sebenta2425_parte1
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3
Conteúdo
1 Pré-requisitos 1
1.1 Python 3.0 para iniciantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Funções trigonométricas inversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Derivadas. Regras de derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4 Laboratório de Python . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3 Primitivas 41
3.1 Conceitos base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 Primitivação por partes e por substituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.3 Primitivação de funções racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.4 Primitivação de funções racionalizáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.5 Laboratório de Python . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.6 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
CONTEÚDO
5 Integrais 89
5.1 Conceitos base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.2 Teoremas fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.3 Aplicações dos integrais: cálculo de medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.4 Aplicações dos integrais: resolução de P.V.I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.5 Integrais impróprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
5.6 Laboratório de Python . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
5.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
8 Bibliografia 167
8.1 Sobre Python . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
8.2 Sobre EDOs e Modelação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
8.3 Sobre Primitivas e Integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
8.4 Sobre Álgebra Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
Capı́tulo 1
Pré-requisitos
O Python é uma linguagem de programação de alto nı́vel (High Level Language), dinâmica, modular, multiplataforma e orientada
por objetos. É uma linguagem de sintaxe relativamente simples e de fácil compreensão e por isso ganhou popularidade entre todos os
que não são exclusivamente programadores, como engenheiros, matemáticos, cientistas de dados e outros. Pode aceder a um manual
de Python através do QRCode seguinte:
O Colaboratory ou “Colab” é um produto do Google Research, área de pesquisas cientı́ficas da Google. O Colab permite que
qualquer pessoa escreva e execute código Python usando o navegador, desde que possua uma conta Google. É especialmente adequado
para os iniciantes pois não requer qualquer instalação de software. Mais especificamente, o Colab é um serviço de “blocos de notas”que
não requer nenhuma configuração para usar e oferece acesso gratuito sem requerer recursos de computação. Poderá obter mais
informações sobre o Colab através deste QRCode:
1
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
• Arco-seno
A função seno, não sendo injetiva enquanto função de domı́nio R, é injetiva por exemplo em cada um dos intervalos
h π π i π 3π 3π 5π
− , , , , ,
2 2 2 2 2 2
e, mais geralmente, em todos os intervalos do tipo
h π π i
− + kπ, + kπ , k ∈ Z.
2 2
h π πi
Seja f (x) = sin(x). Designamos por restrição principal do seno a restrição de f ao intervalo − , .
2 2
Sendo g essa restrição, temos
h π πi
g: − , → [−1, 1]
2 2
x → sin(x).
2
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
Sendo bijetiva (injetiva e sobrejetiva), a função g é invertı́vel. Representemos a sua inversa por g −1 . Para a função g −1 , temos que
π π
Dg−1 = [−1, 1], e CDg−1 = − 2 , 2 . Esta função faz corresponder a cada y ∈ [−1, 1] o ânguloh x cujoiseno é y, que se representa por
π π
arcsin(y). A função g −1 chama-se função arco-seno. Temos então que, para quaisquer x ∈ − , e y ∈ [−1, 1]
2 2
y = sin(x) ⇔ x = arcsin(y).
√ √
Exemplo 1. arcsin − 23 = x ⇔ sin(x) = − 23 ∧ x ∈ − π2 , π2 ⇔ x = − π3 .
1
f (x) = sin(4x + 2).
2
3
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
Para que se possa determinar a função inversa de f , teremos que considerar a restrição principal da função seno. Então,
π π π π
− ⩽ 4x + 2 ⩽ ⇔ − − 2 ⩽ 4x ⩽ − 2
2 2 2 2
π 1 π 1
= − − ⩽x⩽ − ,
8 2 8 2
π 1 π 1
donde Df = − − , − . Por outro lado,
8 2 8 2
1 1 1
−1 ⩽ sin(4x + 2) ⩽ 1 =⇒ − ⩽ sin(4x + 2) ⩽ ,
2 2 2
1 1
pelo que CDf = − , .
2 2
Atendendo a que
1
f (x) = y ⇔ sin(4x + 2) = y
2
⇔ sin(4x + 2) = 2y
⇔ 4x + 2 = arcsin(2y)
⇔ 4x = −2 + arcsin(2y)
1 1
⇔ x = − + arcsin(2y),
2 4
obtemos então
1 1 π 1 π 1
f −1 : − , → − − , −
2 2 8 2 8 2
1 1
y → − + arcsin (2y).
2 4
• Arco-coseno
A função coseno é injetiva em todos os intervalos
Designamos por restrição principal do coseno a restrição da função coseno ao intervalo [0, π]. Se g for essa restrição, tem-se
4
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
g : [0, π] → [−1, 1]
x → cos x
Sendo bijetiva (injetiva e sobrejetiva), a função g é invertı́vel. Representemos a sua inversa por g −1 . Para a função g −1 , temos que
Dg−1 = [−1, 1] e CDg−1 = [0, π]. Esta função faz corresponder a cada y ∈ [−1, 1] o ângulo x cujo coseno é y, que se representa por
arccos(y). A função g −1 designa-se por função arco-coseno. Temos então que, para quaisquer x ∈ [0, π] e y ∈ [−1, 1]
y = cos x ⇔ x = arccos y.
√ √
2 2 π
Exemplo 3. arccos 2 = x ⇔ cos x = 2 ∧ x ∈ [0, π] ⇔ x = 4.
π
Exemplo 4. Caracterizemos a função inversa de g(x) = − 2 arccos(x + 1).
3
5
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
Atendendo ao domı́nio da função arco-coseno, temos −1 ⩽ x + 1 ⩽ 1, pelo que −2 ⩽ x ⩽ 0. Assim, Dg = [−2, 0]. Por outro lado,
0 ⩽ arccos(x + 1) ⩽ π ⇒ −2π ⩽ −2 arccos(x + 1) ⩽ 0
π π π
⇒ − 2π ⩽ − 2 arccos(x + 1) ⩽
3 3 3
5π π
⇒ − ⩽ g(x) ⩽ ,
3 3
5π π
donde CDg = − , .
3 3
Determinemos agora a expressão analı́tica de g −1 :
π
g(x) = y ⇔ − 2 arccos(x + 1) = y
3
y − π3
⇔ arccos(x + 1) =
−2
π y
⇔ x + 1 = cos −
6 2
π y
⇔ x = −1 + cos − .
6 2
Assim,
5π π
g −1 : − , → [−2, 0]
3 3 π y
y → −1 + cos −
6 2
• Arco-tangente
6
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
Para a função g −1 , temos que Dg−1 = R e CDg−1 = − π2 , π2 . Esta função faz corresponder a cada y ∈ R o ângulo x cuja itangenteh
π π
é y, que se representa por arctan(y). A função g −1 designa-se por função arco-tangente. Temos então, para quaisquer x ∈ − ,
2 2
ey∈R
y = tan x ⇔ x = arctan y.
π
Exemplo 5. arctan 1 = .
4
7
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
Exemplo 6. √ √
arctan − 33 = x 3
π π
⇔ tan(x) = − 3 ∧x∈ −2, 2
√
3
π π
⇔ tan(−x) = 3 ∧ x ∈ −2, 2
⇔ −x = π6
⇔ x = − π6
2 π
Exemplo 7. Caracterizemos a função inversa de g(x) = tan 2x − .
5 3
Atendendo à restrição principal da função tangente, temos
π π π π π π π
− < 2x − < ⇔ − + < 2x < +
2 3 2 2 3 2 3
π 5π
⇔ − < 2x <
6 6
π 5π
⇔ − <x< ,
12 12
π 5π
donde Dg = − , . Por outro lado, CDg = R. Determinemos a expressão analı́tica de g −1 :
12 12
2 π
g(x) = y ⇔ tan 2x − =y
5 3
π 5y
⇔ tan 2x − =
3 2
π 5y
⇔ 2x − = arctan
3 2
π 5y
⇔ 2x = + arctan
3 2
π 1 5y
⇔ x = + arctan .
6 2 2
Consequentemente,
−1 π 5π
g :R −→ − ,
12 12
π 1 5y
y 7−→ + arctan .
6 2 2
• Arco-cotangente
8
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
Para a função g −1 , temos que Dg−1 = R e CDg−1 = ]0, π[. Esta função faz corresponder a cada y ∈ R o ângulo x cuja cotangente é
y, que se representa por arccotan(y). A função g −1 designa-se por função arco-cotangente. Para quaisquer x ∈ ]0, π[ e y ∈ R, temos
então
y = cotan(x) ⇔ x = arccotan(y).
9
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
√ √
Exemplo 8. arccotan (− 3) = x ⇔ cotan(x) = − 3 ∧ x ∈ ]0, π[ ⇔ x = 5π 6 .
π 4x + 1
Exemplo 9. Caracterizemos a função inversa de g(x) = arccotan .
4 3
4x + 1
Tem-se Dg = R. Por outro lado, temos 0 < arccotan < π, donde
3
π2
π 4x + 1
0 < arccotan < .
4 3 4
π2
Assim, CDg = 0, .
4
Finalmente,
π 4x + 1
g(x) = y ⇔ arccotan =y
4 3
4x + 1 4y
⇔ arccotan =
3 π
4x + 1 4y
⇔ = cotan
3 π
4y
⇔ 4x + 1 = 3 cotan
π
1 3 4y
⇔ x = − + cotan .
4 4 π
Podemos então caracterizar a função inversa de g:
π2
−1
g : 0, → R
4
1 3 4y
y → − + cotan .
4 4 π
10
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
A derivada de uma função real de variável real, num ponto a interior ao seu domı́nio (ou taxa de variação instantânea), é definida
por
f (x) − f (a) f (a + h) − f (a)
f ′ (a) = lim = lim ,
x→a x−a h→0 h
caso este limite exista, e representa geometricamente o declive da reta tangente ao gráfico de f no ponto de abcissa a. Se f tem
derivada finita no ponto a, diz-se que f é diferenciável em a.
x2 − 4
Exemplo 10. Considerando a função real de variável real definida por f (x) = x2 , f ′ (2) = lim = lim x + 2 = 4.
x→2 x − 2 x→2
x2 − a 2
Num ponto genérico a ∈ R, f ′ (a) = lim = lim x + a = 2a.
x→a x − a x→a
As derivadas têm inúmeras aplicações práticas. De uma forma geral, tudo o que envolve uma taxa de variação pode ser entendido
como uma derivada. Por exemplo, em Biologia as derivadas são usadas para identificar o crescimento das populações de vı́rus e
bactérias num determinado intervalo de tempo, em Fı́sica são usadas para calcular a velocidade de um objeto que é a variação da
sua posição em relação ao tempo e na Quı́mica as reações quı́micas são estudadas por meio da análise da variação de concentração de
reagentes e o tempo o que, mais uma vez, implica derivadas. Veremos alguns exemplos com mais detalhe no próximo capı́tulo.
f (x) − f (a)
Como f (x) = f (a) + (x − a) ∀x ∈ D \ {a} então, se f for diferenciável,
x−a
f (x) − f (a)
lim f (x) = lim f (a) + (x − a) = f (a) + 0.f ′ (a) = f (a),
x→a x→a x−a
11
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
Se uma função real de variável real f for diferenciável no ponto a (interior ao seu domı́nio), então f é contı́nua em a.
Exemplo 11. Seja g(x) = log(x) (definida em R+ ), função inversa da função f (x) = ex . Temos então:
1 1 1 1
g ′ (x) = = = = .
f ′ (g(x)) eg(x) elog(x) x
12
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
Usando a propriedade anterior, podemos também determinar as derivadas das funções trigonométricas inversas a partir das deri-
vadas das funções trigonométricas:
Exemplo 12. Consideremos a função g(x) = arcsin(x), função inversa da função f (x) = sin(x) no intervalo [− π2 , π2 ]. Então,
1 1 1 1 1
(arcsin(x))′ = g ′ (x) = = = =q =√ .
f ′ (g(x)) cos(g(x)) cos(arcsin(x)) 1 − sin2 (arcsin(x)) 1 − x2
1
De igual forma se prova que arccos(x) = − √ .
1 − x2
Consideremos agora a função i(x) = arctan(x), função inversa da função h(x) = tan(x) no intervalo ] − π2 , π2 [. Tem-se:
1 1 1 1 1
(arctan(x))′ = i′ (x) = = 1 = 1 = = .
h′ (i(x)) cos2 (i(x)) cos2 (arctan(x))
1 + tan2 (arctan(x)) 1 + x2
1 ′
De forma análoga se pode mostrar que (arccotan(x)) = − 1+x 2.
A tabela seguinte resume as derivadas das principais funções elementares (válidas em pontos interiores aos respetivos domı́nios):
13
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
k’ 0 x’ 1
′
(u(x)α ) α(u(x))α−1 u′ (x)
p ′ u′ (x) p ′ u′ (x)
u(x) p n
u(x) p
2 u(x) n n (u(x))n−1
′ u′ (x) ′ u′ (x)
(log |u(x)|) (loga |u(x)|)
u(x) u(x) log(a)
′ ′
eu(x) eu(x) u′ (x) au(x) (a > 0) au(x) u′ (x) log(a)
′ ′
(sin(u(x))) cos(u(x)) u′ (x) (cos(u(x))) − sin(u(x)) u′ (x)
′ u′ (x) ′ u′ (x)
(tan(u(x))) (cotan(u(x))) −
cos2 (u(x)) sin2 (u(x))
′ u′ (x) ′ u′ (x)
(arcsin(u(x))) p (arccos(u(x))) −p
1 − (u(x))2 1 − (u(x))2
′ u′ (x) ′ u′ (x)
(arctan(u(x))) (arccotan(u(x))) −
1 + (u(x))2 1 + (u(x))2
14
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
1.5 Exercı́cios
√
1. (*) Caracterize a função inversa de f (x) = 3 arcsin (3x + 1).
π
2. Caracterize a função inversa de f (x) = − arccos(2x − 1).
2
√ !
3
3. (*) Calcule arccos − .
2
√ !
2
4. Calcule arcsin .
2
1
5. (*) Caracterize a função inversa da função f (x) = cos(3x) − 2.
2
1 π
6. Caracterize a função inversa de f (x) = sin x + +1.
2 3
π
7. (*) Caracterize a função inversa da função f (x) = + arctan (2x).
3
1
8. Caracterize a função inversa da função f (x) = arccotan (x + 1) + π.
3
√ !
3
9. (*) Calcule arccotan .
3
1
10. Calcule tan arctan 2 + arctan(1).
2 π
11. (*) Caracterize a função inversa de f (x) = cotan 3x + .
3 5
15
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
x2
3π
12. Caracterize a função inversa de f (x) = arctan + .
2 2
13. (*) Determine, usando a definição, a derivada da função f (x) = x2 , em cada ponto interior ao seu domı́nio.
14. Determine, usando a definição, a derivada da função f (x) = x3 , em cada ponto interior ao seu domı́nio.
16. (*) Dada a função real de variável real definida por y(x) = xe3x , verifique que y ′′ (x) − 6 y ′ (x) + 9 y(x) = 0.
17. Dada a função real de variável real definida por y(x) = e2x sin(5x), verifique que y ′′ (x) − 4 y ′ (x) + 29 y(x) = 0.
√
18. Dadas as funções f e g definidas por f (x) = x2 + 1 e g(x) = log(x), determine a derivada de f o g no ponto de abcissa 1.
16
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
17
CAPÍTULO 1. PRÉ-REQUISITOS
18
Capı́tulo 2
2.1 Motivação
Para muitos sistemas naturais é necessário relacionar a taxa de variação de uma quantidade no sistema com o valor da mesma, bem
como com outros fenómenos exteriores que possam influenciar a evolução do sistema. Vejamos o seguinte exemplo.
A evolução do número de células na população ao longo do tempo está representada na Tabela 2.1, onde o número inicial de células
está representado por x0 .
Consideremos ∆t ∈ R um instante de tempo (pequeno) e x(t) a quantidade de células num instante de tempo t ∈ R. Queremos
saber qual a quantidade de células no instante t + ∆t, como ilustrado pela Figura 2.1. A quantidade de células no instante t + ∆t é a
19
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
quantidade de células já existentes, no instante t, mais uma certa proporção da quantidade existente, que depende do tempo:
onde a ∈ R é a proporção de células acrescida, por unidade de tempo. A Figura 2.1 ilustra a quantidade de células geradas a partir
de uma única célula no instante t.
Dividindo tudo por ∆t e passando ao limite quando ∆t se aproxima de zero (o instante de tempo muito pequeno) obtemos
x(t + ∆t) − x(t)
lim = a x(t).
∆t→0 ∆t
O limite corresponde à variação instantânea da quantidade de células, i.e., à derivada da função x(t)
20
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
Obtivemos neste exemplo um modelo para o crescimento de uma população de células descrito por uma equação que envolve uma
função e a sua derivada. A este tipo de equações chamamos equação diferencial. Em geral, uma equação diferencial ordinária (EDO)
é uma igualdade envolvendo uma ou mais funções (x = x(t)), que expressam quantidades dependentes de uma variável independente
(t), e as derivadas dessas funções x′ = x′ (t), x′′ = x′′ (t), etc.
As equações diferenciais são uma ferramenta usual na modelação de sistemas naturais. Algumas aplicações tı́picas encontram-se,
por exemplo, nas áreas da dinâmica populacional (onde se inclui o Exemplo 13), epidemiologia, evolução de reações, etc.
Mas o que significa modelação? Um modelo matemático é uma representação simplificada ou idealizada de um certo sistema/pro-
cesso que pode ser traduzida em linguagem matemática. Os modelos devem ser tão simples quanto possı́vel, no entanto tão complexos
quanto o necessário para responder à questão de interesse.
“Everything should be made as simple as possible, but no simpler”, Albert Einstein.
Nesta secção vamos explorar alguns exemplos fundamentais na modelação de sistemas naturais, que irão motivar a introdução de
diferentes técnicas matemáticas. Comecemos por generalizar o Exemplo 13:
Exemplo 14 (Crescimento de uma população – Lei de Malthus). Para uma população de indivı́duos defina-se P = P (t) como o
número de indivı́duos no instante de tempo t. A taxa de variação da população dependerá de P , sendo maior ou menor consoante P
o for. Por simplicidade, assumimos que a única variação na população são os nascimentos, n e as mortes m e que estes acontecem a
uma taxa constante. Então a população evolui segundo a equação diferencial
P ′ = (n − m)P.
Esta equação é conhecida como a lei de Malthus, onde se assume que a variação da população é proporcional ao tamanho da população,
em cada instante. Note-se que se n > m então P ′ > 0 logo a população cresce e se n < m então P ′ < 0 logo a população decresce.
Exemplo 15 (Crescimento de uma célula).
Suponhamos que uma célula é colocada num ambiente ideal e que os quı́micos necessários ao seu metabolismo atravessam sufici-
entemente rápido a membrana de forma a que o crescimento da célula dependa apenas do metabolismo no interior da célula.
Pretende-se determinar a função m = m(t) que descreve a variação da massa da célula a partir de um instante inicial t0 em que
m(t0 ) = m0 . Como o resultado do metabolismo depende da massa das moléculas envolvidas, espera-se que a taxa de crescimento da
célula seja proporcional à massa da célula em cada instante de tempo. Esta variação da massa pode ser descrita pela equação
m′ (t) = am(t)
21
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
sujeita à condição inicial m(t0 ) = m0 . Na equação, m(t) representa a massa da célula em função do tempo, m′ (t) a respetiva taxa de
crescimento e a uma constante de proporcionalidade positiva.
Exemplo 16 (Decaimento radioativo).
Resultados experimentais mostram que os elementos radioativos desintegram-se a uma taxa proporcional à quantidade presente do
elemento. Se Q = Q(t) é a quantidade presente de certo elemento radioativo no instante t, então a taxa de variação de Q(t) com
respeito ao tempo t é dada por:
Q′ = −kQ(t)
onde k é uma constante positiva que depende do elemento. Por exemplo, para o carbono-14 o valor aproximado de k é 1, 244 × 10−4
e para o rádio o valor aproximado de k é 1, 4 × 10−11 .
Comum a todos estes exemplos é o facto da taxa de crescimento (ou decaimento) ser proporcional à quantidade existente. Todos
eles podem ser descritos pela EDO
x′ (t) x′ (t) ′
Atendendo a que x′ (t) = kx(t) ⇔ = k, que = (log(x(t))) e k = (kt)′ e, ainda, que se as derivadas são iguais então as
x(t) x(t)
funções diferem necessariamente por uma constante, obtemos
x′ (t)
=k
x(t)
′
⇔ (log(x(t))) = (kt)′
⇔ log(x(t)) = kt + c1 , c1 ∈ R.
Compondo com a função exponencial (a função inversa da função logaritmo) ambos os membros da igualdade anterior obtemos
log(x(t)) = kt + c1
⇔ x(t) = ekt+c1
⇔ x(t) = c2 ekt , c2 ∈ R+
(onde c2 = ec1 ).
Verificamos assim que a EDO tem uma infinidade de soluções da forma
22
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
À famı́lia de todas as soluções de uma EDO chamamos solução geral (ou integral geral).
À equação diferencial podemos juntar uma condição sobre o comportamento da solução num certo instante (como no Exemplo 15),
obtendo o seguinte modelo
x(t) = x0 ek(t−t0 )
Quando a taxa de crescimento é positiva (k > 0), x(t) cresce exponencialmente, quando k < 0, x(t) decai exponencialmente e
quando k = 0, x(t) é constante. A figura 2.2 ilustra as três possibilidades.
Figura 2.2: Soluções particulares de 2.4 para k positivo (linha tracejada), negativo (linha contı́nua) e nulo (linha pontilhada).
A uma condição do tipo x(t0 ) = x0 chamamos condição inicial e a solução de uma EDO com condição inicial designa-se por
solução particular. Também chamamos problema de valor inicial (PVI) a uma equação diferencial acompanhada por uma
condição inicial. Nos exemplos anteriores considerámos modelos de crescimento de populações que não incluı́am fatores como a
23
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
limitação dos recursos disponı́veis ou a competição intra-espécie. Vamos agora introduzir esses fenómenos.
x′ = px(a − x),
N − I(t)
I(t + ∆t) − I(t) = c∆tI(t)
I no final I no inı́cio N
novos infeciosos
24
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
Dividindo ambos os termos por ∆t e passando ao limite quando ∆t se aproxima de zero (o intervalo de tempo muito pequeno) temos
agora
N − I(t)
I ′ = cI(t) ,
N
pelo que temos de novo uma equação de crescimento logı́stico
′ I
I = cI 1 − .
N
Nota: O modelo anterior prevê que, no limite t → +∞, toda a população estará infetada. Esta conclusão não é razoável, mesmo
para doenças com transmissão muito alta. Relembre-se que este modelo é apenas indicado quando se consideram curtos perı́odos de
tempo, durante os quais é razoável considerar que os indivı́duos se mantém transmissı́veis sem consequências para os próprios. Em
alternativa, em vez de uma doença podemos pensar num caso de colonização, sem consequências negativas para o hospedeiro.
x′ = px(b0 − bx),
que é, tal como nos dois exemplos anteriores, uma equação logı́stica. Esta equação descreve o crescimento de uma população levando
em conta que a população não pode crescer indefinidamente. Note que o segundo membro é uma parábola (na variável x) com a
concavidade voltada para baixo, que tem dois zeros em x = 0 e x = b0 /b. Então, x′ > 0 para 0 < x < b0 /b e a população cresce; por
outro lado, x′ < 0 para x > b0 /b e a população decresce. A constante K = b0 /b é chamada a capacidade de suporte da população.
Assim, reescrevemos a equação na forma mais usual
x
x′ = rx 1 − , (2.5)
K
25
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
Para resolver
esta equação diferencial começamos por observar que para x não identicamente nulo e diferente de K, se tem
x′ (t) x′ (t) x′ (t) x′ (t)
x(t)
x′ (t) = rx(t) 1 − ⇔ = r. Por outro lado, é fácil verificar que a igualdade = +
K x(t) x(t) x(t) K − x(t)
x(t) 1 − x(t) 1 −
K K
x′ (t)
é verdadeira (a forma de a obter será explicada mais à frente, na secção 3.3). Além disso, para 0 < x < K, = (log(x(t)))′ ,
x(t)
−x′ (t) ′
= (log (K − x(t))) e r = (rt)′ , pelo que obtemos sucessivamente
k − x(t)
x′ (t)
=r
x(t)
x(t) 1 −
K
x′ (t) −x′ (t)
⇔ − =r
x(t) K − x(t)
′
⇔ (log(x(t)))′ − (log (K − x(t))) = (rt)′
′
⇔ (log(x(t)) − log (K − x(t))) = (rt)′
′
x(t)
⇔ log = (rt)′ ,
K − x(t)
tendo sido usada uma propriedade das derivadas e uma propriedade dos logaritmos nas últimas duas igualdades. Uma vez que se as
derivadas são iguais então as funções diferem necessariamente por uma constante, tem-se que
′
x(t)
log = (rt)′
K − x(t)
x(t)
⇔ log = rt + c1 , c1 ∈ R.
K − x(t)
Compondo com a função exponencial (a função inversa da função logaritmo) ambos os membros da igualdade anterior obtemos
x(t)
log = rt + c1
K − x(t)
x(t)
⇔ = ert+c1
K − x(t)
x(t)
⇔ = Cert , C(= ec1 ) ∈ R+ .
K − x(t)
26
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
x(t)
Assim, a solução da equação diferencial é dada por = Cert , C ∈ R+ e, resolvendo em ordem a x, obtemos
K − x(t)
CKert
x(t) = , (2.6)
1 + Cert
sendo C uma constante arbitrária positiva. Esta resolução será retomada e clarificada mais à frente, no Exemplo 52.
A solução do problema associado à condição inicial x(0) = x0 é da forma
Kx0 ert
x(t) = , (2.7)
K + x0 (ert − 1)
x0
bastando ver que considerando t = 0 na equação (2.6) obtemos C = K−x0 .
Na Figura 2.3 estão representadas as soluções particulares da equação (2.5) com parâmetros r = 1 e K = 10 para as duas condições
iniciais x0 = 1 e x0 = 19.
20
x 10
0 10 20
t
Figura 2.3: Soluções particulares do modelo de crescimento logı́stico com parâmetros r = 1 e K = 10 para as duas condições iniciais
x0 = 1 e x0 = 19
No caso x0 < K a população é crescente e para x0 > K a solução é decrescente. Em ambos os casos, aproxima-se assintoticamente
da capacidade de suporte da população K.
27
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
Não é necessário conhecer a solução explı́cita da equação (2.5) para inferir algumas propriedades importantes. Reescrevendo a
equação na forma x′ = K r
x(K − x) podemos, por exemplo, concluir diretamente que para x < K se tem x′ > 0 pelo que x será
crescente e que para x > K se tem x′ < 0 pelo que x será decrescente.
