Mudanças climáticas e seus impactos na sociedade
Mudanças climáticas e seus impactos na sociedade
Mudanças climáticas e seus impactos na sociedade
sociedade
Prof.ª Ana Carolina Ramos Cordeiro
Descrição
Introdução dos conceitos de efeito estufa, aquecimento global, economia de baixo carbono e demais
fatores que impactam as mudanças climáticas.
Propósito
Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
Os acordos climáticos
Módulo 3
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Introdução
A mudança climática é um tema que ganha cada vez mais espaço nos debates relacionados ao futuro da
sociedade, representando um grande desafio para o século XXI. Sabemos que as temperaturas globais vêm
aumentando e que esse aumento poderá gerar grandes impactos no planeta, modificando o mundo como
conhecemos hoje.
Mas, afinal, é possível reverter esse processo? O que ocorrerá com o meio ambiente e a sociedade nas
próximas décadas?
Para responder a essas questões, apresentaremos neste conteúdo a origem desse debate, apontando os
estudos já realizados a respeito do assunto e os acordos climáticos entre as nações, além de seus
possíveis impactos na sociedade.
Conceito
O efeito estufa é um fenômeno natural e necessário para a preservação da vida na Terra, pois mantém o
planeta aquecido e habitável ao permitir que parte da radiação solar refletida de volta para o espaço seja
absorvida pelo planeta.
Desde a Revolução Industrial, o homem vem aumentando a concentração de GEE por meio de suas
emissões. Segundo Fortin (2017), isso se traduz no aumento contínuo da temperatura global em 1°C desde
a era pré-industrial.
Existem alguns vínculos científicos básicos já estabelecidos, segundo as Nações Unidas Brasil (2020a):
Papel
É preciso compreender de que maneira podemos controlar ou amenizar os efeitos das mudanças
climáticas. Para isso, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) foi criado em 1988 pela
Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA).
O estabelecimento do IPCC foi aprovado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
no mesmo ano. Ele é uma organização dos governos que compõem as Nações Unidas, possuindo
atualmente 195 membros.
Seu papel é avaliar, de maneira abrangente, objetiva, aberta e transparente, as informações científicas,
técnicas e socioeconômicas relevantes para a compreensão das mudanças climáticas, seus impactos e
riscos futuros, bem como as opções para sua mitigação e adaptação.
Mitigação
Intervenção humana para reduzir as emissões por fontes de gases de efeito estufa e fortalecer as remoções
por sumidouros de carbono, como florestas e oceanos.
Adaptação
Estratégia de resposta de qualquer sistema à mudança do clima no esforço para prevenir-se contra possíveis
danos e explorar eventuais oportunidades benéficas. Diferentemente da mitigação, os benefícios resultantes
dessa série de ajustes são locais e de curto prazo.
Relatório de avaliação
Proposta
Centenas de especialistas renomados nas diferentes áreas cobertas pelos relatórios do IPCC avaliam os
milhares de artigos científicos publicados a cada ano. O objetivo dessa avaliação é fornecer um resumo
abrangente do que se sabe sobre os fatores que impulsionam as mudanças climáticas, assim como seus
impactos e riscos futuros, apontando ainda formas de se adaptar e mitigar esses impactos.
Desde a criação do IPCC, cada relatório de avaliação tem contribuído diretamente para a formulação
internacional de políticas climáticas. Estabeleceremos a seguir um histórico sobre os principais relatórios,
descrevendo em seguida suas principais características e aplicações.
1990
Primeiro Relatório de Avaliação (FAR)
Destacou a importância das mudanças climáticas como um desafio com consequências
globais e exigiu uma cooperação internacional.
O UNFCCC é o principal tratado internacional para reduzir o aquecimento global e lidar com as
consequências das mudanças climáticas.
1995
Segundo Relatório de Avaliação (SAR)
O SAR f t i li t t d ã d
O SAR forneceu material importante para que os governos se preparassem para a adoção do
Protocolo de Quioto dois anos depois.
