escrita, a produtividade de uma comunidade era uma função da sua capacidade
N humana: homens e mulheres a caçar, coletar e construir e as crianças a ajudar. Ao dobrar o número de
mãos que colhiam a safra ou traziam a carne da caça, a comunidade dobrava sua produção.
Com o tempo, a humanidade domesticou animais de carga, como o cavalo e o boi, e a produção aumentou
ainda mais. Mas a equação ainda era linear. Se dobrasse o número de animais, a produção dobrava.
Quando o capitalismo de Mercado passou a existir, e com o nascimento da era industrial, a produção deu
um salto enorme. Assim, um único indivíduo poderia operar máquinas que faziam o trabalho de dez cavalos
ou 100 colaboradores. A velocidade do transporte e, portanto, da distribuição dobrou, e então, pela primeira
vez na história humana, a produção triplicou.
O aumento da produção trouxe prosperidade a muitos e, em muitos aspectos, um salto no padrão de vida.
A partir do final do século 18 até o presente – e em grande parte como o resultado do cruzamento da
Revolução Industrial e do moderno laboratório de pesquisa científica – a humanidade vem presenciando uma
duplicação da expectativa de vida e uma triplicação do patrimônio líquido per capita ajustado à inflação em
todas as nações da Terra.
Durante essa fase mais recente da produtividade humana, o fator limitante para o crescimento deslocou-se
do número de indivíduos (humanos ou animais) para o número de máquinas e a despesa de capital
empregada. Dobrar o número de fábricas significa dobrar a produção. As empresas cresceram ainda mais e
agora abrangem o mundo inteiro. O tamanho permitiu um maior alcance global, o potencial para dominar o
setor e, eventualmente, o sucesso extremamente lucrativo e duradouro.
Mas esse crescimento leva tempo, e geralmente exige um enorme investimento de capital. Nada disso é
barato, e a complexidade dos esforços de contratação em grande escala e as dificuldades para projetar,
construir e fornecer novos equipamentos significam que os prazos de implementação ainda são medidos em
mais de meia década. Muitas vezes, os CEOs e os conselhos de administração acabaram (como fez a Iridium)
“apostando a empresa” em uma nova direção, exigindo um enorme investimento de capital, medido em
centenas de milhões ou bilhões de dólares. As empresas farmacêuticas, aeroespaciais, de automóveis e de
energia frequentemente fazem investimentos cujos retornos não são vistos por muitos anos.
Embora seja um sistema viável, está longe de ser ideal. Muito dinheiro e talentos valiosos são empatados
em projetos que duram uma década e cuja probabilidade de sucesso só pode ser medida na iminência de seu
fracasso. Tudo isso é somado a um enorme desperdício, especialmente em termos de potencial perdido para
perseguir outras ideias e oportunidades que poderiam beneficiar a humanidade.
Essa não é uma situação defensável nem aceitável, especialmente quando os desafios enfrentados pela
humanidade no século 21 consumirão toda a imaginação e inovação que pudermos reunir.
Deve haver uma maneira melhor de nos organizar. Nós aprendemos como expandir a tecnologia; agora é
hora de aprendermos a expandir as organizações. Essa nova era exige uma solução diferente para a
construção de novos negócios, para melhorar o nível de sucesso e para a resolução dos desafios que
encontraremos pela frente.
A solução é a Organização Exponencial.
Organizações Exponenciais
• O padrão de duplicação identificado por Gordon Moore em circuitos integrados se aplica a qualquer
tecnologia da informação. Kurzweil chama isso de Lei dos Retornos Acelerados (LOAR) e mostra que
os padrões de duplicação na computação podem ser observados desde 1900, muito antes da
proposição original de Moore;
• O propulsor que impulsiona esse fenômeno é a informação. Uma vez que todo domínio, disciplina,
tecnologia ou setor é habilitado para informação e alimentado por fluxos de informação, sua relação
preço/desempenho começa a dobrar aproximadamente a cada ano;
• Uma vez que o padrão de duplicação é iniciado, ele não para. Usamos computadores atuais para
projetar computadores mais rápidos, que por sua vez constroem computadores ainda mais rápidos, e
assim por diante;
• Atualmente, várias tecnologias-chave são habilitadas para informação e seguem a mesma trajetória.
Essas tecnologias incluem a inteligência artificial (IA), robótica, biotecnologia e bioinformática,
medicina, neurociência, ciência de dados, impressão 3D, nanotecnologia e até mesmo certos aspectos
da energia.
Nunca na história da humanidade vimos tantas tecnologias avançando nesse ritmo. E agora que estamos
habilitando tudo para informação, os efeitos da Lei dos Retornos Acelerados de Kurzweil certamente serão
profundos.
Além disso, à medida que essas tecnologias se entrelaçam (por exemplo, o uso de algoritmos de IA de
aprendizado profundo para analisar exames de câncer), o ritmo da inovação acelera ainda mais. E cada
intersecção de tecnologia acrescenta mais um multiplicador para a equação.
Arquimedes disse uma vez: “Dê-me uma alavanca longa o suficiente, e eu moverei o mundo”. Em suma, a
humanidade nunca teve uma alavanca maior.
A Lei dos Retornos Acelerados de Kurzweil e a Lei de Moore há muito tempo deixaram de se limitar aos
semicondutores e transformaram profundamente a sociedade humana ao longo dos últimos 50 anos. Agora, as
Organizações Exponenciais, a mais recente encarnação da aceleração na cultura e empreendimento humanos,
estão reformulando o comércio e outros aspectos da vida moderna em um ritmo abrasador que rapidamente
deixará o velho mundo das “organizações lineares” muito para trás. As empresas que não embarcarem em
breve estarão nas cinzas da história, juntando-se à Iridium, Kodak, Polaroid, Philco, Blockbuster, Nokia e
uma série de grandes corporações, outrora dominantes em seus respectivos setores, mas incapazes de
adaptar-se às rápidas mudanças tecnológicas.
Nas páginas seguintes, delinearemos os principais atributos internos e externos de uma Organização
Exponencial, incluindo sua concepção (ou falta dela), linhas de comunicação, protocolo de tomada de
decisão, infraestrutura da informação, gerenciamento, filosofia e ciclo de vida. Vamos analisar como uma
ExO difere em termos de estratégia, estrutura, cultura, processos, operações, sistemas, pessoas e indicadores-
chave de desempenho. Também vamos discutir a importância crucial de uma sociedade possuir o que
chamamos de Propósito Transformador Massivo (um termo que será definido em profundidade). Depois,
analisaremos a forma de lançar uma startup ExO, como adotar as práticas ExO em empresas de média
capitalização e como readaptá-las para as grandes organizações.
Nosso objetivo não é transformar este livro em um conjunto de teorias, mas apresentar ao leitor um guia
prático sobre a criação e manutenção de uma Organização Exponencial. Oferecemos uma visão prática e
prescritiva de como organizar uma empresa capaz de competir em face ao ritmo acelerado das mudanças de
hoje.
Embora muitas das ideias apresentadas possam parecer radicalmente novas, elas já existem, furtivamente,
há uma década ou mais. Nós identificamos pela primeira vez o paradigma ExO em 2009, e percebemos, ao
longo de um período de dois anos, que várias novas organizações estavam seguindo um modelo específico.
Em 2011, o futurista Paul Saffo sugeriu a Salim que ele escrevesse este livro, e estivemos pesquisando
seriamente o modelo de ExO nos últimos três anos. Para tanto, nós:
• Avaliamos 60 livros clássicos de gestão da inovação de autores como John Hagel, Clayton
Christensen, Eric Ries, Gary Hamel, Jim Collins, W. Chan Kim, Reid Hoffman e Michael Cusumano;
• Entrevistamos executivos de nível C de dezenas de empresas da Fortune 200 utilizando nossa pesquisa
e sistemas de referência;
• Entrevistamos ou pesquisamos os 90 principais empreendedores e visionários, incluindo Marc
Andreessen, Steve Forbes, Chris Anderson, Michael Milken, Paul Saffo, Philip Rosedale, Arianna
Huffington, Tim O’Reilly e Steve Jurvetson;
• Investigamos as características das 100 startups mais bem-sucedidas e que mais crescem em todo o
mundo, incluindo aquelas que compreendem o Clube do Unicórnio (o nome dado por Aileen Lee ao
grupo de startups com valor de mercado estimado em bilhões de dólares), para trazer à tona os
aspectos comuns às empresas acostumadas a expandir;
• Avaliamos apresentações e colhemos informações importantes dos principais membros do corpo
docente da Singularity University sobre a aceleração que eles estão presenciando em suas áreas de
atuação e como essa aceleração pode afetar a estrutura organizacional.
Nós não alegamos ter todas as respostas. Mas, com base em nossas próprias experiências, boas e ruins,
acreditamos que podemos oferecer às equipes de gestão uma visão crítica sobre essa era de inovação e
competição hiperaceleradas, bem como as novas oportunidades (e responsabilidades) apresentadas por esse
novo mundo. Se não for possível garantir o sucesso, pelo menos podemos colocá-lo na melhor posição do
campo e mostrar as novas regras do jogo. Essas duas vantagens, somadas à sua própria iniciativa, oferecem
boas chances de se tornar um vencedor no novo mundo das Organizações Exponenciais.
PARTE 1
momento Iridium original causou enorme embaraço para a indústria de satélites, mas você pode se
O surpreender ao saber que houve muitos momentos Iridium semelhantes, porém menos divulgados, no
setor de telefonia móvel.
Por exemplo, como os telefones móveis no início da década de 1980 eram volumosos e geravam altas
tarifas de utilização, a renomada empresa de consultoria McKinsey & Company aconselhou a AT&T a não
entrar no negócio de telefonia móvel, prevendo que haveria menos de um milhão de telefones celulares em
uso em 2000. Na verdade, em 2000, havia 100 milhões de telefones celulares. McKinsey não só errou 99%
em sua previsão, como a recomendação também resultou na perda por parte da AT&T de em sua previsão das
maiores oportunidades de negócios dos tempos modernos.
Em 2009, mais uma grande empresa de pesquisa de mercado, a Gartner Group, previu que até 2012 o
Symbian seria o principal sistema operacional para dispositivos móveis, com uma participação de mercado
de 39% e 203 milhões de unidades vendidas – uma posição de liderança que, segundo a previsão da Gartner,
a empresa manteria até 2014.
A Gartner também previu no mesmo relatório que o Android teria uma participação de mercado de apenas
14,5%.
O que realmente aconteceu? A Symbian fechou suas portas no final de 2012, após entregar apenas 2,2
milhões de unidades no quarto trimestre. O Android, por sua vez, superou até mesmo o iPhone OS da Apple e
hoje domina o mundo da telefonia móvel, com mais de um bilhão de sistemas operacionais Android entregues
somente em 2014.
O capitalista de risco Vinod Khosla conduziu uma pesquisa esclarecedora em que revisou previsões feitas
por analistas do setor de telefonia móvel de 2000 a 2010. Ele estudou as principais empresas de pesquisa,
como a Gartner, Forrester, McKinsey e Jupiter, para compreender como elas previram o crescimento da
indústria de telefonia móvel em incrementos de dois anos ao longo da década.
A pesquisa de Khosla mostrou que, em 2002, os especialistas previram uma média de 16% de
crescimento em dois anos. Na verdade, em 2004, o setor presenciou um crescimento de 100%. Em 2004, suas
previsões conjuntas indicavam um aumento de 14%; em 2006, o crescimento havia mais uma vez alcançado
100%. Em 2006, os analistas estimaram que as vendas aumentariam apenas 12% – e elas novamente
dobraram. Apesar dos três erros anteriores, em 2008 esses mesmos especialistas previram um crescimento de
míseros 10%, só para ver o número dobrar novamente – outro salto de 100%. É difícil imaginar como alguém
conseguiria estar dez vezes errado. E esses eram os especialistas do setor de telefonia móvel sobre os quais
as empresas e governos de todo o mundo basearam seu planejamento estratégico de longo prazo. Nesse caso,
o termo “errou feio” parece bem-apropriado.
O que torna esse erro valioso para nossos propósitos é que, em cada ponto de crescimento exponencial
dos telefones celulares durante a última década, os melhores pesquisadores do mundo previram uma mudança
em grande parte linear. Mais uma vez, gostaríamos de rotular isso como raciocínio Iridium.
A pesquisa de Khosla revelou-se particularmente convincente e valiosa ao mostrar que esses erros de
previsão não eram exclusivos da telefonia móvel, mas também da indústria petrolífera e de uma série de
outros setores. Parecia que, diante do crescimento exponencial, os especialistas em quase todos os campos
sempre projetavam de forma linear, apesar da evidência diante de seus olhos.
Brough Turner, um empresário de renome em VOIP e telefonia móvel, vem criando empresas no setor
desde 1990. Tendo acompanhado de perto as previsões do setor desde o início da década de 1990, ele
concorda com a análise de Khosla. Em uma recente entrevista para Salim, Turner observou que, embora as
projeções iniciais fossem sempre agressivas, os especialistas inevitavelmente esperavam uma redução
gradual após os primeiros 18 a 24 meses. No entanto, disse ele, as mesmas taxas de crescimento se
mantiveram durante 20 anos. David Frigstad, CEO da empresa de pesquisas Frost & Sullivan, explica pelo
menos parte do problema da seguinte maneira: “Prever uma tecnologia quando seu crescimento está dobrando
é inerentemente complicado. Se você perder uma única etapa, você está errado em 50%!”.
Um exemplo final deve esclarecer a questão. Em 1990, o Projeto Genoma Humano foi lançado com o
objetivo de sequenciar completamente um único genoma humano. As estimativas previam que o projeto
levaria 15 anos e custaria cerca de US$ 6 bilhões. Em 1997, no entanto, na metade do prazo estimado, apenas
1% do genoma humano havia sido sequenciado. Todos os especialistas condenaram o projeto como um
fracasso: como foram necessários sete anos para realizar apenas 1% de sequenciamento, seria preciso 700
anos para concluí-lo. Craig Venter, um dos principais pesquisadores, recebeu telefonemas de amigos e
colegas implorando que ele cancelasse o projeto para não se envergonhar ainda mais. “Salve sua carreira”,
eles lhe disseram. “Devolva o dinheiro.”
No entanto, ao ser questionado sobre suas perspectivas, a opinião de Ray Kurzweil sobre o “desastre
iminente” foi bem diferente. “Um%”, disse ele. “Isso significa que já percorremos metade do caminho.” O
que Kurzweil percebeu, ao contrário de todos, foi que a quantidade sequenciada estava dobrando a cada ano.
Um % duplicado sete vezes é 100%. A matemática de Kurzweil estava correta e, de fato, o projeto foi
concluído em 2001, antes do prazo e dentro do orçamento. Os chamados especialistas erraram na previsão
por 696 anos.
O que está acontecendo aqui? Como é possível que analistas, empresários e investidores inteligentes e
bem-informados errem de forma tão consistente? E não estavam só um pouco errados, mas 99% errados?
Se tais previsões fossem só um pouco incorretas, seria fácil justificar que foram baseadas em dados ruins,
ou mesmo simples incompetência. No entanto, erros tão grandes são quase sempre devidos a uma
interpretação completamente incorreta das regras que definem a natureza do mercado. Eles ocorrem quando
se confia em um paradigma que funciona perfeitamente até o momento em que deixa de funcionar e que, de
repente, muitas vezes sem explicação, torna-se obsoleto.
Mas qual é esse novo paradigma que está assumindo um papel central na economia moderna e que definirá
a forma como vivemos e trabalhamos?
A resposta se encontra nos casos citados na introdução deste livro. Considere, por exemplo, a história da
Eastman Kodak. Seu fracasso foi simplesmente um caso de uma grande empresa que havia se tornado
complacente e perdeu sua vantagem em termos de inovação, como foi sugerido pela mídia na época? Ou
havia algo maior acontecendo?
Lembre-se dos dias da fotografia em filme, se você tiver idade suficiente para tanto. Cada fotografia
custava uma quantidade incremental de dinheiro: o custo do filme, o custo da remessa ou entrega do filme, o
custo de processamento desse filme – no final, tudo isso resultava em cerca de um dólar por fotografia. A
fotografia era baseada em um modelo de escassez e conservávamos e gerenciávamos cuidadosamente nossas
fotos e rolos de filme para garantir que não houvesse desperdício de fotos.
Com a mudança para a fotografia digital, algo importante – na verdade, algo revolucionário – aconteceu.
O custo marginal de tirar uma foto adicional não apenas diminuiu, como ocorreria com um desenvolvimento
linear da tecnologia, mas essencialmente caiu para zero. Não importa se você tirou cinco fotos ou quinhentas.
O custo é o mesmo. No fim, até mesmo o armazenamento das fotos se tornou gratuito.
E esse não foi o único salto tecnológico. Uma vez digitais, você poderia aplicar a computação às
fotografias, na forma de reconhecimento de imagens, inteligência artificial, tecnologias sociais, filtragem,
edição e aprendizado de máquina. Qualquer pessoa com um mínimo de treinamento poderia se tornar um
“gênio da câmara escura”, como Edward Weston ou Ansel Adams. Também se tornou possível manipular,
mover e copiar uma fotografia digital de modo infinitamente mais rápido e fácil do que uma fotografia física.
E, dessa forma, você acabou se tornando um editor, e até um serviço de impressão e agência de notícias. E
todas essas coisas poderiam ser feitas com uma câmera que tinha uma fração do custo e do tamanho das
versões analógicas tradicionais por ela substituídas.
Em outras palavras, o que aconteceu no mundo da fotografia não foi apenas um grande avanço. Nem
mesmo apenas um grande salto evolutivo. A Eastman Kodak teria conseguido se manter competitiva se isso
fosse o único desafio. Mas a Kodak (e a Polaroid, entre outras gigantes do setor) foi atingida por uma
mudança tecnológica revolucionária que surgiu de várias direções: câmeras, filmes, processamento,
distribuição, varejo, marketing, embalagem, armazenamento e, de forma decisiva, uma mudança radical na
percepção do mercado.
Essa é a definição típica de uma mudança de paradigma. Há uma lição importante e fundamental ilustrada
em cada um desses casos: um ambiente baseado em informações proporciona oportunidades
fundamentalmente disruptivas.
Existem milhares de disrupções semelhantes ocorrendo em toda a economia global. Uma mudança
profunda está acontecendo de um substrato físico para um substrato de informação. Ou seja, no coração de
cada uma dessas disrupções – esses saltos evolutivos – pode ser encontrada uma mudança fundamental no
papel da informação: chips semicondutores assumindo o papel da captura de imagem, exibição,
armazenamento e controle; a internet transformando o fornecimento, distribuição e canais de varejo; e redes
sociais e groupware reorganizando as instituições. Tudo isso indica que estamos mudando para um
paradigma baseado em informação.
Em seu livro The Singularity is Near: When Humans Transcend Biology, Kurzweil identificou uma
propriedade muito importante e fundamental da tecnologia: quando você muda para um ambiente baseado em
informação, o ritmo de desenvolvimento entra em uma trajetória de crescimento exponencial e a relação
preço/desempenho dobra a cada um ou dois anos.
Como todos no setor de tecnologia sabem, esse ritmo de mudança foi descoberto e descrito em 1964 pelo
cofundador da Intel Corporation, Gordon Moore. Sua descoberta, imortalizada como a Lei de Moore,
testemunhou a duplicação do preço/desempenho da computação continuar ininterruptamente por meio século.
Como foi observado na introdução, Kurzweil expandiu ainda mais a Lei de Moore, notando que cada
paradigma baseado em informação opera da mesma maneira, algo que chamou de Lei dos Retornos
Acelerados (LOAR).
Há um crescente reconhecimento de que o ritmo de mudança visto na computação está ocorrendo em
outras tecnologias e com o mesmo efeito. Por exemplo, o primeiro genoma humano foi sequenciado em 2000
a um custo de US$ 2,7 bilhões. Devido às acelerações subjacentes na computação, sensores e novas técnicas
de medição, o custo do sequenciamento do DNA diminuiu em um ritmo cinco vezes maior que o da Lei de
Moore. Em 2011, o Dr. Moore teve seu próprio genoma sequenciado por US$ 100 mil. Hoje, esse mesmo
sequenciamento custa cerca de US$ 1 mil, um valor que deve chegar a US$ 100 em 2015 e apenas um centavo
em 2020, quando, nas palavras de Raymond McCauley, “Em breve o sequenciamento de genoma será mais
barato… que uma descarga de vaso sanitário”.
Vimos um movimento semelhante na área da robótica. Esses helicópteros de brinquedo de US$ 20 com
que todas as crianças estão brincando? Há cinco anos eles custavam US$ 700. Há oito anos, nem sequer
existiam. Como o ex-astronauta Dan Barry disse sobre um helicóptero de brinquedo disponível na Amazon
por US$ 17, “Ele possui um giroscópio, cuja construção os engenheiros do ônibus espacial teriam gasto US$
100 milhões, 30 anos atrás”.
E isso é apenas na biotecnologia e na robótica. Também estamos vendo os custos despencarem em uma
série de outras tecnologias, incluindo as seguintes:
Em cada um desses domínios, pelo menos um aspecto está sendo habilitado para informação, o que faz
com que essas tecnologias sejam lançadas no trem-bala da Lei de Moore, em que o ritmo de desenvolvimento
acelera em um padrão de duplicação.
O mundo físico ainda existe, é claro, mas nossa relação com ele está mudando fundamentalmente. Observe
que, para muitos de nós, as memórias não estão mais em nossas cabeças: estão enterradas em nossos
smartphones. Por meio das redes sociais, nossos relacionamentos estão cada vez mais digitais, não
analógicos, e nossa comunicação é quase totalmente digital. Estamos mudando rapidamente o filtro por meio
do qual lidamos com o mundo a partir de uma perspectiva física com base material para uma perspectiva
baseada na informação e no conhecimento.
E isso é apenas o começo. Dez anos atrás, havia 500 milhões de dispositivos conectados à internet. Hoje,
existem cerca de oito bilhões. Em 2020, haverá 50 bilhões e, uma década depois, teremos um trilhão de
dispositivos conectados à internet à medida que, literalmente, todos os aspectos do mundo estiverem
habilitados para informação com a internet das coisas (Internet of Things). A internet é hoje o sistema
nervoso do mundo, com nossos dispositivos móveis servindo como nós (nodes) e pontos de acesso na rede.
Pense nisso por um segundo: nós estaremos saltando de oito bilhões de dispositivos conectados à internet
hoje para 50 bilhões até 2025, e para um trilhão apenas uma década mais tarde. Nós tendemos a achar que,
como já se passaram 30 ou 40 anos da Revolução da Informação, estamos bem adiantados em termos de seu
desenvolvimento. Mas, de acordo com esse cálculo, nós percorremos apenas 1% do caminho. Na prática,
todo esse crescimento ainda está à nossa frente.
E tudo está sendo desestabilizado nesse processo.
A magnitude dessa disrupção, especialmente no aspecto do consumidor, está se tornando óbvia somente
agora. Isso começou com certos produtos e setores, tais como livros (Amazon) e viagens (Booking.com). Em
seguida, os sites de anúncios classificados (Craigslist) e de leilão (eBay) dizimaram a indústria jornalística,
que foi ainda mais desestabilizada nos últimos anos pelo Twitter, Huffington Post, Vice e Medium. Mais
recentemente, indústrias inteiras foram desestabilizadas. A indústria musical, por exemplo, foi
desestabilizada inicialmente graças ao iTunes da Apple.
Agora, em 2014, é difícil identificar uma indústria que nem sequer foi fundamentalmente desestabilizada.
E não apenas as empresas, mas também os empregos. Como disse David Rose, um investidor-anjo e fundador
da Gust: “Todas as funções que podemos identificar estão sendo fundamentalmente transformadas”. Mesmo os
“velhos” setores, como o de construção civil, estão se debatendo em meio à disrupção. Mike Halsall, um
executivo de uma empresa de construção civil, relatou que as disrupções mais significativas em seu setor
incluem:
• O aumento da colaboração (transformando uma indústria opaca em uma indústria mais transparente e
substancialmente mais eficiente);
• Software de design e visualização cada vez mais sofisticados;
• Impressão 3D.
Halsall estima que a soma dessas disrupções pode reduzir os empregos na construção civil em mais de
25% em dez anos. (A propósito, o setor da construção civil representa uma indústria de US$ 4,7 trilhões por
ano.) Na indústria de viagens corporativas, Russ Howell, vice-presidente executivo da Global Technology na
BCD Travel, observa que 50% das transações realizadas por meio de centrais de atendimento operadas por
telefone passaram para a internet em menos de uma década. Além disso, ele espera que 50% dessas
transações passem para smartphones dentro de três anos.
Como esse novo paradigma baseado em informação faz com que o metabolismo do mundo se aqueça,
estamos sentindo cada vez mais seu impacto macroeconômico. Por exemplo, atualmente, as impressoras 3D
mais baratas custam apenas US$ 100. Isso significa que, dentro de mais ou menos cinco anos, a maioria das
pessoas terá condições de comprar impressoras 3D para fabricar brinquedos, talheres, ferramentas e
acessórios – essencialmente, tudo que pudermos imaginar. As implicações dessa “revolução da impressão”
são quase inimagináveis.
Podemos dizer o mesmo sobre as potenciais repercussões. Considere que, com todos os avanços durante
as últimas décadas, a economia chinesa ainda é baseada fundamentalmente na fabricação e na montagem de
peças de plástico baratas. Isso significa que, dentro de uma década, a economia chinesa poderá estar
seriamente ameaçada pela tecnologia de impressão 3D. E esse é apenas um setor. (Em seguida, considere o
efeito cascata se uma China economicamente abalada decidir exigir o pagamento de sua dívida no exterior.)
Historicamente, os avanços disruptivos sempre ocorrem quando campos díspares se cruzam. Considere,
por exemplo, como a combinação do moinho de água com o tear ajudou a lançar a Revolução Industrial.
Hoje, estamos essencialmente interligando todos os novos campos inovadores. E não apenas os novos
campos: colisões semelhantes também estão ocorrendo em disciplinas antigas, como a arte e a biologia ou a
química e a economia. Não é de admirar que Larry Keeley, fundador da Doblin Group, uma respeitada
empresa de consultoria de estratégia de inovação, tenha dito, “Eu nunca vi, em 32 anos, algo parecido com o
ritmo das mudanças que estamos vendo hoje”.
Mesmo as indústrias que antes eram consideradas imunes à tecnologia estão sendo afetadas pelo impacto
da informação de segunda ordem. Por exemplo, em janeiro de 2013, Santiago Bilinkis, um empresário de
renome na Argentina, notou que os lava-rápidos de em Buenos Aires viram sua receita cair 50% em relação à
década anterior. Considerando o crescimento da classe média na Argentina, o aumento constante nas vendas
de carros de luxo e uma população que tem orgulho de exibir carros limpos, a queda na receita não fazia
sentido. Bilinkis passou três meses pesquisando a situação, verificando se havia mais concorrentes no
mercado (não havia) ou se tinham sido introduzidas novas leis de conservação de água (não foram). Depois
de eliminar todas as possibilidades, ele encontrou a resposta: graças ao aumento de dados e ao poder de
computação, as previsões dos meteorologistas ficaram 50% mais precisas durante esse período. Quando
sabem que vai chover, os motoristas deixam de lavar o carro, o que resulta em um número menor de visitas.
Assim, o desenvolvimento computacional na previsão do tempo causou um impacto em um setor
aparentemente imune aos avanços tecnológicos, como os lava-rápidos de Buenos Aires.
Para compreender plenamente a aceleração extrema que estamos presenciando, lembre-se dos US$ 10
bilhões que foram perdidos com a Iridium e outros investimentos em satélites na década de 1990. Hoje, 20
anos depois, uma nova geração de empresas de satélites – Skybox, Planet Labs, Nanosatisfi e Satellogic –
está lançando nanosatélites (que têm, essencialmente, o tamanho de uma caixa de sapatos). O custo por
lançamento é de cerca de US$ 100 mil por satélite – uma fração do custo investido pela Iridium de US$ 1
bilhão por lançamento de sua constelação. Mais importante ainda, com o lançamento de um conjunto de
nanosatélites operando em uma configuração de malha coordenada, a capacidade desses novos satélites está
muito além do que a geração anterior poderia fazer.
Por exemplo, a Planet Labs já tem 31 satélites em órbita e planeja lançar outros 100 em 2014. A
Satellogic, operando a partir da Argentina, já lançou seus três primeiros satélites e, em breve, será capaz de
fornecer vídeo em tempo real de qualquer lugar na Terra com resolução de 1 metro. Emiliano Kargieman, o
fundador da Satellogic, estima que o custo total do lançamento de sua frota será inferior a US$ 200 milhões.
Considerando tudo isso, essa nova geração de empresas de satélites está operando a um custo dez mil vezes
menor e com um desempenho 100 vezes melhor do que 20 anos atrás, um aumento de um milhão de vezes.
Isso sim é um momento Iridium.
Principais lições:
m um dos momentos mais emblemáticos da história empresarial moderna, Steve Jobs abalou o mundo em
E janeiro de 2007 com o anúncio do iPhone da Apple, lançado seis meses depois.
Literalmente, tudo na alta tecnologia mudou naquele dia – na verdade, você pode até chamar isso de
singularidade – à medida que todas as estratégias existentes de eletrônicos de consumo instantaneamente se
tornaram obsoletas. Naquele momento, o futuro do mundo digital teve de ser reconsiderado.
Dois meses depois, a gigante finlandesa de telefonia móvel, a Nokia, gastou o valor descomunal de US$
8,1 bilhões na compra da Navteq, uma empresa de navegação e mapeamento. A Nokia queria a Navteq porque
esta dominava a indústria de sensores de tráfego. A Nokia concluiu que o controle desses sensores permitiria
dominar o mapeamento e a informação on-line e móvel da região – recursos que atuam como uma barreira
defensiva contra a crescente predação de mercado do Google e da Apple.
O preço estratosférico refletia o quase monopólio da Navteq da indústria de sensores de tráfego. Só na
Europa, os sensores da Navteq cobriam aproximadamente 400 mil quilômetros em 35 grandes cidades
espalhadas por 13 países. A Nokia estava convencida de que, com o monitoramento em tempo real do tráfego
global com os sensores da Navteq, seria possível competir com a presença crescente do Google nos dados
em tempo real e, ao mesmo tempo, defender-se do novo produto revolucionário da Apple.
Pelo menos, essa era a teoria. Infelizmente para a Nokia, uma pequena empresa israelense chamada Waze
foi fundada mais ou menos na mesma época.
Em vez de fazer um enorme investimento de capital em hardware na forma de sensores de tráfego, os
fundadores da Waze preferiram utilizar o crowdsourcing de informações de localização, aproveitando os
sensores de GPS nos telefones dos usuários – o novo mundo dos smartphones que havia acabado de ser
anunciado na Apple por Steve Jobs – para capturar as informações de trânsito. Em dois anos, o número de
fontes de dados de tráfego da Waze se igualava ao número de sensores que a Navteq possuía e, em quatro
anos, esse número era dez vezes maior. Além do mais, o custo para adicionar mais uma fonte era
essencialmente zero. Sem mencionar que os usuários da Waze atualizavam regularmente seus telefones – e,
portanto, a base de informações da Waze. Em contraste, a atualização do sistema Navteq custava uma fortuna.
A Nokia fez uma enorme aposta defensiva ao adquirir um ativo na esperança de driblar o iPhone. Foi o
tipo de iniciativa celebrada no mundo dos negócios – se bem-sucedida, é claro. Mas como a Nokia não
compreendeu as maiores implicações exponenciais dos ativos alavancados (ver o capítulo 3), o esforço foi
um fracasso espetacular. Em junho de 2012, a valor de mercado da Nokia tinha caído de US$ 140 bilhões
para US$ 8,2 bilhões – praticamente o que gastou para adquirir a Navteq. A maior empresa do mundo de
telefonia móvel perdeu sua liderança. E por ter perdido o capital necessário para retomar sua posição,
provavelmente perdeu para sempre seu papel de líder do setor.
Em junho de 2013, o Google adquiriu a Waze por US$ 1,1 bilhão. Naquela época, a empresa não tinha
infraestrutura, nem hardware e não mais de 100 colaboradores. O que ela tinha, no entanto, era 50 milhões de
usuários. Mais precisamente, a Waze tinha 50 milhões de “sensores de tráfego humanos”, o dobro em relação
a apenas um ano antes. Desde então, esse número provavelmente dobrou mais uma vez para 100 milhões de
sensores de localização no mundo inteiro.
A Nokia seguiu as velhas regras lineares, e investiu em infraestrutura física (lembra-se da Iridium?) na
esperança de que ela viria a ser uma barreira competitiva. E foi, é claro, mas apenas para os usuários de
sensores de tráfego, mas não em relação aos desenvolvedores de aplicativos de celulares habilitados para
informação. Em contraste, a Waze passou a perna nos sensores físicos simplesmente pegando carona nos
usuários de smartphones.
Em um epílogo em tempo real para o caso da Nokia/Navteq, no momento em que escrevemos isso, a
Microsoft adquiriu o portfólio de patentes do negócio de aparelhos de telefone celular da Nokia por US$ 7,2
bilhões, ou cerca de US$ 1 bilhão a menos do que a Nokia pagou pela Navteq. Bem no momento em que a
Nokia perdeu totalmente a liderança no setor de telefonia celular, a Microsoft tem se esforçado para ganhar
participação de mercado para seu software, o Windows Phone.
A explicação da Microsoft para a transação com a Nokia é aumentar seus lucros e sua participação em
telefones; criar uma experiência de telefonia de primeira classe aos usuários da Microsoft; impedir que o
Google e a Apple tenham exclusividade na inovação, integração, distribuição e economia de apps; e valer-se
de uma grande oportunidade financeira alimentada pelo crescimento da indústria de smartphones. O tempo
dirá como esse cenário vai se desenrolar e se a aquisição da Nokia foi um caso de expansão linear,
exponencial ou simplesmente de propriedade intelectual.
O caso da Waze versus Navteq é importante e relevante para nós, não apenas para mostrar quem ganhou e
quem perdeu, mas também pela diferença fundamental nas abordagens das duas empresas em relação à
propriedade. A Nokia gastou uma quantidade enorme de recursos para comprar e manter bilhões de dólares
em ativos físicos, enquanto a Waze simplesmente acessou as informações já disponíveis em dispositivos
tecnológicos de propriedade do usuário.
O primeiro é um exemplo clássico do pensamento linear; o último, do pensamento exponencial. Enquanto
a estratégia linear da Nokia era dependente da velocidade da instalação física, a Waze se beneficiou da
velocidade exponencialmente maior em que a informação pode ser acessada e compartilhada.
Desde os tempos remotos, os seres humanos têm trabalhado para possuir “coisas” e então negociar o
acesso a elas. Esse comportamento começou em tribos, foi adotado por clãs, e depois se espalhou pelas
nações, impérios e, mais recentemente, pelos mercados globais, tornando possíveis instituições humanas cada
vez maiores. O valor sempre foi gerado ao possuir mais terras, mais equipamentos, mais máquinas, mais
pessoas. A propriedade foi a estratégia perfeita para gerir recursos escassos e garantir um ambiente
relativamente previsível e estável.
Quanto mais você tinha, ou seja, quanto mais valor você “possuísse” – mais rico e mais poderoso você
ficaria. Para gerenciar esse ativo, é claro, você precisava de pessoas. Muitas delas. Se um lote de terra fosse
duas vezes maior, você precisaria do dobro de pessoas para cultivá-lo ou protegê-lo. Felizmente, nossa
esfera de controle não ia muito além do horizonte, por isso era um arranjo perfeitamente viável.
Uma vez que alcançamos uma massa crítica de pessoas necessárias para gerir ou proteger nossos ativos,
nós criamos hierarquias. Em cada tribo ou aldeia, havia uma ordem hierárquica implícita ou explícita à
estrutura de poder. Quanto maior a tribo, maior a hierarquia. Então, começando na Idade Média, mas tendo se
estabelecido completamente com a Revolução Industrial e o surgimento da corporação moderna, esse
pensamento hierárquico local foi transferido para as empresas e estruturas governamentais, um sistema que,
com apenas algumas modificações, se manteve desde então.
Hoje, ainda gerenciamos e medimos com essa escala linear. Isto é: uma quantidade x de trabalho exige
quantidade y de recursos, 2x precisa de 2y, e assim por diante, em uma magnitude aritmética cada vez maior.
A automação, a produção em massa, a robótica e até mesmo a virtualização por meio de computadores
alteraram a inclinação desse gráfico, mas ele ainda permaneceu linear. Se um caminhão betoneira pode
substituir 100 trabalhadores que preparam o concreto manualmente, dois caminhões substituirão 200
trabalhadores. Da mesma forma, grande parte da sociedade também é medida com base nisso: o número de
médicos por 100 mil pacientes, o tamanho das turmas por professor, o PIB e a energia per capita. O trabalho
é pago por hora, assim como honorários advocatícios, e o preço da habitação é medido por metros
quadrados.
Nos negócios, a forma como construímos a maioria dos produtos e serviços continua a refletir esse
pensamento linear, incremental e sequencial. Assim, a maneira clássica de construir um produto, seja ele um
enorme avião de passageiros ou um minúsculo microprocessador, é por meio de um processo em estágios
chamado Desenvolvimento de Novos Produtos, ou NPD (New Product Development), que inclui os seguintes
passos:
1. Geração de ideias;
2. Triagem de ideias;
3. Desenvolvimento do conceito e teste;
4. Análise de negócios;
5. Teste beta e teste de mercado;
6. Implementação técnica;
7. Comercialização;
8. Precificação do novo produto.
Esse processo está tão codificado no DNA da empresa moderna que existe até uma associação do setor
para ele, chamada de Product Development and Management Association (PDMA).
Você deve achar que, embora essa abordagem linear antiquada ainda seja predominante nos setores
maduros, já foi há muito tempo abandonada no mundo das novas tecnologias. Você está errado. O processo
linear ainda está difundido em toda a economia mundial, recebendo nomes diferentes para cada uma de suas
variações. Em software, por exemplo, é chamado de abordagem em cascata. Embora novos métodos de
desenvolvimento, como o Agile, tenham surgido para simplificar essa abordagem e paralelizar alguns de seus
passos, o paradigma básico ainda é linear e incremental. Não importa se você está fabricando locomotivas ou
criando aplicativos para o iPhone, o desenvolvimento linear de produtos continua a ser o modo predominante
de se fazer as coisas. Consulte o diagrama abaixo, observando que isso funciona quando ambos – o problema
e a solução desejada – são precisamente conhecidos.
Quando você pensa de forma linear, quando as operações são lineares e quando suas medidas de
desempenho e sucesso são lineares, o resultado sempre acaba sendo uma organização linear que vê o mundo
por meio de uma lente linear. E isso ocorreu com uma empresa multibilionária e tecnologicamente avançada
como a Nokia. Tal organização sempre acaba possuindo muitas das seguintes características:
• Organização top-down e hierárquica;
• Orientação a resultados financeiros;
• Pensamento linear e sequencial;
• A inovação ocorre principalmente a partir de dentro;
• O planejamento estratégico é geralmente uma extrapolação do passado;
• Intolerância ao risco;
• Inflexibilidade dos processos;
• Grande número de colaboradores;
• Controle de seus próprios ativos;
• Fortemente investido no status quo.
Como disse o renomado autor de negócios John Hagel: “Nossas organizações estão preparadas para
suportar essas mudanças do lado de fora”, ao invés de abraçar essas mudanças mesmo quando são úteis. O
corolário do engenheiro aeroespacial Burt Rutan é: “Defenda e não questione”.
Não é de se surpreender que, considerando todas essas características, as organizações lineares raramente
causarão uma disrupção em seus próprios produtos ou serviços. Elas não têm as ferramentas, a atitude ou a
perspectiva para isso. O que elas farão, e o que elas foram construídas para fazer, é continuar crescendo para
tirar proveito da economia de escala. A escala – embora linear – é a raison d’être da organização linear. John
Seely Brown chama isso de “eficiência escalável” e afirma que é o paradigma que orienta a maioria das
estratégias corporativas e as arquiteturas corporativas. Clayton Christensen imortalizou esse tipo de
pensamento no seu clássico livro de negócios, O Dilema da Inovação: Quando as Novas Tecnologias Levam
Empresas ao Fracasso.
A maioria das grandes organizações usa a chamada estrutura matricial. A gestão de produto, o marketing
e as vendas são muitas vezes alinhados verticalmente, e as funções de apoio como RH, jurídico, finanças e TI
são geralmente horizontais. Assim, a pessoa que está cuidando da parte legal de um produto tem de se
reportar ao diretor de produto, que tem responsabilidade sobre a receita, e ao diretor do departamento
jurídico, cuja função é assegurar a consistência entre os vários produtos. Isso é ótimo para o comando e o
controle, mas é terrível para a prestação de contas, a agilidade e a tolerância ao risco. Toda vez que você
tenta fazer algo, tem de obter a autorização de todos os chefões do RH, jurídico, contabilidade e assim por
diante, o que leva tempo.
Outra questão importante que Salim observou nas estruturas matriciais é que, ao longo do tempo, o poder
se acumula nas horizontais. Muitas vezes, o RH ou jurídico não têm incentivo para dizer “sim” e assim sua
resposta padrão torna-se “não” (é por isso que o RH é muitas vezes chamado de “recursos desumanos”). Não
é que as pessoas de RH sejam más. Mas, com o tempo, seus incentivos acabam se conflitando com os dos
gerentes de produto.
Nas últimas décadas, a corrida para obter economias de escala resultou em uma explosão de grandes
corporações globalizadas. Ao mesmo tempo, a pressão por margens cada vez maiores levou ao offshoring,
expansão internacional e megafusões em nome da redução de custos, aumento de receitas e melhores
resultados financeiros.
Mas cada uma dessas mudanças tem um grande custo, porque o outro extremo do tamanho é a
flexibilidade. Por mais que se esforcem, as grandes empresas com amplas instalações e dezenas de milhares
de colaboradores espalhados pelo mundo enfrentam o desafio de operar com agilidade em um mundo em
rápida evolução. Em sua análise da disrupção exponencial, Hagel também observa: “Uma das questões-chave
em um mundo exponencial… é que tudo em que você acredita hoje logo se tornará obsoleto, e por isso você
tem de estar sempre se atualizando sobre as tecnologias e sobre as capacidades organizacionais. Isso será um
grande desafio”. A mudança rápida ou disruptiva é algo que as grandes organizações matriciais consideram
extremamente difícil. Na verdade, as organizações que tentaram isso descobriram que seu “sistema
imunológico” costuma reagir à ameaça percebida como sendo um ataque. Gabriel Baldinucci, o Chief
Strategy Officer da Singularity University e ex-diretor da divisão de capital de risco do Virgin Group,
observou que existem dois níveis de respostas imunológicas. O primeiro é defender a atividade principal,
porque é o status quo; o segundo é defender a si mesmo como um indivíduo, porque há mais retorno do
investimento para você do que para a organização.