Na Figura 2.4 é apresentado o resultado de experiências levadas a cabo por G.F. Gause, em 1934, sobre o crescimento de duas
populações de organismos unicelulares (Paramecium caudatum e Paramecium aurelia). Note que estas populações exibem comporta-
mento semelhante ao crescimento logı́stico que acabámos de descrever (com x(0) < K).
Figura 2.4: Experiências de G.F. Gause, em 1934 que mostram crescimento logı́stico.
Nos três exemplos anteriores, as equações envolvidas são casos particulares de uma equação mais genérica do tipo f (y)y ′ (t) = g(t),
onde f e g são funções contı́nuas num certo intervalo real (a que chamaremos equação de variáveis separáveis na Secção 4.2.1).
Esta equação pode ser escrita na forma
onde F ′ = f e G′ = g. Consequentemente, a solução da equação é dada implicitamente por F (y(t)) = G(t) + C, onde C é uma
constante real. Para encontrar essa solução, temos então de saber, em geral, determinar as funções F e G, processo a que chamamos
primitivação.
y 3 ′ t 3 ′
Exemplo 20. Calculemos a solução geral da equação y 2 (t)y ′ (t) = t2 . Esta equação é equivalente a = . Logo, y 3 = t3 + C,
√ 3 3
com C constante real, pelo que y(t) = 3 t3 + C.
28
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
1
E se quisermos calcular a solução geral da equação arctan(y)y ′ = √
4
? Como encontrar as funções F e G cujas derivadas são,
t + t3
1
respetivamente, arctan(y) e √
4
? Torna-se assim imprescindı́vel conhecermos métodos que nos permitam encontrar essas funções
t + t3
com facilidade. Estudaremos esses métodos no próximo capı́tulo.
considerarmos um instante de tempo pequeno ∆t, teremos que a quantidade de sal no instante t + ∆t dependerá da quantidade no
instante t da seguinte forma:
29
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
S(t)
S(t + ∆t) =S(t) + c b ∆t − b ∆t ⇔
a
S(t)
S(t + ∆t) − S(t) = c b − b ∆t ⇔
a
S(t + ∆t) − S(t) S(t)
=b c − .
∆t a
Considerando que o instante de tempo ∆t pode ser tão pequeno quanto se queira, tomamos o limite
S(t + ∆t) − S(t) S(t)
lim =b c− .
∆t→0 ∆t a
Obtemos assim uma equação diferencial que modela o problema inicial
′ S(t)
S (t) = b c − , S(0) = s0 .
a
Exemplo 22 (Migração).
Um fenómeno comum quando se considera o crescimento de uma população é o contributo dos movimentos de migração da
população. Vamos alterar o modelo de crescimento exponencial de forma a incluir a entrada e saı́da de indivı́duos com taxas constantes
i, e, respetivamente. Desta forma, obtém-se
x′ = kx − e + i. (2.9)
Estamos a considerar que a migração não está dependente do tamanho da população. Podemos considerar ainda outras situações,
como a emigração dos indivı́duos ser proporcional ao tamanho da população x′ = kx − ex + i. Por exemplo, e = 0.01 significaria que
emigra 1% da população por cada unidade de tempo. A migração pode também variar ao longo do tempo e ser, por exemplo, sazonal
- imaginemos uma situação em que uma população animal numa determinada região aumenta no verão e diminui no inverno por
movimentos de migração de acordo com a função periódica m(t) = a cos(bt).
Exemplo 23 (Arrefecimento de um corpo).
Um corpo cuja temperatura é superior à temperatura do ambiente envolvente está em arrefecimento. Vejamos como avaliar a
temperatura do corpo como função do tempo. Seja T = T (t) a temperatura do corpo no instante de tempo t, T0 a temperatura no
30
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
instante t = 0, e Ts a temperatura constante do ambiente envolvente. A derivada de T corresponderá à taxa de arrefecimento. Como
a temperatura decresce, esta derivada será negativa. Assumimos que a taxa de arrefecimento é proporcional à diferença T − Ts , isto é,
T ′ = −k(T − Ts ),
onde k é uma constante positiva determinada pela condições fı́sicas da troca de calor. Seguindo os passos de resolução da equação
(2.2), concluı́mos que a solução geral desta EDO é
T (t) = ce−kt + Ts .
100
T 50
0 12 24
t
Figura 2.5: Solução do modelo de arrefecimento definido por T ′ = −k(T − Ts ), T (0) = T0 para k = 1, Ts = 20 e T0 = 100.
E, de modo análogo ao exposto na resolução do PVI (2.4), a solução do modelo T ′ = −k(T − Ts ), T (0) = T0 é
31
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
onde a, d > 0 representam a taxa de crescimento de cada uma das populações e b > 0 a taxa de mortalidade da primeira espécie por
predação da segunda espécie e c > 0 a contribuição dessa predação para o crescimento da segunda espécie.
Podem ser considerados outro tipo de interações a partir de relações bióticas entre duas espécies, sejam elas de cooperação,
comensalismo, exploração ou competição. Importa considerar por um lado a dinâmica de cada uma das espécies e por outro a forma
como a presença de cada uma influencia a outra. A figura 2.6 apresenta um esquema das relações existentes num sistema de interação
entre duas espécies.
N1 N2
c b
a d
N10 N20
Figura 2.6: Interação entre duas espécies. O esquema representa a influência que cada espécie pode ter sobre si mesma e sobre a outra.
32
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
Em geral, estes modelos podem ser descritos pelo seguinte sistema de equações diferenciais ordinárias:
′
N1 = aN1 + bN2
a, b, c, d ∈ R. (2.10)
N2′ = cN1 + dN2 ,
Observe que só faz sentido considerar estes sistemas se uma das constantes b ou c for não nula, caso contrário o sistema reduz-se a
duas equações independentes, para funções de estado diferentes, ou seja modelos independentes sem relação entre si. Consideremos,
por exemplo, b ̸= 0. Da primeira equação do sistema obtém-se N2 = 1b (N1′ − aN1 ) que se substitui na segunda equação ficando
1 ′ ′ d ′
b (N1 − aN1 ) = cN1 + b (N1 − aN1 ) que é equivalente a
Estas equações com derivadas de ordem superior também aparecem naturalmente em muitos modelos que têm em conta a variação
da própria taxa de variação da função estado. Por outro lado, muitos dos fenómenos naturais são oscilatórios, desde o nosso ritmo
circadiano (o ciclo de 24 horas, que inclui ciclos fisiológicos e comportamentais, como dormir) até ao pulsar da luz dos pirilampos.
Estes fenómenos não podem ser descritos por equações diferenciais de primeira ordem com apenas uma função incógnita. O exemplo
seguinte relaciona a aceleração de um oscilador com a sua posição ao longo do tempo.
Exemplo 25 (Um oscilador linear).
A figura 2.7 representa um corpo suspenso por uma mola e sujeito à força da gravidade. Quando o corpo for colocado fora do
ponto de repouso ele vai oscilar na vertical. Como descrever essa oscilação?
Definamos x = x(t) como a posição do corpo ao longo do tempo t, medida num eixo vertical e direcionado para baixo. O valor
x = 0 desse eixo corresponde à posição em repouso do corpo. Nessa posição a força elástica da mola é cancelada pelo peso do corpo,
sendo a força resultante F nula (daı́ o corpo estar em repouso).
Se x < 0, o corpo está acima da posição de repouso, a força elástica é inferior ao peso e o corpo sofre uma força F = F (x) para
baixo, ou seja, positiva. Se x > 0, o corpo está abaixo da posição de repouso, a força elástica é superior ao peso e o corpo sofre uma
força para cima, ou seja, negativa. Conclui-se que F (x) tem sinal contrário a x.
Para pequenas deslocações de x em relação ao equilı́brio é um facto experimental que F é diretamente proporcional a x, ou seja
F (x) = −kx, k > 0. (2.11)
33
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
F(x)=-kx=0
F(x)=-kx<0
x m
Figura 2.7: Oscilador linear, constituı́do por uma massa suspensa por uma mola e sujeita à gravidade. A massa mover-se-á sempre
que a força exercida pela mola e a força da gravidade não se anularem mutuamente.
A partir da função posição x = x(t) podemos definir a função velocidade, v(t) = x′ (t), e a função aceleração x′′ (t). Pela lei de Newton
F e x′′ estão relacionadas por
mx′′ = F (x). (2.12)
Das equações (2.11) e (2.12) obtemos mx′′ = −kx que escrevemos como
mx′′ + kx = 0. (2.13)
Exemplo 26 (SIR). Vamos agora estudar o modelo clássico SIR com dinâmicas vitais (nascimentos e mortes). Considerando uma
certa doença infeciosa, pretende-se estudar a evolução do número de infeciosos numa população ao longo do tempo. Relativamente
a esta doença, os indivı́duos podem ser classificados como suscetı́veis, infecciosos ou recuperados com imunidade. O número de
indivı́duos num instante de tempo t em cada uma das classes será denotado por S = S(t), I = I(t) e R(t). Consideremos que os
indivı́duos nascem suscetı́veis, a uma taxa bN proporcional à população existente e que morrem à mesma taxa independentemente do
34
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
seu estado. Desta forma a população total mantém-se constante ao longo do tempo. A entrada de novos infeciosos é semelhante ao
Exemplo 18, cI(t)S(t)/N . Para além disso consideramos uma taxa de recuperação de a indivı́duos por unidade de tempo. O diagrama
mostrando as transições entre estados do modelo SIR está representado na figura 2.8.
Figura 2.8: Diagrama mostrando as transições entre estados do modelo SIR. Os parâmetros a, b e c designam taxa de recuperação,
taxa de natalidade e mortalidade e contactos entre indivı́duos, respetivamente.
O sistema de equações que descreve a evolução de uma epidemia ao longo do tempo será
′ S
S = bN − cI N − bS
I′ S
= cI N − aI − bI
′
R = aI − bR
Para certas combinações dos parâmetros a, b e c > 0 a solução deste modelo exibe oscilações amortecidas que representam epidemias
recorrentes, mas com amplitudes cada vez mais pequenas.
O próximo exemplo pode ser visto como tendo por base o caso apresentado no Exemplo 24. Contudo, neste caso a interação entre
as duas populações não é linear.
35
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
x′
= ax − bxy
a, b, c, d ∈ R+ . (2.14)
y′ = −cy + dxy,
Na figura 2.9 está representado um exemplo desta interação com base em dados reais. O modelo consegue reproduzir este
fenómeno. Com efeito, para certas combinações dos parâmetros, as soluções do sistema correspondem a oscilações do número de
presas e predadores desfasadas no tempo.
Figura 2.9: Exemplo de uma relação predador–presa, com base em dados reais.
36
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
2.6 Exercı́cios
1. (a) (*) Indique uma solução geral do modelo SI, apresentado no Exemplo 18.
(b) (*) Considere N = 1000, c = 2 e determine uma solução particular para o caso I(0) = 3. Qual o número de infetados ao
fim de 5 unidades de tempo?
2. Modifique o modelo SI, apresentado no Exemplo 18, de forma a incluir a entrada por imigração de indivı́duos infeciosos a uma
taxa constante a.
3. Verifique que os modelos dos Exemplos 22 e 23, podem ser escritos na forma x′ = ax + b, com a e b parâmetros reais.
4. Faça corresponder as equações aos problemas descritos (mais do que uma equação pode coincidir com uma descrição, e vice-versa).
Os problemas:
(a) A taxa de variação da população de um determinado paı́s é proporcional às taxas de nascimento e morte, bem como ao
número de imigrantes, que chegam a uma taxa constante ao paı́s.
(b) A taxa de variação da população de um paı́s depende das taxas de nascimento e morte e existe emigração do paı́s a uma
taxa constante.
(c) A taxa de reprodução de uma determinada espécie de peixes está sujeita aos limites impostos pela capacidade do ambiente
e da população. A população pode ser reduzida pela pesca que decorre a uma taxa constante.
(d) A temperatura de um edifı́cio varia de acordo com a temperatura exterior que varia periodicamente (baixa durante a noite
e alta durante o dia). Não há aquecimento ou ar condicionado.
(e) A temperatura de um edifı́cio varia de acordo com a temperatura exterior que varia periodicamente (baixa durante a noite
e alta durante o dia). Existe uma fonte de aquecimento que está a ser aplicada a uma taxa constante.
(f) A temperatura de um edifı́cio varia de acordo com a temperatura exterior que é constante. Não há aquecimento ou
ar-condicionado.
(g) A temperatura de um edifı́cio varia com a temperatura exterior que é constante. Existe uma fonte de aquecimento que está
a ser aplicada a uma taxa constante.
37
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
(h) Uma substância radioativa desintegra-se a uma taxa proporcional à quantidade presente.
(i) A quantidade de cloro numa piscina varia da seguinte forma: o cloro é adicionado a uma taxa fixa, a água na piscina é bem
misturada, e a água está a ser removida da piscina de modo que o volume total seja constante.
5. Para cada uma das relações bióticas seguintes indique qual o sinal que os parâmetros b e c devem ter no sistema (2.10).
6. Considere o sistema
N1′ N1 − 21 N2
=
N2′ = 2N1 + 3N2 ,
38
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
12. Faça corresponder as equações aos problemas descritos (mais do que uma equação pode coincidir com uma descrição, e vice-versa).
Os problemas:
(a) Um corpo está pendurado por uma mola, estando sujeito à força da gravidade. Todo o sistema, incluindo o local onde a
mola está pendurada está sujeito a uma oscilação periódica.
(b) Um corpo está pendurado por uma mola, estando sujeito à força da gravidade. A elasticidade da mola varia com a
temperatura ao longo do dia.
(c) Um corpo de ferro está pendurado por uma mola sobre uma base com um ı́man, estando sujeito à força da gravidade e à
força magnética do ı́man.
(d) Um corpo de ferro está pendurado por uma mola sobre uma base com um eletroı́man, estando sujeito à força da gravidade
e à força magnética do ı́man que oscila.
(e) No habitat de matagal mediterrâneo vivem linces ibéricos e coelhos-bravos. Os efeitos da interação entre as espécies
dependem dos contactos entre as mesmas. Note que o matagal suporta um número limitado de coelhos.
(f) As rémoras beneficiam em viverem associadas a tubarões. Estes, no entanto, não obtém benefı́cio nem prejuı́zo da presença
das rémoras. Note que o habitat marinho suporta um número limitado de tubarões.
As equações (todas as constantes são positivas):
39
CAPÍTULO 2. MODELAÇÃO DE SISTEMAS NATURAIS
a sin(bt)
(e1) x′ = −k(x − sin(t)) − c; (e5) x′′ = −kx + (x−x0 )2 ;
x′ = ax 1 − K x
− bxy
(e2) ;
y′ = −cy + dxy, (e6) x′′ = −kx + a
(x−x0 )2 ;
x′
= ax + bxy
(e3) y ;
y′ = cy 1 − K , (e7) x′′ + (a sin(t) + b)x = 0
x′
= y
(e4) ; (e8) x′′ + kx = a sin(bt)
y′ = −kx + a sin(bt),
40
Capı́tulo 3
Primitivas
′
x3
Exemplo 28. Como (sin(x))′ = cos(x) então sin(x) é uma primitiva de cos(x). De igual forma, como = x2 concluı́mos que
3
x3
é uma primitiva de x2 .
3
Uma função f diz-se primitivável num intervalo I se existir uma primitiva de f , definida em I. Mas, nem todas as funções são
primitiváveis. Por exemplo, uma função do tipo f : R → R definida por
a, se x < b
f (x) =
a + 1, se x ≥ b,
41
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
Atendendo a que a derivada de uma constante é zero então, se F é uma primitiva de f num intervalo I, o mesmo acontece com
F + C, com C constante real. Denotando por P f qualquer primitiva de f no intervalo I tem-se então que P f = F + C, com C ∈ R.
Como consequência, se F e G são duas primitivas de f num intervalo I, então F − G é constante em I.
Da definição de primitiva e das propriedades das derivadas é também imediato o seguinte resultado:
Chamamos primitivas imediatas às primitivas que se deduzem diretamente de uma regra de derivação. As primitivas imediatas
mais comuns encontram-se listadas nas tabelas seguintes:
k (constante) kx + C
xα+1 (u(x))α+1
xα , α ̸= −1 +C (u(x))α u′ (x), α ̸= −1 +C
α+1 α+1
1 u′ (x)
log(|x|) + C log(|u(x)|) + C
x u(x)
ax au(x)
ax , (a > 0) +C au(x) u′ (x), (a > 0) +C
log(a) log(a)
42
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
1 u′ (x)
√ arcsin(x) + C p arcsin(u(x)) + C
1 − x2 1 − u2 (x)
1 u′ (x)
−√ arccos(x) + C −p arccos(u(x)) + C
1 − x2 1 − u2 (x)
1 u′ (x)
arctan(x) + C arctan(u(x)) + C
1 + x2 1 + u2 (x)
(com C ∈ R)
ex
Exemplo 29. • P = log(1 + ex ) + c, c ∈ R
1 + ex
cos(x)
• P = arctan(sin(x)) + c, c ∈ R
1 + sin2 (x)
Exemplo 30. Podemos agora resolver a equação diferencial (2.2) de uma forma mais “natural”:
43
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
x′ (t) = kx(t)
x′ (t)
⇔ = k (consideramos x > 0 logo não nulo)
x(t)
′
x (t)
⇒ P = Pk
x(t)
⇔ log(x(t)) = kt + c1 , c1 ∈ R
⇔ x(t) = ekt+c1
⇔ x(t) = c ekt , c ∈ R+
Seja f uma função primitivável num intervalo I. Então, para cada x0 ∈ I e cada y0 ∈ R, existe uma única primitiva F de f
tal que F (x0 ) = y0 .
44
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
P (f g) = F g − P (F g ′ )
x2 x2 1 x2 x2 x2
1
P (x log(x)) = log(x) − P · = log(x) − P (x) = log(x) − + C, C ∈ R.
2 2 x 2 2 2 4
A resolução de uma primitiva por partes passa por calcular a primitiva de F g ′ . Assim, há que selecionar adequadamente a função
a primitivar (f ) e a função a derivar (g) de forma a que esta segunda primitiva seja mais simples do que a primitiva inicial, não sendo
necessariamente uma primitiva imediata. Por vezes, torna-se necessário aplicar o método da primitivação por partes mais do que uma
vez. O exemplo seguinte ilustra um caso particular de primitivas - as primitivas cı́clicas - em que isso acontece:
45
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
pelo que
ex (sin(x) − cos(x))
P (ex sin(x)) = + c,
2
c ∈ R.
No exemplo anterior note-se que é indiferente qual das funções escolhemos para primitivar e qual das funções escolhemos para
derivar.
Outro método muito útil para calcular primitivas não imediatas é a primitivação por substituição. Tal como o nome indica,
pretendemos fazer uma substituição de variável de forma a que a primitiva resultante seja mais simples de calcular (embora não
necessariamente imediata). Sejam J um intervalo, F uma primitiva de f em J e φ uma função bijectiva e diferenciável no intervalo I
tal que φ(I) = J. Novamente pela regra de derivação da função composta obtemos
pelo que
F (φ(t)) = P (f (φ(t))φ′ (t)) ,
e, como x = φ(t) ⇔ t = φ−1 (t),
F (x) = F (φ(φ−1 (x))) = {P (f (φ(t))φ′ (t))} t=φ−1 (x) .
1 1
Exemplo 34. • Para calcular a primitiva de f (x) = −x
consideramos x = φ(t) = log(t). Logo, ex = t e φ′ (t) = pelo que
ex+e t
1 1 1
P (f (φ(t)).φ′ (t)) = P · =P = arctan(t).
t + t−1 t t2 + 1
Assim,
P f (x) = arctan(ex ) + C, C ∈ R.
46
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
1 √
• Para calcular a primitiva de f (x) = √
4
consideramos x = φ(t) = t4 . Logo, t = 4
x e φ′ (t) = 4t3 pelo que
x+ x3
′ 1 4
P (f (φ(t)).φ (t)) = P · 4t3 =P = 4 log |t + 1|.
t4 + t3 t+1
Assim, √
P f (x) = 4 log( 4 x + 1) + C, C ∈ R.
1
Esta última é a segunda primitiva que terı́amos de calcular para resolver a equação diferencial arctan(y)y ′ = √
4
da Secção
t+ t3
2.2.
tan(x) 1
• Para calcular a primitiva de f (x) = consideramos x = φ(t) = arctan(t). Logo, t = tan(x) e φ′ (t) = pelo que
tan(x) + 1 1 + t2
temos de calcular a primitiva
t 1 t
P (f (φ(t)).φ′ (t)) = P · =P
t + 1 t2 + 1 (t + 1)(t2 + 1)
que não é uma primitiva imediata. Trata-se da primitiva de uma função racional que será calculada na próxima secção.
Um polinómio P de grau maior ou igual a 1 diz-se redutı́vel se puder ser escrito como produto de dois polinómios de grau
estritamente inferior; caso contrário diz-se irredutı́vel. Considere-se, sem perda de generalidade, os polinómios unitários (isto é,
os polinómios em que o coeficiente do termo de mais alto grau é 1): P (x) = xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 . É imediato concluir que
• todos os polinómios de grau 1, P (x) = x − a, são irredutı́veis;
• um polinómio de grau 2, P (x) = x2 + bx + c é irredutı́vel se e só se não tiver raı́zes reais, (isto é, se b2 − 4c < 0);
• todos os polinómios de grau superior a 2 são redutı́veis, podendo ser escritos como produto de polinómios dos dois tipos anteriores.
47
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
Um polinómio de grau 2 irredutı́vel pode ser escrito na forma (x − α)2 + β 2 , α, β ∈ R, β ̸= 0 (α ± βi são as suas duas raı́zes complexas
conjugadas). Assim, podemos sempre escrever um polinómio P (x) com grau maior ou igual a 1 como produto de polinómios irredutı́veis,
na forma
P (x) = (x − a1 )n1 · · · (x − ap )np [(x − α1 )2 + β12 ]m1 · · · [(x − αq )2 + βq2 ]mq
em que ai e ni são as suas raı́zes reais e respetivo grau de multiplicidade, e αj ± βj i e mj são as suas raı́zes complexas conjugadas e
respetivo grau de multiplicidade (ni , mj ∈ N0 ).
P (x)
Considerando uma função racional irredutı́vel Q(x) , se o grau do polinómio P for maior ou igual do que o grau do polinómio Q,
podemos dividir os dois polinómios, obtendo
P (x) = q(x) Q(x) + r(x),
sendo q o polinómio quociente e r o polinómio resto (que tem grau inferior ao grau de Q). Temos então
P (x) r(x)
= q(x) +
Q(x) Q(x)
A Bx + C
Chama-se fração simples a qualquer função do tipo e , em que A, B, C, a, α, β ∈ R e n, m ∈ N.
(x − a)n [(x − α)2 + β 2 ]m
A
A primitiva da fração simples é imediata, uma vez que
(x − a)n
A −n (x − a)−n+1 A 1
P n
= AP (x − a) = A = · , se n ̸= 1
(x − a) −n + 1 1 − n (x − a)n−1
e
A
P = A log |x − a|.
x−a
48
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
Bx + C
e, para m = 1 (único caso de que iremos falar), a primitiva de , pode ser calculada através da substituição x − α = βt,
(x − α)2 + β 2
uma vez que
B (α + βt) + C B α + C + B βt
P ·β =P
β 2 t2 + β 2 β(t2 + 1)
B α+C B βt
=P +P
β(t2 + 1) β(t2 + 1)
B α+C 1 B 2t
= P 2 + P 2
β t +1 2 t +1
B α+C B
= arctan(t) + log(t2 + 1)
β 2
pelo que " #
2
Bx + C B α+C x−α B x−α
P = arctan + log +1 .
(x − α)2 + β 2 β β 2 β
No caso particular de α ser zero a substituição é dispensável, uma vez que
1
Bx + C Bx C B 2x C β B C x
P 2 =P 2 +P 2 = P 2 + P 2 = log(x2 + β 2 ) + arctan .
x + β2 x + β2 x + β2 2 x + β2 β x 2 β β
β +1
2
Note-se que as primitivas B
2 log x
β +1 e B
2 log(x2 + β 2 ) não são iguais mas diferem por uma constante (neste caso, log(β 2 )).
(x − 1)−1
x 1 + (x − 1) 1 x−1 −2 1
• P
Exemplo 35. = P = P +P = P (x − 1) +P = +
(x − 1)2 (x − 1)2 (x − 1)2 (x − 1)2 x−1 −1
1
log(|x − 1|) + C = − + log(|x − 1|) + C, C ∈ R.
x−1
!
1
x+1 x 1 2x
• P 1 1 2
= 12 log(x2 + 4) + 21 arctan x2 + C, C ∈ R.
2
=P 2
+P 2
= 2P 2
+ 2P 2
x +4 x +4 x +4 x +4 x
+1 2
A primitiva de uma função racional reduz-se ao cálculo de primitivas de frações simples através do resultado seguinte:
49
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
x−1 A B C D E
Exemplo 36. • Existem constantes A, B, C, D e E tais que = + + + +
(x − 2)2 (x + 1)3 (x − 2)2 x − 2 (x + 1)3 (x + 1)2 x+1
x4 + 5 A Bx + C Dx + E
• Existem constantes A, B, C, D e E tais que = + 2 + 2
x(x2 2
+ 1)(x + 2) x x +1 x +2
x2 + 2 A B Cx + D
• Existem constantes A, B, C e D tais que 2 2
= 2
+ + 2
(x + 2) (x + 3) (x + 2) x+2 x +3
Para encontrar as constantes associadas a uma decomposição iremos usar o método dos coeficientes indeterminados, como
exemplificado de seguida:
x3
Exemplo 37. Para calcular a primitiva de começamos por escrever a decomposição associada:
(x + 1)2 (x2 + 1)
x3 A B Cx + D
= + + 2 ,
(x + 1)2 (x2 + 1) (x + 1)2 x+1 x +1
50
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
Atendendo à igualdade das duas frações e ao denominador igual, os numeradores terão também de ser iguais, pelo que:
ou seja,
x3 = (B + C)x3 + (A + B + 2C + D)x2 + (B + C + 2D)x + (A + B + D).
Sabendo que dois polinómios são iguais quando são do mesmo grau e os respetivos coeficientes são iguais, obtemos o seguinte sistema
linear de 4 equações a 4 incógnitas:
B+C =1
A + B + 2C + D = 0
B + C + 2D =0
A+B+D =0
Assim,
x3 − 12 1 − 12
= + + ,
(x + 1)2 (x2 + 1) (x + 1)2 x + 1 x2 + 1
pelo que
x3 − 12 − 21
1
P =P + +
(x + 1)2 (x2 + 1) (x + 1)2 x + 1 x2 + 1
− 12 1 − 21
=P + P + P
(x + 1)2 x+1 x2 + 1
1 1 1 1
= − P (x + 1)−2 + P − P
2 x + 1 2 x2 + 1
1 (x + 1)−1 1
=− + log(|x + 1|) − arctan(x) + C
2 −1 2
1 1
= + log(|x + 1|) − arctan(x) + C, C ∈ R.