2001
Terceiro Relatório de Avaliação (TAR)
Concentrou a atenção nos impactos das mudanças climáticas e na necessidade de
adaptação.
Neste mesmo ano, o IPCC e o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, receberam o Prêmio Nobel da
Paz em conjunto pelos esforços para desenvolver e disseminar um maior conhecimento sobre as mudanças
climáticas provocadas pelo homem, além de estabelecer as bases para as medidas necessárias a fim de
combater tal mudança.
Um dos pontos que podemos destacar do AR4 é a apresentação dos diferentes GEE. Os dois principais,
nesta ordem, são:
CO2
Dióxido de carbono (CO2)
Entre as origens antrópicas das emissões de dióxido de carbono, destacam-se a combustão de
combustíveis fósseis e a mudança no uso da terra (incluindo o desmatamento e o cultivo de áreas antes
não exploradas, pois, ao ará-la, o CO2 do solo é liberado).
CH4
Metano (CH4)
Entre suas origens antrópicas, destacam-se a agricultura (por exemplo, o cultivo de arroz), a criação de gado
(a digestão do gado também gera emissões de metano) e, finalmente, os resíduos, cuja decomposição
produz, quando deixada ao ar livre, metano.
Cultivo de arroz
Combustíveis inundado, pecuária, Fertilizantes, R
Principal fonte
fósseis, combustíveis conversão do uso a
antrópica
desflorestamento fósseis, queima de da terra in
biomassa
Tempo de vida na
50-200 anos 10 anos 150 anos 6
atmosfera
Gás carbônico Óxido nitroso C
Metano (CH4)
(CO2) (N2O) (
Contribuição
relativa ao efeito 60% 15% 5% 1
estufa antrópico
Adaptada do AR4, veja a seguir algumas das principais tecnologias e práticas de mitigação das mudanças
climáticas em diferentes setores. Vamos conferi-las!
Uso de fontes de energia renováveis (energia hidrelétrica, solar, eólica, geotérmica e bioenergia);
Energia renovável avançada, incluindo energia de marés e ondas e energia solar fotovoltaica.
Transporte expand_more
Biocombustíveis;
Veículos elétricos e híbridos avançados com baterias com alta capacidade de armazenamento.
Fogões aprimorados.
Indústria expand_more
Agricultura expand_more
Aprimoramento de técnicas de cultivo de arroz e cuidado com animais e estrume para reduzir as
emissões de metano;
Florestas expand_more
Reflorestamento;
Redução do desmatamento;
Para reduzir as emissões de metano dos aterros, pode-se explorar o processo natural de oxidação
microbiana do metano por meio de coberturas. Chamadas de “biocobertas”, elas são muitas vezes
compostas por materiais residuais, como os adubos.
Importante deixar claro que esses são apenas exemplos, não existe uma ordem preferencial de setores ou
de tecnologias.
device_thermostat
A mudança climática é real.
people
As atividades humanas são sua principal causa.
O relatório fornece ainda uma avaliação abrangente do aumento do nível do mar nas últimas décadas. Além
disso, os estudos apresentados também estimam as emissões acumuladas de CO2 desde a época pré-
Com isso, o AR5 busca limitar o aquecimento global a menos de 2oC. Cerca de metade desse valor máximo
já foi emitido até 2011.
Comentário
Sabe-se, a partir dos relatórios do IPCC, que, de 1880 a 2012, a temperatura média global aumentou 0,85oC.
Além disso, os oceanos se aqueceram, as quantidades de neve e gelo diminuíram e o nível do mar
aumentou. De 1901 a 2010, à medida que os oceanos se expandiam devido ao aquecimento e ao
derretimento do gelo, a média global do nível do mar subiu 19cm. A extensão do gelo marinho no Ártico vem
diminuindo desde a década de 1980.
