2023 EmmanuelVictorMirandaDeOliveira TCC
2023 EmmanuelVictorMirandaDeOliveira TCC
2023 EmmanuelVictorMirandaDeOliveira TCC
DE ATERRAMENTO DE LINHAS DE
TRANSMISSÃO UTILIZANDO O ATP
FACULDADE DE TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Universidade de Brasília
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Elétrica
APROVADA POR:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
OLIVEIRA, EMMANUEL (2023). Modelagem e análises de sistemas de aterramento de
linhas de transmissão utilizando o ATP. Trabalho de Conclusão de Curso, Publicação
PPGEE.XXXXX/2023, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade de Brasília,
Brasília, DF, xxxxp.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Emmanuel Oliveira
TÍTULO: Modelagem e análises de sistemas de aterramento de linhas de transmissão
utilizando o ATP.
GRAU: Engenheiro Eletricista ANO: 2023
Emmanuel Oliveira
Universidade de Brasília (UnB)
Campus Darcy Ribeiro
Faculdade de Tecnologia - FT
Departamento de Engenharia Elétrica(ENE)
Brasília - DF CEP 70919-970
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, à Deus pela oportunidade de ter conseguido chegar até aqui.
Agradeço à minha família, minha mãe Marilda, meu pai Wender e minha irmã Yasmin, que
representam minha base, e me deram a oportunidade de traçar meu caminho. Agradeço pela
paciência e por estarem sempre ao meu lado prestando apoio em todos os momentos.
Agradeço à minha namorada, amiga e minha companheira, Carolina Braga. Seu compa-
nheirismo, apoio e amizade foram essenciais para superar com leveza os desafios encontrados
durante a graduação.
Agradeço aos meus colegas de curso, que representaram grande apoio, indicando o caminho
e dando suporte desde o início da graduação. Em especial aos amigos, Andrey Otacílio, Gabriel
César, Patrick Ahotondji, Marcelo Souza, Ivan Cunha, Kleber Lucas, Luís Gustavo e vários
outros que prestaram apoio e ajuda em tempos de pandemia.
Por fim, agradeço à todos aqui não citados que de alguma forma participaram de minha
formação.
RESUMO
This work presents an implementation of a circuit model based on the Alternative Tran-
sients Program (ATP) tool, designed to simulate the phenomenon of conductive coupling by
the ground caused by current dispersion by an electrode or grounding mesh. This model aims
at the analysis of electromagnetic interference between transmission lines and metallic pipes,
in the regime of faults involving earth. Preliminarily, a representative model of the inductive
coupling between the interfering line and the target installation was developed and validated,
with the aim of establishing a baseline scenario of electromagnetic interference and represen-
ting the first relevant phenomenon in such conditions. Next, a model capable of simulating
the conductive effect of interference was built, which, associated with the inductive component,
results in the occurrence of potentially dangerous stress voltages along the observed structure.
The work demonstrates the proper validations for each model. The models are applied to the
study of a real case and present satisfactory results with errors in the range of 13% in relation
to the reference software, CDEGS. This work is considered of great applicability both for the
academic community and for the industry, since it allows the prediction of risk scenarios and
the evaluation of projects of mitigation solutions..
Sumário i
Lista de tabelas v
Lista de símbolos vi
Glossário viii
Capítulo 1 – Introdução 1
Referências 54
LISTA DE FIGURAS
2.4 Ilustração para a descrição a impedância mútua de Carson para dois condutores
aéreos em solo uniforme. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.3 Bloco LCC utilizado para a representação de uma seção com 3 condutores de
fase, 1 para-raio e uma tubulação metálica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.10 Bloco ATPDraw correspondente a uma fonte de tensão controlada por corrente . 39
ρm
a Resistividade aparente medida no solo [Ω.m]
′
Dij Distância entre o condutor i e a imagem do condutor j [m]
LT Linha de Transmissão
INTRODUÇÃO
Este tipo de interferência se torna comum à medida que há uma expansão da malha dutoviá-
ria existente no país (ESTEVES, 2021), como também um aumento constante na infraestrutura
e na potência instalada do sistema elétrico. Motivos pelos quais, associados a requisitos am-
bientais cada vez mais restritivos, verifica-se um crescente compartilhamento nas de faixas de
servidão entre as malhas dutoviárias e elétricas. O que ocasiona proximidade e interações
mútuas entre estes dois tipos de sistema.
É base para o desenvolvimento e estudo do tema proposto neste trabalho, teorias e modelos
1.1 – Objetivos do trabalho 2
Dessa forma, com o desenvolvimento e implementação deste modelo circuital para a com-
ponente condutiva de interferências eletromagnéticas, espera-se contribuir com o conjunto de
técnicas disponíveis no âmbito do projeto EMISimu. O que possibilitará uma maior fidelidade
na simulação de modelos reais, além de proporcionar uma maior divulgação e ampliação desta
área de estudo, devido ao fato de ser proposta uma implementação via software gratuito, e de
grande interesse da indústria em casos práticos. .
Após a entrada dos dados iniciais, há o seu processamento, para determinação das sub-
divisões dos sistemas interferente e interferido em termos de paralelismos equivalentes, das
impedâncias shunt, das impedâncias mútuas e próprias de condutores, efeito pelicular, dentre
1.3 – Contribuições 4
outros valores necessários para a próxima etapa, que é a construção do cartão Line Constants
(LCC).
