MODELAGEM NUMÉRICA DE VIGAS MISTAS AÇO-CONCRETO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL

LILIANE DO ROCIO MARCONCIN

MODELAGEM NUMÉRICA DE VIGAS MISTAS AÇO-CONCRETO

CURITIBA
2008
LILIANE DO ROCIO MARCONCIN

MODELAGEM NUMÉRICA DE VIGAS MISTAS AÇO-CONCRETO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós


Graduação em Construção Civil, Departamento de
Construção Civil, Setor de Tecnologia,
Universidade Federal do Paraná, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Construção Civil.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Dalledone Machado


Co-orientador: Prof. Dr. Marcos Antonio Marino

CURITIBA
2008
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida.


Ao Dr. Rodrigo de Azevêdo Neves pela amizade, incentivo e orientação no
início do mestrado.
Ao meu orientador Dr. Roberto Machado Dalledone, por todo o ensinamento
transmitido e orientação no desenvolvimento deste trabalho.
Ao Dr. Marcos Antonio Marino, por ter aceitado o convite de co-orientação
deste trabalho.
Aos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil e em Métodos
Numéricos em Engenharia da Universidade Federal do Paraná pela oportunidade e
contribuição à formação científica e pessoal.
A CAPES, pelo apoio financeiro.
A todos os professores pelo embasamento teórico e incentivo.
As secretárias Ziza e Maristela, pelos ótimos serviços prestados.
Aos colegas Fábio Alceu e Mário Sérgio, pelas tardes de estudo na biblioteca
e momentos de descontração.
Ao Márcio Burigo pela amizade, companhia nas aulas e nas tardes de espera
por orientação.
Ao João Gabriel, pelos momentos de estudo.
Aos colegas Emílio e Felipe, pelas dicas de uso do ANSYS.
Aos meus queridos pais Amauri e Maria do Rocio pela minha formação moral
e apoio em todos os momentos de minha vida.
As minhas irmãs, Solange e Elizete, pelo incentivo e motivação.
Ao Alexandre Mikio, pela consultoria em informática.
A todos que direta ou indiretamente apoiaram a conclusão deste curso.
RESUMO

As vigas mistas aço-concreto são constituídas pela associação de um perfil metálico


com uma laje de concreto, ligados entre si por conectores de cisalhamento, visando
aproveitar as vantagens estruturais dos materiais. Nesse contexto, este trabalho
procurou verificar a influência do número, diâmetro e altura dos conectores de
cisalhamento, no comportamento estrutural de vigas mistas, através de modelagem
numérica, comparando os resultados obtidos com os previstos por norma. Para isso,
adotaram-se modelos tridimensionais de vigas mistas simplesmente apoiadas, com
laje plana, interação completa e conectores de cisalhamento do tipo pino com
cabeça, sujeitas a dois tipos de carregamentos: concentrado no meio do vão e
uniformemente distribuído entre os apoios. As simulações foram realizadas no
software ANSYS versão 10.0, que tem como base o Método de Elementos Finitos.
Os resultados obtidos foram comparados com referências encontradas na revisão
bibliográfica, verificando-se que a modelagem numérica é uma ferramenta válida
para a análise de vigas mistas aço-concreto.

Palavras-Chave: Vigas Mistas. Modelagem Numérica. Elementos Finitos (EF).


Conectores de Cisalhamento.
ABSTRACT

Steel-concrete composite beams are constituted by the association of a steel profile


with a concrete slab, connected by means of shear connectors, providing better
management of each structural material. In this context, the propose of this work is to
verify the influence of the number, diameter and height of the shear connectors, on
the structural behavior of composite beams, by numerical modeling, and comparing
numerical results with those provided by Standards. For this purpose three-
dimensional models of simply supported composite beam with plain faces, complete
shear connection and stud bolt shear connectors were adopted. The beams were
subject to a midspan point load and uniformly distributed loads. Simulations had
been carried out by means of the ANSYS software, version 10.0, based on the Finite
Element Method. Results were compared with references found in the literature.
Reported results demonstrate that the numerical approach is a valid tool to analyze
the behavior of steel-concrete composite beams.

Key words: Composite Beams. Numerical Modeling. Finite Element (FE). Shear
Connectors.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – LAJE MISTA AÇO-CONCRETO .................................................................... 23


FIGURA 2.2 – LIGAÇÕES MISTAS ...................................................................................... 24
FIGURA 2.3 – SEÇÕES TRANSVERSAIS TÍPICAS DE PILARES MISTOS ........................ 25
FIGURA 2.4 – VIGAS MISTAS COM LAJE MACIÇA ............................................................ 27
FIGURA 2.5 – VIGAS MISTAS FLETIDAS ........................................................................... 28
FIGURA 2.6 – ALTURA MÍNIMA DOS CONECTORES TIPO PINO COM CABEÇA............. 29
FIGURA 2.7 – RELAÇÃO FORÇA X DESLOCAMENTO NOS CONECTORES DE
CISALHAMENTO .......................................................................................... 29
FIGURA 2.8 – TIPOS USUAIS DE CONECTORES.............................................................. 30
FIGURA 2.9 – TRANSFERÊNCIA DE FORÇAS DE CISALHAMENTO LONGITUDINAL E
DEFORMAÇÃO DO CONECTOR TIPO PINO COM CABEÇA...................... 31
FIGURA 2.10 – TIPOS DE FISSURAÇÃO NA LAJE DEVIDO À FORÇA CONCENTRADA ... 32
FIGURA 2.11 – DISPOSIÇÃO DAS ARMADURAS TRANSVERSAIS (ADICIONAIS) NA
LAJE DE CONCRETO................................................................................... 33
FIGURA 2.12 – EQUILÍBRIO LONGITUDINAL DE FORÇAS ................................................. 34
FIGURA 2.13 – INTERAÇÃO AÇO-CONCRETO.................................................................... 36
FIGURA 2.14 – VIGAS MISTAS ESCORADAS ...................................................................... 37
FIGURA 2.15 – VIGAS MISTAS NÃO ESCORADAS.............................................................. 38
FIGURA 2.16 – VIGA MISTA PROPOSTA ............................................................................. 40
FIGURA 2.17 – ELEMENTO MISTO....................................................................................... 41
FIGURA 2.18 – MODELO CINEMÁTICO DE NEWMARK....................................................... 47
FIGURA 2.19 – ELEMENTO FINITO ...................................................................................... 50
FIGURA 2.20 – FLAMBAGEM LOCAL E TORSIONAL DE VIGA MISTA EM FLEXÃO
NEGATIVA .................................................................................................... 52
FIGURA 3.1 – DIMENSÕES (MM) DOS MODELOS SIMULADOS....................................... 56
FIGURA 3.2 – ELEMENTO SOLID 65 .................................................................................. 58
FIGURA 3.3 – ELEMENTO SHELL 43.................................................................................. 59
FIGURA 3.4 – ELEMENTO BEAM 189 ................................................................................. 59
FIGURA 3.5 – ELEMENTO TARGE 170 E CONTA 173 ....................................................... 60
FIGURA 3.6 – MODELO CONSTITUTIVO PARA O AÇO DO PERFIL ................................. 63
FIGURA 3.7 – MODELO CONSTITUTIVO PARA O AÇO DOS CONECTORES .................. 63
FIGURA 3.8 – MODELO CONSTITUTIVO PARA O AÇO DA ARMADURA.......................... 64
FIGURA 3.9 – MODELO CONSTITUTIVO PARA O CONCRETO ........................................ 65
FIGURA 3.10 – DISCRETIZAÇÃO DO CONECTOR DE CISALHAMENTO............................ 68
FIGURA 3.11 – DISCRETIZAÇÃO DA LAJE DE CONCRETO E DA VIGA DE AÇO .............. 69
FIGURA 3.12 – MALHA DE ELEMENTOS FINITOS............................................................... 70
FIGURA 3.13 – ACOPLAMENTO ENTRE OS ELEMENTOS ................................................. 70
FIGURA 3.14 – RESTRIÇÃO DOS GRAUS DE LIBERDADE PELA CONDIÇÃO DE
SIMETRIA ..................................................................................................... 71
FIGURA 3.15 – CONDIÇÃO DE SIMETRIA E VINCULAÇÃO NO APOIO .............................. 72
FIGURA 3.16 – CARREGAMENTO DOS MODELOS DESENVOLVIDOS.............................. 73
FIGURA 3.17 – CARREGAMENTO DOS MODELOS EXPERIMENTAIS ............................... 74
FIGURA 4.1 – GRÁFICO FORÇA-DESLOCAMENTO PARA A VIGA A3 ............................. 78
FIGURA 4.2 – GRÁFICO FORÇA-DESLIZAMENTO PARA A VIGA A3................................ 79
FIGURA 4.3 – GRÁFICO FORÇA-DESLOCAMENTO PARA A VIGA U3 ............................. 79
FIGURA 4.4 – GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NORMAIS DA VIGA A3......... 80
FIGURA 4.5 – GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NORMAIS DA VIGA U3 ........ 80
FIGURA 4.6 – TENSÕES DE VON MISES PARA A LAJE DA VIGA A3 ............................... 81
FIGURA 4.7 – TENSÕES DE VON MISES PARA A LAJE DA VIGA U3............................... 82
FIGURA 4.8 – DEFORMAÇÕES NO CONECTOR A 145,83 CM DO CENTRO DA VIGA
A3.................................................................................................................. 83
FIGURA 4.9 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM...... 85
FIGURA 4.10 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM...... 86
FIGURA 4.11 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM...... 87
FIGURA 4.12 – PRIMEIRAS FISSURAS IDENTIFICADAS NOS ELEMENTOS DA LAJE DE
CONCRETO DA VIGA A3 – CARGA DE 106,56 KN ..................................... 88
FIGURA 4.13 – FISSURAS TRANSVERSAIS (DIREÇÃO Z), POR FENDILHAMENTO E
POR CISALHAMENTO NA LAJE DA VIGA A3 – CARGA DE 134,72 KN...... 89
FIGURA 4.14 – FISSURAS PARA O ÚLTIMO PASSO DE CARGA ALCANÇADO PELA
VIGA A3 – CARGA DE 448,64 KN ................................................................ 90
FIGURA 4.15 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM ..... 92
FIGURA 4.16 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM ..... 93
FIGURA 4.17 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM ..... 94
FIGURA 4.18 – PRIMEIRAS FISSURAS IDENTIFICADAS NOS ELEMENTOS DA LAJE DE
CONCRETO DA VIGA U3 – CARGA DE 205,92 KN ..................................... 95
FIGURA 4.19 – FISSURAS TRANSVERSAIS (DIREÇÃO Z), POR FENDILHAMENTO E
POR CISALHAMENTO NA LAJE DA VIGA U3 – CARGA DE 477,38 KN ..... 96
FIGURA 4.20 – FISSURAS PARA O ÚLTIMO PASSO DE CARGA ALCANÇADO PELA
VIGA U3 – CARGA DE 880,94 KN ................................................................ 97
FIGURA 4.21 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM –
NBR 8800...................................................................................................... 99
FIGURA 4.22 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM –
NBR 8800.................................................................................................... 100
FIGURA 4.23 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM –
NBR 8800.................................................................................................... 101
FIGURA 4.24 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM –
NBR 8800.................................................................................................... 103
FIGURA 4.25 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM –
NBR 8800.................................................................................................... 104
FIGURA 4.26 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM –
NBR 8800.................................................................................................... 105
FIGURA 4.27 – GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E
FORÇA X DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES
Ø=16 MM .................................................................................................... 114
FIGURA 4.28– GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E
FORÇA X DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES
Ø=19 MM .................................................................................................... 115
FIGURA 4.29 – GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E
FORÇA X DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES
Ø=22 MM .................................................................................................... 116
FIGURA 4.30 – GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E
FORÇA X DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES
Ø=16 MM .................................................................................................... 118
FIGURA 4.31– GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E
FORÇA X DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES
Ø=19 MM .................................................................................................... 119
FIGURA 4.32 – GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E
FORÇA X DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES
Ø=22 MM .................................................................................................... 120
LISTA DE QUADROS

QUADRO 3.1 – CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ........................ 61


QUADRO 3.2 – PARÂMETROS DO MODELO CONCRETE .................................................. 65
QUADRO 4.1 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM ................. 83
QUADRO 4.2 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM ................. 84
QUADRO 4.3 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM ................. 84
QUADRO 4.4 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM ................. 90
QUADRO 4.5 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM ................. 91
QUADRO 4.6 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM ................. 91
QUADRO 4.7 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM – NBR
8800*............................................................................................................. 98
QUADRO 4.8 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM – NBR
8800*............................................................................................................. 98
QUADRO 4.9 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM – NBR
8800 .............................................................................................................. 98
QUADRO 4.10 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM – NBR
8800*........................................................................................................... 102
QUADRO 4.11 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM – NBR
8800*........................................................................................................... 102
QUADRO 4.12 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM – NBR
8800 ............................................................................................................ 102
QUADRO 4.13 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES
Ø=16MM – NBR 8800*................................................................................ 106
QUADRO 4.14 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES
Ø=19MM – NBR 8800*................................................................................ 106
QUADRO 4.15 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES
Ø=22MM – NBR 8800 ................................................................................. 106
QUADRO 4.16 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES
Ø=16MM – NBR 8800*................................................................................ 107
QUADRO 4.17 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES
Ø=19MM – NBR 8800*................................................................................ 107
QUADRO 4.18 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES
Ø=22MM – NBR 8800 ................................................................................. 107
QUADRO 4.19 – SÍNTESE DOS RESULTADOS PARA AS VIGAS A3 CONSIDERANDO A
INFLUÊNCIA DA ALTURA (H) DOS CONECTORES .................................. 109
QUADRO 4.20 – SÍNTESE DOS RESULTADOS PARA AS VIGAS A3 CONSIDERANDO A
INFLUÊNCIA DO DIÂMETRO (Ø) DOS CONECTORES............................. 110
QUADRO 4.21 – SÍNTESE DOS RESULTADOS PARA A VIGA U3 CONSIDERANDO A
INFLUÊNCIA DA ALTURA (H) DOS CONECTORES .................................. 110
QUADRO 4.22 – SÍNTESE DOS RESULTADOS PARA A VIGA U3 CONSIDERANDO A
INFLUÊNCIA DO DIÂMETRO (Ø) DOS CONECTORES............................. 111
QUADRO 4.23 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS A3 - CONECTORES
Ø=16 MM .................................................................................................... 113
QUADRO 4.24 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS A3 - CONECTORES
Ø=19 MM .................................................................................................... 113
QUADRO 4.25 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS A3 - CONECTORES
Ø=22 MM .................................................................................................... 114
QUADRO 4.26 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS U3 - CONECTORES
Ø=16 MM .................................................................................................... 117
QUADRO 4.27 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS U3 - CONECTORES
Ø=19 MM .................................................................................................... 117
QUADRO 4.28 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA A VIGA U3 - CONECTORES
Ø=22 MM .................................................................................................... 117
LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


AISC - American Institute of Steel Construction
EF - Elementos Finitos
EUROCODE - European Code
LRFD - Load and Resistance Factor Design
MEF - Método dos Elementos Finitos
NBR - Norma Brasileira Registrada
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13
1.1 GENERALIDADES .......................................................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................... 16
2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 16
2.1.1 O USO DO AÇO NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................... 16
2.1.2 O USO DO CONCRETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL........................................................ 19
2.1.3 ESTRUTURAS MISTAS .................................................................................................. 20
2.1.4 LAJES MISTAS ............................................................................................................... 22
2.1.5 LIGAÇÕES MISTAS ........................................................................................................ 23
2.1.6 PILARES MISTOS........................................................................................................... 25
2.1.7 VIGAS MISTAS ............................................................................................................... 26
3 MODELAGEM NUMÉRICA............................................................................................. 55
3.1 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS .......................................................................... 56
3.2 ELEMENTOS FINITOS ADOTADOS NA MODELAGEM NUMÉRICA ............................. 57
3.2.1 ELEMENTO SOLID 65 .................................................................................................... 58
3.2.2 ELEMENTO SHELL 43.................................................................................................... 58
3.2.3 ELEMENTO BEAM 189 ................................................................................................... 59
3.2.4 ELEMENTO TARGE 170 E CONTA 173 ......................................................................... 60
3.3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS................................................................................ 61
3.4 RELAÇÕES CONSTITUTIVAS........................................................................................ 62
3.4.1 AÇO DO PERFIL ............................................................................................................. 62
3.4.2 AÇO DOS CONECTORES .............................................................................................. 63
3.4.3 AÇO DA ARMADURA ..................................................................................................... 64
3.4.4 CONCRETO .................................................................................................................... 64
3.5 CONTATO ENTRE LAJE E VIGA.................................................................................... 66
3.6 DISCRETIZAÇÃO E MALHA DOS ELEMENTOS FINITOS ADOTADOS ........................ 67
3.7 ACOPLAMENTOS E VINCULAÇÕES ............................................................................. 70
3.8 CARREGAMENTO .......................................................................................................... 72
3.9 ANÁLISE NÃO LINEAR ................................................................................................... 74
4 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS .......................................................................................... 76
4.1 RESULTADOS ................................................................................................................ 77
4.1.1 PRIMEIRA ETAPA DE SIMULAÇÕES............................................................................. 78
4.1.2 SEGUNDA ETAPA DE SIMULAÇÕES ............................................................................ 83
4.1.3 TERCEIRA ETAPA DE SIMULAÇÕES............................................................................ 97
4.2 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 108
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 121
5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 121
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................. 123
REFERÊNCIAS... ................................................................................................................... 124
ANEXOS
13

1 INTRODUÇÃO

1.1 GENERALIDADES

Em meados do século passado, procurou-se tirar proveito dos sistemas


construtivos em aço, que apresentam boa resistência à tração, e em concreto, cuja
resistência à compressão é característica fundamental. Pela associação entre
elementos de concreto armado e perfis metálicos nasceram os sistemas mistos.
De uma forma geral, os sistemas mistos aço-concreto envolvem o trabalho
conjunto de elementos de concreto e perfis metálicos, cuja interação pode ser feita
por meios mecânicos (conectores, mossas, ressaltos), por atrito ou por aderência.
As vigas mistas, em particular, são constituídas pela associação de um perfil
metálico (geralmente um perfil “I”), situado em região predominantemente
tracionada, com uma laje de concreto, situada em região predominantemente
comprimida, cuja ligação mecânica é feita por dispositivos metálicos denominados
de conectores de cisalhamento.
As características do aço e do concreto associadas se complementam e,
portanto, do ponto de vista da resistência dos materiais, é possível tirar grande
proveito da seção de aço para resistir aos esforços de tração e do concreto para os
esforços de compressão. Com isso, obtêm-se elementos de elevada rigidez, que
possibilitam uma melhor previsão e concepção de vãos, redução da altura dos
elementos estruturais, de flechas e, conseqüentemente peso, conduzindo a um
projeto com fundações mais leves, gerando ganhos de desempenho e economia.
Além dessas características, os sistemas mistos possibilitam a dispensa de fôrmas e
escoramentos, maior precisão dimensional da construção, pelo caráter
industrializado dos perfis metálicos, e redução das proteções contra incêndio e
corrosão do aço, pela presença e atuação do concreto no sistema misto.
Os primeiros edifícios a lançar mão do sistema misto, no Brasil, foram
construídos na década de 50. Porém, nos últimos 20 anos, com o aquecimento na
produção de aço, observado pela disponibilidade de perfis metálicos no mercado
nacional, a demanda pelo sistema cresceu vertiginosamente.
14

Com isso, abre-se um grande campo de pesquisas, onde vários estudos


poderão ser realizados. A presente dissertação enquadra-se nesse contexto, no
sentido de analisar as vigas mistas numericamente, estudando-as de maneira
aprofundada. A idéia central deste trabalho é modelar vigas mistas através do
código de cálculo ANSYS 10.0, que tem como base o Método dos Elementos Finitos.

1.2 OBJETIVOS

A presente dissertação tem por objetivo principal simular o comportamento


estrutural de vigas mistas aço-concreto, levando-se em consideração a interface
laje-viga, através de modelagem numérica.
Esse objetivo, em termos gerais, equivale a conhecer melhor o
comportamento estrutural (mecânico) das vigas mistas.
Especificamente, pretende-se verificar a influência do número, diâmetro e
altura dos conectores de cisalhamento no comportamento estrutural das vigas
mistas, comparando os resultados obtidos com os previstos por norma e com os de
outras referências encontradas na revisão bibliográfica. Esta verificação será
realizada pela análise do deslizamento longitudinal na interface laje-viga, do
deslocamento vertical no meio do vão (flecha) e da capacidade de carregamento das
vigas mistas.
Os modelos numéricos contemplarão vigas mistas aço-concreto,
simplesmente apoiadas, de alma compacta, com grau de interação total, laje plana
de concreto armado com armadura nas duas direções (transversal e longitudinal),
conectores de cisalhamento do tipo pino com cabeça (stud bolt) e dois tipos de
carregamentos: concentrado no meio do vão e uniformemente distribuído entre os
apoios. Esses modelos também podem ser adotados para análise do
comportamento estrutural de outras configurações de vigas mistas e situações de
carregamento. No entanto, não se podem extrapolar os dados obtidos neste trabalho
para quaisquer outros elementos de estruturas mistas, tais como lajes mistas ou
pilares mistos.
15

Não são considerados nos problemas simulados os efeitos do concreto nas


primeiras idades e a deformação lenta do mesmo, ou seja, os modelos contemplam
o concreto já endurecido. E, ainda, não são levadas em conta nas simulações as
flambagens do perfil metálico.
A contextualização do estudo proposto, cujas generalidades estão descritas
neste capítulo, foi obtida através de uma vasta revisão bibliográfica, cuja
fundamentação teórica é apresentada no Capítulo 2. Embora a pesquise englobe as
características dos materiais isoladamente e das estruturas mistas, o enfoque são as
vigas mistas aço-concreto e suas características, segundo a literatura.
Seqüencialmente, descreve-se no Capítulo 3 o Método dos Elementos
Finitos (MEF) e apresentam-se os aspectos da modelagem das vigas mistas. Dois
modelos de vigas foram considerados, um com carregamento concentrado no meio
do vão e outro com carregamento distribuído uniformemente entre os apoios, ao
longo do vão da viga mista. Para cada um dos modelos foram adotados três valores
de diâmetros e alturas para os conectores de cisalhamento. Alguns dos modelos
simulados adotaram, ainda, a variação no número de conectores.
Posteriormente, o Capítulo 4 expõe os resultados dos modelos numéricos
simulados no aplicativo computacional ANSYS 10.0. Esses resultados também são
comparados com o Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003) e dados
obtidos em outros trabalhos pesquisados e discutidos.
No quinto capítulo estão as conclusões e algumas sugestões para trabalhos
futuros.
Por último são apresentadas as referências utilizadas na concretização da
dissertação e os anexos.
16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1.1 O uso do aço na construção civil