2x + 2 2
51
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
t
Exemplo 38. Retomando agora a primitiva P do Exemplo 34, precisamos de encontrar constantes A, B e C tais
(t + 1)(t2 + 1)
que
t A Bt + C
= + 2 .
(t + 1)(t2 + 1) t+1 t +1
Reduzindo as frações ao mesmo denominador, obtemos:
52
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
Expressão Substituição
m p r
f (x) = R(x n , x q , . . . , x s ) x = tµ
µ = m.m.c.{n, q, . . . , s}
m p r
x+b n x+b q x+b s
f (x) = R x, ac x+d , ac x+d , . . . , ac x+d a x+b
c x+d = tµ
µ = m.m.c.{n, q, . . . , s}
Ao longo desta secção R designa uma função racional dos seus argumentos.
√
x 4
Exemplo 40. Para calcular P √ , como m.m.c.(2, 4) = 4 a substituição aconselhada é x = φ(t) = t4 . Como φ′ (t) = 4t3 ,
x+1 4
t 3 t
então, na nova variável, teremos de calcular P 2
4t = 4P 2
. Temos agora de calcular a primitiva de uma função
t +1 t +1
racional em que o grau do polinómio no numerador é superior ao grau do polinómio no denominador. Dividindo os dois polinómios
t4 t2 + 1
−t − t2
4
t2 − 1
−t2
2
t +1
1
53
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
t4 t3
1
Assim, 4 P = 4P (t2 − 1) + 4P = 4 − 4t + 4 arctan(t) + c, c ∈ R, pelo que
t2 + 1 t2 + 1 3
√
t3 4√ √ √
4
x 4
P √ = 4 − 4t + 4 arctan(t) + c = x3 − 4 4 x + 4 arctan( 4 x) + c, c ∈ R.
x+1 3 √
t= 4 x 3
Expressão Substituição
√ √
a x2 + b x + c = ax + t
se a > 0
√ √
a x2 + b x + c = t x + c
√
f (x) = R(x, a x2 + b x + c) se c > 0
√
a x2 + b x + c = t (x − α)
√
ou a x2 + b x + c = t (x − β)
se α e β são zeros reais distintos
do polinómio a x2 + b x + c
√
1
Exemplo 41. Para calcular P √ , uma das substituições aconselhadas é x2 + x − 1 = x + t. Atendendo a que
2
x x +x−1
√
x2 + x − 1 = x + t
⇒ x2 + x − 1 = (x + t)2 = x2 + 2xt + t2
⇒ x − 1 = 2xt + t2
⇒ x − 2xt = t2 + 1
⇒ x(1 − 2t) = t2 + 1
t2 +1
⇒ x = 1−2t ,
54
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
t2 + 1 −2t2 + 2t + 2
a função a considerar é φ(t) = , pelo que φ′ (t) = . Assim, na nova variável, teremos de calcular
1 − 2t (1 − 2t)2
2
1 −2t + 2t + 2 2
P =P = 2 arctan(t) + c, c ∈ R.
(1 − 2t)2 t2 + 1
t2 +1 t2 +1
1−2t 1−2t + t
1 p
Logo, P √ = {2 arctan(t) + c}t=√x2 +x−1−x = 2 arctan( x2 + x − 1 − x) + c, c ∈ R.
x x2 + x − 1
Expressão Substituição
√
a2 − x2 x = a cos(t) ou x = a sin(t)
√
x2 − a2 x = a sec(t) ou x = a cosec(t)
√
x2 + a2 x = a tan(t) ou x = a cotan(t)
x2
Exemplo 42. Para calcular P √ , uma das substituições aconselhadas é x = 2 sin(t) = φ(t). Logo, φ′ (t) = 2 cos(t) pelo
4 − x2
2
4 sin (t) 2
1 − cos(2t)
que, na nova variável, temos sucessivamente P q 2 cos(t) = P 4 sin (t) = P 4
= P (2 − 2 cos(2t)) =
4 − 4 sin2 (t) 2
x2
x x x
2t − sin(2t) + c, c ∈ R. Donde, P √ = {2t − sin(2t) + c}t=arcsin( x ) = 2 arcsin − sin 2 arcsin + c = 2 arcsin −
4 − x2 2 2 √ 2 2
x x x x x x 4 − x2
2 sin arcsin cos arcsin + c = 2 arcsin − 2 cos arcsin + c = 2 arcsin −x + c, c ∈ R.
2 2 2 2 2 2 2
Para calcular a primitiva de sin2 (x) não é necessário usar uma substituição. Usando a fórmula trigonométrica sin2 (x) =
1−cos(2t)
2 (verifique!) esta primitiva reduz-se à soma de duas primitivas imediatas. De igual forma, pode ser usada a fórmula
cos (x) = 1+cos(2t)
2
2 para o cálculo da primitiva de cos2 (x).
55
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
Expressão Substituição
Em ambas as substituições aconselhadas na tabela anterior torna-se necessário escrever sin(x) e cos(x) como função de tan( x2 ) e
tan(x), respetivamente.
1 tan(x)
Atendendo a que cos(x) = p 2
e sin(x) = p como consequência da fórmula fundamental da trigonometria,
1 + tan (x) 1 + tan2 (x)
1 t
usando a substituição t = tan(x), tem-se que cos(x) = √ e sin(x) = √ . Como t = tan(x) ⇔ x = φ(t) = arctan(t) e
1 + t2 1 + t2
1
φ′ (t) = , então
1 + t2
t 1 1
P f (x) = P R √ ,√ . .
1 + t2 1 + t2 1 + t2 tan(x)=t
tan x2
x
1 x
De igual forma, atendendo a que se tem igualmente cos = q e sin 2 = q , usando a substituição
2 1 + tan2 x 1 + tan2 x
2 2
x 1 t x x 1 − t2
x x
. Logo, cos(x) = cos2 − sin2
t = tan 2 , tem-se que cos = √ e sin
2 = √ = e sin(x) =
2 1 + t2 1 + t2 2 2 1 + t2
x x 2t
2 sin cos = .
2 2 1 + t2
2
Como t = tan x2 ⇔ x = φ(t) = 2 arctan(t) e φ′ (t) =
, então
1 + t2
1 − t2
2t 2
P f (x) = P R , . .
1 + t2 1 + t2 1 + t2 tan( x )=t 2
1 2
a substituição aconselhada é t = tan x2 , pelo que φ(t) = 2 arctan(t) e φ′ (t) =
Exemplo 43. Para calcular P . Logo,
cos(x) ! 1 + t2
1 2 2 1 1
na nova variável obtemos sucessivamente P 1−t2 = P = P + = − log |1 − t| + log |1 + t| + c, c ∈ R.
1+t2
1 + t2 1 − t2 1−t 1+t
56
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
x x
1
Assim, P = {− log |1 − t| + log |1 + t| + c}t=tan( x ) = − log 1 − tan + log 1 + tan + c, c ∈ R.
cos(x) 2 2 2
Expressão Substituição
f (x) = R(ex ) ex = t
e2x
Exemplo 44. Para calcular a primitiva de P x
a substituição aconselhada é ex = t pelo que x = log(t) = φ(t) e φ′ (t) =
1+ e
2
1 t 1 t 1
t . Logo, na variável t obtemos sucessivamente P 1+t t
= P
1+t
= P 1−
1+t
= t − log |1 + t| + c, c ∈ R. Assim,
2x
e
P = {t − log |1 + t| + c}t=ex = ex − log(1 + ex ) + c, c ∈ R.
1 + ex
3.6 Exercı́cios
1. Determine as primitivas das funções definidas pelas seguintes expressões analı́ticas:
√
3x3 − 5 x
(a) (*)
x
1
(b) (*) + 4 sin(x)
x
ex
(c) (*)
1 + ex
2
(d) e4x +log(x)
57
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
log2 (x)
(e) (*)
x
(f) e2x cot(e2x )
√
e x
(g) √
x
1 4
(h) (*) + √
x2 + 1 3
x2
sin(x)
(i) (*)
1 + cos2 (x)
1
(j)
(1 + x )(1 + arctan2 (x))
2
58
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
1
(w) p
cos2 (x) 1 + tan(x)
arctan(x)
(x)
1 + x2
(y) cos2 (x)
1
(z) (*) √
9 − x2
2. Seja f a função real de variável real definida por f (x) = cos(4x + π). Determine a primitiva de f que toma o valor 2 quando
x = 0.
59
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
8. Determine as primitivas das funções racionais definidas pelas seguintes expressões analı́ticas:
x2 + 4x + 6
(a) (*)
x2 + 2
x3 4
(b) (*) 2 +
x + 1 x3 − x2 − x + 1
x2 − 3x + 7
(c) (*) 2
(x + 2x + 2)(x − 1)2
x4
(d)
x+2
9x + 8
(e)
(x + 2)(x − 3)(x + 4)
3x2 + 4x − 2
(f)
(x + 1)2 (x − 2)
−4x
(g) 2
x + 4x + 3
1
(h)
x2 + 2x + 5
x4 + x2 − x + 1
(i)
x3 + x
x2 + 6x
(j)
x3 + x2 + 4x + 4
9. Determine as primitivas das funções racionalizáveis definidas pelas seguintes expressões analı́ticas:
60
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
x2 + 1
(a) √ 3 √
( x) + 3x + 2 x
√
2x + x2
(b)
x2
1
(c) √
x3 x2 − 9
√
2x + 3
(d) (*) √4
2x + 3 + 1
1
(e) (*) √
x x2 − x − 1
3
(f) (*) √3
x − 3x − 2
1
(g) (*) √
2
x x +x−2
tan(x)
(h)
1 + sin2 (x)
1 − sin(x)
(i)
1 + cos(x)
ex + 2
(j)
e2x − 2ex
cos(x)
(k) (*)
1 + cos(x)
e2x
(l) (*)
ex
+1
1
(m) (*)
1 + sin2 (x)
10. Determine as primitivas das funções definidas pelas seguintes expressões analı́ticas:
61
CAPÍTULO 3. PRIMITIVAS
12. (*) Determine a função real de variável real f , definida no intervalo ] − 1, 1[, que satisfaz as condições
x2 + 1
f ′ (x)= + arcsin(x) e f (0) = 0.
x2 + 2
ex
13. (*) Seja f a função real de variável real definida por f (x) = . Determine a primitiva de f que toma o valor 1
(e2x − ex − 2)2
quando x = 0.
14. Determine a função real de variável real que satisfaz simultaneamente as condições f ′ (x) = x cos(x2 ) + xe2x − 1 e f (0) = 2.
62
Capı́tulo 4
que contenha uma variável independente, t, uma função incógnita, x, e respetivas derivadas até à ordem n.
t é a variável independente, x = x(t) é a função incógnita, denominada variável dependente e x′ a derivada de primeira ordem de x.
Neste caso, a equação envolve também o parâmetro a. Esta equação diferencial é de primeira ordem pois a derivada de ordem mais
elevada que nela está envolvida é a primeira.
63
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
Exemplo 46. As igualdades x′ (t) = 3x(t) + sin(t) e x(3) (t) + 2x′′ (t) = ex(t) são equações diferenciais de ordem 1 e de ordem 3,
respetivamente.
Solução particular
Uma solução particular de uma EDO num intervalo I ⊂ R é uma função x = x(t) que satisfaz a equação nesse intervalo I,
ou seja, uma função x com derivadas x′ , x′′ , . . . , x(n) que transformam a equação numa proposição verdadeira, qualquer que
seja o valor de t ∈ I.
Exemplo 47. No Exemplo 13, a função x(t) = 100eat é solução da equação diferencial em R. Basta ver que x′ (t) = a100eat =
ax(t), ∀t ∈ R.
Exemplo 48. A função x(t) = sin(t) é solução da equação diferencial de segunda ordem x′′ (t) + 2x(t) = sin(t)em R. Basta ver que
x′′ (t) = − sin(t), ∀t ∈ R.
Campo de direções
Uma representação geométrica que a cada ponto do plano (t, x) associa o declive x′ calculado a partir de uma equação diferencial
denomina-se campo de direções.
Exemplo 49. A equação x′ = x − t2 permite associar a cada ponto (t, x) o declive x′ = x − t2 . A figura 4.1 representa um campo de
direções desta equação.
No campo da figura 4.1 estão representados diversos declives. Por exemplo, no ponto (1, 0) está representado o declive x′ = 0 − 12
= −1.
Como um campo de direções lembra o movimento de um fluido, sugere a representação das linhas de corrente desse fluido, que
serão curvas que em cada ponto têm declive igual ao declive representado. Uma dessas curvas está representada na Figura 4.1. Se
essa curva tiver equação x = f (t) teremos x′ = f ′ (t), com f ′ (t) igual ao declive representado no ponto (t, x). O valor desse declive é
x − t2 = f (t) − t2 , ou seja, concluı́mos que f ′ (t) = f (t) − t2 e que a curva é o gráfico de uma função solução da equação. Repare que
poderiam ser traçadas outras curvas, correspondentes a outras soluções. Estas curvas denominam-se curvas integrais e cada uma é
o gráfico de uma solução particular.
Solução geral
Uma expressão que contenha todas as soluções particulares como casos particulares designa-se por solução geral.
Exemplo 50. A expressão x = c et +t2 + 2t + 2, com c constante arbitrária real é a solução geral da equação x′ = x − t2 . Repare que
derivando a expressão obtém-se x′ = c et +2t + 2 e que x − t2 = c et +2t + 2, obtendo-se x′ = x − t2 . A curva integral representada na
64
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
Figura 4.1 é o gráfico da solução particular que passa no ponto (0, 1), ou seja x = − et +t2 + 2t + 2, que se obtém da solução geral
fazendo c = −1.
Os campos de direções e as soluções das equações diferenciais permitem estudar o comportamento dos sistemas modelados pelas
mesmas, constituindo duas fontes de informação complementares. Os campos de direções podem ser obtidos facilmente através de um
computador e fornecem informação qualitativa sobre o sistema. Contudo, são aproximações com os erros que daı́ podem advir. As
soluções gerais das EDO descrevem completamente todas as soluções e portanto o comportamento do sistema mas nem sempre são
possı́veis de encontrar. Abordaremos alguns tipos especiais de EDO para os quais é conhecida a solução e o processo de resolução.
x′
= k, x > 0, (4.2)
x
65
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
com k > 0 parâmetro constante. Esta equação é equivalente à anterior para todos os valores de x não nulos.
Mais geralmente, podemos assumir que k não é constante ao longo do tempo podendo, por exemplo, ser influenciado pelas estações
do ano. Nesse caso o modelo que traduz o crescimento da população pode ser escrito como
x′ (t)
= k(t) (4.3)
x(t)
onde k = k(t) é uma função que depende do tempo t.
Tal como já foi apresentado no Exemplo 30, podemos agora resolver a equação diferencial (4.3) primitivando ambos os membros
da equação e obtendo ′
x (t)
P = P (k(t)) ⇔ log (x(t)) = K(t) + c
x(t)
onde c é uma constante arbitrária e K(t) é uma primitiva de k(t). Note-se que consideramos x > 0 pelo que log(x) está bem definido.
Conclui-se que
x(t) = eK(t)+c = eK(t) ec .
Escrevemos ec = C e concluı́mos que uma solução de (4.3) tem de ser da forma
x(t) = C eK(t) ,
com C > 0 arbitrário. ′
(t)
No caso de x não ser sempre positivo então P xx(t) = log |x(t)| pelo que obtemos sucessivamente
x′ (t)
P = P (k(t))
x(t)
⇔ log(|x(t)|) = K(t) + c1 , c1 ∈ R.
Compondo com a função exponencial (a função inversa da função logaritmo) ambos os membros da igualdade anterior obtemos
log(|x(t)|) = K(t) + c1
⇔ |x(t)| = eK(t)+c1
⇔ |x(t)| = c2 eK(t) , c2 ∈ R+
(onde c2 = ec1 ). Desdobrando o módulo, |x(t)| = c2 eK(t) ⇔ x(t) = c2 eK(t) ∨ x(t) = −c2 eK(t) , que podemos escrever numa expressão
única na forma x(t) = c3 eK(t) , c3 ∈ R \ {0} (note-se que c2 ∈ R+ pelo que −c2 ∈ R− ).
Atendendo a que x = 0 também é solução da equação diferencial (4.3) (verificar, substituindo diretamente na equação), correspon-
dente a c = 0, então a solução da equação diferencial é da forma
x(t) = c eK(t) , c ∈ R. (4.4)
66
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
A equação x′ = k(t)x que acabamos de resolver pertence a uma classe de equações diferenciais ordinárias denominadas equações
de variáveis separáveis para as quais existe um processo de resolução padrão, permitindo obter a solução geral desde que se
consigam efetuar as primitivas que surgem na resolução. Esta classe assume por isso especial relevância, tornando-se importante saber
reconhecer se uma dada equação é ou não de variáveis separáveis.
Equação de variáveis separáveis
Uma EDO de primeira ordem F (t, x, x′ ) = 0 é uma equação de variáveis separáveis se for possı́vel escrevê-la na forma
f (x)x′ = g(t), onde f (x) não depende explicitamente de t e g(t) não depende de x.
x′ x x′
Exemplo 51. 1. A equação x = r(t)(1 − ) é de variáveis separáveis, pois pode ser escrita na forma x 1− = r(t).
K ( Kx )
2. A equação x′ + p(t)x = q(t) só é de variáveis separáveis em casos muito particulares. Por exemplo, se p(t) = t e q(t) = t2 , não
é de variáveis separáveis.
Reconhecendo que uma equação é de variáveis separáveis, seguimos o processo seguinte para a resolver e obter a solução geral:
1. Colocamos a equação na forma indicada na definição (de equação de variáveis separáveis), f (x)x′ = g(t);
2. Primitivamos f (x(t))x′ (t) e g(t), obtendo F e G tais que F ′ (x(t)) = f (x(t))x′ (t) e G′ (t) = g(t);
3. Utilizamos F e G para escrever a equação F (x(t)) = G(t) + c, c constante arbitrária, que é equivalente a f (x)x′ = g(t);
4. Sendo possı́vel, resolvemos a equação em ordem a x(t), ou seja, invertemos a função F , obtendo como solução geral
x(t) = F −1 (G(t) + c) ,
Se não for possı́vel inverter F , não realizamos o passo 4. A expressão F (x(t)) = G(t) + c, apesar de não definir a função x
explicitamente, oferece uma condição que a define (dizemos que define x implicitamente). Por vezes será possı́vel obter a expressão
explı́cita apenas restringindo o domı́nio onde a solução é válida.
Exemplo 52. Vamos agora refazer a resolução da equação (2.5) do modelo de crescimento logı́stico
x
x′ = rx 1 −
K
e exemplificar como executar os passos (1) − (4) para resolver esta equação de variáveis separáveis.
67
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
1
reconhecendo-se que é de variáveis separáveis por estar na forma f (x)x′ = g(t), com f (x) = x(1− K
e g(t) = r (repare que em
x
)
′ ′
f não figura nem x nem t e em g não figura nem x nem x).
1 1 1
2. Como f é uma função racional, primitiva-se através da igualdade x(1− K
= x + K−x . Obtemos
x
)
x′ (t) x′ (t)
x(t)
F (x(t)) = P + = log(x(t)) − log(K − x(t)) = log .
x(t) K − x(t) K − x(t)
Assumindo 0 < x < K então log(x) e log(K − x) estão bem definidos (e não é necessário usar a função módulo). A primitiva
de g é G(t) = rt.
x
3. Obtemos a equação equivalente log K−x = rt + c, com c constante arbitrária.
x
4. Resolve-se em ordem a x, realizando os cálculos necessários para inverter a função F (x) = log K−x : aplicamos a função
exponencial a ambos os membros da equação obtida no passo anterior
x
elog( K−x ) = ert+c ⇔
x
= C ert
K −x
KC ert
x= , C > 0,
1 + C ert
Na resolução anterior assumimos 0 < x < K. Se tal não for o caso então é necessário um cuidado adicional na resolução desta
equação. Assumindo x não identicamente nulo e diferente de K tem-se, tal como anteriormente,
68
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
′ x(t)
x (t) = rx(t) 1 −
K
x′ (t)
⇔ =r
x(t)
x(t) 1 −
K
x′ (t) −x′ (t)
⇔ − =r
x(t)
′ K − x(t)
−x′ (t)
x (t)
⇒ P −P = Pr
x(t) K − x(t)
⇔ log |x(t)| − log |K − x(t)| = rt + c1 , c1 ∈ R
x(t)
⇔ log = rt + c1 ,
K − x(t)
tendo sido usada uma propriedade das derivadas e uma propriedade dos logaritmos nas últimas duas igualdades.
Compondo com a função exponencial ambos os membros da igualdade anterior obtemos
x(t)
log = rt + c1
K − x(t)
x(t)
⇔ = ert+c1
K − x(t)
x(t)
⇔ = c2 ert , c2 (= ec1 ) ∈ R+ .
K − x(t)
x(t) x(t) x(t)
Por último, desdobrando o módulo obtemos = c2 ert ⇔ = c2 ert ∨ = −c2 ert , que podemos escrever
K − x(t) K − x(t) K − x(t)
x(t)
na forma = c3 ert , c3 ∈ R \ {0} (porque c2 ∈ R+ e −c2 ∈ R− ).
K − x(t)
Atendendo a que x = 0 também é solução da equação diferencial (verifique, por substituição direta na equação diferencial),
x(t)
correspondente a C = 0, então podemos escrever a solução na forma = Cert , C ∈ R e, resolvendo em ordem a x, obtemos a
K − x(t)
solução geral
KCert
x(t) = , C ∈ R. (4.5)
1 + Cert
Apresentamos seguidamente exemplos em que não se consegue obter uma expressão explı́cita para F ou em que para o conseguir
são impostas restrições ao domı́nio.
69
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
′ 2
√ 1. A equação 2xx = cos t resolve-se obtendo x = sin t + c. Esta equação pode ser resolvida em ordem a x obtendo
Exemplo 53.
x(t) = sin t + c mas estaremos a obrigar a função de estado x a ser não negativa.
2. A equação (log x)x′ = t resolve-se obtendo x(log x − 1) = t2 /2 + c. Não é evidente como se pode resolver esta expressão em
ordem a x, pelo que a solução geral é apenas apresentada de forma implı́cita.
Repare que há equações diferenciais lineares de primeira ordem que são equações de variáveis separáveis e que há equações de
variáveis separáveis que não são equações lineares de primeira ordem.
Exemplo 54. a) A equação x′ + tx = t é de variáveis separáveis e também é linear de primeira ordem;
b) A equação x′ + tx2 = t é de variáveis separáveis mas não é linear de primeira ordem;
c) A equação x′ + tx = t2 não é de variáveis separáveis mas é linear de primeira ordem.
O processo de resolução das equações diferenciais lineares de primeira ordem é conhecido e será exemplificado de seguida:
Exemplo 55. Adaptando o Exemplo 22, a equação
pode ser o modelo para a evolução de uma população, N (t), com fertilidade e migração não constantes. Assumimos que λ(t) = sin t
descreve sazonalidade na fertilidade e m(t) = 2t e− cos t descreve uma migração tendencialmente crescente ao longo do tempo mas com
algumas oscilações sazonais.
70
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
Podemos reescrever a equação como N ′ − sin tN = 2t e− cos t e multiplicar o primeiro membro por eP (− sin t) = ecos t , obtendo
ecos t
N ′ − ecos t sin tN = 2t. Esta multiplicação permite obter no primeiro membro da equação a derivada do produto ecos t N . O fator
P (− sin t)
e denomina-se fator integrante porque a sua multiplicação permite obter as curvas integrais (soluções) da equação, como se
verá seguidamente.
A equação toma a forma ′
ecos t N = 2t (4.8)
o que permite concluir que ecos t N = t2 + c, com c constante arbitrária. Logo, qualquer função da forma N (t) = t2 e− cos t +c e− cos t ,
para algum c ∈ R, será uma solução.
Caso se considere uma condição inicial que determine o número de indivı́duos num instante de tempo, podemos calcular a solução
particular que descreve a evolução desta população a partir da solução geral. Por exemplo, no caso da existência de apenas um
indivı́duo no instante t = 0, N (0) = 1, podemos, a partir da solução geral, obter a equação 1 = 0 + c e− cos 0 e determinar que c = e.
Obtém-se, assim, a solução particular N (t) = t2 e− cos t + e1−cos t .
De uma forma geral, as equações diferenciais lineares de primeira ordem x′ + p(t)x = q(t) resolvem-se multiplicando pelo fator
integrante eP (t) , onde P (t) é a primitiva de p(t). A resolução pode ser esquematizada nos passos seguintes.
2. Multiplica-se a equação pelo fator integrante eP (t) , onde P é a primitiva de p, obtendo-se eP (t) x′ + p(t) eP (t) x = eP (t) q(t)
3. Determina-se a primitiva P eP (t) q(t)
′ ′ ′
4. Como eP (t) x = eP (t) x′ + p(t) eP (t) x escreve-se a equação na forma eP (t) x = P eP (t) q(t) concluindo-se que
P (t) P (t)
e x=P e q(t) + c, c constante arbitrária
Note-se que, tal como no processo de resolução das equações de variáveis separáveis, procuramos obter uma igualdade entre duas
′
expressões que saibamos primitivar. No exemplo anterior foi a igualdade (4.8) onde figuram (ecos t N ) (onde é explı́cita qual a função
que está derivada) e 2t (primitiva imediata).
Exemplo 56. Vamos encontrar a solução geral da equação x′ −2tx = t. Atendendo a que a(t) = −2t neste caso temos µ(t) = eP (−2t) =
71
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
2 2 2 2 2 2
e−t . Multiplicando ambos os membros da equação x′ − 2tx = t por µ(t), obtemos então e−t x′ − e−t 2tx = e−t t ⇒ (e−t x)′ = e−t t.
−t2 −t2
2 2 2
t2
Logo, e−t x = P (e−t t) = −e2 + C, C ∈ R, pelo que x = et −e2 + C = −1 2 + Ce , C ∈ R.
Note-se que no caso particular de q(x) = 0, a equação linear de 1ª ordem homogénea (i.e., x′ + p(t)x = 0) também é uma equação
de variáveis separáveis pelo que a sua solução é x(t) = c e−P (t) , c ∈ R, refazendo os cálculos apresentados em (4.3). Também o caso
particular de p(x) = 0 (ou seja, a equação x′ = q(t)) é solúvel por primitavação direta de ambos os membros.
em que lim ε(t) = 0. Para t suficientemente perto de t0 , obtemos uma aproximação para x(t) descartando o último termo, ou seja,
t→t0
desde que t esteja perto de t0 podemos afirmar que
Obtivemos assim um valor aproximado da solução em t = t1 . Podemos aplicar agora o mesmo raciocı́nio no ponto t1 para obter um
valor aproximado de x(t2 ):
x(t2 ) = x(t1 + h) ≈ x(t1 ) + x′ (t1 )h = x(t1 ) + f (t1 , x(t1 ))h,
72
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
Tabela 4.1: Comparação das soluções aproximadas usando o método de Euler com passo h = 0.2 e passo h = 0.1 com a solução
analı́tica do problema x′ = xt, x(0) = 1 no intervalo [0, 1].