Então, constrói-se o cartão ATP principal, em que são identificados as conexões de cada nó
presente no circuito, inserção de fontes, ramos de circuitos, elementos de medição de tensão e
corrente, e inclusão dos arquivos LCC construídos na etapa anterior. Para sua escrita é feito o
mesmo procedimento citado acima.
Em posse dos cartões ATP criados, é possível fazer sua execução, e assim fazer a leitura dos
dados, ajustando-as em função da distância de cada torre.
1.3 CONTRIBUIÇÕES
Este trabalho espera apresentar algumas contribuições para a comunidade acadêmica e para
a indústria, dentre as quais é possível citar:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O solo é caracterizado por não ser de simples análise, podendo ser constituído por vários
tipos de elementos, como elementos sólidos, líquidos e gasosos (ZENG et al., 2012). Normal-
mente são compartimentados em camadas, cada qual descrita por uma determinada espessura
e resistividade própria. Sua análise é de grande importância para estudos de natureza elétrica,
principalmente àqueles referentes ao estudo de aterramentos elétricos, distribuições de corrente
e potenciais no solo.
Vint
Ra = [Ω] (2.1)
IExt
4πaRa
ρm
a = q [Ω.m] (2.2)
1 + √a22a+4b2 − √a2a+b2
Para uma melhor precisão na medida são necessárias várias amostras, a norma ABNT
BNR-7117 (ABNT, 2012) estabelece o mínimo de duas coletas de dados ao longo de eixos
perpendiculares, em intervalos distintos, até a profundidade em que será estabelecido o sistema
de aterramento.
Após a obtenção de dados para a resistividade aparente do solo, a próxima etapa e de maior
dificuldade, é a obtenção de um modelo que consiga ser fiel e expressar o comportamento real
do solo estudado. Como a maior parte dos solos são compostos por várias camadas (ABNT,
2012), cada uma com uma resistividade e espessura específica, é adequado modelar o solo dessa
mesma maneira.
Como visto na Figura (2.2), é possível estratificar o solo em várias camadas, buscando assim,
maior fidelidade à geofísica do local em estudo. Uma possibilidade é considerar o solo como
homogêneo e utilizar apenas uma camada no modelo, porém, ao fazer esta consideração, a fide-
2.1 – Resistividade do solo 9
lidade do modelo pode ser prejudicada, vindo a conduzir a resultados imprecisos nas avaliações
do desempenho de malhas de terra. A norma (ABNT, 2012) cita que, para algumas finali-
dades, o modelo de duas camadas pode ser suficiente para chegar em resultados satisfatórios.
Porém, se for necessária grande fidelidade à constituição real do solo, como é o caso de apli-
cações críticas de aterramento de subestações e/ou eletrodos HVDC, o modelo multicamadas
deve ser utilizado. No entanto, a complexidade e dificuldade da estratificação do solo aumenta
significativamente e requer a utilização de métodos numéricos de ajuste de curvas.
A seguir são descritas as expressões capazes de fornecer a resistividade elétrica para cada
tipo de modelo:
Pn
ρm
a,i
i=1
(2.3)
n
• Modelo de duas camadas: o modelo de duas camadas pressupõe uma camada superficial
com resistividade ρ1 e comprimento h, e uma camada infinita, com resistividade ρ2 e
comprimento infinito. Dessa forma, a resistividade de um solo de duas camadas é definida
como:
∞ ∞
ρa X kn X kn
=1+ q −2 q [Ω.m]
ρ1 1 + ( 2nh )2 1 + ( nh )2
n=1 a n=1 a (2.4)
ρ2 − ρ1
k=
ρ2 + ρ1
q q q q q
πf µ1
2
−2h
( ρ11 + ρ12 ) + ( ρ11 − ρ12 )e ρ1
apresentar uma resistividade equivalente para o caso geral de N camadas, por meio de uma
substituição sucessiva de pares de camadas, de baixo para cima, considerando seus equivalentes
homogêneos, calculados em função de seus coeficientes de penetração de corrente em cada
camada (MARTINS-BRITTO, 2020).
" √ √ √ √ √ #2
1 ( ρ1 + ρm−1,m ) + ( ρ1 − ρm−1,m )e−2h1 πf µ1 ρ1
ρeq = √ √ √ √ √ ,(1 ≤ m ≤ N − 2) (2.6)
ρ1 ( ρ1 + ρm−1,m ) − ( ρ1 − ρm−1,m )e−2h1 πf µ1 ρ1
Essa expressão foi devidamente testada e validada dentro do trabalho mencionado, trazendo
assim a possibilidade de manter a utilização de um modelo uniforme. Porém agora, com re-
sultados mais significativos e fiéis aos encontrados em solos reais. Dessa forma, essa estratégia
colabora com a confecção do presente trabalho, pelo fato deste ter sido feito com a hipótese de
um solo homogêneo, porém sem perda de generalidade devido à teoria apresentada.