O ferro foi obtido pela primeira vez em civilizações como as do Egito,


Babilônia e Índia, há aproximadamente 6 mil anos e só mais tarde tornou-se o
primeiro material siderúrgico empregado na construção civil. Sua principal utilização
foi na construção de pontes em arcos trabalhando à compressão, fato que ocorreu
no final do século XVIII e início do século XIX. Um marco dessa tecnologia foi a
ponte em Coalbrokdale na Inglaterra, construída em 1779, citada no trabalho de
Bellei et al. (2004) como a primeira obra construída em ferro. Só na metade do
século XIX o ferro fundido foi substituído pelo ferro laminado que oferecia maior
segurança devido a melhoria da qualidade da matéria-prima (VASCONCELLOS,
2005). A indústria chegou a esse material por meio de uma procura constante por
peças de melhores características, o que se deu em função do número de acidentes
que ocorriam nas obras devido às falhas estruturais quando do emprego de
materiais menos resistentes.
O aço, obtido pela fusão do minério de ferro com carvão vegetal, era pouco
utilizado, pois a falta de um processo industrial de fabricação tornava o seu uso
economicamente inviável. Sua aplicação era limitada a utensílios considerados de
importância vital, como as lâminas de espada (METÁLICA TÉCNICA, 2008). No
entanto, de acordo com Dias (2001), em 1856 o inglês Henry Bessemer idealizou um
forno que possibilitava a produção do aço em larga escala com um custo
significativamente menor (por volta de sete vezes menos) do valor que vigorava
antes da implantação do mesmo. Porém verificou-se que este processo só poderia
ser aplicado a minérios com alto teor de ferro. Mais tarde, os irmãos Martin
reformularam o forno de Bessemer. O aço, então, passou a ser produzido a partir da
17

mistura de sucata de ferro e ferro gusa. Segundo Pfeil e Pfeil (2000), este advento,
permitiu a substituição do ferro pelo aço, na construção. Mais tarde, com as
melhorias incorporadas no processo de fabricação do aço, foi possível ampliar a
variedade dos produtos. Foram incorporados aos aços-carbono, manganês, cromo e
níquel, por exemplo, constituindo os aços de classes especiais (DIAS, 2001).
No Brasil, segundo Bellei (2004), o início da fabricação em ferro ocorreu em
1812 e a primeira aplicação do ferro fundido foi a Ponte de Paraíba do Sul, no Rio de
Janeiro, que apresenta cinco vãos de trinta metros e cuja construção data de 1857.
A partir de 1851, em Londres, iniciou-se a era dos grandes edifícios metálicos,
com a construção do Palácio de Cristal (BELLEI et al., 2004). No entanto, a obra
marco da construção de edifícios de múltiplos andares, foi a fábrica de chocolates de
Noisiel-Sur-Name, em 1872, perto de Paris, segundo Bellei et al. (2004). Já no
Brasil, cerca de trinta anos após a construção do Palácio de Cristal de Londres, foi
construído um edifício todo em ferro e vidro, numa praça em Petrópolis, no Rio de
Janeiro (METÁLICA TÉCNICA, 2008).
O avanço da construção metálica se deu a partir da metade do século XX
com o aperfeiçoamento das formas e teorias estruturais, com o aprimoramento das
metalúrgicas e com a invenção da solda elétrica, bem como com o desenvolvimento
de parafusos de alta resistência, contribuindo para a utilização do aço na construção
civil (VASCONCELLOS, 2005).
Do ponto de vista de recomendações normativas, o Brasil caminha alguns
passos atrás de países desenvolvidos. Com o objetivo de fornecer as bases para a
correta aplicação dos critérios de projetos de estruturas metálicas em âmbito
nacional, Pfeil e Pfeil (2000) apresentam em seu trabalho, conceitos teóricos
focalizando a NBR 8800 e referindo-se, em alguns casos, às normas americana
AISC e européias EUROCODE 3 e EUROCODE 4. Os critérios de projeto
apresentados enquadram-se no Método dos Estados Limites. Nesse sentido, para
divulgar a evolução do uso do aço, Dias (2001) explora em seu trabalho os aspectos
arquitetônicos e estruturais de algumas edificações brasileiras da última década. No
trabalho são apresentados diversos exemplos que servem de consulta e orientação
técnica para o entendimento arquitetônico e estrutural de cada obra metálica citada.
Num outro trabalho, Dias (2002) discorre sobre as estruturas metálicas,
procurando estimular e motivar a utilização do aço na construção civil. Aspectos de
produção do aço, sistemas estruturais, projeto e fabricação das estruturas metálicas
18

e os materiais destinados à vedação dos elementos estruturais são abordados,


inclusive com exemplos de aplicações. A prevenção à corrosão, sistemas de pintura
e segurança contra incêndio também são descritos. Além disso, são apresentados
detalhes construtivos e problemas típicos que ocorrem no sistema estruturado em
aço, com suas respectivas soluções de forma a facilitar a compreensão da
tecnologia de aplicação das estruturas metálicas.
Por outro lado, a finalidade de Bellei et al. (2004) foi a de fornecer condições
para o desenvolvimento de um projeto completo de um edifício de múltiplos andares
em aço. Neste trabalho o projeto e execução de estruturas de edifícios comerciais e
residenciais de pequeno e médio porte são descritos. Toda a concepção e cálculo
das estruturas estão baseados na segunda edição da especificação do AISC-LRFD
(1993), já que a atual NBR 8800 (1986) está em processo de revisão. Para a
concretização do projeto são abordadas as ligações entre os elementos estruturais,
proteção contra corrosão e ação do fogo. Processos de montagem de edifícios com
indicação de uso de equipamentos e noções sobre orçamento, planejamento e
controle de obras também são abordados. Nos apêndices encontram-se, além das
tabelas de perfis e especificações do AISC-LRFD, tolerâncias de fabricação e
montagem e um projeto completo de um edifício comercial em aço, incluindo a
memória de cálculo, orçamento e o planejamento do edifício.
Numa outra oportunidade, Bellei (2004) abordou aspectos construtivos e de
cálculo para edifícios industriais em aço, possibilitando o desenvolvimento de
projetos. A concepção de cálculo também adota a especificação do AISC-LRFD,
passando pelo histórico das estruturas de aço, suas propriedades estruturais, as
ligações da estrutura, pelas combinações de carga e pelas partes que compõem um
edifício industrial. O trabalho termina com o detalhamento, a fabricação, a proteção e
a montagem da estrutura. Ainda são apresentados, nos apêndices, o resumo da
especificação do AISC, tabelas de comprimento de flambagem para colunas, tabelas
gerais de perfis, chapas de piso e o projeto completo com memória de cálculo de
todas as peças que compõem um edifício industrial.
19

2.1.2 O uso do concreto na construção civil

De acordo com Neville (1997), o primeiro concreto da história, utilizado pelos


gregos e romanos, resultou inicialmente da mistura de cal, água, areia e pedra
fragmentada e, posteriormente adicionou-se cinzas vulcânicas à cal para o
endurecimento da mesma em construções submersas. As primeiras construções
romanas em concreto, segundo Mehta e Monteiro (1994), foram aplicadas em
aquedutos e muros de contenção de água. A partir da segunda metade do século
XIX, o uso do concreto começou a ser amplamente difundido, em substituição da
alvenaria de pedra. Também se descobriu, neste mesmo período, que a associação
do aço ao concreto resultava em um material estrutural de ótimo desempenho e de
fácil confecção. Assim, foi a partir do final do século XIX e início do século XX que o
concreto armado passou a ser utilizado em edifícios, pontes, e obras marítimas
sendo considerado até os dias atuais como o mais importante material de
construção já usado pelo homem.
O concreto armado, de acordo com Vasconcelos (1992), foi aplicado pela
primeira vez pelo Francês Lambot, que construiu um barco desse material em 1849.
Em seguida, em 1861, outro cientista Francês, Monier, construiu vasos de flores em
concreto com armadura de arame (LEONHARDT E MÖNNIG, 1982). Em 1877, o
americano Hyatt entrou pela primeira vez, com um pedido de patente para uma viga
confeccionada em concreto armado devido sua preocupação com a segurança das
edificações ao fogo (SANTOS, 1983).
Segundo Leonhardt e Mönnig (1982), os princípios básicos para a
construção de vigas e tubos de concreto armado foram elaborados por Coignet, em
1861 que os publicou na Exposição Internacional de Paris em 1867. A partir de
1867, Monier obteve patentes para construir tubos, lajes, pontes, executando-os
através de um método empírico, sem qualquer base científica (SÜSSEKIND, 1980).
Em seguida, em 1873, um construtor nova-iorquino construiu uma casa em concreto
armado, conhecida como Ward´s Castle (LEONHARDT E MÖNNIG, 1982).
Em 1902 Mörsch publicou a primeira teoria científica do comportamento do
concreto armado, comprovando-a experimentalmente, o que facilitou a ampla
20

difusão do seu uso. Com o passar do tempo o concreto foi evoluindo até atingir o
estágio em que se encontra hoje.
No Brasil, o uso do concreto armado foi introduzido no fim do século XIX,
com a construção de algumas habitações populares. Durante o século XX, de
acordo com Süssekind (1980), algumas grandes obras foram realizadas, dentre elas
o primeiro arranha-céu, projetado no Rio de Janeiro por Baumgart, que também foi
pioneiro no uso de balanços para construir a ponte sobre o rio do Peixe em 1931.
Também teve grande destaque, a usina hidrelétrica de Itaipu, no Paraná, em 1982
(MEHTA E MONTEIRO, 1994). Hoje, o concreto armado é amplamente utilizado em
todas as regiões do país, empregado em inúmeras aplicações.

2.1.3 Estruturas mistas

A evolução dos sistemas estruturais fez surgir uma associação entre


elementos de concreto armado e perfis metálicos que ficou conhecida como sistema
misto ou estrutura mista. Segundo GRIFFIS (1994) apud De Nardin (1999), as
primeiras estruturas mistas surgiram em 1894 nos Estados Unidos com a construção
de uma ponte e um edifício que utilizaram vigas metálicas revestidas com concreto,
para conferir proteção contra a corrosão e a ação do fogo. Os primeiros estudos não
consideravam a ação estrutural conjunta do aço e do concreto (BIANCHI, 2002). A
atuação interativa entre o aço e o concreto só foi considerada a partir da concepção
dos dispositivos de ligação entre os dois materiais, conhecidos no meio técnico
como conectores de cisalhamento (LEHTOLA, 1992 apud BIANCHI, 2002).
Assim, segundo a literatura, os sistemas mistos ficaram conhecidos pela
associação do uso do aço e do concreto atuando em conjunto, de forma a explorar
as propriedades de cada material. A ligação que permite a interação entre os
elementos de aço e concreto passou a ser feita pelo uso dos conectores.
A introdução de recomendações normativas tardou a surgir, pois o sistema é
notadamente mais complexo do que o aço ou o concreto, considerados
isoladamente. Segundo Vieste et al. (1997) apud Bianchi (2002) o New York Building
Code fez o primeiro registro da normalização de estruturas mistas em 1930. Em
21

1944 os métodos para cálculo de vigas mistas foram incorporados na norma da


AASHO, American Association of State Highway Officials, (hoje AASHTO) e em
1952 foi a vez do AISC estabelecer os métodos de dimensionamento para vigas
mistas (DE NARDIN, 1999).
Já no Brasil a introdução dos sistemas mistos ocorreu a partir da década de
50. No entanto, a normalização do projeto e execução de estruturas de aço de
edifícios pela ABNT só aconteceu pela primeira vez em 1986 através da norma NBR
8800, que trata as vigas mistas e conectores de cisalhamento. Enquanto que a
incorporação dos parâmetros e procedimentos para o cálculo dos sistemas de lajes
e pilares mistos, considerando-se também o dimensionamento de estruturas de aço
de edifícios em situação de incêndio, ocorreu em 1999 com a publicação da norma
NBR 14323, pela ABNT.
Hoje há um Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003) em
andamento para que se possa atualizar a norma que vigora no Brasil. Essa revisão
tem o objetivo de redefinir e ampliar os critérios que regem o projeto e a execução
das estruturas de aço e das estruturas mistas aço-concreto de edifícios, baseando-
se no método dos estados limites. Os princípios apresentados neste projeto de
norma aplicam-se às estruturas de edifícios residenciais, comerciais, industriais e
públicos, às soluções usuais para barras e ligações e às estruturas de passarelas de
pedestres.
Com o objetivo de comparar os aspectos construtivos, o comportamento
estrutural e os procedimentos para o dimensionamento de estruturas mistas, Alva
(2000), apresenta uma abordagem de análise através de exemplos numéricos. Este
trabalho, focado em edifícios, engloba os principais elementos que compõem o
sistema misto, enfatizando a norma norte-americana do AISC e o EUROCODE 4. O
comportamento e o dimensionamento de elementos mistos frente à ação do fogo
também foram analisados. Os exemplos de dimensionamento permitiram a
comparação e análise dos resultados obtidos pelas normas.
Já o trabalho de Queiroz et al. (2001) foi motivado pela possibilidade de
ampliação do uso de estruturas com elementos de aço e de concreto armado,
através das informações fornecidas pelos autores. Dessa forma, discorre-se sobre
sistemas mistos, que englobam as lajes mistas, as vigas mistas, os pilares mistos e
as ligações mistas, e estruturas híbridas, compostas por elementos de concreto
armado, elementos de aço e elementos mistos. Inicialmente são abordadas as
22

propriedades dos materiais, análise estrutural e estados limites aplicáveis às


estruturas mistas e híbridas. Posteriormente os autores tratam da estabilidade
horizontal de edificações com estruturas mistas ou híbridas, resistência de
elementos mistos ao incêndio e ligações entre os elementos das estruturas híbridas.
Para o desenvolvimento deste estudo procurou-se utilizar as normas brasileiras,
porém comentários relevantes sobre os procedimentos de outras normas também
foram feitos.
Outra fonte de informações, para um melhor entendimento do funcionamento
dos sistemas mistos, é a publicação de Prestes (2005). Neste trabalho são
fornecidas e identificadas as condições favoráveis de utilização dos sistemas mistos.
Além disso, a resistência mecânica, a rigidez, os esforços e deslocamentos destes
sistemas são avaliados através de uma análise estrutural. Ainda neste trabalho são
abordadas as diferenças entre a etapa construtiva e a configuração final, bem como
as implicações da utilização de dois materiais diferentes no processo construtivo. O
trabalho classifica os sistemas mistos utilizados em: lajes mistas, ligações mistas,
pilares mistos e vigas mistas.
Ainda enfocando o sistema misto, Fabrizzi (2007) apresentou os principais
aspectos teóricos e normativos para o dimensionamento de elementos estruturais
mistos que compõem edifícios de múltiplos andares, utilizando para tanto as
principais normas nacionais e internacionais.
A seguir discorre-se sobre os sistemas mistos, enfocando as vigas mistas,
que são o objeto de estudo deste trabalho.

2.1.4 Lajes mistas

Segundo Prestes (2005), as lajes mistas consistem em uma fôrma de aço


galvanizado incorporada a uma capa de concreto com armadura adicional, disposta
em duas direções, para combater as fissuras de retração do concreto (Figura 2.1).
23

FIGURA 2.1 – LAJE MISTA AÇO-CONCRETO


FONTE: CODEME ENGENHARIA S.A. (1997)

A função da fôrma de aço é suportar as ações permanentes e sobrecargas


da construção antes da cura do concreto e atuar como armadura de tração da laje
depois da cura do concreto (QUEIROZ et al. 2001). Quando a fôrma de aço e o
concreto funcionam como um sistema estrutural único, o sistema misto é obtido. A
fôrma deve transmitir o cisalhamento longitudinal na interface aço-concreto por meio
de saliências, chamadas de mossas, encontradas nas fôrmas trapezoidais ou por
atrito com o concreto confinado nas fôrmas com cantos reentrantes (PRESTES,
2005).

2.1.5 Ligações mistas

De acordo com Queiroz et al. (2001), uma ligação mista (figura 2.2) ocorre
quando a laje de concreto participa da transmissão do momento fletor de uma viga
para um pilar ou para outra viga mista adjacente, podendo o pilar também participar
da distribuição do momento no nó quando estiver suportando duas vigas mistas
(QUEIROZ et al. 2001).
24

FIGURA 2.2 – LIGAÇÕES MISTAS


FONTE: FIGUEIREDO (2004)

Uma ligação mista entre um elemento misto e um outro qualquer, segundo o


EUROCODE 4 apud Figueiredo (2004), é definida como aquela em que a armadura
contribui para a resistência da ligação.
Ainda consta na literatura que as ligações mistas podem ser classificadas de
acordo com sua rigidez ou resistência. Dessa forma, têm-se as ligações
classificadas em flexíveis ou rotuladas, semi-rígidas e rígidas, conforme sua rigidez
e, rotuladas, de resistência parcial e de resistência total de acordo com sua
resistência (QUEIROZ et al. 2001).
Nesse contexto, Figueiredo (2004) aplica o Método dos Elementos Finitos no
desenvolvimento de um modelo numérico, através do código de cálculo ANSYS,
para a análise de ligações mistas viga-pilar. Além deste modelo desenvolveu-se
também um programa experimental envolvendo ligações mistas com chapa de topo
estendida, cujos resultados foram comparados com os resultados da análise
numérica e com os valores obtidos a partir de um modelo analítico, desenvolvido
pela autora, que procurou adaptar à realidade brasileira o método de cálculo de
ligações mistas, que deriva do Método dos Componentes proposto pelo
25

EUROCODE 3. Esta adaptação foi elaborada em termos de perfis e detalhes de


ligações.

2.1.6 Pilares mistos

Segundo Queiroz et al. (2001), um pilar misto é constituído por um perfil de


aço revestido por concreto ou tubo de aço preenchido por concreto (Figura 2.3). O
pilar misto resiste predominantemente às cargas de compressão (PRESTES, 2005).

FIGURA 2.3 – SEÇÕES TRANSVERSAIS TÍPICAS DE PILARES MISTOS


FONTE: FABRIZZI (2007)

Dessa forma, De Nardin (1999) objetivou conhecer o comportamento de


pilares mistos tubulares axialmente comprimidos ao variar a forma da seção
transversal e a espessura dos perfis. Foram realizados ensaios em seções tubulares
quadradas, circulares e retangulares, preenchidas com concreto de
aproximadamente 50 MPa de resistência. Através destes ensaios percebeu-se que
o esmagamento do concreto ocorreu antes da flambagem local do perfil tubular, em
26

diversos pontos. A conclusão deste trabalho foi de que o confinamento contribui na


melhoria do comportamento dos materiais, embora não aumente significativamente a
capacidade resistente da seção. O índice de ductilidade dos pilares à compressão
também foi avaliado. A validação do trabalho foi feita ao comparar a capacidade
resistente obtida experimentalmente com as recomendações teóricas previstas nas
normas.
Um outro trabalho de De Nardin (2003), além de centrar-se no estudo de
pilares preenchidos flexo-comprimidos, analisa algumas ligações viga-pilar. O
método utilizado neste trabalho foi o do experimento com modelos físicos e
numéricos. Foram analisados, neste trabalho, treze pilares preenchidos e quatro
tipologias de ligações, sendo duas compostas por chapas de extremidade e
parafusos e duas soldadas. Uma das ligações soldadas foi enrijecida por
cantoneiras soldadas no interior do perfil tubular. Os modelos físicos foram
comparados com os numéricos e a discussão dos resultados obtidos enfatiza o
comportamento momento-rotação das ligações estudadas, na extremidade da viga.
O comportamento dos pilares mistos também foi estudado por Bianchi
(2002), através de uma análise numérica baseada no método dos elementos finitos.
A modelagem numérica dos pilares mistos foi realizada através do programa
ANSYS. Foram modelados pilares considerando a utilização de conectores de
cisalhamento e pilares sem a utilização dos conectores. Para analisar a importância
dos conectores de cisalhamento nesses pilares foi aplicada uma carga centrada no
modelo, e depois se variando a excentricidade, de maneira a obter uma curva de
interação do momento fletor em função do esforço normal. A importância da
utilização dos conectores de cisalhamento foi comparada, a partir das curvas de
interação obtidas, com as curvas e os valores de tensão máxima de aderência,
fornecidas pelo EUROCODE 4, validando a modelagem numérica.

2.1.7 Vigas mistas

As vigas mistas são elementos estruturais constituídas pela associação de


um perfil de aço (normalmente tipo “I”) com uma laje de concreto, cuja ligação é feita
27

através de conectores de cisalhamento soldados à mesa do perfil de aço


(PRESTES, 2005).
A figura 2.4 apresenta os principais tipos de sistemas de vigas mistas
comumente encontradas nas edificações.

FIGURA 2.4 – VIGAS MISTAS COM LAJE MACIÇA


FONTE: FABRIZZI (2007)

A finalidade do conector de cisalhamento é promover a ação mista de modo


a garantir o trabalho conjunto da viga de aço com a laje de concreto, para resistir a
esforços de flexão em torno do eixo perpendicular ao plano médio da alma, segundo
Kirchhof (2004), impedir o afastamento vertical (uplift) entre a laje e a viga de aço e
absorver os esforços de cisalhamento nas duas direções (ALVA E MALITE, 2005).
Quando não existir ligação na interface laje-viga, os elementos irão se
deformar independentemente um do outro (figura 2.5 (a)), provocando um
28

deslizamento relativo entre as superfícies da interface destes, devido as diferentes


deformações sofridas pelas mesmas (DAVID, 2007). Por outro lado, quando o
elemento de aço está interligado ao elemento de concreto por meio de conectores
de cisalhamento, os dois elementos tenderão a se deformar como um único
elemento (figura 2.5 (b)), desde que a resistência dos mesmos seja suficiente para
suportar o fluxo de cisalhamento gerado na interface (DAVID, 2007).

FIGURA 2.5 – VIGAS MISTAS FLETIDAS


FONTE: DAVID (2007)

Segundo Chapman (1964) as forças de afastamento (uplift) podem provocar


o arrancamento dos conectores de cisalhamento da laje de concreto, dessa forma o
Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003) recomenda que altura (h) do
conector tipo pino com cabeça, após a soldagem, seja igual ou superior a quatro
vezes o diâmetro do corpo (d) do mesmo, conforme figura 2.6.
29

FIGURA 2.6 – ALTURA MÍNIMA DOS CONECTORES TIPO PINO COM CABEÇA
FONTE: KIRCHHOF (2004)

De acordo com David (2007), em 1933, na Suíça, iniciaram-se os estudos a


respeito dos conectores espirais, formados por barras redondas com formato de
hélice. Já em 1943 outros conectores passaram a ser ensaiados, como os formados
por perfis laminados “U”, cantoneiras e seções “H, nas Universidades de Lehigh e
Illinois (DAVID, 2007). As pesquisas a respeito de conectores em forma de gancho e
conectores rígidos começaram na década de 50 e, os tipo pino com cabeça, por sua
vez, começaram a ser estudados em 1954 (DAVID, 2007).
Os conectores de cisalhamento, de acordo com Kirchhof (2004), podem ser
classificados em rígidos e flexíveis, de acordo com o comportamento estrutural,
identificado pela relação existente entre a força de cisalhamento transmitida pelo
conector e o escorregamento relativo entre as superfícies da viga e laje, conforme
mostra a figura 2.7.

FIGURA 2.7 – RELAÇÃO FORÇA X DESLOCAMENTO NOS CONECTORES DE CISALHAMENTO


FONTE: ALVA (2000)
30

A relação força versus deslizamento é menor nos conectores flexíveis, que


apresentam menor rigidez (DAVID, 2007). De acordo com David (2007), os
conectores rígidos e flexíveis podem ser considerados dúcteis, ou seja, eles são
capazes de deslizar após terem atingido sua resistência máxima. Segundo Kotinda
(2006), um conector flexível, sob carregamento crescente, continua a se deformar
sem a ocorrência de ruptura, mesmo após atingir sua capacidade máxima,
possibilitando que os conectores vizinhos também alcancem à resistência total. Esta
característica dos conectores, segundo David (2007), é denominada ductilidade,
definida como a capacidade de deslizamento dos conectores após terem atingido
sua resistência máxima. Assim, devido à uniformidade do fluxo de cisalhamento
longitudinal, é possível utilizar conectores igualmente espaçados sem a perda da
resistência máxima da conexão (DAVID, 2007).
A figura 2.8 mostra os tipos usuais de conectores utilizados em vigas mistas.

FIGURA 2.8 – TIPOS USUAIS DE CONECTORES


FONTE: FABRIZZI (2007)

Nesse contexto, Chapman (1964), após realizar experimentos em vigas


mistas com carregamento uniformemente distribuído, verificou que as vigas com
espaçamento uniforme entre conectores se comportam tão bem quanto as que
31

utilizam conectores distribuídos de forma não uniforme. Assim, para facilitar a


execução de vigas mistas, adota-se espaçamento uniforme entre os conectores de
cisalhamento ao longo do vão das vigas (KIRCHHOF, 2004).
A transferência das forças de cisalhamento longitudinal da laje para a viga,
na ação dos conectores tipo pino com cabeça e a deformação sofrida pelos pinos
são ilustradas na figura 2.9 (a) e 2.9 (b), que foram extraídas dos trabalhos de
Tristão (2002) e Kotinda (2006), respectivamente.