O que faz com que as empresas tradicionais sejam altamente eficientes em termos de expansão e
crescimento, desde que as condições de mercado permaneçam inalteradas, é também o que as torna
extremamente vulneráveis à disrupção. Como Peter Thiel disse: “A globalização está deixando de ser ‘um
para N’, ou seja, de copiar os produtos existentes. Isso foi no século 20. Agora, no século 21, estamos
entrando em um mundo onde o ‘zero para um’ e a criação de novos produtos serão uma prioridade cada vez
maior para as empresas, devido ao surgimento de diferentes tecnologias exponenciais”.
As grandes empresas podem ser tudo, menos estúpidas. Elas estão cientes dessa fraqueza estrutural e
muitas estão se esforçando para corrigi-la. Por exemplo, um dos primeiros passos de Larry Page ao se tornar
o CEO do Google em abril de 2011 foi eliminar camadas gerenciais e achatar a organização. Programas
semelhantes foram implementados na multinacional chinesa Haier e em outras grandes organizações. Embora
algumas dessas correções se mostrem bem-sucedidas, em longo prazo esse achatamento é apenas um
paliativo, pois o número total de colaboradores – o peso financeiro e a resistência à mudança – raramente
diminui.
É claro que nem todos os setores estão “enxugando”. Uma indústria que está caminhando na direção
oposta é a farmacêutica. E acreditamos que isso causará arrependimento. Depois que as vendas das drogas de
sucesso começaram a definhar por volta de 2012a, em vez de se dividirem em unidades menores e mais
flexíveis, os líderes do mercado da indústria farmacêutica optaram pelas consolidações e fusões que
pareciam agradar a Wall Street. Acreditamos que o aumento do tamanho reduzirá a flexibilidade das
empresas farmacêuticas ainda mais, aumentando assim sua exposição à disrupção.
Um exemplo dessa disrupção iminente é o adolescente Jack Andraka que, aos 14 anos, desenvolveu
sozinho um teste de detecção de câncer pancreático em estágio inicial que custa apenas três centavos. Sua
abordagem (aguardando revisão por pares) é 26 mil vezes mais barata, 400 vezes mais sensível e 126 vezes
mais rápida que os diagnósticos de hoje. Os líderes do mercado da indústria farmacêutica não têm ideia de
como lidar com Jack, um dos muitos garotos prodígios que estão surgindo no mundo inteiro. E todos eles têm
o potencial de desestabilizar grandes empresas e setores bem-estabelecidos. Os Jacks do mundo trazem o
pensamento exponencial ao nosso mundo linear e nada poderá impedi-los.
Voltando ao caso Navteq versus Waze, uma coisa que esperamos deixar claro é que o pensamento linear
tradicional não funciona em um mundo exponencial. Em suma, não tem como competir. Salim viu isso em
primeira mão no Yahoo em 2007 que, apesar de suas credenciais na web, operava dentro de uma clássica
estrutura organizacional matricial linear. Cada vez que um novo produto era lançado, ou quando um produto
mais antigo era modificado, a equipe responsável precisava mexer alguns pauzinhos – desenvolvimento de
marca, jurídico, privacidade e RP etc. – e cada etapa levava dias ou semanas. Isso significa que no momento
em que qualquer coisa finalmente chegava à internet do consumidor, geralmente era tarde demais; alguma
startup ou outra empresa já havia começado. A conclusão de Salim sobre uma causa fundamental dos
problemas do Yahoo é que sua estrutura organizacional é a antítese da indústria.
O Yahoo não está sozinho. Até mesmo o poderoso Google enfrenta esse problema. Foram necessários dois
anos e um esforço enorme para lançar o Google+ ao público. Embora seja um produto primoroso, na época
de seu lançamento, em meados de 2011, o Facebook tinha uma vantagem quase insuperável.
Como vimos no primeiro capítulo, este ritmo de mudança não vai desacelerar tão cedo. Na verdade, a Lei
de Moore praticamente garante que continuará a acelerar – e acelerar exponencialmente – por várias décadas,
no mínimo. E, devido ao impacto transversal em outras tecnologias, se nos últimos 15 anos presenciamos uma
enorme disrupção no mundo dos negócios, nos próximos 15 anos essa disrupção parecerá insípida em
comparação.
As empresas de internet mudaram a forma como anunciamos e comercializamos. Elas transformaram o
mundo dos jornais e das editoras e mudaram profundamente a forma como comunicamos e interagimos uns
com os outros. Uma razão para essa mudança é que o custo de distribuição de um produto ou serviço,
particularmente se puder ser convertido quase totalmente em informação, caiu praticamente para zero.
Costumava exigir milhões de dólares em servidores e softwares para lançar uma empresa de softwares.
Graças à Amazon Web Services (AWS), agora isso custa apenas uma pequena fração desse montante. Casos
semelhantes podem ser encontrados em cada departamento, em cada setor da economia moderna.
A história e o bom senso deixam claro que você não pode transformar radicalmente cada parte de uma
organização – e acelerar o ritmo inerente dessa empresa para uma hipervelocidade – sem alterar
fundamentalmente a natureza da organização. É por isso que, nos últimos anos, um novo esquema
organizacional congruente com essas mudanças começou a surgir. Nós o chamamos de Organização
Exponencial precisamente porque representa a estrutura mais adequada para enfrentar o ritmo acelerado, não
linear, baseado na internet, da vida moderna. Mesmo as empresas de ponta tradicionais só podem obter
outputs (resultados) aritméticos por input (entrada), mas uma ExO obtém outputs geométricos por input ao
se valer do padrão de duplicação exponencial de tecnologias baseadas em informação.
Para alcançar esse escalabilidade, as novas organizações ExO como a Waze estão virando a organização
tradicional pelo avesso. Ao invés de possuir ativos ou mão de obra e obter um retorno sobre os ativos de
forma incremental, as ExOs alavancam recursos externos para alcançar seus objetivos. Por exemplo, elas
mantêm um pequeno núcleo de colaboradores e instalações, permitindo uma enorme flexibilidade enquanto as
margens de lucro decolam. Elas recrutam seus clientes e alavancam comunidades on-line e off-line para tudo,
desde a concepção do produto até o desenvolvimento de aplicativos. Elas flutuam no topo da infraestrutura
existente e emergente em vez de tentar possuí-la. E elas crescem a velocidades incríveis precisamente porque
não se dedicam a possuir seu mercado, mas a recrutá-lo para seus propósitos. Um grande exemplo é a
Medium, que está criando uma disrupção no negócio de revistas, ao deixar que seus usuários forneçam artigos
com maior conteúdo.
Acreditamos que as ExOs deverão subjugar as organizações lineares tradicionais na maioria dos setores,
pois aproveitam melhor as externalidades, baseadas em informação, inacessíveis às estruturas mais antigas.
Um feito que irá capacitá-las a crescer mais rápido – extremamente mais rápido – do que seus equivalentes
lineares, e então acelerar a partir daí.
É difícil determinar exatamente quando surgiu essa nova forma de organização. Vários aspectos das ExOs
já existiam há décadas, mas foi só nos últimos anos que eles realmente começaram a ter importância. Se
tivéssemos de escolher uma data oficial para a origem da ExO, seria março de 2006, quando a Amazon
lançou o Amazon Web Services e criou a “nuvem” de baixo custo para pequenas e médias empresas. A partir
dessa data, o custo de funcionamento de um centro de dados passou de despesas de capital de custo fixo para
custo variável. Hoje, é quase impossível encontrar uma startup que não usa a AWS.
Nós até mesmo encontramos uma fórmula simples que ajuda a identificar e distinguir as Organizações
Exponenciais emergentes: um aumento de desempenho de, no mínimo, dez vezes no período de 4 a 5 anos.
A seguir, mostramos algumas ExOs e seu aumento mínimo de dez vezes no desempenho em relação a seus
pares:
Considere novamente a Waze. Ao aproveitar as informações nos telefones de seus usuários, a Waze tem
atualmente 100 vezes mais sinais de movimento de tráfego que a Navteq/Nokia possuía com a compra de
sensores físicos enterrados nas ruas e estradas. Embora a Waze fosse apenas uma pequena empresa iniciante
com apenas algumas dezenas de colaboradores, ela rapidamente alcançou a linear Nokia, apesar de seus
milhares de colaboradores. A Nokia achava que estava dominando o mundo da telefonia móvel – e, embora
tivesse dominado, no contexto do novo paradigma ela não tem chance.
Dois fatores principais permitiram o sucesso da Waze, e esses dois fatores se aplicam a todas as empresas
ExO da próxima geração:
• Acessar recursos que você não possui. No caso do Waze, a empresa fez uso das leituras de GPS já
embutidas nos smartphones de seus usuários;
• A informação é seu maior ativo. Mais confiável do que qualquer outro ativo, a informação tem o
potencial de dobrar regularmente. Ao invés de simplesmente acumular ativos, a chave do sucesso está
em acessar depósitos valiosos de informações existentes. Andrew Rasiej, presidente do New York
Tech Meetup, disse tudo: “Eu considero a Waze como um app cívico. Ela coleta informações sobre o
movimento de carros e de pessoas em locais públicos. O que mais você poderia fazer com esses
dados?”.
Levando a observação de Rasiej um passo adiante, a questão real e fundamental de nossa era exponencial
é: O que mais pode ser habilitado para informação?
Quando você acessa recursos e os habilita para informação, o resultado principal é que seus custos
marginais caem para zero. É muito provável que o avô das ExOs baseadas em informação seja o Google, que
faz a busca de páginas da web, mas não as possui. Seu modelo de receita, o alvo de muitas piadas há dez
anos, permitiu que o Google se tornasse uma empresa de US$ 400 bilhões, um marco que foi alcançado
essencialmente pela manipulação da informação em texto (e agora em vídeo). O LinkedIn e o Facebook juntos
valem mais de US$ 200 bilhões, e isso é apenas o resultado da digitalização de nossos relacionamentos – ou
seja, transformando-os em informações. Acreditamos que, nos próximos anos, a maioria dos grandes
empreendimentos construirá seus negócios a partir de novas fontes de informação ou pela conversão de
ambientes previamente analógicos em informação. E esse ambiente inclui cada vez mais hardware (sensores,
impressoras/scanners 3D, biotecnologia etc): como mencionado anteriormente, o Tesla S, que tem apenas 17
partes móveis em seu sistema de transmissão, pode ser considerado um computador disfarçado de carro de
luxo altamente capaz, que se atualiza a cada semana por meio de downloads de software.
Essa busca por novas fontes de informação que podem sustentar as novas empresas e negócios está no
coração da revolução, muitas vezes rotulada de big data. Pela combinação de vastas quantidades de dados
com novas e poderosas ferramentas de análise, há uma oportunidade de ver o mundo de uma nova maneira – e
de transformar a informação resultante em novas oportunidades de negócios.
As fontes desse big data estão surgindo em toda parte. Por exemplo, nós mencionamos as três diferentes
iniciativas para os sistemas de satélites de órbita terrestre baixa que, dentro de alguns anos, transmitirão
vídeo e imagens em tempo real para qualquer lugar do planeta. Apesar das inevitáveis preocupações com a
segurança e a privacidade que deverão surgir com o lançamento desses sistemas de satélites, não há dúvida
de que um grande número – ou até centenas – de novos negócios emergirá a partir do acesso a essa nova e
gigantesca fonte de informação.
Por exemplo, imagine se pudéssemos contar o número de carros nos estacionamentos da Sears ou Walmart
em todo o país? Ou prever calamidades naturais, como tsunamis e tufões, bem como seu impacto? Ou medir o
aumento da potência em watts ao longo do Rio Amazonas à noite? Ou acompanhar cada navio porta-contêiner,
em tempo real, ao redor do mundo? Em breve você poderá – por meio de nanosatélites ou de iniciativas de
acesso global à internet, como o Project Loon do Google e as estratégias de drones do Facebook.
Em um futuro ainda mais próximo, temos o automóvel autônomo do Google. A tecnologia de navegação-
chave que ele utiliza é o radar de luz, também conhecida como LIDAR. Cada veículo tem uma unidade
LIDAR girando em seu teto que cria um mapa 3D ao vivo de seus arredores com um alcance de cerca de 100
metros. À medida que se move, o Google Car coleta quase um gigabyte de dados por segundo e cria uma
imagem 3D de seus arredores com uma resolução de um centímetro. Ele pode até mesmo comparar duas
imagens para obter uma perfeita análise cronológica. Se você tirar uma planta de sua varanda, se deixar uma
janela aberta ou se seu filho adolescente fugir de seu quarto à noite, o Google vai saber.
Isso não é apenas informação estática; também é informação dinâmica – dados que registram o mundo
natural, não apenas como ele é, mas à medida que ele muda. Montanhas (petabytes) de dados podem ser
analiticamente fragmentadas para descobrir verdades até então desconhecidas sobre o mundo que nos rodeia
– verdades que resultarão em oportunidades atualmente inimagináveis.
Conforme descrito anteriormente, as estruturas organizacionais tradicionais, concebidas ao longo dos
últimos 100 anos para gerenciar hierarquicamente pessoas ou ativos físicos, estão rapidamente se tornando
obsoletas. Para competir em nosso mundo em rápida transformação, precisamos de um novo tipo de
organização, que não só é capaz de gerir essa mudança, mas também prosperar com ela.
Nós abrimos o Capítulo 1 com uma discussão sobre o que nos referimos como o momento Iridium. Por
uma coincidência irônica, a extinção dos dinossauros foi revelada por uma camada de irídio em formações
rochosas; mas, dessa vez, o agente destrutivo é um Cometa de Informação. Será que estamos presenciando um
novo momento Iridium coletivo? Um que não envolve apenas uma corporação gigante que não foi capaz de
reconhecer o caráter revolucionário da mudança tecnológica ocorrendo a seu redor, mas toda uma espécie – a
espécie dominante – de grandes corporações na economia moderna. Será que todos terão o mesmo destino da
Iridium?
Essa pergunta e a busca de uma estratégia que tanto as empresas estabelecidas quanto as novas possam
usar para sobreviver e prosperar nesse novo mundo será o tema do restante deste livro. As Organizações
Exponenciais têm a capacidade de se adaptar a esse novo mundo de informação intensa e onipresente e
convertê-la em vantagem competitiva. A ExO, na verdade, é a resposta comercial adequada a nosso novo
mundo exponencial.
Mais adiante, examinaremos essa nova e notável forma organizacional: como funciona, como está
organizada, como expande suas operações e por que ela será bem-sucedida em um mercado transformado, ao
contrário dos esquemas organizacionais consagrados. Acima de tudo, vamos explorar por que, se quisermos
ter sucesso nos negócios, a Organização Exponencial é nosso destino.
Principais lições:
• Nossas estruturas organizacionais evoluíram para administrar a escassez. O conceito de propriedade funciona bem para a escassez, mas o
acesso ou a partilha funciona melhor em um mundo abundante e baseado em informação.
• Enquanto o mundo baseado em informação está se movendo de forma exponencial, nossas estruturas organizacionais ainda são muito
lineares (especialmente as grandes).
• Já aprendemos como expandir a tecnologia; agora é a hora de expandir a organização.
• As estruturas matriciais não funcionam em um mundo exponencial baseado em informação.
• As ExOs aprenderam a se organizar em torno de um mundo baseado em informação.
David S. Rose, autor do best-seller Angel Investing: The Gust Guide to Making Money and Having Fun
Investing in Startups, resume esses pontos de forma mais dramática: “Qualquer empresa projetada para o
sucesso no século 20 está fadada ao fracasso no século 21”.
a<www.fool.com/investing/general/2013/02/28/big-pharmas-blockbuster-battle.aspx>.
CAPÍTULO 3
A Organização Exponencial
empresa moderna tem muito orgulho da velocidade com que pode levar produtos e serviços ao mercado
A em relação às empresas no passado. Relatórios anuais, anúncios e discursos proclamam como as
empresas se virtualizaram, aceleraram as cadeias de fornecimento, reduziram os ciclos de aprovação e
melhoraram os canais de distribuição.
O resultado é que agora demora uma média de 250 a 300 dias para uma empresa típica de bens de
consumo de rápida circulação (Consumer Packaged Goods – CPG) levar um novo produto, a partir de sua
invenção, às prateleiras das lojas de varejo – e isso, acredite ou não, é considerado um ritmo vertiginoso.
Considere a Quirky, uma Organização Exponencial pioneira no setor de CPG. Ela completa esse mesmo
ciclo em apenas 29 dias. Ou seja, 29 dias desde a criação da ideia até ver o produto à venda em seu Walmart
local.
Uma empresa tradicional da indústria automobilística gasta cerca de US$ 3 bilhões para levar um novo
modelo de carro ao mercado. A Local Motors, uma ExO, consegue a mesma coisa por apenas US$ 3 milhões
– um desempenho mil vezes maior, embora não tenha a mesma escala de produção.
Em seguida, considere a Airbnb, uma empresa que disponibiliza os quartos extras dos usuários. Fundada
em 2008, a Airbnb possui atualmente 1.324 colaboradores e gerencia 500 mil anúncios em 33 mil cidades.
No entanto, a Airbnb não possui qualquer ativo físico e vale quase US$ 10 bilhões. Isso é mais do que o
valor da Hyatt Hotels, que tem 45 mil colaboradores espalhados em 549 propriedades. E embora os negócios
da Hyatt estejam relativamente estabilizados, o número de diárias efetivadas da Airbnb está crescendo
exponencialmente. No ritmo atual, a Airbnb será a maior empresa hoteleira do mundo até o final de 2015.
Airbnb
Da mesma forma, a Uber – o Airbnb dos carros – converte automóveis particulares em táxis, e foi
avaliada em US$ 17 bilhões. Como a Airbnb, a Uber não tem ativos, não tem (praticamente) força de trabalho
e também está crescendo exponencialmente.
Se você não considera esses valores suficientemente reveladores, leia novamente, desta vez lembrando-se
de que cada uma dessas organizações exponenciais tem menos de seis anos.
Como vimos na Waze no Capítulo 2, há dois fatores fundamentais que possibilitam que as ExOs alcancem
esse nível de escalabilidade. O primeiro é que algum aspecto de seu produto foi habilitado para informação e
assim, seguindo a Lei de Moore, pode assumir as características de duplicação do crescimento da
informação.
O segundo é que, graças ao fato de que a informação é essencialmente líquida, as principais funções de
negócios podem ser transferidas para fora da organização – para os usuários, fãs, parceiros e ao público em
geral. (Nós vamos rever esse conceito mais tarde.)
Vamos examinar agora as principais características das Organizações Exponenciais. Com base em nossa
pesquisa – que inclui as 100 startups que mais crescem em todo o mundo nos últimos seis anos –
identificamos traços comuns em todas as ExOs. Eles incluem um Propósito Transformador Massivo(PTM),
bem como outros dez atributos que refletem os mecanismos internos e externos que estão sendo alavancados
para alcançar um crescimento exponencial.
Usamos o acrônimo SCALE para refletir os cinco atributos externos e o acrônimo IDEAS para os cinco
atributos internos. Nem todas as ExOs possuem todos os dez atributos, mas quanto mais elas tiverem, mais
expansíveis elas tendem a ser. Nossa pesquisa indica que um mínimo de quatro atributos implementados
contempla o título de ExO e deverá lançá-la à frente de sua concorrência.
Neste capítulo, vamos examinar o PTM e os cinco atributos externos que formam SCALE. No próximo
capítulo, vamos investigar os cinco atributos internos que compõem IDEAS. Uma boa metáfora para
enquadrar atributos das ExOs são os dois hemisférios do cérebro. O lado direito do cérebro controla
crescimento, criatividade e incerteza, enquanto que o lado esquerdo do cérebro se concentra em ordem,
controle e estabilidade.
À primeira vista, estas declarações parecem se alinhar com a tendência nos últimos anos de reescrever as
declarações de empresas para serem mais curtas, mais simples e mais gerais. Mas, ao examinar de perto,
você vai notar que cada uma das declarações também é muito aspiracional. Nenhuma indica o que a
organização faz, mas o que aspira realizar. As aspirações não são nem estreitas nem mesmo específicas de
tecnologia. Em vez disso, elas pretendem capturar os corações e mentes – e as imaginações e ambições – das
pessoas, dentro e (principalmente) fora da organização.
Esse é o PTM – o propósito maior e ambicioso da organização. Todas as ExOs que conhecemos têm um.
Alguns pretendem transformar o planeta, outros apenas um setor produtivo. Mas a transformação radical é o
objetivo fundamental. E enquanto as empresas do passado poderiam se sentir envergonhadas de fazer tais
afirmações, as ExOs de hoje declaram com sinceridade e confiança que pretendem realizar milagres. Mesmo
uma empresa em um mercado relativamente pequeno pode “pensar PTM”: a Dollar Shave Club, por exemplo,
está transformando a indústria de aparelhos de barbear com o mantra “um dólar por mês”.
É importante notar que um PTM não é uma declaração de missão. Considere a declaração de missão da
Cisco, que não é nem inspiradora nem aspiracional: “Moldar o futuro da internet por meio da criação de
valor e oportunidades sem precedentes para nossos clientes, colaboradores, investidores e parceiros do
ecossistema”. Embora tenha um certo Propósito e seja um pouco Massivo, certamente não é Transformador.
Além disso, é uma declaração que poderia ser usada por pelo menos uma dúzia de empresas de internet. Se
fôssemos escrever o PTM da Cisco, provavelmente seria algo parecido com: “Conectando todas as pessoas,
todas as coisas, em todos os lugares – o tempo todo”. Isso certamente seria mais empolgante.
O resultado mais importante de um PTM adequado é que ele gera um movimento cultural que John Hagel e
John Seely Brown chamam de “Poder da Atração”. Ou seja, o PTM é tão inspirador que forma uma
comunidade ao redor da ExO e espontaneamente começa a operar por conta própria, criando no fim sua
própria comunidade, tribo e cultura. Considere as filas para entrar em uma loja da Apple ou as listas de
espera para uma conferência anual do TED. Essas empresas têm um ecossistema emergente tão empolgado
com o produto ou serviço que, literalmente, puxam os produtos e serviços para fora do núcleo da organização
e assumem sua propriedade, com marketing, serviços de apoio e até mesmo design e manufatura. Considere o
iPhone da Apple: com um universo de produtos de apoio e um milhão de aplicativos criados pelos usuários,
quem realmente é o proprietário?
Essa mudança cultural inspirada pelo PTM tem seus próprios efeitos secundários. Por um lado, ela move
o ponto focal de uma equipe da política interna para o impacto externo. A maioria das grandes empresas
contemporâneas está focada internamente e, muitas vezes, perdeu o contato com seu mercado e seus clientes –
exceto por meio de pesquisas de marketing rígidas e formalizadas e grupos de foco.
No nosso mundo cada vez mais volátil, essa perspectiva pode ser fatal. É fundamental para uma empresa
moderna que olhe constantemente para fora – especialmente para detectar uma ameaça tecnológica ou
competitiva que se aproxima rapidamente. Se você estiver no Google, você estará constantemente se
perguntando (de acordo com a declaração da empresa): “Como posso organizar melhor as informações do
mundo?”. Na Singularity University, a pergunta que fazemos a nós mesmos em cada ponto de inflexão é: “Será
que isto vai impactar positivamente um bilhão de pessoas?”.
O maior imperativo de um PTM respeitável é seu propósito. Com base na influente obra de Simon Sinek,
o objetivo deve responder a duas perguntas críticas:
Agora que entendemos o significado e a finalidade do PTM, está na hora de examinarmos as cinco
características externas que definem uma Organização Exponencial, para o qual usamos a sigla SCALE:
• Staff on Demand;
• Comunidade e Multidão;
• Algoritmos;
• Ativos aLavancados;
• Engajamento.
Staff on Demand
Em um relatório oficial de 2012 para o Aspen Institute, Michael Chui, sócio da McKinsey Global
Institute, descreveu a teoria do emprego no século 20 dessa forma:
Chui então começa a desmantelar cada frase desse parágrafo para mostrar como a teoria se tornou
fundamentalmente ultrapassada em pouco mais de uma década. Literalmente, nada disso se aplica hoje em
dia.
Para qualquer ExO, ter Staff on Demandé uma característica necessária para a velocidade, funcionalidade
e flexibilidade em um mundo em rápida transformação. O aproveitamento de pessoal de fora da organização-
base é fundamental para a criação e administração de um ExO de sucesso. O fato é que não importa o quanto
seus colaboradores são talentosos; provavelmente, a maioria deles está se tornando obsoleta e pouco
competitiva diante de seus olhos.
Como John Seely Brown observou, a vida útil de uma habilidade aprendida costumava ter cerca de 30
anos. Hoje, ela diminuiu para cerca de cinco anos. Em seu livro recente, Comece por Você: Adapte-se ao
Futuro, Invista em Você e Transforme sua Carreira, o fundador da LinkedIn, Reid Hoffman, observa que as
pessoas aprenderão cada vez mais a gerenciar a si mesma como empresas, com gestão de marca (PTM!), e as
funções de marketing e vendas serão reduzidas ao indivíduo. Da mesma forma, Ronald Coase, que ganhou o
Prêmio Nobel de Economia em 1991, observou que as empresas são mais como famílias do que como
indústrias, e que as empresas são mais um conceito sociológico do que econômico.
Para qualquer empresa de hoje, ter uma força de trabalho permanente e em tempo integral é algo repleto
de perigos crescentes, já que os colaboradores não conseguem manter suas habilidades atualizadas,
resultando em pessoas que necessitam de maior gerenciamento. No nosso mercado global, em rápida mudança
e orientado para a internet, organizações cada vez mais desesperadas estão recorrendo à mão de obra externa
e temporária para preencher suas lacunas profissionais. Por exemplo, em um esforço para manter atualizadas
as habilidades gerais da organização, a AMP, a maior companhia de seguros da Austrália, exige que metade
do seu departamento de TI, de 2.600 colaboradores, seja composta de temporários. De acordo com Annalie
Killian, uma executiva global da AMP, tal requisito não é apenas útil; em nossos tempos, é obrigatório.
Embora manter uma equipe permanente provavelmente continue sendo mais importante em certos setores
que fazem uso intensivo de equipamentos e capital – como a de transporte, mineração ou construção – em
qualquer negócio habilitado para informação uma grande equipe interna parece cada vez mais desnecessária,
contraproducente e cara. E o velho argumento de que freelancers e temporários só aumentam a burocracia
necessária para gerenciá-los está perdendo força rapidamente: graças à internet, o custo de encontrar e
rastrear a mão de obra externa cai quase para zero. Além disso, devido ao rápido aumento do número dos
usuários de internet, o volume e a qualidade de freelancers aumentou dramaticamente nos últimos dez anos.
A Gigwalk, que conta com meio milhão de trabalhadores conectados por smartphones, oferece um
exemplo de como esse novo mundo dos empregos está funcionando. Quando a Proctor and Gamble precisa
saber como e onde sua mercadoria está sendo colocada nas prateleiras do Walmart em todo o mundo, ela
pode usar a plataforma da Gigwalk para mobilizar instantaneamente milhares de pessoas que recebem alguns
dólares para entrar em um Walmart e verificar as prateleiras. Os resultados chegam em menos de uma hora.
Iniciativas de Staff on Demandsemelhantes às da Gigwalk estão surgindo em toda parte: o Desk, Roamler,
Elance, TaskRabbit e a respeitável Mechanical Turk da Amazon são plataformas em que todos os níveis de
trabalho, incluindo o trabalho altamente qualificado, podem ser terceirizados. Essas empresas, que
representam apenas a primeira onda desse novo modelo de negócio, otimizam o conceito de pagar pelo
desempenho para reduzir o risco do cliente.
Para os trabalhadores talentosos, trabalhando e sendo pagos por múltiplos projetos, é uma oportunidade
especialmente interessante. Mas também existe um outro ângulo: o aumento da diversidade de ideias. A
Kaggle, uma empresa de ciência de dados, por exemplo, oferece uma plataforma que hospeda concursos de
algoritmos públicos e privados, em que mais de 185 mil cientistas de dados em todo o mundo competem por
prêmios e reconhecimento. Em 2011, a gigante do ramo de seguros Allstate, com 40 dos melhores atuários e
cientistas de dados que o dinheiro pode comprar, queria saber se seu algoritmo de pedidos de indenização
poderia ser melhorado e, dessa forma, criou um concurso pela Kaggle.
Constatou-se que a algoritmo da Allstate, que foi cuidadosamente otimizado por mais de seis décadas, foi
derrotado em três dias por 107 equipes concorrentes. Três meses depois, quando o concurso terminou, o
algoritmo original da Allstate tinha sido melhorado 271%. E enquanto o prêmio custou à empresa US$ 10 mil,
a redução de custos resultante dos melhores algoritmos foi estimada em dezenas de milhões por ano. Um ROI
(Retorno sobre Investimento) bem interessante.
Na verdade, em cada um dos 150 concursos de Kaggle até hoje, os cientistas de dados externos
derrotaram os algoritmos internos, geralmente por uma larga margem. E, na maioria dos casos, os não
especialistas derrotaram os especialistas de uma área específica, o que mostra o poder das novas ideias e
perspectivas diversas.
Anos atrás, a posse de uma grande força de trabalho diferenciaria sua empresa e permitiria que ela
realizasse mais. Hoje, essa mesma força de trabalho pode se tornar uma âncora que reduz sua velocidade e
capacidade de manobra. Além disso, as indústrias tradicionais têm grande dificuldade em atrair
trabalhadores altamente qualificados sob demanda, como os cientistas de dados, pois as vagas disponíveis
são percebidas como sendo baixas em termos de oportunidades e altas em termos de obstáculos burocráticos.
Um estudo encomendado pela Deloitte constatou que 98% dos cientistas de dados recentemente graduados
foram trabalhar para o Google, Facebook, LinkedIn ou várias outras startups. Isso não deixa muito talento de
sobra para o resto do mundo.
No entanto, mesmo a força de trabalho do Google de 50 mil colaboradores muito inteligentes é nada se
comparada com a inteligência coletiva das 2,4 bilhões de pessoas on-line hoje. Não temos dúvida de que os
potenciais extraordinários desse enorme conjunto de capital intelectual emergirão afinal. Nas palavras de
Chris Anderson, ex-editor-chefe da revista Wired: “A realidade é que a maioria das pessoas mais inteligentes
do mundo não tem as credenciais certas. Elas não falam a linguagem certa. Não cresceram no país certo. Não
foram para a universidade certa. Elas não te conhecem e você não as conhece. Elas não estão disponíveis, e
já têm um emprego”.
Enquanto conduzimos a pesquisa para este livro, logo percebemos o quanto é fácil terceirizar qualquer
coisa. Na verdade, Timothy Ferris, autor do best-seller 4-Hour Workweek, criou muitas ideias novas em torno
desse tema.
Uma empresa chamada Advisory Board Architects (ABA) oferece um exemplo fascinante de como levar o
conceito de Staff on Demanda um nível totalmente novo. A ABA notou dois problemas com os conselhos de
administração: em primeiro lugar, como Jaime Grego-Mayer, sócio da ABA, observou, “95% de todos os
conselhos simplesmente não são gerenciados”, já que a maior parte da atenção de um CEO está concentrada
na gestão da empresa. Em segundo lugar, a remoção de um membro não produtivo do conselho pode ser uma
questão delicada e política; como é embaraçoso para o CEO, isso normalmente não acontece. A ABA oferece
às empresas um departamento de recursos humanos para os conselhos de administração, permitindo que os
CEOs terceirizem a gestão e o monitoramento do conselho. A ABA estabelece metas para cada membro do
conselho (por exemplo, três telefonemas por mês para abrir portas), e então acompanha essas metas. Se um
membro do conselho não estiver produzindo, e uma conversa difícil for necessária para remover esse
membro, a ABA cuidará disso, aliviando a pressão sobre o CEO.
Em 2010, o mundo tinha 1,2 bilhão de pessoas on-line. Em 2020, esse número chegará a cinco bilhões.
Cerca de mais três bilhões de pessoas, e seus cérebros, estarão disponíveis para trabalhar via smartphones,
tablets ou em cybercafés. Os recursos que serão disponibilizados estão além da imaginação. O que as
organizações tradicionais, atoladas com colaboradores permanentes e de tempo integral, podem fazer para
sobreviver a um ataque desses?
Comunidade e Multidão
Comunidade
Desde maio de 2007, Chris Anderson vem formando uma comunidade chamada DIY Drones.
Agora, com quase 55 mil membros, essa comunidade foi capaz de projetar e construir um drone
que é muito semelhante ao Predator usado pelas forças armadas norte-americanas (na verdade, o drone da
DIY possui 98% das funcionalidades do Predator).
Mas existe uma grande diferença: um Predador custa US$ 4 milhões. O drone da DIY custa apenas US$
300.
Com certeza, uma grande parte desses 2% de diferença em desempenho pode ser atribuída aos sistemas
bélicos… mas, ainda assim, como isso é possível?
É possível porque Anderson se utilizou de um grande grupo de entusiastas apaixonados que contribuem
com tempo e experiência. “Se você criar comunidades e fizer as coisas em público”, diz ele, “você não tem
que encontrar as pessoas certas, elas te encontram.”
Ao longo da história humana, as comunidades começaram com base geográfica (tribos), tornaram-se
ideológicas (por exemplo, as religiões) e, em seguida, mudaram para as administrações civis (monarquias e
estados-nação). Hoje, no entanto, a internet está produzindo comunidades baseadas em atributos que
compartilham intenções, crenças, recursos, preferências, necessidades, riscos e outras características, e não
dependem da proximidade física. Para uma organização ou empresa, sua “comunidade” é composta por
membros da equipe principal, ex-alunos (ex-membros de equipe), parceiros, fornecedores, clientes, usuários
e fãs. A Multidão pode ser considerada como todos que estiverem fora dessas camadas centrais.
É importante notar que a interação entre uma Organização Exponencial e sua comunidade não é
simplesmente uma transação. A verdadeira comunidade ocorre quando há o envolvimento peer-to-peer. No
entanto, quanto mais aberta for a comunidade, o modelo de liderança tem de ser mais tradicional e orientado
às melhores práticas. Como Anderson afirma: “No topo de cada uma dessas comunidades existe um ditador
benevolente”. Você precisa de uma liderança forte para gerenciar a comunidade, porque, embora não existam
colaboradores, as pessoas ainda têm responsabilidades e precisam ser cobradas pelo seu desempenho.
Normalmente, existem três passos para construir uma comunidade em torno de uma ExO:
• Usar o PTM para atrair e envolver os membros iniciais. O PTM serve como uma força gravitacional
que atrai pessoas à sua órbita. Tesla, Burning Man, TED, Singularity University e GitHub são bons
exemplos de comunidades cujos membros compartilham as mesmas paixões;
• Nutrir a comunidade. Anderson passa três horas toda manhã atendendo à comunidade da DIY Drones.
Isso inclui ouvir e dar algo em troca. Os projetos da DIY Drones eram de código aberto e disponíveis
desde o início, o que era bom, mas descobriu-se que os membros realmente queriam os kits da DIY
Drone. Então Anderson forneceu os kits. (A mesma demanda pelos kits da DIY está ocorrendo na
comunidade de biotecnologia da DIY). É uma jogada inteligente. “Ao contrário do marketing digital,
onde o ROI é obtido quase no momento em que ocorrem os gastos, as comunidades são um
investimento em longo prazo significativamente mais estratégico”, disse Dion Hinchcliffe, uma das
autoridades em negócio social. “Além disso, as comunidades com a participação de um CxO têm muito
mais chances de serem as melhores do setor.”;
• Criar uma plataforma para automatizar engajamento peer-to-peer. A GitHub, por exemplo, faz seus
membros avaliarem e revisarem os códigos de outros membros. A Airbnb hospeda e os usuários
preenchem formulários de avaliação; a Uber, Lyft e Sidecar, do setor de táxi, encorajam os clientes e
motoristas a avaliar uns aos outros; e a plataforma de notícias Reddit convida os usuários a votarem
em artigos. Em 2013, a Reddit, que tem apenas 51 colaboradores, a maioria dos quais gerencia a
plataforma, presenciou 731 milhões de visitantes diferentes depositarem 6,7 bilhões de votos em 41
milhões de artigos. Que plataforma! (Mais detalhes adiante.)
Tony Hsieh, CEO da Zappos – com sede em Las Vegas –, foi inspirado pela comunidade Burning Man e
combinou a comunidade física com a baseada em atributos em seu Las Vegas Downtown Project. O projeto
combina trabalho e diversão em uma paisagem urbana com casas, infraestrutura, hackerspaces, lojas,
café/teatro e arte. Além do objetivo de revitalizar o centro de Las Vegas, a fim de melhorar o senso de
comunidade, tornando-a uma cidade com atrações diversas, Hsieh visa criar o lugar mais inteligente do
planeta, maximizando as chances de aprendizado fortuito entre as pessoas de dentro e de fora da Zappos. O
resultado não é apenas uma comunidade construída em torno de paixões comuns, mas também em torno de um
local comum.
Note que, nos primeiros estágios, muitas empresas acham mais fácil participar de uma comunidade
existente que compartilhar seu PTM. O movimento The Quantified Self, por exemplo, está reunindo startups
envolvidas na avaliação de todos os aspectos do corpo humano. Exemplos de startups que oferecem
tecnologia vestível que se uniram para formar uma comunidade incluem a Scanadu, Withings e Fitbit. À
medida que encontra seu caminho, é claro, cada startup é livre para criar sua própria comunidade,
especialmente quando sua base de usuários se torna mais significativa.
Multidão
Como mencionamos anteriormente, a Multidão é composta de anéis concêntricos de pessoas que estão
fora do núcleo da comunidade. A Multidão é mais difícil de alcançar, mas seus números são muito maiores -
até mesmo um milhão de vezes maior – e é por isso que persegui-la é algo particularmente tentador.
Embora semelhantes, há uma diferença entre Multidão e Staff on Demand – esteé contratado para uma
tarefa específica e, geralmente, por meio de uma plataforma como o Elance. O Staff on Demand é gerenciado
– você diz aos trabalhadores o que deve ser feito. A Multidão, por outro lado, é baseada na atração. Você
cria uma ideia, financiando uma oportunidade ou prêmio de incentivo… e deixa que as pessoas o encontrem.
As ExOs podem alavancar a Multidão, explorando a criatividade, a inovação, a validação e mesmo o
financiamento:
• A criatividade, a inovação e o processo global de gerar, desenvolver e comunicar novas ideias podem
ser realizados com o uso de ferramentas e plataformas. Algumas plataformas que ajudam nesse
processo incluem IdeaScale, eYeka, Spigit, InnoCentive, SolutionXchange, Crowdtap e Brightidea;
• A validação é obtida por meio de evidências mensuráveis de que um experimento, produto ou serviço
consegue atender a especificações predeterminadas. Ferramentas como UserVoice, Unbounce e Google
AdWords podem realizar isso;
• Crowdfundingé uma tendência cada vez mais popular e ajuda a financiar ideias utilizando a web para
reunir um grande número de investidores comparativamente pequenos – dessa forma, não só levanta o
capital, como também reflete o interesse do mercado. Dois exemplos bem conhecidos de empresas de
crowdfundingsão a Kickstarter e a Indiegogo. Em 2012, cerca de US$ 2,8 bilhões foram levantados por
meio de campanhas de crowdfunding. Em 2015, esse número deverá chegar a US$ 15 bilhões. O Banco
Mundial prevê que o crowdfunding deverá alcançar US$ 93 bilhões em 2025.
Além de levantar enormes quantias de dinheiro para as startups e outras causas, essas plataformas também
estão democratizando o acesso ao capital de giro. A Gustin, uma empresa de jeans finos, utiliza o
crowdfunding para todos os seus projetos. Os clientes financiam determinados modelos e quando um objetivo
monetário predeterminado é alcançado, os produtos são confeccionados e enviados a todos esses clientes. A
Gustin não tem, portanto, qualquer risco de produto ou custos de estoque.
As ExOs já estão alavancando Comunidade e Multidão para muitas funções tradicionalmente
desenvolvidas dentro da empresa, incluindo geração de ideias, financiamento, design, distribuição, marketing
e vendas. Essa mudança é poderosa e explora o que o professor universitário e guru de mídia social, Clay
Shirky, chama de excedente cognitivo. “O mundo tem mais de um trilhão de horas por ano de tempo livre
para se comprometer com projetos compartilhados”, disse ele em um recente programa de rádio do TED. E
isso é só hoje. Em 2020, quando três bilhões de mentes adicionais usando tablets baratos se juntarem aos dois
bilhões atualmente on-line, os trilhões de horas por ano de Shirky vão triplicar.
Como disse o visionário do Vale do Silício, Bill Joy: “As pessoas mais inteligentes do mundo não
trabalham para você”. Para as ExOs, seu foco externo permite que suas comunidades de centenas e milhares,
juntamente com uma multidão de milhões e, eventualmente, bilhões, tornem-se uma extensão da própria
empresa.
Como resultado do Staff on Demand e da Comunidade e Multidão, os ETIs (Equivalentes a Tempo
Integral) de uma organização ficam menores e sua força de trabalho flexível fica maior. Como resultado, as
organizações não apenas são muito mais ágeis, como também são melhores em aprender e desaprender,
devido à diversidade e ao volume de uma força de trabalho flexível. As ideias também são capazes de
circular muito mais rápido.
Algoritmos
Em 2002, as receitas do Google estavam abaixo de meio bilhão de dólares. Dez anos mais tarde,
suas receitas haviam multiplicado 125 vezes, e a empresa estava gerando meio bilhão de dólares a
cada três dias. No coração desse crescimento vertiginoso estava o algoritmo PageRank, que
classifica a popularidade de páginas da web. (O Google não avalia qual página é melhor, do ponto de vista
humano; seus algoritmos simplesmente reagem de acordo com as páginas que oferecem o maior número de
cliques).
O Google não está sozinho. Hoje, o mundo funciona basicamente na base de algoritmos. Freios ABS de
automóveis, mecanismo de recomendação da Amazon, precificação dinâmica das companhias aéreas,
previsão do sucesso dos próximos filmes de Hollywood, redação de notícias, controle de tráfego aéreo,
detecção de fraudes de cartões de crédito, os 2% das postagens que o Facebook mostra a um usuário típico:
os algoritmos estão por toda parte na vida moderna. Recentemente, a McKinsey estima que dos 700 processos
bancários end-to-end (a abertura de uma conta ou a obtenção de um empréstimo para compra de um carro,
por exemplo), cerca da metade pode ser totalmente automatizada. Os computadores estão realizando tarefas
cada vez mais complexas.
Existe até mesmo um mercado chamado Algorithmia, no qual as empresas procuram algoritmos que
podem, potencialmente, computar seus dados. Como a GitHub (veja o Capítulo 7), os desenvolvedores
podem abrir seu código para os outros melhorarem.
Em particular, há dois tipos de algoritmos que estão na fronteira desse novo mundo: Aprendizado de
máquina e Aprendizado profundo.
O Aprendizado de máquina é a capacidade de executar com precisão tarefas inéditas, projetadas com
base em propriedades conhecidas, obtidas a partir de dados históricos ou de treinamento, e na previsão.
Principais exemplos de código aberto incluem Hadoop e Cloudera. Um bom caso de Aprendizado de máquina
é o da Netflix, que em 2006 decidiu aprimorar suas recomendações de filmes. Em vez de limitar o desafio a
sua força de trabalho interna, a Netflix lançou um concurso com um prêmio de US$ 1 milhão, com o objetivo
de melhorar seu algoritmo de avaliação de filmes em 10%. Os primeiros 51 mil participantes, provenientes
de 186 países, receberam os dados de 100 milhões de avaliações e tiveram cinco anos para atingir a meta. O
concurso terminou mais cedo, em setembro de 2009, quando uma das 44.014 propostas válidas alcançou o
objetivo e recebeu o prêmio.