O acoplamento indutivo ocorre devido aos seguintes parâmetros (JACQUET et al., 1995):
• Natureza do circuito de alta tensão: vários fatores como o modo de instalação, a forma em
2.2 – Acoplamento indutivo 13
O ATP segue como base as teorias apresentadas em (CARSON, 1926), trabalho em que, é
apresentada uma formulação matemática para descrever a impedância mútua entre dois con-
dutores aéreos:
′ ∞
Di,j 2 exp−Hλ
Z
jωµ0 jωµ0
Zij = ln + q cos(λD)dλ, [Ω/m] (2.7)
2π Di,j 2π 0 λ + λ2 + j ωµρ 0 − ω 2 µ0 ϵ0 ϵr
Figura 2.4. Ilustração para a descrição a impedância mútua de Carson para dois condutores aéreos em solo
uniforme.
A Figura 2.7 ilustra dois condutores aéreos i e j em um solo uniforme com valor resistividade
ρ, permeabilidade ε e permeabilidade magnética µ.
Por meio desta formulação para a impedância mútua é possível encontrar a expressão para
a força eletromotriz devido ao acoplamento indutivo, sendo ela:
F EM = Zij · I, (2.8)
Como visto em (2.7), a descrição de Carson para encontrar a impedância mútua entre dois
condutores considera um paralelismo constante entre condutores durante todo o trajeto em
análise. Porém, em situações práticas, esse paralelismo não constante não é mantido, surgindo
assim as situações de obliquidade. Para estas situações, é usual representar a geometria de
aproximação em termos de distâncias equivalentes e subdivisões do caminho total.
Como dito, os casos de obliquidades são frequentes em situações práticas, dessa forma, é
necessário uma certa aproximação, em (MARTINS-BRITTO et al., 2021a) é apresentado uma
opção para esta aproximação:
p
Deq = d1 d2 (2.9)
p
Leq = L1 L2 | cos θ| (2.10)
Na qual Deq , Leq ,d1 ,d2 ,L1 , L2 em metros, e θ em graus. Esta aproximação tem como
objetivo a subdivisão da instalação em segmentos menores que podem ser aproximados por
trechos paralelos. A Figura (2.7) demonstra o efeito desta aproximação.
Este método apresenta uma melhor solução para a construção destas subdivisões em com-
paração com o apresentado em (CIGRÉ WG-36.02, 1995), pois neste manual é apresentada
uma consideração de que a linha de transmissão é perfeitamente reta, o que em casos práticos
2.2 – Acoplamento indutivo 18
não acontece. Além de necessitar de um grande número de subdivisões para situações com um
ângulo de cruzamento agudos.
Figura 2.8. Ilustração para o circuito equivalente proposto em (CIGRÉ WG-36.02, 1995)
2πrext ϵ0 εc 2πrext
Yd = + jω (2.12)
ρ c δc δc
• Zd,int e Zd,ext [Ω/m]: são as impedâncias interna e externa do duto analisado, respectiva-
mente;
2.2 – Acoplamento indutivo 19
Alguns destes parâmetros são retirados de características do duto, constituído por uma
parede metálica e, normalmente, um revestimento isolante externo, como pode ser visto na
imagem abaixo:
Figura 2.9. Representação transversal de um duto com uma camada metálica e um revestimento de espessura
δrev
Para encontrar os valores das impedâncias interna e externa tem-se as seguintes expressões,
respectivamente:
√
ρp µ0 µp ω
Zd,int = √ (1 + j) (2.13)
2πrext 2
∞
2e−2|yi |λ
2|yi |
Z
jωµ0 jωµ0
Zd,ext = ln + q dλ (2.14)
2π eef 2π 0 λ + λ2 + j ωµρ 0 − ω 2 µ0 ϵ0 ϵr
Para o cálculo das impedâncias próprias e mútuas do condutor tubular oco é necessária a
utilização da seguinte expressão:
2.3 – Acoplamento capacitivo 20
4
h i
rext 2 2 4 3 rext
4
− rext · rint + rint 4
+ ln rint
ln(ref ) = ln(rext ) − 2 2 2
(2.15)
(rext − rint )
Como o solo possui uma capacidade de blindagem eletrostática (DJEKIDEL; MAHI, 2014),
o acoplamento capacitivo não atua de forma significativa nas tubulações subterrâneas. Porém
ainda é necessário se atentar para a segurança das tubulações.
′
Di,j
1
Pi,j = ln (2.16)
2πϵ0 ϵr Di,j
s
1 |yi | |yi | 2
Pi,i = ln + ( ) − 1 (2.17)
2πϵ0 ϵr rext rext
Dessa forma, o acoplamento capacitivo não tem um comportamento significativo nas tensões
induzidas na tubulação, sendo preocupante apenas uma possível descarga de corrente entre a
terra e a tubulação.
que pode representar riscos à pessoas e instalações próximas. Este fenômeno é ilustrado na
Figura (2.11)
• Quantidade e tipos de condutores para raio: esta quantidade interfere na tensão induzida
na tubulação pelo fato de as correntes de curto-circuito fornecidas pelas subestações
voltarem por estes condutores.
• Resistividade elétrica do solo: solos mais resistivos podem produzir maiores elevações de
potencial.
de potencial no solo produzida por uma fonte de corrente pontual presente na superfície do solo
com resistividade homogênea ρ:
ρ·I
Us (P,O) = (2.18)
2πr
A elevação de potencial total em um dado ponto pode ser calculada pelo princípio da
superposição valendo-se do fato que a expressão (2.18) representa a função de Green, isto é, a
resposta ao impulso unitário da fonte de corrente ideal imersa no solo uniforme (LI et al., 2007).
