Lendas portuguesa

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A Lenda da Serra da Estrela

Chegara aos ouvidos do Rei que todas as noites um pastor do alto da serra

conversava com uma Estrela, a mais bela de todas.

O Rei mandou logo chamar o pastor e ordenou-lhe que lhe desse a sua

Estrela prometendo em troca dar-lhe muitas riquezas.

O pastor respondeu que preferia continuar pobre do que perder a sua amiga

Estrela, sem a qual não poderia viver.

Ao voltar à sua pobre cabana, no alto da serra, o pastor ouviu logo numa

doce melodia a sua Estrela contar-lhe do receio que tivera de ele se deixar

levar pela ambição da riqueza.

O pastor afirmou-lhe a sua grande dedicação e ela contente prometeu-lhe

que nunca deixaria de ser sua amiga.

Então, o velho pastor, em voz de profeta exclamou:

-De hoje em diante, esta serra há de chamar-se serra da Estrela.

E conta a lenda que no alto da serra se vê uma estrela que brilha de

maneira estranha e diferente, como que ainda à procura do bom pastor.

Lenda do Cativo de Belmonte

Esta é a história de Manuel, um corajoso soldado nascido em Belmonte que combateu com
ardor os muçulmanos.

Um dia, foi capturado pelos mouros e levado para Argel. Aí ficou longos anos como escravo.
Encarava o seu destino como uma penitência e iludia as saudades da terra e da família com as
tarefas mais pesadas.

Após muitos anos, um mouro perguntou-lhe qual o significado da palavra que Manuel repetia
vezes sem conta: esperança. Manuel disse-lhe que significava o desejo de voltar à sua terra e a
sua fé na Virgem da Esperança.

O mouro respondeu-lhe que tal fé era impossível e tornou-lhe a vida ainda mais dura.

Conta a lenda que a Virgem se apiedou de Manuel. Apareceu-lhe na véspera do dia de Páscoa
e anunciou-lhe a sua libertação. Perante o espanto dos mouros, a arca onde Manuel
costumava dormir elevou-se no ar e desapareceu em direção ao mar.

No sábado de Aleluia, os habitantes de Belmonte que se dirigiam à missa viram, espantados,


uma arca aterrar junto à capela. A alegria foi indescritível e o povo decidiu erguer nesse sítio
uma outra capela, dedicada a Nossa Senhora da Esperança.
Lenda da Senhora da Lapa

Diz a lenda que a imagem de Nossa Senhora da Lapa apareceu num penedo de difícil acesos,
na Beira Alta. Os devotos construíram-lhe templo num sítio mais acessível, mas a imagem da
Senhora voltava sempre para o antigo penedo quando a colocavam na nova capela. Isto tantas
vezes aconteceu que acabaram por fazer a vontade à Virgem e construíram a sua apela
naquele mesmo penedo.

Mas esta não é a única lenda associada ao local. Diz-se que um peregrino, cansado, adormeceu
junto à capela. Uma cobra que por ali passava entrou-lhe na boca, fazendo-o acordar
assustado. Então, o peregrino pensou na Senhora da Lapa, e a cobra virou-se imediatamente e
saiu, sendo depois apanhada e morta.

Lenda de Pedro Sem

Pedro Sem era um mercador rico da cidade do Porto. Apesar da riqueza, ele não tinha um
título nobiliárquico, algo que muito o entristecia. Vivia rodeado de todos os luxos graças à
desgraça alheia, já que emprestava dinheiro com juros elevados. E foi assim que realizou a sua
ambição de pertencer à nobreza: casou-se com uma jovem nobre em troca do perdão das
dívidas do seu pai.

A festa de casamento durava já 15 dias, quando as suas naus, vindas da Índia, se aproximaram
da barra do Douro. Arrogante, o mercador subiu à torre do seu palácio e desafiou Deus,
dizendo que nem mesmo o Criador o podia tornar pobre.

Mas nesse momento, o céu azul cobriu-se de tempestade. As naus naufragaram, e a torre foi
atingida por um raio, que fez deflagrar um incêndio que destruiu todos os seus bens.

Quanto a Pedro Sem, não teve outro remédio senão passar a pedir esmola nas ruas,
lamentando-se: “dê uma esmolinha a Pedro Sem, que teve tudo e agora nada tem”.

Lenda da Inês Negra

A Inês Negra era uma mulher do povo, fiel à independência do nosso país, por alturas do início
do reinado de D. João I. Como algumas terras portuguesas eram a favor de Castela, ela
abandonou Melgaço. Mais tarde, quando D. João I se propôs reconquistar essa terra, Inês
Negra juntou-se ao seu exército.

Mas o combate entre os soldados nunca chegou a acontecer: a inimiga de longa data de Inês, a
“Arrenegada”, desafiou-a do alto das muralhas, propondo que a contenda fosse resolvida
entre as duas. Os dois exércitos aceitaram a proposta.

A meio da luta, tudo parecia estar perdido para Inês: a inimiga tirou-lhe a espada das mãos.
Mas esta, rápida de pensamento, tirou uma forquilha das mãos de um camponês e continuou
o combate.