Repetindo o processo para os restantes pontos da malha, obtemos uma sucessão (xn ) definida por recorrência
x0 = x(t0 )
xi+1 = xi + f (ti , xi )h, i = 0, . . . , n − 1.
Calculando explicitamente tem-se x0 = 1, x1 = 1, x2 = 1 + 0.2 ∗ 1 ∗ 0.2 = 1.040, x3 = 1.04 + 0.4 ∗ 1.04 ∗ 0.2 = 1.123, x4 = 1.258 e
x5 = 1.459 (valores arredondados à terceira casa decimal).
Repetindo o processo para h = 0.1, tem-se
x0 = x(0) = 1
xi+1 = xi + (ti xi )0.1, i = 0, . . . , 9
Calculando explicitamente tem-se x0 = 1, x1 = 1, x2 = 1.010, x3 = 1.030, x4 = 1.061, x5 = 1.104, x6 = 1.159, x7 = 1.228, x8 = 1.314,
x9 = 1.419 e x10 = 1.547 (valores arredondados à terceira casa decimal).
Note que as estimativas para os mesmos pontos diferem quando escolhemos passos diferentes. Por exemplo, x(0.4) ≈ x2 = 1.04 e
no segundo caso x(0.4) ≈ x4 = 1.061. Compare os valores na tabela 4.1.
Na figura 4.2 podemos ver a solução analı́tica e as aproximações obtidas pelas duas sucessões, no intervalo [0, 1].
73
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
Figura 4.2: Comparação da solução analı́tica do problema x′ = xt, x(0) = 1 no intervalo [0, 1], e das soluções aproximadas usando o
método de Euler com passo h = 0.2 (preto) e passo h = 0.1 (vermelho).
Repare-se que neste processo existem duas aproximações e consequentemente temos dois tipos de erros associados a essas apro-
ximações em cada iterada: o erro associado ao termo desprezado e o erro por usarmos xi como valor aproximado de x(ti ), obtido na
iterada anterior (só não existe na primeira). Como consequência, quanto menor for o passo, melhor será a aproximação e quanto mais
longe estivermos do ponto referente à condição inicial, maior é o erro, pela acumulação dos erros nas várias iteradas. Este método
é pouco utilizado pois para passos grandes o erro é grande e para passos pequenos o método tem um grande custo computacional.
Existem outros métodos mais eficientes para a resolução de EDO como o método de Runge-Kutta.
74
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
em que ai (t) (i = 0, 1, 2) e f (t) são funções contı́nuas num dado intervalo I, denomina-se equação linear de segunda ordem.
1. Se as funções ai são constantes dizemos que se trata de uma equação diferencial linear de segunda ordem de coeficientes
constantes.
2. Se f for a constante nula esta equação chama-se homogénea.
Exemplo 58. 1. A equação mx′′ + kx = 0, com m, k constantes positivas é uma equação linear de segunda ordem com coeficientes
constantes e homogénea.
2. A equação mx′′ + (a sin(t) + b)x = 0, com m, a e b constantes positivas é uma equação linear de segunda ordem homogénea mas
de coeficientes não constantes.
3. A equação mx′′ + kx = a sin(bt), com m, k, a e b constantes positivas é uma equação linear de segunda ordem de coeficientes
constantes mas não homogénea.
Vamos designar por L a aplicação dada pelo primeiro membro da equação (4.10), isto é, Lx := a2 (t)x′′ (t) + a1 (t)x′ (t) + a0 (t)x(t).
Trata-se de uma aplicação linear (ou seja, uma aplicação que verifica simultaneamente as igualdades L(x1 + x2 ) = L(x1 ) + L(x2 )
e L(cx1 ) = cL(x1 ), para quaisquer variáveis x1 e x2 e constante real c). Usando esta notação simples, a equação (4.10) escreve-se
frequentemente na forma Lx = f .
Se conhecermos uma solução particular xP para a equação completa (isto é, xP que verifica LxP = f ), atendendo a que x =
(x − xP ) + xP e que L(x − xP ) = 0, podemos concluir que:
A solução geral da equação Lx = f são as funções da forma x = xh + xP , em que xh é a solução geral da equação homogénea
associada e xP é uma solução particular da equação completa.
Assim, a solução geral da equação (4.10) fica completamente determinada desde que conheçamos a solução geral da respetiva
equação homogénea e uma solução particular da equação completa. Resta saber como determinar cada uma destas parcelas. Note-se
ainda que, apesar de não ter sido usada por haver um processo de resolução mais direto, esta propriedade está já patente nas equações
75
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
diferenciais lineares de 1ª ordem - de facto na expressão (4.9) o primeiro termo é uma solução da equação completa (correspondente
a c = 0) e o segundo termo é a solução geral da equação homogénea.
No caso da equação homogénea
a2 (t)x′′ (t) + a1 (t)x′ (t) + a0 (t)x(t) = 0, (4.11)
a linearidade da função L implica que, se conhecermos duas soluções x1 (t) e x2 (t) para a equação Lx = 0, então toda a função da forma
c1 x1 (t)+c2 x2 (t), c1 , c2 ∈ R, ainda é uma solução desta equação, uma vez que L(c1 x1 (t)+c2 x2 (t)) = c1 L(x1 (t))+c2 L(x2 (t)) = 0+0 = 0.
No entanto, para afirmar que a expressão c1 x1 (t) + c2 x2 (t) (que se designa por combinação linear de x1 e x2 ) representa a solução
geral da equação Lx = 0, precisarı́amos ainda de poder escrever toda a solução x da equação nessa forma. Isso será verdade se as
soluções x1 e x2 forem linearmente independentes, isto é, se não for possı́vel escrever uma das funções como o produto da outra
função por uma constante. Obtemos assim o resultado seguinte:
Sejam x1 (t) e x2 (t) duas soluções linearmente independentes da equação (4.11) num dado intervalo I. Então, x(t) = c1 x1 (t) +
c2 x2 (t) é a solução geral desta equação.
76
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
Exemplo 59. Para calcular a solução geral da equação x′′ +5x′ +4x = 0, calculamos as soluções da equação caracterı́stica r2 +5r+4 =
0. A equação caracterı́stica tem duas raı́zes reais e distintas r1 = −4 e r2 = −1. Logo, x1 (t) = e−4t e x2 (t) = e−t são duas soluções
linearmente independentes da equação x′′ + 5x′ + 4x = 0, pelo que a solução geral desta equação é x = c1 e−4t + c2 e−t , com c1 , c2
constantes reais.
No caso de b2 − 4ac ser negativo, a equação caracterı́stica tem um par de raı́zes complexas conjugadas da forma
√ √
−b −b2 + 4ac −b −b2 + 4ac
r1 = +i e r2 = −i .
2a 2a 2a 2a
√
−b +4ac 2
Neste caso podemos provar que, sendo α = −b 2a e β = 2a , x1 = eαt sin(βt) e x2 = eαt cos(βt) são duas soluções linearmente
′′ ′
independentes da equação ax (t) + bx (t) + cx(t) = 0. Logo, x = eαt (c1 sin(βt) + c2 cos(βt)), c1 , c2 ∈ R, é, neste caso, a solução geral
desta equação.
Exemplo 60. A equação caracterı́stica da equação diferencial 4x′′ + 4x′ + 5x = 0, 4r2 + 4r + 5 = 0, tem como soluções r1 = − 12 + i
t t
e r2 = − 12 − i. Logo, x1 (t) = e− 2 cos(t) e x2 (t) = e− 2 sin(t) são duas soluções linearmente independentes para a equação. Assim, a
t t
sua solução geral será x = c1 e− 2 cos(t) + c2 e− 2 sin(t), c1 , c2 ∈ R.
Por último, no caso de b2 − 4ac ser nulo, existe uma única raiz r1 da equação caracterı́stica, r1 = −b 2a . Neste caso, e
r1 t
é solução
r1 t ′′ r1 t ′
da equação diferencial, e é fácil provar que te também o é (basta verificar que a(te ) + b(te ) + cte = 0). Assim, er1 t e ter1 t
r1 t r1 t
são duas soluções linearmente independentes da equação diferencial, sendo x = c1 er1 t + c2 ter1 t , c1 , c2 ∈ R, a sua solução geral.
Exemplo 61. Para encontrar a solução do problema de valores iniciais x′′ + 4x′ + 4x = 0, x(0) = 1, x′ (0) = 3, começamos por
verificar que a equação caracterı́stica r2 + 4r + 4 = 0 tem uma única solução r1 = −2. Logo, x(t) = c1 e−2t + c2 te−2t , com c1 , c2 ∈ R é a
solução geral desta equação diferencial. A partir das condições iniciais x(0) = 1 e x′ (0) = 3 podemos agora determinar as constantes
c1 e c2 . De facto, tem-se x(0) = c1 = 1 e x′ (0) = −2 + c2 = 3 donde c1 = 1 e c2 = 5. Assim, a solução do problema de valores iniciais
é x(t) = e−2t + 5te−2t .
77
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
ax′′ + bx′ + cx = 0
3. A equação caracterı́stica tem um par de raı́zes complexas conjugadas α ± βi. A solução geral da equação diferencial é
x(t) = c1 eαt cos(βt) + c2 eαt sin(βt), c1 , c2 constantes arbitrárias.
Agora que sabemos determinar a solução geral da equação diferencial linear de segunda ordem de coeficientes constantes homogénea,
para calcular a solução geral da correspondente equação completa basta apenas conhecer uma solução particular desta. Recorde-se
que a solução geral de uma equação diferencial linear é dada pela soma da solução geral da correspondente equação homogénea com
uma solução particular da equação completa.
O resultado seguinte descreve uma solução particular da equação completa, em alguns casos concretos:
78
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
Sejam a ∈ R \ {0}, α ∈ R e R(t) um polinómio de grau n. Então, a equação ax′′ + bx′ + cx = R(t)eαt admite uma solução
particular da forma
1. (an tn + an−1 tn−1 + · · · + a1 t + a0 )eαt , se α não for raiz da equação caracterı́stica ar2 + br + c = 0;
2. t(an tn + an−1 tn−1 + · · · + a1 t + a0 )eαt , se α for raiz simples da equação caracterı́stica ar2 + br + c = 0;
3. t2 (an tn + an−1 tn−1 + · · · + a1 t + a0 )eαt , se α for raiz dupla da equação caracterı́stica ar2 + br + c = 0.
Note-se que, no resultado anterior, no caso particular de α ser zero, o segundo membro da equação completa é apenas um
polinómio, e que se R(t) for uma constante (polinómio de grau zero) então esse segundo membro reduz-se a um múltiplo de uma
função exponencial.
Exemplo 63. 1. Queremos determinar uma solução particular para a equação x′′ + x′ − 2x = t2 . Como R(t)eαt = t2 , estamos
a considerar o caso R(t) = t2 (polinómio de grau 2) e α = 0. Uma vez que α = 0 não é solução da equação caracterı́stica
r2 + r − 2 = 0 então a equação dada admite uma solução da forma x(t) = a2 t2 + a1 t + a0 . Logo x tem de verificar a equação
dada, i.e., (a2 t2 + a1 t + a0 )′′ + (a2 t2 + a1 t + a0 )′ − 2(a2 t2 + a1 t + a0 ) = t2 . Obtemos então sucessivamente:
(a2 t2 + a1 t + a0 )′′ + (a2 t2 + a1 t + a0 )′ − 2(a2 t2 + a1 t + a0 ) = t2
⇒ 2a2 + 2a2 t + a1 − 2a2 t2 − 2a1 t − 2a0 = t2
2 2
⇒ −2a
2 t + 2 (a2 − a1 ) t + (a1+ 2a2 − 2a 0 ) = t + 0t + 0
1
−2a 2 = 1 2a = − 2
⇒ 2 (a2 − a1 ) = 0 ⇒ a1 = − 12
a1 + 2a2 − 2a0 = 0 a0 = − 34 .
79
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
O resultado seguinte descreve uma solução particular da equação completa, em casos que generalizam os anteriores:
Sejam a, β ∈ R \ {0}, α ∈ R, R(t) um polinómio de grau m e Q(t) um polinómio de grau n. Então, a equação ax′′ + bx′ + cx =
eαt (R(t) cos(βt) + Q(t) sin(βt)) admite uma solução particular da forma
1. eαt (P1 (t) cos(βt) + P2 (t) sin(βt)), com P1 (t) e P2 (t) polinómios de grau k = max{m, n}, se α + βi não for raı́z da equação
caracterı́stica ar2 + br + c = 0;
2. teαt (P1 (t) cos(βt) + P2 (t) sin(βt)), com P1 (t) e P2 (t) polinómios de grau k = max{m, n}, se α + βi for raiz da equação
caracterı́stica ar2 + br + c = 0.
Note-se que a equação ax′′ + bx′ + cx = eαt (R(t) cos(βt) + Q(t) sin(βt)) reduz-se a ax′′ + bx′ + cx = R(t)eαt quando consideramos
β = 0. Outros casos particulares interessantes desta equação são ax′′ + bx′ + cx = cos(βt), correspondente a α = 0, R(t) = 1 e
Q(t) = 0, e ax′′ + bx′ + cx = sin(βt), correspondente a α = 0, R(t) = 0 e Q(t) = 1.
Exemplo 64. 1. Para determinar uma solução particular para a equação x′′ + x = cos(t) começamos por observar que estamos a
considerar o caso particular α = 0, β = 1, R(t) = 1, Q(t) = 0. Como R e Q são polinómios de grau zero, então k = 0. Além
disso, α + βi = i é raiz da equação caracterı́stica r2 + 1 = 0. Assim, uma solução particular para esta equação terá a forma
x(t) = t(a0 cos(t)+b0 sin(t)). Substituindo na equação obtemos sucessivamente (t(a0 cos(t)+b0 sin(t)))′′ +t(a0 cos(t)+b0 sin(t)) =
cos(t) ⇒ −a0 sin(t) + b0 cos(t) − a0 sin(t) + b0 cos(t) − a0 t cos(t) − b0 t sin(t) + ta0 cos(t) + tb0 sin(t) = cos(t) ⇒ −2a0 sin(t) +
2b0 cos(t) = cos(t) ⇒ −2a0 = 0 ∧ 2b0 = 1 ⇒ a0 = 0 ∧ b0 = 21 . Logo, x(t) = t( sin(t) 2 ) será uma solução particular da equação.
2. Comecemos por determinar uma solução particular para a equação x′′ + x = tet sin(t). Estamos a considerar o caso α = 1, β = 1
(logo, α + βi = 1 + i), R(t) = 0, Q(t) = t. Como R é um polinómio de grau zero e Q é um polinómio de grau um, então k = 1.
Como 1 + i não é solução da equação caracterı́stica r2 + 1 = 0 então estamos nas condições do ponto 1 do resultado anterior,
pelo que podemos afirmar que uma solução particular desta equação terá a forma x(t) = et ((a1 t + a0 ) cos(t) + (b1 t + b0 ) sin(t)).
Substituindo na equação obtemos então:
80
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
2et (a1 cos(t) + (b1 t + b0 ) cos(t) + b1 sin(t) − (a1 t + a0 ) sin(t)) + et (2b1 cos(t) − (a1 t + a0 ) cos(t) − 2a1 sin(t) − (b1 t + b0 ) sin(t) +
(a1 t + a0 ) cos(t) + (b1 t + b0 ) sin(t) + et ((a1 t + a0 ) cos(t) + (b1 t + b0 ) sin(t)) = tet sin(t)
⇒ et (2b1 t + a1 t) cos(t) + et (2a1 + 2b0 + 2b1 + a0 ) cos(t) + et (−2a1 t + b1 t) sin(t) + et (2b1 + 2a0 − 2a1 + b0 ) sin(t) = tet sin(t),
de onde obtemos o sistema
14
2b1 + a1 = 0 a0 = 25
a1 = − 52
2a1 + 2b0 + 2b1 + a0 = 0
que tem como solução 2
−2a1 + b1 = 1 b0 = − 25
1
2b1 + 2a0 − 2a1 + b0 = 0 b1 = 5 .
Se pretendêssemos encontrar a solução geral desta equação terı́amos ainda de calcular a solução geral da equação homogénea
associada. Atendendo a que as raı́zes da equação caracterı́stica r2 + 1 = 0 são r = i ou r = −i, então a solução geral da equação
homogénea é
x(t) = c1 cos(t) + c2 sin(t), com c1 , c2 ∈ R.
4.5 Exercı́cios
1. (*) Verifique que y = at + ekt é solução de y ′ = ky + a(1 − kt).
81
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
y
2. Verifique que y(x) = x2 + bx, b constante arbitrária, é solução da equação diferencial y ′ = + x. Admita que é a solução geral
x
e determine, caso existam, as soluções particulares que verificam:
(a) y(1) = 2,
(b) y(−1) = 2 e y(−2) = 0.
3. (*) Considere o modelo de arrefecimento de um corpo descrito no Exemplo 23 e seja T = T (t) uma solução do problema com a
condição inicial T (0) = T0 .
(a) Verifique que T (t) = c e−kt +Ts é solução da equação para qualquer c ∈ R e que T = Ts é uma solução particular da
equação.
(b) Calcule a solução particular indicada na Figura 2.5.
(c) Suponha que a temperatura ambiente não era constante mas sim periódica da forma Ts (t) = a cos(bt) + d. Justifique que a
solução geral não é da forma T (t) = c e−kt +Ts (t).
4. (*) Para cada um dos modelos seguintes justifique que as equações apresentadas são de variáveis separáveis
5. (*) Considere a equação x′ = kx + e − i, k, e e i constantes, apresentada no modelo de crescimento com migração do Exemplo 22.
Verifique que se tomarmos k = k(t), e = e(t) e i = i(t), ou seja, considerarmos variações na fecundidade e migração a equação
pode não ser de variáveis separáveis.
6. Indique condições sobre as funções p e q para que a equação x′ + p(t)x = q(t) seja de variáveis separáveis.
(a) x′ t = tx;
(b) x
t + x′ = 0;
(c) (tx′ )2 + 2txx′ + x2 = x.
(a) Repita o processo de resolução descrito e conclua que x(t) = C ekt , C constante arbitrária, é a solução geral da equação do
modelo de crescimento exponencial.
82
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
(b) Verifique que x(t) = ek(t−t0 ) também é uma solução de x′ = kx, qualquer que seja t0 ∈ R. Qual a relação entre as soluções
desta forma e as da forma x(t) = C ekt ?
(c) Indique uma solução da equação x′ = 2x que verifique x(1) = 3.
(d) Considere y o número de bactérias numa população cujo crescimento verifica o modelo exponencial com uma constante de
proporcionalidade entre y ′ (t) e y(t) de 0, 1 h−1 , sendo h a unidade de tempo hora. Suponha que no instante t = 0 h são
colocados 1000 bactérias numa cultura. Quantas bactérias teremos ao final de um dia, assumindo que o modelo se mantém
sempre válido ao longo desse tempo? E se tivéssemos colocado apenas uma bactéria no instante t = 0, quantas terı́amos ao
final de um dia? Quantos dias seriam necessários para obtermos a mesma quantidade de bactérias que obtivemos quando
começámos com 1000 bactérias no instante inicial?
11. Entre 1879 e 1881 foram introduzidos 435 robalo-muge na Baı́a de São Francisco, oriundos do Oceano Atlântico. Em 1899 a rede
comercial capturava 559733 kg de robalos-muge na mesma baı́a. Assuma que o peso médio de um robalo-muge é 500 g e que a
captura corresponde a um décimo da população total. O crescimento da população foi tão rápido que é razoável considerá-lo
exponencial e modelá-lo com a equação dN/dt = λN , onde N = N (t) é o número de robalos-muge em função do tempo. Estime
λ por defeito.
83
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
13. O crescimento de uma célula depende do fluxo de nutrientes através da sua superfı́cie. Assuma que por um perı́odo limitado de
tempo a taxa de crescimento da massa da célula dm/dt é proporcional à área da superfı́cie. Se a forma da célula em crescimento
não se alterar, a área da superfı́cie é proporcional ao quadrado de uma sua dimensão linear (por exemplo diâmetro, se for esférica)
e, consequentemente, proporcional a m2/3 . Logo dm/dt = km2/3 para uma certa constante de proporcionalidade k > 0. Resolva
esta equação diferencial e interprete o resultado.
14. Resolva as equações diferenciais lineares de primeira ordem do tipo x′ + p(t)x = q(t) para as seguintes expressões de p e q.
(a) xy ′ + y = x2 , y(1) = 0,
(b) (*) y ′ + √y = 1, y(0) = y0 ,
x
′
(c) (*) y + cotan(x) y = x, y(2) = 3,
(d) (1 − x2 )y ′ + y = 2x, y(x0 ) = y0 .
16. Retome o exercı́cio 11 e determine uma EDO que modele a situação, tendo em conta as seguintes caracterı́sticas:
- um ano civil corresponde a um intervalo de amplitude 2π na variável t com as passagens de ano a coincidir com os instantes
2kπ, k ∈ Z,
- a fertilidade é sazonal e tem pico superior igual a ω > 0 no solstı́cio de Junho e pico inferior igual a 0 no solstı́cio de
Dezembro e
- existe uma caça constante diária de d indivı́duo.
Analise qual deverá ser o valor d de forma a controlar o efetivo da população ao longo do tempo.
17. (*) Num tanque com 100 litros de água estão dissolvidos 20 gramas de um sal. No instante t = 0 é lançada no tanque água
com o mesmo sal dissolvido na proporção de 3 gramas por litro, à razão de 4 litros por minuto. Um dispositivo mecânico torna
uniforme em qualquer instante a mistura no tanque. Também no instante t = 0 entra em funcionamento um dispositivo de
escoamento que retira a mistura do tanque à razão de 4 litros por minuto.
84
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
18. Um tanque contém inicialmente 50 gramas de sal dissolvido em 200 litros de água. Uma solução de sal com concentração de 5
gramas por litro é introduzida no tanque à velocidade de 2 litros por minuto e, simultaneamente, o tanque é escoado à mesma
velocidade.
19. O número de átomos de um elemento radioativo que se desintegram por unidade de tempo é, em cada instante t, proporcional
ao número de átomos desse elemento presentes nesse instante. A lei de desintegração radioativa é assim governada pela equação
diferencial N ′ = −λN , sendo N (t) o número de átomos radioativos presentes no instante t e λ uma constante positiva chamada
constante de decaimento radioativo.
(a) Definindo o perı́odo de semi-transformação P de uma substância radioativa como o tempo que leva essa substância a
reduzir-se a metade, deduza a relação entre P e λ.
(b) Calcule a constante de decaimento radioativo do carbono-14 sabendo que o seu perı́odo de semi-transformação é de 5568
anos.
(c) Na época em que um objeto foi construı́do, o número de átomos presentes de carbono-14 era de 1051709. Estimando-se
atualmente em 1000000 o número de átomos de carbono-14 no mesmo objeto, qual é a sua idade? (Este processo chama-se
“técnica de datação do carbono-14”).
20. (*) Num incêndio, o fogo alastra 10 por cento por minuto. No instante t = 0 chegam os bombeiros, que conseguem apagar
100 m2 por minuto. Sabendo que no instante t = 0 o fogo ocupava uma área de 800 m2 , ao fim de quanto tempo o incêndio foi
declarado extinto?
21. Uma população de gafanhotos aumenta 10% por dia. Foi chamada a empresa de desinfestação Gafakill que consegue eliminar
500 gafanhotos por dia. Sabendo que havia inicialmente 4000 gafanhotos, ao fim de quanto tempo será a praga eliminada?
85
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
24. Retome o exercı́cio anterior e utilize um recurso computacional (folha de cálculo, calculadora gráfica, etc.) para calcular uma
solução aproximada para o problema utilizando uma malha de 100 pontos. Faça o gráfico dessa solução.
25. Resolva as equações diferenciais
(a) x′′ − 3x′ + 2x = 0,
(b) (*) x′′ − 2x′ = 0,
(c) x′′ − 6x′ + 9x = 0,
(d) 2x′′ + 3x = 0,
(e) (*) p2 x′′ = −x,
(f) (*) x′′ − 4x′ + 4x = 0.
26. Resolva os seguintes problemas
(a) x′′ + 7x′ + 12x = 0, x(0) = 0, x′ (0) = 1,
(b) (*) 4x′′ + 4x′ + 5x = 0, x(0) = 0, x′ (0) = 1,
(c) 2x′′ = 0, x(0) = x0 , x′ (0) = v0 ,
(d) x′′ + 4ax′ + 5a2 x = 0, x(0) = x0 , x′ (0) = v0 ,
(e) (*) x′′ + 2x′ − 3x = 0, x(0) = 0, x′ (0) = 1.
27. (*) Justifique que uma equação da forma ax′′ + bx′ = 0, a e b constantes, pode ser reduzida a uma equação linear de primeira
ordem. Resolva-a através dos processos lecionados para as equações de primeira ordem
28. Resolva a equação x′′ + 4x′ = 0 por dois processos.
29. Resolva o sistema de EDO seguinte, começando por o transformar numa equação linear de segunda ordem de coeficientes
constantes. ′
x = x−y
y ′ = −x + y
30. Resolva o problema definido pelas condições iniciais x(0) = 4 e y(0) = 1 e pelo sistema
′
x = y
y ′ = −3x + 2y.
86
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
(a) Verifique que existe uma solução particular da forma x = a e−t , para algum valor real de a.
(b) Resolva a equação homogénea associada x′′ + 5x′ + 6x = 0.
(c) Verifique que x = xP (t) + xH (t) é solução da equação não homogénea, onde xP é a solução particular determinada na
primeira alı́nea e xH é a solução geral da equação homogénea encontrada na segunda alı́nea.
(d) Indique a solução particular da equação não homogénea que verifica x(0) = 1, x′ (0) = 0.
32. Resolva o problema definido pelas condições iniciais x(0) = 1 e y(0) = 10 e pelo sistema
′
x = x+y
y ′ = −2x + 4y.
33. Escreva a equação diferencial linear homogénea cuja solução geral é:
34. Três soluções de uma dada equação linear de 2ª ordem não homogénea são ϕ1 (t) = t2 , ϕ2 (t) = t2 + e2t e ϕ3 (t) = 1 + t2 + 2e2t .
Encontre o integral geral desta equação.