O Aprendizado profundo é um novo e instigante subsistema do Machine Learning baseado na tecnologia
de rede neural. Ele permite que uma máquina descubra novos padrões sem ser exposta a dados históricos ou
de treinamento. As startups líderes nessa área são a Deepmind – comprada pelo Google no início de 2014 por
US$ 500 milhões, quando a empresa tinha apenas 13 colaboradores – e a Vicarious, financiada com o
investimento de Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg. Twitter, Baidu, Microsoft e Facebook também
fazem um investimento pesado nessa área. Os algoritmos de Aprendizado profundo se baseiam na descoberta
e autoindexação, e operam da mesma forma que um bebê que aprende os primeiros sons, depois palavras,
depois frases e até mesmo línguas. Como um exemplo: em junho de 2012, uma equipe do Google X construiu
uma rede neural de 16 mil processadores de computador com um bilhão de conexões. Depois de permitir que
ela navegasse em dez milhões de miniaturas de vídeo do YouTube selecionadas aleatoriamente, por três dias,
a rede começou a reconhecer gatos, sem realmente conhecer o conceito de “gato”. É importante ressaltar que
isso aconteceu sem qualquer contribuição ou intervenção humana.
Nos dois anos seguintes, as capacidades do Aprendizado profundo melhoraram consideravelmente. Hoje,
além de melhorar o reconhecimento de voz, criar uma ferramenta de busca mais eficaz (Ray Kurzweil está
trabalhando nisso no Google) e identificar objetos distintos, os algoritmos de Aprendizado profundo também
podem detectar episódios específicos em vídeos e até mesmo descrevê-los em texto, tudo isso sem
intervenção humana. Os algoritmos de Aprendizado profundo podem até mesmo jogar videogames,
descobrindo as regras do jogo e, em seguida, otimizando o desempenho.
Imagine as implicações dessa descoberta revolucionária. A tecnologia fará com que a maioria dos
produtos e serviços seja mais eficaz, personalizada e eficiente. Ao mesmo tempo, muitos empregos da área de
gestão serão impactados e até mesmo desestabilizados.
Tendo em conta que os 55 mil caminhões da frota norte-americana da UPS fazem 16 milhões de entregas
diárias, o potencial de roteamento ineficiente é enorme. Mas com a aplicação da telemática e de algoritmos, a
empresa poupa seus motoristas de 135 milhões de quilômetros por ano, resultando em uma economia de US$
2,55 bilhões. Aplicações similares nas áreas da saúde, de energia e de serviços financeiros significam que
estamos entrando em um mundo onde tudo é algoritmo.
Já em 2005, o escritor e editor Tim O’Reilly afirmou que “Os dados são o novo Intel Inside”. E isso foi
quando havia apenas meio bilhão de dispositivos conectados à internet em todo o mundo. Como observamos
no Capítulo 1, esse número deverá chegar a um trilhão de dispositivos à medida que nos preparamos para
abraçar a internet das coisas.
Diante dessa explosão, a necessidade de algoritmos tornou-se uma missão crítica. Vamos considerar por
um momento que nos últimos dois anos presenciamos uma criação de dados nove vezes maior do que em toda
a história da humanidade. Considere agora que a Computer Sciences Corporation acredita que até 2020 nós
teremos criado um total de 73,5 zettabytes de dados – que, na linguagem de Stephen Hawking, é 73 seguido
de 21 zeros.
Notavelmente, e muitas vezes tragicamente, a maioria das empresas hoje em dia ainda é conduzida quase
que exclusivamente com base nas suposições intuitivas de seus líderes. Eles podem usar dados para orientar
em suas decisões, mas têm as mesmas chances de serem vítimas de uma longa lista de autoilusões, como o
viés de custos irrecuperáveis ou o viés de confirmação (veja abaixo uma lista de vieses cognitivos). Uma das
razões para o sucesso do Google é que ele é muito mais voltado a dados do que a maioria das empresas, até
mesmo em suas práticas de contratação.
Da mesma forma que hoje não podemos mais lidar com as complexidades do controle de tráfego aéreo ou
com a gestão da cadeia de suprimentos sem os algoritmos, quase todas as ideias e decisões de negócios do
futuro serão baseadas em dados.
Uma análise feita pela Associação Americana de Psicologia em 17 estudos sobre práticas de contratação
descobriu que um algoritmo simples vence as práticas de contratação intuitivas em mais de 25% em termos
de contratações bem-sucedidas. Neil Jacobstein, um especialista em Inteligência Artificial (IA), observa que
usamos a IA e algoritmos para mitigar e compensar muitas das seguintes heurísticas na cognição humana:
• Viés de ancoragem: a tendência a confiar demais ou de se “ancorar” a uma característica ou uma parte
da informação na tomada de decisões;
• Viés de disponibilidade: a tendência a superestimar a probabilidade de eventos com maior
“disponibilidade” na memória e que pode ser influenciada por quão recentes são as memórias ou o
quanto elas são incomuns ou emocionalmente carregadas;
• Viés de confirmação: a tendência a procurar, interpretar, focar e lembrar-se de informações de tal
forma que confirmem suas próprias ideias preconcebidas;
• Viés de apresentação: tirar conclusões diferentes a partir da mesma informação, dependendo de como
e por quem a informação é apresentada.
• Viés de otimismo: a tendência a ser demasiado otimista, superestimando os resultados favoráveis e
agradáveis;
• Viés da falácia do planejamento: a tendência a superestimar os benefícios e a subestimar os custos e
tempo de conclusão de tarefas;
• Viés de custos irrecuperáveis ou avers‹o a perdas: a inutilidade de desistir de um objeto é maior do
que a utilidade associada ao adquiri-lo4.
Jacobstein costuma observar que o neocórtex não teve uma grande atualização em 50 mil anos. Ele tem o
tamanho, a forma e a espessura de um guardanapo. “E se”, pergunta ele, “fosse do tamanho de uma toalha de
mesa? Ou da Califórnia?”.
Há uma diferença interessante de opinião sobre a quantidade de dados que deve ser utilizada com base na
natureza do mercado em que a organização opera. Enquanto a sabedoria convencional dita que devemos
reunir a maior quantidade de dados possível (daí o termo big data), o psicólogo Gerd Gigerenzer adverte que
em mercados incertos, é melhor simplificar, utilizar a heurística e depender de menos variáveis. Nos
mercados estáveis e previsíveis, por outro lado, ele recomenda que as organizações “complexifiquem” e
utilizem algoritmos com mais variáveis.
Uma das líderes em extrair ideias de grandes quantidades de dados é a Palantir. Fundada em 2004, a
Palantir cria soluções governamentais, comerciais e de software na área da saúde que capacitam as
organizações a decifrar dados discrepantes. Ao lidar com os problemas técnicos, a Palantir deixa seus
clientes livres para se concentrarem na resolução dos problemas humanos. A indústria de capital de risco
considera a Palantir tão importante que a empresa já recebeu um total espantoso de US$ 900 milhões em
financiamento e está avaliada em dez vezes esse montante.
Michael Chui observa que, hoje, muitas empresas de sucesso têm o big data em seu DNA. Nós
acreditamos que isso é apenas o começo, e que muito mais ExOs focadas em algoritmo deverão surgir nos
próximos anos, explorando o que Yuri van Geest chama de benefícios 5P do big data: produtividade,
prevenção, participação, personalização e previsão.
Para implementar algoritmos, as ExOs precisam seguir quatro passos:
1. Reunir: o processo algorítmico começa com aproveitamento de dados, que são coletados por meio de
sensores ou humanos, ou importados de conjuntos de dados públicos;
2. Organizar: o próximo passo é organizar os dados, um processo conhecido como ETL (extração,
transformação e carga);
3. Aplicar: uma vez que os dados estão acessíveis, as ferramentas de aprendizado de máquina, como
Hadoop e Pivotal, ou mesmo algoritmos (de código aberto) de aprendizado profundo como DeepMind,
Vicarious e SkyMind, extraem ideias, identificam tendências e ajustam novos algoritmos;
4. Expor: o passo final é expor os dados, como se fossem uma plataforma aberta. Dados abertos e APIs
podem ser usados para possibilitar que a comunidade de uma ExO desenvolva serviços valiosos,
novas funcionalidades e inovação sobrepostos na plataforma ao remixar os dados da ExO com seus
próprios dados. Exemplos incluem a Ford Motor Company, Uber, Rabobank, o Porto de Rotterdam,
IBM Watson, Wolfram Alpha, Twitter e Facebook.
Nem é preciso dizer que a iminente explosão de dados resultante dos bilhões e trilhões de sensores que em
breve serão implementados fará com que os algoritmos sejam um componente crítico de todos os negócios no
futuro. Levando em conta que eles são muito mais objetivos, escaláveis e flexíveis que os seres humanos, os
algoritmos não apenas são a chave para o futuro dos negócios em geral, como também são críticos para as
organizações comprometidas em conduzir o crescimento exponencial.
Ativos alavancados
A noção de alugar, compartilhar ou alavancar ativos – em vez de possuí-los – assumiu muitas
formas diferentes ao longo da história. No mundo dos negócios, a locação de tudo, desde edifícios
até máquinas, foi uma prática comum para deslocar os ativos do balanço patrimonial.
E embora a prática de não possuir ativos fosse, por décadas, um padrão para máquinas pesadas e funções
não críticas (por exemplo, copiadoras), recentemente está havendo uma tendência crescente a terceirizar até
mesmo os ativos de missão crítica. A Apple, por exemplo, alavanca as fábricas e linhas de montagem da
Foxconn, seu parceiro de produção, para as linhas de produtos-chave. Nos casos como o da Tesla, que possui
suas próprias fábricas, ou da Amazon, que tem seus próprios armazéns e serviços de entrega local, a razão
básica não é financeira; em vez disso, a força motriz é a escassez de recursos de missão crítica envolvidos,
ou porque são tão novos que agora estão totalmente desenvolvidos.
A era da informação permite agora que a Apple e outras empresas acessem os ativos físicos a qualquer
hora e em qualquer lugar, em vez de exigir que elas possuam tais ativos. A tecnologia permite que as
organizações facilmente compartilhem e ajustem os ativos não só localmente, mas também globalmente, e sem
fronteiras.
Como observamos anteriormente, o lançamento da Amazon Web Services em março de 2006 foi um ponto
de inflexão fundamental na ascensão das ExOs. A capacidade de arrendar a computação sob demanda, que
poderia se ajustar numa base de custo variável, mudou completamente a indústria de TI.
Um novo fenômeno no Vale do Silício, chamado TechShop, é outro exemplo dessa tendência. Da mesma
forma que as academias de ginástica usam um modelo de associação para agregar máquinas de exercício
caras que poucos podem ter em casa, a TechShop oferece aos assinantes o acesso ilimitado a máquinas de
produção caras por uma pequena taxa mensal (US$ 125 a US$ 175, dependendo da localização).
A TechShop não é insignificante e nem é uma novidade. O protótipo da Square, o popular dispositivo de
pagamento, por exemplo, foi feito pela TechShop. O inventor da Square não precisou comprar máquinas caras
para construir seu protótipo, ele simplesmente se associou à TechShop e alavancou os ativos sob demanda.
Atualmente, a Square processa mais de US$ 30 bilhões por ano em transações e está avaliada em mais de
US$ 5 bilhões. Empresas estabelecidas, como a GE e a Ford, também estão trabalhando com a TechShop. A
Ford lançou uma nova sede da TechShop em Detroit em 2012 e, em conjunto, as duas empresas criaram o
Programa de Incentivo de Patentes dos Colaboradores da Ford (Ford’s Employee Patent Incentive Program).
Cerca de 200 colaboradores da Ford aderiram ao programa, resultando em um aumento de 50% em ideias
patenteáveis. A GE, em conjunto com a TechShop, a Skillshare e a Quirky, lançou uma iniciativa semelhante,
no ano passado, em Chicago, chamada GE Garages.
Assim como no caso do Staff on Demand, as ExOs mantêm sua flexibilidade, precisamente por não
possuir ativos, mesmo em áreas estratégicas. Essa prática otimiza a flexibilidade e permite que a empresa se
ajuste de forma incrivelmente rápida, já que elimina a necessidade de pessoas para gerenciar esses ativos.
Assim como a Waze pegou carona nos smartphones de seus usuários, Uber, Lyft, BlaBlaCar e Sidecar
alavancaram carros subutilizados. (Se você possui um carro, ele fica vazio cerca de 93% do tempo.)
A mais recente onda de empresas sem ativos é algo chamado de Consumo Colaborativo, um conceito
evangelizado por Rachel Botsman e Roo Rogers, em seu livro, O Que É Meu É Seu: Como o Consumo
Colaborativo Vai Mudar o seu (o nosso) Mundo. O livro incrementa a filosofia de compartilhamento por
meio da criação de todos os tipos de ativos habilitados para informação, desde livros didáticos até
ferramentas de jardinagem domésticas – ativos e recursos que são abundantes e amplamente disponíveis. Uma
pesquisa conduzida pela Crowd Companies, em abril de 2014, destaca os setores em que operam as 77 das
maiores organizações nessa nova economia. Como mostra o gráfico abaixo, o varejo, o transporte e a
tecnologia são atualmente os maiores setores.
A não propriedade é, portanto, a chave para o sucesso no futuro – exceto, é claro, quando se trata de
ativos e recursos escassos. Como mencionado acima, a Tesla possui suas próprias fábricas e a Amazon seus
próprios armazéns. Quando o ativo em questão é raro ou extremamente escasso, então a propriedade é a
melhor opção. Mas se seu ativo for baseado em informação ou, de alguma forma, comoditizado, então acessar
é melhor que possuir.
Engajamento
Técnicas de engajamento do usuário, tais como sorteios, concursos, cupons, milhas aéreas e cartões
de fidelidade já existem há muito tempo. Mas, nos últimos anos, essas técnicas foram totalmente
habilitadas para informação, elaboradas e socializadas. O engajamento é constituído por sistemas
digitais de reputação, jogos e prêmios de incentivo, e oferece a oportunidade para bons ciclos de
feedback positivo – que, por sua vez, permite um crescimento mais rápido, devido a ideias mais inovadoras e
maior fidelidade do cliente e da comunidade. Empresas como Google, Airbnb, Uber, eBay, Yelp, GitHub e
Twitter alavancam diferentes mecanismos de engajamento. Nilofer Merchant, autora de dois livros sobre
colaboração e professora de administração na Santa Clara University, faz referência ao engajamento em seu
livro, 11 Rules for Creating Value in the Social Era:
• Transparência da avaliação;
• Autoeficácia (noção de controle, ação e impacto);
• Pressão dos pares (comparação social);
• Desperta emoções positivas, ao invés de negativas, para promover uma mudança de comportamento de
longo prazo;
• Feedback instantâneo (ciclos curtos de feedback);
• Regras, metas e recompensas simples e autênticas (premiar apenas os outputs e não os inputs);
• Moedas virtuais ou pontos.
Devidamente implementado, o engajamento cria efeitos de rede e ciclos de feedback positivo com um
alcance extraordinário. As técnicas de engajamento exercem um maior impacto sobre os clientes e todo o
ecossistema externo. No entanto, essas técnicas também podem ser usadas internamente com os colaboradores
para aumentar a colaboração, a inovação e a lealdade.
Para a geração do milênio, o jogo é um estilo de vida. Hoje, mais de 700 milhões de pessoas em todo o
mundo jogam games on-line – 159 milhões só nos EUA – e a maioria joga mais de uma hora por dia. Um
jovem típico acumula mais de dez mil horas de jogo ao alcançar a idade de 21 anos. Isso é quase exatamente
o tempo que as crianças passam na sala de aula durante o ensino fundamental II e o ensino médio. Jogar não é
apenas algo que os jovens fazem, é algo que em grande parte os define.
Esses números ajudam a explicar por que os pesquisadores de IA estão usando os jogos para ajudá-los a
mapear o cérebro humano. O único problema é que um pesquisador auxiliado por IA leva 50 horas para
reconstruir apenas um neurônio em 3D. O cérebro tem 85 bilhões de neurônios – o que significa que seriam
necessárias 4,25 trilhões de horas, ou 485,2 milhões de anos, para mapear totalmente o cérebro humano.
Muito linear, você não acha?
Para resolver esse problema e acelerar o processo, o EyeWire – que foi criado no MIT e lançado em
dezembro de 2012 – desenvolveu um jogo em que jogadores colorem peças em 2D para formar peças em 3D,
enquanto eles simultaneamente reconstroem neurônios. Essa tarefa muito simples para um problema muito
difícil já resultou em 130 mil pessoas de 145 países mapeando mais de 100 neurônios.
O EyeWire ilustra como uma ExO pode aplicar elementos e mecânicas de jogos em produtos e serviços
para criar experiências divertidas e envolventes, convertendo usuários em jogadores fiéis – e, durante o
processo, realizarem coisas extraordinárias. Outros jogos que utilizam essa técnica são o MalariaSpot (caçar
parasitas de malária em imagens reais), GalaxyZoo (classificar galáxias de acordo com seus formatos) e
Foldit (ajudar os bioquímicos a combater a AIDS e outras doenças ao prever e produzir modelos de
proteínas).
Como disse a autora e desenvolvedora de jogos Jane McGonigal, “Os seres humanos foram programados
para competir”.
Engajar os jogadores, no entanto, requer mais do que apenas colocar um jogo em um website e deixar os
jogadores se divertirem. “A gamificação (gamification) deve capacitar as pessoas, e não explorá-las. Você
deve se sentir bem no final do dia por ter progredido em algo que considera importante.”
Para ser bem-sucedidas, todas as iniciativas de gamificação devem alavancar as seguintes técnicas de
jogo:
• Dinâmica: motivar o comportamento por meio de cenários, regras e progressão;
• Mecânica: ajudar a alcançar objetivos por meio de equipes, competições, recompensas e feedback;
• Componentes: acompanhar o progresso por meio de missões, pontos, níveis, emblemas e coleções.
A gamificação não é utilizada apenas para enfrentar os desafios e os problemas com a ajuda de uma
comunidade; ela também pode ser usada como uma ferramenta de contratação. O Google é famoso por usar
jogos para se qualificar contratações potenciais e a Domino Pizza criou um videogame chamado Pizza Hero,
cujo objetivo é fazer a pizza perfeita de modo rápido e ordenado. Os clientes podem criar suas próprias
pizzas e depois encomendá-las, e os mais criativos são incentivados a se candidatar a empregos.
Outro uso da gamificação é melhorar a cultura interna da empresa. Karl M. Kapp pesquisou esse tema em
seu livro, The Gamification of Learning and Instruction Fieldbook: Ideas Into Practice. Um exemplo que
ele cita é o da Pep Boys, uma grande loja de varejo de reparo e manutenção de carros que tem mais de 700
filiais em 35 estados e gera US$ 2 bilhões por ano. Apesar de suas margens de lucro, a empresa descobriu
que ela sofria com muitos incidentes e acidentes relacionados com a segurança todo ano, muitos deles
resultantes de erro humano. Ela também descobriu que o roubo estava se tornando um problema crescente.
Para aumentar a conscientização sobre essas questões, a Pep Boys implementou uma plataforma chamada
Axonify, que utilizava um jogo de perguntas para educar os colaboradores sobre determinados incidentes. Os
colaboradores ganhavam prêmios pelas respostas corretas; as respostas incorretas resultavam em
informações e análises adicionais até que o material fosse totalmente dominado. A plataforma atingiu uma
taxa de participação voluntária de mais de 95% e, mesmo com o aumento de número de lojas e colaboradores
ao longo do tempo, os incidentes de segurança e pedidos de indenização caíram mais de 45%, e os erros
humanos e roubos baixaram 55%. À medida que a segurança se tornou um foco principal na Pep Boys, sua
cultura mudou completamente.
As iniciativas de gamificação podem ser criadas a partir do zero (como ilustrado pelo EyeWire), mas há
também muitas startups e empresas prestando serviços que uma organização pode simplesmente adotar e
alavancar, assim como a Pep Boys fez com a Axonify. Há uma lista de mais de 90 exemplos de empresas de
gamificação incluindo Badgeville, Bunchball, Dopamina e Comarch. As organizações também podem usar a
Work.com (uma empresa da Salesforce), na qual a gamificação está totalmente integrada, ou a Keas, que foi
criada especificamente para melhorar o bem-estar dos colaboradores.
Os concursos de incentivo são outra forma de engajamento que foi recentemente popularizada pela X
Prize Foundation e outras. Essa técnica de engajamento é normalmente utilizada para encontrar pessoas com
potencial no meio da Multidão e inseri-las na comunidade. Os concursos também são usados para desafiar,
alavancar e motivar a comunidade, a fim de incitar ideias inovadoras e potencialmente radicais. Para Peter
Diamandis, tudo começou com o Ansari X Prize, que ofereceu o prêmio de US$ 10 milhões à primeira
organização não governamental que lançasse uma nave espacial tripulada e reutilizável ao espaço, duas
vezes, no prazo de duas semanas. Vinte e seis equipes do mundo inteiro participaram e os concorrentes
incluíam desde amadores a equipes patrocinadas por grandes corporações. Em novembro de 2004, a Mojave
Aerospace Ventures ganhou o prêmio com sua nave espacial SpaceShipOne. A Virgin Galactic está usando os
sucessores desse projeto para permitir o voo espacial comercial, cuja passagem custará US$ 250 mil, e está
previsto para o final de 2014.
Depois do sucesso do Ansari X Prize, mais X Prizes foram criados. Uma das ofertas atuais da X Prize é o
Qualcomm Tricorder X Prize, que vai pagar o prêmio de US$ 10 milhões à primeira equipe que, com um
dispositivo handheld de diagnóstico médico, superar o desempenho de dez médicos certificados. Atualmente,
21 equipes estão competindo pelo grande prêmio. A HeroX, um desdobramento da X Prize lançado
recentemente, leva esse modelo um passo adiante, permitindo que as empresas criem seus próprios desafios
por meio da plataforma HeroX para resolver os desafios locais e globais.
Um prêmio de incentivo cria uma meta clara, mensurável e objetiva, e oferece uma recompensa em
dinheiro para a primeira equipe que alcançar essa meta. A vantagem que essas competições oferecem é sua
capacidade de gerar uma enorme alavancagem e eficiência. Os prêmios de incentivo também são ferramentas
que podem ser usadas por indivíduos, startups, governos e médias e grandes empresas, mas eles são os
únicos que permitem que equipes pequenas ou inovadores isolados iniciem ou transformem as indústrias. Ao
explorar o desejo humano profundamente enraizado de competir, essas competições incentivam as equipes a
se esforçarem ao máximo. Na maioria dos casos, os concursos de incentivo também têm metas de crescimento
incorporadas, o que significa que exigem pensamento inovador e produtos revolucionários para ganhar.
Talvez o efeito colateral mais importante do concurso de incentivo seja a inovação periférica que ela cria,
à medida que inúmeros concorrentes competem para alcançar um objetivo comum. Tais inovações podem
galvanizar uma empresa ou uma indústria inteira, impulsionando-a para frente em um ritmo sem precedentes.
De 2008 a 2011, Yuri van Geest e a Vodafone Netherlands (e mais tarde, a Vodafone Group) criaram e
executaram o maior concurso de startups de internet móvel do mundo, o Vodafone Mobile Clicks, com
prêmios superiores a US$ 300 mil. A competição foi lançada na Holanda e cresceu rapidamente com a
inclusão de um total de sete países europeus. O Mobile Clicks permitiu que a Vodafone se envolvesse não só
com mais de 900 startups de internet móvel, mas também com a comunidade móvel local de cada um desses
países. Durante esse processo, o que começou como um concurso externo teve seu foco direcionado para uma
interface interna que forneceu à Vodafone oportunidades de financiamento e aquisição de ideias, identificar
talentos e obter candidatos. O “concurso” da Vodafone tornou-se uma forma de capital de risco corporativo e
que se transformou com êxito no programa de incubadora/aceleradora de startups, a Startupbootcamp (SBC),
expandindo por toda a Europa.
As competições de incentivo não são novidade, afinal, o voo solo sem escalas de Charles Lindberg
atravessando o Oceano Atlântico em 1927 foi exatamente em busca de tais prêmios; na verdade, sua biografia
inspirou Peter Diamandis a criar o X Prize. Outro programa de incentivo bem conhecido, projetado para
aumentar o engajamento, é o velho “Funcionário do Mês”.
Até recentemente, no entanto, os programas de incentivo eram raramente utilizados para motivar a
criatividade e a produtividade dentro das comunidades e multidões.
Outro efeito positivo do engajamento, principalmente quando se trata de gamificação, é o treinamento. A
complexidade de alguns dos jogos de hoje oferece uma excelente educação em habilidades de liderança e
trabalho em equipe. Na verdade, Joi Ito observou que tornar-se um guild master eficaz no jogo World of
Warcraft é equivalente a um curso de liderança de imersão total.
Realmente, o que parece ser a ferramenta menos importante em programa de envolvimento de usuários e
colaboradores de uma empresa muitas vezes acaba sendo uma das ferramentas mais poderosas para encontrar
e treinar o pessoal necessário para alcançar um nível mais alto.
Embora seja uma questão relativamente secundária, em se tratando de empresas tradicionais, o
engajamento é fundamental para as ExOs. Ele é um elemento fundamental para o dimensionamento da
organização em relação à Comunidade e Multidão e para a criação de efeitos de rede externos. Não importa o
quanto seu produto ou premissa seja promissor, a menos que uma ExO seja capaz de otimizar o engajamento
de sua Comunidade e Multidão, ele irá definhar e desaparecer.
Paixão e propósito. Começamos este capítulo essencialmente fazendo duas perguntas: O que dá
significado à organização? O que compele os colaboradores, clientes e até mesmo os membros do público em
geral a dedicar-se ao sucesso da empresa? Essas questões tornam-se ainda mais vitais quando falamos sobre
as Organizações Exponenciais, já que suas taxas extraordinárias de crescimento, combinadas com uma forte
dependência de suas comunidades para ajudá-las a concretizar suas visões, exigem um nível de compromisso
sem precedentes de um conjunto mais amplo de partes interessadas – indivíduos que tradicionalmente tinham
apenas uma tênue ligação com a empresa.
Embora seja frequentemente encontrado em grupos musicais e equipes esportivas, tal compromisso é
raramente visto no mundo corporativo. Há, no entanto, algumas estrelas de rock corporativas. A mais famosa
de todas é a Apple. O exército da Apple de milhões de verdadeiros seguidores, que faz fila para comprar
seus produtos, cria blogs sobre a empresa e seus produtos, cola adesivos da Apple nas janelas de seus carros,
e defende veementemente a empresa contra os hereges e apóstatas da Apple, é um exemplo paradigmático de
uma comunidade corporativa vibrante, complexa e poderosa.
Obviamente, criar esse tipo de comunidade requer um grande produto e uma visão cativante. Mas também
exige uma boa quantidade de tempo. Levou oito anos após a introdução do Macintosh para que a Apple
Computer se tornasse um fenômeno, e mais 16 anos para que a empresa atingisse seu status de ícone cultural.
As Organizações Exponenciais não têm todo esse tempo. E também têm poucas chances de ter um líder
carismático como Steve Jobs. Em vez disso, elas devem avançar de forma rápida e sistemática, utilizando
técnicas e ferramentas comprovadas. Neste capítulo, nós oferecemos ambos: o PTM, para provocar um forte
envolvimento de todas as partes interessadas em uma cruzada para alcançar uma meta maior e cativante; e os
componentes de SCALE, para formar e engajar a Comunidade e a Multidão, para usar o Staff on Demande os
Ativos Alavancados, e para alavancar os Algoritmos.
Esses atributos são substitutos perfeitos para o carisma e a genialidade? Não, mas eles estão muito mais
disponíveis e muito menos sujeitos ao acaso. Eles também são muito mais gerenciáveis. O melhor de tudo é
que a combinação de PTM e SCALE pode ser aplicada a qualquer organização, grande ou pequena.
Agora que já abordamos os atributos externos de uma ExO, no próximo capítulo examinaremos os
atributos internos, para ver como uma organização gerencia o caos e evita sua desintegração enquanto avança
em alta velocidade.
Principais lições:
1 <www.gov.uk/government/publications/g8-factsheet-social-investment-and-social-enterprise/g8-factsheet-social-investment-and-social-enterprise>.
2 <www.sustainablebrands.com/news_and_views/articles/sustainability-reporting-among-sp-500-companies-increases-dramatically>.
3 <www.bcgperspectives.com/content/articles/consumer_ insight_marketing_millennial_consumer/<.
4 Lista completa de todos os vieses cognitivos: <en.wikipedia.org/wiki/list_of_cognitive_biases>.
CAPÍTULO 4
total de output a ser processado quando os elementos SCALE são alavancados exige que os mecanismos
O de controle interno de uma ExO sejam gerenciados com cuidado e de forma eficiente. Por exemplo, um
Prêmio X gera centenas de ideias que precisam ser avaliadas, catalogadas, classificadas e priorizadas. Com
um output exponencial, a organização interna tem de ser extremamente robusta, precisa e devidamente
ajustada para processar todos os inputs. Como resultado, as Organizações Exponenciais são muito mais do
que aparentam ser para o mundo exterior, ou como elas se comportam com os clientes, comunidades e outras
partes interessadas. Elas também têm operações internas distintas que abrangem tudo, desde suas filosofias
de negócios à forma como os colaboradores interagem uns com os outros, como medem seu desempenho (e o
que elas valorizam nesse desempenho) e até mesmo suas atitudes em relação ao risco – na verdade,
especialmente suas atitudes em relação ao risco.
E da mesma forma que os atributos externos da Organização Exponencial podem estar contidos na sigla
SCALE, os mecanismos internos de uma ExO também podem ser expressos com a sigla IDEAS:
• Interfaces;
• Dashboards;
• Experimentação;
• Autonomia;
• Tecnologias Sociais.
Mais uma vez, examinaremos cada um deles.
Interfaces
As interfaces são processos de filtragem e comparação pelos quais as ExOs ligam as externalidades
de SCALE às estruturas de controle interno de IDEAS. Eles são algoritmos e fluxos de trabalho
automatizados que roteiam o output das externalidades de SCALE para as pessoas certas no
momento certo, internamente.
Em muitos casos, esses processos começam de forma manual e gradualmente se tornam automatizados. No
final, porém, eles se tornaram plataformas de autoprovisionamento que permitem a expansão da ExO. Um
exemplo clássico é o AdWords do Google, que agora é um negócio de multibilionário dentro do Google. A
chave para sua escalabilidade é o autoprovisionamento – ou seja, a interface para um cliente do AdWords foi
completamente automatizada, de tal forma que não há envolvimento manual.
No capítulo anterior, apresentamos a Quirky, uma empresa de CPG conhecida por transformar uma ideia
em um produto nas prateleiras das lojas, em menos de um mês. A empresa alavanca uma comunidade de mais
de um milhão de inventores, todos ansiosos para colocar suas ideias no mercado. Como resultado, a Quirky
teve de desenvolver processos e mecanismos especiais para gerenciar, classificar, filtrar e engajar essa vasta
comunidade. As interfaces, como a utilizada pela Quirky, ajudam as ExOs a filtrar e processar os outputs dos
atributos externos (SCALE) de um modo sistemático e automático para a organização central. A utilização de
interfaces resulta em processos mais eficazes e eficientes, reduzindo a margem de erro. À medida que
crescem exponencialmente como uma empresa, as interfaces são críticas para uma organização que deseja
expandir sem interrupções, especialmente em um nível global.
O mesmo é verdadeiro para outras empresas que coordenam dados e supervisionam tudo, desde prêmios
até recursos humanos. A Kaggle tem seus próprios mecanismos exclusivos para gerenciar seus 200 mil
cientistas de dados. A X Prize Foundation criou mecanismos e equipes dedicadas para cada um de seus
prêmios. O TED possui diretrizes rígidas que ajudam seus muitos eventos “franqueados” ao redor do mundo,
os TEDx, a apresentar resultados consistentes. E a Uber tem suas próprias maneiras de lidar com seu exército
de motoristas.
A maioria desses processos de interface é única e de propriedade exclusiva da organização que os
desenvolveu, e, como tal, compreende um tipo único de propriedade intelectual que pode ter um valor
considerável no mercado. As ExOs dispensam uma considerável atenção às interfaces e uma grande dose de
design baseado no ser humano é exercida sobre esses processos, a fim de otimizar cada instanciação.
À medida que esses novos processos evoluem e se tornam mais poderosos, eles normalmente se
caracterizam pelo alto grau de instrumentação e pelo tipo de coleta de metadados que alimenta os dashboards
da empresa (que descreveremos na próxima seção).
Eventualmente, as interfaces costumam se tornar as características internas mais distintivas de uma ExO
plenamente realizada. Há uma boa razão para isso: nos picos de produtividade, as interfaces emancipam a
administração de seus atributos externos de SCALE – especialmente Staff on Demand, ativos alavancados,
Comunidade e Multidão. Sem essas interfaces a ExO não pode se expandir, o que as torna cada vez mais
críticas.
Provavelmente, o exemplo atual mais dramático de uma interface é a App Store da Apple, que agora
contém mais de 1,2 milhão de apps que foram baixados 75 bilhões de vezes. A Apple tem cerca de nove
milhões de desenvolvedores dentro desse ecossistema, que ganharam mais de US$ 15 bilhões.
Para gerenciar esse ambiente único, a interface da Apple é composta por um conselho editorial interno
que veta novas aplicações e mudanças solicitadas, bem como recomendações de outros colaboradores, que
compõem uma rede informal. Novos produtos e políticas são anunciadas na WWDC - Worldwide Developers
Conference (conferência mundial de desenvolvedores) e a Apple usa um algoritmo sofisticado para ajudar a
determinar quais apps estão liderando em suas categorias e quais devem ser exibidos na página inicial de seu
site. Como seria de esperar, esse processo é exclusivo da Apple, como é a maioria das interfaces nas ExOs.
Elas não são ensinadas nos cursos de administração, e não há especialistas que explicam como criá-las. No
entanto, são as alavancas fundamentais pelas quais qualquer ExO consegue se expandir. A tabela a seguir
mostra algumas ExOs e suas interfaces:
Uma última consideração sobre as interfaces é que elas ajudam a gerenciar a abundância. Enquanto a
maioria dos processos é otimizada em torno da escassez e da eficiência, os elementos SCALE geram grandes
conjuntos de resultados, ou seja, as interfaces são voltadas para a filtragem e a correlação. Como um
exemplo, lembre-se que o prêmio da Netflix gerou 44.104 inscrições que precisaram ser filtradas,
classificadas, priorizadas e pontuadas.
Dashboards
Conforme as enormes quantidades de dados de clientes e colaboradores vão se tornando
disponíveis, as ExOs precisam de uma nova maneira de medir e de gerenciar a organização: um
dashboard adaptável e em tempo real, com todas as métricas essenciais dos colaboradores da
empresa, acessíveis a todos na organização.
No início da década de 1990, o padrão da indústria das gigantes do varejo, como Sears e Kmart, era
agrupar diariamente as transações de ponto de venda de todas as caixas registadoras. Alguns dias depois, um
centro regional registraria os resultados de várias lojas. Algumas semanas depois, um comprador no
escritório central examinaria os totais para determinar quantas caixas de Pampers a empresa precisaria pedir
em sua próxima compra.
O Walmart derrubou esse modelo – e nesse processo revolucionou o varejo – com o lançamento do seu
próprio satélite geoestacionário e o rastreamento de transferências de estoque e cadeia de suprimentos em
tempo real. Ele esmagou a concorrência, superando sistematicamente as outras cadeias em 15% – uma
margem competitiva descomunal no varejo. Sears e Kmart jamais se recuperaram totalmente.
Sempre houve uma tensão criada pela necessidade de equilibrar a instrumentação e a coleta de dados com
a gestão da empresa. Coletar estatísticas internas de progresso exige tempo, esforço e caros recursos de TI. É
por isso que o acompanhamento dos resultados costumava ser feito anualmente ou, na melhor das hipóteses,
trimestralmente.
As startups de hoje (assim como as empresas mais maduras) estão alavancando a banda larga sem fio, a
internet, sensores e a nuvem para monitorar esses mesmos dados em tempo real. Will Henshall, fundador e
CEO da fascinante startup focus@will, que transmite música “antidistração“ e sons para ajudar os usuários a
se concentrar, instrumentou seu negócio quase que completamente. Estão incorporadas em suas operações as
seguintes métricas, que rastreiam dados em tempo real:
• Total de usuários;
• Novos visitantes no último dia;
• Número total de usuários pessoais;
• Registros de novos usuários pessoais no último dia;
• Porcentagem de novos usuários pessoais em relação a novos visitantes no último dia;
• Total de assinantes Pro;
• Novos assinantes Pro no último dia;
• Porcentagem de novos assinantes Pro em relação a novos usuários pessoais no último dia;
• Total de recibos;
• Recibos nos últimos 30 dias;
• Recibos no último dia.
Para um executivo de apenas 20 anos atrás, essa seria uma lista impressionante de medições – quase além
da imaginação. Mas a qualidade dessa lista é ainda mais impressionante do que sua quantidade. Ela oferece
métricas sobre o comportamento do cliente, exatamente como a informação armazenada na cabeça de um
lojista dos velhos tempos sobre as necessidades e desejos de cada um dos clientes em sua pequena cidade –
mas em uma escala global. E a quantidade de informações armazenadas só deverá crescer a cada ano, mesmo
enquanto as análises de big data para processar essas informações vão melhorando com o tempo.
E tem mais. Hoje estamos vendo uma abordagem diferente para a coleta de dados em relação ao passado.
As tradicionais métricas de vaidade (vanity metrics) – estatísticas, como o número de visitantes ou de
downloads de apps), estão sendo substituídas por métricas de valor real, incluindo o uso repetido, o
percentual de retenção, monetização e o Net Promoter Score (NPS). Esse foco emergente nos indicadores-
chave de desempenho (Key Performance Indicator – KPI) de valor real está sendo criado com base no
popular movimento da startup enxuta (ver Experimentação).
Ao mesmo tempo em que a instrumentação das empresas está acelerando, uma transformação semelhante
também está ocorrendo no âmbito do colaborador individual e no acompanhamento de desempenho de
equipes. A temida avaliação anual de desempenho é desmotivadora para a maioria dos colaboradores,
especialmente para os mais talentosos, por causa do longo tempo de espera entre a realização e o
reconhecimento. Durante esse intervalo, há o risco de que os melhores colaboradores fiquem frustrados e
aborrecidos e saiam da empresa – o que custa às empresas de rápido crescimento as pessoas de que menos
podem se dar ao luxo de perder.
Em resposta, muitas ExOs estão adotando o método dos Objetivos e Resultados-Chave (OKR –
Objectives and Key Results). Inventado na Intel pelo CEO Andy Grove e levado ao Google pelo capitalista
de risco John Doerr, em 1999, os OKRs acompanham as metas individuais, das equipes e da empresa e
expõem os resultados de uma forma aberta e transparente. Em High Output Management, o manual altamente
conceituado de Grove, ele introduziu os OKRs como a resposta a duas perguntas simples:
Além da Intel e do Google, outras empresas de rápido crescimento que utilizam o sistema incluem
LinkedIn, Zynga, Oracle, Twitter e Facebook.
Um programa de OKRs, como o próprio nome sugere, opera ao longo de dois trajetos. Um objetivo, por
exemplo, poderia ser “aumentar as vendas em 25%”, juntamente com “formar duas parcerias estratégicas” e
“conduzir uma campanha de AdWords “ como sendo os resultados-chave desejados. Os OKRs envolvem
foco, simplicidade, ciclos de feedback (mais) curtos e transparência. Como resultado, insights e melhorias
são mais fáceis de ver e implementar. Em contraste, a complexidade, o sigilo e objetivos amplos tendem a
impedir o progresso, muitas vezes resultando em consequências imprevisíveis. Como diz Larry Keeley,
presidente e cofundador da empresa de estratégia de inovação Doblin Group: “A verdade é que há cerca de
65 métricas diferentes para a inovação. Nenhuma empresa precisa de todas elas. Você precisa de uma meia
dúzia. Você precisa escolher a meia dúzia correta, contextualmente, para realizar o que você está tentando
alcançar estrategicamente”.
Algumas características dos OKRs:
• Os KPIs são determinados de cima para baixo (top-down), enquanto OKRs são determinados de baixo
para cima (bottom-up);
• Os Objetivos são o sonho; os Resultados-chave são os critérios de sucesso (ou seja, uma forma de
medir o progresso gradual em direção ao objetivo);
• Os Objetivos são qualitativos e os Resultados-chave são quantitativos;
• Os OKRs e as avaliações de colaboradores não são a mesma coisa;
• Os OKRs envolvem as metas da empresa e como cada colaborador contribui para essas metas. As
avaliações de desempenho – que só dizem respeito à avaliação de como um colaborador se
desempenhou em um determinado período – são independentes dos OKRs;
• Os objetivos são ambiciosos e dão uma sensação de desconforto.
(Em geral, até cinco objetivos e quatro Resultados-chave por iniciativa é o mais eficiente, e os
Resultados-chave devem ter uma taxa de realização de 60% a 70%; caso contrário, as metas estão muito
baixas.)
As ExOs levam essa técnica muito mais a sério. Muitas estão implementando OKRs de alta frequência –
ou seja, uma meta por semana, por mês ou por trimestre para cada indivíduo ou equipe dentro de uma
empresa.
Os resultados científicos da neurociência, gamificação e economia comportamental têm demonstrado a
importância da especificidade e do feedback frequente para conduzir mudanças comportamentais e,
eventualmente, causar um impacto. A especificidade e ciclos de feedback rápidos energizam, motivam e
aumentam o moral e a cultura da empresa. Como resultado, uma série de serviços, incluindo OKR Hub,
Cascade, Teamly e 7Geese, foi criada para ajudar as empresas a acompanhar esses indicadores.
No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer, especialmente para além do mundo das startups, e
isso é verdade mesmo para os centros de alta tecnologia do mundo. Fabio Troiani, diretor-executivo da
Business Integration Partners, uma empresa de consultoria global com sede na Itália, observa que os OKRs
ainda são algo especial até mesmo no Vale do Silício. Ele relata que das 100 grandes corporações na Europa
e América do Sul com as quais ele está familiarizado nenhuma usa OKRs.
Enquanto isso, os dashboards de métricas de valor, utilizados em conjunto com os OKRs, estão se
tornando o verdadeiro padrão para medir as ExOs – tudo, desde a empresa como um todo até as equipes e
colaboradores individuais. No Google, por exemplo, todos os OKRs são completamente transparentes e
públicos dentro da empresa.
Além disso, os colaboradores de gerações mais recentes têm experimentado um condicionamento
diferente em termos de medições e ciclos de feedback em comparação com as gerações mais antigas. Por
exemplo, dentro do jogo altamente popular do World of Warcraft existem dashboards semelhantes aos OKRs
e métricas enxutas com ciclos de feedback curtos.