No final, as duas resolveram lutar sem arma, e Inês conseguiu ferir a “Arrenegada” de tal
forma que esta fugiu para o castelo. Cumprindo o acordo, os castelhanos deixaram Melgaço no
dia a seguir. D. João I quis recompensar a heroína, mas esta disse-lhe que já era recompensa
suficiente ter derrotado a inimiga.
Lenda do Castelo de Faria

D. Fernando I, rei de Portugal, quebrou uma promessa de casamento com a filha do rei de
Castela quando se apaixonou e casou com D. Leonor Teles. Assim, o rei castelhano
desencadeou guerra contra o nosso país, invadindo o Minho a partir da Galiza.

Houve uma grande contenda nos arredores de Barcelos, em que os portugueses forma
derrotados e muitos foram feitos prisioneiros, incluindo D. Nuno Gonçalves, o alcaide-mor do
castelo.

D. Nuno tinha receio que o filho, D. Gonçalo, entregasse o castelo em troca da sua vida.
Pensou num estratagema, e pediu que o levassem aos muros do castelo, dizendo que iria pedir
ao filho para entregar o castelo aos castelhanos.

Mas, lá chegados, pediu ao filho que defendesse o castelo até ao fim, mesmo que a custo da
sua vida. Vendo-se traídos, os castelhanos mataram logo D. Nuno e atacaram o castelo.

Mas D. Gonçalo resistiu heroicamente e levou os castelhanos a desistirem da luta. D. Gonçalo


foi mais tarde premiado pelo rei português, graças à sua coragem, mas acabou por pedir a D.
Fernando para abandonar o cargo de alcaide e tornar-se sacerdote.

Lenda de Deu-la-Deu Martins

Em tempos de guerra entre D. Fernando I e D. Henrique de Castela, viveu em Monção Deu-la-


Deu Martins, esposa do capitão-mor da região. Um dia, o exército galego decidiu cercar
Monção, aproveitando a ausência do capitão-mor, A vila lá foi aguentando o cerco, sob o
comando de Deu-la-Deu, mas os mantimentos estavam já a tornar-se escassos…

Foi então que Deu-la-Deu teve uma ideia. Mandou fazer alguns pães com a pouca farinha que
restava, pegou neles, subiu à muralha e atirou-os aos sitiantes, dizendo-lhes que as provisões
eram abundantes na cidade e que, como o cerco durava já há muito, os galegos podiam
precisar daqueles pães. Então o inimigo, cheio de fome e a pensar que o cerco poderia
demorar ainda muito tempo, decidiu retirar para Espanha.

Lenda da Bezerra de Monsanto

Diz-se que, há muitos anos atrás, as tropas romanas cercaram Monsanto durante sete longos
anos. Os habitantes, apesar do sofrimento, nunca se renderam. Ao velho chefe da aldeia,
restava apenas uma filha; os restantes tinham sido mortos pelo inimigo. Por isso, o chefe
queria que a filha fugisse e se pusesse a salvo, algo que ela recusava.

Perante a coragem da filha, o velho decidiu sacrificar o seu último rebanho e reparti-lo com os
habitantes, já que os alimentos escasseavam. Ao aperceberem-se da trágica situação dos
sitiados, os romanos apertaram ainda mais o cerco. Mas a filha do velho chefe teve então uma
ideia. Agarrou na última bezerra que lhes restava e, cheia de coragem, subiu ao cimo das
muralhas.

Gritou então aos romanos que não se iriam render, porque tinham muita comida, e, como
prova, atirou-lhes a bezerra. O cônsul romano, cansado de tantos anos de cerco e perante a
perspetiva de este durar ainda mais, decidiu retirar as suas tropas e regressar a Roma.

Lenda da Mula da Rainha Santa

D. Mafalda era a filha preferida de D. Sancho I e uma jovem e bela princesa. Foi escolhida para
esposa de D. Henrique, herdeiro do trono de Castela, que tinha 12 anos quando se tornou rei.

Mas a mãe de D. Henrique, contrariada com aquele casamento, intercedeu junto do Papa e foi
proferido o divórcio, regressando D. Mafalda a Portugal e retirando-se para o Mosteiro de
Arouca, onde recebeu o hábito de monja.

Quis o destino que D. Mafalda morresse em Rio Tinto, aos 90 anos, durante uma cobrança de
foros e rendas. Os habitantes de Rio Tinto quiseram então que ela fosse lá sepultada, mas os
de Arouca discordavam, já que D. Mafalda lá tinha vivido muitos anos.

Então, alguém se lembrou que D. Mafalda costumava viajar de mula, e sugeriu pôr o caixão em
cima desta. O sítio para onde fosse a mula seria o local de sepultura de D. Mafalda.

Assim se fez. A mula dirigiu-se então ao Mosteiro de Arouca e morreu. O sepulcro de D.


Mafalda foi ali construído, tendo este sido aberto duas vezes no séc. XVII, encontrando-se o
corpo e as vestes incorruptos. Em 1793, o Papa Pio VI confirmou o culto de D. Mafalda, dando-
lhe o título de Beata.

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