35. Seja ψ(t) a solução da equação diferencial linear não homogénea x′′ + a(t)x′ + b(t)x = f (t), e seja ϕ uma solução da respetiva
equação homogénea. Mostre que ψ(t) + ϕ(t) ainda é solução da equação x′′ + a(t)x′ + b(t)x = f (t).
(a) x′′ + 3x = t3 − 1;
(b) x′′ − x = t2 et ;
(c) x′′ + 4x = t sin(2t);
(d) (*) x′′ + 4x′ + 4x = te2t ;
(e) (*) x′′ + x′ = 1 + t;
(f) (*) x′′ + x′ + 4x = cos(t).
87
CAPÍTULO 4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
88
Capı́tulo 5
Integrais
Consideremos um intervalo [a, b] e n + 1 pontos tais que a = x0 < x1 < x2 < · · · < xn−1 < xn = b. Ao conjunto dos subin-
tervalos da forma [xi , xi+1 ], i = 0, 1, . . . , n − 1, chama-se partição de [a, b]. Numa partição, a união de todos os intervalos que
a constituem forma o intervalo inicial e a intersecção de dois quaisquer intervalos ou é vazia ou reduz-se a um ponto. A partição
também fica bem definida pelo conjunto de pontos (ordenados) que delimitam os intervalos que a constituem, ou seja, pelo conjunto
P = {a = x0 , x1 , x2 , . . . , xn−1 , xn = b}.
Ao longo das sessões (5.1)-(5.5) vamos sempre considerar f : [a, b] → R uma função limitada.
89
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
somas de Darboux
Dada uma partição P de [a, b], chama-se soma inferior de Darboux de f , a
n−1
X
sP (f ) = (xi+1 − xi ) inf f (x).
x∈[xi ,xi+1 ]
i=0
Note-se que, como f é limitada em [a, b], o conjunto {f (x) : x ∈ [xi , xi+1 ]} é limitado (logo, tem ı́nfimo e tem supremo), pelo que
as somas superior e inferior de Darboux estão bem definidas.
Dadas uma função não negativa e uma partição, em cada uma das parcelas da soma inferior de Darboux temos o produto da
amplitude (αi ) de um subintervalo, pelo ı́nfimo (ιi ) dos valores atingidos pela função nesse subintervalo. Sendo assim, cada parcela
pode ser interpretada geometricamente como a área de um retângulo cuja largura é αi e cuja altura é ιi , pelo que a soma inferior de
Darboux é igual à soma das áreas de todos estes retângulos (que se encontram todos abaixo do gráfico da função).
De igual forma, em cada uma das parcelas da soma superior de Darboux temos o produto da amplitude (αi ) de um subintervalo, pelo
supremo (σi ) dos valores atingidos pela função nesse subintervalo. Sendo assim, cada parcela pode ser interpretada geometricamente
como a área de um retângulo cuja largura é αi e cuja altura é σi , pelo que a soma superior de Darboux é igual à soma das áreas de
todos estes retângulos (que se encontram todos acima do gráfico da função).
Para uma mesma partição, como o ı́nfimo de cada subintervalo é sempre menor ou igual do que o supremo, é óbvio que sP (f ) ≤
SP (f ). Mas, de facto, é possı́vel demonstrar que mesmo para partições diferentes, qualquer soma inferior é sempre menor ou igual
do que qualquer soma superior (sP (f ) ≤ SQ (f ), ∀P, Q). Sendo assim, o conjunto das somas superiores é minorado (todas as somas
inferiores são minorantes) pelo que tem ı́nfimo e o conjunto das somas inferiores é majorado (todas as somas superiores são majorantes)
pelo que tem supremo.
90
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z b Z b
Em geral, f (x) dx ≤ f (x) dx. No caso particular de serem iguais, tem-se:
a a
Integral de Riemann
Z b Z b Z b Z b Z b
Se f (x) dx = f (x) dx diz-se que f é integrável à Riemann em [a, b] e f (x) dx = f (x) dx = f (x) dx chama-se
a a a a a
integral de f em [a, b].
1, x ∈ [0, 1] ∩ Q
Exemplo 65. Seja f (x) = Dada uma qualquer partição P = {[xi , xi+1 ], i = 0, · · · , n − 1}, como entre
0, x ∈ [0, 1] \ Q.
quaisquer dois pontos existem racionais e irracionais, inf f (x) = 0 e sup f (x) = 1. Logo, para qualquer partição P,
x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ]
n−1
X Z 1 Z 1 Z 1 Z 1
sP (f ) = 0 e SQ (f ) = (xi+1 − xi ) = 1 pelo que f (x) dx = 0 e f (x) dx = 1. Como f (x) dx ̸= f (x) dx a função não é
i=0 0 0 0 0
integrável à Riemann em [0, 1].
Exemplo 66. Consideremos, no intervalo [a, b], a função f (x) = c (c ∈ R). Qualquer que seja a partição P = {[xi , xi+1 ], i =
n−1
X n−1
X
0, · · · , n − 1}, como inf f (x) = sup f (x) = c então sQ (f ) = SQ (f ) = c (xi+1 − xi ) = c (xi+1 − xi ) = c (b − a). Logo,
x∈[xi ,xi+1 ] x∈[xi ,xi+1 ] i=0 i=0
Z b Z b Z b
f (x) dx = f (x) dx = c(b − a). Sendo assim, f é integrável à Riemann em [a, b] e f (x) dx = c(b − a).
a a a
Pode ainda ser demonstrado que se f : [a, b] → R for uma função integrável em [a, b] e se g difere de f apenas num número finito
91
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z b Z b
de pontos, então g é integrável em [a, b] e f (x) dx = g(x) dx. Este resultado permite, por exemplo, concluir que a função
a a Z 5
1, x ∈ [1, 3[∪]3, 5]
g(x) = é uma função integrável em [1, 5] e g(x) dx = 4.
7, x = 3 1
Se f for uma função contı́nua, não negativa e integrável em [a, b], o integral de f é igual à área da figura limitada pelo gráfico de f
e pelas retas x = a, x = b e y = 0 (eixo dos xx). Denotemos essa área por S. De facto, o integral sendo o ı́nfimo do conjunto das
somas superiores (que são todas maiores ou iguais que S) é maior ou igual que S. Por outro lado, o integral sendo o supremo
do conjunto das somas inferiores (que são todas menores ou iguais que S) é menor ou igual que S. Logo, o integral tem de ser
Z b
exatamente igual a S, isto é, S = f (x) dx.
a
92
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z a Z b
f (x) dx = − f (x) dx
b a
Z a
f (x) dx = 0 (5.1)
a
Z b Z c Z b
Como consequência, podemos demonstrar que f (x) dx = f (x) dx+ f (x) dx, ∀a, b, c ∈ R, sempre os três integrais existam.
a a c
Consideremos, por exemplo, o caso a < b < c. Então, usando as propriedades anteriores temos, sucessivamente,
Z c Z b Z c
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx
Zab Zac Zb c
⇒ f (x) dx = f (x) dx − f (x) dx
Zab Zac Zb b
⇒ f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c
arctan(x) − π4
0≤x≤1 arctan(x) 0≤x≤1
Exemplo 67. As funções f (x) = e g(x) = são integráveis em [0, 2].
x2 − 3x + 2, 1<x≤2 x2 − 3x + 2, 1 < x ≤ 2
Considerando uma função contı́nua f no intervalo [a, b] sabemos, pelo Teorema de Weierstrass, que tem nesse intervalo um máximo
93
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z x
Consideremos agora a função F (x) = f (t) dt, ∀x ∈ [a, b]. Se h ∈ R for tal que x + h ∈ [a, b], podemos escrever
a
Z x+h Z x
F (x + h) − F (x) = f (t) dt − f (t) dt
Zax a
Z x+h Z x Z x+h
= f (t) dt + f (t) dt − f (t) dt = f (t) dt.
a x a x
Z x+h
Logo, pelo Teorema da média, existe c ∈ [x, x + h] tal que F (x + h) − F (x) = f (t) dt = f (c) h pelo que
x
F (x + h) − F (x)
F ′ (x) = lim = lim f (c) = f (x)
h→0 h c→x
94
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Atendendo ao teorema anterior, F é uma primitiva de f , também conhecida por integral indefinido de f . Podemos assim
concluir que toda a função contı́nua em [a, b] é primitivável nesse intervalo. Vamos também obter, como consequência deste teorema,
uma forma muito simples de calcular integrais:
Regra de Barrow
Se f : [a, b] → R é contı́nua e G é uma primitiva de f em [a, b], então
Z b
b
f (x) dx = G(b) − G(a) = [G(x)]a .
a
Z x
De facto, vimos que a função F (x) = f (t) dt é uma primitiva de f . Como G também é uma primitiva de f então G(x) − F (x) =
a Z a
c, ∀x ∈ [a, b]. Em particular G(a)−F (a) = c = G(a) (uma vez que F (a) = f (t) dt = 0), e G(b)−F (b) = c. Logo, G(a) = G(b)−F (b)
Z b a
2 2 2
x3 23 13
Z Z
2 2 2 7
Exemplo 68. Para calcular x dx basta calcular uma primitiva da função x . Assim, x dx = = − = .
1 1 3 1 3 3 3
Z x
2 2
Exemplo 69. Considerando a função F (x) = e−t dt tem-se que F ′ (x) = e−x . Se agora quisermos derivar, em R+ , a função
√ 1
Z x
2 √ √ ′ √ √ √ 2
G(x) = e−t dt basta ter em consideração que G(x) = F ( x). Logo, G′ (x) = (F ( x)) = F ′ ( x)( x)′ = e− x 2√1
x
1
= e−x 2√ x
.
1
Podemos também estabelecer teoremas análogos aos da primitivação por partes e primitivação por substituição, que são especial-
mente úteis para o cálculo de integrais,
95
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
De facto, para estabelecer o resultado anterior basta ver que (F g)′ (x) = F ′ (x) g(x) + F (x) g ′ (x) = f (x) g(x) + F (x) g ′ (x), e aplicar
Z b Z b
b
a regra de Barrow obtendo [F (x) g(x)]a = f (x) g(x) dx + F (x) g ′ (x). Note-se que f g e F g ′ são funções contı́nuas em [a, b] logo
a a
integráveis.
Z 1 Z 1
1 1 1
Exemplo 70. x ex dx = [ex x]0 − ex dx = [ex x]0 − [ex ]0 = e − (e − 1) = 1
0 0
Para verificarmos esta igualdade, consideremos F : [a, b] → R uma primitiva de f e G : [α, β] → R a função composta G(t) =
Z β Z β
′
′ ′ ′ ′
F (φ(t)). Então, G (t) = F (φ(t)) φ (t) = f (φ(t)) φ (t), pelo que, pela Regra de Barrow, f (φ(t)) φ (t) dt = G′ (t) dt = G(β) −
Z b α α Z b
G(α) = F (φ(β)) − F (φ(α)) = F (b) − F (a). Por outro lado, f (x) dx = F (b) − F (a). Logo, obtemos de facto f (x) dx =
Z β a a
f (φ(t)) φ′ (t) dt, o que torna o cálculo de um integral por substituição mais rápido do que o de uma primitiva por substituição
α
(não é necessário voltar à variável inicial).
4 √
x √
Z
Exemplo 71. Para calcular dx usamos a substituição x = t ou seja, x = φ(t) = t2 , donde φ′ (t) = 2t. Por outro lado,
√
0 x + 1
Z 4 √ Z 2 Z 2 2 Z 2
x t t 1
x = 4 corresponde a t = 2 e x = 0 corresponde a t = 0. Assim, √ dx = 2t dt = 2 dt = 2 t−1+ dt =
0 x+1 0 t+1 0 t+1 0 t+1
2 2
t − 2t + 2 log(t + 1) 0 = 4 − 4 + 2 log(3) − 0 = 2 log(3).
96
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Os dois casos anteriores podem ser agregados com a ajuda da função módulo:
Se f é uma função integrável em [a, b], a área da figura plana limitada pelas retas x = a, x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico
Z b
de f é dada por |f (x)| dx.
a
No caso de f mudar de sinal no intervalo [a, b] apenas temos de considerar os subintervalos em que f é positiva (onde a área é
dada pelo integral de f ) e os subintervalos em que f é negativa (onde a área é dada pelo integral de −f ), sendo a área total dada
pela soma de todas estas áreas. A determinação destes subintervalos pode ser feita facilmente determinando os zeros da função f , que
correspondem aos pontos de interseção com o eixo dos xx.
Exemplo 72. A área da figura plana limitada pelas retas x = 0, x = 2 e pelo gráfico da função f (x) = (x − 1)3 é dada por
Z 2 Z 2
A= |f (x)| dx = |(x − 1)3 | dx. Para calcular o integral é necessário retirar o módulo, o que implica determinar o sinal de f
0 0
97
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
em todo o intervalo de integração. Como a função f intersecta o eixo dos xx no ponto de abcissa x = 1 dando-se, nesse ponto, uma
Z 2 Z 1 Z 2 1 2
(x − 1)4 (x − 1)4
3 3 3 1 1 1
mudança de sinal, então A = |(x − 1) | dx = −(x − 1) dx + (x − 1) dx = − + = + = .
0 0 1 4 0 4 1 4 4 2
Se agora considerarmos duas funções f e g, integráveis em [a, b] e tais que f (x) ≥ g(x) ≥ 0, ∀x ∈ [a, b], a área da figura plana
Z b
limitada pelas retas x = a, x = b, pelo gráfico de f e pelo gráfico de g será dada por f (x) − g(x) dx. De facto, basta ter em
a
consideração que, entre as retas x = a e x = b, a área pretendida é a diferença entre a área da figura plana limitada pelo eixo dos xx
e pelo gráfico de f e a área da figura plana limitada pelo eixo dos xx e pelo gráfico de g, ou seja, a área em questão será dada por
Z b Z b Z b
f (x) dx − g(x) dx = f (x) − g(x) dx.
a a a
No caso mais geral em que as funções envolvidas não são sempre positivas no intervalo considerado, a área por elas definida
Z b
continua a ser dada por f (x) − g(x) dx uma vez que as funções podem ser transformadas em funções positivas através de uma
a
translação vertical de comprimento k adequado. Como a translação deixa a área da figura invariante, então a área é questão é dada
Z b Z b Z b
por f (x) + k dx − g(x) + k dx = f (x) − g(x) dx.
a a a
98
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Mais uma vez, se f − g mudar de sinal no intervalo [a, b], teremos de considerar os subintervalos em que f ≥ g (onde a área é dada
pelo integral de f − g) e os subintervalos em que f < g (onde a área é dada pelo integral de −(f − g)), sendo a área total igual à
soma de todas estas áreas. A determinação destes subintervalos pode ser feita facilmente determinando os zeros da função f − g, que
correspondem aos pontos de interseção das duas funções.
Se f e g são funções integráveis em [a, b], a área da figura plana limitada pelas retas x = a, x = b, e pelos gráficos das funções
Z b
f e g é dada por |f (x) − g(x)| dx.
a
Z b
Note-se que no caso particular de g ser o eixo doa xx (i.e., g(x) = 0) obtemos, tal como anteriormente, |f (x)| dx. É ainda de
a
referir que pode não haver necessidade de delimitar uma figura plana por retas verticais podendo essa delimitação ser naturalmente
feita pelos pontos de interseção das duas funções.
99
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Exemplo 73. Para encontrar a área da figura plana delimitada pelas funções f (x) = x2 e g(x) = −(x − 1)2 + 1 começamos por
determinar os pontos de interseção das duas funções. Como f (x) = g(x) ⇔ x = 0 ∨ x = 1, a área pretendida será dada por
Z 1 Z 1
A= |f (x) − g(x)| dx = |x2 − (−(x − 1)2 + 1)| dx. Para calcular este integral precisamos de retirar o módulo, o que passa por
0 0
determinar o sinal de f − g no intervalo [0, 1]. Como x = 0 e x = 1 são os únicos dois pontos de interseção das funções f e g, basta
avaliar o sinal de f − g num qualquer ponto do intervalo por eles definido. Neste caso, como f ( 21 ) − g( 21 ) = 14 − 34 = − 21 < 0, então
Z 1 Z 1 1
x3
2 1
f (x) − g(x) ≤ 0, ∀x ∈ [0, 1], pelo que |f − g| = g − f. Logo, A = −(x − 1)2 + 1 − x2 dx = 2x − 2x2 dx = x2 − 2 = 1− = .
0 0 3 0 3 3
Note-se que, de uma forma geral, para determinar o sinal da diferença de duas funções num intervalo definido por quaisquer dois
dos seus pontos de interseção consecutivos, basta avaliar o sinal da diferença das duas funções num qualquer ponto desse intervalo.
De facto, a posição relativa das duas funções tem de se manter em todo o intervalo porque, caso contrário, os pontos de interseção
não seriam consecutivos.
Comprimento de um gráfico:
Seja f : [a, b] → R uma função de classe C 1 e Gf = {(x, y) ∈ R2 : x ∈ [a, b], y = f (x)} o gráfico de f .
Tomando uma partição P de [a, b], P = {a = x0 , x1 , · · · , xn = b}, somamos as medidas dos segmentos de reta que unem (xi , f (xi ))
e (xi+1 , f (xi+1 )), i = 0, · · · , n − 1. Pelo teorema de Pitágoras, o comprimento de cada um desses segmentos verifica a igualdade
L2i = (f (xi+1 ) − f (xi ))2 + (xi+1 − xi )2 .
Então o comprimento total da linha, L, será tanto melhor aproximado, quanto mais fina for a partição considerada, por
n−1
X n−1
Xp
L≈ Li = (f (xi+1 ) − f (xi ))2 + (xi+1 − xi )2 .
i=0 i=0
Como f ∈ C 1 ([a, b]), podemos usar o teorema do valor médio de Lagrange, pelo que existe ξi ∈ [xi , xi+1 ] tal que f (xi+1 ) − f (xi ) =
′
f (ξi )(xi+1 − xi ). Assim,
100
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
n−1
X
L≈ Li
i=0
n−1
Xp
= (f ′ (ξi ))2 (xi+1 − xi )2 + (xi+1 − xi )2
i=0
n−1
Xp
= (f ′ (ξi ))2 + 1 (xi+1 − xi ).
i=0
Como
p n−1
Xp p
sP (f ′ )2 +1 ≤ (f ′ (ξi ))2 + 1 (xi+1 − xi ) ≤ SP (f ′ )2 + 1
i=0
p
e (f ′ )2 + 1 é uma função contı́nua logo integrável, definimos
Z bp
L= (f ′ (x))2 + 1 dx.
a
101
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Como
n−1
X
sP πf 2 (x) ≤ πf 2 (ξi )(xi+1 − xi ) ≤ SP πf 2 (x)
i=0
2
e πf (x) é uma função contı́nua logo integrável, definimos
Z b
V = πf 2 (x) dx.
a
Consideremos agora f : [a, b] → R uma função não negativa e suponhamos b > a > 0. Consideremos novamente A = {(x, y) ∈ R2 :
x ∈ [a, b] ∧ 0 ≤ y ≤ f (x)} e calculemos o volume Vy obtido por rotação de A em torno do eixo das ordenadas.
xi + xi+1
Tomemos uma partição P de [a, b], P = {a = x0 , x1 , · · · , xn = b} e seja ξi = ∈ [xi , xi+1 ], i = 0, · · · , n − 1.
2
Seja Vi o volume obtido pela rotação do retângulo de base [xi , xi+1 ] e de altura f (ξi ). Esse volume é o espaço compreendido entre
dois cilindros concêntricos, ambos de altura f (ξi ) e com raios da base, respetivamente, xi e xi+1 . Logo,
Vi = πf (ξi )x2i+1 − πf (ξi )x2i = πf (ξi )(x2i+1 − x2i )
= πf (ξi )(xi+1 + xi )(xi+1 − xi ) = πf (ξi )2ξi (xi+1 − xi ).
O volume Vy , será tanto melhor aproximado, quanto mais fina for a partição considerada, por
n−1
X n−1
X
Vy ≈ Vi = 2πf (ξi )ξi (xi+1 − xi ).
i=0 i=0
Como
n−1
X
sP (2πf (x) x) ≤ 2πf (ξi )ξi (xi+1 − xi ) ≤ SP (2πf (x) x)
i=0
e 2πf (x) x é uma função contı́nua logo integrável, definimos
Z b
V = 2πf (x) x dx.
a
102
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Como vimos no Capı́tulo 2, um problema de valor inicial (ou problema de condição inicial) é uma equação diferencial que é
acompanhada do valor da função num determinado ponto, a que chamamos valor inicial ou condição inicial.
No Capı́tulo 4 resolvemos vários PVI primitivando a EDO e encontrando posteriormente a constante que verifica a condição inicial
(ou as constantes que verificam as condições iniciais, no caso de problemas de 2ª ordem). No entanto, um PVI de 1ª ordem pode ser
facilmente resolvido utilizando integrais. Por exemplo, sendo f uma função contı́nua num dado intervalo I,
Z t
x(t) = x0 + f (s) ds
t0
é a solução do PVI x′ (t) = f (t), x(t0 ) = x0 sendo a primeira igualdade consequência do teorema fundamental do cálculo integral e a
segunda igualdade resultante da propriedade (5.1).
Podemos também provar que
De facto, como temos uma equação linear de 1ª ordem homogénea podemos separar as variáveis e integrar ambos os membros,
obtendo sucessivamente:
x′ (t)
= −a(t)
Zx(t)
t ′ Z t
x (s)
⇒ ds = − a(s)ds
t0 x(s) t0 Z t
x(t)
⇒ log |x(t)| − log |x(t0 )| = log x0 =− a(s)ds
t0
103
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z t
− a(s)ds
x(t)
⇒ x0 =e t0
Z t
a(s)ds
x(t)
⇒ x0 e
t0 =1
Z t Z t
a(s)ds a(s)ds
x(t) x(t)
⇒ x0 eZ
t0 =1∨ x0 e
t0 = −1
t Z t0
a(s)ds a(s)ds
x(t) x(t0 )
⇒ x0 e
t0 = 1 (uma vez que x0 e
t0 = 1).
No caso de o PVI estar associado a uma equação de variáveis separáveis mais geral da forma f (x)x′ = g(t) equivalente, por
primitivação do 1º membro, a (F (x(t)))′ = g(t), da mesma forma se obtém
Z t Z t
(F (x(s)))′ ds =
g(s)ds
t0 Zt0 t
⇒ F (x(t)) − F (x0 ) = g(s)ds,
t0
Z x
considerando uma vez mais x(t0 ) = x0 . Como, ainda, se tem que F (x) − F (x0 ) = f (r)dr, podemos escrever a última igualdade na
x0
forma
Z x Z t
f (r)dr = g(s)ds.
x0 t0
Também no caso de termos um PVI associado a uma equação diferencial linear de 1ª ordem não homogénea, multiplicando pelo
fator integrante e integrando ambos os membros da igualdade, pode provar-se que:
104
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
2
Exemplo 74. Para resolver o PVI x′ + 2tx = t, x(1) = 2, começamos por notar que neste caso a(t) = 2t pelo que µ(t) = eP (2t) = et .
2 2 2 2 2
Multiplicando ambos os membros da equação x′ + 2tx = t por µ(t), obtemos agora et x′ + et 2tx = ! et t ⇒ (et x)′ = et t. Logo,
Z t Z t 2 2 2 2
2 2 2 et e 2 et e 2 et 3e 1 3e−t +1
(es x)′ ds = es s ds ⇒ et x(t) − 2e = − ⇒ et x(t) = − + 2e ⇒ x(t) = e−t + = + .
1 1 2 2 2 2 2 2 2 2
Na definição de integral de Riemann de uma função f num intervalo I, exige-se que o intervalo seja fechado e limitado e que f seja
limitada nesse intervalo. Vamos estudar generalizações da noção de integral quando não se verifica pelo menos uma destas condições.
Comecemos por considerar uma função f definida no intervalo [a, +∞[, com a ∈ R (intervalo fechado mas não limitado). Supo-
nhamos que f é integrável em qualquer intervalo [a, x], com x > a, e definamos
Z x
F (x) = f (t) dt, para cada x > a.
a
105
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
e denota-se por Z +∞
f (t) dt.
a
Z +∞
• Se F (x) tiver limite finito quando x → +∞ diz-se que o integral impróprio f (t) dt é convergente.
a
Z +∞
• Se F (x) não tiver limite ou tiver limite infinito quando x → +∞, diz-se que o integral impróprio f (t) dt é
a
divergente.
Z +∞
1
Exemplo 75. Consideremos o integral impróprio de primeira espécie dx. Como
1 x
Z +∞ Z x
1 1
dx = lim dt = lim [log(t)]x1 = lim log(x) = +∞
1 x x→+∞ 1 t x→+∞ x→+∞
106
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
(α f + β g)(t) dt é convergente e
a
Z +∞ Z +∞ Z +∞
(α f + β g)(t) dt = α f (t) dt + β g(t) dt.
a a a
Z +∞ Z +∞
• Se o integral f (t) dt é convergente e se b > a então o integral f (t) dt é convergente e
a b
Z +∞ Z b Z +∞
f (t) dt = f (t) dt + f (t) dt.
a a b
No caso dos integrais impróprios é possı́vel determinar a sua natureza (ou seja, se são convergentes ou divergentes) sem necessari-
amente ter de os calcular. Para isso são usados alguns teoremas que se chamam critérios de convergência.
107
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z +∞
1
Exemplo 78. Consideremos o integral dx. É um integral impróprio de primeira espécie e a função integranda é positiva
1 + x2 ex
no intervalo [1, +∞[. Como, para qualquer x ≥ 1,
1 1
ex + x2 > x2 ⇒ 2
< 2
ex +x x
Z +∞ Z +∞
1 1
e, como vimos atrás, dx é convergente, então podemos concluir que o integral dx é convergente.
1 x2 1 ex + x2
Nos exemplos precedentes já determinamos a natureza de alguns integrais impróprios. Esses são, assim, especialmente úteis para
serem usados como integral de comparação na aplicação de alguns critérios de convergência. Segue-se um resumo das conclusões
tiradas anteriormente:
O critério geral de comparação implica majorar ou minorar a função integranda do integral em estudo, o que nem sempre será
fácil de fazer. Alternativamente, existem critérios de convergência que apenas envolvem o cálculo de um limite.
108
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
critérios de comparação
Z +∞ Z +∞
Sejam f (x) dx e g(x) dx dois integrais impróprios de primeira espécie com funções integrandas positivas e supo-
a b
f (x)
nhamos que lim = k.
x→+∞ g(x)
Nestas condições,
• se k ∈ R+ ,
então os integrais são da mesma natureza, isto é, são ambos convergentes ou ambos divergentes;
• se k = 0, podemos concluir que
Z +∞ Z +∞
se g(x) dx é convergente, então f (x) dx é convergente;
b a
Z +∞ Z +∞
(alternativamente, se f (x) dx é divergente, então g(x) dx é divergente);
a b
+∞
x+1
Z
Exemplo 79. O integral dx é um integral impróprio de primeira espécie e a função integranda é posi-
1 x3
+ 2x2 + 2x + 1
Z +∞ x+1
1 x3 +2x2 +2x+1
tiva no intervalo de integração. Vamos comparar com o integral dx que é convergente. Como lim 1 =
1 x2 x→+∞
x2
x3 + x2
lim 3 = 1 ∈ R+ , podemos concluir que o integral em estudo tem a mesma natureza que o integral de comparação
x→+∞ x + 2x2 + 2x + 1
ou seja, são ambos convergentes.