Uma boa analogia para o benefício dos OKRs de ciclo rápido são os telefones celulares. Nos últimos 15
anos, o e-mail instantâneo e a conectividade ininterrupta oferecida pelos telefones celulares melhoraram
drasticamente a velocidade da tomada de decisão e a duração das conversas. Os OKRs fazem o mesmo para
as organizações.
Por que os dashboards são fundamentais para os ExOs? Porque o crescimento acelerado exige que a
instrumentação das avaliações do negócio, dos indivíduos e da equipe seja integrada e executada em tempo
real, até porque os pequenos erros podem crescer muito rapidamente. Sem ambas as funções estabelecidas,
uma empresa está sujeita a perder o foco e retornar às métricas de “vaidade” ou ter KPIs equivocados para as
equipes. Ou ambos.
Como mencionado no início do capítulo, estruturas rígidas de controle são fundamentais para gerenciar o
hipercrescimento. Dashboards em tempo real e OKRs são elementos-chave dessa estrutura de controle.
Interfaces
Definimos a experimentação como a implementação da metodologia da startup enxuta de
pressupostos de testes e experimentando constantemente com riscos controlados.
De acordo com o CEO da Zappos Tony Hsieh, “Uma grande marca ou empresa é uma história
que nunca deixa de ser contada”. Ou seja, é fundamental evoluir e experimentar continuamente. Bill Gates
leva a ideia de Hsieh um passo adiante: “O sucesso é um péssimo professor. Ele induz pessoas inteligentes a
achar que não podem perder”.
Em um discurso recente na Singapore Management University, John Seely Brown defendeu uma ideia
convincente de que todas as arquiteturas corporativas foram definidas para resistir ao risco e à mudança.
Além disso, segundo ele, todos os esforços de planejamento corporativo tentam aumentar a eficiência e a
previsibilidade, ou seja, eles trabalham para criar ambientes estáticos – ou pelo menos de crescimento
controlado – na crença de que reduzirão o risco.
Mas no mundo em rápida mudança de hoje, Seely Brown continuou: “o oposto é verdadeiro”. Mark
Zuckerberg concorda, ressaltando que: “O maior risco é não correr nenhum risco”. A constante
experimentação e a iteração de processos são agora as únicas maneiras de reduzir o risco. Um grande número
de ideias bottom-up, devidamente filtradas, sempre supera o pensamento top-down, não importa o setor ou a
organização. Seely Brown e Hagel chamam isso de “aprendizagem escalável” e, considerando as taxas de
crescimento das ExOs, é a única estratégia possível para eles. Nos melhores casos, as ExOs apresentam
ambos – ou seja, as ideias são desenvolvidas de baixo para cima e recebem aceitação/ratificação/suporte do
topo. No final, vencem as melhores ideias, independentemente de quem as propôs.
Em um esforço para dar um pontapé inicial nesse tipo de pensamento, a Adobe Systems lançou
recentemente o KickStart Innovation Workshop. Os colaboradores participantes recebem uma caixa vermelha
contendo um guia de inicialização passo a passo e um cartão de crédito pré-pago com mil dólares em capital
semente, e 45 dias para experimentar e validar ideias inovadoras. Embora eles tenham acesso ao treinamento
por alguns dos melhores inovadores da empresa, o resto é por conta deles. Em 2013, 900 dos 11 mil
colaboradores da Adobe participaram do workshop. A abordagem da Adobe não só estimula a
experimentação, como também estabelece um funil mensurável pelo qual as ideias e conceitos promissores
podem ser identificados e perseguidos de forma sistêmica e comparável.
Muitas outras empresas também estão explorando a experimentação – não apenas em pequenos
departamentos, mas também nos processos principais. Isso não é, no entanto, um conceito totalmente novo. Os
japoneses há muito tempo têm seguido a prática do kaizen: a melhoria contínua como uma técnica fundamental
de gerenciamento de processos. A única diferença entre a aprendizagem escalável e o kaizen é o uso de novas
e mais avançadas ferramentas orientadas a dados tanto on-line quanto off-line, para testar hipóteses de
segmentos de clientes, casos de uso (use cases) e soluções.
A Apple utilizou uma espécie de kaizen para lançar sua a primeira loja de varejo, o que foi considerada
uma medida de alto risco na época. Após trazer Millard Drexler, o CEO da Gap Inc., para seu conselho, a
Apple contratou Ron Johnson (que, como vice-presidente de merchandising, ficou famoso ao elevar a
imagem da Target acima da mais sofisticada Kmart) para gerenciar as novas operações de varejo. Com seu
conhecimento conjunto, os dois criaram um protótipo da loja e, em seguida, testaram e revisaram com base
em dados de clientes e feedback. A Apple continuou a iteração até que obtiveram validação suficiente para
lançar sua primeira Apple Store no norte da Virgínia em 15 de maio de 2001. Com o sucesso do conceito, a
Apple expandiu agressivamente; a empresa tem atualmente 425 lojas em 16 países.
Essa técnica é conhecida popularmente como o movimento da startup enxuta, criado por Eric Ries e Steve
Blank e baseado no livro de Ries de mesmo nome. A filosofia da startup enxuta (também conhecido como
lean launchpad) é por sua vez baseada nos princípios do lean manufacturing da Toyota, estabelecido pela
primeira vez há meio século, em que a eliminação de processos ineficientes é fundamental. (Um dos
princípios: “Eliminar todas as despesas com qualquer meta que não seja a criação de valor para o cliente
final.”)
Abordagem Lean
O conceito de startup enxuta também recebeu incentivo no livro de Steve Blank, The Four Steps to the
Epiphany, que se concentra no desenvolvimento do cliente. (Um dos conceitos: “Nós não sabemos o que o
cliente quer até que suposições sejam validadas”.) A mensagem mais importante do movimento da startup
enxuta é “falhar rápido e com frequência, enquanto elimina o desperdício”. Sua abordagem à inovação
prática pode ser resumida como nova, científica, orientada a dados, iterativa e altamente orientada ao cliente,
que é utilizada por startups, empresas de médio porte, corporações e até governos. Para ilustrar a forma como
esse credo pode ter um impacto tão positivo sobre uma empresa, compare-o com o método tradicional de
desenvolvimento de produtos, também conhecido como modelo em cascata.
Como mencionado no Capítulo 2, a abordagem em cascata tradicional de desenvolvimento de produtos é
um processo linear (na maioria das vezes, referido como NPD ou New Product Development) que utiliza
passos sequenciais, tais como a geração de ideias, triagem, design de produto, desenvolvimento e
comercialização. Esse processo não só desperdiça uma grande quantidade de tempo precioso, mas resulta em
novos produtos que não satisfazem – ou não mais satisfazem, já que o mercado está mudando tão rapidamente
– as necessidades do cliente, culminando em um produto que ninguém quer. Inevitavelmente, são gastos ainda
mais tempo e dinheiro para adaptar o produto para atender ao cliente. Um processo que, mais uma vez, leva
muito tempo, enquanto o mercado continua seguindo em frente.
No final, é claro, o produto é um fracasso. Em suma, o NPD tornou-se um processo em que o pensar e o
fazer são separados por um longo período de tempo e o feedback com base em dados e no comportamento do
cliente chegam muito tarde ao processo de desenvolvimento. Como Nassim Taleb explica, “O conhecimento
oferece uma pequena vantagem, mas a experimentação (tentativa e erro) é o equivalente a mil pontos de QI.
Foi a experimentação que permitiu a Revolução Industrial”. A título de comparação, considere o mesmo
cenário utilizando o método da startup enxuta.
A empresa primeiramente pesquisa as necessidades do cliente. Em seguida, realiza um experimento para
saber se o produto proposto corresponde a essas necessidades. Valendo-se de dados quantitativos e
qualitativos, a empresa tira uma conclusão baseada em uma série de perguntas bem ponderadas:
Esse processo de aprendizado constante pode ser realizado em apenas algumas semanas ou meses, a um
custo mínimo. O melhor de tudo é que geralmente fica claro logo no início se um produto está fadado ao
fracasso. Podemos examinar a questão dessa forma: quando você passa do ponto A ao ponto B, você enxerga
o ponto C, mas não enxerga o ponto C do ponto A. A iteração/experimentação é o único caminho.
Como Eric Ries explica, “A regra moderna da concorrência é: aquele que aprende mais rápido, ganha”. A
maioria dos mercados digitais tem os maiores vencedores devido aos efeitos de rede. Isto faz com que uma
cultura de experimentação contínua seja ainda mais importante.
A Martin Trust Center for MIT Entrepreneurship utiliza um processo de startup enxuta para a inovação
empresarial que é semelhante ao utilizado pela Adobe. É o chamado método 5x5x5x5 (54). Cinco equipes
corporativas com cinco membros competem por cinco semanas (um ou dois dias por semana), gastando não
mais que US$ 5 mil para produzir uma inovação. O orçamento é ideal para testar os pressupostos com
clientes reais de um determinado segmento, o problema do cliente (caso de uso) e a solução (conceito de
inovação), utilizando diferentes métodos on-line e off-line.
Após cinco semanas, cada equipe apresenta seu resultado, que é uma combinação de conceito, análise
competitiva, quadro de modelo de negócio (business model canvas) e aprendizagem validada (validated
learning) com base em diferentes experimentos ou produtos viáveis mínimos (Minimal Viable Products -
MVPs). Em resumo, é um processo científico orientado a dados com solução ajustada ao problema (problem-
solution fit) e produto ajustado ao mercado (product-market fit) para a ideia inovadora que maximiza o
aprendizado e acelera o processo de desenvolvimento de produtos – requisitos essenciais para um mundo em
rápida mudança. Nada mal para um trabalho de pouco mais de um mês.
Maria Mujica, que dirige a unidade de inovação Fly Garage, criada há dois anos, para a Mondelez
International, uma empresa de produtos de confeitaria, usa a Experimentação para realizar “Garagens” de
vários dias com o objetivo de criar novos compromissos de marca. Grupos de livres pensadores de dentro e
fora da organização são convidados a participar em um ambiente sem fronteiras. Os passos seguintes
constituem uma experiência de “Garagem”:
Resultados fascinantes foram produzidos nas Garagens, incluindo o “Traffic Karaoke in Bogota” e uma
máquina de venda automática, onde os usuários pagam com sua fome (que é medida por um sensor ingerido).
O Fly Garage equilibra muito bem a repetibilidade de procedimentos corporativos com resultados altamente
criativos – um santo graal para qualquer organização. Mujica também dominou outro equilíbrio
tradicionalmente difícil: gestão top-down com a criatividade bottom-up e de pouca ou nenhuma tensão
cultural.
Um pré-requisito final e crítico para a experimentação é a disposição a falhar. Trinta anos atrás, Regis
McKenna, um pioneiro de marketing do Vale do Silício, foi o primeiro a notar que, embora tivesse uma
reputação de ser bem-sucedido, o Vale foi, na verdade, construído sobre o fracasso – ou, mais precisamente,
sobre uma disposição para aceitar e até mesmo recompensar um “bom” fracasso.
Infelizmente, dentro do ambiente corporativo tradicional, uma falha, na maioria das vezes, ainda resulta
em consequências que afetam carreiras, devido aos longos tempos de aprovisionamento e grandes
investimentos. Isso, naturalmente, reduz o apetite ao risco. Ao mesmo tempo, o viés de custos irrecuperáveis
(o impulso recebido pelos projetos devido unicamente ao dinheiro já investido) também entra em ação. Em
pouco tempo, a empresa pode acabar gastando ainda mais dinheiro no lançamento de um produto condenado,
apesar de os dados claramente indicarem seu fracasso. Lembra-se do caso dos telefones móveis da Iridium?
E do caso Navteq-Waze? Além disso, considere o lema bem-conhecido da NASA: “O fracasso não é uma
opção”. Embora nobre e inspirador, ele foi, em última análise, uma sentença de morte para a exploração.
Quando o fracasso não é uma opção, você acaba ficando com uma inovação segura e incremental, sem
avanços radicais ou inovações disruptivas.
Ao integrar a experimentação como um valor básico e adotando abordagens como a startup enxuta, os
fracassos da empresa – enquanto ainda aceitos como uma parte inevitável do risco – podem ser rápidos e
relativamente indolores e informativos. O Google, por exemplo, é particularmente bom na experimentação: se
um produto não estiver cumprindo seus objetivos e os recursos puderem ser mais bem aproveitados em outros
lugares, o produto é descontinuado. As recriminações são limitadas, a empresa se recupera rapidamente e os
trabalhadores envolvidos nunca sofrem consequências que afetam suas carreiras.
Algumas empresas até começaram a comemorar o fracasso a fim de neutralizar o que elas consideram uma
resistência cultural de seus colaboradores à própria ideia do fracasso. Por exemplo, o prêmio Heroic Failure
(fracasso heroico) da Procter & Gamble homenageia o colaborador ou a equipe que teve o maior fracasso
que gerou a maior descoberta. Da mesma forma, a Tata oferece anualmente o prêmio Dare To Try (ouse
tentar), que reconhece os gestores que assumiram o maior risco. Só em 2013, o prêmio atraiu mais de 240
inscrições.
Isso não significa, é claro, que qualquer falha ou erro é encorajado ou celebrado. Mas, se uma equipe
estiver operando dentro dos modelos estratégicos, comerciais, éticos e legais e evitando recriar os velhos
erros, uma falha pode e deve ser comemorada pelo aprendizado que tal experimentação oferece. Uma
filosofia conhecida no Vale do Silício defende que é fundamental distinguir um “bom” fracasso – que ocorreu
pelas razões certas e que produz resultados úteis – de um “mau” fracasso – e mesmo de um “mau sucesso”
que foi causado mais pela sorte do que pela realização – e, em seguida, recompensá-lo adequadamente.
O fracasso não só libera as pessoas, as ideias e o capital para o aprendizado e avanços futuros, mas
também é importante notar que, embora raramente reconhecido, uma cultura corporativa que aceita o fracasso
beneficia-se de uma menor tensão interna, na forma de disputas de poder e atribuição de culpa, graças à
confiança, transparência e franqueza.
Existem algumas limitações para a abordagem da startup enxuta, incluindo a ausência de análise da
concorrência ou considerações em relação ao processo de design. Além disso, é importante notar que é muito
mais simples falhar em ambientes baseados em informação e software porque a iteração é muito mais fácil.
Para uma empresa de hardware, é muito mais difícil fazer uma iteração. A Apple somente lança um hardware
quando ele está perfeito. Você não gostaria de repetir e falhar várias vezes se estiver construindo um reator
nuclear.
Como Nathan Furr e Jeff Dyer afirmaram em seu novo livro, The Innovator’s Method: Bringing the Lean
Start-up into Your Organization: “Não tente produzir antes de dominar o processo”.
Autonomia
Descrevemos a Autonomia como equipes auto-organizadas e multidisciplinares que operam com
uma autoridade descentralizada. A Valve Software, uma empresa de jogos, é uma iniciativa
incomum. Ela tem 330 colaboradores, mas não possui estrutura gerencial clássica, cadeias
hierárquicas, descrições de trabalho ou reuniões regulares. Em vez disso, a empresa contrata pessoas
talentosos, inovadoras e com iniciativa, que decidem de quais projetos desejam participar. Eles também são
incentivados a iniciar novos projetos, desde que se enquadrem no PTM da empresa. A autonomia é um pré-
requisito para a inovação sem permissão (permissionless innovation).
A autonomia extrema – contar com equipes pequenas, independentes e multidisciplinares – tem funcionado
bem para a Valve. Ela possui a maior receita por colaborador que qualquer outra empresa de jogos, e sua
abordagem permite que todos os colaboradores possam mudar de função ou atividade. Esse estilo
organizacional também cria uma cultura sociável, aberta e confiante com uma equipe altamente satisfeita. Na
verdade, a empresa confia tanto em sua maneira de fazer negócios que seu manual do colaborador é de código
aberto e disponível a qualquer pessoa, incluindo os concorrentes.
A Valve não está sozinha na criação de novos modelos organizacionais a fim de aumentar o desempenho.
Sua abordagem para a autonomia é semelhante ao MIT Media Lab: ambas são organizações impulsionadas
pela paixão, onde os colaboradores e alunos têm a liberdade de lançar seus próprios projetos ou escolher um
projeto em andamento. Alguns projetos são até mesmo iniciados com parceiros externos com o único
propósito de colaborar com ideias inovadoras.
No caso talvez mais extremo de autonomia, Philip Rosedale, fundador e ex-CEO do Second Life e
fundador e CEO da High Fidelity, estabeleceu uma prática na High Fidelity em que seus colaboradores votam
a cada trimestre em sua permanência ou não como CEO. Além disso, em vez de confiar nas análises de
colaboradores, as opções de ações são alocadas anonimamente via peer-to-peer.
Há uma tendência clara e constante em direção a uma maior autonomia no local de trabalho: trabalho
remoto, terceirização, organizações virtuais e achatadas. Como resultado, prevemos que a abordagem enxuta
dos OKRs deverá substituir gradualmente a supervisão top-down tradicional. Além disso, muitas
Organizações Exponenciais estão se organizando internamente, não em departamentos tradicionais, com
camadas de média gerência, mas em equipes interdisciplinares, auto-organizadas e com autoridade
radicalmente descentralizada. A geração do milênio, armada com a internet e habilidades em jogos, que
cultiva a iniciativa e o espírito empreendedor, está cada vez mais em desacordo com as estruturas
hierárquicas clássicas que são otimizados para a eficiência acima da adaptabilidade.
Ed Catmull, cofundador da Pixar Animation Studios e presidente da Pixar Animation e Walt Disney
Animation, desenvolve essa ideia em seu best-seller Criatividade S.A.: Superando as Forças Invisíveis que
Ficam no Caminho da Verdadeira Inspiração: “Partimos do pressuposto de que nosso pessoal é talentoso e
quer contribuir. Nós aceitamos que, sem querer, nossa empresa está sufocando despercebidamente esse
talento de inúmeras formas. Finalmente, tentamos identificar esses impedimentos e corrigi-los”.
A necessidade de autonomia e descentralização é impelida ainda mais por consumidores cada vez mais
críticos e instruídos, que esperam serviços e entregas sem atrasos e, se suas expectativas cada vez maiores
não forem satisfeitas, rapidamente reclamam em sites de avaliação. Uma pesquisa realizada pela McKinsey
constatou que, após uma fraca experiência do cliente, 89% dos consumidores mudaram para uma empresa
concorrente. Por outro lado, 86% disseram que estavam dispostos a pagar mais por uma melhor experiência
do cliente. Esses consumidores hipercríticos e exigentes somente podem ser satisfeitos por empresas que
colocam seus colaboradores mais capacitados e proativos na linha de frente.
Um bom exemplo dessa tendência à autonomia é uma empresa chamada Holacracy, que aplicou o método
Ágil (Agile) do mundo do software e a abordagem da startup enxuta em todos os aspectos da organização. A
Holacracy (um conceito e também o nome da empresa) é definida como uma tecnologia social ou sistema de
governança organizacional1, em que a autoridade e a tomada de decisões são distribuídas a equipes fractais e
auto-organizadas ao invés de serem conferidas ao topo de uma hierarquia. O sistema combina
experimentação, OKRs, abertura, transparência e autonomia.
A tabela a seguir compara as características organizacionais tradicionais com organizações autônomas,
como as defendidas pela Holacracy:
Morning Star Company (1970) – 400 a 2.400 colaboradores (mais durante a colheita)
Mercado: Agronegócio e processamento de alimentos (tomate).
Como a empresa está organizada?
• Não há gerência de supervisão;
• Os colaboradores são incentivados a inovar de forma independente, definir eles próprios as
responsabilidades do trabalho, tomar decisões de compra de equipamentos;
• Colaboradores negociam e definem as responsabilidades individuais com os colegas de trabalho;
• A remuneração é baseada em pares. Cada colaborador compõe uma carta, a Colleague Letter of
Understanding (CLOU), que descreve como o trabalhador vai cumprir com a declaração de missão
pessoal. O colega mais afetado pelo trabalho dessa pessoa deve aceitar a CLOU antes de entrar em
vigor;
Qual é o impacto financeiro? A empresa financiou praticamente todo seu crescimento a partir de fontes
internas, o que sugere que ela seja robustamente rentável. Com base em seus próprios dados de
benchmarking, a Morning Star acredita que é o processador de tomates mais eficiente do mundo.
Outras empresas que implementaram estruturas autônomas incluem a WL Gore & Associates, Southwest
Airlines, Patagônia, Semler, AES, Buurtzorg e Springer.
O economista da University of Michigan, Scott Page, descobriu que equipes diversificadas respondem
melhor a questões complexas do que os grupos homogêneos ou indivíduos, mesmo que os indivíduos e grupos
homogêneos sejam mais talentosos. Sua conclusão, no entanto, não deveria ser tão surpreendente. Charles
Darwin descobriu que a evolução progrediu de modo mais rápido sempre que pequenos grupos de uma
espécie, isolados da população principal, adaptaram-se a condições de estresse. Da mesma forma, as equipes
pequenas, independentes e interdisciplinares são fundamentais para as futuras organizações, especialmente
em suas bordas.
Uma nota final: as abordagens sobre a autonomia dos colaboradores, como os encontrados na Holacracy,
não são apenas para as pequenas empresas. Grandes organizações, incluindo a Zappos e a Semler, também
adotaram essa estrutura em operações muito maiores.
A professora da Harvard, Rosabeth Moss Kanter, explica: “Ao lidar com um ambiente em rápida mutação
e as fronteiras instáveis das unidades de negócios que vêm e vão, mais trabalho será feito por equipes de
projetos transversais, e haverá mais auto-organização bottom-up”.
Tecnologias sociais
Tecnologia social é um termo que vem provocando azia nos CEOs durante a última década. Apesar
disso, ela teve o efeito de transformar os velhos ambientes de negócio analógicos em ambientes
digitais de baixa latência. As tecnologias sociais – cujo equivalente analógico, é claro, é o chamado
water cooler effect (as conversas informais na empresa) – criam interações horizontais em empresas
verticalmente organizadas.
A tecnologia social encontrou terreno fértil porque o local de trabalho vem se tornando cada vez mais
digitalizado. Tudo começou com e-mail, que proporcionou uma conectividade assíncrona; depois vieram as
wikis e intranets, que ofereceram informação síncrona compartilhada; hoje temos fluxos de atividade que
fornecem atualizações em tempo real nas organizações. Como Marc Andreessen disse: “A comunicação é a
base para a civilização e no futuro será um catalisador e uma plataforma para mais inovações em muitos
setores”. Achamos isso importante devido à abordagem do especialista de negócios sociais Theo Priestley,
quando diz: “A transparência é a nova moeda. A confiança é a conta que estaremos pagando”. A equação de
Priestley para o negócio social é: CONEXÃO + ENGAJAMENTO + CONFIANÇA + TRANSPARÊNCIA2.
Quando se trata de fazer seu negócio avançar, J.P. Rangaswami, cientista-chefe da Salesforce, considera
três objetivos principais para a tecnologia social:
De acordo com nossa perspectiva, as tecnologias sociais são compostas de sete elementos-chave: objetos
sociais, fluxos de atividades, gerenciamento de tarefas, compartilhamento de arquivos, telepresença, mundos
virtuais e sensoriamento emocional.
Quando implementados, esses elementos criam transparência e conexão e, o mais importante, reduzem a
latência da informação em uma organização. O objetivo final é o que a Gartner Group chama de uma empresa
de latência zero – isto é, uma sociedade em que o tempo entre a ideia, a aceitação e a implementação
praticamente desaparece – e sua implementação pode proporcionar um significativo retorno sobre o
investimento.
Mas quão significante? A Forrester Research estudou uma implementação do Yammer, a rede social
empresarial da Microsoft, em uma organização de 21 mil colaboradores. Durante um período de recuperação
de apenas 4,3 meses e com apenas um terço da força de trabalho utilizando o produto, a empresa obteve um
ROI de 365%.
Diante desses resultados, não é de se surpreender que a Yammer agora tenha 8 milhões de instalações. De
forma semelhante, o produto da Salesforce, o Chatter, passou de 20 mil redes ativas em fevereiro de 2011
para 150 mil em menos de 18 meses. Além disso, os dados da Salesforce indicam que o engajamento dos
colaboradores nas empresas que adotam sua plataforma aumentou 36% e a velocidade de acesso à
informação cresceu 43%.
A Gestão de Relacionamento com o Colaborador (Employee Relationship Management) é apenas um tipo
de objeto social que está sendo habilitado para informação. Outros são a localização, objetos físicos, ideias
e conhecimento – incluindo atualizações de dados de preços, níveis de estoque, ocupação de salas de reunião
e até recargas de café. Tudo isso está sendo transmitido a toda a empresa e é a base dos fluxos de atividade,
aos quais qualquer membro da organização pode se inscrever.
O gerenciamento de tarefas também está se tornando cada vez mais social. No passado, ele era mais
usado como uma lista de tarefas, mas agora está passando para uma abordagem mais ágil. As equipes estão se
mensurando continuamente, vivendo pelas métricas que o software de gerenciamento de tarefas fornece. A
Asana, uma empresa de software fundada por Dustin Moskovitz (cofundador do Facebook) e Justin
Rosenstein, aumenta a produtividade no trabalho, e baseia-se no princípio de que “sua lista de tarefas deve
ser tão viciante quanto o mural do Facebook”.
O compartilhamento de arquivos, o quarto elemento da tecnologia social, está apreciando uma adoção
generalizada. Ferramentas como o Google Drive, Box, Dropbox e o OneDrive da Microsoft são vitais para o
compartilhamento de informações e fornecem atualizações para uma única instanciação das informações do
cliente. Por exemplo, o Citibank já teve mais de 300 bases de dados de clientes diferentes, cada uma
incorrendo em despesas indiretas e custando enormes somas em duplicação e redundância. Tal empecilho em
termos de custos e operações é simplesmente inaceitável em uma Organização Exponencial – ou mesmo para
qualquer empresa disposta a competir no século 21.
A Telepresença já existe há muitos anos, na forma de videoconferência. Embora a videoconferência tenha
sido um tanto inconveniente no passado, agora uma organização pode se aproveitar de serviços como o Skype
e Google Hangout, que são rápidos, fáceis de usar e disponíveis em todos os dispositivos. A telepresença
permite que os colaboradores trabalhem de forma proativa de qualquer local e interajam em uma escala
global, reduzindo os custos de viagem e melhorando o bem-estar. Melhor ainda são os robôs de telepresença
como o Beam da Suitable Technologies e o Double Robotics, que se aproveita do tablet do usuário. Esses
robôs permitem até mesmo que o usuário esteja em vários locais ao mesmo tempo, o que pode afetar
significativamente a forma de conduzir os negócios.
Enquanto a Telepresença permite que as pessoas interajam em um ambiente real, a realidade virtual
permite a interação, colaboração, coordenação e até mesmo criar protótipos em um mundo virtual. O Second
Life de Philip Rosedale é um dos exemplos mais conhecidos: “Uma das coisas que o Second Life pode fazer
é permitir que a IBM, por exemplo, basicamente organize uma grande reunião com mil pessoas do mundo
inteiro”, diz ele. Embora o Second Life não tivesse satisfeito plenamente as expectativas do cliente (ou do
investidor) e tenha parado de crescer depois de alguns anos, manteve-se consistente, com um milhão de
pessoas on-line por mês e uma economia de US$ 600 milhões em transações.
Para possibilitar um mundo virtual totalmente imersivo, a nova plataforma de alta fidelidade de Rosedale
está se utilizando de hardware como o Oculus Rift, a câmera com sensor de profundidade PrimeSense e o
controlador via gestos Leap Motion. O ambiente de alta fidelidade reduziu o intervalo de tempo entre o gesto
e a resposta do sistema para quase a velocidade da percepção humana, resultando em uma verdadeira
experiência em tempo real.
O sensoriamento emocional, o último elemento-chave da tecnologia social, faz uso de sensores – tais
como os sensores de saúde e neurotecnologia – em uma equipe ou grupo para criar colaboradores
quantificados e uma força de trabalho quantificada. Os colaboradores serão capazes de mensurar tudo sobre
eles mesmos e seus trabalhos, prevenindo doenças, fadiga e irritação, e também melhorando a agilidade, a
colaboração e o desempenho da equipe. Enquanto o trabalho no passado era focado principalmente na
importância do Quociente de Inteligência (QI), agora as métricas de Quociente Emocional (EQ) e Quociente
Espiritual (QS) também estão se tornando cada vez mais importantes.
Todo o paradigma social apresenta várias implicações críticas para as ExOs. A intimidade na organização
é aumentada, a latência de decisão é reduzida, o conhecimento é melhorado e mais amplamente difundido, e a
descoberta fortuita é aumentada. Em suma, as tecnologias sociais possibilitam uma empresa em tempo real.
E, por fim, o paradigma social também serve como uma força gravitacional, mantendo a organização
intimamente ligada ao seu PTM e garantindo que suas diversas partes não se afastem em busca de metas
conflitantes, ou mesmo opostas.
No Capítulo 2 nós apresentamos uma lista de atributos lineares das organizações tradicionais. Agora,
podemos comparar as características lineares com as exponenciais:
Vamos agora nos relembrar da nossa definição de uma ExO: “Uma Organização Exponencial é aquela
cujo impacto (ou resultado) é desproporcionalmente grande – pelo menos dez vezes maior – comparado
com seus pares, devido ao uso de novas técnicas organizacionais que alavancam as tecnologias
aceleradas”.
Quando pesquisamos esse paradigma, nós descobrimos mais de 60 organizações com pontuações que
ultrapassam o limite que definimos para uma ExO. Cada uma delas alcançou um desempenho pelo menos dez
vezes maior em relação às outras empresas de seu setor. Relacionamos a seguir as dez melhores (em ordem
alfabética): Airbnb, GitHub, Google, Netflix, Quirky, Tesla, Uber, Waze, Valve, Xiaomi. Pode parecer
estranho olhar quatro séculos no passado para capturar a essência do que há de mais moderno em organização
de empresas. No entanto, a segunda lei de Isaac Newton resume com precisão o conceito geral de uma
Organização Exponencial. A lei F = MA afirma que a força causa a aceleração na proporção inversa à massa.
Uma pequena massa permite uma aceleração dramática e mudanças rápidas de direção – precisamente o que
estamos vendo em muitas ExOs de hoje. Com muito pouca inércia interna (isto é, número de colaboradores,
ativos ou estruturas organizacionais), elas demonstram uma extraordinária flexibilidade, o que é uma
qualidade fundamental no mundo volátil de hoje.
Essa característica notável foi demonstrada muito bem pela Netflix. Conforme mencionamos
anteriormente, a empresa ofereceu um prêmio de US$ 1 milhão (engajamento) a qualquer pessoa que
conseguisse aprimorar seu programa de recomendações de locação. O que pouca gente sabe é que a Netflix
não implementou o algoritmo vencedor.
Por quê? Porque, por incrível que pareça, o mercado já havia mudado. Quando o concurso terminou, a
indústria havia se afastado da locação de DVDs; enquanto isso, o negócio de streaming de vídeo da Netflix
estava explodindo e, infelizmente, o algoritmo vencedor não se aplicava a recomendações de streaming.
(Ostreaming era muito menos uma questão de reunir a família em uma noite de sexta-feira com pipoca do que
ter 45 minutos para assistir um episódio de Mad Men em um aeroporto.)
Agora, imagine se a Netflix tivesse investido as duas mil horas que a equipe vencedora gastou no projeto
para desenvolver esse mesmo algoritmo que agora é obsoleto. Com o predominante viés de custos
irrecuperáveis e a insistência institucional de ver o retorno sobre o investimento (além dos egos envolvidos),
haveria uma enorme pressão interna na empresa para implementar o algoritmo, independentemente da
realidade do mercado. Como resultado, a Netflix poderia não ter alterado o curso para se tornar,
essencialmente, um negócio de streaming – que, como sabemos agora, teria sido um erro devastador. Mas
como o algoritmo foi desenvolvido externamente, havia muito pouco apego emocional corporativo (ou seja, a
massa) e inércia (força) para sua implementação. A Netflix estava livre para se concentrar em outras questões
e isso permitiu que, eventualmente, evoluísse para se tornar a gigante do streaming de conteúdo.
A questão fundamental para qualquer organização não é o quanto você se parece com uma Organização
Exponencial, mas o quanto você é exponencial. Isto é, o quanto da ideia de ser uma ExO você já incorporou?
Como isso influenciou suas operações diárias em termos de autonomia e de tecnologia social? Você está
usando as ferramentas certas, como as de interface e dashboards, de forma eficiente? E o quanto você está
aberto ao risco, à experimentação e até mesmo ao fracasso?
Essas são perguntas que você precisa fazer a si mesmo – e não apenas uma vez, mas todo mês ou mesmo
toda semana. É isso o que é preciso para se tornar e continuar sendo uma Organização Exponencial.
Principais lições:
• As ExOs gerenciam a abundância de informações fornecidas pelas externalidades de SCALE, com a orientação do seu PTM e o suporte
dos cinco elementos internos de IDEAS:
• Interfaces;
• Dashboards;
• Experimentação;
• Autonomia;
• Tecnologias Sociais.
• Quanto mais ativos e colaboradores você tiver, maior será a dificuldade para mudar as estratégias e modelos de negócios. Quanto mais
você estiver habilitado para informação, maior será sua flexibilidade estratégica;
• Um questionário de diagnóstico (Apêndice A ou www.exponentialorgs.com/survey) ajudará a medir o Quociente Exponencial da sua
organização;
• As interfaces criam uma migração sem atritos dos atributos externos para os internos;
• Os elementos SCALE e IDEAS são integrativos e de autorreforço.
1 <en.wikipedia.org/wiki/Governance>.
2 <bpmredux.wordpress.com/2012/09/20/the-social-business-equation-connection-engagementtrust-transparency/>.
CAPÍTULO 5
mbora a noção da Organização Exponencial possa parecer revolucionária, na verdade muitas de suas
E características já se revelaram há muito tempo em certas partes do mundo dos negócios – particularmente
em Hollywood.
Por que Hollywood, a três mil milhas de distância do mundo das estrelas da Broadway e do centro
financeiro de Nova York, tornou-se a capital mundial da indústria cinematográfica no final da década de
1920? No início, foi simplesmente pela abundância de iluminação natural. Mas logo surgiu uma segunda
razão. A Costa Oeste estava bem-isolada da cultura tradicional do Leste, e com a quantidade quase ilimitada
de imóveis baratos e um governo local flexível, os primeiros barões do cinema estavam livres para fazer
quase tudo o que queriam, inclusive criar suas próprias regras.
O resultado foi o sistema de estúdios, em que os primeiros cineastas possuíam a totalidade de seus ativos
e de sua força de trabalho, desde os cenários até os estúdios e colaboradores. Até mesmo os atores eram
contratados por determinados estúdios e a distribuição era exclusiva às salas pertencentes a esse estúdio.
Essa estratégia rapidamente criou uma das indústrias mais importantes do planeta. Mas, com o passar das
décadas, a ineficiência e questões de antitruste foram aumentando e, na década de 1960, o sistema de estúdio
foi totalmente desmantelado. O novo sistema era quase exatamente o oposto do que existia antes.
Hoje, Hollywood funciona exatamente no mesmo ambiente livremente interligado de um ecossistema de
ExO. Cada participante – desde o escritor e o ator até diretor e o operador de câmera – gerencia sua própria
carreira. Enquanto isso, agentes de todos os níveis ajudam a encontrar e conectar os scripts aos talentos,
produtoras e equipamentos. Nos dias de hoje, quando um filme é criado, uma Multidão de entidades
independentes se reúne durante toda a produção, operando em escalas 24/7 e em estreita colaboração. Depois
que o filme é concluído, os cenários são divididos para reutilização, os equipamentos são redirecionados e
todos os atores, operadores de câmera e assistentes de produção se dispersam para perseguir seus próximos
projetos, que muitas vezes começam logo no dia seguinte.
Hollywood não planejou essa metamorfose; em vez disso, ela evoluiu para um ecossistema semelhante ao
da ExO, pois os filmes são, por natureza, uma série de projetos distintos. O processo de filmagem em si
sempre foi caracterizado por uma combinação singular de componentes de alta densidade, grande
proximidade e livremente acoplados. Esses fatores fizeram com que Hollywood se tornasse a pioneira na
virtualização das empresas e, somados às novas tecnologias sociais e de comunicação, ela agora está na
vanguarda da ascensão da Organização Exponencial.
O ecossistema das startups de alta tecnologia no Vale do Silício é um outro exemplo desse modelo:
empresários, trabalhadores, cientistas, comerciantes, advogados de patentes, investidores-anjo, capitalistas
de risco e até mesmo clientes, todos operam dentro de uma pequena região geográfica na baía de São
Francisco. Outro exemplo (mais disfuncional) é Wall Street.
Alavancada por novas gerações de tecnologia que, graças à Lei de Moore, surgiram em intervalos de
poucos anos, a infraestrutura está montada para muitas indústrias se deslocarem para esse sistema, que não só
confere uma enorme vantagem competitiva, como também recompensa os pioneiros.
Neste capítulo, examinaremos em profundidade algumas das características do ecossistema de uma ExO.
Nós identificamos particularmente nove principais dinâmicas em ação:
Estamos presenciando essa evolução ocorrer em drones, sequenciamento de DNA, impressão 3D,
sensores, robótica e, certamente, no Bitcoin. Em cada área, surgiu uma comunidade de código aberto
interligada, que fornece um fluxo acelerado de inovações, exatamente de acordo com as etapas listadas
acima.
“A disrupção é a nova norma”, porque as tecnologias democratizadas e em aceleração, combinadas com o
poder da comunidade, agora podem estender o Dilema do Inovador de Christensen para se tornar uma força
imbatível.
Moments of Impact é um importante guia para qualquer pessoa interessada em reduzir esse surto de
reuniões improdutivas e sonolentas e otimizar o tempo que a gerência passa reunida.
Assim, em um futuro próximo, e certamente para as ExOs, os planos quinquenais serão substituídos pelos
seguintes elementos:
Grandes empresas
Investimentos de risco
A questão fundamental que ouvimos regularmente é: O quanto uma ExO pode crescer? Nós achamos que a
questão mais importante é: O que acontece com uma ExO depois que ela cresce?
Embora esse novo paradigma ainda esteja em seus primórdios, as indicações preliminares são de que,
quando bem-sucedidas, as ExOs deverão se basear na alavancagem criada por suas externalidades e se
tornarão plataformas.
Mas essa resposta gera seu próprio conjunto de perguntas, o mais pertinente no momento é: Como as ExOs
podem aproveitar os benefícios dos elementos SCALE, como o crowdsourcing, a gestão comunitária, a
gamificação, os concursos de incentivo, a ciência de dados, os ativos alavancados e o Staff on Demand para
se tornarem plataformas?
Acreditamos que a resposta seja: elas deverão se conectar na infraestrutura e começar a permitir que
outras ExOs emerjam e operem a partir dessas plataformas.
Talvez o exemplo mais antigo desse modelo de plataforma seja o Google. Sua excelente ferramenta de
busca permitiu seu rápido crescimento e, uma vez que a empresa atingiu massa crítica, a plataforma do
AdWords possibilitou a criação das plataformas de publicidade de auto-provisionamento, a partir das quais
outras empresas puderam crescer. O Google, por sua vez, obteve sua participação por meio da tributação
desse crescimento. O Facebook também se tornou uma plataforma bem-sucedida e contou com sua
extraordinária penetração de mercado e conhecimento sobre seus usuários para gerar ExOs como a Zynga e
seus recentes esforços na telefonia móvel. A Amazon é outra história de sucesso, assim como o ecossistema
da App Store da Apple, que é provavelmente o exemplo mais claro de um produto de uma ExO que se tornou
uma plataforma. O MySpace e o Friendster, por outro lado, não se tornaram plataformas.
Portanto, a resposta para a questão de como uma grande Organização Exponencial pode obter rendimentos
gera mais uma pergunta ainda mais específica: Com que rapidez você pode converter um crescimento
exponencial na massa crítica necessária para se tornar uma plataforma? Uma vez que isso acontece, não há
um limite prático. É como um grande recife de corais.
Por exemplo, à medida que a Uber se expande, ela ajuda seus motoristas a comprar carros. A pré-compra
de 2.500 carros do Google fornecerá uma enorme quantidade de dados que pode se transformar em novos
serviços. A Uber hoje já é uma plataforma com uma massa crítica de motoristas, o que lhe permite mover-se
horizontalmente e oferecer novos serviços: entrega de encomendas, presentes e compras, bem como serviços
de limusine e até mesmo serviços médicos. Tudo isso alavanca o principal posicionamento de varejo e por
demanda da Uber, resultando na satisfação quase instantânea com o uso de um smartphone, além de uma
excelente experiência do cliente.
É importante ressaltar que a plataforma deve ser simbiótica e servir também os distribuidores. Estamos
todos familiarizados com o sucesso dramático do Angry Birds da Rovio. O que é menos conhecido é que,
para a Rovio, o Angry Birds foi seu 53º jogo – a empresa trabalha com isso desde o início de 1990. Mas, para
criar um jogo 20 anos atrás, as empresas tinham de criar acordos bilaterais com 150 diferentes empresas de
telefonia móvel, sendo que cada uma delas queria 75% das receitas. Todo o foco, tempo e energia eram
gastos na negociação com as empresas de telecomunicações móveis. Uma vez que partiu para a plataforma da
Apple, no entanto, a Rovio só teve de lidar com um único ponto de negociações, permitindo que se
concentrasse em seus jogos – um cenário que realmente acreditamos ser a preferência da empresa.
Agora que o asteroide da informação digitalizada atingiu a Terra, a economia global se transformou para
sempre. A era da dominação do mercado de forma tradicional e hierárquica por empresas-dinossauro está
chegando ao fim. O mundo agora pertence aos mais inteligentes, às empresas menores e mais ágeis. Isso
certamente já é uma realidade nos setores baseados na informação e, em breve, será a realidade também nas
indústrias mais tradicionais.
As estruturas de controle utilizadas pelas organizações tradicionais foram criadas porque os ciclos de
feedback mais longos (e mais lentos) entre a administração e as equipes geralmente exigiam muita supervisão
e intervenção. Durante os últimos anos, no entanto, uma nova onda de ferramentas de colaboração surgiu para
permitir que uma organização monitore cada uma de suas equipes com pouca supervisão e máxima autonomia.
As ExOs estão aprendendo a explorar esses recursos e proporcionar a autogestão – muitas vezes com
resultados extraordinários –, por meio do monitoramento de dados em tempo real. Um excelente exemplo é a
Teamly, que combina gerenciamento de projetos, OKRs e avaliações de desempenho com o poder de uma
rede social interna.
Outra razão fundamental pela qual as ExOs estão implementando estruturas de confiança é que, em um
mundo cada vez mais volátil, os processos previsíveis e os ambientes estáveis estão quase extintos. Tudo o
que é previsível foi ou será automatizado por meio da inteligência artificial ou robôs, deixando o trabalhador
humano livre para lidar com situações excepcionais. Como resultado, a própria natureza do trabalho está
mudando e exige mais iniciativa e criatividade de cada membro da equipe. Ao mesmo tempo, os membros da
equipe muitas vezes desejam que suas organizações tenham mais confiança neles. De acordo com uma
pesquisa de 2010, conduzida pela The Conference Board, uma associação global de empresas e grupo de
pesquisa, apenas 51% dos americanos disseram que estavam satisfeitos com seus patrões.