(a) (b)

FIGURA 2.9 – TRANSFERÊNCIA DE FORÇAS DE CISALHAMENTO LONGITUDINAL E


DEFORMAÇÃO DO CONECTOR TIPO PINO COM CABEÇA
FONTE: TRISTÃO (2002) e KOTINDA (2006)

De acordo com Oehlers e Park (1992), a força de cisalhamento (Fsh),


distante z da mesa do perfil, a qual o fuste do conector é submetido gera um
momento (Msh) devido a excentricidade existente. Assim, o conector fica sujeito às
tensões de cisalhamento e normal. A excentricidade z, que se dá em função da
rigidez relativa do elemento de concreto e conector, tenderá a zero quando a rigidez
do concreto (Ec) for muito maior que a rigidez do conector (Ea), caso contrário, z
tenderá à metade da altura do pino com cabeça. Em frente ao conector surge uma
área submetida a altas tensões de compressão. Essa área denomina-se zona de
compressão triaxial e se dá em função (f(ha)) da altura efetiva do conector (ha), que
é 1,8 vezes o diâmetro do mesmo (TRISTÃO, 2002).
Segundo Tristão (2002), a partir da transferência das forças de cisalhamento
longitudinal da laje para a viga, dois mecanismos podem conduzir o conector tipo
pino com cabeça à ruptura. Um deles ocorre quando o concreto é menos rígido que
o conector e começa a fissurar antes da plastificação do conector, aumentando a
excentricidade z e fazendo com que as tensões normais no pino aumentem mais
32

rapidamente que as tensões de cisalhamento. O outro ocorre quando o conector for


menos rígido que o concreto. Isso reduz a dimensão z e o momento (Msh) no
conector. A zona de compressão triaxial também reduzirá, uma vez que a altura
efetiva do conector diminuirá, provocando o aumento de z devido a diminuição da
rigidez do concreto (Ec) que rompe nesta zona. A partir deste ponto o mecanismo de
falha do conector recai no primeiro modo de ruptura descrito.
Portanto, na conexão de cisalhamento, a resistência do conector tipo pino
com cabeça, depende da resistência e rigidez do conector e do concreto na zona de
compressão triaxial (OEHLERS & PARK, 1992).
Associados à ruptura do conector de cisalhamento devem-se considerar os
modos de fissuração que surgem na laje. Esses modos ocorrem devido a redução
de resistência e rigidez do concreto na zona de compressão triaxial por
conseqüência da fissuração do concreto provocada pelo conector, quando este
aplica uma força concentrada na laje (KIRCHHOF, 2004).
Na figura 2.10 é possível verificar os três modos de fissuração que ocorrem
na laje, segundo Oehlers (1989).

FIGURA 2.10 – TIPOS DE FISSURAÇÃO NA LAJE DEVIDO À FORÇA CONCENTRADA


FONTE: DAVID (2007)

As fissuras por rasgamento, perpendiculares a direção longitudinal da viga,


dependem da força de compressão no plano da laje e se propagam
transversalmente ao conector. O efeito dessas fissuras é pequeno na resistência do
conector quando a propagação das mesmas ocorre fora da zona de influência
(KIRCHHOF, 2004).
33

Já as fissuras por cisalhamento, segundo Kirchhof (2004) ocorrem na zona


de influência, propagando-se na direção das bielas de compressão e podendo afetar
a restrição triaxial. Esse tipo de fissuração pode ser prevenido com a colocação de
armadura transversal na laje.
O outro tipo de fissuração é por fendilhamento, longitudinal a viga, e ocorre
inicialmente em frente ao conector e, em seguida atrás do mesmo. Esse tipo de
fissura reduz a restrição triaxial na zona de influência e conduz à falha do concreto
na região do conector (KOTINDA, 2006). Nesse caso há ruptura do conector. A
armadura transversal não evita o fendilhamento do concreto, mas limita a
propagação das fissuras pelo confinamento do conector. De acordo com Tristão
(2002) as fissuras na laje na região das linhas de conectores são limitadas pelo uso
de armaduras transversais adicionais as utilizadas na laje de concreto, posicionadas
na face inferior da laje e distribuídas uniformemente ao longo do vão da viga,
conforme figura 2.11.

FIGURA 2.11 – DISPOSIÇÃO DAS ARMADURAS TRANSVERSAIS (ADICIONAIS) NA LAJE DE


CONCRETO
FONTE: TRISTÃO (2002)

De acordo com Kirchhof (2004) a resistência à flexão de vigas mistas está


associada a alguns fatores como a resistência à compressão do concreto e a
espessura da laje, o tipo de aço da viga, a existência ou não de escoramento na
concretagem das lajes, a interação entre a viga e a laje, entre outros.
Dentre os fatores citados, a interação na interface viga-laje, obtida pelo uso
dos conectores de cisalhamento, é enfatizada na literatura. O comportamento
estrutural da interface é entendido a partir dos conceitos de grau de conexão, que
34

pode ser completo ou parcial e grau de interação, que pode ser total, parcial ou nulo,
quando viga e laje trabalham isoladamente.
O termo grau de conexão refere-se à resistência dos conectores de
cisalhamento e das seções de aço e de concreto, através do equilíbrio longitudinal
de forças, ilustrado na figura 2.12, com base na análise rígido-plástica através do
equilíbrio das forças na seção da viga mista (KIRCHHOF, 2004). No procedimento
da análise, de acordo com Oehlers e Sved (1995), considera-se que os materiais
que compõem a viga mista apresentam ductilidade ilimitada, podendo, assim,
alcançar e manter suas resistências plásticas ou de escoamento.

FIGURA 2.12 – EQUILÍBRIO LONGITUDINAL DE FORÇAS


FONTE: OEHLERS et al, (1997)

Quando a resultante axial obtida no elemento de concreto (Pc=0,85fcAc) for


maior que a obtida no elemento de aço (Ps=Asfy), conforme ilustra a figura 2.12 (a),
tem-se a conexão total onde o equilíbrio longitudinal de forças ocorre para a tração
T=Ps e, conseqüentemente, para a compressão C=Ps. Caso Ps > Pc, situação
referente à figura 2.12 (b), a conexão total também é obtida, porém o equilíbrio
longitudinal de forças é atingido quando a compressão, e consequentemente a
tração, é igual a resultante no elemento de concreto C=Pc e T=Pc. Ainda é possível
obter a conexão total quando Pc=Ps, sendo o equilíbrio de forças verificado para a
tração T=Ps=Pc, e conseqüentemente, para a compressão C=Ps=Pc.
Já quando a resistência da conexão de cisalhamento (Psh) é menor que
ambas as resultantes axiais das seções de aço (Ps=Asfy) e de concreto (Pc=0,85fcAc),
conforme representa a figura 2.12 (c), tem-se a conexão parcial cujo equilíbrio
longitudinal de forças é obtido para a compressão C=Psh e, conseqüentemente, para
a tração T=Psh.
35

Segundo Vasconcellos (2005), na conexão completa o número de


conectores é calculado para que a resistência nominal da viga de aço ao
escoamento ou da laje de concreto à plastificação seja atingida antes da ruptura dos
conectores. Assim, qualquer acréscimo na quantidade de conectores não implicará
no aumento da resistência à flexão da viga mista. Em outras palavras, a capacidade
máxima à flexão da seção da viga mista mais solicitada ocorre antes da falha na
conexão (KIRCHHOF, 2004).
Na conexão parcial, por outro lado, se tem um número de conectores menor
que o mínimo estabelecido para obter uma conexão completa, ou seja, a resistência
da conexão de cisalhamento controla a capacidade de flexão da viga mista
(KOTINDA, 2006).
O grau de conexão de cisalhamento é determinado pela expressão a seguir:

Psh
η = ( 2.1)
Pshmin

onde:
Psh= resistência da conexão de cisalhamento;
Pshmin= resistência mínima da conexão de cisalhamento para que se tenha
conexão completa. É o menor valor entre a capacidade resistente da viga de
aço (Ps) e da laje de concreto (Pc).

O Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003) estabelece que o grau
de conexão de cisalhamento será completo quando η=1,0 e parcial se 0,4* < η > 1,0.
Segundo Kirchhof (2004), a eficiência do comportamento das vigas mistas
na interface perfil de aço-laje de concreto é determinada pelo trabalho conjunto da
viga metálica com a laje de concreto, segundo o grau de interação dos elementos,
que se baseia no escorregamento relativo entre laje-vigta. Essa interação pode ser
nula, total ou completa e parcial (figura 2.13).
A interação nula é verificada quando o perfil metálico e a laje de concreto se
comportam independentemente, ou seja, não há ação mista, pois não existe ligação
na interface dos materiais. Dessa forma, a laje pode deslizar livremente sobre a
mesa superior da viga metálica.

*
Na NBR 8800 (1986) esse valor é 0,5.
36

Na interação total ou completa considera-se ligação perfeita entre viga e laje,


que se deformam como um único elemento. Dessa forma, pode-se desprezar o
escorregamento longitudinal e afastamento vertical relativo entre os elementos,
verificando-se a existência de uma linha neutra única (FABRIZZI, 2007).

FIGURA 2.13 – INTERAÇÃO AÇO-CONCRETO


FONTE: ALVA (2000)

Considera-se a interação parcial quando for admitido escorregamento


relativo entre a viga metálica e a laje de concreto. De acordo com Alva e Malite
(2005), o efeito do escorregamento afeta a distribuição de tensões na seção, a
distribuição do fluxo de cisalhamento longitudinal e a deformabilidade das vigas.
Nessa situação os deslocamentos provocados pelo efeito do escorregamento dos
elementos devem ser considerados no estado limite de serviço. As vigas com
interação parcial apresentam duas linhas neutras na seção transversal das vigas.
Segundo Oehlers et al. (1997), que estudaram o efeito da interação parcial
na resistência de vigas mistas com conexão de cisalhamento total, a capacidade de
resistência a esforços de flexão da viga mista de edifícios não é afetada na interação
parcial, quando a resultante axial da seção de concreto for maior que a da seção de
37

aço. Caso contrário, em seções mais robustas, a interação parcial provocará uma
redução da capacidade à flexão da viga mista.
Outro fator a ser considerado na resistência à flexão de vigas mistas é o
método construtivo, que pode ser realizado pelo uso ou não de escoramento da viga
e/ou laje. Na construção escorada (figura 2.14) apóia-se a viga e/ou a laje por
escoras temporárias. Após a cura do concreto as escoras são removidas e os
esforços que aparecem são resistidos pela seção mista. Neste método construtivo
os deslocamentos e as tensões de serviço são menores em relação ao sistema não
escorado, devido à rigidez e à resistência da seção mista (PRESTES, 2005).

FIGURA 2.14 – VIGAS MISTAS ESCORADAS


FONTE: FABRIZZI (2007)

Na construção não escorada (figura 2.15), o perfil metálico isolado deve


resistir às solicitações provenientes do peso próprio e das sobrecargas de
construção, que atuam antes da cura do concreto. Após a cura do concreto, a seção
mista resistirá ao carregamento acidental e haverá uma sobreposição das tensões
aplicadas antes e depois da cura do concreto (FABRIZZI, 2007). Maiores
deslocamentos e tensões no perfil de aço costumam aparecer neste método
(PRESTES, 2005).
38

FIGURA 2.15 – VIGAS MISTAS NÃO ESCORADAS


FONTE: FABRIZZI (2007)

De acordo com Prestes (2005), a resistência última da viga mista é a mesma


para vigas escoradas e não escoradas, a diferença no comportamento das duas
soluções está no deslocamento que ocorre para cargas de serviço e na deformação,
que é maior nas vigas mistas não escoradas.
Partindo-se do princípio que pode ocorrer falha na conexão de cisalhamento,
o comportamento da ductilidade dos conectores de cisalhamento em vigas mistas
com laje de concreto de alto desempenho foi avaliado por Bullo e Di Marco (2004)
que propuseram um método baseado nas regras e critérios de projeto do
EUROCODE 4. Como a falta de ductilidade dos conectores pode reduzir a
resistência à flexão dos elementos mistos de aço e concreto, o método desenvolvido
permite avaliar a eficiência da ligação ao colapso das vigas mistas. Neste trabalho
são identificadas as variáveis que afetam a exigência máxima ao deslizamento da
viga de aço e da laje de concreto. A conclusão obtida foi que é necessário verificar a
ductilidade dos conectores principalmente quando se faz uso de concreto de alta
resistência. Nesse caso percebeu-se que existe uma mudança na relação entre a
condição máxima ao deslizamento e a capacidade de deformação da conexão.
Oehlers e Coughlan (1986) preferiram estudar a rigidez ao cisalhamento de
conectores experimentalmente. Assim, foram realizados 116 ensaios do tipo push-
out sendo que em oito deles aplicou-se carga cíclica. Verificou-se na aplicação de
cargas estáticas que os conectores embutidos em concreto mais resistente
39

apresentam maior rigidez do que os embutidos em concreto com resistência menor.


Para esse carregamento ainda percebeu-se que a maior parte da deformação que
ocorre na viga mista é permanente e que o escorregamento na falha é
aproximadamente 1/3 (um terço) do diâmetro do fuste do conector. Já a resposta
dos conectores à carga cíclica é representada por uma trilha bi-linear de carga-
deslizamento cuja tangente de rigidez cíclica é quase três vezes a secante de rigidez
estática. Ainda percebeu-se que a cada ciclo de carga há um aumento permanente
da fadiga dos conectores.
Em uma outra publicação Oehlers (1989) analisou as fissuras que aparecem
na laje de concreto de vigas mistas devido à ação dos conectores de cisalhamento,
que ao transferirem a força de cisalhamento na interface viga-laje provocam forças
laterais de tração. Estas forças podem causar fissuração na laje e perda de
interação e resistência ao cisalhamento. No desenvolvimento do trabalho foram
realizados 50 testes do tipo push-out em lajes com e sem reforço de armadura e
ainda um modelo, pelo método dos elementos finitos, para analisar o
escorregamento em vigas mistas. A partir deste modelo foi possível prever a
ocorrência de fissuração na laje devido à ação individual dos conectores e global de
grupos de conectores. Com os resultados obtidos pode-se verificar que o reforço da
laje com armaduras transversais não previne as fissuras, mas limita a extensão das
mesmas e conseqüentemente a perda de interação da conexão de cisalhamento.
Já Oehlers e Sved (1995) procuraram desenvolver um procedimento para
evitar a fratura do conector de cisalhamento, em vigas mistas com baixo grau de
conexão de cisalhamento, determinando os principais parâmetros que afetam a
fratura. O procedimento foi comparado com pesquisas existentes e á apresentado
como recomendação de projeto, podendo ser aplicado para todas as condições de
carregamento e seções geométricas de viga mista.
Outro trabalho que analisa conectores de cisalhamento é o desenvolvido por
Tristão (2002). Nesta publicação são apresentadas simulações numéricas de
ensaios do tipo push-out, baseadas no Método dos Elementos Finitos. O objetivo
deste estudo é o de analisar o comportamento estrutural de conectores de
cisalhamento tipo pino com cabeça (stud-bolt) e perfil “U” formado a frio através do
código ANSYS, que permite a análise dos modelos em regime de não-linearidade
física e geométrica. Ainda está incluído neste trabalho, um estudo paramétrico para
determinar a resistência última e a relação força-deslocamento dos conectores e,
40

avaliar a concentração de tensão e deformação nos elementos dos modelos. Os


parâmetros utilizados nos modelos numéricos são representados pelo número,
diâmetro ou espessura e posição de soldagem dos conectores e, pela resistência do
concreto e quantidade de armadura inserida. Os resultados são comparados com
valores obtidos experimentalmente.
Com o propósito de evitar altas densidades de conectores e longos tempos
de soldagem, Shim et al. (2004) adotaram conectores maiores que os utilizados
normalmente em vigas mistas (19 ou 22 mm de diâmetro), para pisos pré-moldados
de pontes. Esses conectores, de 25, 27 e 30 mm de diâmetro, foram testados em
vigas mistas com conexão parcial, por meio de ensaio do tipo push-out e os
resultados foram comparados com equações empíricas para conectores normais. A
rigidez ao cisalhamento obtida pelos ensaios foi maior do que a obtida pelas
equações, porém a rigidez tem pequena influência no comportamento das vigas
mistas, segundo o autor. Para a capacidade de escorregamento última, a equação
está de acordo com o medido nos testes e a ductilidade obtida é suficiente para
vigas mistas de pontes.
No trabalho de Jurkiewiez e Hottier (2005) estudou-se um novo tipo de
conexão de cisalhamento em vigas mistas sujeitas a teste de flexão estática, a
conexão horizontal. Este modelo foi proposto para evitar as soldas dos conectores,
já que estas podem ser os pontos fracos das vigas mistas, no caso de cargas
cíclicas. A proposta foi a de utilizar um perfil metálico “T” invertido, sem o flange
superior, com entrâncias na parte da alma que fica embutida no concreto. A conexão
da laje com a viga foi feita por seis barras de aço com 16 mm de diâmetro,
colocadas em cada entrância no meio da altura da laje, conforme figura 2.16.

FIGURA 2.16 – VIGA MISTA PROPOSTA


FONTE: JURKIEWIEZ E HOTIER (2005)
41

Após ensaio do tipo push-out, percebeu-se que o comportamento das vigas


mistas com conexão horizontal é similar às de conexão usual. A falha à flexão
ocorreu no estado plástico, no meio da seção transversal, acompanhado por
esmagamento do concreto e escoamento do aço. Portanto, a conexão não falhou
durante os testes, ou seja, a conexão transmite eficientemente as forças de
cisalhamento da laje para a viga. O escorregamento e o afastamento entre a laje e a
viga foram pequenos. Conclui-se que a nova proposta de conexão para vigas mistas
sob carregamento estático apresenta um comportamento à flexão satisfatório, de
acordo com o requerido por códigos modernos.
Muitos pesquisadores estudam o comportamento de vigas mistas aço-
concreto por meio de análises numéricas. Gattesco (1999), por exemplo, analisa
quatro vigas mistas considerando o comportamento não linear do aço, do concreto e
dos conectores de cisalhamento. Neste trabalho o elemento misto é dividido em dois
elementos de viga, um deles representa o perfil metálico e o outro a laje de concreto
(Figura 2.17).

FIGURA 2.17 – ELEMENTO MISTO


FONTE: GATTESCO (1999)

Nas extremidades os elementos são ligados por molas horizontais que


representam a ação dos conectores de cisalhamento. O procedimento para a análise
da viga mista envolve uma relação empírica força-deslizamento para descrever o
comportamento das molas e leva em consideração o atrito existente na interface
viga-laje, através de elementos adicionais localizados nos nós intermediários do
elemento misto. Neste trabalho o autor comprova que uma abordagem numérica é
uma ferramenta válida para estudos de vigas mistas, tanto com interação completa
42

ou parcial, através da comparação entre os resultados analíticos obtidos com


resultados experimentais.
Por outro lado, o estudo de Sapkás et al. (2002) utilizou expressões para a
análise da estabilidade de vigas mistas ortotrópicas, de seção esbelta. As vigas
simplesmente apoiadas ou em balanço estavam sujeitas a momentos devido a
aplicação de cargas concentradas ou uniformemente distribuídas. Na primeira
expressão obteve-se a flambagem lateral das vigas, enquanto que a outra mostrou a
redução da flambagem devido à deformação ao cisalhamento. Como resultado, foi
concluído que o efeito de deformação ao cisalhamento é significante nas vigas
mistas.
Alguns pesquisadores preferiram discorrer sobre as aberturas nas almas das
vigas mistas, como é o caso de Fahmy (1996) que analisou a resistência última de
vigas mistas com aberturas retangulares, não reforçadas, na alma. As aberturas
podem ser concêntricas ou excêntricas à seção da viga de aço. O método utilizado
considera a interação completa entre a viga de aço e a laje de concreto. Neste caso,
a laje contribui na resistência ao cisalhamento da viga. O resultado dos efeitos da
excentricidade, altura e comprimento da abertura na resistência das vigas mistas são
apresentados e comparados com outros testes realizados por outros pesquisadores.
Para Chung e Lawson (2001) as grandes aberturas nas vigas mistas para a
passagem de dutos de serviço representam um grande problema estrutural. Para
minimizar os efeitos de cisalhamento e momento fletor nas vigas mistas com
grandes aberturas na alma os autores elaboraram um método de projeto seguindo
as regras do EUROCODE 4. São fornecidas informações gerais sobre medidas de
aberturas em função do cisalhamento e momento fletor de vigas mistas. O efeito das
deflexões nas aberturas é estimado pelo tamanho e posição das mesmas. Neste
trabalho são apresentados projetos de vigas mistas com grandes aberturas
retangulares e circulares. Para auxiliar os projetistas são também fornecidas regras
detalhadas para vigas entalhadas.
A largura efetiva de vigas mistas no estado limite de serviço e no estado
limite último foi estudada por Amadio e Fragiacomo (2002). Neste trabalho os
problemas relacionados à avaliação da largura efetiva das vigas foram analisados
através de um estudo paramétrico com o código ABAQUS. Nos resultados foram
indicados os parâmetros mais importantes que influenciam a largura efetiva das
vigas mistas e alguns critérios preliminares para a execução de projeto das mesmas.
43

Num outro trabalho de Amadio et al. (2004) foram realizados testes


experimentais para avaliar a largura efetiva de vigas mistas aço-concreto, nos
estados elástico e plástico. Este estudo foi realizado na universidade de Trieste em
quatro amostras submetidas a momentos positivos e negativos. Uma análise da
influência da ligação viga-coluna também foi realizada. Os resultados mostram que
em todas as amostras a largura efetiva aumenta com a carga, aproximando a largura
inteira da laje ao colapso. A presença da ligação viga-coluna não afeta este
resultado. Ao comparar os resultados obtidos com a formulação do EUROCODE 4
percebeu-se que tal aproximação é adequada para as análises elásticas. Para
análises do colapso de vigas mistas sob momentos negativos foi apresentada uma
modificação simples da proposta do EUROCODE 4.
Outro trabalho de caráter experimental foi o de Chapman e Balakrishnan
(1964), que descreve o comportamento de dezessete vigas mistas, simplesmente
apoiadas, sob carregamento estático concentrado no meio do vão e também
uniformemente distribuído, considerando a variação do número de conectores ao
longo do vão, suas distribuições: uniforme e triangular e diferentes alturas e
diâmetros dos mesmos. A ênfase do trabalho está no comportamento da conexão de
cisalhamento e no efeito do escorregamento na interface aço-concreto durante a
aplicação do carregamento. Dentre as conclusões obtidas cita-se que: a utilização
do diagrama retangular de tensões se mostrou adequada para cálculo do momento
fletor resistente; durante a fase elástica o efeito do escorregamento relativo na
interface aço concreto foi pequeno; devido à existência de forças axiais
consideráveis nos conectores, estes devem ser devidamente ancorados na região
comprimida da laje de concreto; a consideração da capacidade última dos
conectores em projeto é razoável; a distribuição uniforme dos conectores se mostrou
satisfatória para ambos os carregamentos.
Com a finalidade de calcular a resistência à flexão de vigas mistas contínuas
Dekker et al. (1995) dividiu-as em duas regiões. Na região de momentos positivos a
resistência à flexão é governada pela resistência do concreto e da viga de aço. O
cálculo neste caso é baseado no estado plástico das tensões que fornece a
capacidade última do momento fletor. Em regiões de momentos fletores negativos,
entretanto, a instabilidade local e global da seção de aço e parte da seção de
concreto influenciam na resistência última de flexão. Esta instabilidade também
influencia na redistribuição do momento fletor da seção pela absorção inelástica das
44

rotações. Outros fatores que influenciam o comportamento de vigas mistas e suas


relações com a geometria da seção e vão das vigas mistas também são discutidos.
Para fornecer uma base para avaliar a influência do efeito de torção da laje na viga
de aço, foi apresentado um modelo teórico. Este modelo também considera a
flambagem do flange e da alma da viga. Os resultados obtidos foram comparados
com resultados de testes experimentais.
Já Li et al. (1995) apresenta um método, que usa fórmulas algébricas, para
calcular a capacidade de rotação das ligações necessárias na redistribuição dos
momentos nas vigas de aço e vigas mistas semi-contínuas. O método é baseado no
uso das relações do momento-deformação obtidos da consideração das curvas de
tensão-deformação do aço e do concreto. Diversas situações de carga são
consideradas junto com as propriedades da viga. Com este método é possível
determinar as rotações das ligações requeridas para a redistribuição das
porcentagens do momento nos apoios, no meio da seção e em toda a seção
longitudinal das vigas. O EUROCODE é utilizado considerando as vigas nos estados
elástico e plástico. Por último são ilustrados exemplos através de gráficos.
Loha et al. (2004) utilizaram testes experimentais para investigar o
comportamento de oito vigas mistas sujeitas a momento negativo. O teste foi feito na
Austrália para ligações internas principais de vigas mistas, em construções de baixa
e de média altura. Neste teste foram considerados os efeitos do carregamento que
simulam o vento ou condições moderadas de um terremoto. Três das vigas foram
submetidas a um carregamento estático unidirecional. Para as restantes foram
considerados ciclos semi-estáticos variando a escala de carregamentos. Os
parâmetros utilizados também consideraram a variação do grau da conexão de
cisalhamento e a porcentagem de armadura de reforço. Os resultados mostraram
que é possível utilizar a conexão de cisalhamento parcial nas regiões de momento
negativo de estruturas mistas contínuas e semi-contínuas, válidas para o estado
plástico. Não foram percebidas diferenças significativas na capacidade última da
carga em vigas projetadas com interações de conexão de cisalhamento mais baixas.
Entretanto foi observada uma maior ductilidade pelo aumento na capacidade de
rotação. Notou-se também que o desempenho das vigas à fadiga devido à ação das
cargas repetidas não foi prejudicado.
Num outro trabalho, Lohb et al. (2004) preferiram desenvolver um modelo
analítico interativo para estudar o comportamento das vigas mistas sujeitas a
45