Dadas as concentrações atuais e as emissões contínuas de GEE, é provável que o final deste século
registre um aumento de 1 a 2oC na temperatura média global acima do nível de 1990 (cerca de 1,5 a 2,5oC
superior ao nível pré-industrial). Com isso, os oceanos do mundo se aquecerão e o derretimento do gelo
continuará.
Há evidências alarmantes de que pontos críticos cruciais podem já ter sido alcançados ou ultrapassados,
levando a mudanças irreversíveis nos principais ecossistemas e no sistema climático planetário.
Ecossistemas tão diversos quanto o da Floresta Amazônica e a tundra ártica podem estar se
aproximando de limiares de mudança dramática.
limitá-lo a 1,5oC exigiria mudanças rápidas, profundas e sem precedentes em todos os aspectos da
sociedade.
O SR15 constatou que essa limitação poderia garantir uma sociedade mais
sustentável e equitativa. Enquanto as estimativas anteriores se concentravam em
estipular os danos se as temperaturas médias subissem 2oC, o relatório mostrou
que muitos dos impactos adversos das mudanças climáticas já surgirão na marca
de 1,5oC.
São destacados ainda impactos das mudanças climáticas que poderiam ser evitados ao se limitar o
aquecimento global a 1,5oC ao invés de 2oC ou mais. Estima-se que as atividades humanas tenham
Os modelos climáticos projetam diferenças robustas nas características climáticas regionais entre o
aquecimento atual e o global de 1,5oC, assim como as existentes entre 1,5oC e 2oC, incluindo as
disparidades em relação aos aumentos na temperatura média na maioria das regiões terrestres e
oceânicas.
Em uma projeção para o ano de 2100, por exemplo, a elevação global do nível do mar seria 10cm mais baixa
com um aquecimento global de 1,5oC se comparada com o de 2oC. Já os recifes de corais declinariam de
70% a 90% com o aquecimento de 1,5oC, enquanto praticamente todos seriam perdidos com um aumento
de 2oC.
O relatório conclui que limitar o aquecimento global a 1,5oC exigiria transições rápidas na terra, na energia,
na indústria, nos edifícios, nos transportes e nas cidades.
Por fim, o SR15 também destacava que as emissões globais líquidas de dióxido de carbono (CO2) causadas
pelo homem precisam, até 2030, cair cerca de 45% em relação aos níveis de 2010, atingindo o “zero líquido”
por volta de 2050. Isso significa que quaisquer emissões remanescentes precisariam ser equilibradas pela
remoção do CO2 da atmosfera.
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O SR15
Confira agora mais detalhes sobre o SR15.
Atualmente: sexto ciclo de avaliação
Ainda em gestação, este ciclo vai preparar:
Um relatório de metodologia.
Relatórios especiais
Primeiro desses relatórios especiais, o SR15, conforme frisamos, foi solicitado pelos governos participantes do
Acordo de Paris.
Composição
O IPCC é dividido em três grupos de trabalho e uma força-tarefa. Cada um deles lida com:
Grupo de trabalho I
Base das ciências físicas das mudanças climáticas.
Grupo de trabalho II
Impactos das mudanças climáticas, a adaptação e a vulnerabilidade.
Grupo de trabalho III
Mitigação das mudanças climáticas.
Força-tarefa
Desenvolvimento e refinamento de uma metodologia para o cálculo e o relatório das
emissões e remoções nacionais de GEE.
Com os grupos de trabalho e a força-tarefa, outros grupos de tarefas podem ser estabelecidos pelo IPCC
por um período determinado para considerar um tópico ou uma pergunta específica.
Exemplo
A decisão tomada na 47ª Sessão do IPCC, em Paris, em março de 2018, estabelece um grupo de tarefas
para melhorar o equilíbrio de gênero e abordar questões relacionadas a gênero.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em 1988, foi aprovada a criação do IPCC pela Assembleia Geral da ONU. Seu principal papel consiste
em:
Identificar quais estudos sobre os GEE devem ser considerados relevantes pelos
B
governos (federais, estudais ou municipais).
Determinar o papel de cada país no combate às mudanças climáticas nos próximos
C
anos.