É importante entender que as estruturas abertas de confiança não podem ser implementadas de forma
isolada ou simplesmente por decreto. Eles são uma consequência importante da implementação da
Autonomia, Dashboards e/ou Experimentação.
Uma das razões do grande sucesso do Facebook é a confiança inerente que a empresa deposita em seus
colaboradores. Na maioria das empresas de software (e, certamente, nas maiores), uma nova versão de
software passa por inúmeras camadas de testes de unidade, testes de sistema e testes de integração,
geralmente administrados por diferentes departamentos de garantia de qualidade. No Facebook, no entanto, as
equipes de desenvolvimento desfrutam da confiança plena da gerência. Qualquer equipe pode lançar um novo
código no site, sem supervisão. Em termos de estilo gerencial, isso parece absurdo, mas com as reputações
individuais em jogo – e ninguém mais para detectar códigos malfeitos –, as equipes do Facebook acabam se
esforçando muito mais para garantir que não haja erros. O resultado é que o Facebook tem sido capaz de
lançar códigos de complexidade inimaginável mais rápido do que qualquer outra empresa na história do Vale
do Silício. No processo, isso elevou drasticamente os padrões.
Não foi uma surpresa quando descobrimos que nem todas as ExOs possuem todas as características de
uma ExO paradigmática. Na verdade, nossos estudos sugerem que para uma ExO atingir o valor mínimo de
dez vezes e obter o título de ExO, muitas vezes é preciso apenas quatro (ou mais) dos onze atributos para ter
sucesso. Esse é um número suficiente para dominar um novo mercado com serviços de informação ou para
reduzir o denominador (custos) em um já existente.
Além disso, alguns dos atributos, apesar de apontar o caminho, podem não se aplicar (pelo menos
atualmente) a certos setores. Sendo assim, se você estiver trabalhando no Serviço Secreto ou se sua empresa
possui plataformas de petróleo no Mar do Norte, o atributo Staff on Demandpode não ser aplicável. (Dito
isso, ele provavelmente é aplicável!)
A única maneira de saber em que ponto sua empresa se encontra na jornada para se tornar uma
Organização Exponencial é a realização de uma auditoria de ExO. Para ajudá-lo a fazer isso, nós criamos um
teste de diagnóstico (ver Anexo A). Você pode achar reconfortante – ou pode achar desconcertante. De
qualquer forma, temos certeza que vai achar esclarecedor.
Principais lições:
• A informação acelera tudo;
• O custo marginal de oferta está caindo exponencialmente pela primeira vez na história. Tudo está sendo desestabilizado;
• Em um mundo disruptivo, quanto menor, melhor;
• Os “especialistas” dizem como algo não pode ser feito;
• Alugue, não possua ativos;
• Tudo está sendo transformado em informação – que é mensurável e conhecível;
• Um diagnóstico para ExO pode ajudá-lo a avaliar e analisar sua organização;
• A implementação de quatro ou mais atributos da ExO pode produzir um aumento de desempenho de dez vezes.
1 <en.wikipedia.org/wiki/urine_test_strip>.
PARTE 2
• Como você cria uma ExO, seja ela uma simples startup ou
a partir de uma organização já existente?
• Como você aplica essas ideias a uma empresa de médio
porte?
• Como você reajusta os princípios ExO em uma grande
organização?
• Quais organizações estão implementando a filosofia da
ExO?
esde os primórdios da internet, temos visto mudanças fundamentais no modo como as empresas são
D criadas e como elas crescem. Em particular, a primeira cartilha para criar uma empresa de
hipercrescimento surgiu durante o boom das empresas “ponto.com”, entre 1998 e 2000. Essa narrativa ganhou
um novo capítulo em 2005, com a ascensão das mídias sociais, e mais um capítulo em 2008, graças à ampla
disponibilidade da computação em nuvem de baixo custo.
Hoje, estamos presenciando a inclusão de um texto ainda mais importante, com a ascensão da Organização
Exponencial. Impulsionadas pelas tecnologias aceleradas, as ExOs permitem nos organizar em novas formas
de explorar esse mundo habilitado para a informação.
A Local Motors é um bom exemplo de uma startup ExO. Fundada por Jeff Jones e Jay Rogers, em 2007, e
sediada em Phoenix, Arizona, ela é uma plataforma global de cocriação que capacita sua comunidade a
projetar, construir e vender veículos customizados. Enquanto servia como fuzileiro naval no Iraque em 2004,
Rogers leu o livro de Amory Lovins, Winning the Oil Endgame, e se inspirou para criar um novo tipo de
montadora de automóveis. Seu objetivo (e PTM) era levar carros provocantes ao mercado de forma eficiente.
Rogers visitou várias empresas de automóveis, incluindo a Ferrari, GM e Tesla, e estabeleceu três
objetivos:
Para atrair a comunidade, a Local Motors começou por entrar em contato com cursos de design e solicitar
ideias aos alunos. Essa estratégia não funcionou, em grande parte, por causa de questões legais sobre
propriedade e custos de licenciamento. Outro problema era que os alunos não tinham um senso de propósito e
compromisso em relação à empresa, o que resultou em quase nenhuma contribuição para a plataforma
(Experimentação). Sem se deixarem abalar, Jones e Rogers novamente tentaram atrair a comunidade, dessa
vez por meio de crowdsourcing. Eles foram bem-sucedidos dessa vez e, em março de 2008, a Local Motors
estreou como a primeira comunidade a utilizar o crowdsourcing para criar um carro. (A empresa possui
atualmente 83 colaboradores e três microfábricas para produção.) Em seguida, a equipe da Local Motors
voltou sua atenção para a evangelização, compartilhando sua paixão pelo produto em vários sites de
designers, que atuaram como ímãs para atrair comunidades afins (Comunidade e multidão).
Em seguida, com a implementação do engajamento, a Local Motors realizou seu primeiro concurso de
design de automóveis. Naquela época, a empresa tinha apenas quatro colaboradores, que eram responsáveis
por gerenciar mil membros da comunidade (isso que é abundância). No final, o concurso atraiu uma centena
de inscrições, dando início à formação da plataforma. Hoje, a comunidade da Local Motors consiste de
43.100 membros colaborando em seis mil designs e duas mil ideias distribuídos em 31 projetos. Os membros
trabalham, em média, 200 a 400 horas por projeto.
A comunidade da Local Motors é composta por entusiastas, inovadores e profissionais. Eles são
designers, engenheiros e fabricantes que participam de cada componente do design (interior, exterior, nome,
logotipo etc.), que depois fica disponível em código aberto por meio de uma licença da Creative Commons. A
plataforma pode ser considerada uma combinação da Quirky (desenvolvimento de produto) com a Kaggle
(concursos de incentivo), mas para automóveis e outros veículos.
Uma vez que a comunidade inicial foi estabelecida, Rogers passou para seu objetivo seguinte: construir o
primeiro automóvel via crowdsourcing. Em 2009, a Local Motors alcançou esse objetivo com a produção do
Rally Fighter, um carro cujo design final foi o resultado de 35 mil designs enviados por 2.900 membros da
comunidade de mais de cem países. Produzido em apenas um ano e meio, cerca de cinco vezes mais rápido
do que os processos convencionais, o Rally Fighter teve um custo de desenvolvimento de apenas US$ 3
milhões. Os compradores não recebem um carro montado; em vez disso, eles compram um kit completo, com
manuais, wikis e vídeos, por US$ 99.900. Eles também têm acesso aos especialistas da Local Motors em uma
das três microfábricas situadas nos Estados Unidos (mais cem estão programadas para abrir em todo o mundo
nos próximos dez anos). Atualmente, existem 23 Rally Fighters em operação em todo o mundo e seu criador,
Sangho Kim, conseguiu um emprego na General Motors da Coreia do Sul, como resultado de seu trabalho.
A Local Motors também incentiva outras organizações a acessar sua comunidade. Em conjunto com a
Shell Oil Company, a Local Motors criou um concurso em 2012 chamado Shell GameChanger DRIVEN
(Design of Relevant and Innovative Vehicles for Energy Needs). Os participantes foram incumbidos de
projetar um veículo que poderia ser produzido nos próximos cinco a dez anos em uma de cinco cidades
(Amsterdã, Bangalore, Basra, Houston e São Paulo), utilizando energia e materiais de origem local. O projeto
também exigiu que os competidores abordassem os desafios sociais específicos de cada região. Cada
vencedor local recebeu US$ 2 mil, e o primeiro colocado (de um total de 214 participantes) recebeu um
adicional de US$ 5 mil, bem como um modelo de um quarto de escala de seu design para ser mostrado em
todo o mundo.
Juntamente com a BMW, a Local Motors lançou o Urban Driving Experience Challenge, em que os
competidores foram desafiados a atender às necessidades prováveis de um motorista urbano de um BMW em
2025. Os dez melhores dos 414 participantes receberam um total de US$ 15 mil (engajamento). A
comunidade da Local Motors contribuiu em outros desafios, como projetar o melhor veículo de entregas para
a Domino’s Pizza e inventar um calçado para motoristas para a Reebok. As próximas metas da Local Motors
são criar o primeiro carro impresso em 3D do mundo e projetar um veículo altamente personalizável e com
menos de 20 peças.
Ignição
Com a Local Motors apontando o caminho, finalmente chegou a hora de discutir como laçar uma
Organização Exponencial. Temos uma ressalva, no entanto: este livro não tem a intenção de ser um manual
exaustivo sobre startups – isso ainda não foi escrito. Em vez disso, vamos discutir os elementos relevantes
para a construção de uma ExO alavancada pela informação e altamente expansível, tanto como uma startup em
si ou a partir de uma empresa já existente.
Uma observação rápida, porém relevante: recomendamos fortemente a leitura do livro de Eric Ries, A
Startup Enxuta, como acompanhamento deste capítulo, já que estaremos nos referindo a ele com frequência.
Na verdade, a melhor definição que encontramos para uma startup vem de Ries: “Uma startup é uma
instituição humana projetada para oferecer um novo produto ou serviço em condições de extrema
incerteza”. Um segundo livro que recomendamos é a recente publicação de Peter Thiel e Blake Masters, De
Zero a Um: O que Aprender Sobre Empreendorismo com o Vale do Silício.
Esse é talvez o melhor momento na história dos negócios para criar uma nova empresa. A confluência das
tecnologias inovadoras com a aceitação (e até mesmo a celebração) do empreendedorismo, diferentes opções
de crowdsourcing, oportunidades de crowdfunding e mercados antigos é favorável à disrupção – tudo isso
forma um cenário convincente (e inédito) para a criação de novas empresas. Além disso, as áreas de risco
tradicionais jamais foram tão mitigadas. Continuando nossa analogia anterior do cometa/dinossauro: o cometa
atingiu o planeta, os dinossauros estão cambaleando e as condições são perfeitas para o florescimento de uma
nova categoria de organismos pequenos e ágeis. Uma nova Explosão Cambriana.
Ao avaliar uma startup para financiamento, os investidores normalmente categorizam três principais áreas
de risco:
O desafio enfrentado por toda startup reside em descobrir como eliminar o risco de cada uma dessas áreas
e, durante esse processo, encontrar um modelo de negócio na área do problema escolhido. Nada é mais
importante.
Vamos examinar cada uma dessas três áreas de risco.
Risco tecnológico
Em 1995, criar uma startup de software no Vale do Silício custava cerca de US$ 15 milhões. Grande parte
desse dinheiro era utilizada para instalar servidores, comprar software e contratar o pessoal para configurar e
gerenciar toda essa tecnologia e também para escrever novos códigos. Em 2005, o custo havia caído para
cerca de US$ 4 milhões. Os servidores ficaram mais baratos, e o software, geralmente de código aberto, era
mais fácil de desenvolver e configurar. A maior parte dos custos diretos foi direcionada para marketing e
vendas.
Hoje, com os recursos já consolidados, como a computação em nuvem e as mídias sociais, esse mesmo
esforço custa menos de US$ 100 mil. O risco tecnológico, que já foi enorme (especialmente o software), foi
reduzido ao longo dos últimos 20 anos em 150 vezes. Grande parte do que restou do risco diz respeito a
meras questões de escalabilidade. Um exemplo: a ascensão dos web services padronizados permite que
complexas funcionalidades de software sejam integradas em uma startup com o pressionar de um botão.
Exemplos incluem o Prediction API do Google para a analítica de previsão (predictive analytics) e o
AlchemyAPI para o software de aprendizado profundo para reconhecimento de padrões.
Para ilustrar a enorme extensão desse risco tecnológico reduzido, considere as startups de hardware. Uma
nova onda de grandes empresas em Shenzhen, China (por exemplo, a Foxconn, Flextronics, PCH
International), bem como de plataformas de hardware de código aberto, como Arduino, Raspberry Pi e
impressoras 3D, permite que qualquer pessoa projete e faça protótipos e crie um produto de hardware
rapidamente. Liam Casey, o CEO da PCH, de forma agressiva, transformou sua empresa em uma plataforma
na qual qualquer um pode lançar uma startup de hardware, ou até mesmo criar o equivalente a uma App Store
para as startups de hardware. Brady Forrest, diretor da Highway1, uma incubadora da PCH, resume:
“Queremos que o hardware seja tão simples quanto o software”. De fato, o hardware está progressivamente
se dissolvendo em software.
De acordo com o empresário Chris Dixon, a mudança mais importante para os homens de negócios em
relação à década passada é a razão do alcance do capital. Hoje, o alcance de uma startup é 100 vezes maior,
enquanto o capital necessário é um décimo em relação a uma década atrás – um aumento de mil vezes em
apenas dez anos. O resultado é que o risco de tecnologia simplesmente evaporou, especialmente para as
empresas em grande parte habilitadas para informação ou baseadas na informação. (Nem é preciso dizer que,
se você quiser construir um superpetroleiro, você ainda necessitará de algum capital.)
Risco de mercado
Para saber se alguém comprará ou não o produto, voltamos mais uma vez a Steve Blank, o autor da famosa
frase: “Nenhum plano de negócios sobrevive ao primeiro contato com o cliente”. Antigamente era preciso
realizar a clássica pesquisa de mercado, criar totalmente o produto ou serviço, contratar uma cara equipe de
vendas e depois gastar tempo e dinheiro para comercializar a ideia – antes mesmo de realmente saber a
resposta para essa pergunta.
A internet e, posteriormente, o surgimento das mídias sociais abalaram esse paradigma. A partir da
década de 2000, as startups já podiam testar o mercado como nunca, alavancando o teste A/B, as campanhas
de AdWords do Google, mídias sociais e páginas de destino. Uma ideia poderia ser parcialmente validada
antes mesmo de iniciar a engenharia de produto.
O epítome da validação de mercado, evidentemente, é o crowdfunding. Sites de arrecadação de fundos,
como o Kickstarter e o Indiegogo permitem que os usuários realizem a pré-compra de um produto. Se um
número suficiente de pessoas fizer a pré-compra, o site libera dinheiro para o desenvolvedor. Embora haja
uma grande dose de entusiasmo em relação à democratização do processo de captação de recursos – o que é
compreensível – nós acreditamos que a consequência mais interessante é que, pela primeira vez na história,
os empresários podem validar a demanda do mercado antes de criar o produto.
Risco de execução
Das três principais áreas de risco, o risco de execução continua a ser o único problema real na criação de
uma empresa. Como a empresa deve se organizar para maximizar o desempenho de seus fundadores e da
equipe gerencial? Como ela deverá alavancar a tecnologia e a informação para criar uma vantagem e um
modelo de negócio que sejam únicos e sustentáveis? Responder corretamente a essas perguntas é a chave
para a criação de uma Organização Exponencial de sucesso. Por essa razão, precisamos examinar mais de
perto cada um dos passos para a formação de uma equipe poderosa e eficaz.
Em 2013, Aileen Lee publicou na TechCrunch um amplo panorama sobre as startups de software nos EUA
com um valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão nos últimos dez anos, um grupo de empresas que ela
chamou de Unicórnios. Como cada uma delas está se tornando progressivamente uma empresa de software,
seus resultados são ainda mais relevantes para os mercados e setores verticais clássicos. Embora
recomendemos a leitura do artigo¹ completo, as principais conclusões de Lee a respeito das ExOs são as
seguintes:
Descobrimos que existe uma forte correlação entre as ExOs e os Unicórnios de Lee. De fato, em nosso
diagnóstico, a maioria dos Unicórnios de Lee tem uma pontuação bem acima da pontuação limite de uma ExO.
A idade relativamente baixa significa que esses Unicórnios estavam alavancando novos fluxos de informação,
têm um baixo custo de oferta e abraçam a comunidade – e podem, assim, expandir. A maioria alcançou o nível
atual ao seguir alguma combinação dos passos abaixo.
Mais duas perguntas que podem ajudar a acelerar o processo de descobrir sua paixão:
No entanto, a questão não envolve só você como empreendedor. Você também deve considerar seus
colaboradores. O cofundador da PayPal, Peter Thiel, levanta a seguinte questão como uma forma eficaz de
testar se uma startup tem um PTM que vai atrair não só os amigos, mas também os colaboradores fora de sua
rede pessoal que compartilham de sua motivação: “Por que o 20º colaborador aceitaria participar de sua
startup sem receber privilégios (como) um título de cofundador ou (opções de) ações?”.
Da mesma forma, você deve avaliar seu PTM de acordo com as letras do acrônimo. Ele tem um
Propósito? Ele é Transformador? É Massivo? A motivação do lucro não é suficiente para criar uma ExO – ou,
francamente, qualquer startup. Pelo contrário, é a paixão obsessiva para resolver um problema complexo que
mantém um empreendedor na montanha russa do entusiasmo e desespero que é a história de cada startup. Chip
Conley, um especialista na criação de empresas orientadas a um propósito, como a Airbnb, frequentemente se
refere a Kahlil Gibran: “O trabalho é o amor que se torna visível. O objetivo não é viver para sempre; o
objetivo é criar algo que viverá para sempre”.
Anderson disse que o conselho de optar pelo bem da comunidade veio de Matt Mullenweg, o CEO da
WordPress, a plataforma de blogs mais usada no mundo. De acordo com Mullenweg: “Quando esse momento
chegar, sempre aposte na comunidade, porque essa é a diferença entre o pensamento de longo prazo e
pensamento de curto prazo”.
Basicamente, se você cultivar uma boa comunidade, as oportunidades surgirão. Se sua comunidade não
for boa, a força da inovação se dissolve e você não terá mais uma empresa.
Em seu livro DNA do Inovador: Dominando as Habilidades dos Inovadores de Ruptura, o coautor,
Clayton Christensen, aborda a questão do portfolio de habilidades de um modo um pouco diferente e
identifica dois conjuntos distintos de habilidades:
Essas são apenas duas das muitas maneiras de abordar a formação de um time de fundadores. Seja qual for
a abordagem, os fundadores devem ser intrinsecamente motivados e ter iniciativa. Acima de tudo, em face às
mudanças e ao rápido crescimento, eles devem ter completa confiança nas opiniões de cada um.
Considere o caso da PayPal. Peter Thiel disse a seus cofundadores (Elon Musk, Reid Hoffman, Lucas
Nosek, Max Levchin e Chad Hurley) e aos colaboradores que todos deveriam trabalhar juntos como amigos
em vez de trabalhar de modo mais formal como colaboradores. Pensando bem, talvez a amizade fosse o PTM
da PayPal. Ela não apenas teve muito sucesso como uma empresa – que foi vendida à eBay por US$ 1,2
bilhão – mas as amizades que se formaram foram igualmente bem-sucedidas. A equipe original é agora
conhecida como a “Máfia da PayPal”, e seus membros têm ajudado uns aos outros em outras startups,
incluindo Tesla, YouTube, SpaceX, LinkedIn, Yelp, Yammer e Palantir – empresas que hoje totalizam uma
capitalização de mercado de mais de US$ 60 bilhões.
O ritmo de crescimento de uma ExO exige uma ênfase adicional em uma equipe principal totalmente
sinérgica. Como diz Arianna Huffington: “Eu prefiro ter alguém muito menos brilhante e que seja honesto e
trabalhe em equipe, do que alguém que é muito brilhante e tóxico para a organização”.
Pode parecer absurdo atrasar uma ideia revolucionária em várias etapas no processo. Afinal, reza a lenda
que a maioria das startups começa com uma ideia explosiva que é então aplicada a um problema.
Acreditamos, no entanto, que é melhor começar com uma paixão para resolver um determinado problema, em
vez de começar com uma ideia ou uma tecnologia.
Há duas razões para isso. Em primeiro lugar, ao se concentrar no problema, você não fica amarrado a uma
determinada ideia ou solução, e assim você não acaba tendo que adaptar a tecnologia a um problema que
pode não ter um bom ajuste. O Vale do Silício está repleto de carcaças de empresas, com grandes
tecnologias, em busca de um problema para resolver. Em segundo lugar, não há falta de ideias ou novas
tecnologias. Afinal, todo mundo em um lugar como o Vale do Silício tem uma ideia para um novo negócio de
tecnologia. Em vez disso, a chave do sucesso é uma execução implacável, daí a necessidade da paixão e do
PTM. Para demonstrar isso, considere o número de vezes que os fundadores das seguintes empresas tentaram
obter investidores antes de finalmente conseguirem:
E se Larry Page e Sergey Brin tivessem desistido após 340 tentativas? Hoje o mundo seria um lugar muito
diferente. Outra questão intrigante: quais empresas e tecnologias mágicas não existem hoje porque os
fundadores desistiram de convencer os investidores?
Já dissemos isso antes, mas é importante enfatizar que o sucesso do empreendimento raramente vem da
ideia. Vem da atitude de jamais desistir e da execução implacável dos fundadores. Aqueles que realmente
querem algo encontrarão opções. Aqueles que não estão tão certos disso encontrarão razões e desculpas. Foi
o que aconteceu desde que Hewlett e Packard iniciaram seu negócio na famosa garagem em Palo Alto – e não
se esqueça de que eles começaram com uma paixão e não com um produto. No final, só a paixão pura e
desenfreada pode resolver um problema importante e superar os inúmeros obstáculos. Como diz o investidor
Fred Wilson: “No início, as startups devem ser orientadas pela intuição e, à medida que crescem, orientadas
por dados”. O cofundador da PayPal, Peter Thiel, acrescenta a essa ideia uma questão profunda aos
fundadores de startups: “Diga-me algo que você acredita ser verdade, mas tem dificuldade em convencer os
outros”. Por um lado, temos a convicção e a paixão e, por outro, as ideias revolucionárias radicais. Como
Peter Diamandis gosta de dizer, “No dia anterior, um avanço revolucionário é apenas uma ideia maluca”.
Para ilustrar esse ponto, em uma conversa recente com Elon Musk, Salim perguntou a ele sobre sua ideia
do Hyperloop: “Elon, eu tenho uma formação em física e parece impossível acelerar um ser humano para mil
quilômetros por hora e, em seguida, desacelerar para zero em tão pouco espaço de tempo. Você já pensou
sobre isso?”.
A resposta de Musk? “Sim, essa é uma boa questão”.
Para um verdadeiro empreendedor, não existem impossibilidades, apenas barreiras a serem superadas. (E,
no final, descobriram que há uma solução para esse problema físico – bem simples, na verdade – por meio da
dinâmica de fluidos.)
Como mencionado anteriormente, o produto da DIY Drones de Chris Anderson, o ArduCopter, replica
98% da funcionalidade do Predator, um drone militar, com um milésimo do custo. Um drone por menos de
US$ 1 mil. Isso também é algo transformador. O aparecimento súbito de drones nos cronogramas de
planejamento de empresas tão diversas como a Amazon, QuiQui e UPS não é uma coincidência.
Esse pensamento radical também é inspirador. Na Singularity University, os alunos formam equipes em
torno dos principais problemas, como saúde, educação, água potável e assim por diante. Eles são desafiados
a criar um produto ou serviço que poderia impactar positivamente um bilhão de pessoas dentro de uma
década (PTM). Uma equipe autointitulada de Matternet escolheu a pobreza como seu problema, depois de
descobrir que 85% de todas as estradas da África costumam desaparecer durante a estação chuvosa.
Mas como aliviar a pobreza se você não consegue transportar facilmente pessoas ou itens? Essa pergunta
levou a Matternet a se voltar para o “Transporte em Países em Desenvolvimento” como seu PTM. Quando
Anderson descreveu sua ideia sobre a DIY Drones em uma palestra, a equipe teve uma epifania: da mesma
forma que a África ignorou toda uma geração de telefonia de fio de cobre, passando diretamente para o
wireless, por que não usar os drones para fazer a mesma coisa com o transporte e evitar totalmente
construção de estradas?
A tendência mais interessante dos drones é que eles estão dobrando sua relação preço/desempenho a cada
nove meses. Isso é duas vezes mais rápido que a Lei de Moore. Hoje, um drone pode levar uma encomenda
de quatro quilos a uma distância de até 20 quilômetros. Em nove meses, a capacidade deverá dobrar para oito
quilos em 20 quilômetros e, nove meses depois, as coisas vão ficar realmente interessantes quando atingir 16
quilos em 20 quilômetros. Ao alavancar essa capacidade de duplicação por meio da construção de drones
para entregar alimentos e medicamentos em países em desenvolvimento, a Matternet está revolucionando o
transporte tal como o conhecemos.
A Matternet, que completou uma série de testes no Haiti e agora está se lançando no Butão, é um grande
exemplo de ExO, pois aproveita tecnologias de informação, tem um custo de oferta em queda exponencial e
pode ou transformar o problema ou inspirar as startups que irão fazer isso. A recente declaração da Amazon
de que pretende fazer entregas via drones adicionou uma legitimidade de blue chip a esse esforço.
Crédito: Alexander Osterwalder. Para mais informações sobre como criar propostas de valor eficazes, recomendamos a leitura do novo livro de
Osterwalder, Value Proposition Design: Como Construir Propostas de Valor Inovadoras (HSM, 2014).
1. Imediação: a imediação é a razão pela qual as pessoas encomendam com antecedência no site da
Amazon ou vão ao teatro na noite de estreia. Ser o primeiro a conhecer ou experimentar algo tem um
valor intrínseco cultural, social e até mesmo comercial. Em suma: o tempo confere o privilégio.
2. Personalização: ter um produto ou serviço personalizado não só oferece um valor agregado em termos
de qualidade de experiência e facilidade de uso ou funcionalidade, mas também cria uma “aderência”,
já que ambas as partes estão investidas no processo.
3. Interpretação: mesmo que o produto ou serviço seja gratuito, ainda existe um considerável valor
agregado em qualquer serviço que pode ajudar a reduzir a curva de aprendizado para sua utilização –
ou melhor utilização. Kelly costuma dizer: “Software: grátis; o manual: US$ 10 mil”.
4. Autenticidade: o valor agregado vem da garantia de que o produto ou serviço é real e seguro – o que
é, nas palavras de Kelly, “sem bugs, confiável e garantido“.
5. Acessibilidade: a propriedade exige gerenciamento e manutenção. Em uma época em que possuímos
centenas de aplicativos em várias plataformas, qualquer serviço que nos ajuda a organizar e aumentar
nossa capacidade de encontrar rapidamente o que precisamos tem um valor especial.
6. Materialização: a informação digital não possui um “corpo”, até lhe darmos uma forma física – alta
definição, 3D, uma tela de cinema, um smartphone. Nós pagamos mais, de bom grado, para ter um
software gratuito entregue no formato físico preferido.
7. Patronagem: “Eu realmente acredito que o público QUER pagar aos criadores”, escreveu Kelly. “Os
fãs gostam de recompensar os artistas, músicos, autores e afins com um sinal de sua apreciação, pois
isso permite que eles se conectem. Mas eles só pagarão se for muito fácil, o valor for razoável e
tiverem certeza de que o dinheiro beneficiará diretamente os criadores.” Ele acrescenta que outro
benefício de um processo de pagamento simples é que ele capitaliza a impulsividade dos usuários.
Exemplos incluem músicas do iTunes e do Spotify, bem como as assinaturas da Netflix. Os clientes
preferem pagar cada um desses serviços, mesmo que o conteúdo possa ser adquirido por meio da
pirataria.
8. Encontrabilidade: Um trabalho criativo não tem valor, a menos que seu público potencial possa
encontrá-lo. Essa “encontrabilidade” só existe no nível agregador, já que os criadores individuais
normalmente se perdem no meio do ruído. Assim, fazer parte de canais e plataformas digitais eficazes,
como lojas de aplicativos, sites de mídia social ou mercados on-line, onde os potenciais usuários
podem encontrá-lo, tem um valor considerável para os criadores (e, em última instância, para os
usuários).
Acreditamos que a lista acima oferece um conjunto funcional de modelos de negócio para a era da
informação. O gráfico abaixo mostra como as ExOs iniciantes estão alavancando um ou mais destes modelos:
Vamos voltar ao Quadro de Modelo de Negócio – e particularmente à parceria, que é uma das suas
características.
Fred Wilson, da Union Square Ventures, salientou que muitas empresas estabelecidas em diferentes
indústrias estão atualmente sofrendo uma disrupção – e não apenas por uma startup, mas por muitas startups
diferentes, todas atacando um determinado serviço dentro de uma indústria. Ele vê uma grande disrupção nos
modelos de negócio ocorrendo ou por meio de unbundling (desmembramento) ou de rebundling
(recomposição).
Por exemplo, vamos examinar a indústria de serviços financeiros. Um banco clássico oferece muitos
serviços, como infraestrutura de pagamento, fundos, carteiras móveis e sociais, soluções de e-commerce e m-
commerce, empréstimos, investimentos, ações etc. É uma oferta consolidada ou agregada de diferentes
serviços financeiros. Os bancos estão sofrendo agora uma disrupção por uma série de startups financeiras,
incluindo Square, Clinkle, Stripe, Lending Club, Kickstarter, eToro e Estimize. Consideramos essa
fragmentação de serviços financeiros individuais como uma forma de unbundling.
E se todas essas startups decidirem pela cooperação ou fusão dentro dos próximos cinco anos? E se elas
concordarem em criar alianças por meio de APIs abertas? E se elas criarem uma parceria e uma
recomposição dos serviços (rebundling)? Elas se tornariam um banco completamente novo com custos
indiretos pelo menos dez vezes menores em relação aos seus antecessores, já que a nova entidade exigiria um
número menor de imóveis e colaboradores.
Em suma, o Passo 6 trata da criação de novos modelos de negócio, que tendem cada vez mais para os
modelos gratuitos e freemium. Esses novos modelos de negócio têm, potencialmente, oito novos agregadores
de valor para gerar receitas, diferenciá-los da concorrência e permitir uma estratégia de longo prazo que se
alinhe com as ExOs adjacentes em um determinado setor para causar uma disrupção total nas empresas
estabelecidas, em vez de apenas um único bem ou serviço oferecido. É isso que chamamos de um poderoso
cenário de disrupção dupla.
O modelo AARRR não é fácil de esquecer, uma vez que você o utiliza (e McClure nem está usando um
tapa-olho e acenando com uma espada de brinquedo).
• PTM: Formule um PTM para uma determinada concepção de problema, pelo qual todos os fundadores
se sintam apaixonados.
• Staff on Demand: Use prestadores de serviço e plataformas SoD sempre que possível; mantenha o
mínimo de ETIs.
• Comunidade e multid‹o: Valide a ideia nas comunidades PTM.
• Obtenha feedback do produto;
• Encontre cofundadores, prestadores de serviço e especialistas;
• Use crowdfunding e crowdsourcing para validar a demanda do mercado e como uma técnica de
marketing.
• Algoritmos: Identifique os fluxos de dados que possam ser automatizados e ajude no desenvolvimento
do produto. Implementar o aprendizado de máquina e o aprendizado profundo de código aberto e
baseados em nuvem para aumentar a compreensão.
• Ativos alavancados: Não adquira ativos.
• Use a computação em nuvem e a TechShop para desenvolvimento de produtos;
• Use incubadoras como a Y Combinator e a TechStars para financiamento, aconselhamento, escritório e
contribuição de pares. Use o Starbucks como escritório.
• Engajamento: Crie o design do produto com o engajamento em mente. Reúna todas as interações do
usuário.
• Gamifique sempre que possível;
• Crie um sistema de reputação digital de usuários e fornecedores para conquistar a confiança e a
comunidade;
• Use prêmios de incentivo para engajar a multidão e chame a atenção.
• Interfaces: Crie processos personalizados para gerenciar SCALE; não automatize até que esteja
pronto para produzir.
• Dashboards: Estabeleça OKRs e valor, descoberta fortuita, e dashboards de métricas de crescimento;
não implemente métricas de valor até que o produto esteja finalizado (consulte o Passo 10).
• Experimentação: Estabeleça uma cultura de experimentação e iteração constante. Esteja disposto a
falhar e experimentar, conforme necessário.
• Autonomia: Implemente uma versão “lite” da Holacracy. Comece com o General Company Circle
como primeiro passo; depois passe para reuniões de governança.
• Implemente o modelo técnico e organizacional da GitHub com transparência, permissão e abertura
radical.
• Tecnologias Sociais: Implemente o gerenciamento de documentos compartilhados e baseados na
nuvem.
• Use colaboração e fluxos de atividade, tanto internamente quanto dentro de sua comunidade;
• Elabore um plano para testar e implementar telepresença, mundos virtuais e sensoriamento emocional.
A tabela a seguir mostra nossa avaliação das principais ExOs e os atributos que elas mais alavancam,
mostrando uma boa distribuição e o uso de ambos os elementos: SCALE e IDEAS.
Como foi mencionado anteriormente, a última questão é a mais crítica para uma ExO. Para ser realmente
disruptivo ao status quo e alcançar a escalabilidade de dez vezes, que é a marca registrada das ExOs, uma
combinação de SCALE e IDEAS deve reduzir o custo de oferta de forma exponencial.
Uma palavra final sobre o timing: para qualquer startup ser bem-sucedida, ela deve combinar as
habilidades necessárias, o trabalho duro e um ótimo timing de mercado (especialmente quando se trata de
tecnologia).
Como Ray Kurzweil diz: “Uma invenção precisa fazer sentido no mundo em que ela for concluída, e
não no mundo em que ela foi iniciada”. Essa é uma questão profunda e que muitas vezes passa despercebida
pelos fundadores. Trata-se de compreender a trajetória evolutiva da tecnologia. Ou seja, quais
funcionalidades e capacidades se tornarão viáveis em dois ou três anos, de acordo com a Lei de Moore?
Quando você desenvolve um produto, tendo em mente um futuro próximo, e não o presente, suas chances de
sucesso aumentam muito mais.
O futurista Paul Saffo disse que as invenções (tecnológicas) mais transformadoras fracassam nos
primeiros lançamentos e, geralmente, levam 15 anos para ser plenamente concretizadas. Por quê? Por vários
motivos: cedo demais, momento inoportuno, modelos de negócio não comprovados, questões de integração –
tudo isso resulta em uma experiência do cliente medíocre em um mercado ainda mais medíocre. Michiel
Muller acrescenta: “É preciso uma melhoria de nove vezes para que as pessoas troquem os produtos
tradicionais pelos novos produtos de startups”. Há um certo valor limite, e é por isso que nós estabelecemos
um requisito mínimo de dez vezes para as Organizações Exponenciais iniciantes.
Para implementar as plataformas, as ExOs devem seguir quatro passos em termos de dados e APIs:
• Coletar: O processo algorítmico começa com o aproveitamento de dados, que são coletados por meio
de sensores, pessoas ou importados de conjuntos de dados públicos;
• Organizar: O próximo passo é organizar os dados. Isto é conhecido como ETL (sigla em inglês de
extração, transformação e carga);
• Aplicar: Uma vez que os dados estão acessíveis, os algoritmos como o aprendizado de máquina ou o
aprendizado profundo extraem ideias, identificam tendências e ajustam novos algoritmos. Isso é
realizado por meio de ferramentas como o Hadoop e Pivotal, ou mesmo algoritmos de aprendizado
profundo (de código aberto), como o DeepMind ou Skymind;
• Expor: O último passo é expor os dados sob a forma de uma plataforma aberta. Os dados abertos e
APIs podem ser usados de tal forma que a comunidade de uma ExO desenvolva serviços valiosos,
novas funcionalidades e inovações sobrepostas na plataforma, por meio da combinação dos dados
publicados com seus próprios dados. Exemplos de empresas que expuseram com sucesso seus dados
dessa maneira são Ford Company, Uber, IBM Watson, Twitter e Facebook.
É importante enfatizar que o mundo que está surgindo é muito diferente do mundo que conhecemos. O
poder está se tornando mais fácil de obter, porém, mais difícil de manter. Graças aos grandes efeitos de redes
virais e sociais que permitem a rápida expansão das startups, agora está mais fácil do que nunca criar novas
empresas e causar a disrupção em setores produtivos. Mas quando se tratam de redes sociais, o inverso
também é verdadeiro. O Facebook, por exemplo, é uma empresa estabelecida e seus efeitos de rede e captura
fazem com que ela seja difícil de superar – ressaltando a grande vantagem da plataforma sobre o produto ou
serviço.
Em seu livro, How to Keep Your Strategy Moving as Fast as Your Business, Rita Gunther McGrath
mostra que só podemos obter o que ela chama de Vantagens Competitivas Transitórias por meio de
plataformas e propósito, comunidade e cultura.
Decolagem
Quando tudo se encaixa – quando um grande PTM é concebido e os atributos corretos são implementados
– os resultados podem ser impressionantes. A francesa BlaBlaCar é um bom exemplo.
Fundada em 2004 por Frédéric Mazzella, Nicolas Brusson e Francis Nappez, a BlaBlaCar (anteriormente
conhecida como covoiturage.fr) é um mercado peer-to-peer que faz a ponte entre motoristas com assentos
vazios e passageiros que procuram transporte. O serviço está ativo em 12 países e possui mais de oito
milhões de membros. Um milhão de pessoas atualmente usa o serviço todo mês (número que deve aumentar) –
mais do que o total de passageiros que utiliza a Eurostar, empresa ferroviária líder na Europa, que transporta
833 mil clientes por mês. A BlaBlaCar usa o mesmo modelo de negócio que a Airbnb – os motoristas são
pagos por corrida – e a BlaBlaCar recebe 10%. Enquanto a Uber atualmente enfrenta muitas questões legais,
como o seguro de responsabilidade civil e comercial, a BlaBlaCar não tem os mesmos problemas, já que o
modelo que ela segue é comparável a pedir aos amigos para pagar o combustível quando pegam uma carona.
Essencialmente, a BlaBlaCar oferece caronas para distâncias mais longas – intermunicipais, por exemplo. É
um grande negócio, uma vez que é muito mais barato compartilhar uma viagem do que pegar um trem ou
avião. Uma viagem de 300 quilômetros, por exemplo, custa apenas US$ 25. Em sua plataforma, a BlaBlaCar
– que ganhou o segundo lugar na categoria Melhor Startup Internacional no Crunchies Awards de 2013, e foi
superada apenas pela Waze – utiliza algoritmos para fazer a ponte entre motoristas e caronistas (Algoritmos).
(É claro que 2013 foi um ano de tráfego ruim).
A BlaBlaCar alcançou o sucesso com a criação de toda uma nova rede de transportes (o PTM é People-
Powered Transport, algo como “transporte movido a pessoas”) composta de uma comunidade confiável de
condutores e passageiros. O resultado é um modo de transporte mais social e eficiente, permitindo que os
motoristas economizem cerca de US$ 345 milhões por ano. O negócio também impede a liberação de 700 mil
toneladas de dióxido de carbono na atmosfera por ano, oferecendo um claro benefício social e ecológico.
Assim como Tony Hsieh da Zappos, Mazzella quer que a BlaBlaCar seja considerada uma das melhores
empresas para se trabalhar. Para manter o moral elevado, ele criou o programa BlaBlaSwap, que oferece a
todos os colaboradores (a empresa tem atualmente uma equipe de 115 pessoas) a oportunidade de trabalhar
em qualquer um dos escritórios internacionais da empresa durante uma semana por ano. Além disso, a
empresa reúne todos os colaboradores para sessões semanais chamadas de “BlaBlaTalk” – os colaboradores
no exterior participam por videoconferência –, que oferecem às pessoas a oportunidade de compartilhar suas
realizações nas últimas seis semanas e seus planos para as próximas seis semanas (Tecnologias Sociais).
A empresa também utiliza uma abordagem enxuta em termos de desenvolvimento de softwares, permitindo
que pequenos grupos desenvolvam o software por meio da iteração. Também é importante notar que a
BlaBlaCar “morreu” (trocadilho intencional) várias vezes em sua jornada ao longo dos últimos dez anos,
passando de B2B para C2C e pivotando em três diferentes modelos de negócios (Experimentação e
Autonomia).
Para engajar a comunidade, a BlaBlaCar conta com um sistema próprio de reputação digital chamado de
D.R.E.A.M.S. (Declared, Rated, Engaged, Activity-Based, Moderated and Social) (Engagement), que é
descrito abaixo:
• Declared (declarado): perfil on-line confiável, proporcionando mais informações sobre os usuários;
Ratings (avaliação): serviços colaborativos solicitam aos usuários que avaliem uns aos outros depois
•
de terem se conhecido “na vida real”, permitindo que as pessoas formem uma boa reputação on-line;
• Engagement (engajamento): para os membros se sentirem completamente confortáveis para realizar
transações entre si, eles devem acreditar que as outras partes honrarão os compromissos financeiros;
• Activity-based (baseado em atividades): oferecer informações contextualmente relevantes e em tempo
real, tanto ao comprador quanto ao fornecedor, assegurando que a operação continue sem problemas,
desde o interesse inicial até o pagamento;
• Moderation (moderação): todas as informações de pagamento transferidas por usuários de um serviço
de compartilhamento devem ser verificadas por uma entidade externa.
• Social (social): permitir que os usuários conectem sua identidade on-line sua identidade real, seja
socialmente, via Facebook, ou profissionalmente, via LinkedIn.
E, finalmente, para aumentar seu alcance em toda a Europa, a BlaBlaCar adquire concorrentes locais antes
que cresçam demais. Claramente, a empresa está fazendo tudo certo; em julho de 2014, levantou um valor
espantoso de US$ 100 milhões em fundos de ações.
• Busque apenas os novos mercados (para evitar a resposta do sistema imunológico). Se você quiser
transformar uma fonte de dinheiro existente ou ultrapassar uma unidade de negócios atual, você precisa
de uma unidade independente, com uma pequena equipe isolada e totalmente autônoma;
• Estabeleça um apoio direto – e um vínculo formal direto – do CEO. Não se contente com qualquer
outra linha de comunicação abaixo do CEO. Isso se aplica ainda mais ao CFO;
• Expanda ao invés de retrair. Se você se der bem, expanda e crie uma nova empresa; não tente forçar o
negócio emergente de volta à nave-mãe. A nova empresa não vai se encaixar perfeitamente em lugar
algum, além de resultar em disputas internas de poder, especialmente se você estiver canibalizando
uma fonte de receita existente. A única exceção que descobrimos é quando as EExOs individuais fazem
parte de uma plataforma maior, como os produtos da Apple, que começam na borda e são trazidas para
o centro;
• Convide os agentes de mudança mais disruptivos da sua organização existente para trabalhar em sua
EExO. O especialista em gestão Gary Hamel disse que os jovens, os dissidentes e aqueles que
trabalham nas periferias geográficas e mentais de sua organização são os pensadores mais
interessantes, livres e abertos. Procure os rebeldes. A boa notícia é que não será difícil encontrar;
• Construa sua ExO de forma completamente independente dos sistemas e das políticas existentes. Isso
inclui uma separação física real. Procure não utilizar instalações ou infraestruturas existentes, a menos
que ofereçam uma enorme vantagem estratégica. Assim como uma nova startup, é fundamental que uma
nova ExO opere em novas instalações, contando com a discrição e a confidencialidade.