Z +∞
x
Exemplo 80. O integral dx é um integral impróprio de primeira espécie e a função integranda é positiva no intervalo
2 log(x)
Z +∞
1
de integração. Vamos comparar com o integral dx que é divergente.
1 x
109
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
x
log(x) x2
Como lim 1 = lim = +∞ e comparamos com um integral divergente, então o integral em estudo também é
x→+∞ x→+∞ log(x)
x
divergente.
Os teoremas anteriores apenas são válidos para funções integrandas positivas (ou não negativas). No caso de funções integrandas
Z +∞ Z +∞
negativas, podemos considerar a função integranda simétrica uma vez que −f (x) dx e f (x) dx têm sempre a mesma
a a
natureza (o que se prova facilmente por definição). Mas, no caso de haver variação de sinal da função integranda ao longo do intervalo
de integração, esta solução já não é normalmente viável, sendo necessário considerar o módulo da função integranda e usar os resultados
seguintes:
Z +∞ Z +∞
Se o integral |f (x)| dx é convergente então o mesmo acontece ao integral f (x) dx e verifica-se a desigualdade:
a a
Z +∞ Z +∞
f (x) dx ≤ |f (x)| dx.
a a
Convergência absoluta
Z +∞ Z +∞
Diz-se que o integral f (x) dx é absolutamente convergente se o integral |f (x)| dx é convergente. Diz-se que o
Z +∞ a Z +∞ a
integral f (x) dx é simplesmente convergente se for convergente e |f (x)| dx divergente.
a a
Z +∞
sin(x)
Exemplo 81. No integral impróprio de primeira espécie dx a função integranda tem variação de sinal ao longo do
x3
Z +∞ 1 Z +∞
sin(x) sin(x) 1 1
intervalo de integração. Vamos, por isso, estudar 3
dx. Como 3
≤ 3 , ∀x ≥ 1 e o integral 3
dx é
1 x x x 1 x
Z +∞
sin(x)
convergente concluı́mos que o integral dx é convergente pelo que o integral em estudo é absolutamente convergente.
1 x3
Os integrais com intervalo de integração ] − ∞, a] e ] − ∞, +∞[ também são integrais impróprios de primeira espécie.
No primeiro caso, é óbvio que o estudo dos integrais impróprios com intervalo de integração ] − ∞, a] é idêntico ao dos integrais
com intervalo de integração [a, +∞[ porque um pode reduzir-se ao outro através da substituição x = −t.
110
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z 0 Z −1
1 1
Exemplo 82. √ dx é um integral impróprio de primeira espécie. Comparando com o integral divergente − dx
−∞ x2 + 1 −∞ x
1
√
x2 + 1 −x
obtemos lim = lim √ = 1. Logo, os dois integrais têm a mesma natureza, pelo que o integral em estudo também
x→−∞ 1 x→−∞ x2 + 1
−
x
é divergente.
Z 0
1
Note-se que no exemplo anterior não poderı́amos ter comparado com o integral impróprio dx porque este não é de 1ª
−
−∞ x
espécie por estar apenas definido no intervalo aberto ] − ∞, 0[ (e não no intervalo fechado ] − ∞, 0]). Chamaremos mais à frente
integrais mistos a este tipo de integrais. Mas, para os integrais impróprios de 1ª espécie podemos comparar um integral com intervalo
de integração [a, +∞[ (ou ] − ∞, a]) com outro com intervalo de integração [b, +∞[ (ou ] − ∞, b]).
Z +∞ Z 0 Z +∞
−x −x
Exemplo 83. Como e dx = e dx + e−x dx,
−∞ −∞ 0
Z x −t x
e−t dt = lim −e−x + 1 = 1 e
lim −e 0 = lim
x→+∞ 0 x→+∞ x→+∞
Z 0 −t 0
e−t dt = lim −1 + e−x = +∞, o integral dado é divergente.
lim −e x = lim
x→−∞ x x→−∞ x→−∞
Consideremos agora uma função f definida em [a, b[ (intervalo limitado mas não fechado). Z x Suponhamos que f é integrável em
qualquer intervalo [a, x], com a < x < b (não sendo integrável em [a, b]) e definamos F (x) = f (t) dt, para cada a < x < b.
a
111
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z b
1
Exemplo 84. Consideremos o integral impróprio de segunda espécie dx. Como
a b−x
Z b Z x
1 1 x
dx = lim− dt = lim− [ − log(b − t) ]a = lim− (− log(b − x) + log(b − a)) = +∞,
a b−x x→b a b−t x→b x→b
112
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Consideremos agora uma função f definida em ]a, b] (intervalo limitado mas não fechado). Suponhamos que f é integrável em
Z b
qualquer intervalo [x, b], com a < x < b (não sendo integrável em [a, b]) e definamos F (x) = f (t) dt, para cada a < x < b.
x
Integral impróprio de segunda espécie no extremo inferior de integração
Chama-se integral impróprio de segunda espécie de f em ]a, b] a
Z b
lim+ F (x) = lim+ f (t) dt
x→a x→a x
Z b
e denota-se por f (x) dx.
a
Z b
• Se F (x) tiver limite finito quando x → a+ diz-se que o integral impróprio f (x) dx é convergente.
a
Z b
• Se F (x) não tiver limite ou tiver limite infinito quando x → a diz-se que o integral impróprio
+
f (x) dx é divergente.
a
Z b
1
Exemplo 87. Consideremos o integral impróprio de segunda espécie dx. Como
a x−a
Z b Z b
1 1 b
dx = lim+ dt = lim+ [ log(t − a) ]x = lim+ (log(b − a) − log(x − a)) = +∞,
a x−a x→a x t−a x→a x→a
113
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z b
1
Exemplo 89. Consideremos a famı́lia de integrais α
dx, com α < 1. Para cada α ≤ 0 trata-se de um integral de Riemann
a (x − a)
logo convergente. Para 0 < α < 1 trata-se de uma famı́lia de integrais impróprios de segunda espécie. Como
b b b
(t − a)−α+1 (b − a)−α+1 (x − a)−α+1 (b − a)−α+1
Z Z
1 1
dx = lim+ dt = lim = lim − =
a (x − a)α x→a x (t − a) α x→a + −α + 1 x x→a + −α + 1 −α + 1 −α + 1
Z b
No caso de termos uma função definida apenas em ]a, b[, então f (x) dx também é um integral impróprio de segunda
Z b a Z c Z b
espécie (nos dois extremos de integração). Neste caso tem-se f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx, com a < c < b, sendo o integral
a a c
do primeiro membro convergente se, e só se, os dois integrais do segundo membro forem convergentes (ou seja, se algum dos integrais
do segundo membro for divergente, então o integral do primeiro membro é divergente).
Z 1
x
Exemplo 90. O integral dx é um integral impróprio de segunda espécie nos dois extremos de integração. Temos de estudar
−1 1 − x2
Z 0
x
em separado (por exemplo) os integrais 2
dx (integral impróprio de segunda espécie no extremo inferior de integração) e
−1 1 − x
Z 1
x
dx (integral impróprio de segunda espécie no extremo superior de integração).
0 1 − x2
Z 0
1 0 −2t
Z 1
x x
Z
1 2 0 1 2
Como 2
dx = lim − 2
dt = lim − [log(1 − t )]x = lim (log(1 − x )) = −∞, então 2
dx é
−1 1 − x 2 x 1−t 2 x→−1 2 −1 1 − x
x→−1 + x→−1 + +
divergente.
Também temos um integral impróprio de segunda espécie no caso de termos uma função definida apenas no intervalo
114
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z b Z c Z b
[a, b] \ {c}, em que a < c < b. Tal como no caso anterior f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx, sendo o integral do primeiro membro
a a c
convergente se, e só se, os dois integrais do segundo membro forem convergentes (ou seja, se algum dos integrais do segundo membro
for divergente, então o integral do primeiro membro é divergente).
Z 1
1
Exemplo 91. O integral p dx é um integral impróprio de segunda espécie porque a função integranda não
−1 (1 +x2 ) 3
| arctan(x)|
está definida em x = 0 que pertence ao intervalo de integração. Temos por isso de estudar em separado (por exemplo) os integrais
Z 0 Z 1
1 1
p dx (integral impróprio de segunda espécie no extremo superior de integração) e p dx
2 2
−1 (1 + x ) | arctan(x)| 0 (1 + x ) | arctan(x)|
3 3
Z 0 Z x Z x
1 1 1 1
Como p dx = lim p dt = − lim − 2
(− arctan(t))− 3 dt
2
−1 (1 + x )
3
| arctan(x)| x→0 − 2
−1 (1 + t )
3
− arctan(t) x→0 −
−1 (1 + t )
x 2 r
3 3 π2
3 2 3 2 2
3 π 3
= − lim− (− arctan(t)) 3 = − lim− (− arctan(x)) 3 − (− arctan(−1)) 3 = − − = e
x→0 2 −1 2 x→0 2 4 2 16
Z 1 Z 1 Z 1 1
1 1 1 − 13 3 2
dx = lim dt = lim (arctan(t)) dt = lim (arctan(t)) 3
x→0+ x (1 + t2 )
p p
2 3 arctan(x)
0 (1 + x ) x→0+ x (1 + t2 ) 3 arctan(t) x→0+ 2 x
1 r
2
π 2 3
2 2
3 2 3 3 3 π
= 23 lim (arctan(1)) 3 − (arctan(x)) 3 = (arctan(1)) 3 = =
x→0+ 2 2 4 2 16
r
1 2
3 π
Z
1
Portanto, o integral dado é convergente e p dx = 3 .
−1 (1 + x2 ) arctan(x)
3 16
Para os integrais impróprios de segunda espécie, os critérios de convergência são idênticos aos dos integrais impróprios de primeira
espécie.
115
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Critérios de comparação
Z b Z b
Sejam f (x) dx e g(x) dx dois integrais impróprios de segunda espécie (no mesmo limite de integração) com funções
a a
f (x) f (x)
integrandas positivas e suponhamos que lim =k ou lim =k .
x→b− g(x) x→a+ g(x)
Nestas condições,
• se k ∈ R+ ,
então os integrais são da mesma natureza, isto é, são ambos convergentes ou ambos divergentes;
Z 2
1
Exemplo 92. O integral √ dx é impróprio de segunda espécie, porque a função integranda não está definida em x = 2.
1 16 − x4
116
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Como a função integranda é Zpositiva no intervalo de integração, podemos usar critérios de comparação. Consideremos o integral
2
1
impróprio de segunda espécie 1 dx, que é convergente.
1 (2 − x) 2
√ 1 1
√
16−x4 (2 − x) 2 1
Como lim+ 1 = lim+ 1 1 1 = lim+ 1 1 = 4 2 ∈ R+ , podemos concluir que os dois
x→2 1 x→2 (2 − x) 2 (2 + x) 2 (4 + x2 ) 2 x→2 (2 + x) 2 (4 + x2 ) 2
(2−x)
2
Mais uma vez, os critérios de comparação apenas são válidos para funções integradas positivas (ou não negativas). Se essa hipótese
não for verdadeira, podemos recorrer ao estudo do módulo da função integranda e aos resultados seguintes:
Z b Z b
Seja f (x) dx um integral impróprio de segunda espécie. Se o integral |f (x)| dx é convergente o mesmo acontece ao
a Z a
b
integral f (x) dx.
a
Convergência absoluta
Z b Z b
Diz-se que o integral impróprio de segunda espécie f (x) dx é absolutamente convergente se o integral |f (x)| dx
Z b a Z b a
Z b
é convergente. Se o integral f (x) dx é convergente e |f (x)| dx é divergente, diz-se que o integral f (x) dx é
a a a
simplesmente convergente.
Z 100
cos(x)
Exemplo 94. Consideremos o integral √ dx. Trata-se de um integral impróprio de segunda espécie no limite inferior de
0 x
117
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
cos(x) 1
integração, e a função integranda muda de sinal no intervalo de integração. Como √ ≤ √ , para todo 0 < x ≤ 100 e
x x
Z 100 Z 1
1 cos(x)
√ dx é um integral impróprio de segunda espécie convergente, então √ dx é convergente, pelo que o integral inicial
0 x 0 x
é absolutamente convergente.
Por último, podem ainda considerar-se integrais que tenham simultaneamente algum limite de integração infinito e em que a
função integranda se torne ilimitada num número finito de pontos do intervalo de integração. Este tipo de integrais chamam-se
integrais impróprios mistos. Para estudar estes integrais divide-se o intervalo de integração de forma a obter em cada subintervalo
de integração um integral de 1ª espécie ou um integral de 2ª espécie num dos extremos de integração. Se todos os integrais parcela
forem convergentes então o integral misto é convergente (e o seu valor é igual à soma dos valores dos integrais parcela). Se algum dos
integrais obtidos é divergente, o integral misto é divergente.
Z +∞
1
Exemplo 95. O integral 2
dx é um integral impróprio misto, podendo fazer-se a decomposição
0 x
Z +∞ Z 1 Z +∞
1 1 1
2
dx = 2
dx + 2
dx,
0 x 0 x 1 x
sendo o primeiro integral do segundo membro de segunda espécie no extremo inferior de integração e o segundo integral de primeira
espécie. Z 1
1
Como o integral 2
dx é divergente (porque α > 1), então o integral misto é divergente.
0 x
Z +∞ Z +∞
arctan(x) arctan(x)
Exemplo 96. O integral √ dx é um integral impróprio misto, podendo fazer-se a decomposição √ dx =
3
x −x 2 x3 − x2
Z 2 Z +∞ 1 1
arctan(x) arctan(x)
√ dx + √ dx. O primeiro dos integrais do segundo membro é de segunda espécie no extremo inferior de
x 3 − x2 x3 − x2
1 2
integração e o segundo integral é de primeira espécie. A função integranda é positiva no intervalo de integração pelo que podemos usar
critérios de comparação. Z 2 Z 2
arctan(x) arctan(x)
Comecemos por estudar √ dx = √ dx, comparando-o com o integral impróprio de segunda espécie conver-
x 3 − x2 x x−1
Z 2 1 1
1
gente √ dx (α < 1).
1 x−1
arctan(x)
√
x x−1 arctan(x) π
Como lim+ = lim+ = ∈ R+ , então os dois integrais têm a mesma natureza pelo que o primeiro integral
x→1 √1 x→1 x 4
x−1
parcela é convergente.
118
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
Z +∞ Z +∞
arctan(x) 1
Vamos agora estudar o integral √ dx, comparando-o com o integral de primeira espécie convergente 3 dx
2 x3 − x2 1 x2
(α > 1).
arctan(x)
√ √
x x−1 arctan(x) x π
Como lim 1 = lim √ = ∈ R+ , então os dois integrais têm a mesma natureza pelo que o segundo integral
x→+∞ 3
x→+∞ x−1 2
x2
parcela é convergente.
Z +∞
arctan(x)
Podemos então concluir que o integral √ dx é convergente.
1 x3 − x2
lim+ 2t − t 2 − lim− 2t − t2 2
= lim+ 1 − 2x − x − lim− 2
2x − x − 1 = 2.
x→0 x x→2 1 x→0 x→2
119
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
5.7 Exercı́cios
1. Calcule os seguintes integrais:
Z 5
1
(a) 2 dx;
1 (x + 7)
Z π2
(b) cos3 (x) dx;
0
5
−5
Z
(c) (*) 2 dx;
2 (x + 1)
Z 3
(d) (*) x3 log (x) dx;
1
Z π
(e) ex sin(x) dx;
0
9 √
1− x
Z
(f) √ dx;
4 1+ x
Z 1 p
(g) (*) log x + 3 + x2 dx;
0
2
√
x2 − 3
Z
(h) √ dx;
3 x
8
x
Z
(i) (*) √ dx;
4 x2− 15
15 √
4
x+1
Z
(j) √ dx;
−1 x+1+2
π
x cos(x)
Z 2
(k) dx;
π
4
sin2 (x)
Z 3
x
(l) (*) √ dx;
0 (2 + x) 1+x
120
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
2
x3 + x2 − 12x + 7
Z
(m) (*) dx;
0 x2 + x − 12
Z 1
1
(n) √ dx;
−2 x2 + 4x + 5
2
2x3 + 2x2 + 5x + 3
Z
(o) dx.
1 x4 + 2x3 + 3x2
Z 16
1
(p) (*) √ √ dx.
1
4
x+ x
(a) Domı́nio limitado pelos gráficos das funções f (x) = ex e g(x) = e−x , e pelas retas de equação x = −1 e x = 2;
121
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
(d) (*) Domı́nio limitado pelo gráfico da função f (x) = (x + 1)2 − 4 e pela reta de equação y = 2x;
(e) (*) Domı́nio limitado pelo gráfico da função f (x) = x3 − 6x2 + 8x e pela reta de equação y = 0;
x
(f) Domı́nio contido no semiplano x ≥ −1 e limitado pela reta de equação y = 0 e pelo gráfico da função f (x) = ;
(x2 + 3)2
π 2
(g) Domı́nio limitado pelos gráficos das funções f (x) = arctan(x) e g(x) = x ;
4
π
(h) (*) Domı́nio limitado pelo gráfico da função f (x) = arcsin(x) e pela reta de equação y = x;
2
1
(i) Domı́nio limitado pelos gráficos das funções f (x) = , g(x) = 3x e h(x) = 6x.
x
√
4. Consideremos a função g(x) = 4 − x2 .
122
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
1 1
(e) (1 + t2 ) 2 x′ = tx3 (1 + t2 )− 2 , x(0) = 1;
3t2 +4t+2
(f) (*) x′ = 2(x−1) , x(0) = −1.
7. Recorrendo à definição de integral impróprio, estude a natureza dos seguintes integrais calculando, se possı́vel, o seu valor:
Z +∞ −√x
e
(a) √ dx;
1 x
Z +∞
1
(b) (*) 2 ) arctan(x)
dx;
1 (1 + x
Z 1
(c) x log(x) dx;
0
Z e
1
(d) (*) p dx.
0 x 1 − log(x)
8. Estude a natureza dos seguintes integrais impróprios:
Z +∞
x
(a) 3 + x2 − 1
dx;
1 x
Z +∞ √
(b) (*) e 2x+1 dx;
0
Z +∞
1
(c) √ dx;
0 ex
Z +∞
log(x)
(d) √ dx;
2 x + x2 + 1
+∞
x sin(x2 )
Z
(e) (*) dx;
2 x4 + 3
Z +∞
(f) (*) e−x x dx;
1
Z +∞
cos(x)
(g) √ dx;
0 x3 + 1
2 √
x
Z
(h) dx;
1 x2 − 1
123
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
π
e−x cos(x)
Z 2
(i) (*) dx;
0 x
Z π
2 p
(j) 1 + tan(x) dx;
0
Z 2
1
(k) √ dx;
−2 4 − x2
Z 1
log(x)
(l) (*) dx;
0 x
Z π
1
(m) (*) p dx;
0 sin(x)
Z 2
2
(n) dx;
0 x2 − 2x
Z +∞
1
(o) √
3
dx;
1
2
2x − 1
Z +∞
log(x)
(p) (*) √ dx;
2 x x2 − 4
Z 0
1
(q) √
3
dx;
−∞ 1 − x4
Z +∞
1
(r) (*) √ dx.
0 x x2 + 1
9. Determine a área de cada um dos seguintes domı́nios planos ilimitados:
(a) domı́nio contido no semiplano y ≤ 0, e limitado pela reta de equação x = 0 e pelo gráfico da função f (x) = log(x);
1
(b) (*) domı́nio definido pelo gráfico da função f (x) = e pelo eixo dos xx;
1 + x2
1
(c) domı́nio definido pelo gráfico da função f (x) = e pelas retas de equação x = 1 e y = 0;
x2
1
(d) (*) domı́nio definido pelo gráfico da função f (x) = , pelas retas de equação x = 0 e x = 21 , e pelo eixo dos xx.
x log2 (x)
124
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
125
CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
126
Capı́tulo 6
6.1 Capı́tulo 1
Resolução do exercı́cio 1:
Tendo em conta a restrição principal da função seno, temos:
−1 ⩽ 3x + 1 ⩽ 1 ⇔ −2 ⩽ 3x ⩽ 0
2
⇔ − ⩽ x ⩽ 0,
3
2
donde Df = − , 0 . Quanto ao contradomı́nio de f ,
3
√ √
π π 3 √ 3
− ⩽ arcsin (3x + 1) ⩽ ⇒ − π ⩽ 3 arcsin (3x + 1) ⩽ π
2 2 2 2
" √ √ #
3 3
e temos Cdf = − π, π . Falta determinar a expressão que define f −1 . Para isso fazemos:
2 2
127
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
√
f (x) = y ⇔ 3 arcsin (3x + 1) = y
√
y 3
⇔ arcsin (3x + 1) = √ = y
3 3
√ !
3
⇔ sin y = 3x + 1
3
√ !
3
⇔ 3x = −1 + sin y
3
√ !
1 1 3
⇔ x = − + sin y .
3 3 3
Finalmente, " √ √ #
−1 3 3 2
f : − π, π → − ,0
2 2 3
√ !
1 1 3
y → − + sin y
3 3 3
Resolução do exercı́cio 3:
√ ! √
3 3
arccos − =x ⇔ cos x = − ∧ x ∈ [0, π]
2 2
√
3
⇔ cos(π − x) = ∧ x ∈ [0, π]
2
5π
⇔ x= .
6
Resolução do exercı́cio 5:
Tendo em conta a restrição principal do co-seno, temos:
π
0 ⩽ 3x ⩽ π ⇔ 0 ⩽ x ⩽ ,
3
128
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
h πi
donde Df = 0, . Por outro lado,
3
1 1 1
−1 ⩽ cos(3x) ⩽ 1 ⇒ − ⩽ cos(3x) ⩽
2 2 2
1 1 1
⇒ − − 2 ⩽ cos(3x) − 2 ⩽ − 2
2 2 2
5 3
⇒ − ⩽ f (x) ⩽ − .
2 2
5 3
Logo, Cdf = − , − .
2 2
Portanto,
1
f (x) = y ⇔ cos(3x) − 2 = y
2
1
⇔ cos(3x) = y + 2
2
⇔ cos(3x) = 2y + 4
⇔ 3x = arccos(2y + 4)
1
⇔ x = arccos(2y + 4).
3
Consequentemente,
5 3 h πi
−1
f : − ,− −→ 0,
2 2 3
1
y 7−→ arccos(2y + 4)
3
Resolução do exercı́cio 7:
Como a função arco-tangente tem por domı́nio R, podemos afirmar que Df = R. Por outro lado,
π π
− < arctan (2x) < ,
2 2
donde
π π π π π
− + < + arctan (2x) < + .
2 3 3 2 3
129
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
π 5π
Assim, Cdf = − , . Determinemos a expressão analı́tica de f −1 :
6 6
π
f (x) = y ⇔ + arctan (2x) = y
3
π
⇔ arctan (2x) = y −
3
π
⇔ 2x = tan y −
3
1 π
⇔ x = tan y − .
2 3
Consequentemente,
−1 π 5π
f : − , → R
6 6
1 π
y → tan y −
2 3
Resolução do exercı́cio 9:
√ ! √
3 3 π
arccotan = x ⇔ cotan x = ∧ x ∈ ]0, π[ ⇔ x = .
3 3 3
130
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
Consequentemente,
π 4π
f −1 : R → − ,
15 15
π 1 3y
y → − + arccotan
15 3 2
Resolução do exercı́cio 13: Para encontrar a derivada da função f (x) = x2 num ponto a pertencente ao interior do seu domı́nio
f (x) − f (a) x2 − a2 (x − a)(x + a)
precisamos de calcular o limite lim = lim = lim = lim x + a = 2a.
x→a x−a x→a x − a x→a x−a x→a
Resolução do exercı́cio 15:
3 ′
• 15e) 1 2
= (x−1 )′ + 2(x−2 )′ + 3(x−3 )′ = −x−2 − 4x−3 − 9x−4 = − x12 − 4 9
x + x2 + x3 x3 − x4 ;
√ ′ √ 1 1 √ √ 1 √
1+ x−x 2√ √ (1+x)− x 1+ 12 x √ − 21 x
x
• 15g) x√
1+ x
+ 1+x = √ 2 x
(1+ x)
+ 2 x
(1+x)2 = √ 2
(1+ x)
+ 2 x
(1+x)2 ;
− sin(x)
• 15n) (arctan(cos(x)))′ = 1+cos2 (x) ;
131
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
• 15o) (ecotan(x) )′ = ecotan(x) − 1+x
1
2 ;
Resolução do exercı́cio 16 Como y(x) = xe3x então y ′ (x) = e3x + 3xe3x e y ′′ (x) = 6e3x + 9xe3x . Logo, y ′′ (x) − 6 y ′ (x) + 9 y(x) =
6e + 9xe3x − 6e3x − 18xe3x + 9xe3x = 0.
3x
1 1 √ 1
Resolução do exercı́cio 19 Como (f −1 (x))′ = f ′ (f −1 ′
(x)) então (arcsin(x + 1)) = cos(arcsin(x+1)) = 2
.
1−(x+1)
6.2 Capı́tulo 2
Resolução do exercı́cio 1a:
I′
Dividindo ambos os membros da equação I ′ = cI 1 − I I
N , para I ̸= 0 e I ̸= N , por I 1 − N obtemos I
= c. Atendendo
I 1− N
1 1 1 ′ ′ I′ ′ ′
a que I
+
= (verificar!) temos de resolver a equação II + NI−I = c. Como = (log(I))′ , NI−I = (− log (N − I)) e
I 1− N
I N −I I
c = (c t)′ , então obtemos a igualdade log(I) − log (N − I) = log N I−I = c t + K, K ∈ R (note-se que 0 < I < N ). Compondo com a
função exponencial ambos os membros da igualdade anterior obtemos I
N −I = ec t+K , K ∈ R+ . Resolvendo em ordem a I, obtemos a
N ec t+K
solução geral I = , K ∈ R.
1 + ec t+K
Resolução do exercı́cio 7:
N1′ N1′′ N1′
Da primeira equação obtemos N2 = 2 − N1
2 pelo que N2′ = 2 − 2 . Substituindo na segunda equação, obtemos
N1′′ N1′ N′
2 − 2 = 2N1 + 5 21 − 5 N21 , ou seja, N1′′ − 6N1′ + N1 = 0.