Promover encontros e debates para que haja uma visão mais ampla sobre as mudanças
D
climáticas.
Questão 2
Desde sua criação, os relatórios de avaliação do IPCC têm contribuído positivamente para o
desenvolvimento sustentável por meio da formulação de políticas climáticas. Sobre o tema, podemos
afirmar que:
O Terceiro Relatório de Avaliação (TAR), em 2001, teve por foco o debate sobre a
A
extinção de animais silvestres.
2 - Os acordos climáticos
Ao fnal deste módulo, você será capaz de identificar os principais
acordos climáticos.
Acordos climáticos
Como vimos anteriormente, a criação do IPCC teve um papel fundamental no estudo do clima. A partir de
seus relatórios, é possível compreender, de forma abrangente, os fatores que impulsionam as mudanças
climáticas. Além de apontar seus impactos e riscos futuros, eles mostravam formas de se adaptar a eles e
mitigá-los. Ou seja, os relatórios do IPCC desempenharam um papel decisivo nestes acordos:
1992
Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima (UNFCCC).
1997
Protocolo de Quioto.
2015
Acordo de Paris.
1988
Criação do IPCC.
1992
Criação da UNFCC (Rio-92).
1997
Criação do Protocolo de
Quioto.
2002
Adesão do Brasil ao Protocolo
de Quioto.
2005
Protocolo de Quioto entra em
vigor.
2015
Acordo de Paris.
2025
Compromisso brasileiro em
reduzir 37% das emissões
(com base em 2005).
2035
Indicativo brasileiro de reduzir
em 43% as emissões (com
base em 2005).
Para iniciarmos nossos estudos sobre o assunto, falaremos sobre esses acordos e apontaremos os
acontecimentos mais relevantes relacionados a eles. Prepare-se!
Atualmente, a UNFCCC tem uma adesão quase universal. Os 197 países que a ratificaram são chamados de
“partes” da convenção. O objetivo final do tratado é impedir que as ações humanas interfiram, de forma
prejudicial e permanente, no sistema climático do planeta. Foram definidos, dessa forma, compromissos e
obrigações para todas as partes.
O princípio das responsabilidades comuns – ainda que elas sejam diferenciadas – afirma que as partes
devem proteger o sistema climático em benefício das gerações presentes e futuras, tendo como base a
equidade e atuando conforme suas respectivas capacidades.
Os países desenvolvidos que participam da convenção de 1992 devem tomar a
iniciativa no combate à mudança do clima e a seus efeitos, já que eles, tendo em
vista as necessidades específicas dos países em desenvolvimento (em especial, os
particularmente vulneráveis aos efeitos negativos da mudança do clima), foram a
fonte da maior parte das emissões passadas de GEE.
Protocolo de Quioto
Em 11 de dezembro de 1997, foi criado o Protocolo de Quioto, a partir das negociações feitas para
fortalecer a resposta global às mudanças climáticas. No entanto, em decorrência de um complexo processo
de ratificação, ele só entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005. Hoje, 192 países são considerados partes
desse protocolo.
O Protocolo de Quioto foi ratificado pelo Brasil em 23 de agosto de 2002, tendo sua
aprovação interna ocorrido por meio do Decreto Legislativo nº 144/2002. Da lista
dos principais emissores de GEE, apenas os Estados Unidos não ratificaram o
protocolo, no entanto, ainda assim, têm suas responsabilidades e obrigações
definidas pela UNFCCC.
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Adotem políticas e medidas de mitigação.
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Apresentem relatórios periodicamente.
O Protocolo de Quioto é baseado nos princípios e nas disposições da convenção, embora seu diferencial
esteja na interligação dos países desenvolvidos e no destaque ao princípio mencionado anteriormente de
“responsabilidade comum, mas diferenciada”. Afinal, esses países são reconhecidos como os principais
responsáveis pelos altos níveis atuais de emissões de GEE na atmosfera.