Como Steve Jobs disse: “Gerenciamos a Apple como uma startup. Nós sempre permitimos que as ideias
vençam as discussões e não as hierarquias. Caso contrário, os melhores colaboradores vão sair. A
colaboração, a disciplina e a confiança são fundamentais”.
Para os interessados em uma abordagem mais completa para iniciar uma ExO, o segundo livro de Peter
Diamandis e Steven Kotler, BOLD (Simon & Schuster, fevereiro de 2015), foi escrito para o empreendedor
interessado em criar, a partir de uma ideia, uma empresa de bilhões de dólares em tempo recorde.
CAPÍTULO 7
o capítulo anterior, discutimos como iniciar uma Organização Exponencial. Porém, o modelo ExO não é
N exclusivo do empreendedorismo e das startups. Na verdade, é possível acelerar uma empresa de médio
porte tradicional para um crescimento exponencial.
Neste capítulo, vamos examinar as empresas de médio porte e mostrar como elas podem tirar proveito da
filosofia ExO. Ao contrário das startups (em que você pode construir todas as operações internas a partir do
zero em torno do crescimento exponencial), a solução para as empresas estabelecidas é inevitavelmente
personalizada: você deve começar com o que já existe e construir a partir daí. Em outras palavras, não há um
modelo universal para “virar exponencial”.
Por esse motivo, vamos examinar os estudos de caso de cinco empresas muito diferentes que se tornaram
Organizações Exponenciais, ilustrando como transformar uma organização estabelecida, cujo crescimento
atingiu um patamar em um ambiente de negócios estável, em uma ExO e alcançar o aumento de desempenho
de dez vezes prometido pelo modelo.
Exemplo 1: TED
Em 1984, Richard Saul Wurman criou a Conferência TED (Technology, Entertainment, Design). Ao
organizar as palestras com extremo cuidado e criar o famoso formato de 18 minutos, o TED prosperou e se
tornou uma peregrinação anual para muitas das pessoas mais influentes do mundo. Passados 18 anos da sua
criação, o TED atingiu a meia-idade. Era rentável e respeitado, hospedava cerca de mil pessoas todo ano em
Monterey, Califórnia, mas havia estabilizado em termos de crescimento anual (embora deliberadamente). Em
suma, o TED havia atingido um equilíbrio confortável.
Então, em 2001, Chris Anderson, que criou o Business 2.0 e o IGN, por meio de sua entidade, a Imagine
Media Group, adquiriu o TED. Anderson previa elevar o TED a um nível mais alto, ampliando suas
operações para uma escala global e sua base de participantes de especialistas influentes para massas
instruídas.
Para isso, ele fez duas alterações radicais. Em primeiro lugar, ele disponibilizou as palestras do TED,
tanto as novas quanto as antigas, gratuitamente pela internet. Depois, conforme observado no Capítulo 5,
trabalhando com Lara Stein, ele criou um conjunto de ferramentas para que qualquer membro do TED pudesse
criar um evento TEDx em sua própria localidade. Os resultados foram surpreendentes. Hoje, mais de 36 mil
palestras TED e TEDx estão disponíveis na web e já foram vistas quase duas bilhões de vezes. Durante sua
trajetória, o TED passou de um encontro anual de amadores a um dos fóruns de troca de ideias mais
populares e influentes do mundo.
Vamos examinar esse programa por uma perspectiva ExO. Desde o início, conforme elucidado por
Wurman, o TED tinha um PTM atraente e escalável: “Ideas Worth Spreading” (ideias que merecem ser
espalhadas). Quando Anderson transformou o TED em um conteúdo on-line gratuito, ele criou o engajamento
e rapidamente formou a massa crítica necessária para transformar a Multidão em Comunidade. As TED Talks
também alavancaram a natureza exponencial dos serviços em nuvem (Ativos Alavancados). Ao mesmo
tempo, o formato da franquia TEDx, apoiado pelo conjunto de ferramentas, criou um conjunto escalável de
processos otimizados que permitiram que essa Comunidade recém-formada construísse uma organização fora
dos limites tradicionais e formais de suas linhas hierárquicas. Ao mesmo tempo, o TED tinha agora a
liberdade de crescer muito mais rápido do que Anderson e sua equipe jamais poderiam ter conseguido se seu
crescimento dependesse unicamente da sua gestão.
Isso mostra que é possível transformar uma organização tradicional de médio porte em uma ExO por meio
da aplicação cuidadosa dos atributos ExO.
Para o TED, os resultados foram fenomenais. Em apenas poucos anos, Anderson transformou um
programa local em uma marca global de mídia. Apesar do seu rápido crescimento, no entanto, o TED nunca
comprometeu a excelência do conteúdo ou a qualidade da experiência dos participantes que justamente o
tornaram tão notável.
Vejamos como os atributos ExO foram implementados:
Exemplo 2: Github
Desde que Linus Torvalds criou o Linux em 1991 e estabeleceu pela primeira vez o paradigma “open
source”, uma vasta comunidade global passou a criar novos softwares para milhões de aplicações. Uma
dessas iniciativas, o website SourceForge (www.sourceforge.net), tem mais de 430 mil projetos de código
aberto, alguns dos quais alcançaram um sucesso incrível.
Além do próprio Linux, talvez o projeto de código aberto mais conhecido seja o Apache Web Server, um
software gratuito criado em 1996 por uma equipe liderada pelo guru do código aberto, Brian Behlendorf, que
concorreu com – e, posteriormente, humilhou – a poderosa Microsoft. Hoje, o Apache roda a maioria dos
websites em todo o mundo, um fato ainda pouco conhecido. Em uma pesquisa esclarecedora conduzida em
1998, a IBM perguntou aos CIOs de 100 blue chips se eles usavam software de código aberto em suas
empresas, e 95% responderam que não. No entanto, quando os entrevistadores fizeram a mesma pergunta aos
administradores de sistemas dessas empresas, 95% responderam que sim. Um resultado que levou a IBM a
fazer uma grande mudança estratégica em direção ao código aberto. Celebrado ou não, ou sequer
reconhecido, o software de código aberto atualmente roda a internet (e, portanto, o mundo).
Depois do extraordinário sucesso inicial, o movimento de código aberto se acomodou em um ambiente
estável e estratificado durante a última década e sua comunidade produziu muito pouco em termos de
inovação. Tudo mudou em 2008, no entanto, quando Chris Wanstrath, PJ Hyett e Tom Preston-Werner (todos
egressos do programa de incubadora de empreendedores, Y Combinator, de Paul Graham) fundaram uma
empresa chamada GitHub.
O GitHub, uma plataforma e ferramenta de colaboração e gerenciamento de código-fonte, transformou
totalmente o ambiente de código aberto. É uma rede social para programadores em que as pessoas e suas
colaborações, e não apenas o código em si, são fundamentais. Quando um desenvolvedor submete um código
a um projeto GitHub, o código é revisado e comentado por outros desenvolvedores, que também avaliam o
desenvolvedor. O ambiente de programação do GitHub tem um sistema de mensagens instantâneas embutido,
juntamente com um sistema distribuído de controle de versão (em vez de um repositório central de código).
Na prática, isso significa que não é necessário um servidor; você tem tudo de que precisa no local e já pode
começar a programar sem ter de pedir permissão. E isso pode ser feito em qualquer lugar, até mesmo off-line.
O GitHub conseguiu transformar a comunidade de código aberto por meio da implementação de
praticamente todos os princípios ExO. Os itens a seguir mostram como a empresa implementou o PTM, bem
como SCALE e IDEAS:
Crédito: GitHub
Em 2012, a Coyote Logistics obteve US$ 786 milhões em receitas e, em 2010, foi nomeada a empresa de
logística de mais rápido crescimento pela Inc. 500. Ela também foi classificada como a nº 1 e a nº 4 pela
Crain’s Fast Fifty, e atualmente ocupa a 26ª posição na lista das empresas mais promissoras da Forbes
América.
O PTM que a Coyote adotou garante que continuará a ser altamente orientada ao cliente. E ela continua
alavancando as tecnologias emergentes para garantir que a experiência do cliente seja a mais simples e
eficiente possível.
A maioria dos colaboradores trabalha em um espaço único de 9 mil metros quadrados, que nada parece
com a sede de uma transportadora tradicional. O clima é de uma nova startup de tecnologia – ágil, criativa e
transbordando energia. A única diferença é que a Coyote não está no negócio de fornecimento de jogos on-
line; em vez disso, fornece bens físicos reais, via caminhão, para lojas e escritórios em todo o país. A atitude
da Coyote é refletida nas quatro características da marca que a empresa promove com confiança: genuína,
tenaz, tribal e inteligente. É essa atitude – arrogante, comunal e competente – que ajuda a explicar por que a
Coyote Logistics conquistou uma posição na lista do Chicago Tribune entre as melhores empresas para se
trabalhar por quatro anos consecutivos.
Os estagiários são fundamentais para o SoD: atributos desejados incluem paixão e iniciativa. A Empresa
foi construída de baixo para cima (bottom-up) e é baseada em seus colaboradores.
Em 2012, o Studio Roosegaarde ganhou um importante concurso de incentivo no TEDx de Binnenhof. Esse
foi um ponto de inflexão; o Studio posteriormente ganhou inúmeros prêmios nacionais, europeus e mundiais
em 2013 e 2014, incluindo o título de empresas mais inovadoras do mundo pela Forbes. Hoje, o foco
principal do estúdio é a ideação e produção com uma equipe central muito menor, mais Staff on Demand e
muito mais crowdsourcing.
As receitas em 2014 alcançarão € 3 milhões – um aumento de seis vezes em relação a 2007. Para um
estúdio de arte, com produtos físicos que são menos escaláveis e focados em uma autenticidade experiencial,
essa é uma conquista impressionante.
• PTM: A empresa transforma sua declaração de missão e assume visões mais grandiosas;
• Comunidade & Multidão: Comunidade fortemente engajada;
• Engajamento: Marketing on-line e marketing de referência são amplamente utilizados para aumentar o
envolvimento do cliente;
• Algoritmos: Técnicas de ciência de dados implementadas para extrair novas ideias sobre clientes e
produtos;
• Experimentação: Produto redesenhado com uma abordagem enxuta (lean) e se caracteriza pela
iteração constante;
• Dashboards: Métricas de valor e de crescimento em tempo real implementadas para monitorar o
progresso externo; OKRs transparentes utilizados amplamente na equipe gerencial;
• Tecnologias sociais: Mecanismos sociais implementados internamente e externamente.
Goldberg e a GTG Capital Partners trabalham com empresas de médio porte e startups potenciais durante
um trimestre fiscal, implementando algumas das técnicas ExO listadas acima. Se elas forem capazes de
dobrar a taxa de crescimento da empresa nesse prazo (não é uma tarefa fácil), então um investimento é feito e
uma meta de crescimento de dez vezes é definida. Nos últimos dois anos, a GTG Capital Partners levantou um
fundo de US$ 100 milhões, sistematizou sua abordagem e, até o momento, aplicou seu processo em 40
empresas – um número surpreendente.
Exemplo 5: GoPro
Em 2001, Nick Woodman, um surfista apaixonado, começou a amarrar câmeras em seus pulsos para
capturar imagens enquanto surfava. Depois de fracassar nos primeiros experimentos, Woodman percebeu que
tinha que construir um gabinete à prova d’água. Em 2004, ele estava construindo suas próprias câmeras, e,
finalmente, capturou a completa experiência do cliente. Apesar de parte do sucesso ter sido graças à QVC, a
rede comercial de televisão, as vendas logo paralisaram, e houve um certo pânico devido ao sucesso da
câmera concorrente, a Flip Video. A virada ocorreu em 2006, quando os amigos de Woodman o convenceram
a passar para a tecnologia digital, resultando na produção de sua primeira câmera de vídeo digital. Em 2008,
a GoPro introduziu uma lente grande angular, mas a alegria não durou muito; o anúncio de Steve Jobs de que o
iPhone teria vídeo causou um segundo ataque de pânico. As vendas foram paralisadas mais uma vez e o
crescimento foi interrompido. Depois de sete anos difíceis, a GoPro havia se estagnado; a empresa parecia
não estar indo a lugar algum. Enquanto isso, a Cisco comprou a Pure Digital, fabricante da câmera Flip, por
quase US$ 600 milhões.
Woodman não se rendeu. Convencido de que ainda estava no mercado, ele continuou iterando e inovando.
Sua oportunidade finalmente chegou no final de 2009, quando ele introduziu o vídeo de alta definição (HD)
no GoPro HD Hero. Enquanto isso, o custo da câmera havia caído exponencialmente até o ponto em que se
tornou acessível ao público geral. Quando a BestBuy começou a vender as câmeras GoPro em 2010, as
vendas triplicaram.
A GoPro agora tem mais de 700 colaboradores (tinha apenas oito em 2010) e está avaliada em US$ 3
bilhões. Em 2013, a GoPro vendeu 3,84 milhões de câmeras e arrecadou US$ 985,73 milhões (um aumento de
87,4% em relação a 2012). A GoPro ocupa atualmente a 39ª colocação na lista das 50 empresas mais
inovadoras do mundo da Fast Company, e a corporação abriu seu capital em julho de 2014, o auge de uma
história incrível.
Mas quais atributos ExO a GoPro utilizou em 2010 e 2011 para crescer exponencialmente depois de ter se
estabilizado em um patamar?
Embora a GoPro tenha se saído muito bem nos últimos quatro anos, ainda enfrenta grandes desafios –
principalmente o lento declínio da Best Buy e de outros megavarejistas, que são os canais de distribuição
mais importantes da empresa. Mas é difícil encontrar um exemplo melhor de empresa achatada que alavancou
os atributos ExO para se transformar. A GoPro facilmente se qualifica como uma ExO, tendo aumentado suas
vendas em mais de 50 vezes durante um período de cinco anos.
Então as empresas estabelecidas podem adotar processos ExO e produzir resultados dez vezes melhores?
A resposta, como vimos neste capítulo, é um retumbante sim. Mas isso é sempre um desafio, e não existe um
caminho bem-delineado para chegar lá. Em se tratando de empresas estabelecidas, cada solução ExO é uma
criação personalizada.
A experiência tem mostrado que a transformação de uma empresa já existente em uma Organização
Exponencial requer duas coisas. A primeira é uma cultura de empresa que pode se adaptar rapidamente a
mudanças rápidas e muitas vezes radicais. O sucesso da Coyote Logistics pode ser atribuído a sua equipe
relativamente pequena e focada e à natureza fluida de seus clientes. Robert Goldberg foi bem-sucedido na
Zynga porque estava trabalhando com colaboradores e operações trazidos a bordo como resultado de
aquisições, o que significava que os trabalhadores não conheciam seu novo colaborador, e, portanto, não
tinham precedentes aos quais se referir. E o GitHub era quase inteiramente virtual desde o início, e por isso
podia facilmente mudar os requisitos de participação. Nem é preciso dizer que impor o modelo ExO a uma
empresa mais tradicional – com uma cultura solidificada ou uma hierarquia rígida – é muito mais difícil.
Mesmo assim é possível. Estamos convencidos de que qualquer ambiente estabilizado ou empresa de
médio porte pode alavancar os princípios ExO e se transformar para alcançar um crescimento exponencial.
Isso nos leva ao segundo requisito para transformar uma empresa estabelecida em uma exponencial: um
líder visionário que tem o apoio total do conselho e da diretoria executiva. Acelerar uma empresa para uma
velocidade estonteante, capacitar os colaboradores e clientes e implantar uma infraestrutura técnica
sofisticada e ambiciosa exige um líder que não só pensa grande e age decisivamente, mas que também tem o
apoio das pessoas mais influentes da empresa – pessoas que não desistirão de tudo quando a situação ficar
assustadora ou diante do primeiro obstáculo. O sucesso de Goldberg na Zynga não veio apenas de seu próprio
talento e confiança em sua equipe, mas também da destemida liderança da empresa. Para as empresas
estabelecidas que pretendam ser exponenciais, o caráter e a coragem do conselho de administração e da
diretoria, muitas vezes, revelam-se mais decisivos que sua competência.
Talvez o melhor exemplo dessa liderança seja Elon Musk. Com o apoio de um conselho forte e de
investidores visionários, como Steve Jurvetson, a tenacidade e a garra de Musk o fizeram passar por testes
extremos. A Tesla, agora com dez anos, viu seu crescimento estagnar em 2011 e 2012 e estava à beira da
falência com 500 colaboradores demitidos. Após uma injeção de recursos do fundo DFJ de Jurvetson, a
empresa lançou o Tesla S, considerado o Carro do Ano em 2013 pela revista Motor Trend, e o carro mais
seguro já construído. Não contentev, Musk abriu o código de todas as patentes da empresa e está lançando
uma nova fábrica de baterias (uma EExO) que irá equipar outras marcas. Do ponto de vista da ExO, talvez o
exemplo mais interessante de melhoria de dez vezes é a alavancagem proporcionada por um motor elétrico. A
transmissão do Tesla S possui apenas 17 partes móveis – compare com as centenas de partes móveis no
sistema de transmissão de um carro convencional. Utilizando um PTM, abrindo a propriedade intelectual para
a comunidade e tirando proveito das tecnologias aceleradas, a Tesla se revitalizou a partir de uma empresa de
médio porte estagnada. Seu valor de mercado no último ano passou de US$ 4 bilhões para mais de US$ 30
bilhões.
A palavra final sobre a gestão do crescimento acelerado vem novamente de Chip Conley, que criou a Joie
de Vivre, uma cadeia de hotéis especializados, e agora faz parte da gerência executiva da Airbnb. Conley
descobriu que quanto mais nos baseamos na informação, maior a necessidade de contar com rituais e
significados para estabilizar as empresas e manter as equipes motivadas. Assim, à medida que as ExOs
assumem números cada vez maiores de colaboradores, as tarefas e as funções individuais precisam ainda
mais do poço gravitacional de um PTM para fornecer o propósito. Embora isso pareça aumentar o fardo das
grandes empresas que tentam se tornar ExOs, o fato de que as empresas estabelecidas são melhores nesses
rituais, histórias e lendas – a “cola” que mantém a organização unida – é uma vantagem, especialmente
quando estão acelerando exponencialmente.
Nos próximos capítulos, vamos assumir a tarefa mais difícil de todas e examinar o que as grandes
organizações precisam fazer para retroajustar o “pensando ExO em seu mundo”.
CAPÍTULO 8
amez Naam passou 13 anos na gigante do software, a Microsoft, liderando o desenvolvimento inicial de
R novos produtos, incluindo o Outlook, Internet Explorer e Bing. Nesse papel, Naam estava
estrategicamente posicionado para observar não apenas a Microsoft, mas muitos de seus clientes e
concorrentes – e não apenas em suas fases de rápido crescimento, mas também como empresas maduras.
Em 2008, Naam teve uma epifania. O século 20 presenciou a derrota de estruturas top-down, como o
comunismo e as economias controladas pelo governo, por estruturas de bottom-up, incluindo a democracia e
o capitalismo. E, no entanto, ele percebeu que, apesar dessa lição histórica, a estrutura da maioria das
empresas se manteve completamente hierárquica e top-down.
Naam também observou que, como resultado desse foco top-down, o fluxo da informação em grandes
corporações inevitavelmente seguia um lento movimento circular. A informação era gerada na alta
administração e lentamente descia para os níveis hierárquicos inferiores. No fim, os colaboradores da linha
de frente usavam essa informação potencialmente obsoleta para executar um conjunto fixo de tarefas. Eles,
então, reuniam os resultados e os devolviam ao fluxo, passando as tarefas para cima por meio das camadas
gerenciais até que esses resultados finalmente chegassem mais uma vez à sala da diretoria. Lá, novas
decisões eram tomadas, e, novamente, um novo conjunto de comandos era enviado para a organização.
Além do ritmo obviamente glacial desse processo, Naam também observou que isso, na verdade,
aumentou a distância entre a informação e a tomada de decisões, resultando nas seguintes falhas estruturais:
• As informações se moviam lentamente e as ideias levavam muito tempo para ser implementadas;
• A realidade, como na brincadeira do telefone sem fio, tornava-se distorcida em cada ponto de
transferência;
• O padrão do fluxo da informação inevitavelmente passava ao largo de uma tremenda quantidade de
experiências e capacidade intelectual;
• O processo muitas vezes fazia com que as organizações se comportassem de maneira antissocial,
eventualmente forçando os colaboradores a fazerem coisas contra seu melhor julgamento.
Podemos generalizar os muitos problemas enfrentados pelas grandes organizações nos três seguintes
pontos:
Naam não foi o único pesquisador que se surpreendeu com o que encontrou em muitas corporações
modernas. Jason Yotopoulos, que passou vários anos na SAP como vice-presidente executivo de pesquisa
global, entrevistou altos executivos em cerca de 30 empresas multinacionais e, finalmente, acabou
concordando com as palavras do teórico organizacional John Seely Brown: “As empresas podem promover a
ideia da criação de novos negócios, (mas) no final elas estão todas no negócio de reduzir o risco e planejar a
expansão, o que é, naturalmente, a antítese do empreendedorismo e de novos empreendimentos”.
Nesse sentido, Yotopoulos também descobriu que as novas equipes de negócios dessas empresas eram
quase sempre compostas pelo pessoal interno da empresa, o que quase garantia uma abordagem conservadora
e os mesmos tipos de resultados.
As observações de Yotopoulos e de Naam ressaltam nossa tese geral de que as grandes estruturas
organizacionais tradicionais simplesmente não se encaixam no paradigma atual (e certamente futuro) das
organizações. Isso não deveria ser tão surpreendente: ideias novas e disruptivas nunca se encaixam no
organograma tradicional, e as empresas maduras, acima de tudo, são basicamente organogramas.
Salim chegou à mesma conclusão em 2007 liderando a Brickhouse, a incubadora interna do Yahoo,
especificamente durante o período em que o Yahoo estava considerando a aquisição do Twitter. Ele logo
percebeu que o problema era que, embora a jovem empresa de redes sociais pudesse fazer parte de qualquer
uma das cinco unidades de negócios diferentes do Yahoo, no final, ela não se encaixaria bem em lugar algum.
Por quê? Porque o produto e a cultura do Twitter são muito diferentes de uma empresa mais tradicional. Além
disso, foi difícil descobrir exatamente em que negócio o Twitter está – o que continua sendo verdadeiro hoje.
No final, a decisão de não prosseguir com a aquisição foi mais afetada por considerações organizacionais do
que estratégicas.
Considere novamente o caso da Iridium do Capítulo 1. Sua mensagem deveria servir como um alerta para
todas as grandes empresas estabelecidas. Como os dinossauros, elas foram atingidas por um cometa de
informação e estão correndo um maior risco de extinção. Isso é ainda mais relevante para as organizações
insulares, independentemente do setor, que dependem muito da mão de obra ou são baseadas em ativos. Todas
estão sujeitas à ameaça extrema da disrupção. Como Peter Diamandis diz: “Se você estiver contando
exclusivamente com a inovação de dentro da sua empresa, você está morto”.
À medida que entramos no que Dave Blakely da IDEO chama de “mundo programável”, o que uma grande
organização estabelecida pode fazer? A resposta: transformar.
No entanto, transformar não é fácil. Uma grande empresa é como um superpetroleiro: leva muito tempo
para mudar de direção. Mesmo assim é possível. Há muitos exemplos de grandes empresas se transformando
em novos mercados com o passar do tempo. Por exemplo, a Nokia fabricava pneus, a Samsung era uma
empresa comercial e a Intel começou com chips de memória. A GE, uma empresa com uma longa e singular
história, se reinventou várias vezes.
Algumas empresas, no entanto, são capazes de se transformar rapidamente. A Apple e a IBM são dois
exemplos raros de grandes empresas que conseguiram realizar uma transformação extrema e a executaram
com muita rapidez. E, em ambos os casos, a inspiração surgiu do desespero; as duas empresas estavam a
poucos meses de ficarem sem dinheiro. Ao mesmo tempo, elas também desfrutavam de uma liderança
carismática e ousada que foi capaz de utilizar circunstâncias terríveis como um impulso para mudar o rumo
da empresa.
Como o economista Paul Romer disse: “Uma boa crise é algo terrível para se desperdiçar”. Mas
desperdiçar é exatamente o que a maioria das empresas faz, e a grande maioria das mudanças de última hora
não acaba bem. Como dissemos na Introdução, a média de vida de uma empresa da S&P 500 caiu de 67 anos,
há um século, para apenas 15 anos hoje, e 40% das empresas da Fortune 500 não existirão daqui a uma
década.
Claramente, para qualquer empresa estabelecida, não importa o tamanho ou o setor, não existe benefício
algum em esperar que o desastre esteja batendo à porta para iniciar os riscos transformadores. No entanto,
muitos estudos revelaram que a grande maioria dos projetos de transformação corporativa fracassa. Há
muitas razões para essas falhas: complexidade, projetos com longos prazos, falta de apoio da diretoria,
orçamentos estourados e assim por diante. No entanto, a principal razão estrutural é o pensamento de curto
prazo impulsionado pelo preço das ações e a pressão sobre os lucros trimestrais. Quando um CEO – ou a alta
administração – é confrontado com uma tentativa arriscada – uma transformação de longo prazo versus
apenas manter o barco estável até que suas opções de ações se tornem exercíveis –, a escolha sempre é a
estratégia de não fazer nada. Como resultado, a principal estratégia atualmente utilizada por muitas grandes
organizações para diminuir essa tendência é a conquista regulatória. Se você agir a favor de uma legislação
favorável, você pode se proteger contra disrupções externas. Em 1998, no que os críticos chamam de “Lei de
Proteção de Mickey Mouse”, o Congresso dos Estados Unidos votou em estender a proteção de direitos
autorais por um período adicional de 20 anos – um duro golpe para a criatividade, e certamente contrário ao
benefício do público em geral. Da mesma forma, as empresas de cabo e de telefonia têm perseguido
agressivamente medidas legais para proteger seus monopólios regionais, chegando até a processar cidades
que propuseram o acesso gratuito à internet em um esforço para estimular o desenvolvimento econômico.
Na verdade, a apartidária United Republic descobriu que o retorno sobre o investimento para o lobby é
impressionante: 5.900% para os subsídios de petróleo, 22.000% para incentivos fiscais a multinacionais e
uma porcentagem surpreendente de 77.500% para manter os preços altos dos medicamentos. Com essas taxas,
na verdade, é fiscalmente irresponsável não fazer lobby.
No entanto, acreditamos que, na era das ExOs, tais táticas são insustentáveis, particularmente no domínio
do consumidor. Por quê? Devido à quantidade de tempo que levam. O ritmo de adoção por meio da internet
supera de longe o processo de regulamentação. Por exemplo, no momento em que as agências de táxis e hotéis
de todo o país acordaram para as ameaças representadas por Uber e Airbnb, respectivamente, o público já
tinha abraçado os serviços, de tal modo que fazer lobby contra elas seria muito mais difícil; era um caso de
nadar contra a maré. O mesmo também é verdadeiro para outros setores – simplesmente observe a tensão
entre as concessionárias de automóveis de Nova Jersey e o modelo de vendas diretas da Tesla. (Há uma
ironia encantadora em ouvir as concessionárias de automóveis proclamarem em voz alta que priorizam a
proteção ao consumidor.)
Junto com as manobras procrastinatórias, há também uma segunda razão, igualmente imperativa, de não
esperar até o último minuto para iniciar uma reviravolta: a cura poderia simplesmente matá-lo. Estamos
totalmente convencidos de que uma grande empresa não é capaz de implementar os processos de SCALE e
IDEAS e transformar-se em uma ExO da noite para o dia. É uma transformação radical demais e que,
provavelmente, esmagará a atividade principal de uma empresa, antes que ela tenha tempo de encontrar uma
nova. E mesmo se a empresa conseguir instituir um novo negócio, a tensão interna causada por essa mudança
radical será extrema.
Ao mesmo tempo, as empresas estabelecidas precisam se transformar ou vão se tornar obsoletas
rapidamente. Apesar das dificuldades bem-conhecidas em promover a inovação em organizações de grande
porte, sem mencionar o número infindável de consultores de inovação à espera nos bastidores para dar
conselhos, muitas vezes ruins e conflitantes, uma grande empresa não pode ficar parada sem fazer nada. A
imprensa escrita tentou fazer isso e… veja o resultado.
Nesse novo mundo de alto metabolismo, onde as tecnologias aceleradas estão impactando um número
cada vez maior de setores, as grandes organizações precisam de estratégias para se alinhar mais estreitamente
ao pensamento ExO. Identificamos quatro dessas estratégias para grandes empresas que podem ser
implantadas em um mundo de negócios acelerado, enquanto mantêm suas principais atividades operacionais
intactas:
1. Transformar a liderança;
2. Criar parceria, investir ou adquirir ExOs;
3. Disrupção (X);
4. Implementar a ExO Lite internamente.
Educação
Como observamos no Capítulo 1, o metabolismo da economia está acelerando, impulsionado por uma
nova geração de tecnologias exponenciais recém-democratizadas. Se você está dirigindo uma grande empresa
hoje em dia e não conhece as tecnologias – sem mencionar como elas podem afetar sua empresa – você
simplesmente não está fazendo seu trabalho. Em uma grande organização, é fundamental que a liderança
sênior preencha essa lacuna para evitar que se torne a próxima Kodak, Blackberry ou Nokia.
Em resposta a essa necessidade, a Singularity University, em parceria com a X Prize e a Deloitte, montou
uma oficina de quatro dias chamada de Programa de Parceiros de Inovação (Innovation Partners Program –
IPP). A cada seis meses, 80 executivos de nível C da Fortune 500 recebem dois dias de briefings sobre as
tecnologias aceleradas, seguido por dois dias de seminários que apresentam ferramentas organizacionais de
ExO, incluindo estudos de caso, entrevistas e sessões práticas sobre prêmios de incentivo.
Antes de participar do programa, 75% dos executivos disseram que tinham pouco ou nenhum
conhecimento das tecnologias envolvidas. Depois do programa, 100% disseram que já haviam sido
formuladas ações imediatas em relação a essas tecnologias. De modo ainda mais dramático, 80% dos
executivos concordaram que esses avanços causariam um impacto marcante em seus negócios dentro de dois
anos, e os 20% restantes estavam confiantes de que o impacto seria sentido no prazo de cinco anos.
Recomendação: utilize fontes externas para atualizar sua diretoria executiva e o conselho de
administração sobre as tecnologias aceleradas.
Recomendações: eduque os membros do conselho para que sejam capazes de apoiar o plano do
CEO para a mudança radical. Além disso, acompanhe o conselho de administração utilizando
OKRs.
Implementar a diversidade
O terceiro nível de transformação envolve a composição real da liderança sênior.
Já foi demonstrado várias vezes que a diversidade em termos de sexo, experiência e idade proporciona
melhores resultados. Infelizmente, a maioria das grandes organizações possui camadas uniformes de
executivos de nível C e membros do conselho, sendo que muitos deles estudaram nas mesmas escolas de
administração. Outros são de uma geração mais antiga e não entendem as novas tecnologias – incluindo, às
vezes, o e-mail.
A maioria dos vencedores do Prêmio Nobel desenvolveu seu trabalho antes dos 30 anos. A média de
idade dos engenheiros da NASA no programa Apollo era de 27 anos. Muitos dos fundadores da era das
empresas “ponto com” estavam em seus vinte e poucos anos. No entanto, a maioria das empresas se apega à
crença de que, quanto mais sênior for o executivo, melhor será sua compreensão do mercado. Em um mundo
de rápidas mudanças, essa suposição não é mais válida.
Uma das recomendações que Salim oferece aos CEOs de grandes empresas é encontrar os jovens de 25
anos mais inteligentes em suas organizações e fazê-los acompanhar as posições de liderança para ajudar a
fechar lacunas geracionais e tecnológicas, acelerar sua curva de aprendizagem em gerenciamento e fornecer o
mentoreamento reverso (reversementorship). Precisamos desesperadamente de líderes jovens e com
urgência. No novo mundo da tecnologia, onde as organizações estão lidando com dinâmicas de mercado
nunca antes vistas, a experiência, na forma como definimos, pode conter o avanço de uma empresa. Sebastian
Thrun, diretor executivo da Udacity e uma força motriz por trás do Google Car, disse recentemente: “Quando
estou contratando colaboradores, a imaginação é muito mais importante do que a experiência”.
Howard Schultz, CEO da Starbucks, demonstrou sua compreensão sobre esse conceito, nomeando Clara
Shih para seu conselho de administração. Com apenas 31 anos de idade, Shih proporciona tanto uma
perspectiva jovem quanto uma profunda experiência em mídia social, qualidades ideais para uma Starbucks
que luta para melhor engajar sua base de clientes. Ela é um grande exemplo do novo fenômeno de
“mentoreamento reverso”. Outra dimensão da diversidade é o sexo. Em 2012, o Instituto de Pesquisa Credit
Suisse concluiu um estudo de seis anos sobre empresas com mais de US$ 10 bilhões de capitalização de
mercado1. Uma de suas descobertas foi que o valor das empresas com conselhos de administração
exclusivamente masculinos apresentou um desempenho inferior ao dos conselhos mistos por uma diferença
surpreendente de 26%. Vivek Wadhwa, um jornalista notável e coautor do livro Innovating Women: The
Changing Face of Technology, vem defendendo destemidamente essa ideia há vários anos, destacando e
apresentando empresas com baixos índices de diversidade.
Habilidades e liderança
Enquanto trabalhava na SAP, Jason Yotopoulos observou que grandes empresas muitas vezes não
conseguem reconhecer a existência de diferentes tipos de colaboradores, e que cada tipo é perfeitamente
adaptado para diferentes funções dentro da empresa. Eles incluem:
As empresas frequentemente cometem o erro de transferir seus melhores colaboradores de uma área para
outra, esperando que eles mantenham o bom desempenho. Por exemplo, um gerente pode pedir que um
Otimizador se torne um Evangelista, um papel em que o colaborador pode ser completamente inadequado,
seja por questão de temperamento ou de habilidades. O gerente, então, se pergunta por que um excelente
colaborador fracassou de forma tão espetacular. O que é realmente necessário, no entanto, é mobilizar esses
Evangelistas iconoclastas a partir de dentro, os que conhecem os ativos e as capacidades únicas da empresa
(que constituem uma grande vantagem ao entrar em novos mercados), e pedir-lhes para moldar uma nova ExO
na fronteira da empresa.
Essa tomada de decisão arbitrária de colocar pessoas em posições em que não são adequadas quase nunca
funciona. E no mundo das ExOs isso pode ser particularmente catastrófico, pois uma liderança de sucesso em
um mundo ExO tem um aspecto profundamente diferente da liderança de sucesso em empresas fundadas antes
de, digamos, 2008. Rob Prego, CEO e fundador associado da Singularity University, analisou detalhadamente
as qualidades de liderança e determinou seis traços característicos de líderes ExO:
1. Visionário defensor do cliente: Em um período de rápida transição, as organizações e seus produtos
podem facilmente perder a conexão original que tinham com seus clientes. Ter o líder da organização
como detentor final desse conhecimento e prioridade assegura que a organização seja representada de
forma consistente. Steve Jobs é um bom exemplo de visionário defensor do cliente, que teve acesso a
novas tecnologias e recursos extraordinários e se manteve pessoalmente envolvido nas decisões sobre
todos os aspectos da experiência do cliente. Ao ver suas necessidades e desejos atendidos nos níveis
mais altos, os clientes ficam muito mais dispostos a persistir em meio ao caos e à experimentação
muitas vezes relacionados ao crescimento exponencial;
2. Experimentalista voltado aos dados: Criar ordem a partir do caos acelerado requer uma abordagem
orientada ao processo que seja, em última análise, ágil e escalável. A abordagem da startup enxuta
pode ser aplicada em qualquer escala para rapidamente iterar e formar o conhecimento institucional.
Existem muitas ferramentas sociais e outros veículos para manter conexões incríveis com nossos
clientes e com a comunidade. Quando engajados corretamente, os clientes tendem a ser mais flexíveis
com o processo e podem até se entusiasmar e querer fazer parte dele. No entanto, sem uma abordagem
centrada nos dados, o que implica um feedback rápido e progressão apropriada de um produto ou
serviço, os clientes ficarão frustrados e poderão, finalmente, se desengajar;
3. Otimista realista: Ao expandir rapidamente, o esforço para compreender e quantificar a realidade de
uma situação ou oportunidade é fundamental para a navegação. O Exame da realidade, no entanto,
sempre exige alguma interpretação. Os líderes que sabem articular um resultado positivo em qualquer
contexto, mesmo em cenários desvantajosos, serão capazes de ajudar a manter a objetividade em suas
equipes. O rápido crescimento e a mudança podem até ser interessantes para alguns, mas a maioria das
pessoas geralmente considera a transformação perturbadora e difícil de se adaptar. Um líder
excessivamente pessimista pode exacerbar reações instintivas, levando a uma tomada de decisão
medíocre;
4. Adaptabilidade extrema: Quando o negócio se expande e suas atividades se transformam, a gestão
deve fazer o mesmo. Para que os líderes possam supervisionar longos períodos de crescimento
acelerado, eles precisam mudar seu foco e adaptar suas habilidades de forma adequada. É raro
encontrar um líder que consegue se transformar exponencialmente juntamente com a tecnologia e a
organização e, assim, com a disrupção de modelos de negócio, vem a oportunidade/necessidade de
adaptar/mudar a liderança. O aprendizado constante é fundamental para se manter na curva
exponencial;
5. Abertura radical: Existe uma oportunidade extraordinária que envolve os especialistas de fora da
organização. Infelizmente, junto com esta oportunidade, vem o desafio de ter que interagir com uma
comunidade ampla e diversificada. Basicamente, o engajamento da multidão chama muita atenção e
atrai críticas e comentários. Enquanto muitos líderes e organizações ignoram a maioria das críticas e
sugestões, a criação de um canal aberto para a multidão e os mecanismos para separar o sinal do ruído
podem fornecer novas perspectivas e soluções, permitindo o acesso a novas camadas de inovação;
6. Hiperconfiante: Para poder viver na curva exponencial e não ser pego pela mentalidade linear da
burocracia organizacional, você deve estar disposto a ser demitido ou até mesmo demitir a si mesmo.
Batalhas devem ser travadas e aspectos contraditórios superados; e isso exige extrema abnegação e
autoconfiança de um líder. Dois dos traços de personalidade mais importantes para um líder
exponencial são a coragem e a perseverança para aprender, adaptar-se e, finalmente, desestabilizar seu
próprio negócio.
A aquisição geralmente é o caminho mais apropriado quando é estrategicamente imperativo que o mercado
seja “apropriado”, mas você enfrenta os seguintes obstáculos:
1. É difícil contratar o talento certo;
2. O ponto de inflexão do mercado é iminente;
3. A oportunidade está muito distante (três ou mais adjacências) do modelo vigente da corporação. Nesse
caso, você deve gerenciar criteriosamente a integração pós-fusão para garantir que os processos da
corporação não sobrecarreguem a empresa adquirida e destruam o valor.
Quando não houver uma necessidade estratégica imediata de apropriação, uma empresa pode formar uma
parceria com uma ExO externa – como um namoro antes do casamento – e aprender mais sobre o mercado e
o novo modelo, bem como avaliar a compatibilidade e a sinergia.
O investimento em uma ExO externa pode ser a melhor jogada nos casos em que faz sentido sondar o
terreno – observar e aprender sobre uma oportunidade emergente considerando uma futura parceria ou
aquisição.
3. Disrupção (X)
Uma terceira estratégia é voltada às grandes organizações para poder alavancar suas próprias tecnologias
disruptivas. Como a história tem mostrado, isso é muito mais difícil do que parece, uma vez que as estruturas
organizacionais das empresas estabelecidas existem para suprimir influências disruptivas.
Mas isso pode ser feito. Basta considerar a primeira calculadora científica da HP, o iPhone da Apple e o
FuelBand da Nike. A chave é a diretoria abraçar a ideia de mudança radical – no sentido de novos mercados
– e, em seguida, recompensar essa aceitação em toda a organização. Nós chamamos isso de Disrupção (X),
um processo que envolve três passos importantes.
• Obter vantagem na forma de uma oportunidade de negócio emergente que tem o potencial para crescer
rapidamente e tornar-se um novo núcleo para o negócio;
• Alinhar um agente de mudanças (ou uma equipe de agentes de mudanças) que entende e abraça essa
oportunidade;
• Posicionar o agente de mudanças ou equipe fora da organização principal;
• Usar a abordagem enxuta e experimentar com novas iniciativas para acelerar o aprendizado;
• Privar a equipe, fornecendo o mínimo em termos de ajuda, dinheiro ou outros recursos;
• Incentivar a equipe a buscar influência, conectando-se com outras empresas e participando de um
ecossistema que pode ajudar a acelerar o crescimento;
• Direcionar a ExO externamente. A empresa nascente deve criar um novo mercado ou área de produto e
NÃO canibalizar a linha de produtos principal, pelo menos em seus estágios iniciais.
A justificativa para os últimos três pontos é não despertar o que Salim chama de resposta imune, por assim
dizer, da organização principal. Se a empresa-mãe perceber que muitos recursos estão sendo canalizados
para a nova iniciativa, ela provocará uma reação (os famosos “anticorpos corporativos”) e o corpo irá atacar
e tentar matar a startup.
Outro passo que gostaríamos de acrescentar à lista de Hagel é a alavancagem de dados. A maioria das
grandes organizações tem ideias e valores extraordinários trancados em seus armazenamentos de dados, e a
alavancagem dessas ideias (o que Hagel chama de Edge) oferece alguns objetivos fáceis de alcançar e que as
ExOs periféricas podem explorar. Wassili Bertoen, diretor do Center for the Edge Europe, observa que, em
seus 17 anos lidando com a inovação empresarial, ele observou que a maioria das grandes empresas tem um
enorme potencial inexplorado – na verdade, elas estão implorando por uma vazão estruturada para tudo isso.
Ao construir a Brickhouse, a incubadora do Yahoo, em 2007, Salim formou uma equipe de
desenvolvedores, alguns do próprio Yahoo, outros de fora. Ela foi, por um breve período, uma das melhores
equipes de desenvolvimento do mundo (certamente todos no Yahoo queriam trabalhar lá). Mas o Yahoo
queria que a Brickhouse criasse novos produtos e serviços para a organização principal, em vez de criar
novos mercados para a empresa. Naturalmente, após algumas semanas do lançamento da Brickhouse, todos os
vestígios de sua autonomia haviam se dissolvido, e os sentimentos de inveja e ressentimento em relação à
recém-chegada varreu a empresa. (“Por que eles recebem os melhores colaboradores?” “Eles estão
competindo com meu produto?”). Até o final de seu mandato, Salim estava gastando 80% do seu tempo
rechaçando a empresa em um esforço para proteger suas equipes na Brickhouse. Claramente, uma situação
sem saída para todas as partes.