Conhecida a função de Green que descreve o meio e/ou a geometria do eletrodo de aterramento,
seu valor numérico pode ser utilizado em uma modificação do circuito apresentado na Figura
(2.8), como proposto em (MARTINS-BRITTO, 2020).
Tal modelo é composto pela adição de uma fonte de tensão controlada por corrente em série
com a admitância shunt do revestimento:
2.4 – Acoplamento condutivo 24
A elevação de potencial no solo em um ponto específico do duto, por uma corrente injetada
em um outro ponto, na maioria dos casos, nas torres, pode ser calculada pela seguinte expressão:
Sendo:
• Ĝ [Ω]: função de Green, que corresponde a resposta ao impulso de uma corrente no ponto
Oj observada em um ponto Pi
Enfim, a elevação de potencial total em um dado ponto, pode ser calculada pelo princípio
da superposição, por meio da seguinte expressão:
n
X
USi = USij (2.20)
j=1
2.5 – Riscos provocados pelas interferências eletromagnéticas 25
Os riscos causados pelas interferências eletromagnéticas são associados tanto ao risco rela-
cionado à vida de pessoas próximas às estruturas metálicas, como também à integridade da
própria tubulação, como ruptura do revestimento isolante e danos em equipamentos conectados
ao duto interferido.
A tensão de toque é um dos principais riscos associados à vida humana, pois existe o contato
direto com o duto energizado. De acordo com a norma (ABNT, 2009), a tensão de toque pode
ser definida como: "diferença de potencial entre um objeto metálico aterrado ou não e um ponto
da superfície do solo separado por uma distância horizontal equivalente ao alcance normal do
braço de uma pessoa; essa distância é convencionada igual a 1,0 m".
Dessa forma, todas as análises em função das respostas encontradas para os diferentes tipos
de acoplamentos, devem levar em consideração este risco.
A tensão de passo também apresenta riscos à vida de pessoas próximas à regiões afetadas
por faltas ou surtos elétricos, pois alguns destes podem ocasionar uma elevação de potencial no
solo, e expor indivíduos à tensão de passo.
De acordo com a norma (ABNT, 2009), a tensão de passo pode ser definida como: "diferença
de potencial entre dois pontos da superfície do solo separados pela distância de um passo de
uma pessoa, considerada igual a 1,0 m". O principal risco provocado pela tensão de passo é a
criação de um caminho para a corrente elétrica percorrer o corpo do sujeito e assim provocar
eletrocussão.
2.6 – Síntese do capítulo 26
Como pode ser visto pela Figura (2.9), o duto metálico é composto por duas camadas, uma
camada superficial que corresponde a um revestimento isolante que protege a tubulação e a
parte metálica do duto. As tensões induzidas por meio da interferência eletromagnética no
duto, pode ocasionar possíveis danos a este revestimento, o que consequentemente irá expor a
parte metálica à corrosão e possível, no limite, perfuração do metal.
Neste capítulo foram abordados temas fundamentais para a compreensão do trabalho desen-
volvido. Como formulações para modelagem e estratificação de solos, como ocorrem os efeitos
dos acoplamentos indutivos, capacitivos e condutivos, e suas respectivas expressões matemáti-
cas.
Foram abordados aspectos sobre a resistividade do solo, como as diferentes formas de mo-
delagem utilizadas. Foi citada uma estratégia para a aproximação de solos multi camadas por
um solo homogêneo, como também foi citado o principal tipo de ensaio utilizado em campo
para a obtenção de dados utilizados na modelagem.
Foram abordados pontos referentes aos três tipos de acoplamento: indutivo, capacitivo e
condutivo. Em que se descreveu os correspondentes aspectos teóricos e matemáticos para a
possível modelagem em circuitos.
Este capítulo tem como objetivo a apresentação de todo o desenvolvimento prático feito neste
trabalho, seguindo os pressupostos teóricos abordados na seção anterior. Como a construção de
modelos de circuito por meio do ATP, utilização de softwares especializados para a validação
dos circuitos simulados e melhorias em modelos já estabelecidos em estudos anteriores.
Primeiramente foi escolhida uma geometria para o início dos estudos do acoplamento indu-
tivo. Sendo considerada uma variante de um caso real que já havia sido utilizado em estudos
anteriores, o que proporcionou uma referência para comparar os resultados que vieram a ser
encontrados. Além de apresentar uma estrutura interessante, capaz de abordar vários assuntos
sobre o tema.
4,9 m 4,9 m
Condutor Para Raio
2m
1,2 m
Deq
Tubulação
Metálica
A linha de transmissão que compõe o sistema é caracterizada por três condutores fase
dispostos de forma horizontal, separados por uma distância lateral de 4,9 m, e por um condutor
para-raios posicionado 2 m acima dos condutores fase, e horizontalmente no centro dos três.
A linha tem valores nominais de 88 kV, com uma corrente de aproximadamente 90 A em cada
3.1 – Construção do modelo para o acoplamento indutivo 29
Como exposto anteriormente na seção (2.1.3), a representação do solo por um meio uniforme
não constitui perda de generalidade e de fidelidade do modelo. Caso seja necessário representar
estruturas estratificadas em múltiplas camadas, é possível utilizar a mesma metodologia apre-
sentada neste trabalho associada à estratégia proposta em (MARTINS-BRITTO, 2020). Para
fenômenos de baixa frequência, como é o caso em 60 Hz, oferece uma aproximação razoável
de modelos multicamadas por um modelo uniforme. Para os propósitos buscados neste tra-
balho foi utilizada uma resistividade uniforme nos modelos apresentados, tanto para o estudo
do acoplamento indutivo apresentado nesta seção, como para o modelo condutivo apresentado
posteriormente, com valor de resistividade elétrica obtido a partir de medições reais em campo
e igual a 427,36 Ω.m.