Os países que fazem parte do Protocolo de Quioto devem atingir suas metas, principalmente por meio de
medidas nacionais. Ele também estabeleceu um rigoroso sistema de monitoramento, revisão e verificação
para garantir a transparência e poder responsabilizar as partes.
De acordo com o protocolo, as emissões reais dos países devem ser monitoradas, assim como registros
precisos dos negócios realizados precisam ser mantidos. Garantindo o cumprimento de regras por
intermédio da natureza legal ou de uma auditoria interna, o sistema de compliance assegura que as partes
vão cumprir seus compromissos e as ajuda, caso tenham problemas no processo, a fazer isso.
Acordo de Paris
Na 21a Conferência das Partes (COP21), em Paris, os membros participantes da UNFCCC chegaram a um
acordo significativo para combater as mudanças climáticas, bem como para acelerar e intensificar ações e
investimentos necessários para um futuro sustentável de baixo carbono.
Assinado por 195 dos países do mundo na COP21, o Acordo Climático de Paris de 2015 merece ser
destacado, já que ele constitui um marco da crescente preocupação com as mudanças climáticas.
Também baseado na UNFCCC, o Acordo de Paris busca empreender esforços para combater as mudanças
climáticas e se adaptar a seus efeitos, oferecendo ainda um apoio aos países em desenvolvimento para que
façam o mesmo. Com isso, o tratado indicou um novo rumo no esforço global para deter tais mudanças.
No dia 22 de abril de 2016, 175 países assinaram o Acordo de Paris na sede das Nações Unidas, em Nova
Iorque. Para que começasse a vigorar, foi necessária a ratificação de, pelo menos, 55 nações responsáveis
por 55% das emissões de GEE.
O período aberto pelo secretário-geral da ONU para a assinatura oficial do acordo pelos países signatários
se encerrou em 21 de abril de 2017. No entanto, em 1º de junho do mesmo ano, os Estados Unidos
anunciaram sua saída. O presidente Donald Trump alegou que o Acordo de Paris deixava o país em
desvantagem em relação a outras nações.
Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC)
Outra questão-chave na busca pela redução nas emissões de GEE foi estabelecida no Acordo de Paris: a
chamada Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que define os compromissos dos países na
redução das emissões de GEE.
Atenção!
As NDCs estão no cerne do Acordo de Paris e da realização desses objetivos a longo prazo, incorporando os
esforços de cada país para reduzir as emissões nacionais e se adaptar aos impactos das mudanças
climáticas.
O Acordo de Paris exige que cada parte prepare, comunique e mantenha sucessivas NDCs. As partes devem
adotar medidas domésticas de mitigação para alcançar tais contribuições. Cada plano climático leva em
consideração as circunstâncias e capacidades domésticas dos países.
No caso brasileiro, após a aprovação pelo Congresso Nacional, o país concluiu, em setembro de 2016, o
processo de ratificação do Acordo de Paris. No dia 21 do mesmo mês, o instrumento foi entregue às
Nações Unidas. Com isso, as metas brasileiras deixaram de ser pretendidas, tornando-se finalmente
compromissos oficiais.
Comentário
A NDC do Brasil comprometeu-se a fazer com que, até 2025, as emissões de GEE sejam 37% menores que
as registradas em 2005.
Existe ainda uma contribuição indicativa subsequente para reduzi-las, cinco anos depois, em 43% (também
em relação a 2005). Para isso, até 2030, o país terá de:
Alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética.
Relativa ao ano de 2005, a NDC do Brasil projeta uma redução na ordem de:
66%: Em emissões de GEE por unidade do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, intensidade de emissões,
em 2025.
Quanto ao financiamento, o Acordo de Paris determina que os países desenvolvidos deverão investir 100
bilhões de dólares por ano em medidas de combate à mudança do clima e adaptação nos países em
desenvolvimento. Uma novidade no âmbito do apoio financeiro é a possibilidade de financiamento entre
países em desenvolvimento. A chamada “cooperação Sul-Sul” amplia a base de financiadores dos projetos.
public
Formalizar o processo de desenvolvimento de
contribuições nacionais.