Por fim, em 2008, no rastro de uma tentativa de aquisição pela Microsoft, o Yahoo matou a Brickhouse
apesar de ter, contra todas as chances, lançado vários produtos que realmente inovaram a internet para o
consumidor. E, embora o sistema imunológico do Yahoo tivesse ganhado essa batalha, a empresa acabou
perdendo a guerra. (Mas, desde então, Salim passou um tempo com a nova diretoria e está animado com os
objetivos da CEO Marissa Mayer e da CMO Kathy Savitt.)
Yotopoulos se saiu melhor na SAP, já que os novos negócios criados na Global Business Incubator da
empresa foram totalmente protegidos durante os mandatos de três CEOs. Outro fator que contribui para seu
sucesso foi que as novas empresas também tiveram uma boa pitada de atributos ExO, incluindo:
Ivan Ollivier, diretor do Future Lab da Nissan, de forma semelhante, estabeleceu sua unidade no Vale do
Silício, longe da sede, onde ele está explorando um futuro de mobilidade de 20 anos para a Nissan. Segundo
ele, a separação é fundamental para a independência de ideias e criatividade.
Recomendação: contrate equipes de Black Ops, tanto internas quanto externas, para estabelecer
startups com um objetivo conjunto de derrotar um ao outro e causar uma disrupção na nave-mãe.
Techshop
Já examinamos o modelo fascinante da TechShop no Capítulo 3. Vamos explorar agora o impacto da
cadeia de forma mais detalhada, com foco no modo como a TechShop está ajudando as grandes organizações,
incluindo a Ford e a Lowe’s, duas empresas para as quais ela construiu instalações individuais.
O CEO da TechShop, Mark Hatch, oferece aos CTOs da Fortune 500 uma proposta convincente: “Dê-me
1% da P&D e 1% da sua equipe e, em troca, eu lhes retorno dez vezes mais”. É uma meta ambiciosa, mas o
histórico de Hatch confirma a retórica. Os fundadores da Solum, Inc., especializada na detecção de nitrogênio
para a agricultura por meio de GPS, utilizaram as instalações da TechShop desde o conceito Inicial até quatro
gerações de desenvolvimento de produto, levantando US$ 1 milhão em apenas 14 semanas. A TechShop
presenciou vários outros clientes empresariais alcançarem US$ 1 milhão em vendas em apenas três meses
após o lançamento. Para colocar esse período de tempo em perspectiva, considere que algumas organizações
de grande porte levam três meses só para aprovar uma etapa de um processo de stage-gate (técnica de gestão
de projetos).
mach49
Yotopoulos, que também criou a Global Business Incubator da SAP, capitalizou essa experiência única,
combinando-a com seu histórico de uma década como capitalista de risco do Vale do Silício. Ele e Linda
Yates, uma experiente CEO e membro do conselho público com mais de 20 anos de experiência na condução
de estratégia e inovação na Global 1000, estão implementando vários princípios ExO para ajudar as
empresas globais a criar novas empresas “adjacentes” geradas a partir da própria organização. Eles
pretendem oferecer instalações, redes sociais no Vale do Silício e uma equipe experiente de executivos
familiarizados com o mundo empresarial e também com o mundo das startups para iniciar novos negócios
corporativos – e fazer isso alavancando os recursos que a própria sociedade não possui (e talvez não tenha
como possuir).
Yotopoulos e Yates começam por alavancar a multidão da empresa em um concurso de incentivo para
revelar quais empreendedores internos propõem as oportunidades de negócio mais atraentes. As equipes
vencedoras ganham viagens com todas as despesas pagas para a mach49 no Vale do Silício. Lá, elas se unem
a equipes não competitivas de outros setores. Todos os grupos são imersos no empreendedorismo e design
thinking no estilo da startup enxuta. O objetivo é validar as oportunidades de negócios por meio de protótipos
e testes de mercado.
Depois de trabalhar junto à equipe e à rede social da mach49, essas pequenas equipes multidisciplinares
de empreendedores corporativos saem com oportunidades definidas e validadas e um claro plano de
execução. Eles podem então ficar no Vale do Silício para acelerar, retornar para dentro (ou fora) da nave-
mãe, ou servir como navegadores para abrir o caminho para maiores aquisições ou parcerias. Embora ainda
esteja no início, achamos que o modelo tem um potencial extraordinário.
Recomendação: encontre uma incubadora ou uma aceleradora que melhor se ajuste à sua
organização. Faça uma parceria com ela ou, se a escala for insuficiente para suas necessidades,
financiá-la. Se não existir uma incubadora ou aceleradora, crie uma!
Comunidade e multidão
A maioria das grandes organizações está tão ocupada com a gestão interna que acaba não alavancando
suas comunidades e muito menos a multidão, que é muito maior. A maioria melhorou um pouco nos últimos
anos – de forma quase espontânea, graças à mídia social – mas, mesmo agora, a presença on-line de uma
empresa é geralmente limitada a uma página de Facebook administrada sem entusiasmo pelo departamento de
marketing.
Como as empresas poderão partir de uma participação prosaica no mundo da Web 2.0 e criar um negócio
realmente social? Como elas poderão colaborar com a economia de partilha ou com as startups peer-to-peer
para impulsionar a inovação internamente? Como elas poderão formar uma comunidade vibrante em torno de
seus produtos que lhe permitirá utilizar fóruns P2P para reduzir os custos de suporte?
A Zappos gasta uma grande quantidade de tempo e dinheiro gerenciando sua comunidade e é um excelente
exemplo de empresa que lançou um negócio verdadeiramente social. No instante em que você se declara um
fã da empresa na mídia social, a Zappos cria ofertas especiais para você por meio de sua seção exclusiva
para os fãs. É uma relação que se torna rapidamente uma via de mão dupla – a Zappos chama de
relacionamento “Like-Like” – que é projetada para que os clientes criem um laço ainda mais forte com a
empresa e seus serviços.
De modo semelhante, a empresa de software Intuit criou a “Intuit Comunity”, um lugar onde os usuários
postam perguntas e todas são assiduamente respondidas pelos representantes da empresa. Cerca de meio
milhão de perguntas foram postadas até o momento, criando uma rica base de conhecimento que responde a
questões técnicas e promove novas ideias sobre os produtos e, ao mesmo tempo, melhora significativamente a
satisfação do cliente.
Algoritmos
Hoje em dia, todas as empresas acabam gerando montanhas de dados, sendo que uma parte muito pequena
é realmente utilizada. Isso é uma pena. Se as empresas efetivamente analisassem alguns dos dados coletados,
elas teriam uma visão extraordinária sobre seus produtos, serviços, canais de distribuição e clientes.
No entanto, outra razão para utilizar algoritmos e dados é que a maioria dos novos modelos de negócio é
baseada em informação. Ativos físicos não crescem exponencialmente, mas os ativos digitalizados resultam
em novos casos de uso, parcerias, ecossistemas, regras e modelos de negócio. Se você quiser ser realmente
disruptivo, o componente da informação é fundamental. As empresas inteligentes já estão usando serviços
como Kaggle, Palantir, Cloudera, DataTorrent, Splunk e Platfora para insight de dados; elas também estão
usando variações do aprendizado de máquina de código aberto do Apache Hadoop. Na verdade, as
possibilidades são infinitas – as empresas só precisam tirar proveito delas. O Google certamente faz isso:
observe como a empresa, de forma implacável, alavanca dados de quase todas as funções de negócio. O
mesmo também é possível para a maioria das outras empresas. Ideias baseadas em dados também fornecem
um contraponto importante (e verificação da realidade) para a tomada de decisão tradicional com base na
intuição.
Por exemplo, em 2010, Jeremy Howard foi o cientista-chefe da plataforma Kaggle. Agora, como membro
adjunto do corpo docente da Singularity University, ele recentemente prestou consultoria para uma das
maiores empresas de telefonia móvel do mundo. Howard executou um conjunto de algoritmos de aprendizado
de máquina sobre os dados dos clientes da empresa para analisar a solvabilidade. Em menos de um mês, ele
identificou um valor espetacular de US$ 1 bilhão em economias imediatamente implementáveis. (E é isso
mesmo: US$ 1 bilhão… ele realmente deveria ter cobrado um honorário percentual). Howard lançou
recentemente uma nova empresa, a Enlitic, que utiliza algoritmos para detectar tumores em escaneamentos
médicos. Os escaneamentos que passaram por esses algoritmos servirão como um campo de treinamento para
análises futuras, sem intervenção humana.
Engajamento
A criação de jogos, competições e concursos de incentivo (de preferência com metas congruentes com um
PTM) são maneiras fáceis para as grandes empresas se envolverem rapidamente com suas comunidades. Na
verdade, uma grande variedade de ferramentas já apoia essas iniciativas.
Obter feedback instantâneo dos clientes também é um fator crítico para o desenvolvimento do produto.
Isso não tem que ser feito apenas externamente: Philip Rosedale, o criador do Second Life, implementou
algumas ideias fascinantes em sua recente startup, a High Fidelity. Por exemplo, como observamos
anteriormente, os colaboradores de Rosedale votam trimestralmente sua permanência ou não como CEO.
(Aparentemente, ele deve permanecer. Rosedale teve um apoio de 92% na última votação.)
A Unilever, uma das maiores empresas de bens de consumo do mundo, tem dois bilhões de consumidores
em todo o mundo que consomem uma ou mais de suas 400 marcas, diariamente. Em junho de 2013, a Unilever
anunciou uma parceria com a eYeka – uma plataforma de crowdsourcing que conecta as marcas com 288.907
solucionadores de problemas criativos de 164 países. No total, foram 683 concursos que premiaram US$ 4,4
milhões na eYeka. Os participantes do concurso da Unilever tiveram que projetar um Recycling Shower – um
chuveiro sustentável que economiza água. Dentre os 102 participantes, cinco vencedores foram premiados
com um total de € 10 mil em dinheiro. A Unilever também alavanca a eYeka para sediar competições para
suas marcas de portfólio, como a Clear, Lipton e Cornetto, entre outras.
Dashboards
Estendendo a noção de que a tomada de decisões nas empresas deve ser impulsionada por dados e não
pela intuição, os dashboards oferecem uma maneira intuitiva de apresentar informações complexas de forma
simples e convincente.
John Seely Brown e John Hagel observaram que, embora todas as grandes organizações sejam
estruturadas para aumentar a eficiência, nessa nova economia o que realmente precisamos aumentar é a
aprendizagem3. E, embora existam alguns sistemas muito bons de business intelligence (BI), eles são criados
principalmente para medir a escala de eficiência. O que é necessário agora são novos painéis para medir a
capacidade de aprendizagem das organizações. E, se esses dashboards de aprendizagem não surgirem logo,
as grandes empresas precisam exigir de seus Chief Data Officers (a nova posição de nível C do momento).
O que exatamente os dashboards de aprendizagem devem monitorar? Eis algumas sugestões:
• Quantos experimentos (de startup enxuta) ou testes A/B o Atendimento ao Cliente executou na semana
passada? E o marketing? Vendas? RH?
• Quantas ideias inovadoras foram coletadas no passado?
• Quantas foram implementadas?
• Qual a percentagem do total das receitas que foi gerada por novos produtos nos últimos três anos? E
nos últimos cinco anos?
Em 2008, Jeff Weiner, o novo CEO do LinkedIn, introduziu OKRs na empresa, com os objetivos de
permitir que todos os colaboradores se alinhassem com a missão do LinkedIn e de fornecer um mecanismo
flexível e automático para acompanhar os progressos. Essa medida é amplamente considerada uma das
principais razões pelas quais o LinkedIn tornou-se uma empresa de US$ 20 bilhões.
Acreditamos que, no futuro, o indicador definitivo das organizações não será o ROI (Return on
Investment), mas o ROL (Return on Learning, ou retorno sobre o aprendizado). Kyle Tibbits recentemente
aplicou essa noção ao nível do trabalhador individual, quando observou: “A recompensa mais valiosa de se
trabalhar em uma startup, em oposição a um ‘emprego normal’, é uma taxa de aprendizagem dramaticamente
maior (ROL)”4.
Duleesha Kulasooriya, do Center for the Edge, considera a inovação em grandes empresas como uma
questão de mensuração. Niall Daly, ex-consultor de gestão e Fundador/CFO da Backpocket, concorda,
ressaltando que “Com a inovação disruptiva, você tem que medir os efeitos não lineares, ao invés de utilizar
métodos de contabilidade lineares. Isso deixa mais espaço para a verdadeira inovação. A imprecisão não é
aceita hoje em ambientes corporativos”. John Hagel acredita que os pensadores nas bordas das grandes
organizações devem acompanhar as métricas que receberão a atenção da liderança no núcleo, mas devem, ao
mesmo tempo, identificar e acompanhar implacavelmente um novo conjunto de métricas relevantes às ExOs.
Outra abordagem para os dashboards em grandes organizações é o Modelo Doblin. O Grupo Doblin
passou 35 anos pesquisando a inovação e reconheceu que a maioria dos altos executivos considera a
inovação como sendo principalmente uma característica do produto. No entanto, eles descobriram que
existem mais dez tipos de inovação para acompanhar de forma equilibrada em toda a organização:
O iPod e o iTunes da Apple, por exemplo, integram oito dos dez tipos – um sinal revelador. De fato, as
empresas que utilizam o Modelo Doblin para controlar e equilibrar seus portfólios de inovação têm relatado
um ROI várias vezes maior pelos seus esforços. Acreditamos que o modelo de Doblin, utilizado em conjunto
com um diagnóstico de ExO, oferece um excelente indicador de desempenho para uma grande organização.
A empresa global de varejo espanhola, a Zara, que tem cerca de duas mil lojas em 90 países, utiliza
estatísticas em tempo real e dashboards de forma extensiva5. O varejista contrariou a tendência de tentar
alcançar o sucesso por meio de economias de escala e se concentrou em lotes únicos e pequenos e um
processo de produção quase em tempo real. Por exemplo, quase metade das peças de vestuário da Zara é
fabricada centralmente. Uma decisão que lhe permite passar de um novo design para a distribuição em menos
de duas semanas. Isso também ajuda a explicar por que 75% da mercadoria exposta são renovados a cada
mês. No final, os compradores visitam as lojas da Zara, em média, 17 vezes por ano, um número quatro vezes
maior em relação às suas concorrentes.
Experimentação
Talvez o atributo mais importante para uma organização em termos de aprendizagem é a experimentação, o
que é particularmente difícil para as grandes organizações, uma vez que elas tendem a se concentrar na
execução em vez da inovação. Mas qualquer empresa de grande porte pode implementar técnicas como a
abordagem da startup enxuta, bem como testar continuamente as premissas. De fato, em um mundo cada vez
mais volátil, a compreensão que uma organização tem sobre o mundo exterior precisa acompanhar a
realidade. E isso requer que se assuma riscos. No entanto, assumir riscos também significa enfrentar uma
maior chance de fracasso.
Você deve se lembrar dos “prêmios pelo fracasso” que mencionamos no Capítulo 4. Tais prêmios, é claro,
não são novidade: na década de 1970, David Packard notoriamente concedeu uma “Medalha de
Desobediência” ao colaborador Chuck House, que havia ignorado as ordens e criou o que acabou se tornando
um novo produto de sucesso. Mas embora os “prêmios pelo fracasso” sejam ótimos na teoria, a verdade é que
a maioria das grandes organizações pune severamente o fracasso. Recomendamos com veemência que as
recompensas pelo risco e a monitoração de experimentos se tornem um componente-chave do processo de
reconhecimento utilizado pelas grandes empresas. Para acompanhar seu portfólio de inovação, por exemplo,
a Amazon registra exatamente quantos experimentos um departamento realizou, bem como sua taxa de
sucesso.
A GE fez algo ainda mais ambicioso com seu programa FastWorks, em que o especialista em startup
enxuta, Eric Ries, foi convidado para treinar 80 coaches6. Apoiado pela alta administração da GE (incluindo
o CEO Jeffrey Immelt) o programa expôs cerca de 40 mil colaboradores da GE aos princípios da startup
enxuta. Como resultado do programa FastWorks, uma das maiores iniciativas já realizadas na GE, mais de
300 projetos foram lançados globalmente. Um exemplo é o scanner PET/CT, cujo desenvolvimento
normalmente custaria milhões de dólares e levaria de dois a quatro anos. Porém, graças a iterações rápidas
com o cliente, o tempo de desenvolvimento foi reduzido à metade e o protótipo desenvolvido por um valor
dez vezes menor.
Tecnologias sociais
Embora possa parecer que as iniciativas de tecnologia social já foram adotadas por todas as empresas e
para todos os produtos possíveis, Michael Chui, da McKinsey Global Institute, estima que até 80% do valor
real das mídias sociais ainda não foi explorado. Ainda mais impressionante é que Jonah Berger, da Wharton,
calcula que “apenas 7% da propaganda boca a boca é on-line.” Nem é preciso dizer que essas conclusões
indicam um enorme potencial de crescimento para os produtos e serviços devidamente projetados.
Internamente, as tecnologias sociais concentram-se principalmente em ferramentas de colaboração, como
Dropbox, Asana, Box, Google Drive e Evernote. Começando pelos dados de missão não crítica, equipes
internas utilizam o compartilhamento de arquivos e realizam discussões ao vivo sobre seu fluxo de trabalho.
Lembra-se de nosso estudo de caso sobre o GitHub no Capítulo 7? Do ponto de vista da colaboração, uma
boa pergunta a se fazer é: Quais tecnologias sociais avançadas do GitHub as empresas podem implementar de
forma controlada?
Mais sobre o tema da colaboração: o VentureBeat relata que mais de 80% das empresas da Fortune 500
implantaram software social como o Yammer7. No entanto, de acordo com Charlene Li e Brian Solis, da
Altimeter Group, apenas 34% dos 700 executivos e estrategistas sociais pesquisados acreditavam que seus
esforços sociais tiveram um efeito sobre os resultados do negócio.
De modo semelhante, a revista Computing realizou recentemente um levantamento com 100 diretores de
TI, e descobriu o seguinte:
• Do total, 68% disseram que sua organização está usando algum tipo de colaboração;
• Apenas 12% disseram que possuíam um pacote empresarial de software de colaboração;
• E 17% permitem ou deliberadamente ignoraram o uso de produtos de consumo (por exemplo, Evernote,
Dropbox)8.
O especialista em mudança, Dion Hinchcliffe, da Adjuvi, considera a implementação das estruturas sociais
via departamentos de TI “uma mudança de ênfase de sistemas de registro para sistemas de engajamento” e
documentou vários exemplos de grandes organizações que obtiveram excelentes resultados após a
implantação de tecnologias colaborativas.
A CEMEX, a gigante mexicana do concreto, é um desses exemplos, e é um caso particularmente
inspirador, devido à alta média de idade de sua força de trabalho. A pesquisa de Hinchcliffe mostrou que
após um ano da introdução de ferramentas de colaboração, 95% dos colaboradores da CEMEX estavam
utilizando-as. Por quê? Porque o programa piloto para introduzir as ferramentas foi projetado exclusivamente
para a alta administração, que geralmente demora a adotá-las. Ao fazer com que todos adotem as ferramentas
logo no início, o sucesso foi garantido.
5. Conclusão
Como observamos no Capítulo 5, ao construir uma ExO, não é realista esperar que todos os dez atributos
sejam implementados. No entanto, quando se trata de grandes empresas, acreditamos que é importante
empregar vários – e empregá-los hoje. Lembre-se, já fomos atingidos pelo cometa da informação e, por isso,
precisamos nos adaptar rapidamente a esse novo mundo. E as chaves para a adaptação são o PTM, IDEAS e
SCALE. Uma das razões pelas quais estamos otimistas com essa abordagem é que ela resolve o estigma do
“Big Bet” de apostar em uma estratégia não comprovada. Ao realizar experimentos e criar ExOs nas bordas,
as grandes empresas são capazes de lançar inúmeros desdobramentos de baixo custo e alto potencial que não
representam qualquer ameaça para Wall Street ou aos bônus dos executivos. É por isso que a GE, a Coca-
Cola e outras grandes empresas estão rapidamente abraçando a Experimentação.
A Apple é um bom exemplo de como uma grande empresa enfrenta esse desafio. A competência central da
Apple sempre foi o design, e o modo como ela lança esse design segue um caminho definido. Em suma, a
fórmula da Apple é:
1 www.bloomberg.com/news/2012-07-31/women-as-directors-beat-men-only-boards-in-company-stock-return.html
2 <www.deloitte.com/view/en_US/us/Insights/centers/centers-center-for-edge/scaling-edges/index.htm>.
3 <dupress.com/articles/institutional-innovation/>.
4 <www.kyletibbitts.com/post/83791066613/rate-of-learning-the-most-valuable-startup>.
5 <www.slideshare.net/amritanshumehra/zara-a-case-study>.
6 <www.gereports.com/post/82723688100/the-biggest-startup-eric-ries-and-ge-team-up-to>.
7 <venturebeat.com/2011/08/22/yammer-salesforce-integration/>.
8 <www.computing.co.uk/ctg/news/2344575/organisations-embracing-on-line-collaboration-tools>.
CAPÍTULO 9
amos examinar agora como as empresas progressistas estão implementando as ideias discutidas no
V capítulo anterior. Algumas estão construindo ExOs em suas bordas; outras estão adquirindo ou investindo
em ExOs em seu espaço de mercado (marketspace) atual; outras, ainda, estão implementando ExO Lite.
Um ditado comum no Vale do Silício é “a execução faz picadinho da estratégia”. Então, antes de
começarmos, vamos primeiramente examinar o que pode dar errado quando uma empresa mergulha no
universo ExO. Isto não é uma especulação fútil. Enquanto estudávamos as empresas, cujas iniciativas estavam
produzindo resultados positivos, também encontramos algumas que se perderam no caminho. Por exemplo,
estamos convencidos de que um dos maiores erros da Blackberry foi jamais possuir um PTM, enquanto a
queda da Blockbuster pode ser atribuída ao fato de que ela nunca alavancou sua comunidade (para não
mencionar sua considerável arrogância quando a Netflix implorou por um acordo de parceria).
• Construir qualidade;
• Diversificar;
• Reestruturar o processo de negócio;
• Reduzir a distância do cliente.
Zhang Ruimin, ex-administrador da Haier que foi nomeado CEO pelo Estado chinês em 1984, implementou
a fase de construção de qualidade no início de seu mandato. Em um episódio famoso, ele distribuiu marretas
aos colaboradores e, juntos, destruíram algumas dezenas de refrigeradores de baixa qualidade. Seu próximo
passo foi diversificar para outros eletrodomésticos. Em 2005, Zhang decidiu eliminar toda a camada
gerencial média e reorganizou os 80 mil colaboradores da empresa em dois mil ZZJYTs, um acrônimo chinês
para unidades autogeridas independentes, cada qual com sua demonstração de resultados, onde os membros
da equipe são pagos de acordo com o desempenho (Autonomia). Essas unidades possuem várias
características fascinantes:
A Haier foi nomeada a marca mais valiosa na China nos últimos 13 anos. Tanto a revista Fast Company
quanto o Boston Consulting Group recentemente a nomearam uma das empresas mais inovadoras do mundo.
Na verdade, apesar de ser supervisionada pelo governo chinês, a Haier é incrivelmente inovadora. Por
exemplo, a empresa está atualmente trabalhando em um nanorefrigerator de tecnologia de ponta que permitirá
que os consumidores criem alimentos dentro de uma geladeira em alguns dias, utilizando iluminação
avançada e modelos matemáticos de crescimento de vegetais.
As receitas da Haier aumentaram quatro vezes nos últimos 14 anos. As vendas chegaram a US$ 29,5
bilhões em 2013, quando a Haier vendeu mais de 55 milhões de eletrodomésticos. De 2011 a 2014, a
capitalização de mercado da Haier triplicou, passando de US$ 20 bilhões para US$ 60 bilhões, em grande
parte devido à implementação da Autonomia e da Experimentação. Como era de se esperar, a empresa obteve
pontuações altas como uma ExO.
• Em 2007, o Guardian ofereceu uma plataforma de blogging gratuita para os líderes de ideias e criou
fóruns e grupos de discussão on-line (Comunitários e Multidão);
• Os desenvolvedores ofereceram uma API aberta para o site do jornal para que eles pudessem
alavancar o conteúdo no site (Algoritmos);
• Jornalismo investigativo para os milhões de telegramas diplomáticos do WikiLeaks totalmente via
crowdsourcing (Comunidade e Multidão).
Na verdade, nós acreditamos que as Organizações Exponenciais funcionam muito bem como um rótulo.
Mas qualquer que seja a designação final, fica claro que atributos ExO podem ser (e estão sendo)
implementados pelas grandes organizações. De fato, enquanto escrevíamos este livro, nós ficamos surpresos
ao ver a velocidade com que essa implementação está ocorrendo. Algo que era pouco mais que uma vaga
teoria quando nos reunimos para delinear o livro assumiu agora a proporção de um movimento global. As
grandes organizações em todo o mundo estão percebendo que, para se manter competitivas, elas precisam
enfrentar seus velhos preconceitos e impor uma nova realidade, que voluntariamente elimine as práticas
comerciais anacrônicas – não importa o quão eficazes elas eram no passado – em favor de novas práticas que
estejam mais bem-preparadas para um mundo em movimento cada vez mais acelerado.
Nos últimos quatro anos, Juan Manuel Rowland, da Azteca (México), o maior estúdio latino de TV, vem
transformando sua abordagem em relação ao conteúdo digital. Rowland foi o consultor responsável pela
migração de todas as novelas e de todos os programas da Azteca para a transmissão on-line de vídeo digital
(streaming) e, posteriormente, foi chamado pelo CEO da Azteca, Mario San Román, para ingressar na
empresa e fazer algo ousado. Rowland percebeu que, embora a transmissão da programação existente
rendesse pouca receita para a empresa, os vídeos das estrelas latinas no YouTube estavam obtendo milhões
de visualizações. Movendo-se para a periferia da organização, conforme solicitado, ele adquiriu um casarão
e instalou uma dúzia de jovens entusiastas do YouTube, com a tarefa de produzir vídeos sob uma nova marca
chamada ContenTV. Deleitando-se com a cultura e a oportunidade de viver e trabalhar em um ambiente
criativo e agressivo, esses jovens prosperaram. Dentro de um ano, os vídeos da ContenTV estavam obtendo
um número dez vezes maior de visualizações em relação aos da Azteca (mais uma vez, isso que é uma ExO!).
No ano seguinte, Rowland e sua equipe desenvolveram um modelo de negócio e adicionaram a ele uma
equipe de vendas. Depois de algumas dores de cabeça e as tensões com a marca principal, a ContenTV foi
reabsorvida pela Azteca, mas continua a ser uma propriedade autônoma. Tendo aprendido com sua
experiência, Rowland e San Román estão reaplicando sua visão original em um novo modelo.
Quem toma a decisão de se tornar uma Organização Exponencial? Como podemos ver no exemplo da
Azteca, são os diretores executivos, os homens e mulheres no nível C, como San Román, que no final
determinam o destino da empresa. Eles em breve estarão enfrentando uma enorme pressão para adaptar-se, da
mesma forma que, no final, serão os responsáveis pelos resultados. É para esse grupo que oferecemos nosso
capítulo final.
1 <www.forbes.com/sites/stevedenning/2013/05/13/the-creative-economy-can-industrial-giants-reinvent-themselves/>.
2 <www.quirky.com/products/327-The-Milkmaid-smart-milk-jug/timeline>.
3 <www.ge.com/garages/press.html>.
4 <www.gequest.com/c/flight>.
5 <www.hbr.org/2007/10/the-institutional-yes/ar/1>.
6 <developer.zappos.com/blog/first-zappos-developer-contest>.
7 <www.thefinancialbrand.com/15550/ing-direct-cafe-us-canada-photos/>.
CAPÍTULO 10
O executivo exponencial
conceito de ExO – o novo princípio organizador para a era da informação – tem apenas alguns anos de
O idade e, portanto, ainda está evoluindo para sua forma definitiva. Por necessidade, este livro tem sido
basicamente uma série de mensagens da linha de frente da concorrência empresarial.
Como observamos no início do livro, essa não é a primeira vez que ocorreu tal revolução. Na verdade, as
transformações nos negócios ocorreram como um relógio em quase todas as décadas do século passado,
sempre impulsionadas pelo surgimento de alguma tecnologia nova e importante. Assim, a economia “virtual”
em que vivemos e trabalhamos hoje se tornou possível há 20 anos com o surgimento da internet e, mais
recentemente, com o impacto das tecnologias móveis. Eis um exemplo de como a alta administração de uma
empresa está enfrentando esse futuro:
• Apoio ao projeto nos níveis mais altos da empresa. Morton é um líder intelectualmente curioso
disposto a causar a disrupção em sua própria organização;
• Conta com um coordenador com experiência tanto na área quanto no aprendizado de máquina;
• Uma rede bem-conectada de pessoas dentro da divisão que adotam ativamente o complemento
algorítmico dos papéis humanos e são rápidas na troca de ideias;
• Compreensão e implementação de técnicas ExO.
Vida no nível C
Hoje, uma nova onda de tecnologias revolucionárias está deixando sua marca: sensores analógicos
baratos, Bitcoin, impressão 3D, neuro--marketing, inteligência artificial, robótica, nanotecnologia e de big
data. E essas tecnologias são apenas a vanguarda de uma era de inovações sem precedentes. Elas não só
podem como precisam mudar a forma como as empresas operam e se organizam. A simples adoção de
qualquer uma dessas novas tecnologias forçará mudanças fundamentais na forma como trabalhamos.
Especialmente pela sua própria natureza, essas tecnologias deverão acelerar o ritmo do comércio mundial – e
não apenas de forma incremental, mas exponencialmente. E por tudo o que já passamos nos últimos 50 anos
da revolução tecnológica, essa aceleração será diferente de tudo o que já conhecemos.
Com o tempo, todos nós deveremos experimentar este novo e impressionante ritmo de mudança… mas não
antes dos executivos das empresas. Os chamados executivos de nível C, incluindo o CEO, CMO, CTO, CFO
etc., e o novo Chief Data Officer (CDO), deverão enfrentar uma enorme pressão para, ou se tornar
exponencial – como já vimos, uma tarefa difícil para qualquer empresa estabelecida – ou lidar com a ameaça
apresentada por novos concorrentes exponenciais. Suas decisões, tomadas muitas vezes sob pressão e às
pressas, provavelmente determinarão não apenas o sucesso de suas empresas, mas se deverão ou não
sobreviver. Essa não é a primeira vez que os executivos enfrentaram um desafio existencial trazido por uma
revolução tecnológica/organizacional, mas dessa vez o tempo de reação será mais breve do que nunca. Não
haverá tempo para a hesitação – e muito menos tempo para ponderar – antes de tomar grandes medidas
estratégicas.
Por essa razão, estamos dedicando este capítulo final para compreendermos o Executivo Exponencial, um
novo líder destinado a emergir dessa economia transformada. E, até o final do capítulo, esperamos ter
respondido as seguintes questões:
Começaremos com uma amostra de cinco grandes tecnologias e algumas metatendências que impulsionarão
a mudança em muitos setores. Depois, examinaremos como o CEO, o CMO, o CTO e outros executivos
precisam lidar com essas tecnologias em um futuro muito próximo.
Vamos começar com as tecnologias transformadoras (agradecemos muito ao corpo docente da Singularity
University, que sugeriu ou revisou muitas das ideias a seguir).
Realidade virtual/aumentada
Descrição: Realidade virtual de alta qualidade disponível em computadores pessoais em 2-3 anos.
Oculus Rift, High Fidelity e Google Glass impulsionam novas aplicações.
Implicações: Visão remota; especialistas em uma localização central atendendo mais áreas; novas áreas
de atuação; medicina remota.
Neurofeedback
Descrição: A utilização de ciclos de feedback para colocar o cérebro em um nível elevado de precisão.
Implicações: Capacidade de testar e implantar novas classes de aplicações (por exemplo, o focus@will);
apps de criatividade de grupo; flow hacking (induzir um estado mental elevado); recursos terapêuticos,
redução do estresse e melhoria do sono.
Essas novas tecnologias, por sua vez, apoiam o surgimento de cinco prováveis metatendências:
Conhecimento perfeito
Implicações: Com a internet de (todas as) coisas, sensores, sistemas de satélites em órbita terrestre baixa
e sensores ilimitados, os usuários serão capazes de saber tudo o que quiserem, em qualquer lugar e a
qualquer momento.
Mundos virtuais
Implicações: Philip Rosedale observa que os efeitos especiais de Hollywood migram para o computador
pessoal depois de cinco anos. O filme Avatar já tem cinco anos de idade, e em breve estará disponível no
Oculus Rift. Estamos muito próximos da realidade virtual perfeita, e ela transformará o varejo, o transporte, o
ambientes de trabalho e as habitações.
Impressão 3D
Implicações: A impressão 3D (e logo 4D) não mudará radicalmente a produção em massa, mas permitirá
que uma classe totalmente nova de produtos substitua a fabricação tradicional. Um modelo de impressão 3D
local da Kinko que imprime praticamente qualquer coisa será lançado em breve e a tecnologia causará um
grande impacto na armazenagem e transporte. A produção industrial nos EUA será revitalizada com a
reversão das recentes tendências de offshoring.
Veículos autônomos
Implicações: Em setembro de 2014, o estado da Califórnia emitiu os primeiros licenciamentos de
veículos sem condutor. Começando com os veículos de entrega e, em seguida, os táxis, as previsões indicam
que a capacidade viária existente deva aumentar de oito a dez vezes, assim que a massa crítica de veículos
autônomos for atingida. O transporte solidário é um passo intermediário para o transporte totalmente
automatizado, que pode ter um impacto mais visível na sociedade do que qualquer outra coisa, incluindo a
sustentabilidade, o planejamento urbano (poucos estacionamentos) e menos mortes no trânsito.
Note que a maioria dessas tecnologias e tendências eram desconhecidas há uma década e todas eram
inexistentes há 30 anos. Sem dúvida, um número crescente de tecnologias e tendências ainda desconhecidas
deverá surgir nos próximos cinco anos, à medida que as convergências e pontos de interseção criem um ritmo
de mudanças cada vez mais rápido. Por cinco décadas, as previsões em torno da Lei de Moore prometeram a
aceleração e agora estamos vendo o que isso realmente significa.
É importante salientar que as duas listas anteriores representam apenas uma pequena amostra do que está
vindo em nossa direção. Também vale a pena rever as conclusões do levantamento do Innovation Partners
Program, detalhado no Capítulo 8, sobre os 80 executivos de nível C da Fortune 500:
• Antes do evento, 75% dos participantes de nível C tinham pouco ou nenhum conhecimento sobre as
tecnologias aceleradas;
• Depois do programa, 80% dos participantes concordaram que as tecnologias e estratégias teriam um
impacto transformador em seus setores dentro de dois anos, e todos concordaram que o impacto
poderia ocorrer dentro de cinco anos;
• Todos os executivos – 100% deles – tinham uma lista de medidas urgentes ao retornar aos seus
escritórios.
Note a segunda estatística: 80% dos executivos da Fortune 500 concordaram que seu setor experimentaria
transformações radicais, devido às tecnologias disruptivas, dentro de dois anos. Apenas dois anos. Esse
período de tempo, lamentavelmente curto, é o que está tirando o sono dos Executivos Exponenciais – um
destino que em breve será compartilhado por todos os executivos do planeta.
A seguir, vamos voltar nossa atenção para os grandes desafios que enfrentam os executivos de nível C, e
como as técnicas exponenciais podem ajudá-los a encontrar as soluções.
Talvez a orientação mais importante que podemos oferecer a um CEO Exponencial é tomar cuidado com
os Efeitos Ortogonais da Informação (EOIs); em outras palavras, fique atento ao valor inesperado de dados
aparentemente periféricos. Lembra-se do exemplo no Capítulo 1 sobre as empresas de lavagem de carros em
Buenos Aires, que sofreram uma queda de 50% nas receitas devido a uma melhor previsão do tempo? Isso
não foi uma anomalia. Onde quer que você olhe, as indústrias estão sendo remodeladas por mudanças
baseadas em informações até então invisíveis – em grande parte, como resultado de novos dados que estão
sendo coletados o tempo todo. E, como vimos também no nosso exemplo de lavagem de carros na Argentina,
embora os dados muitas vezes estejam facilmente disponíveis, nem sempre estão sendo interpretados.
Por exemplo, considere o focus@will, que oferece música e sons projetados para deixar os ouvintes
“ligados” quando precisam se concentrar no trabalho. O site atualmente tem uma média de cinco horas por
visita e por usuário! Se/quando o focus@will decolar, ele não vai afetar apenas uma pequena porcentagem de
pessoas tentando melhorar seus hábitos de estudo. Se você for o CEO da Red Bull ou da Starbucks, ou
praticamente qualquer empresa no setor cafeeiro, você precisa se preocupar com esse “ativador de atenção
sem cafeína”.
Hoje em dia, é mais importante do que nunca que todo CEO considere que seu mercado pode ser
substancialmente afetado pela inovação em uma área adjacente. Qual é a lição? Se você não estiver atento
aos EOIs, eles podem se tornar uma ameaça.
Estamos presenciando uma desfragmentação total da arena financeira e o setor de pagamentos digitais,
particularmente, está pronto para a transformação. O Quicken e o QuickBooks tiveram um grande impacto
sobre as empresas de contabilidade tradicionais. Agora, como o Mint para finanças pessoais, o Wave
Accounting oferece contabilidade para pequenas empresas totalmente gratuita, embora seu modelo de negócio
real seja minerar os dados enterrados nessas transações. Enquanto isso, o fenômeno Bitcoin continua a se
desenrolar. Todos os cinco capitalistas de risco mais inteligentes que conhecemos estão construindo ou
investindo em 15 a 20 empresas de Bitcoin. Esses investimentos podem se tornar inimaginavelmente
disruptíveis. Na verdade, Salim acredita que o Bitcoin seja o maior facilitador tecnológico da lista acima.
O destacado investidor de Bitcoin, Brock Pierce, descreve dessa forma: “Embora a internet seja um meio
de comunicação aberto – sobre a qual uma camada de transações seguras foi implementada com grande
dificuldade – a própria cadeia de blocos é uma infraestrutura de transações seguras de baixíssimo custo sobre
a qual todos os tipos de aplicações podem ser definidos (sendo que a moeda é apenas uma delas)”.
Note que praticamente tudo no mundo moderno é uma transação: comunicações, contratos sociais e, não
menos importante, o comércio. Por exemplo, em um sistema de contabilidade sobreposta à cadeia de blocos,
toda a função de auditoria desaparece.
O Chief Data Officer é uma função executiva relativamente nova, mas nós consideramos parte essencial
de qualquer organização em crescimento exponencial. Soluções de big data (especialmente o aprendizado de
máquina e o aprendizado profundo), sistemas de gerenciamento de dados e dashboards ajudarão muito na
coleta, classificação, filtragem e remixagem de dados em tempo real, bem como na criação de uma
organização mais personalizada e eficaz.
Mais do que qualquer outro executivo de nível C, o Chief Innovation Officer dependerá fortemente de
muitas tecnologias exponenciais. O CIO precisa estimular o processo de inovação, tanto interna como
externamente, especialmente em termos de coerência e sincronicidade. Ele também deve incentivar a tomada
de riscos e permitir a falha.
É importante notar que a necessidade de transporte de longa distância vai diminuir com o tempo, devido
ao aumento da produção localizada e ao crescimento da economia circular (reciclagem). Mais e mais
produtos serão produzidos no local por meio de parceiros locais (ativos alavancados), acesso a impressoras
3D e mão de obra barata prestada por robôs altamente personalizáveis. Como os clientes preferem receber os
produtos no momento em que acham que precisam deles, eles serão cada vez mais receptivos aos produtos
montados localmente por dois motivos: ética (empregos e sustentabilidade) e praticidade (custos de entrega
mais baixos, melhor serviço ao cliente etc.). Uma típica refeição norte-americana viaja 2.500 milhas para
chegar à mesa do consumidor, mas a agricultura local e técnicas como a agricultura vertical deverão reduzir
consideravelmente esse número (por exemplo, 7% dos legumes vendidos atualmente em Cingapura já são
cultivados verticalmente).
A Realidade Virtual (RV), atualmente com uso limitado no Oculus Rift e Google Glass, e prevista para
iniciativas futuras, como o High Fidelity, não só afetará profundamente o recrutamento e a colaboração, mas
também terá um potencial disruptivo no trabalho como o conhecemos hoje. Imagine a possibilidade de
alavancar a RV para Experimentação, convidando os clientes a testar seus produtos virtualmente antes mesmo
de um protótipo ser criado com uma impressora 3D. Também estamos entrando em uma era em que o RH será
fundamental na gestão eficaz não só dos ETIs centrais, mas também do Staff on Demand mais numeroso
(assim como insumos de crowdsourcing), que passarão a operar em uma escala global. A gestão dos atributos
ExO de Interfaces e Staff on Demand será o novo requisito fundamental para a função de RH.
izemos duas perguntas importantes no início desta jornada: as ExOs são uma realidade? Neste caso, elas
F vão durar?
Dito de outra forma, o paradigma ExO é sustentável ou é apenas fogo de palha?
A tabela a seguir mostra o valor de mercado de algumas ExOs quando começamos a escrever este livro.
Estamos confiantes de que ela responderá claramente às perguntas acima.
Trinta e seis meses fazem muita diferença. O mais importante é que essas taxas de crescimento nunca
aparecem em qualquer plano estratégico de cinco anos. Lembre-se do nosso momento Iridium. Embora seja
um paradigma relativamente novo que está evoluindo rapidamente, não temos dúvidas de que as ExOs estão
aqui para ficar – o inovador de negócios Nilofer Merchant as chama de “gorilas de 800 onças” (em oposição
aos gorilas de 800 libras, estes 16 vezes mais pesados). A alavancagem dos elementos SCALE permite que
as ExOs se estendam além dos limites tradicionais, e os elementos IDEAS ajudam a manter o controle e um
aspecto de ordem. Na verdade, estamos observando um desenvolvimento fascinante em empresas como
Amazon, Facebook e Google que implementaram totalmente os elementos IDEAS: elas se tornam
despolitizadas. Ao tomar decisões objetivas e orientadas a dados (Experimentação), equipes
autogerenciáveis (Autonomia), consciência compartilhada (Social) e Dashboards, as equipes se concentram
no resultado final, em vez de se concentrar na política interna.
Quanto às organizações existentes, o exemplo no Capítulo 10 de Arjun Viswanathan, do Citigroup, mostra
o quanto um impacto pode ser dramático se a filosofia ExO for aplicada a uma organização existente. Ian
Chan, um sócio da Deloitte Canada, cujo invejável título é “Líder de Disrupção”, já formou uma equipe para
implementar os princípios ExO em seus clientes.
Seu desempenho extremo e escalabilidade são o resultado da capacidade de dominar novos mercados
com serviços de informação, ou de atacar os já existentes com a redução do custo de oferta e praticamente
eliminar o denominador na equação receita/custo.