132
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
6.3 Capı́tulo 3
Resolução do exercı́cio 1:
√ 1
3x3 − 5 x x3 √
− 12
x2
• 1a P 2
= P 3x − 5x = 3 − 5 1 + c = x3 − 10 x + c
x 3 2
1
• 1b P + 4 sin(x) = log |x| − 4 cos(x) + c
x
x
e
• 1c P = log(1 + ex ) + c
1 + ex
2
log3 (x)
log (x) 2 1
• 1e P = P log (x) = +c
x x 3
1
√
1 4 1 − 32 x3
• 1h P 2
+ √ = P 2
+ P (4x ) = arctan(x) + 4 1 + c = arctan(x) + 12 3 x + c
x +1 3
x 2 x +1 3
sin(x) − sin(x)
• 1i P = −P = − arctan(cos(x)) + c
1 + cos2 (x) 1 + cos2 (x)
• 1k P (sin(ax + b) − cos(ax + b))2 = P sin2 (ax + b) + cos2 (ax + b) − 2 sin(ax + b) cos(ax + b) = P (1 − 2 sin(ax + b) cos(ax + b))
• 1s P (cos(2x) cos(x)) = P (cos2 (x) − sin2 (x)) cos(x) = P (1 − sin2 (x) − sin2 (x)) cos(x) = P (1 − 2 sin2 (x)) cos(x) = P cos(x) − 2 sin2 (x) cos(x) =
(1 + 2 arctan(x))3 (1 + 2 arctan(x))4
1 2
• 1v P 2
= P (1 + 2 arctan(x)) 3
2
= +c
1+x 2 1+x 8
133
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
1
1
• 1z P 3 x
√ = P q = arcsin
3 +c
9 − x2 1− x 2
3
Resolução do exercı́cio 3:
e5x
5x
e5x
5x 5x
e5x e5x
5x
e e e e
• 3a P (3x2 + 1)e5x = (3x2 +1)−P 6x = (3x2 +1)− 6x − P 6 = (3x2 +1)− 6x+P 6 =
5 5 5 25 25 5 25 25
e5x e5x e5x e5x e5x
6 6 6 31
(3x2 + 1) − 6x + 6 +c= 3x2 + 1 − x + +c= 3x2 − x + +c
5 25 125 5 5 25 5 5 25
3x + 2 sin(5x) 3x + 2 sin(5x) 3 sin(5x) 3x + 2 3 sin(5x) 3x + 2 3 cos(5x)
• 3b P cos(5x) = −P = − P (sin(5x)) = + +c =
4 5 4 5 4 5 4 20 5 4 20 5
3x + 2 3
sin(5x) + cos(5x) + c
20 100
x 1 cos(x)
• 3c P =P x = −cotan(x) x + P (cotan(x)) = −cotan(x) x + P = −x cotan(x) + log | sin(x)| + c
sin2 (x) sin2 (x) sin(x)
Resolução do exercı́cio 4:
−1
• 4a Usando a substituição cos(x) = t tem-se x = φ(t) = arccos(t) e φ′ (t) = √
p
. Como sin(x) = 1 − cos2 (t) (note-se que
1 −
t 2
2
p −1
= −P t2 (1 − t2 ) =
sin(x) é positivo na restrição principal do cos(x)) então teremos de calcular P t (1 − t ) √ 2 3
1−t 2
2 4
4 2
t5 t3 2 3
cos5 (x) cos3 (x)
−P t − t ) = P t − t ) = − + c. Logo, P cos (x) sin (x) = − + c.
5 3 5 3
q
• 4b Usando a substituição x = φ(t) = sin(t) tem-se φ′ (t) = cos(t) pelo que temos de calcular P 1 − sin2 (t) cos(t) =
1 + cos(2t) 1 1 t 1 p arcsin(x) 1
P (cos2 (t)) = P =P + P (cos(2t)) = + sin(2t)+c. Assim, P 1 − x2 = + sin(2 arcsin(x))+
2 2 2 2 4 √ 2 4
c (atendendo a que sin(2 arcsin(x)) = 2 sin(arcsin(x)) cos(arcsin(x)) = 2x 1 − x2 a primitiva anterior pode escrever-se de uma
p arcsin(x) x p
forma mais simples na forma P 1 − x2 = + 1 − x2 + c).
2 2
134
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
3
6 t 6
• 4c Usando a substituição e x/6 6 ′
= t tem-se x = φ(t) = log(t ) = 6 log(t) e φ (t) = pelo que temos de calcular P =
t t2 + 1 t
3 x/2
t t 1 e
6P 3
= 6P 1 − 3 = 6P 1 − 2 = 6 t − 6 arctan(t) + c. Logo, P x/3
= 6 ex/6 − 6 arctan ex/6 + c.
t +t t +t t +1 e +1
Resolução do exercı́cio 5:
Como
x3 + 2x2 + x + 3 x2 + 1
−x3 −x x+2
2x2 +3
−2x2 −2
1
x3 + 2x2 + x + 3 1
então x3 + 2x2 + x + 3 = (x2 + 1)(x + 2) + 1, pelo que =x+2+ 2 .
x2 + 1 x +1
Resolução do exercı́cio 8:
2 √ √1 √
x + 4x + 6 4x + 4 2x
• 8a) P =P 1+ 2 = P 1 + 2 2 + 2 2 22 = x + 2 log(x2 + 2) + 2 2 arctan √x2 + c
x2 + 2 x +2 x +2 x
√
2
+1
x3
4 x 4 x 1 1 2
• 8b) P 2
+ 3 2
= P x− 2 + = P x− 2 + − + =
x +1 x −x −x+1 x + 1 (x − 1)2 (x + 1) x + 1 x + 1 x − 1 (x − 1)2
x2 1 2
− log(x2 + 1) + log |x + 1| − log |x − 1| − +c
2 2 x−1
x2 − 3x + 7
x+3 1 1 1 2x + 2 2 1 1
• 8c) P =P + − =P + + − =
(x2 + 2x + 2)(x − 1)2 x2 + 2x + 2 (x − 1)2 x−1 2 x2 + 2x + 2 (x + 1)2 + 1 (x − 1)2 x−1
1 1
log(x2 + 2x + 2) + 2 arctan(x + 1) − − log |x − 1| + c
2 x−1
Resolução do exercı́cio 9:
135
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
t2
t4 −3
• 9d) Usando a substituição 2x + 3 = t tem-se que x = φ(t) =
4
2
′ 3
e φ (t) = 2t pelo que temos de calcular P 2t 3
=
5 √ t+1
t4
t 1 2 2 2x + 3
2P = 2P 1 − t + t2 − t3 + t4 − = 2t − t2 + t3 − + t5 − 2 log |t + 1| + c. Logo, P √ =
t+1 t+1 3 2 5 4
2x + 3 + 1
√ √ 2p 2x + 3 2 p √
2 4 2x + 3 − 2x + 3 + 4 (2x + 3)3 − + 4 (2x + 3)5 − 2 log | 4 2x + 3 + 1| + c.
3 2 5
√ t2 +1 2
• 9e) Usando a substituição x2 − x − 1 = x + t obtemos x = φ(t) = − 2t+1 pelo que φ′ (t) = − 2t(2t+1)
+2t−2
2 . Assim, temos de calcular
−2t2 − 2t + 2
1 1
P 2 2 2
= 2P 2+1
= 2 arctan(t) + c.
− t +1
− t +1
+t (2t + 1) t
2t+1 2t+1
1 p
Logo, P √ = 2 arctan( x2 − x − 1 − x) + c.
2
x x −x−1
!
3 3
• 9f) Usando a substituição 3x − 2 = t3 obtemos x = φ(t) = t 3+2 pelo que φ′ (t) = t2 . Assim, temos de calcular P t3 +2 t2 =
3 −t
9t2 9t2
3 5 4 −3
P =P =P + + = + 5 log |t − 1| + 4 log |t + 2| + c.
t3 − 5t + 2 (t − 1)2 (t + 2) (t − 1)2 t−1 t+2 t−1
√ √
3 −3
Logo, P √
3
= √3
+ 5 log | 3 3x − 2 − 1| + 4 log | 3 3x − 2 + 2| + c.
x − 3x − 2 3x − 2 − 1
√ 2
• 9g) Usando a substituição x2 + x − 2 = t(x − 1) obtemos x = φ(t) = tt2 −1 +2
pelo que φ′ (t) = (t2−6t
−1)2 . Logo, temos de calcular
!
1 −6t
−2
√ √1 √
P 2 = P 2 = − 2P 22 = − 2 arctan √t + c.
t +2
2 2
t +2 t2 +2 (t − 1) √t +1 2
t −1
2 t 2t −1 − 1 2
√ √
1 2 +x−2
Assim, P √ = − 2 arctan √x2(x−1) + c.
2
x x +x−2
1−t2
• 9k) Usando a substituição tan x2 = t obtemos x = φ(t) = 2 arctan(t) e φ′ (t) = 2
1+t2 . Como cos(x) = 1+t2 , temos de calcular
1−t2
!
1+t2 2 2
1−t
2
P 2 = P 1+t2 = P −1 + 1+t 2 = −t + 2 arctan(t) + c.
1 + 1−t
1+t2
1 + t2
cos(x)
= − tan x2 + 2 arctan tan x2 + c = − tan x2 + x + c.
Logo, P
1 + cos(x)
136
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
t2 1
t
• 9l) Usando a substituição e = t obtemos x = φ(t) = log(t) e φ (t) =
x ′ 1
Logo, temos de calcular P
t. =P =
2x t+1 t t+1
1 e
P 1− = t − log |t + 1| + c. Assim, P x
= ex − log(ex + 1) + c.
t+1 e +1
• 10a) 2 2 2
1
+P log(x2 + 2x + 3) = − 21 cos(x2 − 1) + x log(x 2
P x sin(x − 1) + log(x + 2x + 3) = 2 P 2x sin(x − 1) 2
−
+ 2x + 3)
2x+2 1 2 2 2x +2x 1 2 2 x+3
P x x2 +2x+3 = − 2 cos(x − 1) + x log(x + 2x + 3) − P x2 +2x+3 = − 2 cos(x − 1) + x log(x + 2x + 3) − 2P 1 − x2 +2x+3 =
− 21 cos(x2 − 1) + x log(x2 + 2x + 3) − 2x + P x22x+2 4 1 2 2
+2x+3 + P x2 +2x+3 = − 2 cos(x − 1) + x log(x + 2x + 3) − 2x
!
4
+ log(x2 + 2x + 3) + P (x+1) 2 +2 = − 12 cos(x2 − 1) + x log(x2 + 2x + 3) − 2x + log(x2 + 2x + 3) + P x+122 =
√
2
+1
!
√ √ 1
− 21 cos(x2 − 1) + x log(x2 + 2x + 3) − 2x + log(x2 + 2x + 3) + 2 2P x+1 2 2 = − 21 cos(x2 − 1) + x log(x2 + 2x + 3) − 2x +
√
2
+1
2
√
x+1
log(x + 2x + 3) + 2 2 arctan √
2
cos(2x) 3x cos(2x) 3x cos(2x) 3x 3 cos(2x) 3x 3 sin(2x) 3x sin(2x) 3x
• 10b) P e3x sin(2x) = − e + P cos(2x)e3x = −
e −P − 3e =− e + e −P 3e =
2 2 2 2 2 2 2 2
cos(2x) 3x 3 9 9 cos(2x) 3x 3
e + sin(2x)e3x − P sin(2x)e3x . Logo, P e3x sin(2x) + P sin(2x)e3x = − e + sin(2x)e3x pelo que
−
2 4 4 4 2 4
13 3x cos(2x) 3x 3 3x 3x 2 cos(2x) 3x 3
sin(2x)e3x .
P sin(2x)e =− e + sin(2x)e donde obtemos P sin(2x)e =− e +
4 2 4 13 13
x6 49x6
1 1
• 10c) P 7
+ (x + 2)e−x = P − e−x (x + 2) + P (e−x ) = log |7x7 + 5| − e−x (x + 2) − e−x + c
7x + 5 49 7x7 + 5 49
137
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
√ √ √
p 1+ √ x
• 10p) P log(x + 1 + x2 ) = x log(x + 1 + x2 ) − P 1+x2
x x+√1+x 2
= x log(x + 1 + x 2) − P √ x
1+x2
= x log(x + 1 + x2 ) −
√ 2 1 √ √
1
P 2x(1 + x 2 − 12
) = x log(x + 1 + x 2 ) − 1 (1+x ) 2 + c = x log(x + 1 + x2 ) − 1 + x2 + c
2 2 1
2
2 2
x +1 x +1 1
Resolução do exercı́cio 12: f (x) = P (f ′ (x)) = P + arcsin(x) = P + P (arcsin(x)) = P 1 − +
x2 + 2 x2 + 2 x2 + 2
√ √1 √
x arcsin(x) − P x 1−x2 = x − 2 P 22
2 1
√ 1
+ x arcsin(x) + 12 P −2x(1 − x2 )− 2 = x − 22 arctan( √x2 ) + x arcsin(x) +
x
√
2
+1
√ √ √
1 − x + c. Atendendo a que f (0) = 0, obtemos − 22 arctan(0) + 0 arcsin(0) + 1 + c = 0, pelo que c = −1. Assim, a função
2
√ √
procurada é f (x) = x − 22 arctan( √x2 ) + x arcsin(x) + 1 − x2 − 1.
Note-se que a função está bem definida no intervalo ] − 1, 1[, que é o domı́nio da função arcsin.
1
Resolução do exercı́cio 13: Usando a substituição ex = t, obtemos x = φ(t) = log(t) e φ′ (t) = t pelo que temos de calcular
138
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
t 1 1 1 1
1
2
1
1
1
2
1
F (x) = P = P = P = 9 P (t−2) 2 − 27 P t−2 + 9 P (t+1) 2 + 27 P t+1 =
(t2 − t − 2)2 t (t2 − t − 2)2 (t − 2)2 (t + 1)2
−1 −1
1 −2 2
log |t − 2| + 19 P (t + 1)−2 + 27 2
log |t + 1| = 19 (t−2) 2 1 (t+1) 2
9 P (t − 2) − 27 −1 − 27 log |t − 2| + 9 −1 + 27 log |t + 1| + c =
x
e 1 1 2 1 1 2
− 19 t−2
1 2
− 27 log |t − 2| − 19 t+1
1 2
+ 27 log |t + 1| + c. Logo, P 2x x 2
=− x − log |ex − 2| − x + log |ex + 1| + c.
(e − e − 2) 9 e − 2 27 9 e + 1 27
Como F (0) = 1, obtemos c = 51 2
54 − 27 log(2).
1 1 2 1 1 2 51 2
Assim, a função pedida é F (x) = − x − log |ex − 2| − + log |ex + 1| + − log(2).
9 e − 2 27 9 ex + 1 27 54 27
6.4 Capı́tulo 4
Resolução do exercı́cio 1:
Como y = at + ekt então, derivando em ordem a t, obtemos y ′ = a + k ekt . Por outro lado ky + a(1 − kt) = k at + ekt + a(1 − kt) =
Resolução do exercı́cio 3:
• 3a) Vamos verificar que T (t) = c e−kt +Ts é solução da equação T ′ = −k(T − Ts ), para qualquer c ∈ R. De facto, derivando
T (t) = c e−kt +Ts em ordem a t, obtemos T ′ (t) = −ck e−kt . Por outro lado, T − Ts = c e−kt . Logo, T ′ (t) = −k(T − Ts ).
Sendo T (t) = c e−kt +Ts , c ∈ R, a solução geral da equação, obtemos uma solução particular por concretização da constante c.
Assim, T (t) = Ts é uma solução particular da equação, correspondente a c = 0.
• 3b) Queremos resolver o problema T ′ = −k(T − Ts ), T (0) = T0 , para k = 1, Ts = 20 e T0 = 100, ou seja, T ′ = −(T − 20), T (0) =
100. Na alı́nea anterior vimos que a solução geral da equação é T (t) = c e−kt +Ts , c ∈ R pelo que neste caso a solução geral é
T (t) = c e−t +20. Considerando agora a condição T (0) = 100 obtemos T (0) = c e0 +20 = 100 donde c = 80. Assim, a solução
particular encontrada é T (t) = 80 e−t +20
• 3c) Supondo T (t) = c e−kt +Ts (t) = c e−kt +a cos(bt) + d, então, derivando em ordem a t, obtemos T ′ (t) = −ck e−kt −ab sin(bt).
Por outro lado T (t) − Ts (t) = c e−kt pelo que neste caso T ′ ̸= −k(T − Ts ).
Resolução do exercı́cio 4:
I′
• 4a) I ′ = cI 1 − NI pode ser escrita na forma = c pelo que é uma equação da forma f (I)I ′ = g(t).
I
I 1− N
T′
• 4b) T ′ = −k(T − Ts ) pode ser escrita na forma = −k pelo que é uma equação da forma f (T )T ′ = g(t).
T − Ts
139
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
Resolução do exercı́cio 5:
Por exemplo, x′ = tx + t2 não é de variáveis separáveis.
dv v 2 − v(t) ′
Resolução do exercı́cio 9a: Como = k ⇔ v (t) = k, trata-se de uma equação de variáveis separáveis. Logo,
dt 2−v v(t)
′
(t)
primitivando ambos os membros da equação, obtemos 2P vv(t) − P (v ′ (t)) = P (k) ⇔ 2 log |v(t)| − v(t) = kt + c. Como v(0) = 1,
então c = 2 log |v(0)| − v(0) = −1 pelo que a solução (implı́cita) procurada é 2 log |v(t)| − v(t) = kt − 1.
tx = P (t sin(t)) = − cos(t) t + P (cos(t)) = − cos(t) t + sin(t) + c, pelo que a solução da equação é x = − cos(t) + sin(t)
t + ct , c ∈ R.
140
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
Resolução do exercı́cio 17: Vamos representar por x(t) a quantidade de sal dissolvida no tanque no instante t. Logo, x(0) = 20. A
dx
derivada = x′ representa, em cada instante, a variação da quantidade de sal presente no tanque por unidade de tempo e, portanto,
dt
representa a quantidade de sal que entra no tanque subtraı́da da quantidade de sal que sai do tanque na unidade de tempo. Assim, a
equação
′ que modela o problema é x′ = 3 × 4 − 100
x
× 4 pelo que temos de resolver o problema de valor inicial
1
x = 12 − 25 x
x(0) = 20.
1
A equação x′ + 25 x = 12 é linear de 1ª ordem completa, pelo que temos de multiplicar ambos os membros da igualdade pelo fator
1 t
P ( 25 )
integrante e = e 25 . Obtemos, assim,
t 1 t
′
e 25 (x + 25 x) = e 25 12
t t
⇒ (e 25 x)′ = e 25 12
t t t
⇒ e 25 x = P e 25 12 = 300e 25 + c
t
⇒ x(t) = 300 + c e− 25 , c ∈ R.
t
Como x(0) = 20 então 300 + c = 20 pelo que c = −280. Assim, a solução do PVI é x(t) = 300 − 280 e− 25 .
Resolução do exercı́cio 20: Sendo x(t) a área ocupada pelo fogo no instante t, o problema é modelado pelo PVI
10
(
′
x = x − 100
100
x(0) = 800.
1
A equação x′ − 10 x = −100 é linear de 1ª ordem completa, pelo que temos de multiplicar ambos os membros da igualdade pelo
1 t
−P ( 10
fator integrante e )
= e− 10 . Obtemos, assim,
t 1 t
e− 10 (x′ − 10 x) = e− 10 (−100)
t t
⇒ (e− 10 x)′ = −e
− 10
100
t t t
⇒ e− 10 x = −P e− 10 100 = 1000e− 10 + c
t
⇒ x(t) = 1000 + c e 10 , c ∈ R.
t
Como x(0) = 800 então 1000 + c = 800 pelo que c = −200. Assim, a solução do PVI é x(t) = 1000 − 200 e 10 .
141
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
t
Queremos saber ao fim de quanto tempo x(t) = 0. Resolvendo a equação 1000 − 200 e 10 = 0 obtemos t = 10 log(5) que são
aproximadamente 16 minutos.
• 25b A equação caracterı́stica associada à equação x′′ − 2x′ = 0 é r2 − 2r = 0 que tem como soluções r = 0 ou r = 2. Assim,
e0t = 1 e e2t são duas soluções linearmente independentes para a EDO pelo que a sua solução geral é x = c1 + c2 e2t , com
c1 , c2 ∈ R.
• 25e A equação caracterı́stica associada à equação p2 x′′ +x = 0 é p2 r2 +1 = 0 que tem como soluções r = 0± p1 i. Assim, e0t cos p1 t
e e0t sin p1 t são duas soluções linearmente independentes para a EDO pelo que a sua solução geral é x = c1 cos pt +c2 sin pt ,
com c1 , c2 ∈ R.
• 25f A equação caracterı́stica associada à equação x′′ − 4x′ + 4x = 0 é r2 − 4r + 4 = 0 que tem como solução dupla r = 2.
Assim, e2t e t e2t são duas soluções linearmente independentes para a EDO pelo que a sua solução geral é x = c1 e2t + c2 t e2t ,
com c1 , c2 ∈ R.
• 26b) A equação caracterı́stica correspondente à equação 4x′′ + 4x′ + 5x = 0 é 4r2 + 4r + 5 = 0, que tem como soluções r = − 21 ± i.
t t
Sendo assim e− 2 sin(t) e e− 2 cos(t) são duas soluções linearmente independentes para a EDO pelo que a sua solução geral é
t t t
x(t) = c1 e− 2 sin(t) + c2 e− 2 cos(t). Como x(0) = 0, então c2 = 0. Por outro lado, como x′ (t) = 12 e− 2 ((2c1 − c2 ) cos(t) − (c1 +
t t
2c2 ) sin(t)) = 21 e− 2 (2c1 cos(t) − c1 sin(t)) e x′ (0) = 1, então c1 = 1. Logo, a solução do PVI é x(t) = e− 2 sin(t).
142
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
• 26e) A equação caracterı́stica correspondente à equação x′′ + 2x′ − 3x = 0 é r2 + 2r − 3 = 0, que tem como soluções r = −3 ou
r = 1. Logo e−3t e et são duas soluções linearmente independentes da EDO, pelo que a sua solução geral é x(t) = c1 e−3t + c2 et ,
c1 , c2 ∈ R. Como x(0) = 0, então c1 + c2 = 0. Por outro lado, como x′ (t) = −3c1 e−3t + c2 et e x′ (0) = 1, então −3c1 + c2 = 1.
Logo, concluı́mos que c1 = − 41 e c2 = 14 pelo que a solução do PVI é x(t) = − 41 e−3t + 14 et .
Resolução do exercı́cio 27: Usando a mudança de variáveis x′ = y, obtemos a equação ay ′ + by = 0 (a e b constantes) que é uma
′
equação linear de primeira ordem (e também de variáveis separáveis). Como ay ′ + by = 0 ⇔ yy = −b
a , primitivando ambos os membros
b b
da igualdade obtemos log |y| = −b
a t + c pelo que y = c e
−at
, c ∈ R. Como x′ = y então x′ = c e− a t , c ∈ R e primitivando ambos os
a −a b
membros da igualdade, obtemos x = c b e t + d, c, d ∈ R.
143
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
Resolução do exercı́cio 37c: Encontre a solução geral das seguintes equações diferenciais: x′′ − 2x′ + x = 4t2 et . A equação
caracterı́stica r2 − 2r + 1 = 0 tem como solução (dupla) r = 1. Logo, et e tet são duas soluções particulares da equação homogénea
x′′ − 2x′ + x = 0 pelo que xH = c1 et + c2 tet , com c1 , c2 ∈ R é a sua solução geral. Por outro lado, como α = 1 é solução (dupla) da
equação caracterı́stica, então uma solução particular da equação completa terá a forma xP = t2 (a2 t2 +a1 t+a0 )et = (a2 t4 +a1 t3 +a0 t2 )et .
Substituindo xP , x′P = et (a2 t4 +a1 t3 +4a2 t3 +a0 t2 +3a1 t2 +2a0 t) e x′′P = et (a2 t4 +a1 t3 +8a2 t3 +a0 t2 +6a1 t2 +12a2 t2 +4a0 t+6a1 t+2a0 )
na equação completa obtemos
et (a2 t4 +a1 t3 +8a2 t3 +a0 t2 +6a1 t2 +12a2 t2 +4a0 t+6a1 t+2a0 )+et (−2a2 t4 −2a1 t3 −8a2 t3 −2a0 t2 −6a1 t2 −4a0 t)+(a2 t4 +a1 t3 +a0 t2 )et =
2 t
4t e e, dividindo ambos os membros por et ,
a2 t4 + a1 t3 + 8a2 t3 + a0 t2 + 6a1 t2 + 12a2 t2 + 4a0 t + 6a1 t + 2a0 − 2a2 t4 − 2a1 t3 − 8a2 t3 − 2a0 t2 − 6a1 t2 − 4a0 t + a2 t4 + a1 t3 + a0 t2 = 4t2 .
Pelo
método dos coeficientes indeterminados, obtemos o sistema
a2 − 2a2 + a2 = 0
a1 + 8a2 − 2a1 − 8a2 + a1 = 0
a0 + 6a1 + 12a2 − 2a0 − 6a1 + a0 = 4
4a0 + 6a1 − 4a0 = 0
2a0 = 0
que tem como solução a0 = a1 = 0 e a2 = 31 . Logo, a solução particular da equação completa é xP = 13 t4 et e a solução geral da
equação completa é x = xH + xP = c1 et + c2 tet + 31 t4 et , com c1 , c2 ∈ R.
6.5 Capı́tulo 5
Resolução do exercı́cio 1:
−5
• 1c) A função f (x) = 2 é contı́nua logo integrável no intervalo [2, 5], pelo que
(x + 1)
5 5 5
−5
Z Z
−2 1 1 1 5
2 dx = −5(x + 1) dx = 5 =5 − =− .
2 (x + 1) 2 x+1 2 6 3 6
• 1d) A função f (x) = x3 é contı́nua em [1, 3] e g(x) = log(x) ∈ C 1 ([1, 3]), pelo que
Z 3 3 Z 3 4 3
1 3 3
4
1 x4
x x 1
Z
3 81 81 81 1 81 1
x log (x) dx = log(x) − dx = log(3) − x dx = log(3) − = log(3) − − =
1 4 1 1 4 x 4 4 1 4 4 4 1 4 4 4 4
81 20
log(3) − .
4 4
√
• 1g) A função f (x) = 1 é contı́nua em [0, 1] e g(x) = log x + 3 + x2 ∈ C 1 ([0, 1]), pelo que
144
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
Z 1 p h p i1 Z 1 1 + √ x 2 Z 1
x
log x + 3 + x2 dx = x log x + 3 + x2 − x √ 3+x dx = log(3) − √ dx
0 x+ 3+x 2 3 + x2
0 Z 1 0 0
1 1
hp i1 √
= log(3) − 2x(3 + x2 )− 2 dx = log(3) − 3 + x2 = log(3) − 2 + 3.