Uma vez definido o sistema objeto de estudo, a próxima etapa do projeto é a modelagem
por meio do ambiente ATP/ATPDraw. Visando a familiarização com o software e primeiro
contato com o tema de modelagem de linhas de transmissão.
PEREIRA, 2001).
Para a utilização inicial do ATP, foi utilizado o ATPDraw, que consiste em uma interface
gráfica para a implementação de circuitos. Sem ela é necessário uma codificação dos dados
que precisam obedecer uma formatação específica (para seções posteriores será comentada a
implementação via código em cartões ATP).
Para as análises do estudo, foi necessária também a utilização de blocos LCC, que são
utilizados para o cálculo de parâmetros de linhas de transmissão. O LCC é um bloco que
facilita a criação do arquivo de dados para o processamento e determinação das matrizes de
impedância e admitância da LT em estudo com base nas características físicas e modelo de
linha desejado. A Figura 3.3 mostra o bloco LCC.
Figura 3.3. Bloco LCC utilizado para a representação de uma seção com 3 condutores de fase, 1 para-raio e
uma tubulação metálica
Neste bloco é possível entrar com os dados referentes à linha de transmissão de forma fácil
e rápida, como parâmetros geométricos da torre, características físicas dos condutores elétricos
e parâmetros de resistividade do solo e frequência de operação. Cada bloco LCC tem a função
de representar os parâmetros de linha correspondentes aos vãos existentes entre as torres.
Para a validação deste modelo, foram utilizadas duas análises, uma com o sistema em re-
gime permanente e outra com a inserção de uma falta no sistema. As respostas encontradas
foram comparadas utilizando um software de referência, o CDEGS (Current Distribuition, Ele-
tromagnetic Fields, Grounding and Soil Structure Analysis), validado e amplamente utilizado
de forma profissional na indústria. Em (DAWALIBI; DONOSO, 1993) são documentados os
módulos e principais métodos numéricos presentes no software.
Para a modelagem do sistema apresentado na Figura (3.1), foram utilizadas uma série de
blocos LCC, em um total de 12. Representando assim, uma divisão em 12 seções do trecho de
3.1 – Construção do modelo para o acoplamento indutivo 31
UI
UI
UI
UI
UI
UI
V 0.099 km V 0.096 km V 0.099 km V 0.098 km
Torre 7
Torre 4 Torre 5 Torre 6
I
UI
UI
Torre 12
Torre 8 Torre 9 Torre 10 Torre 11
UI
UI
UI
UI
Neste modelo, são avaliadas apenas interferências causadas pela LT na tubulação. Contudo,
3.1 – Construção do modelo para o acoplamento indutivo 32
os eventuais efeitos da presença do duto metálico próximo à LT, em especial as alterações das
impedâncias de sequência zero causadas pela interferência, são consideradas implicitamente
nos modelos LCC, o que configura uma vantagem e ganho adicional de precisão no modelo
implementado.
Figura 3.5. Tensão induzida na tubulação devido ao acoplamento indutivo em regime permanente
0.5
0.4
Tensão [V]
eNRMS = 13.22%
0.3 Modelo ATPDraw
Referência
0.2
0.1
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Distância do Duto [m]
O modelo via ATP/ATPDraw apresenta uma variação pequena em relação à referência ado-
tada, com erro RMS de 13,22%, justificado em função de fatores tais como, como a diferença
na quantidade de subdivisões efetuadas, o CDEGS permite uma quantidade alta de subdi-
3.1 – Construção do modelo para o acoplamento indutivo 33
visões, enquanto que para a simulação via ATP/ATPDraw, em que o circuito foi construído
manualmente,foram feitas apenas 12 subdivisões, equivalente ao número de torres no sistema.
Outro fator de influência a dar importância, são possíveis considerações e cálculos diferentes
dos apresentados pelo EMTP/ATP, em especial no que diz respeito às impedâncias mútuas com
caminho de retorno pela terra. Levando em consideração estas possíveis diferenças, o resultado
encontrado é considerado satisfatório para o prosseguimento e desenvolvimento dos objetivos
do trabalho.
Como pode ser visto pela Figura (3.4), foi incluído um curto-circuito monofásico nas imedi-
ações da Torre 7, torre esta que apresenta a maior proximidade ao ponto de cruzamento entre
a LT e a tubulação. Visando assim a simulação de um caso crítico, que seria o pior cenário em
situações reais de falta.
3.1 – Construção do modelo para o acoplamento indutivo 34
Figura 3.6. Tensão induzida na tubulação devido ao acoplamento indutivo com a presença de um curto-circuito
na LT
700
600
500
Tensão [V]
400
300
A Figura (3.6) apresenta um erro aproximadamente igual ao caso anterior em regime per-
manente, representando assim que não houveram alterações e ampliações nas diferenças en-
contradas anteriormente. Como o objetivo do trabalho é a obtenção de um novo modelo de
circuito, capaz de simular a resposta para o acoplamento condutivo, a resposta indutiva em
regime permanente de falta tem presença significativa no objetivo final do trabalho.