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Oferecer requisitos obrigatórios para avaliar e
revisar o progresso delas.
Esse mecanismo exige que os países atualizem continuamente seus compromissos, permitindo a
ampliação de suas ambições e o aumento das metas de redução de emissões, evitando, assim, qualquer
retrocesso. A partir do início da vigência do acordo, haverá ciclos de revisão desses objetivos de redução de
GEE a cada cinco anos.
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Contribuição Nacionalmente Determinada
Confira agora aspectos importantes sobre a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Tratado ambiental internacional assinado em 1992, a UNFCCC tem como objetivo estabilizar as
concentrações de GEE na atmosfera em um nível que impeça uma interferência humana perigosa no
sistema climático. Sobre este tratado, é correto afirmar que:
A UFNCCC não difere a participação dos países de acordo com suas capacidades e
C
condições socioeconômicas, na proposta por amenização de mudanças climáticas.
Em 2015, o Acordo de Paris foi aceito por 195 dos países na COP21, assumindo os compromissos de:
Exemplo
Não podemos atribuir todas as tempestades, as inundações ou os períodos de secas como consequências
de mudanças climáticas, uma vez que esses eventos já existiam.
No entanto, o aumento da frequência desses eventos extremos pode ser lido como um sintoma de um
sistema climático em mudança. Por exemplo, já existe conhecimento de que o aumento do nível do mar tem
relação com a expansão do oceano, causada pelo aquecimento global e pela aceleração dos degelos nos
polos.
Conforme aponta Fortin (2017), já estamos observando algumas consequências das mudanças climáticas,
mas a maioria delas ocorrerá durante a segunda metade do século XXI. A continuidade das emissões de
GEE nos padrões atuais causará mais aquecimento e mudanças em todos os componentes do sistema
climático, aumentando a probabilidade de impactos graves, generalizados e irreversíveis para as pessoas e
os ecossistemas.
Para amenizar as mudanças climáticas, é necessário alcançar reduções substanciais e sustentadas nas
emissões de GEE, de modo a gerar um processo de adaptação capaz de limitar os riscos de tais mudanças
climáticas. Segundo os cenários de projeção, caso não ocorram mudanças nos padrões atuais,
assistiremos a uma elevação da temperatura da superfície ao longo de todo século XXI.
Dividiremos os impactos ocasionados pela mudança climática em cinco dimensões. Além de descrevê-las,
destacaremos, tendo como base o trabalho de Fortin (2017), alguns exemplos de problemas possivelmente
ocasionados por essas mudanças no clima.
Biodiversidade
Recursos hídricos
Agricultura e
segurança alimentar
Infraestrutura
Migração
Biodiversidade
Diversas espécies não serão capazes de sobreviver às mudanças climáticas. Como resultado, algumas
delas entrarão em extinção, já que não suportarão as alterações de temperatura ou o estresse hídrico.
A biodiversidade não indica apenas o número de espécies, mas também a natureza das interações entre
elas. Desse modo, torna-se difícil avaliar o impacto das mudanças climáticas sobre as espécies que estão
sendo indiretamente afetadas.
Estima-se que cerca de 25% das espécies estarão ameaçadas pelas mudanças climáticas se nada for
alterado em nossas taxas de emissão atuais.
Recursos hídricos
Muitas regiões ao redor do mundo enfrentam problemas de acesso à água potável, a qual não é um recurso
universal.
As mudanças climáticas tornam o problema de acesso a este e demais recursos hídricos ainda mais
evidente, pois reforça as desigualdades como consequência, por exemplo, de um aumento dos períodos de
secas em determinadas regiões.
Com o aumento da escassez desses recursos, é possível prever um cenário composto por conflitos entre
populações e intensos movimentos migratórios.
Países desenvolvidos localizados em zonas temperadas possuem, em geral, maior capacidade técnica e
econômica para acomodar seus sistemas às adversidades provenientes de tais mudanças.