momento negativo. Os conceitos da interação parcial, que permitem o deslizamento


na interface aço-concreto, foram considerados em conjunto com os princípios de
equilíbrio. Os resultados analíticos foram comparados com os experimentais
relatados anteriormente. A resposta à flexão completa das vigas, incluindo o
deslizamento pela falha do conector de cisalhamento foi verificada. Os dados
obtidos também foram comparados com dados experimentais publicados na
literatura. Essas comparações permitem que se verifique a confiabilidade do modelo.
Além disso, foi proposta uma modificação do método rígido-plástico para melhorar a
aproximação usada atualmente na prática e facilitar a inclusão da conexão de
cisalhamento parcial nas regiões de momento negativo de estruturas mistas.
Já o trabalho de Sapountzakis e Katsikadelis (2003) apresenta uma solução
para o problema da flexão em vigas mistas com conexão parcial, incluindo efeitos da
deformação lenta e retração do concreto. O modelo adotado leva em conta forças e
deformações da placa da laje e da viga metálica, permitindo qualquer distribuição
dos conectores ao longo da interface laje-viga. A análise considera a hipótese de
que a laje e a viga podem deslizar ao longo da conexão, mas não podem se separar
e, a não linearidade do conjunto laje-viga, que é resolvida no Estado Plano de
Tensões, pelo Método de Equação Análoga (AEM). Nos exemplos numéricos
desenvolvidos pode-se verificar que quanto menor a rigidez do conector maior é a
flexão do conjunto misto e, que os valores das forças de cisalhamento na interface
laje-viga reduzem significativamente com o decremento da rigidez do conector, ou
seja, com o incremento do deslizamento. Ainda verificou-se que a retração nas
primeiras idades do concreto predomina para baixos valores de rigidez dos
conectores. Já para valores altos de rigidez dos conectores a ação da deformação
lenta predominou sobre a retração.
Catai (2005), por outro lado, discorre sobre vigas mistas, enfatizado a
aplicação das mesmas em pontes. Neste trabalho estudaram-se as ações e
combinações que podem ocorrer nestas vigas e foram apresentadas as principais
características das vigas mistas, tabuleiros e conectores de cisalhamento utilizados.
Ainda foram observados, para estas vigas, os efeitos da retração e fluência do
concreto através de uma análise elástica. O método das tensões admissíveis foi
utilizado para obter as tensões atuantes na seção mista, considerando interação
completa entre o perfil de aço e o tabuleiro de concreto. Foi possível verificar neste
46

trabalho, um aumento do deslocamento ao longo do tempo e uma redistribuição de


tensões na seção mista devido os efeitos da retração e fluência.
Dall’Asta (2001) define um modelo para análise de vigas mistas com fraca
conexão de cisalhamento, submetidas a cargas tridimensionais, considerando não
apenas flexão no plano de simetria, mas também flexão transversal e torção. O
problema adota o modelo cinemático assumindo que cada componente da seção
transversal é rígido em seu plano e apenas escorregamento relativo pode acontecer
na interface da laje e viga, enquanto o contato é preservado, ou seja, não há
deslocamento vertical entre a viga e a laje. O modelo analisa a torção em seções
caixão mistas, apresentando resultados para seção caixão mista retangular.
Observou-se que a rotação ao redor do eixo de torção da viga provoca tensão e
deformação na seção transversal dos componentes da viga e que a deformação
total é a soma da rotação e empenamento, enquanto a força de escorregamento na
interface é controlada apenas pelo empenamento da seção.
Fabbrocino et al. (2002) desenvolveu no seu trabalho aspectos
computacionais da modelagem de membros mistos à flexão, de sistemas estruturais
contínuos e semi-contínuos. O objetivo da análise foi o de avaliar a ductilidade, a
capacidade de rotação e o comportamento estrutural de vigas mistas e colunas, sob
carga cíclica. O foco do trabalho está na transferência de cargas e desenvolvimento
da rotação em regiões das ligações das estruturas mistas. O modelo cinemático
clássico de Newmark foi utilizado para simplificar a seção transversal dos elementos
mistos (Figura 2.18). O estudo ainda utiliza a técnica de diferenças finitas e uma
relação generalizada de momento-curvatura para o escorregamento.
Numa outra publicação, Dall’Asta e Zona (2002) abordaram alguns aspectos
para a convergência da solução não linear de vigas mistas quando se utiliza a
técnica de elementos finitos. A análise do elemento finito está baseada no método
dos deslocamentos de acordo com o modelo cinemático de Newmark (Figura 2.18).
47

FIGURA 2.18 – MODELO CINEMÁTICO DE NEWMARK


FONTE: DALL’ASTA E ZONA (2002)

A força no conector de cisalhamento é calculada pelo escorregamento,


assumindo-se a relação constitutiva da conexão e, a tensão normal foi calculada
pela deformação axial considerando-se as relações constitutivas dos materiais da
viga mista. Foram comparadas soluções dos elementos com oito, dez e dezesseis
graus de liberdade. A aplicação numérica se deu a partir da análise de uma viga
contínua com dois vãos onde aparecem fissuras e esmagamento no concreto,
escoamento do aço e a conexão trabalhando no limite não linear constante de
baixos níveis de carga. Para evitar o colapso da conexão antes da viga ou da laje
alcançarem o estado limite último, utilizou-se conexão total. Observou-se que a
obtenção de boas soluções não lineares requer que um grande número de graus de
liberdade e grande esforço computacional.
A proposta de um elemento finito misto de três campos, para análise de
vigas mistas em balanço, com conexões de cisalhamento deformáveis, foi
apresentada por Dall’Asta e Zonaa (2004). A formulação considera o comportamento
não linear dos materiais e compara o elemento proposto com um elemento de
deslocamento livre e outro de deslocamento livre mais refinado. O modelo
cinemático adotado, o modelo de Newmark (Figura 2.18), considera apenas
descontinuidades paralelas ao eixo da viga, ou seja, o deslocamento ortogonal ao
eixo da viga é o mesmo tanto para a viga quanto para a laje. Ainda se considera
apenas a flexão no plano da viga, não há torção. Os efeitos da deformação da
conexão são considerados pelo uso de um modelo de interface que preserva o
contato entre os componentes da viga. De acordo com os autores, elementos finitos
baseados no método dos deslocamentos apresentam uma formulação simples,
48

porém o elemento é afetado pelo travamento ao deslocamento quando a rigidez da


conexão aumenta. Pelos resultados obtidos observa-se que o elemento misto
fornece distribuições de força axial e momento fletor mais regulares na análise não
linear, porém requer mais formulações e tempo computacional. Além disso, a
convergência é lenta para altas não linearidades. Quando comparado com o
elemento de deslocamento livre refinado, o elemento misto apresenta pequenas
vantagens na descrição de forças axiais e distribuição de momentos fletores. Já o
elemento refinado fornece maior precisão na descrição do escorregamento e força
de cisalhamento, tem simples formulação e convergência e, o estado não linear é
obtido com boa confiança.
Dall’Asta e Zonab (2004), numa outra publicação, discutiram o problema que
aparece na análise por elementos finitos de vigas mistas com conexão deformável,
que é o deslizamento entre os componentes da viga. Neste trabalho também foi
utilizado o modelo cinemático de Newmark (Figura 2.18). Segundo os autores, para
altos valores de rigidez da conexão ocorrem problemas de travamento ao
deslizamento. Para evitar o travamento ao deslizamento propõe-se a estratégia de
calibrar a escolha das funções de forma do deslocamento e comparar diferentes
elementos baseados no deslocamento, com relação aos erros local e global, taxa de
convergência e efeitos do travamento ao deslizamento. Pelos resultados dos testes
numéricos observou-se que os elementos mistos podem ser afetados pelo
travamento ao deslizamento. Os autores afirmam que é possível reduzir o
travamento ao deslizamento através do uso de baixos graus de liberdade das
funções de forma do escorregamento e força na interface laje-viga, porém a
utilização destas entidades fornece resultados com pouca precisão. Por outro lado,
elementos de deslocamento livre, formulados de acordo com a compatibilidade entre
os campos axial e de flexão e, elementos mistos baseados nas funções de forma de
deslocamento livre permitem obter resultados mais precisos tanto na análise linear
quanto na não linear.
Outro trabalho desenvolvido por Dall’Asta e Zonac (2004) apresentou
análises não lineares de vigas mistas contínuas com baixo grau de conexão de
cisalhamento, usando um elemento misto de três campos. O objetivo deste artigo é
avaliar a eficiência do elemento proposto em comparação com dois elementos de
deslocamento livre cujos nós internos foram previamente testados. O método
utilizado, que introduz aproximações polinomiais para os campos de deformação e
49

de tensão no interior de cada elemento, também faz uso do modelo cinemático de


Newmark (Figura 2.18). As aplicações numéricas foram realizadas com vigas
contínuas de dois vãos com interação total. Pelos resultados notou-se que o
elemento proposto e o de deslocamento livre apresentam comportamento similar
global, na descrição dos campos de deslocamento e deformação local. Verificou-se
que os resultados numéricos apresentaram boa aproximação com resultados
experimentais. Em relação às malhas adotadas, observou-se que os resultados
numéricos da viga no colapso são influenciados pelas mesmas. Malhas pouco
refinadas resultam em uma superestimação das pesquisas estruturais, enquanto
malhas muito refinadas requerem grande esforço computacional. Verificou-se ainda
que os melhores resultados dos modelos, levando em conta a carga de colapso e a
deflexão última, foram obtidos quando a razão entre o comprimento e a altura da
seção foi próxima de dois.
O trabalho de Faella et al. (2002) apresenta um modelo exato de elemento
finito para análise de viga mista com conexão flexível. Este modelo está baseado no
deslocamento e é considerado exato porque a matriz de rigidez (K) e o vetor de
forças nodais equivalente (Qc) derivam da solução da equação diferencial exata
proposta pela teoria de Newmark, ou seja, não são utilizadas funções de forma
aproximadas para o campo de deslocamentos. O modelo pode ser utilizado para
analisar vigas mistas contínuas com conexões flexíveis e também em análises ao
longo do tempo como retração e deformação lenta, utilizando métodos algébricos
viscosos simples. Pelas aplicações do modelo verificou-se que: as fissuras da laje de
concreto aumentam a redistribuição do momento em relação à situação não
fissurada; a deflexão é maior para vigas mistas com interação parcial devido o
decréscimo de rigidez à flexão da conexão flexível e, a redistribuição de momento
fletor em vigas contínuas é influenciada pela interação de cisalhamento parcial.
Conclui-se que o modelo pode ser empregado para avaliar diversas situações como:
situação de serviço de vigas mistas, efeitos de fissuras, comportamento não linear
da conexão de cisalhamento e comportamento do concreto ao longo do tempo.
Ranzi e Bradford (2006) apresentam um modelo algébrico para análise de
efeitos dependentes do tempo que ocorrem em vigas mistas com interação parcial,
devido à deformação da conexão. Os efeitos são: a fluência e a retração da laje de
concreto. A análise é feita para cargas de serviço. O modelo pode ser aplicado para
análise de vigas mistas sujeitas à condições genéricas de carregamento e diversos
50

tipos de apoio, inclusive vigas contínuas e, usa solução de forma fechada que,
segundo os autores, requerem apenas uma discretização que é no domínio do
tempo. O perfil metálico, a armadura da laje e a conexão de cisalhamento são
considerados com comportamento elástico linear. Já o concreto depende do tempo.
Seu comportamento é modelado algebricamente pelo método módulo de ajuste de
idade (AEMM) e pelo método de tensões (MS), que são modelos viscoelásticos para
deformação do concreto. Após a aplicação do modelo em vigas mistas pode-se
observar que os resultados obtidos com o uso de soluções de forma fechada são
iguais aos encontrados pelo método de rigidez direto.
Oven et al. (1997) também desenvolveu um modelo para estudar o
comportamento de vigas mistas com interação parcial. Este modelo utiliza o
programa INSTAF e está baseado em uma análise não linear por elementos finitos
em 2D, conforme figura 2.19.

FIGURA 2.19 – ELEMENTO FINITO


FONTE: OVEN et al. (1997)

No modelo matemático adotado por Oven et al. (1997), a distribuição das


deformações axiais na laje e no perfil metálico é linear, com valores diferentes para a
laje e perfil; assume-se um cisalhamento médio contínuo para os conectores ao
longo do comprimento da viga e, que o deslocamento vertical, a rotação e a flexão
da laje e da viga metálica são idênticos no final do elemento, que tem seis graus de
liberdade. São verificados os efeitos do escorregamento entre o perfil metálico e a
51

laje de concreto ao longo do comprimento da viga e o comportamento carga-


deflexão das vigas mistas. Segundo o autor, o processo analítico representa uma
ferramenta poderosa para a predição do comportamento de vigas mistas com
interação parcial e, quando comparado com dados experimentais e analíticos o
modelo computacional fornece resultados consistentes.
O trabalho realizado por Jurkiewiez e Braymand (2007) trata-se de um
experimento realizado com vigas mistas. Os testes experimentais foram realizados
com a aplicação lenta de cargas, aumentando-as até a falha da viga mista, após
ciclos de descarregamento e carregamento, no domínio elástico. Durante os testes
foram medidos: a flexão, o deslocamento vertical, a aplicação da carga, a deflexão
da viga, a deformação longitudinal na laje de concreto e na viga, o escorregamento,
a deformação axial dos conectores e a largura das fissuras da laje de concreto.
Dividiu-se o comportamento geral da viga em: domínio elástico, de escoamento e de
falha. Verificou-se que a viga apresenta boa ductilidade nos domínios elástico e de
escoamento. Para altas compressões aparecem falhas e esmagamento na laje,
acompanhada por deformações plásticas na viga de aço. A deflexão horizontal dos
conectores muda significativamente durante o carregamento. Pode-se notar no
estado de tensão-deformação da viga que os conectores parecem estar embutidos
na laje somente quando as fissuras estão quase fechadas. Conclui-se que o efeito
das fissuras não influencia significativamente as principais variáveis do
comportamento à flexão da viga, porém o escorregamento e deformações nos
conectores dependem das fissuras.
Bradford e Kemp (2000) procuraram revisar os trabalhos encontrados na
literatura que tratam de flambagem local, lateral e torcional, que ocorrem em regiões
de momento negativo de vigas mistas contínuas (Figura 2.20). Segundo os autores,
nestas regiões o perfil metálico está sujeito a combinação de esforços de tração e
compressão e, portanto, propenso à flambagem. Os modos de flambagem
verificados em vigas mistas sob flexão negativa podem ser local ou global e, os
modos de falhas mais importantes são: a flambagem local do flange do perfil, local
da alma e lateral-torcional. Quando estas flambagens são controladas pode-se obter
grande capacidade de rotação, valor que fica além da resistência do momento
plástico.
52

FIGURA 2.20 – FLAMBAGEM LOCAL E TORSIONAL DE VIGA MISTA EM FLEXÃO NEGATIVA


FONTE: BRADFORD E KEMP (2000)

Já o trabalho de Wendel (2003) apresenta uma análise, por elementos


finitos, da ductilidade requerida da conexão viga metálica-laje de concreto sob
cargas externas, cuja resposta estrutural foi dividida em três fases. A primeira
considera que as conexões se comportam elasticamente. A segunda é definida por
escoamentos seqüenciais das conexões. E na terceira todas as conexões
apresentam deformações plásticas até a carga última da viga. Na primeira fase a
distribuição da força de cisalhamento nas conexões é irregular. Quando inicia o
escoamento das conexões ocorre à redistribuição da força e, a deformação plástica,
na segunda fase, acontece com o aumento da carga. Na terceira fase todas as
conexões continuam se deformando. Verificou-se, neste trabalho, que quando a
carga última da viga mista é obtida a ductilidade requerida das conexões aumenta
com a redução da concordância das conexões. Por outro lado, antes da viga mista
atingir a carga última, a ductilidade requerida no escoamento de todas as conexões
reduz com a redução da concordância das conexões.
Baskar e Shanmugam (2003) investigaram experimentalmente placas de
vigas mistas sujeitas a ação combinada de cisalhamento e flexão, procurando
analisar o comportamento das placas de vigas mistas sob carga última. O foco do
estudo foi à variação da ação do campo de tensões na alma das vigas, devida à
ação mista entre o perfil metálico e a laje de concreto. Além dos resultados
experimentais, apresentou-se uma análise das vigas mistas por elementos finitos,
através do código ABAQUS. No ABAQUS utilizou-se um modelo de elemento 3D.
Verificou-se que o comportamento tanto de vigas mistas submetidas à flexão
negativa quanto das submetidas à flexão positiva é similar na falha por
53

cisalhamento, porém na ação combinada de flexão e cisalhamento, verificou-se


maior eficiência da ação mista em vigas com flexão positiva do que nas com flexão
negativa. Ainda observou-se, na análise por elementos finitos, que o modelo de
concreto, que considera fissuras na laje, é capaz de predizer o comportamento e
carga última com precisão razoável.
Virtuoso e Vieira (2004) utilizaram o Método dos Elementos Finitos para
analisar os efeitos da fluência e retração do flange do concreto no comportamento
de vigas mistas aço-concreto com interação parcial. Neste trabalho são avaliadas a
tensão, a redistribuição e a evolução das forças internas, bem como os
deslocamentos correspondentes. O comportamento não linear do concreto é
considerado examinando a fissura do flange em momentos negativos. O
comportamento não linear da conexão entre a viga de aço e o flange do concreto é
considerado a fim de simular resultados experimentais. A análise foi feita levando-se
em consideração o equilíbrio interno das forças. O comportamento visco-elástico do
concreto é considerado através de um processo incremental no tempo por um
método numérico baseado na aproximação da deformação lenta com um número
finito de termos da série complexa. Ainda neste trabalho são apresentados alguns
exemplos numéricos.
Segundo Liang et al. (2004) as normas atuais de projeto são conservadoras,
pois estes ignoram as contribuições da laje de concreto e a ação mista da
resistência ao cisalhamento vertical em vigas mistas contínuas aço-concreto. Por
isso os autores desenvolveram um modelo tridimensional baseado no Método dos
Elementos Finitos para investigar a resistência última de vigas mistas contínuas na
combinação de flambagem e cisalhamento. Este método analisou o comportamento
não-linear da geometria e material de vigas mistas contínuas. Após a verificação do
modelo de elementos finitos por resultados experimentais, foram estudados os
efeitos da laje de concreto e da conexão de cisalhamento na resistência ao esforço
cortante. Os resultados mostraram que a laje de concreto e a ação mista aumentam
significativamente a resistência última das vigas mistas contínuas. Com base nos
resultados numéricos foi proposto um modelo de projeto para verificar a resistência
de cisalhamento vertical e a interação momento-cortante. Este modelo incorporou os
efeitos da laje de concreto, da ação mista, da falha do conector e da flambagem ao
cortante na alma da viga mistas contínuas. Os resultados obtidos foram comparados
com resultados experimentais.
54

O modelo numérico tridimensional elaborado por Kirchhof (2004) também


tomou como base o Método dos Elementos Finitos. O objetivo deste trabalho foi o de
simular, através do código de cálculo ABAQUS, o comportamento estrutural de vigas
mistas em temperatura ambiente e em situação de incêndio. A validação dos
resultados foi realizada comparando-se com os valores obtidos numérica e
experimentalmente por outros pesquisadores.
Fatmi e Zenzri (2004) utilizaram o Método dos Elementos Finitos para
simplificar a implementação numérica da teoria da viga elástica. O método numérico
proposto foi desenvolvido a partir de uma caracterização tridimensional de
operações de cálculo de vigas mistas homogêneas feitas com materiais isotrópicos e
laminadas, simétricas e assimétricas, feitas de materiais transversalmente
isotrópicos. Este método consiste em resolver sete problemas da elasticidade
definida para uma parte longitudinal da viga. Os resultados foram obtidos pelo uso
de softwares que fazem a triangulação dos nós de elementos espaciais. Com a
obtenção dos dados relativos a rigidez estrutural das vigas mistas, ligações
elásticas, deformações e tensões tridimensionais foi possível validar o modelo,
comparando os resultados obtidos com os disponíveis de outros pesquisadores.
Com a intenção de avaliar a fadiga nas vigas mistas de pontes, Seracino et
al. (2004) desenvolveu um procedimento simplificado. Foi dada atenção à resistência
ou a força residual da conexão de cisalhamento. Também foi considerado o
aumento das tensões nos componentes do aço e concreto devido à interação
parcial. Este trabalho foi baseado na teoria elástica linear da interação parcial. O
fluxo das tensões da interação parcial nos componentes do aço e concreto foi
determinado e utilizado para predizer mais exatamente a força ou a resistência
residual da seção mista. Esta pesquisa é aplicável para vigas mistas com qualquer
seção transversal, comprimento, e distribuição de conectores de cisalhamento. A
técnica é validada por uma modelagem baseada no método de elementos finitos.
A título de simular o comportamento estrutural de vigas mistas, Kotinda
(2006) apresenta modelos numéricos tridimensionais enfatizando a interface entre a
viga de aço e a laje de concreto. As simulações tomaram como base o Método dos
Elementos Finitos e foram realizadas por meio do código de cálculo ANSYS versão
8.0. Os modelos simulados se constituem por vigas mistas simplesmente apoiadas
com laje de faces planas e conectores de cisalhamento do tipo pino com cabeça.
Neste trabalho procurou-se gerar um modelo capaz de representar o comportamento
55

estrutural global de vigas mistas aço-concreto, e alguns aspectos localizados, como


a concentração de tensões nos conectores de cisalhamento e na região da laje
próxima aos conectores. A validação das simulações foi feita por comparação dos
modelos com valores experimentais de outros pesquisadores.
O escopo do trabalho de David (2007) também foi a análise do
comportamento de vigas mistas simplesmente apoiadas, através de análise
experimental e numérica. Neste estudo utilizou-se para a viga metálica um perfil
formado a frio e para a laje vigotas pré-moldadas treliçadas. Já os conectores
utilizados foram perfis “U” formados a frio. A modelagem numérica foi realizada com
o auxílio do código ANSYS versão 8.0. Verificou-se neste estudo que a taxa de
armadura transversal interfere na fissuração da laje e tem pequena influência na
resistência da viga mista; a posição dos conectores em relação às vigotas não
influencia a resistência da viga mista; o deslizamento relativo na interface viga laje é
nulo, enquanto existe aderência química entre os elementos e a força para a qual a
aderência é rompida varia de viga para viga e, que o modelo de plastificação total
para as vigas em perfis formados a frio de seção compacta é satisfatório na
representação das mesmas.

3 MODELAGEM NUMÉRICA

Nesta pesquisa, foram adotados modelos de vigas mistas extraídos dos


trabalhos: experimental de Chapman e Balakrishnan (1964) e numérico de KOTINDA
(2006), que disponibilizou um roteiro (script) para a geração dos mesmos. Dessa
forma, foram utilizados para os modelos simulados nesta dissertação, a mesma
geometria, parâmetros, propriedades dos materiais e nomenclatura das vigas mistas,
definidos nos trabalhos referenciados.
Os modelados simulados contemplam vigas mistas simplesmente apoiadas
(figura 3.1), de alma compacta, com interação total, laje plana de concreto armado
com armadura nas duas direções (transversal e longitudinal), sujeitas a dois tipos de
carregamentos: concentrado no meio do vão e uniformemente distribuído entre os
apoios das vigas. Os conectores de cisalhamento utilizados nesses modelos são do
56

tipo pino com cabeça (stud bolt) e apresentam três valores distintos de alturas e
diâmetros.
A modelagem numérica foi iniciada com a definição da geometria das vigas
mistas (figura 3.1). Depois, foram escolhidos os elementos finitos, disponíveis na
biblioteca do programa ANSYS, para discretizar as peças. Em seguida, foram
introduzidas, no código adotado, as propriedades e relações constitutivas dos
materiais. Posteriormente, definiu-se a malha, os acoplamentos e vinculações entre
os elementos, considerando a condição de simetria e conseqüente restrição dos
graus de liberdade, bem como a vinculação no apoio da viga e o carregamento.
A seguir serão apresentadas algumas características do Método dos
Elementos Finitos (MEF) e a descrição das etapas da modelagem das vigas mistas.