Além da validação do modelo, este ensaio também evidencia algumas características a res-
peito do comportamento de interferências nos dutos: é possível notar que com a presença de
um curto-circuito, o sistema tem uma grande elevação de potencial, em contraste com o caso
em regime permanente, que não superou 1 V em nenhum ponto ao longo do duto. Por outro
lado, no cenário de curto-circuito, os potenciais no metal do duto decorrentes do acoplamento
indutivo foram elevados à faixa dos 600 a 800 V.
Com a simulação dos ensaios demonstrados, é possível obter as correntes fluindo por cada
torre em regime de falta, pois estas correntes já são calculadas pelo modelo apresentado. Ex-
3.1 – Construção do modelo para o acoplamento indutivo 35
Para a obtenção da resposta condutiva, como expresso nas equações (2.19), (2.18) e (2.20),
são necessárias apenas as correntes fluindo pelas torres e a correspondente função de Green
5000
4000
3000
2000
1000
0
0 200 400 600 800 1000 1200
A partir dos valores das correntes em cada torre do sistema, das coordenadas geográficas
dos pontos das torres e ao longo do duto, e utilizando a expressão da função de Green (2.18),
implementa-se um código em ambiente externo ao EMTP/ATP. Por meio do qual são feitas
outras subdivisões do sistema, dessa forma, não havendo impeditivo prático para uma grande
quantidade de subdivisões, enquanto que no ambiente ATPDraw existe a limitação inerente à
construção manual do circuito, e mesmo que o circuito seja simulado diretamente via cartões
ATP, há o impedimento prático de construção dos circuitos manualmente.
Feitas as simulações dos circuitos e suas respectivas validações a respeito das correntes e
tensões induzidas na tubulação metálica, o próximo passo é a idealização e implementação de
um modelo de circuito capaz de emular o acoplamento condutivo diretamente por meio do ATP.
Figura 3.8. Modelo de circuito idealizado em (MATOS, 2021), capaz de simular a componente condutiva.
T T
n: 1
F
P S
Ponto de injeção de corrente
T
n: 1
F V
P S
T
n: 1
F
P S
T
Este modelo foi criado levando em conta uma limitação existente na forma de escrita dos
cartões ATP. A escrita de um cartão ATP tem a limitação de 80 caracteres por linha, após esse
limite, o ATP exclui todos os caracteres sobressalentes. Este fator deve ser levado em conta,
pois a finalidade do projeto é a possibilidade de se simular e projetar sistemas com grandes
extensões e um grande número de subdivisões. O que aumentaria o número de fontes e termos
presentes nestas fontes (correntes para cada torre) e dessa forma, aumentaria o número de
caracteres, ultrapassando o limite estabelecido.
C 1 2 3 4 5 6 7 8
98XX0005 =T0001*0.123+ T0002*0.123+ T0003*0.123+ T0004*0.123+ T0005*0.123+ T0006*0.123+ T0007*0.123+ T0009*0.123+ T0009*0.123
98XX0006 =T0004
Os termos iniciados por "T"presentes na Tabela (3.2), representam as correntes que seguem
para o solo. É possível observar este termo na Figura (3.4), onde esta corrente corresponde à
corrente que flui pelos resistores posicionados acima dos condutores.
neste exemplo o termo referente à Torre 9 (T0009) seria excluído do cartão ATP.
Esta limitação no cartão ATP explica a presença dos transformadores ideais e das fontes
controladas no circuito somador, pois com a utilização deste transformador o ATP permite a
soma de várias variáveis, todas multiplicadas pela função de Green.
O bloco MODELS consiste em uma linguagem de descrição técnica utilizada pelo simulador
ATP, orientada a simulações no domínio do tempo. No ambiente EMTP/ATP a linguagem
MODELS pode ser utilizada para a confecção de novos blocos que podem representar operações
feitas por componentes de circuitos dentro do bloco, além de possibilitar a mediação entre
ambientes externos e o ATP.
MODEL
calc_gpr
Fonte: Autoria Própria.
O bloco MODELS é integrante principal neste projeto, pois nele se constrói toda a lógica
3.2 – Idealização e construção do modelo para o acoplamento condutivo 39
Para as entradas deste bloco são utilizadas as correntes de cada torre, já validadas na seção
(3.1.1.1). Após a entrada de dados no bloco, é necessária a inserção da função de Green para
cada ponto calculado, como constante de ganho em cada fonte controlada, por meio da equação
(2.18). O cálculo necessário para encontrar os valores da função de Green leva em conta o
número de subdivisões feitas no modelo, dessa forma, quanto maior o número de subdivisões,
maior será a resolução e, consequentemente, a precisão dos resultados do modelo. Para este
primeiro teste via ATPDraw, foram encontrados valores para a função de Green para um modelo
equivalente a 12 subdivisões, e introduzidos no bloco MODELS.
Tendo como entradas as correntes que fluem pelas torres, os valores da função de Green
para cada ponto, e utilizando as expressões (2.19) e (2.20), que são possíveis de implementar
diretamente pela linguagem MODELS, é possível obter como saída do bloco as tensões geradas
por meio das correntes injetadas pelas torres.
Em posse dos valores de tensão, a próxima dificuldade a ser superada é a inserção destes
valores no circuito, para isso, foi feito uso da mesma fonte de tensão controlada por corrente
representada na Figura (3.8), porém agora vinculado a uma fonte TACS MODELS.