Aqui está outro exemplo concreto: em 1979, a GM empregava 840 mil pessoas e gerou US$ 11 bilhões em
receitas (ajustados para 2012). Vamos comparar a GM com o Google que, em 2012, empregava 38 mil
(menos de 5% da força de trabalho da GM em 1979) e gerou US$ 14 bilhões em ganhos (120% da GM).
Essa é a diferença de um ambiente baseado em informação! Na verdade, o recente livro de Eric Schmidt e
Jonathan Rosenberg, Como o Google Funciona, corresponde quase completamente aos nossos elementos
IDEAS.
Agora que sabemos que as ExOs estão aqui para ficar, temos algumas questões nas quais refletir: Qual
será a penetração das ExOs na economia geral? Quantas indústrias e mercados elas vão derrubar? Quantas
empresas estabelecidas e (atualmente) bem-sucedidas desaparecerão em face das concorrentes exponenciais?
E, finalmente, como uma economia ExO pode mudar a maneira como vivemos e trabalhamos?
Além do progresso financeiro extraordinário alcançado pelas organizações listadas anteriormente,
também monitoramos o progresso organizacional à medida que elas sistematicamente implementaram cada um
dos elementos ExO (PTM, SCALE e IDEAS). (E nós continuaremos a acompanhar sua evolução no
<www.exponentialorgs.com>.) Ao longo do caminho, nós percebemos que a melhor analogia para uma ExO
é a própria internet. A internet é uma arquitetura descentralizada, distribuída, com padrões abertos e
inovações que ocorrem nas bordas. As startups com atributos ExO refletem esse mesmo conjunto de
características. Depois de 20 anos na vanguarda da inovação, a internet é hoje a base de quase todas as
inovações. Acreditamos que, à medida que se tornam mais exponenciais, as empresas se transformarão em
plataformas distribuídas e descentralizadas que alavancam comunidades com APIs abertas. Acreditamos,
também, que deverão operar com uma mistura equilibrada de dados abertos e protegidos, incentivando a
inovação constante e disruptiva em suas bordas.
Da mesma forma que os custos de comunicações da internet caíram para valores próximos a zero, nós
esperamos que os custos transacionais e organizacionais internos também caiam próximos a zero, à medida
que nossas estruturas organizacionais estão sendo, cada vez mais, distribuídas e habilitadas para informação.
Eventualmente, devido a esses baixos custos de transação, nós estamos prevendo o que chamamos de
Explosão Cambriana no design organizacional – tudo, desde as estruturas de base comunitária às
organizações virtuais (veja a Ethereum), será pequeno, ágil e extensível.
E também está se tornando cada vez mais claro que, como a internet, o paradigma ExO não se aplica
apenas para os negócios. Ele pode ser facilmente aplicado a todos os tipos de empresas e organizações:
instituições acadêmicas, entidades sem fins lucrativos, governos. Em suma, não é apenas um sistema
comercial, mas também uma filosofia de ação.
Por exemplo, como seria um governo exponencial? O empresário e estrategista de tecnologia Andrew
Rasiej acredita que os governos deveriam ser plataformas de engajamento cívico. Jerry Michalski, fundador
da Relationship Expedition (REX), observa que a verdadeira tarefa do governo deveria ser a gestão dos bens
comuns – recursos culturais e naturais que pertencem a todos os membros de uma sociedade –, um sistema
tratado de forma mais eficaz por comunidades orientadas ao PTM do que por colaboradores eleitos
corruptíveis com motivos muitas vezes suspeitos.
Francamente, a partir da perspectiva correta, o governo representativo tradicional pode ser visto apenas
como uma versão rudimentar de uma ExO. Ou seja, ele tem um PTM (seu país ou região), alavanca a
comunidade e o público (arrecadação de impostos como um crowdfunding coagido), é descentralizado, reúne
e utiliza dados e conhecimentos, coloca a comunidade em primeiro lugar (em teoria), alavanca o engajamento
(educação cívica e eleições) e possui ativos extensos (terras públicas) e pessoal sob demanda (as forças
armadas e reservistas).
Portanto, a verdadeira questão não é se os governos podem se tornar ExOs – de uma forma rudimentar,
eles já são –, mas se são ou não capazes de cumprir seu destino de serem ExOs realmente modernas,
totalmente funcionais, caracterizadas pela tecnologia e de alto desempenho. Na verdade, o que nós realmente
devemos nos perguntar é: como será esse novo governo?
A oportunidade para os governos cumprirem esse destino certamente existe. Na verdade, já surgiram
alguns sistemas governamentais ExO. A proteção da Galinha de Pradaria, uma espécie em extinção no sul das
Grandes Planícies dos EUA, ironicamente teve um efeito negativo na construção de turbinas eólicas na
região. O processo para avaliar o impacto ambiental estava levando mais de seis meses. Cada aspecto da
avaliação exigia a aprovação em todas suas etapas. Finalmente, um grupo de agências, incluindo a Wildlife &
Parks, criou um sistema de informação geográfica (SIG) que codificou todas as áreas sensíveis. Agora, o
sistema aprova um novo local instantaneamente e oferece alternativas, caso seja encontrado algum problema.
Isso representou uma melhoria de quase um milhão de vezes no tempo de aprovação, e com o mínimo de
esforço.
A implementação bem-sucedida de estratégias ExO em uma organização não governamental também pode
ser encontrada no Reino Unido. Mike Bracken, gestor do Serviço Digital do Governo, dirige seu
departamento como se fosse uma ExO. A experimentação constante com os usuários, iterações rápidas, design
orientado ao cidadão e uso de repositórios GitHub resultaram em um índice de aprovação de 90% para o
aplicativo mais recente do departamento. (Quando foi a última vez que um serviço governamental obteve
índices de aprovação como esse?)
Além do governo, acreditamos que os princípios ExO também transformarão outros feudos. Considere a
pesquisa científica que, curiosamente, ainda está fortemente agarrada ao mantra “publicar ou perecer”.
“Um número significativo de publicações é a chave para obter subsídio”, diz Sarah Sclarsic, uma
executiva de biotecnologia da Modern Meadow, que vem pesquisando essa questão. Porém, o problema é que
as principais publicações científicas favorecem estudos sensacionais com achados que possuam correlação
positiva. Como consequência, diz ela, os cientistas se sentem pressionados a produzir esses resultados
sensacionais, independentemente da ciência ser sólida ou não. Sclarsic observa que, quando os pesquisadores
da Amgen tentaram recentemente reproduzir os resultados de 53 trabalhos fundamentais sobre o câncer, eles
só foram capazes de comprovar seis (11%)1. “Essa parcialidade prejudica a investigação aberta e a
objetividade que residem no cerne da ciência e que são fundamentais para o sucesso da disciplina.”
Felizmente, novas iniciativas como o figshare e a Public Library of Science (PLOS) estão derrubando
essa estrutura arcaica. ResearchGate, uma ExO, é um site aberto, com base na comunidade, onde os
pesquisadores podem publicar quaisquer resultados – e para onde os cientistas e pesquisadores estão
migrando em massa. Com mais de cinco milhões de membros, a comunidade ResearchGate poderia, por si só,
multiplicar o progresso científico e tecnológico por ordens de magnitude.
Empregos e a economia
Outras questões igualmente importantes que contemplamos à medida que avançamos para um ambiente
ExO: Que tipo de economia um mundo ExO produziria? O que acontece à medida que a informação habilita
mais e mais processos e produtos?
Quando tentamos retratar um mundo habilitado para a informação estamos sujeitos a evocar um cenário
tipicamente distópico: robôs e outras formas de inteligência artificial tornam nosso trabalho desnecessário e
mergulhamos em um mundo de crises e caos social. O efeito da tecnologia na economia não é um assunto
novo. A colheitadeira de McCormick, na década de 1870; a linha de montagem no início do século 20; o
computador na década de 1950 – já ouvimos todas essas histórias. Marc Andreessen observou que o
argumento de que “os robôs roubarão nossos empregos” surgiu pela primeira vez em 1964, valendo-se da
mesma terminologia e gerando os mesmos receios que estamos vendo na imprensa de hoje. Em uma recente
conversa com Salim, o respeitado economista John Mauldin observou que, assim como Andreessen, ele não
acredita em um jogo de soma zero. Em vez disso, ele afirma que a economia simplesmente deverá se expandir
e incluir atividades nunca antes imaginadas. (Mauldin também acredita que duas tensões opostas estão em
jogo em um nível mais amplo da economia, pelo menos no curto prazo: as promessas insustentáveis dos
governos em relação à aposentadoria, saúde pública etc., e o aumento da produtividade como resultado da
tecnologia.)
Mauldin criticou os economistas por sua tendência a avaliar a economia com base na hipótese do
equilíbrio, observando que eles quase nunca percebem que a revolução da informação inevitavelmente rompe
esse equilíbrio. Como W. Brian Arthur disse recentemente: “A teoria econômica da complexidade é uma
maneira diferente de pensar sobre a economia. Ela vê a economia não como um sistema em equilíbrio, mas
como algo em movimento, ‘computando-se’ perpetuamente – reconstruindo-se perpetuamente. Enquanto o
equilíbrio econômico enfatiza a ordem, o determinismo, a dedução e o imobilismo, esse novo sistema enfatiza
a contingência, a indeterminação, a busca de sentido e a abertura à mudança. Até agora, a economia tem sido
uma ciência baseada no substantivo, em vez de ser uma ciência baseada no verbo”.
Acreditamos muito na visão de mundo otimista de Andreessen e Mauldin. Por exemplo, em 1980, existiam
apenas 92 cervejeiros artesanais em todos os EUA. Quando o pai de Mike Malone, nosso coautor, estava
escrevendo sobre a indústria da cerveja na década de 1980, essas cervejarias eram consideradas um
“hobby”, nada mais que novidades, incapazes de manter uma qualidade consistente e direcionadas a um
público de nicho. Mas, à medida que a tecnologia reduziu os custos, tornando a indústria acessível a todos,
amadores e pequenas cervejarias de repente se viram em posição de operar microcervejarias cada vez mais
sofisticadas e de alta qualidade. Hoje, há quase três mil microcervejarias nos EUA, o maior número em mais
de um século. Elas criaram 110 mil postos de trabalho em todo o país.
Mas isso não é tudo. Um estudo conduzido pela Fundação Kauffman em 2010 revelou que, nos últimos 40
anos, as grandes empresas criaram “zero” novos empregos. Por outro lado, 100% da criação de novos
empregos são provenientes de startups e empreendedores. Depois de acompanhar o popular Maker
Movement, iniciado por Dale Dougherty, o The Grommet chegou a resultados semelhantes, relatando que as
pequenas empresas criaram oito milhões de novos postos de trabalho desde 1990, enquanto as grandes
empresas eliminaram quatro milhões de posições.
Como mencionamos no Capítulo 5, a democratização da tecnologia permite que indivíduos e pequenas
equipes sigam suas paixões, sejam elas drones, síntese de DNA ou cerveja. Acreditamos que as comunidades
PTM alavancando tecnologias aceleradas podem, dramaticamente, criar novas oportunidades econômicas, e
nós esperamos ver uma abundância de novas ocupações em um futuro próximo – embora muito diferentes do
tipo de trabalho que estamos fazendo hoje. A questão que em breve estaremos perguntando uns aos outros é:
“Como você se ocupa?”, em vez de: “Qual é seu emprego?”. Resumindo: a Explosão Cambriana já está em
andamento.
Da escassez à abundância
O futurista Paul Saffo observou que a humanidade iniciou como uma economia de produção, transformada
em uma economia de consumo e agora está se tornando uma economia de criação. Durante séculos, o dinheiro
e o comércio têm sido os principais modos de discurso em todo o mundo. Hoje, no entanto, a informação está
rapidamente suplantando o dinheiro para se tornar o principal modo de discurso (note que a informação já é
em grande parte fungível). Talvez a maneira mais fácil de enquadrar essa macromudança seja a passagem da
escassez para a abundância. Jerry Michalski observa que, no passado, a escassez significava valor. Ou seja,
sem escassez, você não teria um negócio. Agora essa noção foi abalada. Dave Blakely, da IDEO, considera
as ExOs da seguinte maneira: “Essas novas organizações são exponenciais, porque pegaram algo escasso e o
tornaram abundante”. A Nokia adquiriu a Navteq na tentativa de comprar, possuir e controlar a escassez, mas
foi ultrapassada pela Waze, que conseguiu aproveitar a abundância.
Basicamente, as Organizações Exponenciais tratam do gerenciamento da abundância, e um mundo baseado
em informação nos leva em direção a essa abundância. (Como foi observado anteriormente, o livro de Steven
Kotler e Peter Diamandis, Abundância, demonstra a probabilidade desse resultado.)
Assim, o triunfo da Organização Exponencial parece ser inevitável. Em seu livro de 2014, The Zero
Marginal Cost Society: The Internet of Things, the Collaborative Commons, and the Eclipse of Capitalism,
Jeremy Rifkin apresenta uma tese central que se correlaciona fortemente com nossa noção de “Corrida para
desmonetização” apresentada no Capítulo 5, em que ressaltamos que as ExOs empurram os custos marginais
para quase zero. Rifkin, contudo, levanta uma questão ainda maior. Ele acredita que o que estamos vendo é
um novo sistema econômico emergindo pela primeira vez desde o surgimento do capitalismo, um novo mundo
de custos marginais muito baixos ou nulos, um que ele chama de Bens Colaborativos (Collaborative
Commons).
Como você pode imaginar, esse novo sistema econômico representa uma enorme ameaça ao capitalismo.
Ironicamente, a própria ascensão do capitalismo (para criar produtos e serviços cada vez mais baratos) foi
tão bem-sucedida que, segundo Rifkin, ele acabará por devorar seu criador, destruindo, assim, o próprio
capitalismo. Qual é o fator-chave para essa dinâmica? Produtos e serviços que estão sendo habilitados para a
informação, em uma escala global.
Só o tempo dirá se Rifkin está correto, ou pelo menos parcialmente certo, já que esse novo paradigma virá
a dominar grandes setores da vida moderna. Mas certamente as Organizações Exponenciais são a chave para
gerenciar a nova era dos Bens Colaborativos e a economia da abundância.
Infelizmente, e ironicamente, há uma escassez de orientação para esse novo paradigma. Quase todos os
casos de estudo dos cursos de administração de hoje estão ultrapassados, uma vez que todos ensinam
(abundantemente) como otimizar e gerenciar a escassez. Do mesmo modo, a maioria das práticas de
gerenciamento, que se concentram predominantemente na eficiência de escala, também está desatualizada.
Não existe um curso de MBA que demonstra as Interfaces e nenhum consultor de gestão que possa aconselhar
a Uber sobre a implementação de algoritmos.
Notamos que quando as ExOs ficam grandes elas se tornam plataformas que geram outras ExOs menores,
de forma muito semelhante a um recife de coral saudável que gera inúmeras criaturas interessantes em suas
bordas externas. Como as indústrias estão se tornando cada vez mais habilitadas para a informação,
acreditamos que deverão, inevitavelmente, consolidar-se em algumas grandes plataformas por setor, cada
uma hospedando uma infinidade de pequenas ExOs em suas aberturas e fissuras.
Não importa o que aconteça, uma coisa é certa (esperamos que seja): a Organização Exponencial é o
futuro de qualquer empresa com um forte componente de informação – que, naturalmente, toda empresa
possui. Você pode entrar nesse novo mundo agora ou mais tarde. Mas, no final, você vai entrar.
A responsabilidade para com seus colaboradores, investidores e clientes exige que você não espere. No
instante em que uma parte de seu negócio ou indústria é habilitada para informação, os custos marginais
começam a desaparecer e sua organização, ou assumirá a dinâmica ExO, ou desaparecerá. Hesite por muito
tempo e logo você verá seus concorrentes acelerarem para longe, deixando sua empresa como uma mera nota
em suas histórias corporativas.
Não há necessidade, no entanto, de acabar como uma nota de rodapé. Pense novamente sobre os muitos
exemplos de como o pensamento e a ação exponencial não só capacitaram as novas empresas disruptivas,
mas também permitiram o progresso e uma mudança impressionante em organizações de todos os tipos e
tamanhos. Agora, você tem o manual de instruções para se redefinir como uma Organização Exponencial. Nós
o convidamos a começar a percorrer esse caminho hoje.
Salim Ismail
Mike Malone
Yuri van Geest
Como ficou claro em nossa tabela de ExOs no início do Epílogo, os atributos ExO estão evoluindo
rapidamente. Se você estiver interessado em se manter atualizado sobre notícias, dicas, truques e estudos
de caso, por favor, junte-se a nós em
<www.exponentialorgs.com>.
1 <www.nature.com/nature/journal/v483/n7391/full/483531a.html>.
Posfácio
gora você tem o diagrama para a construção de uma Organização Exponencial. Não importa se sua
A empresa tem três ou 30 mil pessoas, reinventá-la em torno dos atributos intrínsecos e extrínsecos
identificados neste livro é fundamental.
Todos nós podemos identificar empresas que consideramos lineares (por exemplo, a GM) e as empresas
que consideramos exponenciais (digamos, o Google), mas agora podemos realmente medir essa diferença e
saber como e por que elas operam em um diferencial de desempenho de 25 vezes na receita por colaborador,
como Salim destacou no epílogo. Parte dessa diferença de 25 vezes vem das ferramentas de produtividade
(ou seja, tecnologias exponenciais) já disponíveis. Embora seja verdade que elas operam em setores
diferentes, isso indica a importante passagem de um mundo baseado em matéria para um mundo baseado em
informação.
Nós chegamos a essa perspectiva a partir de nossas experiências na Singularity University, na qual,
durante os últimos seis anos, estivemos aprendendo com os principais especialistas, pesquisadores e
profissionais das tecnologias aceleradas. É importante notar, no entanto, que nós ainda estamos literalmente
no início da próxima era de tecnologias disruptivas. Ainda não vimos nada. Na próxima década, essas
ferramentas de aceleração terão uma utilidade cada vez maior e os efeitos de rede em que “o vencedor leva
tudo” lançarão as Organizações Exponenciais a alturas jamais alcançadas.
A realidade é que, durante essa era de mudança exponencial, você precisa fazer sua empresa evoluir – se
você não criar sua própria disrupção, alguém o fará. Ficar parado significa a morte.
Para você ter uma melhor ideia do tsunami de mudanças que está vindo em nossa direção, permita-me
esboçar um quadro que descreve os quatro níveis de convergência que deverão se revelar em um futuro
próximo.
Nível I: Em primeiro lugar, temos a aceleração contínua de tecnologias exponenciais específicas que
pegam carona da computação, que continua a dobrar (Lei de Moore). Isto está ocorrendo em áreas como a
Computação Infinita, Redes/Sensores, Inteligência Artificial, Robótica, Manufatura Digital e Biologia
Sintética. Você já viu as tabelas no Capítulo 1 que mostram um progresso dramático em todas essas áreas.
Nível II: A convergência dessas tecnologias – a interseção de Redes, IA e impressão 3D – permitirá em
breve que qualquer pessoa descreva seus pensamentos. Teremos um software de design com IA que ouve sua
descrição de um lindo e detalhado projeto que será impresso em 3D e entregue à sua porta. Todos nós, com
ou sem habilidades, nos tornamos designers e fabricantes, da mesma maneira que o Microsoft Word nos
transforma em soletradores perfeitos.
Nível III: Como mencionado no livro, nessa década, o número de pessoas conectadas digitalmente no
planeta aumentará de dois bilhões em 2010 para, pelo menos, cinco bilhões até 2020. A adição de três
bilhões de novas mentes à economia global terá um impacto poderoso. O mais importante é que esses três
bilhões de pessoas estarão totalmente capacitados com tecnologias desmaterializadas, desmonetizadas e
democratizadas que vão desde telefones celulares, até o Google, impressão 3D on-line, técnicas de IA,
diagnósticos médicos e biologia sintética. Eles terão acesso a tecnologias que, há apenas uma década,
estavam disponíveis apenas para as maiores empresas e laboratórios do governo. O que isso permitirá? O
que eles vão construir?
Nível IV: Vimos que a taxa de inovação na Terra aumenta como resultado direto da concentração de
pessoas nas cidades (deslocadas das zonas rurais). Há cinco anos, a proporção de habitantes urbanos no
planeta cruzou a linha dos 50% pela primeira vez na história da humanidade. Parafraseando Matt Ridley,
autor do importante livro O Otimista Racional: Por que o Mundo Melhora, as ideias estão se acasalando, se
reproduzindo e se recombinando a um ritmo cada vez mais rápido, impulsionadas por pessoas concentradas
nas áreas urbanizadas que fazem a troca e a iteração de ideias. Logo, a mente coletiva de cinco bilhões de
pessoas conectadas vai conduzir à mais rápida iteração de tecnologia da história. Os ciclos de inovação de
novos produtos passarão de anos para meses ou semanas. Como o sistema de propriedade intelectual e os
sistemas de governança global poderão acompanhar esse ritmo? Como as empresas com pensamento linear de
grande escala sobreviverão? O que acontece quando o ritmo de mudança é mais rápido que o processo de
patenteação? Será que empresas e governos serão capazes de lidar com esse ritmo de mudança?
São esses quatro níveis de disrupção que estarão impulsionando o tsunami de mudanças à nossa frente.
Essencialmente, esse livro foi criado para ajudá-lo a surfar nesse tsunami, ao invés de ser esmagado por ele.
Salim e eu passamos os últimos dois anos viajando pelo mundo realizando palestras, coaching e
consultoria a líderes empresariais e nacionais que estão acordando para o fato de que as tecnologias
exponenciais estão aqui para ficar, e que essas tecnologias estão, na verdade, se acelerando. Aqueles que
achavam que “essa tal de internet” foi um incidente isolado da década passada, finalmente perceberam que
foi apenas o começo de tudo.
Desejo-lhe tudo de melhor, ao conduzir sua empresa, sua organização, talvez até mesmo seu país, de uma
entidade de pensamento linear para uma Organização Exponencial.
Peter H. Diamandis
Fundador e Presidente, X Prize Foundation
Santa Monica, CA
ANEXO A
2) Até que ponto você alavanca recursos externos para executar funções de negócios?*
A maioria das funções de negócios é tratada por colaboradores internos. (1 ponto)
Terceirizamos algumas funções administrativas e de apoio (por exemplo, contas a pagar, contas a
receber, help desk, instalações etc.). (2 pontos)
Terceirizamos algumas funções de missão crítica (por exemplo, Apple e Foxconn). (3 pontos)
Enfatizamos a agilidade – até mesmo as funções de missão crítica são terceirizadas como custos
variáveis, em vez de custos fixos. (4 pontos)
3) Até que ponto você possui vs. aluga os ativos em sua organização?*
Possuímos todos os ativos, exceto equipamentos periféricos (por exemplo, copiadoras). (1 ponto)
Temos acesso a alguns equipamentos/serviços essenciais sob demanda (por exemplo, computação em
nuvem). (2 pontos)
Usamos ativos sob demanda em várias funções de negócios (por exemplo, hackerspaces ou escritórios
compartilhados vs leasing ou compra de escritório; usar a NetJet vs. comprar um avião). (3 pontos)
Usamos ativos sob demanda, mesmo em áreas de missão crítica (por exemplo, Apple e Foxconn). (4
pontos)
Comunidade e Multidão
4) Até que ponto você gerencia e interage com sua comunidade (usuários, clientes, parceiros, fãs)?*
Temos uma participação muito passiva com nossa comunidade (ou seja, nós usamos alguns meios de
comunicação social). (1 ponto)
Alavancamos nossa comunidade para pesquisa de mercado e outras atividades de pesquisa. (2
pontos)
Usamos ativamente a comunidade para divulgação, apoio e comercialização. (3 pontos)
A comunidade tem uma grande influência em nossa organização (por exemplo, ideias de produtos,
desenvolvimento de produtos). (4 pontos)
9) Até que ponto a funcionalidade social e a colaboração são um elemento central da oferta de seu
produto/serviço?*
Nossos produtos/serviços não incorporam um aspecto social/colaborativo (por exemplo, a compra de
um cortador de grama). (1 ponto)
Nós incorporamos estruturas sociais/colaborativas em nossos produtos/serviços existentes (por
exemplo, os produtos têm uma página no Facebook ou Twitter). (2 pontos)
A funcionalidade social/colaborativa é usada para melhorar ou gerar a oferta dos serviços/produtos
(por exemplo, 99designs, Indiegogo, Taskrabbit). (3 pontos)
A funcionalidade social/colaborativa realmente desenvolve a oferta de nossos produtos/serviços (por
exemplo, Yelp, Waze, Foursquare). (4 pontos)
Dados e Algoritmos
10) Até que ponto você usa algoritmos e aprendizado de máquina para tomar decisões relevantes?*
Nós não realizamos qualquer análise significativa de dados. (1 ponto)
Nós coletamos e analisamos dados geralmente por meio de sistemas de comunicação. (2 pontos)
Nós usamos algoritmos de aprendizado de máquina para analisar dados e tomar decisões acionáveis.
(3 pontos)
Nossos produtos e serviços são construídos em torno de algoritmos e aprendizado de máquina (por
exemplo, PageRank). (4 pontos)
12) Você possui processos especializados para gerenciar o resultado das externalidades em sua
organização interna? (Por externalidades, nos referimos a Staff on Demand,
Comunidade/Multidão, algoritmos, os ativos alavancados e engajamento.)*
Não alavancamos externalidades ou não temos processos especiais para capturar ou gerenciar
externalidades. (1 ponto)
Temos uma equipe dedicada a gerenciar as externalidades (por exemplo, a X Prize cria prêmios
únicos, aplicações TEDx tratadas manualmente). (2 pontos)
Automatizamos o processamento de uma externalidade (por exemplo, Elance ou DonorsChoose). (3
pontos)
Automatizamos o processamento de várias externalidades (por exemplo, IndieGoGo, Github, Uber,
Kaggle, Wikipedia). (4 pontos)
14) Quais métricas você utiliza para monitorar sua organização e seu portfólio de inovação de
produtos? (Por exemplo, o Lean Startup Analytics.)*
Apenas monitoramos os KPIs tradicionais mensalmente/trimestralmente/anualmente (por exemplo,
vendas, custos, lucros). (1 ponto)
Coletamos algumas métricas tradicionais em tempo real de sistemas transacionais (por exemplo,
ERP). (2 pontos)
Coletamos todas as métricas tradicionais em tempo real e usamos algumas métricas da startup enxuta.
(3 pontos)
Coletamos as métricas tradicionais em tempo real e métricas da startup enxuta (valor e aprendizagem)
como o uso repetido, monetização, recomendação e NPS. (4 pontos).
15) Você usa alguma variante dos objetivos e resultados-chave (OKRs) para acompanhar o
desempenho do indivíduo/equipe?*
Não, nós usamos avaliações de desempenho tradicionais trimestrais/anuais ou avaliações 360 graus
ou stack ranking (distribuição forçada). (1 ponto)
Nós implementamos OKRs em áreas de inovação ou nas extremidades da organização. (2 pontos)
OKRs são utilizados em toda nossa organização (por exemplo, LinkedIn). (3 pontos)
OKRs são utilizados em toda nossa organização com total transparência (por exemplo, Google – todos
podem examinar o desempenho uns dos outros). (4 pontos)
Experimentação e Risco.
16) Sua organização constantemente otimiza processos via experimentação, testes A/B e ciclos de
feedback curtos? (Por exemplo, a metodologia da startup enxuta.)*
Não, usamos o tradicional BPM (gerenciamento de processos de negócio). (1 ponto)
Usamos a abordagem enxuta (ou similar) para áreas voltadas ao cliente, como o marketing. (2 pontos)
Usamos a abordagem enxuta para a inovação de produtos e desenvolvimento de produtos. (3 pontos)
Usamos a abordagem enxuta para todas as funções principais (inovação, marketing, vendas, serviços,
recursos humanos, até mesmo jurídico!). (4 pontos)
17) Até que ponto você tolera falhas e incentiva a tomada de riscos?*
O fracasso não é uma opção (NASA) e pode afetar as carreiras das pessoas envolvidas. (1 ponto)
O fracasso e o risco são incentivados, mas apenas na teoria, e não são monitorados ou quantificados.
(2 pontos)
O fracasso e a tomada de riscos são permitidos e mensurados, mas restritos a skunkworks ou a limites
bem-definidos (por exemplo, Lockheed Skunk Works). (3 pontos)
O fracasso e a tomada de riscos são esperados, difundidos, medidos e mesmo celebrados em toda a
organização (por exemplo, Amazon, Google, Heroic Failure Award da P&G). (4 pontos)
Autonomia e Descentralização
Sua organização opera com grandes estruturas hierárquicas ou equipes pequenas, auto-
18) organizáveis e multidisciplinares?*
Temos uma hierarquia corporativa tradicional, com grandes grupos especializados que operam em
silos. (1 ponto)
Temos algumas equipes pequenas e multidisciplinares operando nas bordas, longe da organização
principal. (2 pontos)
Temos algumas equipes pequenas e multidisciplinares aceitas e adotadas pela organização principal.
(3 pontos)
Equipes pequenas, multidisciplinares, interligadas e auto-organizáveis são a estrutura operacional
primário da organização. (por exemplo, Valve) (4 pontos)
Fontes e Inspirações
odos os livros abaixo foram extensivamente revisados, analisados e têm referência cruzada com o modelo
T ExO.
Anderson, C. (2006). The Long Tail: Why the Future of Business Is Selling Less of More. Hyperion.
Blank, S., & Dorf, B. (2012). The Startup Owner’s Manual: The Step-By-Step Guide for Building a Great
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Brynjolfsson, E., & McAfee, A. (2012). Race Against The Machine: How the Digital Revolution is
Accelerating Innovation, Driving Productivity, and Irreversibly Transforming Employment and the
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Apenas em holandês:
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Mandour, Y., Brees, K., & Wenting, R. (2012). Groeimodellen: Creëer nieuwe business. Van Duuren
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Sobre os autores
Este livro é uma colaboração conjunta entre Salim Ismail, Michael S. Malone e Yuri van Geest, com
ideias-chave e estrutura fornecidas por Peter Diamandis, juntamente com a orientação do corpo docente da
Singularity University.
Ismail e Diamandis tornaram-se parceiros de negócios quando fundaram a Singularity University, uma
instituição criada para estudar o impacto das tecnologias em crescimento exponencial nas empresas,
indústrias e nos grandes desafios da humanidade. Van Geest esteve envolvido na colaboração, pesquisa e
redação deste livro em quase todos os três anos de sua criação. Malone é considerado por muitos como o
escritor oficial do Vale do Silício e escreveu duas dezenas de livros, muitos dos quais identificam novos
marcos importantes na história das organizações.
SALIM ISMAIL é o Diretor Executivo e fundador da Singularity University, onde ele lidera a maioria dos
programas acadêmicos, e é seu atual Embaixador Global. Antes disso, como vice-presidente do Yahoo, ele
criou e dirigiu a Brickhouse, a incubadora interna do Yahoo. Sua empresa mais recente, a Angstro, foi
vendida para o Google em agosto de 2010. Ele fundou uma e dirigiu sete empresas em estágio inicial,
incluindo a PubSub Concepts, que estabeleceu algumas das bases para a web em tempo real. Ele também
passou vários anos como consultor de gestão para a CSC Europe e, posteriormente, para a ITIM Associates.
Ismail é bacharel em Física Teórica pela Universidade de Waterloo, no Canadá.
MICHAEL S. MALONE é um dos escritores de tecnologia mais conhecidos do mundo. Ele abordou o
Vale do Silício e a alta tecnologia por mais de 30 anos, começando com o San Jose Mercury News, como o
primeiro jornalista de alta tecnologia do país. Os artigos e editoriais de Malone foram publicados
regularmente no Wall Street Journal. Ele foi o editor da Forbes ASAP, a revista de tecnologia para negócios
de maior circulação do mundo, no auge da explosão das ponto-com. Malone é o autor ou coautor de cerca de
20 livros premiados e séries de televisão, com destaque aos best-sellers The Virtual Corporation, Bill and
Dave: How Hewlett and Packard Built the World’s Greatest Company e The Future Arrived Yesterday: The
Rise of the Protean Corporation and What It Means For You. Malone tem um MBA da Santa Clara
University, onde atualmente é professor adjunto em redação profissional. Ele também é um membro associado
da Saïd Business School da Universidade de Oxford, e foi nomeado Distinguished Friend of Oxford.
PETER H. DIAMANDIS é um empreendedor “em série” e foi cofundador de 15 empresas, com destaque
para a Fundação X Prize, Singularity University e Planetary Resources. Ele é graduado em biologia molecular
e engenharia aeroespacial pelo MIT e tem MD pela Harvard. Também é o coautor do best-seller do New York
Times, Abundância: O Futuro É Melhor do que Você Imagina, uma leitura recomendada para aqueles
interessados em Organizações Exponenciais. A CNN e a Fortune recentemente nomearam Peter Diamandis
um dos “50 Maiores Líderes do Mundo”.
Agradecimentos
Sustentabilidade da liderança
David Ulrich e Norm Smallwood
Faça seus esforços de liderança valerem a pena!
Todos os dias, milhares de pessoas empenham grande esforço e dinheiro em técnicas para se tornar líderes mais eficazes, por meio de seminários,
treinamento pessoal, planos de desenvolvimento etc. No entanto, nem todas terminam o que começam, e muitas voltam aos hábitos menos
produtivos. Nesta obra, David Ulrich e Norm Smallwood apresentam sofisticadas e comprovadas ferramentas de sustentabilidade da liderança que
podem ser colocadas em prática imediatamente. O livro o ajudará a transformar boas intenções em ações efetivas e o ensinará a dominar sete
disciplinas: simplicidade, tempo, responsabilidade, recursos, monitoramento, melhoramento e emoção.
Faça a viagem para a liderança sustentável e torne-se um grande líder.
Crescimento lucrativo
de Ram Charan
Um guia para resolver a questão mais atual do mundo dos negócios: como ter crescimento lucrativo orgânico, diferenciado e sustentável.
Para muitos, crescimento tem a ver com uma inovação incrível ou um produto que vai revolucionar o mercado. Apesar de atraentes e lucrativas,
grandes ideias não acontecem todos os dias e frequentemente aparecem em ciclos.
Ram Charan defende que o conjunto de ações que garantem pequenas conquistas diárias e adaptações às mudanças no mercado constrói a base
para o crescimento representativo. Assim, o impacto das mudanças incrementais é enorme. Longe de ser um exercício teórico, este livro inovador
traz, ainda, a ideia de que todos devem estar envolvidos na agenda de crescimento da empresa.
Jogar para vencer
de A.G. Lafley e Roger L. Martin
Você está só jogando ou está jogando para vencer?
A.G. Lafley e Roger L. Martin vão ao cerne da estratégia, explicando para que serve, como pensar nela, por que é necessária e como implementá-
la. E usam uma das mais bem-sucedidas reviravoltas corporativas, vivenciada na Procter & Gamble, para provar seu ponto de vista.
O resultado é um manual para vencer. Os autores criaram um conjunto de cinco escolhas estratégicas que, quando abordadas de maneira integrada,
vão colocá-lo à frente de seus concorrentes. São elas: Qual é nossa ambição vencedora? Onde vamos jogar? Como vamos vencer? Quais
competências devemos ter? Quais sistemas de gestão são necessários?
Como a P&G venceu ao aplicar esse método a marcas icônicas ilustram como uma abordagem estratégica faz a diferença entre agir e realmente
vencer.
O Futuro
de Al Gore
Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, nos apresenta mais uma “verdade inconveniente”.
Mantendo a mesma paixão com que abordou o desafio das mudanças climáticas, e amparado em décadas de experiência à frente das políticas
globais, o autor analisa o horizonte nublado de nosso planeta e, apresentando uma avaliação sóbria e fundamentada.
Desde o início de sua vida pública, Al Gore tem alertado para os perigos e as promessas das verdades emergentes, por mais “inconvenientes” que
sejam esses avisos. Ao mesmo tempo envolvente e visionário, O Futuro oferece um mapa do mundo que parece se aproximar, elaborado por um
homem que vem se destacando por pensar à frente – e que já comprovou estar certo.
O Executivo e o Martelo
de Clóvis de Barros Filho e Arthur Meucci
Logo na apresentação os autores anunciam que pretendem “oferecer uma reflexão filosófica, sociológica e psicanalítica de fácil compreensão sobre
os principais temas polêmicos do dia a dia das grandes corporações.” De fato, suas colocações são facilmente compreensíveis por qualquer leitor
interessado no tema: a ética empresarial. Mas são muito mais do que isso. Os autores se inspiram, entre muitas outras fontes, no pensamento do
filósofo Friedrich Nietzsche, que recomenda golpear duramente, se necessário com um imaginário martelo, os preconceitos e a hipocrisia
dissimulados em verdades estabelecidas – ou aquilo que Francis Bacon chama de “ídolos”. A leitura desta obra é um saudável e provocador convite
a que o executivo adestrado apenas para bater metas descubra que tem capacidade para muito mais: basta confiar no uso de sua própria razão e no
bom senso.
Copyright © 2015 HSM do Brasil S.A. para a presente edição
Copyright © 2014 por Salim Ismail
Todos os direitos reservados. Nenhum trecho desta obra pode ser reproduzido — por qualquer forma ou meio, mecânico ou eletrônico, fotocópia,
gravação etc. —, nem estocado ou apropriado em sistema de imagens sem a expressa autorização da HSM do Brasil.
1ª edição - 2ª impressão
Ismail, Salim
Organizações exponenciais : por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a
respeito) / Salim Ismail, Michael S. Malone, Yuri Van Geest; tradução de Gerson Yamagami. - São Paulo : HSM Editora, 2015.
288 p.
ISBN: 978-85-67389-36-3
Título original: Exponential Organizations
1. Administração de empresas 2. Negócios 3. Planejamento estratégico I. Título II. Malone, Michael S. III. Van Geest, Yuri IV.
Yamagami, Gerson
1. Administração de empresas
2. Startups
3. Gestão de Negócios
4. Inovação
Os primeiros 90 dias se tornou o livro de cabeceira de todos que são promovidos, começam a
trabalhar em uma nova empresa ou assumem um novo papel profissional. Desde sua publicação
original, centenas de milhares de líderes confiam neste guia clássico para ajudá-los a dominar os
aspectos críticos da transição de carreira. Neste livro, Michael Watkins apresenta sua estrutura
poderosa de orientação para que os primeiros 90 dias na nova posição transcorram de modo a
garantir os bons resultados esperados.
Martin Lindstrom, um dos mais importantes profissionais de marketing do mundo, desvenda todas
as estratégias secretas do marketing e da propaganda. Se você já comprou brinquedos de marcas
específicas a pedido dos seus fi lhos, leu um livro só porque ele estava na lista de best-sellers,
dormiu com o seu iPhone debaixo do travesseiro, "curtiu" algo no Facebook ou aceitou o cartão
fidelidade de uma loja, então você foi brandwashed. Martin Lindstrom sabe disso porque participa
da guerra das marcas há mais de vinte anos. E agora ele aponta os holofotes para o seu próprio
campo de trabalho e revela todas as estratégias psicológicas usadas para manipular nossas
mentes e nos persuadir a comprar.
Baseado em tudo que já viu e ouviu dentro dos escritórios das maiores e mais lucrativas empresas
do mundo, e também nas informações obtidas com a pesquisa inédita realizada exclusivamente
para este livro, Lindstrom apresenta os mais bem guardados segredos do mundo do marketing,
entre eles: • O modo chocante como o marketing e a publicidade voltam suas estratégias
para crianças cada vez mais novas – começando quando elas ainda estão no útero • Como os
fabricantes de cosméticos, entre eles o de um hidratante labial, ajustam suas fórmulas para incluir
substâncias químicas que viciam
• Novas evidências mostram no que homens heterossexuais pensam quando veem homens nus em
propagandas (dica: não é em suas namoradas)
• Como as empresas garimpam nossos dados digitais para descobrir até os detalhes mais íntimos
da nossa vida particular e, depois, usam essas informações para nos bombardear com anúncios
feitos sob medida para o nosso perfil psicológico
• O que um experimento social revolucionário, que custou de milhões de dólares, revela sobre o
fator persuasivo mais poderoso de todos: nossos amigos e vizinhos
Leitura imprescindível para o consumidor bem-informado da atualidade, Brandwashed mostra
como podemos nos proteger dos gigantes globais que conspiram para nos fazer gastar sempre
mais.
Desde os primórdios da humanidade, alguns poucos privilegiados vivem de modo que contrasta
com o da maioria das pessoas. A sabedoria convencional diz que essa disparidade não pode ser
anulada. Mas ela vem sendo anulada – e rapidamente.
Abundância - o futuro é melhor do que você imagina documenta como o progresso nas áreas de
inteligência artificial, robótica, manufatura digital, nanomateriais, biologia sintética e muitas outras
tecnologias de crescimento exponencial permitirão que tenhamos, nas próximas duas décadas,
ganhos maiores que os dos dois últimos séculos. Logo poderemos suprir todas as necessidades
de cada homem, mulher e criança do planeta. A abundância universal está ao nosso alcance.
Os autores apresentam dúzias de inovações e empreendedores que têm dado passos largos em
cada área: Dean Kamen e sua tecnologia Slingshot, que transforma água poluída ou salgada, e
até mesmo esgoto, em água potável de alta qualidade por menos de um centavo por litro; o
Qualcomm Tricorder X PRIZE, que promete um equipamento médico portátil, de baixo custo, para
que as pessoas possam se autodiagnosticar melhor que uma junta de doutores diplomados.
Há ainda as "fazendas verticais" de Dickson Despommier, que substituem a agricultura tradicional
por um sistema que usa 80% menos de área cultivada, 90% menos de água, 100% menos
pesticidas e custo zero de transporte. Nesse incrível antídoto contra o pessimismo atual, os
autores exploram como quatro forças emergentes – tecnologias exponenciais, inovadores que
seguem a filosofia faça-você-mesmo, tecnofilantropos e o bilhão ascendente – conspiram para
resolver os maiores problemas da humanidade.
O livro é um antídoto contra o pessimismo atual.
Miopia Corporativa trata de negação - a crença inconsciente de que um determinado fato é terrível
demais para ser aceito e, portanto, não pode ser verdadeiro. Isso é bastante comum, desde o
alcoólatra que jura que bebe apenas socialmente até o presidente que declara "missão cumprida"
quando isso não é verdade. No mundo dos negócios, muitas empresas entram em estado de
negação enquanto seus desafios se transformam em crises.
Professor da Harvard Business School, Richard S. Tedlow coloca duas questões interessantes:
Por que tantos líderes inteligentes se recusam a aceitar fatos que ameaçam suas empresas e
carreiras, se recusando a agir para mudar a situação? E como podemos encontrar coragem para
evitar a negação quando nos defrontamos com mercados em mutação, novas tendências, novos
concorrentes?
Tedlow analisa numerosos exemplos de organizações prejudicadas pela negação, incluindo a Ford
dos tempos do Ford T e a Coca-Cola, com sua fracassada tentativa de mudar sua fórmula. O
autor explora também casos de outras empresas, como Intel, Johnson & Johnson e Dupont, que
evitaram a catástrofe ao lidar de modo franco e direto com as dificuldades que surgiram. Tedlow
identifica as qualidades essenciais necessárias para que um líder identifique os primeiros sinais de
negação e tome as atitudes requeridas para superá-la.