FIGURA 3.1 – DIMENSÕES (MM) DOS MODELOS SIMULADOS


FONTE: KOTINDA (2006)

3.1 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

A origem do Método dos Elementos Finitos (MEF), de acordo com Oliveira


apud Lotti et al. (2007), ocorreu no final do século XVIII, com a proposta da utilização
de funções de aproximação, por Gauss, para a solução de problemas matemáticos.
57

Porém o grande impulso para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do MEF ocorreu


a partir do avanço tecnológico dos equipamentos computacionais, por volta de 1950,
cuja aplicação se deu especialmente na indústria aeroespacial (PEREIRA, 2007).
Segundo Pereira (2007) o MEF é um método matemático utilizado para a
solução de equações diferenciais parciais, definidas sob domínios complexos, que
consiste numa adaptação de métodos de aproximação conhecidos.
De acordo com o Thorus Scisoft Web Presence (2007), o MEF pode ser
entendido como uma aproximação discreta, que possui um número finito de
incógnitas, para um problema contínuo, com número infinito de incógnitas. No MEF a
região do espaço que delimita o problema é modelada por uma aproximação
polinomial local controlada por coeficientes. Esta região é dividida em um número
finito de elementos geométricos cujo campo contínuo dos mesmos contém as
variáveis da equação diferencial parcial. A partir das conexões nodais
compartilhadas dos elementos é possível obter um conjunto de equações algébricas
que pode ser solucionado numericamente por métodos de otimização e algorítmos
matriciais (THORUS SCISOFT WEB PRESENCE, 2007).
A modelagem através do MEF possui etapas operacionais que são descritas
a seguir, conforme a Thorus Scisoft Web Presence (2007):
• Descrição geométrica da região do espaço que será considerada na
modelagem;
• Geração de uma malha de elementos interconectados por nós;
• Definição das equações e condições de contorno que regem o problema;
• Solução numérica do sistema algébrico resultante;
• Resultados visualizados no pós-processamento.

3.2 ELEMENTOS FINITOS ADOTADOS NA MODELAGEM NUMÉRICA

Para a discretização das peças componentes da viga mista, foram


escolhidos elementos finitos, disponíveis na biblioteca do programa ANSYS,
idênticos aos definidos por Kotinda (2006). As características dos elementos são
apresentadas a seguir.
58

3.2.1 Elemento SOLID 65

O elemento tridimensional SOLID 65, utilizado na discretização da laje de


concreto, é constituído por oito nós (figura 3.2), em que cada nó possui três graus de
liberdade, no caso, translações em x, y e z.
O SOLID 65 é capaz de simular o comportamento de materiais como o
concreto, ou seja, fissuração na tração (nas três direções ortogonais) e
esmagamento na compressão, bem como um comportamento de não linearidade
física para análise de deformações plásticas, por exemplo.
O elemento também possibilita a inclusão das barras de armadura de forma
discreta ou na forma de taxas, denominada armadura dispersa, as quais são
resistentes apenas à esforços de tração e de compressão. Essas barras de
armaduras são orientadas no elemento segundo os ângulos φ e θ (figura 3.2).

FIGURA 3.2 – ELEMENTO SOLID 65


FONTE: BIBLIOTECA DO ANSYS

3.2.2 Elemento SHELL 43

O elemento SHELL 43 (figura 3.3), utilizado na discretização do perfil de aço,


é um elemento plano, com quatro nós e seis graus de liberdade por nó, três
translações e três rotações. Esse elemento permite a consideração de não-
linearidade do material e apresenta deformação linear no plano em que está contido.
59

FIGURA 3.3 – ELEMENTO SHELL 43


FONTE: BIBLIOTECA DO ANSYS

3.2.3 Elemento BEAM 189

A modelagem dos conectores de cisalhamento foi feita com o elemento


BEAM189 (figura 3.4), ou seja, com elemento de viga com três nós (I, J e K) e seis
graus de liberdade por nó incluindo as translações e as rotações segundo os eixos x,
y e z. Esse elemento foi escolhido por proporcionar uma modelagem mais simples,
uma vez que evita a utilização de elementos finitos do tipo mola, que requerem
dados experimentais para a definição dos parâmetros utilizados no ANSYS. Além
disso, o elemento BEAM 189 permite a configuração da forma da seção transversal,
possibilita a consideração da não linearidade física do material e responde a
esforços de flexão.

FIGURA 3.4 – ELEMENTO BEAM 189


FONTE: BIBLIOTECA DO ANSYS
60

3.2.4 Elemento TARGE 170 e CONTA 173

Os elementos TARGE 170 e CONTA 173 (figura 3.5) são definidos pelo
ANSYS como elementos de contato, os quais possuem três graus de liberdade em
cada nó, com translações segundo x, y e z. Os elementos trabalham associados
para dar origem ao par de contato.

FIGURA 3.5 – ELEMENTO TARGE 170 E CONTA 173


FONTE: BIBLIOTECA DO ANSYS

Ambos os elementos representam o contato existente na interface entre laje


de concreto e viga de aço. Esses elementos, utilizados em análises tridimensionais
com contato do tipo superfície-superfície, são capazes de simular a existência de
pressão entre os elementos, quando há contato, e a separação entre os mesmos,
quando não há contato. O par de contato ainda permite a consideração de atrito e
coesão (adesão) entre as partes. As características geométricas dos elementos
variam com o tipo de elemento sobre o qual eles são aplicados.
O elemento TARGE 170 é definido para a superfície alvo e o elemento
CONTA 173 para a superfície de contato. A superfície alvo é a mais rígida e a
superfície de contato a mais deformável, não levando em consideração, neste caso,
o tipo de material.
O elemento de contato trabalha quando ocorre a transferência de tensões de
compressão no contato e nenhuma força de tração é transferida quando ocorre
61

separação entre as superfícies, ou seja, quando a superfície de contato penetra na


superfície alvo inicia-se o trabalho do elemento de contato.
Para que se possa controlar a intensidade de penetração e de afastamento
entre as duas superfícies é necessário estabelecer o fator de rigidez de contato
normal (FKN) entre as superfícies (alvo e contato), o fator de rigidez de contato
tangencial (FKT), que é proporcional à rigidez normal e ao coeficiente de atrito e, a
tolerância de penetração entre as duas superfícies, denominada de FTOLN. Essa
tolerância juntamente com o FKN tem grande influência na convergência durante o
processamento do modelo.

3.3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

As características e propriedades dos materiais das vigas mistas utilizadas


nas simulações, adotadas em concordância com os modelos experimentais de
Chapman e Balakrishnan (1964) e numéricos desenvolvido por Kotinda (2006), são
apresentadas no quadro 3.1. Nesse quadro, a viga mista A3 representa o modelo
com carregamento concentrado no meio do vão e a viga mista U3, o modelo com
carga distribuída uniformemente ao longo do vão.
VIGA A3 U3
Tipo de carregamento Concentrado no meio do Uniformemente distribuído
vão
Número de conectores 68 56
Diâmetro do corpo do conector (mm) 19 19
Altura total do conector (mm) 102 102
2
fcm cilíndrico (kN/cm ) 1,84 2,99
2
Ecm (kN/cm ) 2.642 3.055
2
E (kN/cm ) Alma 19.456 20.064
Mesa 20.064 19.912
2
fy (kN/cm ) Alma 30,2 23,0
Mesa 25,2 23,2
2
fu (kN/cm ) Alma 44,4 41,5
Mesa 44,7 42,0
εh/εy Alma 1,0 8,2
Mesa 1,0 5,2
2
E (kN/cm ) Conectores 20.500 20.500
2
fu (Kn/cm ) 51,4 51,4
2
fy (Kn/cm ) 42,1 42,1
2
E (kN/cm ) Armadura 20.500 20.500
2
fy (kN/cm ) 32,0 32,0

QUADRO 3.1 – CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS


62

Quanto as variáveis têm-se:


fcm = valor médio da resistência à compressão do concreto para corpo de
prova cilíndrico;
Ecm = módulo secante de elasticidade do concreto;
E = módulo de elasticidade do aço;
fy = tensão de escoamento do aço;
fu = tensão última do aço;
εy = deformação elástica;
εh = deformação de início de encruamento.

3.4 RELAÇÕES CONSTITUTIVAS

O comportamento estrutural dos elementos da viga mista foi definido a partir


de relações constitutivas, implementadas por Kotinda (2006) e descritas a seguir.

3.4.1 Aço do Perfil

A simulação do comportamento estrutural do aço do perfil foi feita por meio


de uma relação elasto-plástica multilinear com encruamento isótropo, associada ao
critério de plastificação de von Mises. A curva tensão (σ) deformação (ε) segue o
modelo constitutivo apresentado por Gattesco (1999), conforme ilustra a figura 3.6.
Até a tensão de escoamento (fy) o modelo adotado é elástico linear, entre o
limite de deformação elástica (εy) e deformação de início de encruamento (εh) é
perfeitamente plástico e a partir deste ponto até a tensão de ruptura (fu) é descrito
pela equação 3.1.

 ε − εh 
( )
σ = fy + Eh⋅ ε − ε h ⋅  1 − Eh⋅  , com Eh = 350 kN/cm2 ( 3.1)
 (4 f )
− f
u y 
63

FIGURA 3.6 – MODELO CONSTITUTIVO PARA O AÇO DO PERFIL


FONTE: KOTINDA (1999)

3.4.2 Aço dos Conectores

O modelo adotado para o aço dos conectores é do tipo bilinear com


encruamento isótropo, também associado ao critério de plastificação de von Mises.
A curva da figura 3.7 mostra o diagrama tensão-deformação para o aço dos
conectores.

*
FIGURA 3.7 – MODELO CONSTITUTIVO PARA O AÇO DOS CONECTORES
FONTE: KOTINDA (2006)

*
εu = 2‰
64

3.4.3 Aço da Armadura

A relação constitutiva para o aço da armadura segue um modelo elasto-


plástico perfeito e também está associada ao critério de plastificação de von Mises,
com base na relação entre as tensões uniaxiais e suas respectivas deformações
plásticas equivalentes, conforme indica o diagrama de tensão-deformação
apresentado na figura 3.8.

*
FIGURA 3.8 – MODELO CONSTITUTIVO PARA O AÇO DA ARMADURA
FONTE: KOTINDA (2006)

3.4.4 Concreto

A relação constitutiva adotada para a laje de concreto na tração segue o


modelo CONCRETE, disponibilizado pelo ANSYS, que tem como base o critério de
ruptura para o estado multiaxial de tensões, de acordo com o modelo de Willan-
Warnke e permite simular o esmagamento do concreto na compressão e a
fissuração na tração do concreto.
Para a utilização do modelo CONCRETE foi necessário definir alguns
parâmetros. Estes parâmetros foram os mesmos adotados por Kotinda (2006) e
estão apresentados no quadro 3.2, no qual se observa que o valor adotado para a

*
εu = 1‰
65

resistência última uniaxial à compressão, que indica a resposta do concreto ao


esmagamento, foi desabilitada para evitar instabilidades numéricas, admitindo-se o
critério de plastificação de von Mises para o concreto à compressão. Já para os
cinco últimos parâmetros utilizaram-se valores pré-estabelecidos pelo ANSYS.

Descrição dos Parâmetros Valores Adotados


Coeficiente de transferência de cisalhamento para fissura aberta 0,2
Coeficiente de transferência de cisalhamento para fissura fechada 0,6
* **
Resistência última uniaxial à tração (ft ) 0,184 e 0,299
Resistência última uniaxial à compressão (fc) -1
Resistência última biaxial à compressão (fcb)
Estado de tensão hidrostática ambiente (σha)
Resistência última biaxial à compressão sob o estado de tensão Pré-estabelecidos pelo
hidrostática ambiente (f1) ANSYS
Resistência última uniaxial à compressão sob o estado de tensão
hidrostática ambiente (f2)
Coeficiente multiplicador de rigidez para condição fissurada na tração

QUADRO 3.2 – PARÂMETROS DO MODELO CONCRETE

O comportamento do concreto na compressão foi representado por um


modelo constitutivo multilinear com encruamento isótropo apresentado pelo
diagrama de tensão-deformação na figura 3.9. Este comportamento segue a relação
apresentada pela equação 3.2, de acordo com o Eurocode 2 apud Kotinda (2006).

FIGURA 3.9 – MODELO CONSTITUTIVO PARA O CONCRETO


FONTE: KOTINDA (2006)

*
Igual a 1/10 da resistência à compressão do concreto (fcm) do modelo A3

**
Igual a 1/10 da resistência à compressão do concreto (fcm) do modelo U3
66

2
k⋅η − η
σ = fcm ⋅ , para 0 < ε < εc1 ( 3.2)
1 + ( k − 2⋅η )

sendo:
ε
η =
ε c1

εc1(‰) = 0,7 fcm0,31 < 2,8

k 1 , 1⋅
( Ecm⋅ ε c1 )
fcm

Onde η é o grau de conexão, fcm é o valor médio da resistência à


compressão do concreto para corpo de prova cilíndrico, εc1 é a deformação
correspondente à tensão máxima de compressão, εcu1 é a deformação última à
compressão e Ecm é o módulo secante de elasticidade do concreto.

3.5 CONTATO ENTRE LAJE E VIGA

Para os elementos CONTA 173 e TARGE 170, que representam o contato


entre a laje e a viga, foram definidos parâmetros, em concordância com os modelos
de Kotinda (2006). Esses elementos, que formam um par de contato, possibilitam o
surgimento de tensões normais de compressão e permitem a separação entre os
elementos, quando o contato é estabelecido.
Para esse par de contato foram estabelecidos valores de atrito e coesão,
com escorregamento regido pela Lei de Coulomb, conforme as equações 3.3 e 3.4:

τ lim = µ ⋅ P + c ( 3.3)

τ ≤ τ lim ( 3.4)
67

onde:
τ lim = tensão cisalhante limite;

τ = tensão cisalhante equivalente;

µ = o coeficiente de atrito;
P = pressão normal,
c = coesão, resistência ao escorregamento.

Quando a tensão cisalhante limite é excedida, as superfícies de contato


passam a deslizar entre si.
O valor estabelecido para o coeficiente de atrito entre aço e concreto foi 0,4
e para a coesão foi estimado um valor de 0,18 kN/cm2 a partir de valores médios de
tensão de adesão correspondentes ao surgimento de escorregamento na interface.
O método de solução para o contato foi o “Pure Lagrange Multiplier”,
disponibilizado pelo ANSYS. Esse método, de acordo com Kotinda (2006), impõe
penetração nula quando existe o contato entre as partes, ou seja, quando o contato
está fechado e escorregamento nulo enquanto não se atinge a tensão cisalhante
limite.
Os parâmetros que definem se o contato está fechado ou aberto é
estabelecido por FTOLN, que se refere a um valor mínimo de penetração para que o
contato seja considerado como fechado e por TNOP, que se refere a uma valor
mínimo de tração, normal à superfície de contato, para que o status se altere para
aberto.
O valor absoluto adotado para o FTOLN foi de -0,01 cm. Já para o TNOP
adotou-se 0,18 kN/cm2, o mesmo utilizado para a coesão, pois segundo Kotinda
(2006) não foi encontrado um valor mais adequado para este parâmetro nos
trabalhos desenvolvidos por outros pesquisadores.

3.6 DISCRETIZAÇÃO E MALHA DOS ELEMENTOS FINITOS ADOTADOS

Os modelos construídos para a análise numérica são constituídos por quatro


elementos que formam a laje de concreto com armaduras incluídas sob a forma de
68

taxa, a viga de aço, os conectores de cisalhamento e o par de contato na interface


laje-viga. Cada elemento foi gerado separadamente, malhado e acoplado um com
outro, na interface de contato entre eles, seguindo a mesma metodologia adotada
por Kotinda (2006).
A discretização de cada conector se deu através de três elementos do tipo
BEAM 189 devido a diferença de diâmetro da cabeça e corpo dos conectores. Um
dos elementos foi utilizado para representar a cabeça do pino e os outros dois o
corpo do mesmo, uma vez que a transferência de forças de cisalhamento ocorre
principalmente na metade inferior do corpo do conector.

FIGURA 3.10 – DISCRETIZAÇÃO DO CONECTOR DE CISALHAMENTO


FONTE: KOTINDA (2006)

Na figura 3.10 está ilustrada a discretização do conector, onde a letra (a)


corresponde a representação unifilar dos elementos BEAM 189 e os seus
respectivos nós e, a letra (b) a seção transversal do conector.
Com o objetivo de recuperar a variação de tensões na laje, devido ao fluxo
de transferência de cisalhamento pelos conectores, utilizaram-se na discretização da
laje dois elementos do tipo SOLID 65 entre cada linha de conectores, no sentido
longitudinal da mesma, que corresponde ao eixo x do modelo desenvolvido.
Já no sentido do eixo y (vertical), a discretização da laje foi tal que os nós
dos conectores, com exceção do intermediário da cabeça do mesmo, coincidiram
com os nós da laje. Ainda nessa direção foram inseridas as armaduras em forma de
taxa, ou seja, armaduras dispersas, na face inferior e superior da laje.
Ainda discretizou-se a laje na direção z, ou seja, no sentido transversal, de
forma que os nós da laje acoplados aos dos conectores coincidiram com os nós do
perfil de aço.
69

FIGURA 3.11 – DISCRETIZAÇÃO DA LAJE DE CONCRETO E DA VIGA DE AÇO

A figura 3.11 mostra na letra (a) a discretização da laje no sentido


longitudinal (eixo x) e na letra (b) a discretização da laje no sentido transversal (eixo
z). Essa figura também corresponde a discretização do perfil metálico que foi feita
em concordância com a malha adotada para a laje de concreto.
A malha de elementos finitos, gerada para todos os elementos, seguiu a
mesma metodologia e grau de refinamento apresentado por Kotinda (2006).
A figura 3.12 mostra a malha de elementos finitos para os componentes
citados, onde a letra (a) corresponde à laje de concreto, a (b) a viga de aço, a (c) os
conectores de cisalhamento e a (d) o par de contato.
Na modelagem considerou-se apenas metade do vão da viga mista para
reduzir o esforço computacional. Isso só foi possível devido à simetria da estrutura.
70

FIGURA 3.12 – MALHA DE ELEMENTOS FINITOS

3.7 ACOPLAMENTOS E VINCULAÇÕES

Nos acoplamentos entre os elementos, realizados através dos nós


coincidentes, todos os graus de liberdade foram compatibilizados, conforme ilustra
a figura 3.13.

FIGURA 3.13 – ACOPLAMENTO ENTRE OS ELEMENTOS


71

O contato laje-viga foi estabelecido pelos elementos CONTA 173, ligado à


mesa do perfil e TARGE 170, ligado à face inferior da laje.
A vinculação viga-conector foi considerada como um engastamento do pino
no perfil metálico, ou seja, rotações e translações foram compatibilizadas.
Já na interface laje-conector, compatibilizaram-se as translações referentes
aos eixos x e z e, no nó abaixo da cabeça do pino considerou-se um acoplamento
na direção y para a representação da ancoragem mecânica existente. Nos nós da
seção central da viga mista foi aplicada a condição de simetria, disponibilizada pelo
ANSYS e conseqüente restrição dos graus de liberdade, conforme figura 3.14.

FIGURA 3.14 – RESTRIÇÃO DOS GRAUS DE LIBERDADE PELA CONDIÇÃO DE SIMETRIA


FONTE: BIBLIOTECA DO ANSYS

Com objetivo de reproduzir um apoio do tipo móvel, os graus de liberdade


referentes a translação em x e rotação em z não foram restringidos nos nós
referentes ao apoio da viga mista.
Na figura 3.15 é mostrada a condição de simetria e a vinculação do apoio da
viga mista, definidas de acordo com a modelagem adotada por Kotinda (2006).
72

FIGURA 3.15 – CONDIÇÃO DE SIMETRIA E VINCULAÇÃO NO APOIO

3.8 CARREGAMENTO

Para a aplicação do carregamento na viga mista, considerou-se o


escoramento da mesma durante sua execução, embora Chapman e Balakrishnan
(1964) tenham utilizado nos experimentos vigas mistas não escoradas. Dessa
forma, a estrutura foi submetida inicialmente ao peso seu próprio, distribuído ao
longo do vão da viga mista e inserido na modelagem pela imposição da ação
gravitacional sobre o valor do peso específico do concreto, definido como 24 kN/m³ e
do aço da viga, conectores e armadura, cujo valor é de 77 kN/m³. Posteriormente,
aplicou-se o carregamento externo de modo crescente e monotônico, seguindo a
metodologia de Kotinda (2006).
A aplicação do carregamento concentrado no meio do vão, para a viga A3,
conforme a figura 3.16 (a), foi realizada nos nós pertencentes à face superior da laje
de concreto e distribuída em uma pequena área de forma centralizada em relação
ao eixo da viga, para ficar de acordo com o modelo experimental, de Chapman e
Balakrishnan (1964), segundo a figura 3.17 (a).
Para a viga U3 o carregamento externo foi uniformemente distribuído entre
os apoios da viga mista, segundo a figura 3.16 (b). Esse carregamento, no modelo
73

experimental de Chapman e Balakrishnan (1964), foi aplicado entre os apoios da


viga mista através de dezoito macacos hidráulicos, de acordo com figura 3.17 (b).

(a)

(b)

FIGURA 3.16 – CARREGAMENTO DOS MODELOS DESENVOLVIDOS


74

FIGURA 3.17 – CARREGAMENTO DOS MODELOS EXPERIMENTAIS


FONTE: CHAPMAN E BALAKRISHNAN (1964)

3.9 ANÁLISE NÃO LINEAR

Considerando-se a não linearidade física dos materiais constituintes da viga


mista, aplicou-se o carregamento de forma incremental cujo incremento foi
controlado pelo recurso do ANSYS denominado “Automatic Load Stepping”.
Esse recurso, também utilizado por Kotinda (2006), reduz o valor do
incremento quando o número de iterações ultrapassa o limite estabelecido, caso se
75

obtenha incrementos de deformações plásticas maiores que 15% ou deslocamentos


excessivos. Caso o processo venha a convergir na primeira iteração, o valor do
incremento pode aumentar.
Na resolução do sistema não linear, a cada iteração, a matriz de rigidez
tangente foi atualizada pelo método Newton Raphson Pleno.
Já o critério de convergência foi estabelecido com base no vetor de resíduo
de forças e momentos {R}. Quando a norma deste vetor, ||{R}||, atinge valores
menores ou iguais à tolerância estabelecida, no caso um por cento da norma do
vetor de forças e momentos aplicados (0,01||{Fa}||), o critério é satisfeito. A norma
utilizada foi quadrática, ||{R}||2 = (∑Rj 2)1/ 2, idêntica ao trabalho de Kotinda (2006).
Para solução dos sistemas de equações lineares o método utilizado foi o
“Direct Sparse”. Esse método, que envolve a decomposição da matriz de rigidez em
matrizes triangulares superior e inferior (K=LU), consiste em um processo de
eliminação direta. De acordo com Kotinda (2006), é realizada uma reordenação das
linhas da matriz K antes de sua decomposição em LU, para minimizar o número de
operações e otimizar o processo, uma vez que a matriz de rigidez é do tipo esparsa.
Ainda foi aplicado, em paralelo ao processo de Newton Raphson Pleno, um
recurso do ANSYS denominado “Adaptive Descent”, que alterna a configuração da
matriz de rigidez entre secante e tangente, segundo a equação 3.5, caso seja
identificada, respectivamente, divergência ou convergência no processo.

[kTn,i] = ξ[kSn] + (1+ξ)[kTn] (3.5)

onde:
[kSn] = matriz de rigidez secante para o incremento n;
[kTn] = matriz de rigidez tangente para o incremento n;
ξ = parâmetro do método “Adaptive Descent”, ajustado automaticamente
durante as interações de equilíbrio.

Também foi habilitado o procedimento “Line Search” para melhorar a


convergência do processo. Esse procedimento consiste em multiplicar o vetor de
incremento de deslocamentos {∆ui} (equação 3.6), obtido no método de “Newton
Raphson”, por um fator s (0,05 < s < 1,0).
{ui+1} = {ui} + s{∆ui} (3.6)
76

O fator s é determinado pela minimização da energia do sistema, ao


encontrar o zero da função não linear, representada na equação 3.7.

gs = {∆ui}T({F a} - {F nr(s{∆ui})}) (3.7)

onde:
gs = gradiente de energia potencial com relação à s;
{F a} = vetor de forças aplicadas;
{F nr} = vetor de forças obtido pelo método de Newton Raphson.

Todos os parâmetros e ferramentas utilizadas para análise não linear das


vigas mistas seguiram o modelo proposto por Kotinda (2006).