A fonte TACS MODELS permite a inserção no circuito de uma variável não necessariamente
pertencente às grandezas elétricas medidas nos elementos de circuito, como corrente e tensão.
A fonte de tensão controlada por corrente tem o papel de converter esta variável não circuital
para uma variável de circuito, neste caso, para uma tensão elétrica correspondente ao potencial
escalar expresso na equação (2.19).
Figura 3.10. Bloco ATPDraw correspondente a uma fonte de tensão controlada por corrente
M
Esta topologia possibilita a inserção das tensões no circuito para o acoplamento condutivo
ilustrado na Figura (3.4), sendo a fonte interligada nas impedâncias shunt de cada ponto do
3.2 – Idealização e construção do modelo para o acoplamento condutivo 40
I
M
M
I
I
VI
LCC
I
MI
M
UI
0.099 km V
UI
UI
Seção 0 V Seção 1
Visto que pelo ATPDraw foram feitas apenas 12 subdivisões, o resultado encontrado não
corresponde à curva analiticamente obtida e representada na Figura (3.7). O número de subdi-
visões determina diretamente a precisão do resultado obtido, com 12 subdivisões o número de
pontos corresponde a apenas o número de torres, tornando a curva sem uma grande definição,
ocasionando uma perda de informações entre os pontos não amostrados.
Como pode ser visto pela Figura (3.12), a baixa resolução neste modelo é evidente, pois
há grandes lacunas entre os pontos, podendo haver picos e vales de tensão não identificados.
Além disso, há que se considerar o fato de que com a diminuição no número de pontos, há
também uma diminuição no pico de tensão encontrado, o que em projetos reais pode levar ao
subdimensionamento das estruturas de mitigação de riscos do sistema, podendo levar à danos
à tubulação e a exposição de pessoas ao risco.
3.3 – Síntese do capítulo 41
5000
4000
Tensão [v]
3000
2000
1000
0
0 200 400 600 800 1000
Distância ao longo do duto [m]
Neste capítulo foi apresentado o processo metodológico feito para a confecção dos modelos
referentes às interferências ocorridas entre linhas de transmissão e dutos metálicos. Foi apresen-
tado primeiramente o processo decisório para escolha da geometria e do sistema a ser analisado,
tendo em consideração um sistema capaz de trazer efeitos relevantes para o desenvolvimento
do trabalho, como a ocorrência de um cruzamento.
Após a escolha e apresentação do sistema a ser analisado, foi construído o circuito para a
avaliação dos efeitos para o acoplamento indutivo, com a descrição dos softwares utilizados,
tanto para a construção como para a referência utilizada para comprovações, além de demons-
trações de blocos utilizados na modelagem.
Foram realizadas duas simulações para a análise do sistema, uma em regime permanente,
em que foram atingidos resultados satisfatórios para o modelo, com erros RMS na faixa de
13,22%. Para a comprovação e teste em regime de falta, foi realizada também uma simulação
para o efeito indutivo em regime de falta, em que foi constatada uma mesma faixa de erro, além
de proporcionar a visualização dos impactos decorrentes de um curto-circuito na LT sobre as
tensões induzidas na instalação interferida.
3.3 – Síntese do capítulo 42
Após a validação dos modelos indutivos, foi demonstrada a abordagem a respeito da cons-
trução de um modelo condutivo, baseado em trabalhos anteriores sobre o tema. Foram demons-
tradas limitações a serem superadas a respeito da escrita e utilização dos softwares utilizados,
no caso o EMTP/ATP. Além disso, foi proposta uma nova abordagem buscando maior eficiência
computacional e melhor integração futura com o projeto EMISimu em desenvolvimento.
CAPÍTULO 4
ESTUDO DE CASO
Como visto na seção anterior, o modelo produzido pelo ATPDraw não possibilita um fácil
desenvolvimento para uma grande quantidade de subdivisões. Porém, já existe a plataforma
EMISimu que implementa tanto o procedimento de subdivisões quanto a modelagem automa-
tizada para cartões ATP, visando o acoplamento indutivo. Que é complementada e estendida
com a integração dos modelos de acoplamento condutivo desenvolvidos ao longo deste trabalho
de conclusão de curso.
Incluídos estes blocos de circuito, foram feitas pequenas modificações nos nós gerais do
circuito. Para o ambiente ATP, o bloco de programação designado para estes nós gerais recebe
o nome de "Branch". Além disso, foram incluídos também medidores de corrente para cada
torre, visando à utilização no bloco MODELS. Como também foi incluída ao fluxo de escrita
dos cartões, a inserção das fontes de tensão controladas por corrente em cada resistência shunt,
como indicado na Figura (3.11).
Após a integração, foi utilizado o EMISimu para obter-se a resposta em regime permanente,
e foi comparada com a resposta encontrada anteriormente. A resposta obtida pelo EMISimu
para a componente indutiva já havia sido validada em estudos anteriores, o objetivo desta
demonstração é aferir que a inclusão de novos componentes e métodos de simulação não afeta os
4.1 – Integração do modelo condutivo ao EMISimu 45
métodos originais de cálculo de acoplamento indutivo, que já haviam sido testados e validados.