Contudo, esse grau de capacitação não é uma realidade comum para os países em desenvolvimento.
Consequentemente, existe forte risco de deterioração significativa em seus rendimentos agrícolas, que
podem resultar em:
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Aumento da insegurança alimentar, desnutrição e fome, uma vez que a economia de muitos desses países é
fortemente dependente da agricultura.
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Aumento dos preços de produtos agrícolas, como resultado de prolongados períodos de seca advindos de
mudanças de temperatura.
Assim, uma parcela ainda maior da população poderá enfrentar dificuldades de acesso a uma cesta
alimentar adequada.
Infraestrutura
É importante destacarmos os eventuais danos à infraestrutura causados por mudanças climáticas. Eventos
ambientais extremos, como deslizamentos de terra e enchentes, podem gerar consequências:
Imediatas
Lentas
Migração
O aumento do nível do mar estimulará deslocamentos massivos de populações de:
Lugares ermos
Como as ilhas do Pacífico, que correm o risco de desaparecer.
Cidades costeiras
Como o Rio de Janeiro, que não é capaz de adaptar sua infraestrutura à elevação do nível do mar.
Além disso, outros problemas também podem motivar movimentos migratórios, como a falta de acesso à
água potável e as dificuldades com a agricultura, levando à perda da segurança alimentar.
Desse modo, a adaptação e a mitigação das mudanças climáticas são estratégias interessantes para
reduzir e gerenciar os riscos dessas transformações no clima.
Diminuir os riscos
climáticos no século
XXI.
Aumentar as
perspectivas de
adaptação.
Conduzir ao
desenvolvimento
sustentável.
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Migração
Confira agora mais detalhes sobre alguns impactos do aquecimento global relacionados à migração.
Como já mencionamos anteriormente, a mitigação é uma das estratégias de resposta à mudança do clima
por meio da redução de emissões. Seus benefícios são globais e de longo prazo.
A redução de emissões de GEE requer uma ação conjunta que, em uma escala nunca vista, precisa envolver:
gavel
Governo
people
Sociedade civil
bolt
Indústria de energia
Quanto ao Brasil, a contribuição mais efetiva para a mitigação da mudança do clima está relacionada à
redução de emissões por desmatamento, atividade responsável por grande parte das emissões no país.
Exemplo
Podemos citar como iniciativa para mitigação o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do
Desmatamento na Amazônia Legal, criado em 2004.
Tabela: Emissões anuais de GEE para o Brasil por setor em gigagrama (Gg) de CO2 equivalente.
Adaptado de UNFCCC, 2020d.
No setor de agricultura, a mitigação pode ser alcançada por meio de práticas de plantio direto, evitando a
liberação de dióxido de carbono pelo solo. Além disso, uma agricultura menos intensa no uso de
fertilizantes nitrogenados, responsáveis por emissões de óxido nitroso, também é uma alternativa para o
setor.
Curiosidade
Em 2017, o setor de transportes foi responsável por 23% da quantidade total de emissões de CO2 em todo o
mundo. Sua mitigação de GEE está relacionada não somente à escolha de combustíveis alternativos, como
o etanol e o biodiesel, mas também à melhoria da eficiência energética. A eletrificação dos transportes
também é uma alternativa que vem ganhando destaque, já que os veículos elétricos podem utilizar a energia
elétrica proveniente de fontes renováveis, tendo uma maior eficiência energética.
Voltaremos a falar agora sobre a adaptação. Seu conceito está estreitamente vinculado ao de
vulnerabilidade, que é o grau de suscetibilidade e incapacidade de um sistema em lidar com os efeitos da
mudança do clima.
No contexto do Brasil, as medidas de adaptação são normalmente implementadas como uma resposta à
ocorrência de eventos extremos (naturais ou não). Listaremos a seguir alguns exemplos de medidas de
adaptação:
Conservação de ecossistemas.