4 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS

As simulações numéricas foram realizadas em três etapas. Na primeira


delas foram simuladas duas vigas mistas, uma A3 e outra U3, cujas características e
propriedades dos materiais estão descritas no quadro 3.1, para comparar os
resultados obtidos com os apresentados por Chapman e Balakrishnan (1964) e
Kotinda (2006) e, conseqüentemente, validar os modelos construídos.
Após a validação dos modelos desenvolvidos, uma segunda etapa de
simulações foi realizada. Neste estágio, variaram-se os diâmetros e alturas dos
conectores de cisalhamento, porém as demais características e propriedades dos
materiais, apresentadas no quadro 3.1, foram mantidas. Foram adotados três
valores de diâmetros dos conectores: 16 mm, 19 mm e 22 mm, para cada modelo de
viga e, ainda, para cada diâmetro dos conectores foram realizadas três simulações
considerando três valores de alturas: 76 mm, 88 mm e 102 mm. Ou seja, foram
simuladas 9 vigas mistas A3 e 9 vigas mistas U3, totalizando nesta etapa 18
simulações numéricas.
77

Na terceira etapa de simulações, foram utilizadas, para os modelos A3 e U3,


as mesmas propriedades de materiais e variações de diâmetros e alturas dos
conectores adotadas na segunda etapa de testes. O que variou desta vez foi a
quantidade e espaçamento de conectores. Esta variação foi definida segundo as
recomendações do Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003), cujo
procedimento de cálculo é apresentado nos anexos A e B, para os conectores com
19 mm diâmetro e, engloba, além do número e espaçamento de conectores, o
cálculo do carregamento máximo dos modelos, valores de momento, cortante e
flecha. O resumo dos resultados obtidos para os demais conectores são
apresentados no anexo C.
O objetivo desta etapa foi verificar se os valores obtidos nas simulações
numéricas correspondem aos normatizados. Para fazer tal comparação, todos os
coeficientes de majoração de cargas e minoração de resistências foram excluídos do
procedimento de cálculo, uma vez que os mesmos não foram introduzidos no
modelo computacional.
Nesta etapa também foram simuladas 18 vigas mistas, 9 do modelo A3 e 9
do modelo U3. E, ainda nesta etapa, procurou-se comparar os resultados dos
modelos simulados na segunda etapa com os simulados nesta última.
Embora o Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003) recomende
que altura do conector tipo pino com cabeça, após a soldagem, seja igual ou
superior a quatro vezes o diâmetro do corpo do mesmo, para assegurar a
ancoragem do pino, evitando seu arrancamento, adotaram-se neste trabalho,
conectores com 22 mm de diâmetro e 76 mm de altura, para fins de comparação
com os outros conectores utilizados, que por apresentarem menor diâmetro estão
dentro dos parâmetros estabelecidos por norma.

4.1 RESULTADOS

A seguir são apresentados os resultados obtidos em cada etapa de


simulações. Estes resultados foram coletados para o último passo de carga
alcançado pelas vigas mistas, seguindo a metodologia adotada por Kotinda (2006).
78

4.1.1 Primeira etapa de simulações

Nas figuras 4.1 à 4.5 são apresentados gráficos comparativos dos resultados
obtidos na primeira etapa deste trabalho e dos apresentados por Chapman e
Balakrishnan (1964) e por Kotinda (2006), para as vigas A3 e U3. Cabe ressaltar que
os ensaios experimentais de Chapman e Balakrishnan (1964) foram executados com
vigas sem escoramento, situação não observada nos modelos computacionais do
presente trabalho e do de Kotinda (2006).
A figura 4.1 mostra os resultados comparativos do deslocamento vertical no
meio do vão com a evolução da carga aplicada, para a viga A3.

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

Chapman e Balakrishnan (1964) Kotinda (2006) Autora

FIGURA 4.1 – GRÁFICO FORÇA-DESLOCAMENTO PARA A VIGA A3

Pela figura 4.2 verifica-se o resultado comparativo da evolução do


deslizamento longitudinal relativo médio (entre a laje e a viga) na extremidade da
viga mista com o carregamento aplicado, para a viga A3.
79

500
450
Força total aplicada (kN)
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 0,005 0,01 0,015 0,02
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

Chapman e Balakrishnan (1964) Kotinda (2006) Autora

FIGURA 4.2 – GRÁFICO FORÇA-DESLIZAMENTO PARA A VIGA A3

Os resultados comparativos do deslocamento vertical no meio do vão com a


evolução da carga aplicada, para a viga U3, são mostrados na figura 4.3.

1200

1000
Força total aplicada (kN)

800

600

400

200

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

Chapman e Balakrishnan (1964) Kotinda (2006) Autora

FIGURA 4.3 – GRÁFICO FORÇA-DESLOCAMENTO PARA A VIGA U3

A figura 4.4 ilustra os diagramas de variação da distribuição das tensões


normais à seção transversal pertencente ao meio do vão da viga mista A3, mais
80

especificamente, ao longo da linha que coincide com o eixo do perfil metálico. Os


valores foram tomados para um nível de carregamento de 392 kN.

-10 0 10 20 30 40
Tensão normal (kN/cm²)

Chapman e Balakrihsnan (1964) Kotinda (2006) Autora

FIGURA 4.4 – GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NORMAIS DA VIGA A3

Os diagramas de variação da distribuição das tensões normais à seção


transversal pertencente ao meio do vão da viga mista U3, tomadas ao longo da
linha que coincide com o eixo do perfil metálico, para um nível de carregamento de
750 kN, são apresentados na figura 4.5.

-10 0 10 20 30 40
Tensão normal (kN/cm²)

Chapman e Balakrishnan (1964) Kotinda (2006) Autora

FIGURA 4.5 – GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NORMAIS DA VIGA U3


81

As tensões de von Mises, obtidas para a laje de concreto da viga A3 são


apresentadas na figura 4.6, onde a letra (a) corresponde ao modelo de Kotinda
(2006) e a (b) ao deste trabalho. Essas tensões servem como indicativo da ruptura
da laje por compressão excessiva.

(a)

(b)

FIGURA 4.6 – TENSÕES DE VON MISES PARA A LAJE DA VIGA A3


82

A figura 4.7 mostra as tensões de von Mises, obtidas para a laje de concreto
da viga U3, onde a letra (a) corresponde ao modelo de Kotinda (2006) e a (b) ao
deste trabalho.

(a)

(b)

FIGURA 4.7 – TENSÕES DE VON MISES PARA A LAJE DA VIGA U3


83

As deformações em um dos conectores de cisalhamento da viga A3, distante


145,83 cm do centro do vão da viga, são mostradas na figura 4.8, onde a letra (a)
corresponde ao modelo de Kotinda (2006) e a (b) ao deste trabalho.

(a) (b)

FIGURA 4.8 – DEFORMAÇÕES NO CONECTOR A 145,83 CM DO CENTRO DA VIGA A3

4.1.2 Segunda etapa de simulações

Os resultados obtidos na segunda etapa de simulações são expostos a


seguir.
No quadro 4.1 são apresentados os resultados obtidos para as vigas A3 com
a utilização de conectores de cisalhamento com 16 mm de diâmetro.

VIGAS A3 – Carga concentrada Conectores com 16 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 17,16 17,16 17,16
Número de conectores 68 68 68
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 2,23 5,24 1,84
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0040 0,0167 0,0048
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 377,32 443,78 354,52

QUADRO 4.1 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM


84

O quadro 4.2 se refere aos resultados obtidos para as vigas A3 com


conectores de cisalhamento de diâmetro 19 mm.

VIGAS A3 – Carga concentrada Conectores com 19 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 17,16 17,16 17,16
Número de conectores 68 68 68
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 5,05 6,49 5,32
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0100 0,0147 0,0131
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 444,32 460,50 448,64

QUADRO 4.2 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM

No quadro 4.3 constam os resultados obtidos para as vigas A3 com


conectores de cisalhamento de 22 mm de diâmetro.

VIGAS A3 – Carga concentrada Conectores com 22 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 17,16 17,16 17,16
Número de conectores 68 68 68
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 5,57 4,94 5,61
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0103 0,0086 0,0120
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 453,18 444,92 453,76

QUADRO 4.3 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM

Nas figuras 4.9, 4.10 e 4.11 estão apresentados os gráficos da evolução dos
deslocamentos verticais no meio do vão (a) e dos deslizamentos longitudinais
relativos (entre laje e perfil metálico) médios na extremidade da viga mista (b), com a
força total aplicada nas vigas mistas A3.
85

Os gráficos da figura 4.9 representam as vigas A3 com conectores de 16


mm de diâmetro.

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016 0,018
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.9 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B) PARA
VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM
86

A figura 4.10 mostra os gráficos das vigas A3 com conectores de 19 mm de


diâmetro.

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h=76 mm h=88 mm h=102 mm

(a)

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h=76 mm h=88 mm h=102 mm

(b)

FIGURA 4.10 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM
87

Na figura 4.11 ilustram-se os gráficos das vigas A3 com conectores de 22


mm de diâmetro.

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.11 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM
88

As figuras a seguir mostram as fissuras nos elementos da laje de concreto


da viga A3 com conectores de 19 mm de diâmetro e 102 mm de altura, para vários
níveis de carga. De acordo com as configurações do ANSYS, a primeira fissura que
ocorre no elemento é representada por um círculo vermelho, a segunda por um
círculo verde e a terceira por um círculo azul. Estes círculos aparecem no centróide
de cada elemento e estão inclinados segundo o plano que contém a fissura.
A figura 4.12 indica as primeiras fissuras nos elementos da laje de concreto
foram identificadas para um nível de carregamento igual a 106,56 kN.

Vista Frontal

Vista Lateral

Vista Superior

FIGURA 4.12 – PRIMEIRAS FISSURAS IDENTIFICADAS NOS ELEMENTOS DA LAJE DE


CONCRETO DA VIGA A3 – CARGA DE 106,56 KN

A figura 4.13 apresenta as primeiras fissuras por fendilhamento e por


cisalhamento nos elementos da laje de concreto, que foram sinalizadas para um
nível de carregamento igual a 106,56 kN. Além destas fissuras, também é possível
visualizar na figura citada fissuras transversais (direção z) no meio do vão.
89

Vista Frontal

Vista Lateral

Vista Superior

FIGURA 4.13 – FISSURAS TRANSVERSAIS (DIREÇÃO Z), POR FENDILHAMENTO E POR


CISALHAMENTO NA LAJE DA VIGA A3 – CARGA DE 134,72 KN
90

A fissuração da laje de concreto para o último passo de carga (448,64 kN) é


apresentada na figura 4.14.

Vista Frontal

Vista Lateral

Vista Superior

FIGURA 4.14 – FISSURAS PARA O ÚLTIMO PASSO DE CARGA ALCANÇADO PELA VIGA A3 –
CARGA DE 448,64 KN

A seguir são apresentados os resultados obtidos para as vigas U3 com a


utilização de conectores de cisalhamento com diâmetros iguais a 16 mm, 19 mm e
22 mm, segundo os quadros 4.4, 4.5 e 4.6, respectivamente.

VIGAS U3 – Carga distribuída Conectores com 16 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 20,33 20,33 20,33
Número de conectores 56 56 56
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 1,17 13,56 10,55
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0021 0,0660 0,0544
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 481,80 874,08 840,22

QUADRO 4.4 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM


91

VIGAS U3 – Carga distribuída Conectores com 19 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 20,33 20,33 20,33
Número de conectores 56 56 56
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 5,47 21,22 13,76
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0126 0,0432 0,0320
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 777,36 956,56 880,94

QUADRO 4.5 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM

VIGAS U3 – Carga distribuída Conectores com 22 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 20,33 20,33 20,33
Número de conectores 56 56 56
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 14,80 15,97 22,33
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0205 0,0227 0,0307
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 898,58 904,98 966,24

QUADRO 4.6 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM

As figuras 4.15, 4.16 e 4.17 mostram a evolução dos deslocamentos


verticais no meio do vão (a) e dos deslizamentos longitudinais relativos (entre laje e
perfil metálico) médios na extremidade da viga mista (b), com a força total aplicada
nas vigas mistas U3.
92

Na figura 4.15 ilustram-se os gráficos das vigas U3 com conectores de 16


mm de diâmetro.

1000
900
Força total aplicada (kN)

800
700
600
500
400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

1000
Força total aplicada (kN)

900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.15 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM
93

A figura 4.16 mostra os gráficos das vigas U3 com conectores de 19 mm de


diâmetro.

1000
Força total aplicada (kN)

900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

1000
Força total aplicada (kN)

900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.16 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM
94

Os gráficos da figura 4.17 representam as vigas U3 com conectores de 22


mm de diâmetro.

1000
900
Força total aplicada (kN)

800
700
600
500
400
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

1000
Força total aplicada (kN)

900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.17 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM
95

As fissuras nos elementos da laje de concreto da viga U3 com conectores de


19 mm de diâmetro e 102 mm de altura, para vários níveis de carga, são
apresentadas nas figuras a seguir.
A figura 4.18 indica as primeiras fissuras nos elementos da laje de concreto
foram identificadas para um nível de carregamento igual a 205,92 kN.

Vista Frontal

Vista Lateral

Vista Superior

FIGURA 4.18 – PRIMEIRAS FISSURAS IDENTIFICADAS NOS ELEMENTOS DA LAJE DE


CONCRETO DA VIGA U3 – CARGA DE 205,92 KN
96

As primeiras fissuras por fendilhamento nos elementos da laje de concreto


foram sinalizadas para um nível de carregamento igual a 477,38 kN, conforme figura
4.19. Ainda nesta figura podem-se identificar fissuras transversais (direção z) e
fissuras por cisalhamento, inclinadas 45o.

Vista Frontal

Vista Lateral

Vista Superior

FIGURA 4.19 – FISSURAS TRANSVERSAIS (DIREÇÃO Z), POR FENDILHAMENTO E POR


CISALHAMENTO NA LAJE DA VIGA U3 – CARGA DE 477,38 KN
97

A figura 4.20 mostra a fissuração da laje de concreto para o último passo de


carga (880,94 kN).

Vista Frontal

Vista Lateral

Vista Superior

FIGURA 4.20 – FISSURAS PARA O ÚLTIMO PASSO DE CARGA ALCANÇADO PELA VIGA U3 –
CARGA DE 880,94 KN

4.1.3 Terceira etapa de simulações

Os resultados obtidos na terceira etapa de simulações estão apresentados


nos quadros 4.7, 4.8 e 4.9, para as vigas A3 com conectores de cisalhamento de
diâmetros 16 mm, 19 mm e 22 mm, respectivamente.
98

VIGAS A3 – Carga concentrada Conectores com 16 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 18,30 18,30 18,30
Número de conectores 64 64 64
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 5,25 4,98 3,87
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0169 0,0175 0,0149
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 443,92 439,62 421,30

QUADRO 4.7 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM – NBR 8800*

VIGAS A3 – Carga concentrada Conectores com 19 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 24,95 24,95 24,95
Número de conectores 46 46 46
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 2,74 1,20 1,95
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0138 0,0031 0,0108
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 411,10 312,62 377,84

QUADRO 4.8 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM – NBR 8800*

VIGAS A3 – Carga concentrada Conectores com 22 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 32,29 32,29 32,29
Número de conectores 34 34 34
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 2,76 6,48 9,80
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0127 0,0379 0,0557
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 395,42 458,06 496,88
*
QUADRO 4.9 – RESULTADOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM – NBR 8800

Nas figuras 4.21, 4.22 e 4.23 estão apresentados os gráficos da evolução


dos deslocamentos verticais no meio do vão (a) e dos deslizamentos longitudinais
relativos (entre laje e perfil metálico) médios na extremidade da viga mista (b), com a
força total aplicada nas vigas mistas A3.

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
99

Os gráficos da figura 4.21 representam as vigas A3 com conectores de 16


mm de diâmetro.

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016 0,018
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.21 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


*
PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM – NBR 8800

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
100

A figura 4.22 mostra os gráficos das vigas A3 com conectores de 19 mm de


diâmetro.

450
400
Força total aplicada (kN)

350
300
250
200
150
100
50
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h=76 mm h=88 mm h=102 mm

(a)

450
400
Força total aplicada (kN)

350
300
250
200
150
100
50
0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h=76 mm h=88 mm h=102 mm

(b)

FIGURA 4.22 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


*
PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM – NBR 8800

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
101

Na figura 4.23 ilustram-se os gráficos das vigas A3 com conectores de 22


mm de diâmetro.

500
Força total aplicada (kN)

450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

500
450
Força total aplicada (kN)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.23 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


*
PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM – NBR 8800

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
102

A seguir são apresentados os resultados obtidos para as vigas U3 com a


utilização de conectores de cisalhamento com diâmetros iguais a 16 mm, 19 mm e
22 mm, segundo os quadros 4.10, 4.11 e 4.12, respectivamente.

VIGAS U3 – Carga distribuída Conectores com 16 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 27,45 27,45 27,45
Número de conectores 40 40 40
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 5,31 6,23 10,29
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,0602 0,0852 0,1802
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 753,14 767,34 824,06

QUADRO 4.10 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM – NBR 8800*

VIGAS U3 – Carga distribuída Conectores com 19 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 36,60 36,60 36,60
Número de conectores 28 28 28
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 6,26 9,58 9,24
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,1202 0,2267 0,2451
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 768,36 811,26 807,02

QUADRO 4.11 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM – NBR 8800*

VIGAS U3 – Carga distribuída Conectores com 22 mm de diâmetro (Ø)


Altura dos conectores (mm) 76 88 102
Espaçamento entre conectores (cm) 49,91 49,91 49,91
Número de conectores 22 22 22
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 7,58 5,98 10,43
Deslizamento longitudinal relativo (laje- 0,1685 0,0816 0,1924
viga) médio na extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 840,24 767,72 827,06

*
QUADRO 4.12 – RESULTADOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM – NBR 8800

Nas figuras 4.24, 4.25 e 4.26 estão apresentados os gráficos da evolução


dos deslocamentos verticais no meio do vão (a) e dos deslizamentos longitudinais
relativos (entre laje e perfil metálico) médios na extremidade da viga mista (b), com a
força total aplicada nas vigas mistas U3.

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
103

Na figura 4.24 ilustram-se os gráficos das vigas U3 com conectores de 16


mm de diâmetro.

900
800
Força total aplicada (kN)

700
600
500
400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

900
800
Força total aplicada (kN)

700
600
500
400
300
200
100
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.24 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


*
PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM – NBR 8800

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
104

A figura 4.25 mostra os gráficos das vigas U3 com conectores de 19 mm de


diâmetro.

900
800
Força total aplicada (kN)

700
600
500
400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
De slocamento v ertical no me io do v ão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

1000
900
Força total aplicada (kN)

800
700
600
500
400
300
200
100
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12
De slizamento longitudinal relativ o médio na e xtremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.25 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


*
PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM – NBR 8800

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
105

Os gráficos da figura 4.26 representam as vigas U3 com conectores de 22


mm de diâmetro.

1000
Força total aplicada (kN)

900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a)

1000
900
Força total aplicada (kN)

800
700
600
500
400
300
200
100
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b)

FIGURA 4.26 – GRÁFICOS FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X DESLIZAMENTO (B)


*
PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM – NBR 8800

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
106

Nos quadros a seguir, apresentam-se os resultados obtidos na terceira etapa


de simulações e no cálculo de vigas mistas, segundo as recomendações do Projeto
de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003), cujo procedimento encontra-se nos
anexos A e B, para os conectores de cisalhamento com 19 mm de diâmetro e, no
anexo C, para os demais conectores de cisalhamento.
Os quadros 4.13, 4.14 e 4.15 mostram os resultados da carga limite (Fmax) e
do deslocamento vertical no meio do vão (umax), obtidos para os modelos de viga A3
com conectores de diâmetros: 16 mm, 19 mm e 22 mm, respectivamente, em função
da altura dos conectores (H).

VIGAS A3 – Ø=16 mm H (mm) Fmax (kN) umax (cm)


Valores da Simulação 443,92 5,25
76
Valores Calculados 394,29 14,38
Valores da Simulação 439,62 4,98
88
Valores Calculados 394,29 14,38
Valores da Simulação 421,30 3,87
102
Valores Calculados 394,29 14,38

QUADRO 4.13 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16MM –


NBR 8800*

VIGAS A3 – Ø=19 mm H (mm) Fmax (kN) umax (cm)


Valores da Simulação 411,10 2,74
76
Valores Calculados 394,29 14,38
Valores da Simulação 312,62 1,20
88
Valores Calculados 394,29 14,38
Valores da Simulação 377,84 1,95
102
Valores Calculados 394,29 14,38

QUADRO 4.14 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19MM –


NBR 8800*

VIGAS A3 – Ø=22 mm H (mm) Fmax (kN) umax (cm)


Valores da Simulação 395,42 2,76
76
Valores Calculados 394,29 14,38
Valores da Simulação 458,06 6,48
88
Valores Calculados 394,29 14,38
Valores da Simulação 496,88 9,80
102
Valores Calculados 394,29 14,38

QUADRO 4.15 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22MM –


*
NBR 8800

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
107

Os resultados da carga limite (Fmax) e do deslocamento vertical no meio do


vão (umax), obtidos para os modelos de viga U3 com conectores de diâmetros: 16
mm, 19 mm e 22 mm, em função da altura dos conectores (H), são apresentados
nos quadros 4.16, 4.17 e 4.18, respectivamente.