2 0 0
x
• 1i) A função f (x) = √ é contı́nua logo integrável no intervalo [4, 8], pelo que
x2− 15
Z 8
x 1 8 i8
Z hp
1
√ dx = 2x(x2 − 15)− 2 = x2 − 15 = 7 − 1 = 6.
4 x2 − 15 2 4 4
Z 3
x x
• 1l) A função f (x) = √ é contı́nua em [0, 3]. Para calcular √ dx vamos fazer a substituição
(2 + x) 1 + x 0 (2 + x) 1+x
Z 3
√ x
1 + x = t, isto é, x = φ(t) = t2 − 1. Como φ(1) = 0, φ(2) = 3, φ′ (t) = 2t e φ ∈ C 1 ([1, 2]), então √ dx =
0 (2 + x) 1 + x
Z 2 2 2 2
t2 − 1 t −1
Z Z
2
2
2t dt = 2 2
dt = 2 1− 2 dt = 2[t]21 − 4[arctan(t)]21 = 2 + π − 4 arctan(2).
1 (2 + t − 1) t 1 t +1 1 t +1
x3 + x2 − 12x + 7
• 1m) A função f (x) = é contı́nua logo integrável no intervalo [0, 2], pelo que
x2 + x − 12
Z 2 3 Z 2 Z 2 2
x + x2 − 12x + 7
2
7 1 1 x
dx = x + dx = x + − dx = + log |x − 3| − log |x + 4| = 2 − log(6) −
0 x2 + x − 12 0 x2 + x − 12 0 x−3 x+4 2 0
9
log(3) + log(4) = 2 − log .
2
Z 16
1 1 √
• 1p) A função f (x) = √ √ é contı́nua em [1, 16]. Para calcular √ √ dx vamos fazer a substituição 4 x = t, isto
4
x+ x 1
4
x+ x
Z 16 Z 2
1 1
4 ′ 3
é, x = φ(t) = t . Como φ(1) = 1, φ(2) = 16, φ (t) = 4t e φ ∈ C ([1, 2]), então 1 √ √ dx = 2
4t3 dt =
1
4
x + x 1 t + t
Z 2 2 Z 2
t 1 3
4 dt = 4 t−1+ dt = [2t2 − 4t + 4 log(1 + t)]21 = (8 − 8 + 4 log(3) − 2 + 4 − 4 log(2)) = 2 + 4 log .
1 1+t 1 1+t 2
Resolução do exercı́cio 2:
Z x √ √
• 2d) Seja G(x) = sin( t) dt. Como a função g(t) = sin( t) é contı́nua (em R+
0 ), então pelo teorema fundamental do cálculo
0 √ +
integral, G é diferenciável e G (x) = sin( x), ∀x ∈ R0 . Como F (x) = G(x ) então F ′ (x) = (G(x2 ))′ = G′ (x2 )2x = sin(|x|) 2x.
′ 2
145
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
x 2 2
e−t e−t
Z
• 2g) Seja G(x) = √ dt. Como a função g(t) = √ é contı́nua (em R+ ), então pelo teorema fundamental do cálculo integral,
1 t t
−x2 Z x2 −t2
e e
G é diferenciável e G′ (x) = √ , ∀x ∈ R+ . Como F (x) = − √ dt = −G(x2 ) então F ′ (x) = −(G(x2 ))′ = G′ (x2 )2x =
x 1 t
4
e−x
2x.
|x|
Resolução do exercı́cio 3:
√ √
• 3b) Comecemos por determinar os pontos de interseção das funções f1 (x) = 4 − x2 e f2 (x) = − 4 − x2 . Como f1 (x) =
f2 (x) ⇔ x = −1 ∨ x = 2 então para x ≥ 0 temos apenas um ponto de interseção, no ponto de abcissa x = 2. Logo,
Z 2p p Z 2p π
A= 2 2
4 − x − (− 4 − x ) dx = 2 4 − x2 dx. Usando a substituição x = 2 sin(t) = φ(t), como φ(0) = 0, φ = 2,
0 0 2
h π i Z 2p Z π2 q Z π2
φ′ (t) = 2 cos(t) e φ ∈ C 1 0, , então então A = 2 4 − x2 dx = 2 4 − 4 sin2 (t) 2 cos(t) dt = 8 cos2 (t) dt =
2 0 0 0
Z π2 π
sin(2t) 2 π
4 1 + cos(2t) dt = 4 t + = [4t + 2 sin(2t)]02 = 2π + 2 sin(π) = 2π.
0 2 0
• 3d) Comecemos por determinar os pontos √ de interseção das funções f (x) = (x + 1)2 − 4 e g(x) = 2x. Como (x + 1)2 − 4 =
Z 3
√ √ 2
2x ⇔ x = − 3 ∨ x = 3 então A = √ |((x + 1) − 4) − 2x| dx. Como f (0) = −3 e g(0) = 0 então f (0) < g(0) pelo
√ √ − 3
que f (x) ≤ g(x), ∀x ∈ [− 3, 3]. Note-se que já conhecemos todos os pontos de interseção das duas funções pelo que temos a
Z √3
garantia de que elas mantêm a mesma posição relativa em todo o intervalo de integração. Assim, A = √ 2x − (x + 1)2 + 4 dx =
− 3
√
3 √3
√ √ √ √ √
3
x
Z
2
√ −x + 3 dx = − + 3x √ = − 3 + 3 3 − 3 + 3 3 = 4 3.
− 3 3 − 3
• 3e) Comecemos por determinar os pontos de interseção das funções f (x) = x3 − 6x2 + 8x e g(x) = 0. Como x3 − 6x2 + 8x = 0 ⇔
Z 2 Z 4
x = 0 ∨ x = 2 ∨ x = 4 então A = |x3 − 6x2 + 8x − 0| dx + |x3 − 6x2 + 8x − 0| dx. Como f (1) = 3 e g(1) = 0 então f (1) > g(1)
0 2
pelo que f (x) ≥ g(x), ∀x ∈ [0, 2]. De igual forma, f (3) = −3 e g(3) = 0 então f (3) < g(3) pelo que f (x) ≤ g(x), ∀x ∈ [2, 4].
Note-se que já conhecemos todos os pontos de interseção das duas funções pelo
Z que temos a garantia Z de que elas mantêm a
2 4
mesma posição relativa em cada um dos intervalos de integração. Assim, A = x3 − 6x2 + 8x dx + −x3 + 6x2 − 8x dx =
0 2
146
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
2 4
x4
4
x
− 2x3 + 4x2 + − + 2x3 − 4x2 = 4 − 0 + 4 = 8.
4 0 4 2
• 3h) Comecemos por determinar os pontos de interseção das funções f (x) = arcsin(x) e g(x) = π2 x. Neste caso não conseguimos
resolver analiticamente a equação f (x) = g(x) mas, conhecendo o gráfico da função f , sabemos que intersetará a reta no
π π
máximo em 3 pontos. Como f (0) = 0 = g(0), f (1) = = g(1) e f (−1) = − = g(1), concluı́mos que x = −1, x = 0
2 Z 0 2 Z 1
π π
e x = 1 são as abcissas desses 3 pontos de interseção. Logo, A = arcsin(x) − x dx + arcsin(x) − x dx. Como
−1 2 0 2
f − 21 = − π6 > − π4 = g − 12 então f (x) ≥ g(x), ∀x ∈ [−1, 0]. De igual forma, como f 21 = π6 < π4 = g 12 então
f (x) ≤ g(x), ∀x ∈ [0, 1]. Note-se que já conhecemos todos os pontos de interseção das duas funções pelo que temos a garantia
Z 0
π
de que elas mantêm a mesma posição relativa em cada um dos intervalos de integração. Assim, A = arcsin(x) − x dx +
−1 2
Z 1 Z 1
π π
x − arcsin(x) dx. Podemos também tirar partido da simetria das funções e afirmar que A = 2 x − arcsin(x) dx =
0 2 Z 1 0 2
h π i1 h 1
π 2 1 π 2 1
Z
1 i 1
h i
2 x2 −2 [x arcsin(x)]10 − x√ dx = x −2[x arcsin(x)]10 − −2x(1−x2 )− 2 dx = x −2[x arcsin(x)]10 −
4 0 1 − x 2 2 0 2 0
0 0
p
2 1 π π
2[ 1 − x ]0 = − π + 2 = 2 − .
2 2
Resolução do exercı́cio 5:
147
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
√ √
2
√ √
= e2 + 1 + 1
log √e +1−1 − 2− 1
log √2−1 .
2 e2 +1+1 2 2+1
Z e
• 5b) O volume pretendido é dado por V = π log2 (x) dx. Atendendo aos cálculos efetuados na alı́nea (a),
1
e
V = π 2x − 2x log(x) + x log2 (x) 1
= π (e − 2).
Resolução do exercı́cio 6:
1
• 6b) A equação diferencial linear de 1ª ordem x′ + x = 1 + t é completa, pelo que é necessário multiplicar ambos os membros
t
da igualdade pelo fator integrante eP ( t ) = elog(t) = t, obtendo sucessivamente:
1
1
x′ + x = 1 + t
t
⇒ tx′ + x = t(1 + t)
′
⇒ (tx) = t + t2
Z t Z t
′
⇒ (sx(s)) ds = s + s2 ds
3 3
2 2i
h 2 t
t s s3
⇒ [sx(s)] 3 = 2 + 3 3
2
2
2 3 ( 3 )2 ( 23 )3
⇒ tx(t) − 32 x 32 = t2 + t3 − 22 −
2 3
3
⇒ tx(t) = t2 + t3 − 89 − 27 24
2
9
⇒ x(t) = 2t + t3 − 4t
3
(uma vez que x 2 = 0).
3t2 +4t+2
• 6f) A equação x′ = 2(x−1) é de variáveis separáveis pelo que temos sucessivamente
148
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
2
x′ = 3t2(x−1)
+4t+2
Resolução do exercı́cio 8:
• 8b) A função integranda está definida em [0, +∞[, pelo que se trata de um integral impróprio de 1ª espécie. A função integranda
Z +∞
1
é sempre positiva, pelo que podemos usar critérios de comparação. Vamos comparar com o integral dx que é divergente.
√ 1 x
+∞ √
e 2x+1 √
Z
Como lim 1 = lim x e 2x+1 = +∞ e o integral de comparação é divergente, então e 2x+1 dx também é
x→+∞ x→+∞ 0
x
divergente.
149
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
• 8e) A função integranda está definida em [2, +∞[, pelo que se trata de um integral impróprio de 1ª espécie. Como
Z +∞
x sin(x2 ) x x 1 1
≤ ≤ = , ∀x ∈ [2, +∞[ e dx é convergente então, pelo critério geral de comparação,
x4 + 3 x4 + 3 x4 x3 1 x3
Z +∞ +∞
x sin(x2 ) x sin(x2 )
Z
dx também é convergente pelo que dx é convergente (absolutamente convergente).
2 x4 + 3 2 x4 + 3
• 8f) A função integranda está definida em [1, +∞[, pelo que se trata de um integral impróprio de 1ª espécie. A função integranda é
Z +∞
1
sempre positiva, pelo que podemos usar critérios de comparação. Vamos comparar com o integral 2
dx que é convergente.
1 x
−x 3 Z +∞
e x x
Como lim 1 = lim x = 0 e o integral de comparação é convergente, então e−x x dx também é convergente.
x→+∞
x 2
x→+∞ e 1
• 8i) A função integranda está definida em ]0, π2 ], pelo que se trata de um integral impróprio de 2ª espécie. A função integranda é
Z π2
1
positiva no intervalo de integração, pelo que podemos usar critérios de comparação. Vamos comparar com o integral dx
0 x
e−x cos(x)
cos(x)
que é divergente. Como lim+ x
1 = lim+ = 1 ∈ R+ então os dois integrais têm a mesma natureza, pelo que o
x→0
x
x→0 ex
Z π2 −x
e cos(x)
integral dx é divergente.
0 x
• 8l) A função integranda está definida em ]0, 1], pelo que se trata de um integral impróprio de 2ª espécie. A função integranda
Z 1 Z 1
log(x) 1
é negativa no intervalo de integração, pelo que vamos estudar − dx. Vamos comparar com o integral dx que é
0 x 0 x
− log(x)
Z 1
x log(x)
divergente. Como lim+ 1 = lim − log(x) = +∞ e o integral de comparação é divergente, então − dx também
x→0
x
x→0+ 0 x
Z 1
log(x)
é divergente, pelo que dx é divergente.
0 x
• 8m) A função integranda está definida em ]0, π[, pelo que se trata de um integral impróprio de 2ª espécie (nos dois extremos de
integração). A função integranda é positiva no intervalo de integração, pelo que podemos usar critérios de comparação. Temos,
Z π Z π2 Z π
1 1 1
por exemplo, p dx = p dx + p dx.
0 sin(x) 0 sin(x) π
2
sin(x)
Z π2 √ 1
1 sin(x)
Vamos estudar o integral da primeira parcela, comparando-o com √ dx que é convergente. Como lim =
0 x x→0 + √1
x
150
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
π
x
r Z 2 1
lim = 1 ∈ R+ então os dois integrais têm a mesma natureza, pelo que o integral p dx é convergente.
x→0+ sin(x) 0 sin(x)
Z π √ 1
1 sin(x)
Vamos agora estudar o integral da segunda parcela, comparando-o com √ dx que é convergente. Como lim 1 =
π
2
π − x x→π − √
π−x
r Z π
π−x 1
lim− = 1 ∈ R+ então os dois integrais têm a mesma natureza, pelo que o integral p dx é convergente.
x→π sin(π − x) π
2
sin(x)
Z π
1
Podemos assim concluir que o integral p dx é convergente, por ser a soma de dois integrais convergentes.
0 sin(x)
• 8p) A função integranda está definida em ]2, +∞[, pelo que se trata de um integral impróprio misto. A função integranda é
positiva no intervalo de integração, pelo que podemos usar critérios de comparação. Temos, por exemplo,
Z +∞ Z 3 Z +∞
log(x) log(x) log(x)
√ dx = √ dx + √ dx.
x x −42 2 x x2 − 4
2 2 x x −4 3
Z 3 log(x)
√
1
dx que é convergente. Como lim x x1 −4 =
2
Vamos estudar o integral da primeira parcela, comparando-o com √
2 x − 2 x→2 + √
x−2
√ Z 3
log(x) x − 2 log(x) log(2) log(x)
lim √ √ = lim+ √ = então os dois integrais têm a mesma natureza, pelo que o integral √ dx
x→2+ x x − 2 x + 2 x→2 x x + 2 4 2 x x2 − 4
é convergente.
Z +∞ log(x)
√
1 x x2 −4
Vamos estudar o integral da segunda parcela, comparando-o com 3 dx que é convergente. Como lim 1 =
1 x2 x→+∞ 3
Z +∞ x2
log(x) x log(x)
lim √ √ = 0.1 = 0 e o integral de comparação é convergente, então √ dx é convergente. Podemos
x→+∞ x x2 −Z4 3 x x2 − 4
+∞
log(x)
então concluir que √ dx é convergente, por ser a soma de dois integrais convergentes.
2 x x2 − 4
• 8r) A função integranda está definida em ]0, +∞[, pelo que se trata de um integral impróprio misto. A função integranda é
positiva no intervalo de integração, pelo que podemos usar critérios de comparação. Temos, por exemplo,
Z +∞ Z 1 Z +∞
1 1 1
√ dx = √ dx + √ dx.
2
x x +1 2 x x2 + 1
0 0 x x +1 1
Z 1 √1
1 x x2 +1 1
Vamos estudar o integral da primeira parcela, comparando-o com dx que é divergente. Como lim+ 1 = lim+ √ =
0 x x→0
x
x→0 2
x +1
151
CAPÍTULO 6. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS SELECIONADOS
Z 1
1
1 ∈ R+ , então os dois integrais têm a mesma natureza, pelo que √ dx é divergente. Podemos assim concluir que o
Z +∞ 0 x x2 + 1
1
integral √ dx é divergente.
x x 2+1
0
Resolução do exercı́cio 9:
Z +∞ Z +∞ Z x
1 1 1
• 9b) A = 2
− 0 dx = 2 2
dx = 2 lim 2
dt = 2 lim [arctan(t)]x0 = 2 lim (arctan(x) −
−∞ 1 + x 0 1 + x x→+∞ 0 1 + t x→+∞ x→+∞
arctan(0) = π
Z 12 Z 21 1 !
1 1 −2 −1 2 −1 1 1
• 9d) A = 2 − 0 dx = lim+ log (t) dt = lim+ = lim+ 1
+ =
0 x log (x) x→0 x t x→0 log(t) x x→0 log 2 log(x) log(2)
152
Capı́tulo 7
7.1 Capı́tulo 1
Exercı́cio 2) f −1 (x) = 12 (cos( π2 − x) + 1), Df −1 = [− π2 , π2 ], CDf −1 = [0, 1]
Exercı́cio 4) π4
Exercı́cio 6) f −1 (x) = arcsin(2x − 2) − π3 , Df −1 = [ 12 , 32 ], CDf −1 = [− 5π π
6 , 6]
−1 4π
Exercı́cio 8) f (x) = cot(3(π − x)) − 1, Df −1 =]π, 3 [, CDf −1 = R
Exercı́cio 10) 12 + π4
q
+
Exercı́cio 12) f −1 (x) = 2 tan(x − 3π 2 ), Df
−1 = [
3π
2 , 2π[, CDf
−1 = R
0
Exercı́cio 14) f ′ (a) = 3a2
Exercı́cio 15
• 15b) −2x
3(x2 −3)4/3
3
• 15c) ex (1 + 3x3 )
• 15f) 1 + 1
√
2 x
+ 1
3x2/3
+ 1
4x3/4
153
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
2
• 15k) 2e3x (x + 3x3 )
x x
cos( ) sin( )
• 15l) √ 2 2 2x
2 1+sin ( 2 )
Exercı́cio 18) 0
5
Exercı́cio 20) 1+5x
7.2 Capı́tulo 2
′ I
Exercı́cio 2) I = cI 1 − +a
N
Exercı́cio 4
• 4c) (e6)
• 4d) (e8)
• 4e) (e7)
• 4f) (e12)
• 4g) (e10)
• 4h) (e1)
Exercı́cio 5
• 5b) b > 0
154
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Exercı́cio 6
• 6a) Exploração
N1′ N1
) − 12 N2
= N1 (1 − 1000
• 6c)
N2′ = 2N1 + 3N2
Exercı́cio
′ 8
y = x − 2y
x′ = y
Exercı́cio 9 mx′′ + kx − µx′ = 0
Exercı́cio
′ 10
S
S = bN − cI N − bS + dR
I′ S
= cI N − aI − bI
′
R = aI − bR − dR
Exercı́cio
′ 11
x = ax − bxy
y
y′
= cy 1 − K + dxy
Exercı́cio 12
• 12b) (e7)
• 12c) (e6)
• 12d) (e5)
• 12e) (e2)
• 12f) (e3)
155
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7.3 Capı́tulo 3
Exercı́cio 1
1 4x2
• 1d) e +c
8
1
• 1f) log | sin(e2x )| + c
2
√
• 1g) 2e x
+c
• 1j) arctan(arctan(x)) + c
5 1
• 1m) − q +c
3 5 sin3 (x)
• 1n) sec(tan(x)) + c
log2 (cos(x))
• 1p) − +c
2
sin2 (x)
• 1q) +c
2
sin3 (cos(x))
• 1r) − +c
3
• 1t) sec(x) + c
log2 (arcsin(x))
• 1u) +c
2
• 1w) 2 1 + tan(x) + c
p
arctan2 (x)
• 1x) +c
2
1 x
• 1y) sin(2x) + + c
4 2
156
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1
Exercı́cio 2) sin(4x + π) + 2
4
Exercı́cio 3
Exercı́cio 4
tan2 (x) 1
• 4f) − log tan2 (x) + 1 + c
2 2
√ √
• 4g) x − 8 x + 32 log ( x + 4) + c
Exercı́cio 6) x3 + x − 2 = (x − 1)(x2 + x + 2)
Exercı́cio 7) 3x + 2 é um polinómio do 1º grau e x2 − 4x + 13 é um polinómio do 2º grau sem raı́zes reais
Exercı́cio 8
2x3 x4
• 8d) −8x + 2x2 − + + 16 log |2 + x| + c
3 4
• 8e) log |x − 3| + log |x + 2| − 2 log |x + 4| + c
−1
• 8f) + 2 log |x − 2| + log |x + 1| + c
x+1
• 8g) 2 log |x + 1| − 6 log |x + 3| + c
1 x+1
• 8h) arctan +c
2 2
157
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
x2 1
• 8i) − arctan(x) + log |x| − log(x2 + 1) + c
2 2
x
• 8j) 2 arctan − log |x + 1| + log(x2 + 4) + c
2
Exercı́cio 9
√
√ x3 √ √
• 9a 14 x − 3x + 2 + 4 log(1 + x) − 34 log(2 + x) + c
3
√ √
2(x + 2) 2x + x2 2x + x2
• 9b − √ − log 1 − + log 1 + +c
2x + x2 x+2 x+2
1 x 1 x
• 9c sin 2 arcsec + arcsec +c
108 3 54 3
1
• 9h log |1 + 2 tan2 (x)| + c
4
x x
• 9i tan − log tan2 +1 +c
2 2
• 9j e−x − x + log |2 − ex | + c
Exercı́cio 10
x2 3 2 1
• 10g) − + (1 + x2 ) 3 + x3 arctan(x) + log(1 + x2 ) + c
2 4 2
• 10h) log | sin(x) + cos(x)| + c
1 1 1
• 10i) cos(4x) − x2 cos(4x) + x sin(4x) + c
32 4 8
x
x arctan √2
• 10j) − √ +c
2 2 2
ex
• 10k) (− cos(x) + sin(x)) + c
2
1
• 10l) x arctan(x) − log(1 + x2 ) + c
2
158
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
r ! r ! r
x+1 x+1 x+1
• 10m) log +1 − log −1 −2 +c
x+2 x+2 x+2
x 4
• 10n) − log |4 cos(x) + sin(x)| + c
17 17
• 10o) sin(sin(x)) + c
7.4 Capı́tulo 4
Exercı́cio 2
• 2a) y(x) = x2 + x
Exercı́cio 8
• 8c) x = 3e2t−2
Exercı́cio 9b
159
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
k
• − log |K − y + 1| = x − log(K) (m = 1)
K
k
• (K − y + 1)−m+1 = (m − 1) x + K −m+1 (m = 2, 3)
Km
(soluções implı́citas)
Exercı́cio 10
• 10a) x = c t, c ∈ R+
• 10c) u = −2
t2 +c , c ∈R
Exercı́cio 15
x3 −1
• 15a) 3x
√
√
√ √ √ √ √ √
1−x
√ 2 1−x arcsin
1−x0
√ √
1−x √x0 +1y0 2√ 1−x√ x0 +1 2 1−x arcsin √
1−x arcsin(x) 2 1−x arcsin(x0 )
• 15d) y(x) = √
x+1 1−x0
− x+1 1−x0
+ √
x+1
2
− √
x+1
− √
x+1
+ √
x+1
+2
160
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
log(2)
• 19a) P = λ (porque N
N0 = 12 )
Exercı́cio 25
• 25a) x(t) = c1 et + c2 e2t
• 25c) x(t) = c1 e3t + c2 t e3t
r ! r !
3 3
• 25d) x(t) = c1 sin t + c2 cos t
2 2
Exercı́cio 26
• 26a) x(t) = −e−4t + e−3t
• 26c) x(t) = tv0 + x0
• 26d) x(t) = ( va0 + 2x0 ) e−2at sin(at) + x0 e−2at cos(at)
161
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
• 31a) x = 3
2 e−t
• 33c) x′′ + 4x = 0
2
• 36b) ( t6 − t
4 + 14 )tet
2
• 36c) − t8 cos(2t) − t
16 sin(2t)
Exercı́cio 37
t2 −t
• 37a) x(t) = c1 e−t + c2 e−t t + 2e
2
• 37b) x(t) = c1 e−3t + c2 e2t + 10
t 2t
e − 7 sin(t)
t 2t
e − 25 50 − cos(t)
50
q q
k k mg
Exercı́cio 38) x = c1 cos m t + c2 sin mt + k
162
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
7.5 Capı́tulo 5
Exercı́cio 1
1
• 1a)
24
2
• 1b)
3
1
• 1e) (1 + eπ )
2
3
• 1f) −1 + 4 log
4
√
3
• 1h) 1 − π
6
16 √ √
• 1j) − + 8 2 arctan( 2)
3
π π π
• 1k) − + √ − log tan
2 2 2 8
√
• 1n) − log 10 − 3
1 √ √ √
3 1 22
• 1o) − 2 arctan √ + 2 arctan( 2) + log
2 2 2 3
Exercı́cio 2
1
• 2a) F ′ (x) =
x
3
• 2b) F ′ (x) = ex 3x2
163
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Exercı́cio 3
1 1
• 3a) e2 + e + 2
+ −4
e e
• 3c) 18
1
• 3f)
24
π √
• 3g) − log( 2)
6
• 3i) log(2)
Exercı́cio 4
2π
• 4a)
3
32π
• 4b)
3
Exercı́cio 6
• 6a) x = 23 e−1+cos(t)
2
• 6c) x = 12 (−1 + 3et )
• 6e) x = √ 1
1−log(1+t2 )
Exercı́cio 7
2
• 7a (convergente)
e
1
• 7c − (convergente)
4
Exercı́cio 8
• 8a) convergente
164
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
• 8c) convergente
• 8d) convergente
• 8g) convergente
• 8h) divergente
• 8j) convergente
• 8k) convergente
• 8n) divergente
• 8o) divergente
• 8q) convergente
Exercı́cio 9
• 9a 1
• 9b 1
165
CAPÍTULO 7. SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
166
Capı́tulo 8
Bibliografia
F. Adler, M. Lovric, Calculus for the Life Sciences: Modelling the Dynamics of Life. Nelson Education, 2015, ISBN: 978-0-17-653078-5
S. Schreiber, K.Smith, W.Getz, Calculus for the Life Sciences. Wiley, 2017, ISBN: 978-1118180662
167
CAPÍTULO 8. BIBLIOGRAFIA
M.Lial, R.Greenwell, N.Ritchey, Calculus with Applications (12th edition). Pearson, 2021, ISBN: 978-0-13-741934-0
A. Sá, B. Louro, Cálculo Diferencial e Integral em R. Escolar Editora, 2022, ISBN: ISBN: 9789725925973
I. Cabral, C. Perdigão, C. Saiago, Álgebra Linear. Escolar Editora, 2021, ISBN: 9789725925737
168