A referência adotada é, novamente, o software CDEGS
0.5
0.4
Tensão [V]
eNRMS = 13.22%
0.1
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Distância do Duto [m]
A resposta representada na figura (4.3), mostra novamente que a integração com os códigos
originais não acarretou em erros de processamento. O resultado encontrado é próximo ao
4.1 – Integração do modelo condutivo ao EMISimu 46
Figura 4.3. Tensão induzida na tubulação devido ao acoplamento indutivo com a presença de um curto-circuito
na LT
700
600
500
Tensão [V]
400
300
eNRMS = 11.26%
200
Modelo ATPDraw
100 Referência
Emisimu
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Distância do Duto [m]
Tendo estes resultados, é possível ir para a próxima etapa, a análise da resposta encontrada
para o acoplamento condutivo.
Tendo os outros resultados validados, e visto que as novas implementações não modificaram
o funcionamento do EMISimu, foi feita a simulação para a componente condutiva e comparada
com o resultado obtido na Figura (3.7).
Como pode ser visto na Figura 4.4, houve uma leve diferença entre os resultados encontrados,
que pode ser explicada pelo uso de diferentes métodos de subdivisão, em cada abordagem.
Porém, o resultado seguiu o mesmo formato, indicando praticamente os mesmos valores para
os picos de máximo e os vales de mínimo.
4.1 – Integração do modelo condutivo ao EMISimu 47
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Para uma melhor visualização do software utilizado como referência, o CDEGS, e para obter
uma validação para o modelo implementado, foi feita também a análise via este software.
Figura 4.5. Tensão induzida na tubulação devido ao acoplamento condutivo com a presença de um curto-
circuito na LT
Ao se comparar as Figuras, (4.4) e (4.5), é possível notar que as duas seguem o mesmo
formato. Indicando que o modelo projetado está correto em termos teóricos, além de apresentar
picos e vales também próximos um do outro, o que valida a implementação proposta.
Além da validação para o circuito modelado, a Figura (4.5) também traz um exemplo de
um software amplamente utilizado em pesquisas e estudos reais sobre interferências eletromag-
néticas, o que demonstra o valor aplicado a este trabalho. Dado que a plataforma EMTP/ATP
é disponibilizada gratuitamente, este trabalho permite que haja uma maior divulgação para
estudos sobre o tema, o que traz ganhos para a área e para análises e mitigações em casos reais.
O acoplamento condutivo ocorre quando há a influência de uma falta na LT. Neste panorama
a magnitude das correntes que fluem para o solo pelos aterramentos presentes nas torres são
bastante expressivas. Esta injeção de corrente no solo é a responsável pelo potencial de estresse,
capaz de causar rupturas no revestimento isolante da tubulação e provocar riscos à vida de
funcionários atuantes na operação da tubulação.
Durante o evento simulado, um curto-circuito monofásico entre uma das fases e o ater-
ramento de uma das torres, elevados valores de corrente fluem através da fase em falta das
subestações terminais até o ponto de falta. Uma parte das correntes de curto circuito retornam
para as subestações terminais por meio dos condutores para raio. A outra parte da corrente
provocada pelo curto circuito flui para o solo por meio dos condutores de aterramento pre-
sente nas torres. As correntes que fluem pelo solo acarretam uma elevação de potencial, que é
conhecida como GPR e dada em volts (MARTINS-BRITTO, 2017).
Por estes dois efeitos ocorrerem no mesmo momento na tubulação, há uma diferença de
potencial presente no duto, efeito este que causa a presença de um estresse elétrico na instalação
interferida.
Figura 4.6. Ilustração de um curto-circuito monofásico, em que há distribuição das correntes de falta e elevação
do potencial no solo
Dessa forma, uma das vantagens da implementação deste modelo condutivo por meio do
EMISimu e também da plataforma EMTP/ATP, é a possibilidade da obtenção desta distri-
buição de potencial no decorrer do caminho da linha, o que não seria possível por meio da
técnica apresentada na seção (3.1.1.3), pois seriam necessárias várias iterações com um volume
de dados extenso, o que não seria fácil de efetuar computacionalmente.
Tensão [v]
Tensão [v]
Tensão [v]
0.3
6000 6000 6000
0.2
4000 4000 4000
0.1
2000 2000 2000
0 0 0 0
0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000
Distância [m] Distância [m] Distância [m] Distância [m]
Tensão [v]
Tensão [v]
Tensão [v]
8000 8000 8000
6000
6000 6000 6000
4000
4000 4000 4000
0 0 0 0
0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000
Distância [m] Distância [m] Distância [m] Distância [m]
Feita a validação dos resultados obtidos, foi iniciada uma discussão a respeito da aplicação
do modelo proposto, onde foi demonstrado que a implementação via EMTP/ATP oferece um
grande diferencial ao resultado encontrado, pois permite a análise de sistemas ao longo do
tempo, facilitando assim, análises e mitigações de problemas práticos.
CAPÍTULO 5
Para a obtenção destes modelos finais foram superadas diversas dificuldades que necessi-
taram o desenvolvimento de soluções de engenharia que proporcionaram resultados válidos e
confiáveis.
do simulador; e
• Substituição das resistências estáticas nos pés de cada torre por circuitos equivalentes
(funções de transferência) representativos do comportamento transitório, também, da
impedância de aterramento, o que se espera possibilitar predições ainda mais precisas dos
potenciais transferidos pelo solo à instalação interferida.
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