VIGAS U3 – Ø=16 mm H (mm) Fmax (kN) umax (cm)


Valores da Simulação 753,14 5,31
76
Valores Calculados 738,73 16,08
Valores da Simulação 767,34 6,23
88
Valores Calculados 738,73 16,08
Valores da Simulação 824,06 10,29
102
Valores Calculados 738,73 16,08

QUADRO 4.16 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16MM –


NBR 8800*

VIGAS U3 – Ø=19 mm H (mm) Fmax (kN) umax (cm)


Valores da Simulação 768,36 6,26
76
Valores Calculados 738,73 16,08
Valores da Simulação 811,26 9,58
88
Valores Calculados 738,73 16,08
Valores da Simulação 807,02 9,24
102
Valores Calculados 738,73 16,08

QUADRO 4.17 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19MM –


NBR 8800*

VIGA U3 – Ø=22 mm H (mm) Fmax (kN) umax (cm)


Valores da Simulação 840,24 7,58
76
Valores Calculados 738,73 16,08
Valores da Simulação 767,72 5,98
88
Valores Calculados 738,73 16,08
Valores da Simulação 827,06 10,43
102
Valores Calculados 738,73 16,08

QUADRO 4.18 – RESULTADOS COMPARATIVOS DAS VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22MM –


*
NBR 8800

*
Projeto de Revisão (texto base 2003)
108

4.2 DISCUSSÃO

Na primeira etapa de simulações, verificou-se que no regime elástico as


respostas das vigas mistas são semelhantes, tanto para os modelos experimentais
quanto para os numéricos.
No regime não linear, o limite de carregamento das vigas A3 também foi
semelhante para todos os modelos. Isso, porém, não ocorreu para as vigas U3.
Neste caso, o modelo experimental atingiu um valor superior de carregamento, valor
este 10% maior que os dos modelos numéricos.
Em relação ao deslocamento vertical no centro do vão das vigas, no limite
de carregamento, os valores dos modelos numéricos são semelhantes e cerca de
30% menores que os experimentais. Isso sugere um comportamento mais dúctil dos
modelos experimentais.
O deslizamento observado para a viga A3, por outro lado, não apresentou o
mesmo comportamento. No limite de carregamento, os modelos de Kotinda (2006) e
Chapman e Balakrishnan (1964) apresentaram deslizamentos semelhantes,
enquanto o modelo construído resultou em um deslizamento 30% menor.
Na avaliação da distribuição de tensões na seção transversal localizada no
meio do vão das vigas mistas (figuras 4.4 e 4.5), verificou-se a plastificação da
seção mista, tanto nos modelos numéricos quanto nos experimentais.
As tensões de von Mises, critério adotado para a plastificação do concreto à
compressão, foram semelhantes para os modelos numéricos. Estas tensões
sinalizam a ruptura da laje por compressão excessiva, uma vez que não foi
identificada a força correspondente à ruptura da laje, devido à desconsideração do
trecho decrescente do modelo constitutivo do concreto à compressão nas
simulações.
As deformações nos conectores de cisalhamento também foram
semelhantes para os modelos numéricos. Através da figura 4.8, observa-se a
reversão na curvatura dos conectores, prevista na literatura, quando ocorre o
processo de transferência de tensões de cisalhamento longitudinal da laje para a
viga. Tal reversão ocorre no fim da zona de compressão triaxial.
De modo geral, os resultados obtidos neste trabalho foram semelhantes aos
apresentados por Chapman e Balakrishnan (1964) e por Kotinda (2006). É provável,
109

que as diferenças encontradas entre os modelos experimentais e numéricos estejam


relacionadas a instabilidades numéricas, provenientes da calibração dos modelos
construídos, em função dos parâmetros adotados na modelagem, e ao método
construtivo da viga mista. Como o trabalho experimental de Chapman e
Balakrishnan (1964) utilizou viga mista não escorada, maiores deslocamentos e
tensões no perfil metálico são previstos, de acordo com a literatura. Já na
construção escorada, considerada nas simulações deste trabalho e de Kotinda
(2006), a viga mista é mais rígida e, portanto, os deslocamentos e tensões são
menores.
Na segunda etapa de simulações, as respostas das vigas mistas no regime
elástico foram semelhantes para todos os conectores, independentemente dos
diâmetros e alturas dos mesmos. No entanto, no regime não linear, esses
parâmetros afetam o comportamento da estrutura de diferentes modos.
Para as vigas A3, no limite de carregamento, foram feitas as observações
abaixo relacionadas:

a) Influência da altura do conector (H) na carga limite (Fmax), deslocamento


vertical no meio do vão (umax) e deslizamento (dmax) relativo (entre laje e
perfil de aço) médio na extremidade da viga (quadro 4.19):

VIGAS A3 Ø Fmax umax dmax


PARÂMETROS (mm) (kN) (cm) (cm)
16 377,32 2,23 0,0040
H = 76 mm 19 444,32 5,05 0,0100
22 453,18 5,57 0,0103
16 443,78 5,24 0,0167
H = 88 mm 19 460,50 6,49 0,0147
22 444,92 4,94 0,0086
16 354,52 1,84 0,0048
H = 102 mm 19 448,64 5,32 0,0131
22 453,76 5,61 0,0120

QUADRO 4.19 – SÍNTESE DOS RESULTADOS PARA AS VIGAS A3 CONSIDERANDO A


INFLUÊNCIA DA ALTURA (H) DOS CONECTORES
110

b) Influência do diâmetro do conector (Ø) na carga limite (Fmax),


deslocamento vertical no meio do vão (umax) e deslizamento (dmax) relativo
(entre laje e perfil de aço) médio na extremidade da viga (quadro 4.20):

VIGAS A3 H Fmax umax dmax


PARÂMETROS (mm) (kN) (cm) (cm)
76 377,32 2,23 0,0040
Ø = 16 mm 88 443,78 5,24 0,0167
102 354,52 1,84 0,0048
76 444,32 5,05 0,0100
Ø = 19 mm 88 460,50 6,49 0,0147
102 448,64 5,32 0,0131
76 453,18 5,57 0,0103
Ø = 22 mm 88 444,92 4,94 0,0086
102 453,76 5,61 0,0120

QUADRO 4.20 – SÍNTESE DOS RESULTADOS PARA AS VIGAS A3 CONSIDERANDO A


INFLUÊNCIA DO DIÂMETRO (Ø) DOS CONECTORES

Percebe-se através dos quadros 4.19 e 4.20 que o carregamento máximo


ocorre para o conector com H=88 mm e ∅=19 mm. Essa solução foi também a que
apresentou o maior deslocamento vertical, o que sugere um comportamento mais
dúctil que as demais. Ainda observa-se que o aumento da altura e diâmetro do
conector não necessariamente incrementa a carga limite e o deslizamento, cujo
maior valor corresponde ao conector com H=88 mm e ∅=16 mm.
As observações, para as vigas U3, no limite de carregamento, são as
relacionadas a seguir:
a) Influência da altura do conector (H) na carga limite (Fmax), deslocamento
vertical no meio do vão (umax) e deslizamento (dmax) relativo (entre laje e
perfil de aço) médio na extremidade da viga (quadro 4.21):

VIGAS U3 Ø Fmax umax dmax


PARÂMETROS (mm) (kN) (cm) (cm)
16 481,80 1,17 0,0021
H= 76 mm 19 777,36 5,47 0,0126
22 898,58 14,80 0,0205
16 874,08 13,56 0,0660
H = 88 mm 19 956,56 21,22 0,0432
22 904,98 15,97 0,0227
16 840,22 10,55 0,0544
H = 102 mm 19 880,94 13,76 0,0320
22 966,24 22,33 0,0307

QUADRO 4.21 – SÍNTESE DOS RESULTADOS PARA A VIGA U3 CONSIDERANDO A INFLUÊNCIA


DA ALTURA (H) DOS CONECTORES
111

b) Influência do diâmetro do conector (Ø) na carga limite (Fmax),


deslocamento vertical no meio do vão (umax) e deslizamento (dmax) relativo
(entre laje e perfil de aço) médio na extremidade da viga (quadro 4.22):

VIGAS U3 H Fmax umax dmax


PARÂMETROS (mm) (kN) (cm) (cm)
76 481,80 1,17 0,0021
Ø = 16 mm 88 874,08 13,56 0,0660
102 840,22 10,55 0,0544
76 777,36 5,47 0,0126
Ø = 19 mm 88 956,56 21,22 0,0432
102 880,94 13,76 0,0320
76 898,58 14,80 0,0205
Ø = 22 mm 88 904,98 15,97 0,0227
102 966,24 22,33 0,0307

QUADRO 4.22 – SÍNTESE DOS RESULTADOS PARA A VIGA U3 CONSIDERANDO A INFLUÊNCIA


DO DIÂMETRO (Ø) DOS CONECTORES

Nota-se nos quadros 4.21 e 4.22 que o carregamento máximo ocorre para o
conector com H=102 mm e ∅=22 mm. Essa solução sugere um comportamento
mais dúctil que as demais, por apresentar o maior deslocamento vertical. Observa-
se ainda que o aumento da altura do conector não necessariamente incrementa a
carga limite. Quanto ao deslizamento, verifica-se que o maior valor corresponde ao
conector com H=88 mm e ∅=16 mm e, portanto, não aumenta com o acréscimo de
altura ou diâmetro do conector.
Na fissuração da laje de concreto da viga A3 com conectores de 19 mm de
diâmetro e 102 mm de altura, verificou-se que as primeiras fissuras (Figura 4.12)
localizam-se na interface laje-viga e surgem para o carregamento de 106,56 kN em
decorrência da adesão estabelecida para os materiais. Para a carga de 134,72 kN
(Figura 4.13) identificam-se fissuras transversais (direção z) na interface laje-viga
provenientes de tensões longitudinais de tração. Também se verificam para este
nível de carga fissuras longitudinais (direção x) que ocorrem inicialmente em frente
ao conector e em seguida atrás do mesmo. Estas fissuras correspondem às fissuras
por fendilhamento. Ainda é possível identificar fissuras por cisalhamento, inclinadas
a 45º nos elementos da laje de concreto. A Figura 4.14 mostra o estado de
fissuração da laje para um carregamento de 448,64 kN, que corresponde ao último
passo de carga alcançado na simulação numérica.
112

Verificou-se, na laje de concreto da viga U3 com conectores de 19 mm de


diâmetro e 102 mm de altura, que as primeiras fissuras ocorrem para um
carregamento de 205,92 (Figura 4.18). Como no modelo A3, observou-se no modelo
U3 que as fissuras localizam-se na interface laje-viga e surgem provalvelmente em
decorrência da adesão estabelecida para os materiais. Para o carregamento de
477,38 kN foram identificadas fissuras longitudinais (direção x), por fendilhamento,
que ocorrem inicialmente em frente ao conector e em seguida atrás do mesmo
(Figura 4.19). Para este nível de carregamento também estão sinalizadas fissuras
por cisalhamento, inclinadas a 45º nos elementos da laje de concreto e fissuras
transversais (direção z), provenientes de tensões longitudinais de tração. A Figura
4.20 mostra o estado de fissuração da laje para o último passo de carga alcançado
na simulação numérica, correspondente ao carregamento de 880,94 kN.
Na terceira etapa de simulações, verificou-se que, de acordo com os
procedimentos de cálculo de vigas mistas do Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto
base 2003), apresentados nos anexos A e B, a resistência dos conectores de
cisalhamento depende do menor valor entre a resistência à ruína do concreto e à
ruptura do pino, que é calculada em função do diâmetro do mesmo. E, tanto o
número de conectores de cisalhamento quanto os demais parâmetros (força, flecha)
são definidos em função da menor capacidade de resistência entre a laje de
concreto, ao esmagamento, e o perfil metálico, ao escoamento. Ou seja, pelas
recomendações normativas, o número de conectores, do tipo pino com cabeça,
independe do seu comprimento. Portanto, como a seção da viga mista adotada foi a
mesma para todos os modelos simulados, os valores obtidos para os deslocamentos
verticais (flechas) e forças também foram, independentemente do diâmetro e altura
dos conectores de cisalhamento.
Percebe-se através dos quadros 4.13, 4.14 e 4.15, que força máxima
calculada pelo Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003) é, em geral,
conservadora, por apresentar valores inferiores aos obtidos na simulação numérica
das vigas A3, embora não atenda da mesma forma as vigas com ∅=19 mm e H=88
mm e H=102 mm. Já os deslocamentos verticais calculados foram bem maiores que
os obtidos nas simulações numéricas, indicando um comportamento mais rígido dos
modelos simulados e mais dúctil dos calculados.
Para as vigas U3, nota-se pelos quadros 4.16, 4.17 e 4.18, que a força
máxima calculada pelo Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003), por ser
113

menor que a obtida nos modelos simulados, também é conservadora. Em relação


aos deslocamentos verticais, percebe-se que os modelos simulados são mais rígidos
que calculados pelas recomendações normativas, pois apresentam menores valores
de deslocamento.
As respostas das vigas mistas A3 obtidas na terceira etapa de simulações,
são confrontadas com as da segunda etapa, nos quadros 4.23, 4.24 e 4.25 para os
conectores com diâmetros de 16 mm, 19 mm e 22 mm, respectivamente, no intuito
de verificar a influência da redução do número de conectores no comportamento
estrutural das vigas mistas.

VIGAS A3 - CONECTORES COM


2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa
Ø= 16 MM
Altura dos conectores (mm) 76 76 88 88 102 102
Espaçamento entre conectores 17,16 18,30 17,16 18,30 17,16 18,30
(cm)
Número de conectores 68 64 68 64 68 64
Deslocamento vertical no meio 2,23 5,25 5,24 4,98 1,84 3,87
do vão (cm)
Deslizamento longitudinal 0,0040 0,0169 0,0167 0,0175 0,0048 0,0149
relativo (laje-viga) médio na
extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 377,32 443,93 443,78 439,62 354,52 421,30

QUADRO 4.23 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS A3 - CONECTORES Ø=16 MM

VIGAS A3 - CONECTORES COM


2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa
Ø= 19 MM
Altura dos conectores (mm) 76 76 88 88 102 102
Espaçamento entre conectores 17,16 24,95 17,16 24,95 17,16 24,95
(cm)
Número de conectores 68 46 68 46 68 46
Deslocamento vertical no meio 5,05 2,74 6,49 1,20 5,32 1,95
do vão (cm)
Deslizamento longitudinal 0,0100 0,0138 0,0147 0,0031 0,0131 0,0108
relativo (laje-viga) médio na
extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 444,32 411,10 460,50 312,62 448,64 377,84

QUADRO 4.24 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS A3 - CONECTORES Ø=19 MM


114

VIGAS A3 - CONECTORES COM


2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa
Ø= 22 MM
Altura dos conectores (mm) 76 76 88 88 102 102
Espaçamento entre conectores 17,16 32,29 17,16 32,29 17,16 32,29
(cm)
Número de conectores 68 34 68 34 68 34
Deslocamento vertical no meio 5,57 2,76 4,94 6,48 5,61 9,80
do vão (cm)
Deslizamento longitudinal 0,0414 0,0127 0,0515 0,0379 0,0811 0,0557
relativo (laje-viga) médio na
extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 453,18 395,42 444,92 458,06 453,76 496,88

QUADRO 4.25 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS A3 - CONECTORES Ø=22 MM

As figuras a seguir mostram os gráficos comparativos das simulações


realizadas na segunda e terceira etapas, apresentando a evolução dos
deslocamentos verticais no meio do vão (a) e dos deslizamentos longitudinais
relativos (entre laje e perfil metálico) médios na extremidade da viga mista (b), com a
força total aplicada nas vigas mistas A3.
A figura 4.27 se refere aos conectores de cisalhamento com 16 mm de
diâmetro das vigas A3.
500 500
450 450
Força total aplicada (kN)
Força total aplicada (kN)

400 400
350 350
300 300
250 250
200 200
150 150
100 100
50
50
0
0
0 1 2 3 4 5 6
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)
h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm
h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a) (a)

500 500
450
F o rç a to ta l a p lic a d a (k N )

Força total aplicada (kN )

450
400 400
350 350
300 300
250 250
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016 0,018 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm) Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b) (b)
2ª Etapa 3ª Etapa
FIGURA 4.27 – GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X
DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=16 MM
115

Na figura 4.28 estão os gráficos para os conectores de cisalhamento com


19mm de diâmetro das vigas A3.

500 500
450 450
Força total aplicada (kN)

Força total aplicada (kN)


400 400
350 350
300 300
250 250
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h=76 mm h=88 mm h=102 mm h=76 mm h=88 mm h=102 mm

(a) (a)

500 500
450 450

F orça to tal aplicada (kN)


Força total aplicada (kN)

400 400
350 350
300 300
250 250
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016 0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm) Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h=76 mm h=88 mm h=102 mm h=76 mm h=88 mm h=102 mm

(b) (b)
2ª Etapa 3ª Etapa

FIGURA 4.28– GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X


DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=19 MM
116

A figura 4.29 apresenta os gráficos para os conectores de cisalhamento com


22 mm de diâmetro das vigas A3.

500 500

Força total aplicada (kN)


450 450
Força total aplicada (kN)

400 400
350 350
300 300
250 250
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a) (a)

500 500
450 450
F o rç a to tal a p lica d a (k N )

Força total aplicada (kN)


400 400
350 350
300 300
250 250
200 200
150 150
100 100
50
50
0
0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm) Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b) (b)
2ª Etapa 3ª Etapa

FIGURA 4.29 – GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X


DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS A3 COM CONECTORES Ø=22 MM

Nota-se pelos resultados obtidos para os modelos A3, que no regime


elástico, a quantidade de conectores não afeta as respostas das vigas mistas. No
regime não linear nota-se que para 55% das simulações a redução do número de
conectores implica na diminuição da força máxima, do deslocamento e
deslizamento.
As respostas das vigas mistas U3 obtidas na terceira etapa de simulações,
são confrontadas com as da segunda etapa, nos quadros 4.26, 4.27 e 4.28, para os
conectores com diâmetros: 16 mm, 19 mm e 22 mm, respectivamente.
117

VIGAS U3 - CONECTORES COM


2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa
Ø= 16 MM
Altura dos conectores (mm) 76 76 88 88 102 102
Espaçamento entre conectores 20,33 27,45 20,33 27,45 20,33 27,45
(cm)
Número de conectores 56 40 56 40 56 40
Deslocamento vertical no meio 1,17 5,31 13,56 6,23 10,55 10,29
do vão (cm)
Deslizamento longitudinal 0,0021 0,0602 0,0660 0,0852 0,0544 0,1802
relativo (laje-viga) médio na
extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 481,80 753,14 874,08 767,34 840,22 824,06

QUADRO 4.26 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS U3 - CONECTORES Ø=16 MM

VIGAS U3 - CONECTORES COM


2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa
Ø= 19 MM
Altura dos conectores (mm) 76 76 88 88 102 102
Espaçamento entre conectores 20,33 36,60 20,33 36,60 20,33 36,60
(cm)
Número de conectores 56 28 56 28 56 28
Deslocamento vertical no meio 5,47 6,26 21,22 9,58 13,76 9,24
do vão (cm)
Deslizamento longitudinal 0,0126 0,1202 0,0432 0,2267 0,0320 0,2451
relativo (laje-viga) médio na
extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 777,36 768,36 956,56 811,26 880,94 807,02

QUADRO 4.27 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA AS VIGAS U3 - CONECTORES Ø=19 MM

VIGAS U3 - CONECTORES COM


2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa 2ªEtapa 3ªEtapa
Ø= 22 MM
Altura dos conectores (mm) 76 76 88 88 102 102
Espaçamento entre conectores 20,33 49,91 20,33 49,91 20,33 49,91
(cm)
Número de conectores 56 22 56 22 56 22
Deslocamento vertical no meio 14,80 7,58 15,97 5,98 22,33 10,43
do vão (cm)
Deslizamento longitudinal 0,0205 0,1685 0,0227 0,0816 0,0307 0,1924
relativo (laje-viga) médio na
extremidade da viga (cm)
Força vertical total aplicada (kN) 898,58 840,24 904,98 767,72 966,24 827,06

QUADRO 4.28 – RESULTADOS COMPARATIVOS PARA A VIGA U3 - CONECTORES Ø=22 MM

As figuras a seguir mostram os gráficos comparativos das simulações


realizadas na segunda e terceira etapas, apresentando a evolução dos
deslocamentos verticais no meio do vão (a) e dos deslizamentos longitudinais
relativos (entre laje e perfil metálico) médios na extremidade da viga mista (b), com a
força total aplicada nas vigas mistas U3.
118

A figura 4.30 se refere aos conectores de cisalhamento com 16 mm de


diâmetro das vigas U3.

1000 1000
900 900

Força total aplicada (kN)


Força total aplicada (kN)

800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a) (a)

1000 1000
900 900
Força total aplicada (kN)

Força total aplicada (kN)


800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300
300
200
200
100
100
0
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm) Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b) (b)
2ª Etapa 3ª Etapa

FIGURA 4.30 – GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X


DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=16 MM
119

Na figura 4.31 estão os gráficos para os conectores de cisalhamento com


19mm de diâmetro para as vigas U3.

1000 1000
900 900
Força total aplicada (kN)

Força total aplicada (kN)


800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300
300
200
200
100
100
0
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)
Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a) (a)

1000 1000
900 900
Fo rça total ap licada (kN)

Força total aplicada (kN)


800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300 300
200
200
100
100
0
0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm) Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b) (b)

2ª Etapa 3ª Etapa

FIGURA 4.31– GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X


DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=19 MM
120

A figura 4.32 apresenta os gráficos para os conectores de cisalhamento com


22 mm de diâmetro das vigas U3.

1000 1000
F o rça to tal ap licad a (kN)

Força total aplicada (kN)


900 900
800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) Deslocamento vertical no meio do vão (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(a) (a)

1000 1000
F o rça to tal ap licad a (kN)

900 900
Força total aplicada (kN)

800 800
700 700
600 600
500 500
400 400
300 300
200
200
100
0 100
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)
Deslizamento longitudinal relativo médio na extremidade (cm)

h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm h= 76 mm h= 88 mm h= 102 mm

(b) (b)
2ª Etapa 3ª Etapa

FIGURA 4.32 – GRÁFICOS COMPARATIVOS - FORÇA X DESLOCAMENTO (A) E FORÇA X


DESLIZAMENTO (B) PARA VIGAS U3 COM CONECTORES Ø=22 MM

Pelos resultados obtidos para os modelos U3, percebe-se que no regime


elástico, a quantidade de conectores não afeta as respostas das vigas mistas. Já no
regime não linear, nota-se que com a redução do número de conectores o
deslizamento aumenta, enquanto a força máxima diminui, exceto para os conectores
com Ø=16 mm e H=76 mm, e o deslocamento reduz para 55% das vigas simuladas.
121

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÕES

A proposta deste trabalho foi a análise do comportamento estrutural de vigas


mistas aço-concreto, levando-se em consideração a interface laje-viga, através de
modelagem numérica. Especificamente, procurou-se verificar a influência do
número, diâmetro e altura dos conectores de cisalhamento no comportamento das
vigas, comparando os resultados obtidos com os previstos por norma e com os de
outras referências encontradas na revisão bibliográfica.
Os modelos adotados foram extraídos da literatura e contemplaram vigas
mistas simplesmente apoiadas, de alma compacta, com interação total, laje plana de
concreto armado com armadura nas duas direções (transversal e longitudinal) e
conectores de cisalhamento do tipo pino com cabeça.
A modelagem numérica iniciou com a definição da geometria das vigas
mistas. Depois, foram escolhidos os elementos finitos, disponíveis na biblioteca do
programa ANSYS, para discretizar as peças. Em seguida, foram introduzidas, no
aplicativo adotado, as propriedades e relações constitutivas dos materiais.
Posteriormente, definiu-se a malha, os acoplamentos e vinculações entre os
elementos, considerando a condição de simetria e conseqüente restrição dos graus
de liberdade, bem como a vinculação no apoio da viga e os carregamentos:
concentrado no centro do vão e uniformemente distribuído entre os apoios, ao longo
do vão da viga mista.
A primeira etapa de simulações teve como objetivo a validação dos modelos
desenvolvidos no presente trabalho, pela comparação com os resultados
experimentais de Chapman e Balakrishnan (1964) e numéricos de Kotinda (2006).
Dessa comparação, concluiu-se que a modelagem computacional desenvolvida
representa de forma satisfatória o comportamento das vigas mistas.
Posteriormente, na segunda etapa de simulações, trabalhou-se com três
valores de diâmetros e três valores de alturas para os conectores de cisalhamento,
verificando-se que as respostas das vigas mistas no regime elástico foram
122

semelhantes, independentemente do diâmetro e altura dos conectores. No entanto,


no regime não linear, verificou-se que os acréscimos de altura e diâmetro dos
conectores, não necessariamente incrementam a carga limite e os deslizamentos na
superfície de contato laje-viga. Ainda nesta etapa foi possível visualizar e analisar o
estado de fissuração da laje de concreto devido a utilização do elemento SOLID 65.
Na terceira etapa de simulações, variaram-se a quantidade e espaçamento
dos conectores de cisalhamento, mantendo-se, para os modelos A3 e U3, as
mesmas propriedades de materiais e variações de diâmetros e alturas dos
conectores adotadas na segunda etapa de testes. O objetivo desta etapa foi verificar
a influência do número de conectores nos modelos, pela comparação dos resultados
com os obtidos na segunda etapa de simulações, e a correspondência dos
resultados numéricos com os normatizados. Dessa forma, o número de conectores e
conseqüente espaçamento entre eles, foram definidos segundo as recomendações
do Projeto de Revisão da NBR 8800 (texto base 2003), cujo procedimento de cálculo
é apresentado nos anexos A e B, para os conectores com 19 mm diâmetro das vigas
A3 e U3, respectivamente, englobando o cálculo do carregamento máximo dos
modelos, valores de momento, cortante e flecha. O resumo dos resultados obtidos
para os demais conectores são apresentados no anexo C. No procedimento de
cálculo todos os coeficientes de majoração de cargas e minoração de resistências
foram desconsiderados, uma vez que os mesmos não foram introduzidos nos
modelos computacionais. Mesmo excluindo os coeficientes do procedimento de
cálculo, percebeu-se que as recomendações normativas são, em geral,
conservadoras, pois fornecem valores menores que os obtidos nas simulações.
Pela comparação dos resultados obtidos na segunda e terceira etapas,
verificou-se que, no regime elástico, as respostas são semelhantes,
independentemente da quantidade de conectores. No entanto, no regime não linear,
não se verifica uma influência preponderante no comportamento das vigas A3 e no
deslocamento vertical das vigas U3, com a redução do número de conectores. Já a
força máxima das vigas U3 reduz com a diminuição do número de conectores,
enquanto o deslizamento cresce.
Percebe-se ainda que, para os exemplos estudados, a solução de conector
com altura inferior a quatro vezes seu diâmetro (portanto, não respeitando as
exigências de norma), teve comportamento semelhante aos demais casos
analisados. A análise de novos modelos poderá clarear a questão.
123

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Uma vez que o escopo deste trabalho foi o estudo do comportamento de


vigas mistas simplesmente apoiadas, com laje de faces planas e conectores de
cisalhamento do tipo pino com cabeça, sugere-se para trabalhos futuros, novas
modelagens utilizando:
- Vigas mistas contínuas e semicontínuas;
- Outros tipos de conectores de cisalhamento;
- Vigas mistas em situação de incêndio;
- Vigas mistas com diferentes tipos de laje, como as com fôrma de aço
incorporada (steel deck);
- Vigas mistas com aberturas na alma;
- Vigas com e sem escoramento;
- Outros critérios de plastificação do concreto;
- Outros critérios de modelagem para analisar convergência e colapso dos
modelos de vigas mistas.
124