A mitigação e a adaptação levantam questões de equidade e justiça. Afinal, muitos dos países mais
vulneráveis às mudanças climáticas contribuíram – e ainda contribuem – pouco para as emissões de GEE.
A mitigação eficaz não será alcançada se os agentes individuais promoverem os próprios interesses de
forma independente. A eficácia na adaptação a essas mudanças climáticas pode ser aprimorada por meio
de ações complementares em todos os níveis. Respostas cooperativas, incluindo a cooperação
internacional, são necessárias para mitigar efetivamente as emissões de GEE. É o caso dos acordos
internacionais que estudamos anteriormente.
Comentário
Além desses acordos, podemos destacar também o papel da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento
Sustentável como uma forma de atuação conjunta para mitigar tais efeitos. Afinal, a mudança climática é
uma ameaça ao desenvolvimento sustentável.
Desenvolvimento sustentável
Em 2015, todos os 193 estados membros das Nações Unidas concordaram com as diretrizes da Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que reúne um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) e 169 metas como desdobramentos desses objetivos.
Entre esses objetivos, nota-se a importância da mitigação das mudanças climáticas para a trajetória até o
desenvolvimento sustentável, tanto de forma direta, como veremos no ODS 13, quanto de forma indireta,
como ocorre, por exemplo, nos ODS 2, 14 e 15.
Além do ODS 13, outros objetivos estão relacionados às mudanças climáticas, como estes presentes nas
ODS 2, 14 e 15 (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2020b, 2020d, 2020e):
Tais objetivos estão indiretamente relacionados ao combate às mudanças climáticas, já que, como vimos
ao longo deste estudo, essas transformações no clima trazem riscos à segurança alimentar e à
conservação dos oceanos e da vida terrestre. Logo, combater a mudança climática tem uma relação direta
com a busca pelo desenvolvimento sustentável.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Os impactos ocasionados pelas mudanças climáticas podem ser divididos em cinco dimensões:
biodiversidade, recursos hídricos, agricultura e segurança alimentar, infraestrutura e migração. Com
relação à dimensão da agricultura e segurança alimentar, podemos afirmar que:
Países desenvolvidos não têm capacidade técnica nem econômica para se adaptar a
B
esse nível de mudanças.
C As altas temperaturas poderão causar grandes secas que afetarão a produção agrícola.
Questão 2
Sobre o ODS 13, assinale a alternativa que corresponde a um desafio da sociedade frente às mudanças
climáticas presente nesse objetivo.
Criação de um fundo para que países em desenvolvimento transfiram recursos para os
A
desenvolvidos a fim de combater as transformações climáticas nessas regiões.
Tomar ações para que ocorra integração das medidas de combate às mudanças
D
climáticas com planejamentos nacionais, estratégicos e políticos.
Considerações finais
Ao longo deste estudo, vimos que as mudanças climáticas podem gerar grandes impactos nas sociedades
e no próprio meio ambiente. Grandes esforços, portanto, precisam ser realizados conjuntamente em prol da
mitigação das emissões de GEE.
A cooperação entre países é necessária, já que o aumento da temperatura global gera impactos em todas
as sociedades. A adoção de políticas para minimizar a mudança do clima pode não reverter alguns
impactos já ocasionados, como o aumento do nível do mar e da incidência de eventos extremos, mas deve
contribuir para a mitigação dos impactos ainda mais profundos que poderão ocorrer ao longo do século XXI.
headset
Podcast
Para encerrar, ouça o podcast e conheça um pouco mais sobre o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas e as suas ações.
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Para saber mais sobre a mudança climática hoje pelo mundo, pesquise na internet e conheça o Climate
Action Tracker (CAT).
Trata-se de uma plataforma independente que rastreia a ação climática dos governos, fornecendo uma
análise aos formuladores de política. Isso é feito a partir da colaboração de duas organizações: Climate
Analytics e New Climate Institute. O CAT quantifica e avalia os compromissos de mitigação das mudanças
climáticas e identifica se os países estão no caminho certo para cumpri-los.
Referências
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