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ANEXOS

ANEXO A - PROCEDIMENTO DE CÁLCULO DE VIGAS MISTAS AÇO-


CONCRETO SEGUNDO O PROJETO DE REVISÃO DA NBR
8800 PARA O MODELO A3 COM CONECTORES DE
CISALHAMENTO DE 19 MM DE DIÂMETRO............................ 132
ANEXO B - PROCEDIMENTO DE CÁLCULO DE VIGAS MISTAS AÇO-
CONCRETO SEGUNDO O PROJETO DE REVISÃO DA NBR
8800 PARA O MODELO U3 COM CONECTORES DE
CISALHAMENTO DE 19 MM DE DIÂMETRO............................ 143
ANEXO C - RESUMO DOS RESULTADOS OBTIDOS NO
PROCEDIMENTO DE CÁLCULO DE VIGAS MISTAS AÇO-
CONCRETO SEGUNDO O PROJETO DE REVISÃO DA NBR
8800 PARA OS MODELOS A3 E U3 COM CONECTORES DE
154
CISALHAMENTO DE 16 MM E 22 MM DE DIÂMETRO.............
132

ANEXO A – PROCEDIMENTO DE CÁLCULO DE VIGAS MISTAS AÇO-


CONCRETO SEGUNDO O PROJETO DE REVISÃO DA NBR 8800* PARA O
MODELO A3 COM CONECTORES DE CISALHAMENTO DE 19 MM DE
DIÂMETRO

1. Dados Gerais:
1.1. Dados da Viga:
Vão da Viga: bc
Lv = 5490mm
tc
hf
Perfil da Viga: tfs
d tw
Altura do Perfil:
d = 305mm
tfi
Altura da Alma: bf
h = 269mm
Largura da Mesa:
bf = 152mm
Espessura da Mesa Superior:
tfs = 18mm
Espessura da Mesa Inferior:
tfi = 18mm
Espessura da Alma:
tw = 10mm

Área do Perfil de Aço:

Área das Mesas:

( )
Am = tfs + tfi ⋅ bf
2
Am = 54.72 cm
Área da Alma:
A al = tw ⋅ h
2
Aal = 26.9 cm

*
Texto base 2003
133

Área Total do Perfil de Aço:


Aa = Am + Aal
2
Aa = 81.62 cm

Posição do Centro de Gravidade do Perfil (em relação à base):


yia = 152.5mm

Posição do Centro de Gravidade do Perfil (em relação ao topo):


ysa = 152.5mm

Momento de Inércia do Perfil:

Ia =
 w( )
 t ⋅ h3 + b ⋅ ( d3 − h3) 
f 
12
4
Ia = 12904.95 cm

Módulo de Resistência Plástico do Perfil:


b ⋅ ( d2 − h2) + t ⋅ h2
Zx =
 f w 
4
3
Zx = 966.13 cm

Distância do Topo do Perfil até a Face Inferior da Capa de Concreto:


hf = 0mm

Aço do Perfil Metálico:


Limite de escoamento do Aço:
Mesas:
fym = 252MPa

Alma:
fya = 302MPa

Proporcional às Áreas das Mesas e Alma:


fym⋅ Am + fya⋅ Aal
fy =
Aa

fy = 268.48 MPa
134

Limite de Resistência à Tração do Aço:


Mesas:
fwm = 447MPa

Alma:
fwa = 444MPa

Proporcional às Áreas das Mesas e Alma:


fwm⋅ Am + fwa ⋅ Aal
fw =
Aa

fw = 446.01 MPa

Tensão Residual do Aço:


fr = 115MPa
Módulo de Elasticidade do Aço:
Mesas:
Em = 200640MPa

Alma:
Ea = 194560MPa

Proporcional às Áreas das Mesas e Alma:


Em ⋅ Am + Ea ⋅ Aal
E =
Aa

E = 198636.18 MPa
Peso específico do Aço:
kN
γ a = 77
3
m

1.2. Dados da Laje:


Espessura da Laje de Concreto:
tc = 152mm

Largura da Laje de Concreto:


bc = 1220mm
135

Resistência Característica à Compressão do Concreto:


fck = 18.40MPa

Módulo de Elasticidade do Concreto:


Ec = 26420MPa
Peso específico do Concreto:
kN
γ c = 24
3
m
Largura Efetiva da Laje de Concreto:
 Lv 
b = min bc , 
 4 
b = 1220 mm

1.3. Dados dos Conectores de Cisalhamento:


Pino com Cabeça:
Diâmetro do Conector:
3
dcs = in
4

Limite de ruptura do Aço do Conector de Cisalhamento:


fuc = 514MPa

2. Propriedades Geométricas da Seção Mista:


2.1. Seção Mista - seção transformada:

Como não foram considerados os efeitos de retração, fluência e


deformação lenta do concreto nas simulações numéricas, o módulo de
elasticidade do concreto (Ec) não será dividido por 3 (três).
Relação Modular:
E
n =
Ec

n = 7.52
Largura Equivalente de Aço:
b
be =
n
be = 162.27 mm
136

Área Equivalente de Aço:


Ae = be ⋅ tc
2
Ae = 246.65 cm
Posição da Linha Neutra Elástica (em relação à face inferior da mesa inferior do
perfil metálico):
 tc 
Aa ⋅ yia + Ae ⋅  + d 
ytr =
2 
Aa + A e

ytr = 324.19 mm
Momento de Inércia na Seção Transformada:
3 2
2
be ⋅ tc  tc 
(
Itr = Ia + Aa ⋅ ytr − yia ) + + Ae ⋅  d + − ytr
12  2 
4
Itr = 49673.51 cm

3. Cargas e Esforços Atuantes:


Cargas Permanentes:
Peso Próprio do Vigamento:
qviga = γ a ⋅ Aa

kN
qviga = 0.63
m
Peso Próprio da Laje:
qlaje = γ c ⋅ tc ⋅ bc

kN
qlaje = 4.45
m

Carregamento Externo:
Carga Concentrada no Meio do Vão:

qce = kN

3.1 Esforços na Viga Mista:


Carga Permanente:
qp = qviga + qlaje

kN
qp = 5.08
m
137

Carga Externa:
Carga Concentrada no Meio do Vão:

qc = qce kN
Momento Nominal na Viga Mista com Carga Concentrada:
2
Lv Lv
Mn_c = qp ⋅ + qc ⋅ ( 1)
8 4
Mn_c = kN⋅ m

Cortante Nominal Total na Viga Mista com Carga Concentrada:


Lv qc
Vn_c = qp ⋅ + ( 2)
2 2
Vn_c = kN

4. Verificação do Esforço Cortante:


Classificação da Seção da Viga:
h E
Sv = "Seção Compacta" if ≤ 3.76
tw fy

E h E
"Seção Semicompacta" if 3.76 ⋅ < ≤ 5.7 ⋅
fy tw fy

h E
"Seção Esbelta" if > 5.7 ⋅
tw fy

Sv = "Seção Compacta"
Como a seção da viga é compacta considera-se a distribuição plástica de
tensões.
Área da Alma:
Aw = h⋅ tw
2
Aw = 26.90 cm

Esbeltez da Alma:
h
λw =
tw

λ w = 26.90
138

Limite Plástico de Esbeltez da Alma:


Como a viga não possui enrijecedores transversais:
kv = 5

kv⋅ E
λ p = 1.1 ⋅
fy

λ p = 66.9

Cortante de Plastificação da Alma:


Vpl = fy⋅ Aw

Vpl = 722.21 kN

Resistência Nominal ao Cortante:


Vn = Vpl

Vn = 722.21 kN

Verificação do Esforço Cortante - Carga Concentrada:


Vn_c ≤ Vn

Vn_c ≤ 722.21kN ( 3)

5. Verificação da Viga Mista:


5.1 Resistência dos Conectores de Cisalhamento (CC):
Área do Pino com Cabeça:
2
π ⋅ dcs
Acs =
4.
2
Acs = 2.85 cm

Resistência do Pino com Cabeça:


Ruína do Concreto:

qnc = 0.5 ⋅ Acs ⋅ fck ⋅ Ec

qnc = 99.36 kN

Ruptura do Conector:
q na = A cs ⋅ fuc

qna = 146.5 kN
139

Resistência do Pino com Cabeça:


(
qn = min qnc , qna )
qn = 99.36 kN

5.2 Resistência Final da Viga Mista:


Carga de Esmagamento da Laje de Concreto:
C = fck ⋅ b ⋅ tc

C = 3412.1 kN
Carga de Escoamento do Perfil Metálico:
T = A a ⋅ fy

T = 2191.32 kN
Como C > T a linha neutra plástica (LNP) está na laje de concreto:

Número de Conectores de Cisalhamento para Toda a Viga - Interação


Completa:
Pino com Cabeça:
(
2 Aa ⋅ fy)
ncc =
qn

ncc = 44.11 nccadotado = 46

Posição da Linha Neutra Plástica em Relação ao Topo da Laje:


( Aa ⋅ fy)
a =
fck ⋅ b

a = 97.62 mm
Resistência Nominal à Flexão:

Mn = Aa ⋅ fy⋅  ysa + tc + hf − 
a
 2

Mn = 560.3 kN⋅ m

Verificação do Momento Fletor - Carga Concentrada:


Mn_c ≤ Mn

Mn_c ≤ 560.30kN⋅ m ( 4)
140

6 - Verificação dos Deslocamentos:


Flecha Total da Viga Mista - Carga Concentrada:
4 3
5 ⋅ qp ⋅ Lv Lv
∆ vm_c = + qc ⋅
384 ⋅ E ⋅ Itr 48 ⋅ E ⋅ Itr

∆ vm_c = mm

Verificação da Flecha - Carga Concentrada:


Lv
∆ vm_c ≤ ( 5)
250

A flecha, além de ser verificada por análise elástica, não está sendo limitada nas
simulações numéricas, dessa forma, a equação (5) não será utilizada na
determinação da carga externa máxima suportada pela viga mista.

7 - Carga Externa Máxima Suportada pela Viga Mista:


Viga Mista com Carga Concentrada:
Das equações 1 e 4 se obtém:
2
Lv Lv
Mn_c = qp ⋅ + qc ⋅
8 4

Mn_c = 560.30kN⋅ m

 Lv  4
2

qc = Mn_c − qp ⋅ ⋅
 8  Lv

qc = 394.29 kN

7.1 - Verificações para Viga Mista com Carga Concentrada:

Momento Nominal Total na Viga Mista:


2
Lv Lv
Mn_c = qp ⋅ + qc ⋅
8 4

Mn_c = 560.3 kN⋅ m

Verificação do Momento Fletor:

( )
VerM Mn_c , Mn = "560.3 kNm = 560.3 kNm - OK"
141

Cortante Nominal Total na Viga Mista:


Lv qc
Vn_c = qp ⋅ +
2 2
Vn_c = 211.09 kN

Verificação do Cortante:

( )
Ver Vn_c , Vn = "211.09 kN < 722.21 kN - OK"

Flecha Total da Viga Mista (análise elástica):


4 3
5 ⋅ qp ⋅ Lv Lv
∆ vm_c = + qc ⋅
384 ⋅ E ⋅ Itr 48 ⋅ E ⋅ Itr

∆ vm_c = 14.38 mm

Verificação da Flecha:
 Lv 
Verd  ∆ vm_c ,  = "14.38 mm < 21.96 mm - OK"
 250 

8 - Distribuição dos Conectores de Cisalhamento:


Espaçamento Mínimo ente Linhas de Centro de Conectores:
ec_min = 6 ⋅ dcs

ec_min = 114 ⋅ mm

Espaçamento Máximo ente Linhas de Centro de Conectores:


ec_max = 8 ⋅ tc

ec_max = 1216 mm

Espaçamento Adotado ente Linhas de Centro de Conectores:

ec = 249.5mm

Diâmetro Máximo do Conector (para que possa ser instalado em qualquer


posição da mesa):
dcs_max = 2.5 ⋅ tfs

dcs_max = 45 mm
142

Comprimento Mínimo do Conector de Cisalhamento:


Lcs_min = 4 ⋅ dcs

Lcs_min = 76 ⋅ mm

Comprimento Máximo do Conector de Cisalhamento:


Lcs_max = tc + hf − 10mm

Lcs_max = 142 mm
143

ANEXO B – PROCEDIMENTO DE CÁLCULO DE VIGAS MISTAS AÇO-


CONCRETO SEGUNDO O PROJETO DE REVISÃO DA NBR 8800* PARA O
MODELO U3 COM CONECTORES DE CISALHAMENTO DE 19 MM DE
DIÂMETRO

1. Dados Gerais:
1.1. Dados da Viga:
Vão da Viga: bc
Lv = 5490mm
tc
hf
Perfil da Viga: tfs
d tw
Altura do Perfil:
d = 305mm
tfi
Altura da Alma: bf
h = 269mm
Largura da Mesa:
bf = 152mm
Espessura da Mesa Superior:
tfs = 18mm
Espessura da Mesa Inferior:
tfi = 18mm
Espessura da Alma:
tw = 10mm

Área do Perfil de Aço:


Área das Mesas:

( )
Am = tfs + tfi ⋅ bf
2
Am = 54.72 cm

Área da Alma:
A al = tw ⋅ h
2
Aal = 26.9 cm

*
Texto base 2003
144

Área Total do Perfil de Aço:


Aa = Am + Aal
2
Aa = 81.62 cm

Posição do Centro de Gravidade do Perfil (em relação à base):


yia = 152.5mm

Posição do Centro de Gravidade do Perfil (em relação ao topo):


ysa = 152.5mm

Momento de Inércia do Perfil:

Ia =
 w( )
 t ⋅ h3 + b ⋅ ( d3 − h3) 
f 
12
4
Ia = 12904.95 cm

Módulo de Resistência Plástico do Perfil:


b ⋅ ( d2 − h2) + t ⋅ h2
Zx =
 f w 
4
3
Zx = 966.13 cm

Distância do Topo do Perfil até a Face Inferior da Capa de Concreto:


hf = 0mm

Aço do Perfil Metálico:


Limite de escoamento do Aço:
Mesas:
fym = 232MPa

Alma:
fya = 230MPa

Proporcional às Áreas das Mesas e Alma:


fym⋅ Am + fya⋅ Aal
fy =
Aa

fy = 231.34 MPa
145

Limite de Resistência à Tração do Aço:


Mesas:
fwm = 420MPa

Alma:
fwa = 415MPa

Proporcional às Áreas das Mesas e Alma:


fwm⋅ Am + fwa ⋅ Aal
fw =
Aa

fw = 418.35 MPa

Tensão Residual do Aço:


fr = 115MPa
Módulo de Elasticidade do Aço:
Mesas:
Em = 199120MPa

Alma:
Ea = 200640MPa

Proporcional às Áreas das Mesas e Alma:


Em ⋅ Am + Ea ⋅ Aal
E =
Aa

E = 199620.96 MPa

Peso específico do Aço:


kN
γ a = 77
3
m

1.2. Dados da Laje:


Espessura da Laje de Concreto:
tc = 152mm

Largura da Laje de Concreto:


bc = 1220mm
146

Resistência Característica à Compressão do Concreto:


fck = 29.90MPa

Módulo de Elasticidade do Concreto:


Ec = 30550MPa
Peso específico do Concreto:
kN
γ c = 24
3
m
Largura Efetiva da Laje de Concreto:
 Lv 
b = min bc , 
 4 
b = 1220 mm

1.3. Dados dos Conectores de Cisalhamento:


Pino com Cabeça:
Diâmetro do Conector:
3
dcs = in
4

Limite de ruptura do Aço do Conector de Cisalhamento:


fuc = 514MPa

2. Propriedades Geométricas da Seção Mista:


2.1. Seção Mista - seção transformada:

Como não foram considerados os efeitos de retração, fluência e


deformação lenta do concreto nas simulações numéricas, o módulo de
elasticidade do concreto (Ec) não será dividido por 3 (três).
Relação Modular:
E
n =
Ec

n = 6.53
Largura Equivalente de Aço:
b
be =
n
be = 186.71 mm
147

Área Equivalente de Aço:


Ae = be ⋅ tc
2
Ae = 283.8 cm
Posição da Linha Neutra Elástica (em relação à face inferior da mesa inferior do
perfil metálico):
 tc 
Aa ⋅ yia + Ae ⋅  + d 
ytr =
2 
Aa + A e

ytr = 329.96 mm
Momento de Inércia na Seção Transformada:
3 2
2
be ⋅ tc  tc 
(
Itr = Ia + Aa ⋅ ytr − yia ) + + Ae ⋅  d + − ytr
12  2 
4
Itr = 51465.96 cm

3. Cargas e Esforços Atuantes:


Cargas Permanentes:
Peso Próprio do Vigamento:
qviga = γ a ⋅ Aa

kN
qviga = 0.63
m
Peso Próprio da Laje:
qlaje = γ c ⋅ tc ⋅ bc

kN
qlaje = 4.45
m

Carregamento Externo:

Carga Distribuída Entre os Apoios:


kN
qde =
m

3.1 Esforços na Viga Mista:


Carga Permanente:
qp = qviga + qlaje

kN
qp = 5.08
m
148

Carga Externa:

Carga Distribuída Entre os Apoios:


kN
qd = qde
m

Momento Nominal na Viga Mista com Carga Distribuída:


2 2
Lv Lv
Mn_d = qp ⋅ + qd ⋅ ( 1)
8 8
Mn_d = kN⋅ m

Cortante Nominal Total na Viga Mista com Carga Distribuída:


Lv Lv
Vn_d = qp ⋅ + qd ⋅ ( 2)
2 2
Vn_d = kN

4. Verificação do Esforço Cortante:


Classificação da Seção da Viga:
h E
Sv = "Seção Compacta" if ≤ 3.76
tw fy

E h E
"Seção Semicompacta" if 3.76 ⋅ < ≤ 5.7 ⋅
fy tw fy

h E
"Seção Esbelta" if > 5.7 ⋅
tw fy

Sv = "Seção Compacta"
Como a seção da viga é compacta considera-se a distribuição plástica de
tensões.
Área da Alma:
Aw = h⋅ tw
2
Aw = 26.90 cm

Esbeltez da Alma:
h
λw =
tw

λ w = 26.90
149

Limite Plástico de Esbeltez da Alma:


Como a viga não possui enrijecedores transversais:
kv = 5

kv⋅ E
λ p = 1.1 ⋅
fy

λ p = 72.25

Cortante de Plastificação da Alma:


Vpl = fy⋅ Aw

Vpl = 622.31 kN

Resistência Nominal ao Cortante:


Vn = Vpl

Vn = 622.31 kN

Verificação do Esforço Cortante - Carga Distribuída:


Vn_d ≤ Vn

Vn_d ≤ 622.31kN ( 3)
5. Verificação da Viga Mista:
5.1 Resistência dos Conectores de Cisalhamento (CC):
Área do Pino com Cabeça:
2
π ⋅ dcs
Acs =
4.
2
Acs = 2.85 cm

Resistência do Pino com Cabeça:


Ruína do Concreto:

qnc = 0.5 ⋅ Acs ⋅ fck ⋅ Ec

qnc = 136.2 kN

Ruptura do Conector:
q na = A cs ⋅ fuc

qna = 146.5 kN
150

Resistência do Pino com Cabeça:


(
qn = min qnc , qna )
qn = 136.2 kN

5.2 Resistência Final da Viga Mista:


Carga de Esmagamento da Laje de Concreto:
C = fck ⋅ b ⋅ tc

C = 5544.66 kN
Carga de Escoamento do Perfil Metálico:
T = A a ⋅ fy

T = 1888.2 kN
Como C > T a linha neutra plástica (LNP) está na laje de concreto:

Número de Conectores de Cisalhamento para Toda a Viga - Interação


Completa:
Pino com Cabeça:
(
2 Aa ⋅ fy)
ncc =
qn

ncc = 27.73 nccadotado = 28

Posição da Linha Neutra Plástica em Relação ao Topo da Laje:


( Aa ⋅ fy)
a =
fck ⋅ b

a = 51.76 mm
Resistência Nominal à Flexão:

Mn = Aa ⋅ fy⋅  ysa + tc + hf − 
a
 2

Mn = 526.09 kN⋅ m

Verificação do Momento Fletor - Carga Distribuída:


Mn_d ≤ Mn

Mn_d ≤ 526.09kN⋅ m ( 4)
151

6 - Verificação dos Deslocamentos:


Flecha Total da Viga Mista - Carga Distribuída:
2
5 ⋅ Mn_d⋅ Lv
∆ vm_d =
48 ⋅ E ⋅ Itr

∆ vm_d = mm

Verificação da Flecha - Carga Distribuída:


Lv
∆ vm_d ≤
250

A flecha, além de ser verificada por análise elástica, não está sendo limitada nas
simulações numéricas, dessa forma, a equação (5) não será utilizada na
determinação da carga externa máxima suportada pela viga mista.

7 - Carga Externa Máxima Suportada pela Viga Mista:


Viga Mista com Carga Distribuída:
As equações 1 e 4 resultam:
2 2
Lv Lv
Mn_d = qp ⋅ + qd ⋅
8 8

Mn_d = 526.09kN⋅ m

qd =  Mn_d⋅
8 
− qp
 2
 L v 
kN
qd = 134.56
m

Ao multiplicar a carga distribuída (qd) pelo comprimento do vão da viga


(Lv), obtém-se a carga total aplicada correspondente a uma carga
concentrada:
qt = qd ⋅Lv

qt = 738.73 kN
152

7.1 - Verificações para Viga Mista com Carga Distribuída:

Momento Nominal Total na Viga Mista:


2 2
Lv Lv
Mn_d = qp ⋅ + qd ⋅
8 8

Mn_d = 526.09 kN⋅ m


Verificação do Momento Fletor:

( )
VerM Mn_d , Mn = "526.09 kNm = 526.09 kNm - OK"

Cortante Nominal Total na Viga Mista:


Lv Lv
Vn_d = qp ⋅ + qd ⋅
2 2
Vn_d = 383.31 kN

Verificação do Cortante:

( )
Ver Vn_d , Vn = "383.31 kN < 622.31 kN - OK"

Flecha Total da Viga Mista (análise elástica):


2
5 ⋅ Mn_d⋅ Lv
∆ vm_c =
48 ⋅ E ⋅ Itr

∆ vm_c = 16.08 mm

Verificação da Flecha:
 Lv 
Verd  ∆ vm_c ,  = "16.08 mm < 21.96 mm - OK"
 250 

8 - Distribuição dos Conectores de Cisalhamento:


Espaçamento Mínimo ente Linhas de Centro de Conectores:
ec_min = 6 ⋅ dcs

ec_min = 114 ⋅ mm
153

Espaçamento Máximo ente Linhas de Centro de Conectores:


ec_max = 8 ⋅ tc

ec_max = 1216 mm

Espaçamento Adotado ente Linhas de Centro de Conectores:

ec = 366mm

Diâmetro Máximo do Conector (para que possa ser instalado em qualquer


posição da mesa):
dcs_max = 2.5 ⋅ tfs

dcs_max = 45 mm

Comprimento Mínimo do Conector de Cisalhamento:


Lcs_min = 4 ⋅ dcs

Lcs_min = 76 ⋅ mm

Comprimento Máximo do Conector de Cisalhamento:


Lcs_max = tc + hf − 10mm

Lcs_max = 142 mm
154

ANEXO C - RESUMO DOS RESULTADOS OBTIDOS NO PROCEDIMENTO DE


CÁLCULO DE VIGAS MISTAS AÇO-CONCRETO SEGUNDO O PROJETO DE
REVISÃO DA NBR 8800 PARA OS MODELOS A3 E U3 COM CONECTORES DE
CISALHAMENTO DE 16 MM E 22 MM DE DIÂMETRO

VIGA A3 Ø=16mm Ø=22mm


Número de conectores 64 34
Mínima 64 88
Altura dos conectores (mm) Máxima 142 142
Adotada 76 / 88 / 102 76 / 88 / 102
Mínimo 9,60 13,20
Espaçamento entre conectores (cm) Máximo 121,60 121,60
Adotado 18,30 32,29
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 14,39 14,39
Força vertical máxima (kN) 394,29 394,29
Momento nominal total (kNm) 560,30 560,30
Cortante nominal total (kN) 211,09 211,08

VIGA U3 Ø=16mm Ø=22mm


Número de conectores 40 22
Mínima 64 88
Altura dos conectores (mm) Máxima 142 142
Adotada 76 / 88 / 102 76 / 88 / 102
Mínimo 9,60 13,20
Espaçamento entre conectores (cm) Máximo 121,60 121,60
Adotado 27,45 49,91
Deslocamento vertical no meio do vão (cm) 16,16 16,16
Força vertical total aplicada (kN) 738,73 738,73
Momento nominal total (kNm) 525,39 525,39
Cortante nominal total (kN) 385,71 385,71

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